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Direito penal

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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF 
PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 
1
www.pontodosconcursos.com.br 
Olá amigos!
Meu nome é Lúcio Valente. Sou Delegado de Polícia da PCDF. Ministro aulas de Direito
Penal e de Processo Penal em cursos preparatórios de Brasília‐DF, Goiânia‐GO, São
Paulo‐SP e Palmas‐TO.
Minha missão durante nosso curso é trabalhar muito para facilitar a sua aprovação.
Vou ser teu companheiro nessa caminhada e quero que confie em minha didática e
metodologia.
Todas as aulas são preparadas de uma forma em que você tenha a exata sensação de
está‐las assistindo pessoalmente. Para isso, eu literalmente degravei o conteúdo das
minhas aulas presenciais. Ou seja, procurei descrever todos os exemplos de forma
muito próxima ao que apresento em sala de aula.
Esse curso foi direcionado para a prova de Agente de Polícia, Escrivão de Polícia e
Perito Criminal e Perito Papiloscopista da Polícia Civil do Distrito Federal e da Polícia
Federal.
Conforme eu divulguei na parte aberta do site, a PCDF já deu início à corrida para
preenchimento de vagas de Perito Criminal, Agente de Polícia, Escrivão de Polícia.
Segundo entrevista da Diretora da PCDF, Dra. Mailine Alvarenga, dada à Folha
Dirigida, a Secretaria de Planejamento do Distrito Federal já teria autorizado a
realização de concurso público para o cargo de Perito Criminal, visando o
preenchimento de 14 vagas e formação de banco reserva para 44 candidatos. Também
encontram‐se em tramitação na Secretaria de Planejamento do DF pedidos de abertura
de Concursos Públicos para preenchimento de 90 vagas para o cargo de Escrivão de
Polícia e 132 vagas para o cargo de Agente de Polícia Civil do Distrito Federal.
Muito importante anotar que, ao contrário da PF, não há divisão de especialidades no
concurso para Perito Criminal da PCDF. Assim, todos os especialistas concorrem por
todas as vagas.
 
 
 
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PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 
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Deem uma olhada na Tabela de Remuneração da PCDF, uma das polícias mais bem
pagas do país e com chances reais de aumento da remuneração (fonte:
http://www.distritofederal.df.gov.br/sites/000/55/00000683.pdf)
PERITO CRIMINAL
Primeira Classe 17.498,40
Segunda Classe 14.970,60
Terceira Classe 13.368,68
PAPILOSCOPISTA POLICIAL, ESCRIVÃO DE POLÍCIA, AGENTE DE POLÍCIA E AGENTE
PENITENCIÁRIO
Classe Especial 11.879,08
Primeira Classe 9.468,92
Segunda Classe 7.885,99
Terceira Classe 7.514,33
Antes de iniciar a aula gostaria de esclarecer algumas coisas:
a. Ressalto que TODAS AS QUESTÕES SERÃO COMENTADAS!
b. O conteúdo programático abrangerá os seguintes assuntos:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL: 1. Princípios constitucionais do Direito Penal. 2. A lei 
penal no tempo. 3. A lei penal no espaço. 4. Interpretação da lei penal. 5. Infração
penal: elementos, espécies. 6. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. 7.
 
 
 
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Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. 8. Excludentes de ilicitude e de
culpabilidade. 9. Erro de tipo e Erro de proibição. 10. Imputabilidade penal. 11.
Concurso de Pessoas. 12. Crimes contra a pessoa. 13. Crimes contra o patrimônio. 14.
Crimes contra a propriedade imaterial. 15. Crimes contra o sentimento religioso e
contra o respeito aos mortos. 16. Crimes contra os costumes. 16. Crimes contra a
família. 17. Crimes contra a incolumidade pública. 18. Crimes contra a paz pública. 19.
Crimes contra a organização do trabalho. 20. Crimes contra a fé pública. 21. Crimes
contra a Administração Pública
As aulas vão cobrir todo o conteúdo, mas quero que fique ciente que não seguirei
exatamente a sequência do edital. É importante que eu ensine a matéria de acordo
com a minha didática, de modo que você tenha o exato conhecimento para gabaritar
os itens de Direito Penal. Confie em mim!
c. Não administre dúvidas! Claro que pode existir um ponto ou outro da matéria que
não possa ter ficado claro pra você. Por isso, espero que você me encaminhe todas
elas ao fórum;
d. Direito Penal aprende‐se pelos exemplos! Preste atenção aos conceitos, mas guarde
os exemplos em seu coração. A alma das minhas aulas está em meus exemplos!
e. Acompanhe as aulas tendo um Código Penal (CP) em mãos. Não precisa comprá‐lo,
basta acessar:
http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto‐Lei/Del2848compilado.htm
PROGRAMA DAS AULAS
AULA 0: Infração penal ‐ elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo da
infração penal. Fato Típico: Conduta ativa e omissiva.
AULA 1: Fato Típico: Dolo e Culpa. Resultado.
 
 
 
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AULA 2: Fato Típico: Nexo de Causalidade e tipicidade em sentido estrito.
AULA 3: Erro de Tipo e Ilicitude.
AULA 4: Culpabilidade e punibilidade.
AULA 5: Concurso de Pessoas.
AULA 6: A Lei penal no tempo e no espaço.
AULA 7: Princípios constitucionais do Direito Penal e Interpretação da Lei Penal.
AULA 8: Crimes Contra a Pessoa.
AULA 9: Crimes Contra o Patrimônio e Crimes Contra a Administração Pública.
AULA 10: Crimes contra a propriedade imaterial. Crimes contra o sentimento
religioso e contra o respeito aos mortos.
AULA 11: Crimes contra os costumes e Crimes contra a família.
AULA 12: Crimes contra a incolumidade pública. Crimes contra a paz pública.
Crimes contra a organização do trabalho. Crimes contra a fé pública.
Técnica de estudo: 
1º Faça uma primeira leitura da aula, buscando apenas um primeiro contato com os 
tópicos. Nesse momento, sublinhe apenas palavras e termos desconhecidos.
Tempo estimado: 30 min. 
2º Faça nova leitura da aula. Nesse momento, o aluno deve compreender cada ponto 
(perceba que divido minha aula em pontos, sendo que cada um traz uma ideia
central). Descubra o significado dos termos desconhecidos.
Tempo estimado: 2 horas.
 
 
 
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3º Faça um resumo com as ideias centrais de cada ponto com palavras‐chave ou na
forma de perguntas e respostas (ex.: Ponto 10: O que é conduta? R: é a ação ou
omissão humana consciente e voluntária voltada para uma finalidade).
Tempo estimado: 1 hora. 
4º Memorize as palavras‐chave ou as respostas.
Tempo estimado: 1 a 2 horas.
Obs.: peça pra alguém lhe “tomar” a aula ou finja que está ensinando para alguém o
que aprendeu (seu cachorro pode ser um ótimo aprendiz!).
5ª Estude as questões. Não as use como forma de teste. Leia cada uma buscando as
respostas no texto da aula ou nos comentários respectivos.
Tempo: 1h30min 
Obs.: acredite em mim! Fazer testes em casa é uma grande perda de tempo.
6º Antes da aula seguinte, revise a aula estudada.
Tempo: 10 minutos. 
7º Faça revisões semanais de todas as aulas já estudadas. Para isso, releia seu
resumo e só volte ao texto da aula quando precisar recordar determinados pontos.
Obs.: divida o estudo da aula em, pelo menos, dois dias (ex.: 1º dia: leitura e resumo;
2º dia: memorização e questões).
 
 
 
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AULA 0
1. O DIREITO PENAL
Dois jovens rapazes saem do local onde moram na periferia de Brasília. Um deles, com
19 anos de idade, portando uma pistola de calibre .40; o outro, com 16 anos de idade,
portando um revólver calibre .38. Ambosse dirigem a um posto de combustíveis,
localizado em Taguatinga‐DF, com a intenção de assaltá‐lo. É data próxima ao Natal, e
os bandidos querem aproveitar o maior movimento da data.
Esses fatos ocorrem por volta das 18 horas, e quando chegam ao local, por fatídica
coincidência, ali também chega outro rapaz, a quem vou dar o nome de JOSÉ.
José estava no Distrito Federal há três anos, e aqui estava a convite de um primo que
era borracheiro nesse mesmo posto. José, assim como seu primo, veio de outra
unidade da federação em busca de melhores condições de vida.
José, já no DF, fez um curso profissionalizante de instalador de sons automotivos e
passou a trabalhar com isso. Como seu trabalho era muito bom e como José era muito
inventivo, começou a prestar serviços para pessoas que faziam competições de sons
automotivos.
José começou a ganhar algum dinheiro, pelo menos o suficiente para que ele
comprasse uma pequena casa em um bairro periférico de Brasília. Pretendia com isso
trazer sua esposa e seu filho pequeno que estavam em seu estado de origem.
 
 
 
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Com o dinheiro que ganhava conseguiu, também, um financiamento de um carro tipo
PICK UP. Nesse carro, José instalou vários acessórios e um equipamento de som digno
de ganhar qualquer competição que eventualmente participasse.
Por uma dessas coincidências da vida, José estava no posto de combustíveis ao mesmo
tempo em que ali chegavam os dois assaltantes.
José apenas queria mostrar o resultado da instalação dos equipamentos ao primo
borracheiro. Ocorre que, quando os dois assaltantes viram o carro, mudaram o foco de
sua empreitada criminosa. Decidiram, assim, assaltar José e levar seu carro. É o que os
bandidos chamam de “cavalo doido”, quer dizer, fora do planejamento criminoso.
Ao abordarem a vítima, sem que esta demonstrasse qualquer reação, um dos rapazes
efetuou vários disparos que acabaram por atingi‐la, levando‐a à morte.
Esse fato verídico tem se tornado comum no dia‐a‐dia das grandes cidades brasileiras.
O crime, como se vê, não é primariamente um fenômeno jurídico. É, antes de tudo, um
fenômeno social. O que a ciência do Direito faz é transformar esse fato social em um
fato com relevância jurídica.
Da mesma forma, o casamento é um fato da vida real, mas que o Direito regula,
transformando aquilo que é apenas um fato social em um fato jurídico.
O crime é, enfim, um fenômeno social que o Direito tratou de regular, ou seja, tratou
de estabelecer um sistema científico para sua imputação jurídica (atribuição da
responsabilidade penal a determinada pessoa).
Isso nem sempre foi assim. Até a primeira teoria jurídica do crime, surgida por volta de
1900 na Alemanha, não existiam métodos jurídicos para correta análise de um fato
social danoso como esse que relatei acima. Então, o Juiz “A” poderia ter um
entendimento sobre o caso completamente diferente de um Juiz “B”. Isso dependeria
das convicções de cada um deles.
 
 
 
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O que vamos estudar são justamente as etapas que devem ser analisadas para que, ao
final, possa‐se afirmar que fulano cometeu uma infração penal. Trata‐se de um olhar
jurídico (científico) e não apenas sociológico do fenômeno estudado.
Para o Direito Penal não interessa o motivo pelo qual as pessoas cometem infrações
penais (matéria tratada pela sociologia, criminologia, psicologia, psiquiatria etc.). A
teoria do crime e de suas consequências estuda apenas quais são os elementos a
serem considerados para que se afirme que determinada pessoa possa sofrer pena (ou
medida de segurança).
Antes de adentrarmos na teoria do crime, preciso que você entenda o que estamos
estudando. Ou melhor, qual é o objeto do nosso estudo?
2. Bom, nos propusemos a estudar o DIREITO PENAL. O que seria isso então?
O DIREITO PENAL É A CIÊNCIA JURÍDICA QUE ESTUDA AS “INFRAÇÕES PENAIS”.
O que significa o termo INFRAÇÃO PENAL?
3. CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL: no Brasil, existem duas maneiras de se infringir
uma lei penal. Digo, existem duas maneiras de se cometer uma “infração penal”. A
primeira forma de se infringir a lei penal é cometendo um CRIME (ou DELITO); a outra
forma de infração penal é cometendo uma CONTRAVENÇÃO PENAL.
Resumindo, podemos dizer que Crime e Contravenção são espécies do gênero Infração
Penal.
4. DIFERENÇAS ENTRE CRIME ( OU DELITO) E CONTRAVENÇÃO PENAL: não há como
saber se uma conduta é criminosa ou contravencional (contravenção penal) sem
 
 
 
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conhecer a letra da lei. A decisão sobre um fato ser considerado crime ou
contravenção é de quem fez a lei, ou seja, do legislador.
Explico: a primeira grande diferença entre as duas infrações penais é o local onde
estão escritas. Como assim?
É fácil, olha só!
Os CRIMES estão previstos no Código Penal (DECRETO‐LEI No 2.848, DE 7 DE
DEZEMBRO DE 1940.), bem como nas Leis Penais Especiais ( também chamadas de Leis
Penais Extravagantes). Como exemplos dessas últimas temos: o crimes de drogas (Lei
11.343/2006); os crimes de arma de fogo (Lei 10.826/03); os crimes ambientais (Lei
9.605/98); os crimes de trânsito ( Lei 9.503/98), entre muitos outros.
As CONTRAVENÇÕES estão previstas em uma lei específica, o DECRETO‐LEI Nº
3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Essa lei tem o nome de Lei de Contravenções
Penais.
Existem situações que antes eram consideradas contravenções, mas por decisão do
legislador passou a ser crime. O porte de arma de fogo, por exemplo, era considerada
contravenção e hoje pelo Estatuto do Desarmamento é considerado crime. Quero
dizer com isso que não existe uma diferença conceitual entre crime e contravenção.
Interessante que, falando da Lei de Contravenções, ela costuma tratar de situações
muito menos graves do que o Código Penal, por exemplo. É por isso que o grande
penalista brasileiro Nelson Hungria chamava a Contravenção Penal de “crime anão”.
 
 
 
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5. Uma segunda diferença, então, entre crime e contravenção seria o fato de que os
crimes costumam ser mais graves do que as contravenções e até por isso as penas
dos crimes são, em regra, mais graves.
Imagine que você esteja assistindo a uma peça de teatro, uma peça de Shakespeare,
por exemplo. No meio do espetáculo um sujeito começa a conversar ao celular
atrapalhando a interpretação dos atores. Acreditem ou não, mas existe uma
contravenção penal nessa conduta. Veja só!
Art. 40. Provocar tumulto ou portar‐se de modo inconveniente ou desrespeitoso, em
solenidade ou ato oficial, em assembléia ou espetáculo público, se o fato não constitui
infração penal mais grave;(grifei)
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a
dois contos de réis.
6. Outra diferença, a terceira, refere‐se às penas do crime e da contravenção.
Os crimes são apenados com reclusão, detenção e multa. As Contravenções com prisão
simples e multa.
 
 
 
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(FCC ‐ 2007 ‐ TJ‐PE ‐ Técnico Judiciário ‐ Área Administrativa) Às contravenções é
cominada, pela lei, a pena de reclusão ou de detenção e multa, esta última sempre
alternativa ou cumulativa com aquela.
Item falso7. Qual a diferença entre eles?
a. Reclusão: o agente pode iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, semi‐
aberto ou aberto, dependendo da pena concreta;
b. Detenção: o agente pode iniciar o cumprimento em regime semi‐aberto ou aberto.
Caso descumpra as regras de tais regimes, pode regredir para o regime fechado, mas
nunca iniciar nesse regime;
c. Prisão Simples: Prisão simples é a pena cumprida sem rigor penitenciário em
estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime aberto ou
semi‐aberto. Trata‐se de pena aplicada em face de contravenção penal (Lei das
Contravenções Penais ‐ Decreto Lei nº3.688/1941). Somente são admitidos os regimes
aberto e semi‐aberto. É vedado o emprego do regime fechado para o cumprimento
de pena por contravenção penal,mesmo em caso de regressão.
 
 
 
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A quarta diferença é que os crimes podem admitir tentativa, as contravenções nunca
admitem tentativa.
Eu digo que os crimes podem admitir tentativa porque existem situações que não se
admite tentativa em crime. Vamos ter uma aula específica sobre o tema, então vou
deixar para me aprofundar nesse assunto na aula respectiva. Por enquanto é suficiente
que você saiba que as contravenções penais NUNCA admitem a forma tentada, pois a
Lei de Contravenções expressamente a proíbe (art. 4º).
ESTUDAMOS ATÉ AQUI QUE:
1. No Brasil há duas espécies de infração penal: crime (ou delito) e contravenção
penal;
2. Os crimes estão previstos no Código Penal e nas Leis Penais Especiais, como na Lei
de Drogas (Lei 11.343/2006);
3. As contravenções estão previstas na Lei de Contravenções Penais;
4. Em regra, crimes são mais graves que contravenções;
5. O crime admite reclusão, detenção e multa;
6. A contravenção só admite prisão simples e multa;
7. Não existe possibilidade de tentativa em contravenção penal.
 
 
 
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O CRIME
8. FATO TÍPICO I: a teoria do delito é uma construção teórica, que nos proporciona o
caminho lógico para averiguar se há delito em cada caso concreto.
Quando o operador do Direito (o Delegado, o Juiz, o Promotor, o Advogado etc.) se
depara com um fato, quais são as etapas que ele deve seguir para constatar a
realização de um ilícito com relevância penal?
Essa resposta nos é dada pela Teoria Geral do Crime, que se ocupa, justamente, da
exposição sistemática dos requisitos (ou fundamentos) necessários para a
configuração do crime.
Tenha calma! Vou tentar ser mais claro sobre o que falei acima! Respire fundo, vá
tomar um café, molhar o rosto e vamos lá!
O que eu quis dizer é que existe um processo, passo‐a‐passo, para se determinar se
uma determinada conduta humana pode ou não ser considerada crime. “Matar
Alguém” só será considerado crime, por exemplo, se todas as etapas forem
preenchidas. E quais seriam essas etapas (ou requisitos)? É isso que vamos estudar a
partir de agora.
Considerando o estágio atual da Teoria do Delito, teremos como base de estudo a
Teoria Finalista Tripartida de Hans Welzel. Teoria “tripartida” porque é divida em três
partes ‐ o crime como um fato típico, antijurídico e culpável.
9. Conceito analítico (segundo a teoria finalista‐ tripartida, adotada pela maioria das
bancas)
CRIME = FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL.
Lembro‐me que nas aulas de biologia do primário estudamos o corpo humano.
Lembro‐me que a professora Mariquinha dividiu o corpo humano em três partes:
cabeça, tronco e membros.
 
 
 
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Será que podemos dividir o corpo humano de fato? Claro que não! O corpo humano é
um todo indivisível.
Existe corpo humano perfeito sem cabeça, tronco ou membros? Claro que não!
O que a professora Mariquinha fez foi dividir o nosso estudo em partes. E para que ela
fez isso? Para facilitar a abordagem da matéria.
Assim como o corpo humano deve ser dividido pelo anatomista para seu estudo, assim
o faremos com os elementos do crime. Para nós, o crime é um fato típico (cabeça),
ilícito (tronco) e culpável (membros). Observe o quadro a seguir:
Crime é fato típico + antijurídico + culpável. 
Cabeça tronco membros 
O que vou te apresentar agora é a estrutura de toda a teoria do crime. Quero que você
memorize essas informações, tudo bem?
Esqueleto do crime:
 
 
 
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(CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) São elementos do fato típico: conduta,
resultado, nexo de causalidade, tipicidade e culpabilidade, de forma que, ausente
qualquer dos elementos, a conduta será atípica para o direito penal, mas poderá ser
valorada pelos outros ramos do direito, podendo configurar, por exemplo, ilícito
administrativo.
Item falso.
(CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário ‐ Área Administrativa) A imputabilidade
penal é um dos elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade.
Item verdadeiro.
Os mnemônicos para lembrar o esqueleto do crime são:
Fato típico: CO.RE.NE.TI – CONDUTA, RESULTADO, NEXO CAUSAL E TIPICIDADE
Ilicitude: Calça L.E.E.E ‐ LEGÍTIMA DEFESA, ESTADO DE NECESSIDADE, ESTRITO
CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO, (além do
Consentimento do ofendido: o “C” da calça L.);
Culpabilidade: I.P.E – IMPUTABILIDADE, POTENCIAL CONSCIÊNCIA E EXIGIBILIDADE
DE CONDUTA DIVERSA (basta se lembrar da árvore Ipê).
Atenção! Quero que você memorize o esquema acima, pois ele vai ser nosso guia para
o estudo da teoria do crime. Você vai perceber que a abordagem que faço da matéria
é de conteúdo suficiente para fazê‐lo fazer uma excelente prova. Contudo, preciso
muito que você faça sua parte. Passar em concurso é uma maratona, mas as pernas
são tuas e não minhas.
Se você conhece a estrutura da teoria tripartida do crime (cabeça, tronco e membros),
vai ficar muito mais fácil caminhar em terreno firme.
 
 
 
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Pois então, já memorizou os elementos do crime? Não? Então, retorne e gaste alguns
minutos lendo a tabela acima antes de continuar.
10. O PRIMEIRO ELEMENTO DO FATO TÍPICO – A CONDUTA
Lembre‐se que o Direito Penal é uma ciência e, por isso, tem seus próprios conceitos.
Preciso dizer isso porque é muito importante que você entenda as concepções
corretas para os termos que utilizaremos.
Como o Direito Penal concebe o termo “conduta”?
Conduta para o Direito Penal é a ação ou omissão humana consciente e voluntária
voltada para uma finalidade.
Temos, então, os seguintes elementos dentro desse conceito apresentado:
.
 
 
 
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11. ação ou omissão deve ser humana (praticada por ser humano)
Somente o ser humano pratica conduta.
Nesse sentido, animais não têm conduta. Animais não “agridem”, mas podem ser
utilizados como verdadeiras armas por seus donos. A “conduta” do cachorro de
morder alguém só terá relevância para o Direito Penal se por trás desse ataque houver
um ser humano que, por exemplo, o provocou ou o esqueceu solto. A conduta foi do
homem e não do animal.
Repito: somente ser humano pratica conduta!
Mas, Valente, se o crime exigeuma conduta de ser humano, como pode uma pessoa
jurídica (criada pelo direito, como uma empresa, por exemplo) cometer crimes?
Vamos fazer igual ao esquartejador. Vamos por partes!
12. É verdade sim que a pessoa jurídica não pode praticar condutas, mas pode
responder criminalmente por um fato.
Como isso é possível?
Calma, eu explico. Mas para isso vamos nos lembrar das aulas de Direito
Constitucional.
Como vimos, somente o ser humano pode praticar condutas com relevância para o
Direito Penal. Pessoa Jurídica não é ser humano (óbvio), mas responde por crime
porque a Constituição Federal assim permite.
Não entendeu?
Tudo bem, olha só!
Lembra‐se do conceito de “Poder Constituinte Originário”?
O poder constituinte originário é aquele que tem a prerrogativa de criar uma nova
Constituição de um Estado. Quando a Assembleia Nacional Constituinte promulgou a
 
 
 
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nossa Constituição de 1988, achou por bem colocar ali duas situações em que pessoas
jurídicas poderiam responder criminalmente por um determinado fato.
E o constituinte poderia ter feito isso?
Poderia sim, uma vez que uma das características do poder que elabora uma nova
constituição é a liberdade total para fazê‐lo. Lembre‐se que o poder constituinte é
“originário, “incondicionado” e “ilimitado”.
Então, hoje, temos a seguinte situação:
13. Pessoa Jurídica pratica crime?
Resposta: para a Teoria do Crime, não. Para a nossa Constituição da República de
1988, sim.
E o que você vai marcar na prova?
Ora, o que está na Constituição Federal, pois é assim que o CESPE, por exemplo, tem
cobrado.
Como vimos, então, pessoa jurídica pratica crime, uma vez que a Constituição assim
permite. Essa permissão ocorre em duas situações: 
1ª hipótese: artigo 173, § 5º, CR. 
“173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos
da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.”
(...) 
“§ 5º ‐ A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa
jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando‐a às punições compatíveis
com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e
contra a economia popular.”
 
 
 
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Essa situação ainda não pode ser aplicada porque, apesar de estar previsto na CR que
pessoa jurídica pode responder por crimes contra a ordem econômica e financeira e
contra a economia popular, ainda não existe uma lei que tenha complementado essa
possibilidade na prática. Quero dizer que tem que existir uma lei infraconstitucional
(inferior à Constituição) que instrumentalize essa hipótese prevista na Constituição
Federal.
2ª hipótese: art. 225, § 3º, CR.
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo‐se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê‐lo e preservá‐ lo para as presentes e futuras gerações.”
(...)
“§ 3º ‐ As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”
Ao contrário da primeira hipótese, o art. 225§ 3º da CR foi regulamentado pela Lei de
Crimes Ambientais (Lei 9605/98).
No Brasil, portanto, pessoas jurídicas podem responder criminalmente por crimes
contra o meio‐ambiente, senão vejamos:
“(Art. 3º, Lei 93605/98) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa,
civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.”
“Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas
físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.”
 
 
 
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14. Muito importante esse parágrafo único. Para solucionar o que eu falei acima sobre
a impossibilidade da pessoa jurídica praticar conduta foi que a Lei Ambiental
determinou que as pessoas físicas responsáveis pela pessoa jurídica em questão
responderão em coautoria ou participação pelo crime desta última.
A Lei sabe que quem praticou, de fato, a conduta criminosa foi uma pessoa física ou
um grupo de pessoas físicas em nome da pessoa jurídica, simplesmente porque
pessoas jurídicas não praticam condutas, como já dissemos. Explico, foi um
funcionário da empresa que determinou que fossem jogados resíduos em um rio,
agindo em nome da empresa e em seu benefício.
Quem praticou o crime ambiental? O Funcionário em coautoria com a pessoa jurídica.
É o que a doutrina denomina de TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO.
Por essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime ambiental,
com ela responderá uma pessoa física.
(CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Com relação à responsabilidade penal da
pessoa jurídica, tem‐se adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se
responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em
nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar
simultaneamente a pessoa física e a jurídica.
Item verdadeiro.
 
 
 
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(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de
crime, dependendo da sua responsabilização penal, consoante entendimento do STJ,
da existência da intervenção de uma pessoa física que atue em nome e em benefício
do ente moral.
Item verdadeiro.
15. Essa teoria se justifica porque, muitas vezes, as decisões de uma pessoa jurídica
são impessoais, dependendo do tamanho da empresa. É por esse motivo que a lei diz
que a responsabilidade da pessoa jurídica vai ocorrer sempre que a infração for
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
16. consciente: não existe conduta e, em consequência crime, para quem está
inconsciente. Por exemplo, em estado de sonambulismo, hipnose, coma, sono
profundo etc.
 
 
 
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Eu assisti nos noticiários que um sujeito na Inglaterra hipnotizava uma funcionária de
um supermercado para fazer com que ela lhe entregasse todo o dinheiro de seu caixa.
Perceba que, se isso for verdade mesmo, ela não possui conduta alguma, mas é um
mero instrumento nas mãos do ladrão. Quem pratica a conduta é ele (o ladrão) e não a
operadora de caixa.
17. Cuidado só com uma coisa! Caso a pessoa se coloque em uma situação de
inconsciência sabendo que pode causar um resultado criminoso, pode responder por
esse resultado a título de Dolo ou Culpa.
É o exemplo do caminhoneiro que está na estrada sem dormir faz 18 horas. Mesmo
sabendo que pode causar um acidente, continua a viagem. Se dormir ao volante,
atravessar a pista contrária e matar uma família inteira que vem no sentido contrário
em outro carro vai responder criminalmente por essas mortes. É o que a doutrinachama de ACTIO LIBERA IN CAUSA.
A teoria da actio libera in causa (a ação é livre na causa) ensina que a conduta do
caminhoneiro deve ser analisada na causa inicial, ou seja, antes de dormir e causar o
acidente. É como se perguntássemos: o motorista tem dolo ou culpa por ter dormido
ao volante? A resposta é sim. Então ele é culpado pelo acidente que decorreu de seu
sono. Ele era livre para continuar a viagem ou não, mesmo sabendo que seria perigosa
essa conduta.
 
 
 
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É muito parecido com o que ocorre com aquele sujeito que vai ao bar com os amigos,
enche a cara de cachaça, fica completamente embriagado e volta dirigindo para casa.
Se ele dormir ao volante, deve responder por um eventual acidente uma vez que a
AÇÃO ERA LIVRE NA CAUSA, quer dizer, ele era livre para escolher entre dirigir ou não
naquelas situações.
É diferente da situação daquela pessoa que, dirigindo o carro, tem repentino e
inesperado desmaio. Caso atropele uma pessoa, deverá responder por esse resultado?
Agora não, porque em estado de inconsciência não há crime por não haver conduta.
Repito: não se pune a conduta de quem está inconsciente, exceto se o sujeito se
colocou nessa situação querendo ou sabendo que poderia praticar um crime!
18. voluntária: conduta requer vontade. O que significa “vontade”? Significa que o
ânimo que está em minha mente permanece íntegro quando eu o transfiro para meu
corpo.
Imagine que você deseje beber água para matar a sede. Para tanto, você pega um
copo com água e passa a bebê‐la. Veja que sua VONTADE foi a de beber água, mas a
sua FINALIDADE foi de matar a sede. São duas coisas completamente diferentes. Já
falaremos da finalidade no próximo tópico. Importante que eu fale agora de uma
situação que se pode afastar a vontade livre de uma conduta.
Como eu afasto a vontade livre de alguém praticar uma conduta? Posso fazer isso
através de coação, mais especificamente através da COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL.
19. A coação física irresistível ( vis corporalis ou vis absoluta): a coação física ocorre
quando a força física de alguém se sobrepõe à força física de outra pessoa. Veja o
exemplo:
Dagmar diz para seu esposo Alceu que vai para a casa de uma amiga estudar. Por volta
das 23 horas, Alceu recebe uma ligação de um conhecido:
‐ Alceu, cadê você?
‐ Uai, to aqui assistindo ao jogo do Vasco!
 
 
 
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‐Cara, cadê tua mulher, a Dagmar?
‐Uai, tá na casa de uma amiga estudando! Por que quer saber?
‐Deixa de ser trouxa, Alceu! A Dagmar tá aqui no Forró no maior assanhamento com
um sujeito!
Alceu inconformado com a possível traição de Dagmar vai até o forró dirigindo sua
caminhonete. Ao chegar ao local, o segurança não deixa Alceu entrar prevendo uma
confusão no recinto. Então, Alceu invade o bar utilizando sua caminhonete.
Um sujeito que não tinha nada a ver com a estória, é atingido pelo impacto do veículo
e acaba por acertar um golpe no rosto de uma moça, uma vez que ele segurava um
copo de cerveja em uma das mãos. A moça fica gravemente ferida pela “copada” dada
por esse rapaz.
Pergunto: de quem é a conduta? Do Alceu (coator) ou do rapaz (coagido)? Claro que
do Alceu. O rapaz estava sob coação física irresistível. Sobre ele foi exercida uma força
física superior as suas próprias forças.
Quem deve responder pela lesão corporal causada? O Alceu, por ter praticado a
conduta criminosa e não o rapaz que estava sob coação física irresistível.
Guarde uma coisa: TODA CONDUTA TEM VONTADE. NÃO EXISTE CONDUTA SEM
VONTADE!
Não existindo vontade por coação física, não há “fato típico”, por falta de um de seus
elementos.
Por fim, deve esclarecer que existe outro tipo de coação, a “coação moral”, que será
estudada mais a frente em momento próprio. Portanto, não se preocupe agora.
 
 
 
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(CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário) A coação física irresistível afasta a
tipicidade, excluindo o crime.
Item correto.
CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) A coação física e a coação moral irresistíveis
afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos,
responderá pelo crime o coator.
Item errado.
20. com finalidade: conduta requer vontade, consciência e finalidade. Atos sem estes
elementos não podem ser considerados condutas penalmente relevantes. Toda a ação
humana é eivada da capacidade de ação final, ou seja, toda ação tem uma
FINALIDADE.
Isso quer dizer que toda conduta está direcionada para um determinado fim. Lembre‐
se que quando você bebe água, você tem a finalidade de matar a sede. Isso ocorre
porque você tem sede, ou tem a ideia, de que a sensação de sede é uma forma de o
corpo te avisar que você precisa de hidratação. Como você sabe que o melhor líquido
para esse fim é a água, a ingere em quantidade suficiente para saciá‐la.
 
 
 
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Quero dizer com isso que você sabe qual o processo para atingir a sua finalidade, a sua
vontade final. Então, um dado muito importante sobre a finalidade humana é que a
possibilidade de realizar uma ação determinada requer o conhecimento (ou a
possibilidade de conhecimento) da realização fática, o que Zaffaroni denominou de
“antecipação biocibernética”.
Exemplificando, a conduta de efetuar o disparo de arma de fogo em direção a uma
determinada pessoa está contaminada pela antecipação mental das consequências
deste ato (ferimento por munição de arma de fogo). Está contida na conduta, também,
a previsibilidade do resultado morte da vítima. Ocorre que, caso a mãe da vítima
venha a morrer ao ter notícia da trágica morte de seu filho, não podemos atribuir essa
morte ao agente, uma vez que extrapolou o limite do curso causal hipotético (relação
de causas e consequências).
Puxa, compliquei um pouco agora? Deixa‐me tentar ser mais claro.
Vamos supor que Dicró queira matar Bezerra. Dicró, sabe que as pessoas respiram
para viver, e que se houver impedimento das vias áreas de uma pessoa isso levará à
morte. Então, Dicró aperta o pescoço da vítima até que esta não consiga respirar.
Pois bem, a finalidade de Dicró por ser a de matar, dirige a sua vontade livre para essa
finalidade, conhecendo o processo de causa e efeito de sua conduta (esganar e matar).
É por isso que a teoria adotada pelo código pena é a TEORIA FINALISTA DA AÇÃO, pois
se entende que toda a conduta tem vontade livre e dirigida a uma finalidade.
Como último exemplo, podemos citar a situação do sujeito que sai de seu trabalho
apressado para assistir ao jogo de futebol. Para tanto, dirige a sua vontade livre para
essa finalidade: chegar a casa mais cedo para assistir ao jogo. Ocorre que nesse
processo ele acaba acelerando o carro muito acima daquela de segurança da via e
acaba por atropelar e matar alguém culposamente (por imprudência). Veja que a
conduta dele teve vontade livre e finalidade.
Esse último exemplo serve para confirmar que em toda a conduta, seja ela dolosa ou
culposa, por ação ou omissão, possui todos os elementos acima estudados:
 
 
 
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Formas de conduta – ação e omissão.
21. Conduta Comissiva (por ação).
A conduta podeser exteriorizada por um ato positivo (um fazer). Por exemplo,
desferir facadas, falsificar um cheque, tomar um remédio abortivo, subtrair um objeto
etc.
A essas condutas realizadas por um fazer, dá‐se o nome de condutas comissivas. É,
inclusive, a forma com que a grande maioria dos crimes são praticados. A lei, em geral,
descreve condutas que nos levam à ideia de ação, um fazer, um ato comissivo.
Que ideia te dá a frase “matar alguém”, descrita no artigo 121 do Código Penal? Ao ler
essa frase você pensa em uma conduta por ação ou por omissão (não fazer)? Claro que
por fazer, por comissão. Então, em regra, mata‐se alguém através de um ato positivo,
um fazer (desferir facadas, tiros, ministrar veneno, por exemplo).
22. Conduta Omissiva (por omissão)
As infrações penais também podem ser praticadas por um “não fazer”. Mas o que seria
exatamente a omissão?
A pergunta é pertinente porque enquanto a ação é algo fisicamente ligado ao
resultado, a omissão não se realiza da mesma forma. Digo, a ação é a colocação de
força em apontada direção, mas a omissão, em princípio é um nada.
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A análise da omissão relevante somente pode existir no campo do direito, porque na
realidade “o nada, nada causa”. Nesse sentido, a doutrina tem ensinado que a omissão
seria uma “omissão de algo esperado (ou determinado) pelo direito”. Espera‐se, por
exemplo, que uma mãe amamente seu filho recém nascido. Caso não o faça, poderá
responder pelo resultado morte da criança. A mãe, deste modo, teria frustrado uma
determinação ou expectativa que lhe é imposta pelo ordenamento. Trata‐se da “teoria
da ação esperada”. Essa é a posição majoritária.
23. Autores como Zaffaroni e Pierangeli afastam‐se da teoria da ação esperada por
considerarem que o direito não espera ações, e sim as proíbe ou as ordena. Defendem
estes magníficos professores que a conduta é sempre por ação, mas o tipo pode
descrever uma ação ou uma omissão (deixar de fazer). De tal modo, quem se nega a
prestar socorro à criança abandonada (art. 136, CPB), não está deixando de fazer algo,
mas ao ir embora, efetivamente realiza uma ação (a de ir embora). Ao fazê‐lo, deixa de
respeitar a norma que determina o socorro a tal pessoa. Essa é a posição conhecida na
doutrina com o nome de teoria do aliud agere ou aliud facere, que significa agir de
outro modo, ou agir de modo diverso.1
Independentemente da posição que se adote, o fato é que não existe relação física
entre a omissão e o resultado. Ao deixar de prestar socorro à pessoa em perigo, o
omitente não “causa” sua morte, apenas não a impede, quando deveria fazê‐lo. Claro
que existem situações em que o perigo é causado anteriormente pelo próprio
omitente, como no exemplo do atropelador que deixa de prestar socorro. De qualquer
forma, o que pode “causar” a morte é a ação de atropelar e não a consequente
omissão de socorro. Em resumo, a omissão só é “causa” do resultado por força das
normas jurídicas e não por força das leis da física.
24. Mais adiante trataremos de nexo de causalidade nos crimes omissivos, mas
adianto que nos crimes omissivos a relação entre a conduta de se omitir e eventual
resultado é apenas normativa, ou seja, é hipoteticamente criada pela norma. Não
existe, portanto, nexo causal físico entre omissão e resultado, mas apenas
1 Eugenio Raúl Zaffaroni, José Henrique Pierangeli. Manual de Direito Penal Brasileiro – 5. ed. Editora RT, pg. 510.
 
 
 
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determinada relação criada pelo direito. Atribui‐se significância ao “não fazer” por
força da norma jurídica, pois no mundo “real” essa relação não existe. De qualquer
forma, vamos voltar a esse assunto em aula específica.
A omissão é tratada no direito penal da seguinte forma:
a. Omissão Própria (pura) – a omissão própria gera os “crimes omissivos próprios”;
b. omissão imprópria (impura ou comissiva por omissão) – a omissão imprópria gera “
os crimes omissivos impróprios, também chamados de crime comissivos por omissão.
Não gaste seus neurônios para memorizar isso. Pense assim:
25. Nos crimes omissivos próprios ou puros( omissão própria), a PRÓPRIA lei já
descreve um não fazer (uma omissão).
Como eu disse antes, a maioria dos tipos penais descreve uma conduta que dá a ideia
de ação (homicídio, furto, falsificação etc.). Ocorre que alguns tipos penais nos trazem
a ideia de uma conduta omissiva. Quero dizer, existem alguns crimes que a omissão
está descrita na própria lei. Quer ver um exemplo?
“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê‐lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave
e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.” (Art.
135 do CPB, Omissão de Socorro).
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A expressão “deixar de” do crime de omissão de socorro no traz ideia de fazer ou não
fazer?
Não fazer.
Então, como o crime de omissão de socorro já nos dá a ideia de “não fazer”, dissemos
que esse crime é OMISSIVO PRÓPRIO (ou puro).
Resumindo: NOS CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS, A PRÓPRIA LEI DESCREVE UMA
OMISSÃO.
26. Mais adiante trataremos do crime tentado, mas existe uma informação que
merece ser apresentada neste momento.
A tentativa nos crimes omissivos próprios não será possível. Nos crimes omissivos
impróprios dolosos, ao contrário, ela é plenamente viável, como estudaremos
oportunamente.
O problema, neste ponto, é conciliar o conceito de tentativa descrito no art. 14 do CP
(“considera‐se tentado o crime quando iniciada sua execução não se atinge o resultado
por circunstâncias alheias à sua vontade”) como um não fazer. Isso se deve ao fato de
que a norma descreve “início de execução”, o que denota um ato positivo, um fazer. A
doutrina, de qualquer sorte, admite a tentativa na omissão imprópria, fundado na
perda da última ou da primeira oportunidade de realizar a ação mandada, criando ou
ampliando, com isso, o perigo para o bem protegido.
Em suma, é possível a tentativa nos crimes omissivos impróprios (ex.: Salva‐vidas que,
ao socorrer afogado, percebe ser ele um velho inimigo, deixando‐o à própria sorte.
Caso a vítima não morra, haverá tentativa de homicídio por omissão imprópria por
parte do salva‐vidas).
27. Observe, por fim, que nos tipos omissivos próprios, como a omissão de socorro, a
lei não proíbe uma determinada conduta. Na verdade, ela exige que o sujeito pratique
aquela conduta. Explico: o art. 121 (homicídio) descreve uma conduta proibida. A
norma, então, é dita “proibitiva”. O art. 135 ( omissão de socorro), ao contrário, exige
 
 
 
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que o agente preste socorro. A lei não proíbe, ela manda. Essa norma é dita
“mandamental”. Não se exige o resultado, basta a mera inatividade.
(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime omissivo próprio, a consumação se
verifica com a produção do resultado.
Item correto.
Resumindo: na normaproibitiva, o sujeito faz o que a norma proíbe; na norma
mandamental, o sujeito não faz o que ela manda que ele faça.
Veja mais dois exemplos de crimes omissivos próprios:
“ Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de
18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60
(sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar,
sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo.”
Abandono material, art. 244 do CPB.
“Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é
compulsória”. Omissão de notificação de doença, art. 269 do CPB.
25. Omissão Impura (imprópria ou crime comissivo por omissão) é quando a lei
descreve um fazer, mas o sujeito atinge o resultado por um não fazer.
Exemplo: mãe, com vontade de dar fim ao seu filho neonato, deixa de alimentá‐lo,
levando‐o à morte. Matou (“matar” traz a idéia de ação) por um não fazer (não dar
alimentos).
Perceba que o tipo de homicídio traz‐nos à mente uma idéia de fazer. Pensamos no
verbo “matar” como algo que se faz por ação (desferir tiros, facadas, pauladas etc.).
Ocorre que a lei admite que o verbo “matar” seja atingido por um “não fazer”, como
no exemplo dado.
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(CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes comissivos por omissão — também
chamados de crimes omissivos impróprios — são aqueles para os quais o tipo penal
descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação.
Item correto.
Pense na seguinte proposição: É possível o sujeito responder pelo crime de estupro
por um “não fazer”, aplicando‐se o mesmo raciocínio utilizado no exemplo anterior?
Agora a situação fica mais estranha, não é?
Preste atenção no seguinte exemplo:
Uma professora de educação primária percebe que sua aluna Ana, com doze anos de
idade, está triste e cabisbaixa, atitude incomum para ela. A professora passa a
conversar com a criança, quando ouve desta uma revelação terrível. Seu padrasto,
Jorge, de 35 anos de idade, pediu que Ana praticasse sexo oral nele, no que foi
atendido.
Ana morava em um pequeno barraco em uma favela de Brasília, juntamente com seu
irmão ainda bebê, além de sua mãe Socorro.
Durante as investigações, constatou‐se que Jorge praticara tal ato diversas vezes com
Ana, sendo que Socorro, mesmo consciente do que ocorria, nada fazia para evitar a
violência sexual. Também se verificou que Jorge contava tudo a um amigo e vizinho
seu de nome Carlos. Este, da mesma forma, nada fez em socorro à criança.
Qual a situação jurídica de Jorge, Ana e Carlos?
Jorge, sem dúvida, responderá pelo tipo hoje descrito como “estupro de vulneráveis"
(art. 217‐A do CPB), provavelmente em continuidade delitiva.
Como eu expliquei, Socorro, mesmo sabendo dos atos praticados por seu
companheiro, nada fez para evitar o resultado. Então, deverá ela responder como
partícipe dos estupros de Jorge.
 
 
 
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Mas por quê?
Porque Socorro tinha em relação à Ana, por ser sua mãe, um dever especial de
proteção ou de garantia. Socorro, mais do que qualquer outra pessoa, tinha o dever
de evitar que sua filha sofresse tal violência. Tem ela, portanto, o dever legal de agir.
Perceba que o tipo de estupro nos traz a ideia de “fazer” (comissivo), mas Socorro
responde não por ter praticado a violência, mas por não tê‐la evitado quando devia e
poderia fazê‐lo (omissão imprópria). Por isso que a doutrina denomina essa espécie de
crime de “comissivo por omissão”. Só quem pode cometer o crime é quem tem o
dever legal de agir, chamado garante ou garantidor da não ocorrência do resultado
(art. 13, parágrafo 2º, CPB).
Por fim, Carlos, apesar de tomar consciência da violência, não tinha nenhuma relação
de especial dever de proteção em relação à Ana, motivo pelo qual deverá responder
pela mera omissão (omissão de socorro, art. 135 do CPB).
26. Dever legal (garantes)
Os crimes omissivos impróprios exigem do sujeito ativo certa qualidade, qual seja, uma
especial relação de proteção com o bem juridicamente tutelado. Deve ele estar
enquadrado em uma das hipóteses de omissão penalmente relevante descritas no CPB
(art. 13, § 2º), quais sejam:
a) quem tem o dever de cuidado, proteção e vigilância
ex.: pais, médico, policiais, filhos em relação aos pais idosos, tutor etc.
Imagine o exemplo de um delegado de polícia que tem conhecimento de que um preso
recolhido na delegacia está para ser estuprado por outros internos, nada faz para
evitar essa conduta. Como o delegado é garante ( ou seja, tem por lei o dever de
cuidado proteção e vigilância ) do preso, caso não haja com possibilidade de ter agido
para evitar o resultado, responde por estupro por omissão.
Lembre‐se do exemplo do estupro acima. A mãe era GARANTE da filha. Por esse
motivo, caso não haja em condição de fazê‐lo, deverá responder pelo resultado.
 
 
 
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b) quem com sua conduta anterior causou o perigo. Chamado de ingerência.
(Delegado de Polícia/NCE‐UFRJ/PCDF/2005) No direito penal entende‐se como
ingerência :
a) o comportamento anterior que cria o risco da ocorrência do resultado, gerando o
dever de agir, que torna a omissão penalmente relevante;
b) a participação de menor importância, que importa em causa de diminuição de pena;
c) o arrependimento que, nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa, motiva
o agente a reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da
queixa;
d) a utilização de agente sem culpabilidade para a realização de um crime, importando
em autoria mediata;
e) a obediência por subalterno à ordem não manifestamente ilegal emanada de
superior hierárquico.
Item: A
Ex.: Alpinista que leva um grupo para explorar uma montanha sem os devidos
preparos e equipamentos de segurança.
Ocorreu um fato em Brasília que se enquadra nessa hipótese:
Um grupo de escoteiros foi fazer uma atividade em um parque de Brasília. Nessa
ocasião, o chefe dos escoteiros determinou que os garotos, todos menores, fizessem
uma competição no lago. Ocorre que um dos escoteiros não sabia nadar muito bem,
tendo comentado tal fato ao chefe deles.
 
 
 
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O tal chefe determinou que ele pulasse no lago mesmo assim, pois era a forma que
aprenderia a nadar. O garoto acabou se afogando, sem ser salvo pelo chefe dos
escoteiros.
Perceba que ao determinar que o garoto pulasse no lago, o sujeito criou um risco para
a vítima. Ao fazer isso, tornou‐se seu garante.
c) de qualquer forma, se comprometeu a evitar o resultado
Imagine que você seja aprovado no concurso dos seus sonhos. Já no primeiro mês usa
a grana para dar uma viajada e espairecer.
Então, compra um pacote pra passar o fim de semana em Caldas Novas. Durante o
banho do sol (parece coisa de presidiário, né?), é interrompida por um moleque
correndo de um lado para o outro, gritando, fazendo bagunça ecomendo “cheetos
bolinha”. Que beleza!
Quem é esse moleque? Ele mesmo. O Alceu Júnior, filho da Dagmar com o Alceu
(supostamente).
Alceu tinha saído para jogar bola com os amigos e Dagmar foi ao clube com o
Alceuzinho. Mas como Dagmar, você sabe, era muito danadinha, começou a dar mole
para o salva‐vidas do clube.
Dagmar pede, então, que você fique de olho no moleque por dez minutinhos para que
ela vá comprar um refrigerante pra ele (Goianinho Cola, hehe). Na verdade ela foi
paquerar o tal salva‐vidas.
Você aceitou?
Parabéns! Agora você é garante do Alceuzinho, porque você se comprometeu a evitar
qualquer dano ao diabinho. Sacou?
Se ele cair na piscina, meu amigo, minha amiga, trate de pular para salvá‐lo. Caso
contrário, você poderá responder por homicídio por omissão.
 
 
 
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PEGANDO O FIO DA MEADA!
1. Dividimos o Crime em três partes: fato típico, ilicitude e culpabilidade;
1. Estamos estudando o FATO TÍPICO;
2. Dentro do Fato Típico estudamos a CONDUTA e dois de seus elementos (ação e
omissão);
3. A omissão pode ser própria (crime omissivo próprio), quando a própria lei
descreve um não fazer;
4. A omissão pode ser imprópria (crime comissivo por omissão), quando a lei
descreve um fazer, mas o agente atinge o resultado por uma “não ‐ fazer”;
5. Somente os garantes respondem por omissão imprópria;
6. os garantes são: a. quem tem, por lei, obrigação de cuidado proteção e vigilância;
b. quem criou o risco do resultado; c. quem se comprometeu a evitar o resultado.
Para terminar a primeira aula, me deixa falar só de mais uma coisa que é muito
importante, até porque consta do edital. Tratam‐se dos sujeitos do crime.
 
 
 
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Todo crime possui sujeitos ativos e passivos.
Sujeitos do Crime
27. Sujeito Ativo
O sujeito ativo do crime é tanto aquele que pratica a conduta descrita no verbo do tipo
penal (matar, subtrair, falsificar), como aquele que, mesmo não praticando o verbo o
auxilia, instiga ou induz.
( CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) Sujeito ativo do crime é aquele que realiza
total ou parcialmente a conduta descrita na norma penal incriminadora, tendo de
realizar materialmente o ato correspondente ao tipo para ser considerado autor ou
partícipe.
28. Sujeito Passivo Direto, constante ou material
Sujeito passivo eventual ou material é aquele que tem seu bem jurídico prejudicado.
Bem jurídico é a vida, a liberdade, o patrimônio, etc.
O sujeito passivo pode ser o homem, como no Homicídio, art. 121; a pessoa jurídica
como na Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro, art. 171, § 2º, V;
o Estado (crimes contra a Administração Pública) e uma coletividade destituída de
personalidade jurídica, como no Vilipêndio a cadáver, art. 212, estes últimos são
chamados crimes vagos. “Entidade sem personalidade jurídica” é, por exemplo, a
família, a coletividade, a sociedade, etc.
Nem sempre o sujeito passivo é a vítima. Se eu empresto meu celular para um amigo,
o qual é vítima de furto, continuo sendo o sujeito passivo. Isso porque foi meu bem
jurídico (patrimônio) que foi atacado. Bem jurídico é tudo que tem relevância para o
direito, como a vida, patrimônio, honra, etc.
29. Sujeito passivo constante ou formal: é o Estado.
Ricardo Delesderrier
Realce
Ricardo Delesderrier
Realce
Ricardo Delesderrier
Realce
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Sempre que alguém comete um crime, acaba por desrespeitar uma lei criada pelo
Estado. Por esse motivo, diz‐se que o Estado sempre é vítima indiretamente.
Pode ocorrer de o Estado ser sujeito passivo direito. Lembra‐se do furto que ocorreu
no Banco Central de Fortaleza? Quem era o sujeito passivo? O Estado (pessoa jurídica).
30. Não pode ser sujeito passivo de crime: O cadáver.
(CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) De acordo com o ordenamento penal
vigente, o homem morto pode ser sujeito passivo de crime.
Item errado.
No delito de vilipêndio à cadáver, art. 212 CP, o sujeito passivo é a coletividade; e no
crime de calúnia contra os mortos ,art. 138, § 2º, do CP, sua família. São os crimes
vagos de que falei acima.
31. Observações:
a. Civilmente incapaz – pode ser sujeito passivo de crime;
b. Recém‐Nascido ‐ pode ser sujeito passivo de crime (art. 123, infanticídio);
Feto – também pode ser, como no aborto.
c. Animais‐ não podem ser sujeitos passivos de crime. Os crimes contra a fauna (Lei
9.605.98) são crime contra a humanidade.
33. PERGUNTA IMPORTANTE: Pode uma pessoa ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e
passivo de crime?
R. Regra geral, não. Exceção é o crime de Rixa (art. 137 CP). Nesse crime há uma briga
generalizada onde todo mundo bate em todo mundo.
( MPE‐MG ‐ 2010 ‐ MPE‐MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa pode ser, ao mesmo
tempo, sujeito ativo e passivo de um delito em face de sua própria conduta.
Item correto.
Ricardo Delesderrier
Realce
Ricardo Delesderrier
Realce
Ricardo Delesderrier
Realce
Ricardo Delesderrier
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Animais não podem ser sujeito passivo.
 
 
 
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QUESTÕES
1. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF
2009) São elementos do fato típico:
conduta, resultado, nexo de
causalidade, tipicidade e culpabilidade,
de forma que, ausente qualquer dos
elementos, a conduta será atípica para
o direito penal, mas poderá ser
valorada pelos outros ramos do direito,
podendo configurar, por exemplo,
ilícito administrativo.
2. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF
2009) Os crimes comissivos por
omissão — também chamados de
crimes omissivos impróprios — são
aqueles para os quais o tipo penal
descreve uma ação, mas o resultado é
obtido por inação.
3. (CEPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF
2009) Com relação à responsabilidade
penal da pessoa jurídica, tem‐se
adotado a teoria da dupla imputação,
segundo a qual se responsabiliza não
somente a pessoa jurídica, mas
também a pessoa física que agiu em
nome do ente coletivo, ou seja, há a
possibilidade de se responsabilizar
simultaneamente a pessoa física e a
jurídica.
4. (CESPE_Analista Judiciário
_Execução de Mandados_TJDFT_2008)
Com relação a elementos e espécies da
infração penal, julgue os itens
subseqüentes.
Se o sujeito ativo do delito, ao praticar
o crime, não quer diretamente o
resultado, mas assume o risco de
produzi‐lo, o crime será culposo, na
modalidade culpa consciente.
5. (CESPE_Procurador do
MP_TC_GO_2007) Relativamente ao
sujeito ativo e ao sujeito passivo do
crime, à tentativa e ao crime
consumado, julgue os itens: 
De acordo com o ordenamento penal
vigente, o homem morto pode ser
sujeito passivo de crime.
6. (CESPE_Procurador do
MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica
pode ser sujeito ativo de crime,
dependendo da sua responsabilização
penal, consoante entendimento do STJ,
da existência da intervenção de uma
pessoa física que atue em nome e em
benefício do ente moral.
7. (CESPE_Procurador do
MP_TC_GO_2007) No crime omissivoCURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF 
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próprio, a consumação se verifica com
a produção do resultado.
8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE
CONTAS – TCE‐ES_2009) São elementos
do fato típico culposo: conduta humana
voluntária (ação/omissão),
inobservância do cuidado objetivo
(imprudência/negligência/imperícia),
previsibilidade objetiva, ausência de
previsão, resultado involuntário, nexo
de causalidade e tipicidade.
9. (Delegado de Polícia/NCE‐
UFRJ/PCDF/2005) No direito penal
entende‐se como ingerência :
a) o comportamento anterior que cria o
risco da ocorrência do resultado,
gerando o dever de agir, que torna a
omissão penalmente relevante;
b) a participação de menor
importância, que importa em causa de
diminuição de pena;
c) o arrependimento que, nos crimes
sem violência ou grave ameaça à
pessoa, motiva o agente a reparar o
dano ou restituir a coisa até o
recebimento da denúncia ou da queixa;
d) a utilização de agente sem
culpabilidade para a realização de um
crime, importando em autoria mediata;
e) a obediência por subalterno à ordem
não manifestamente ilegal emanada de
superior hierárquico.
11. ( CESPE – Agente de Polícia Federal
2004) Sujeito ativo do crime é aquele
que realiza total ou parcialmente a
conduta descrita na norma penal
incriminadora, tendo de realizar
materialmente o ato correspondente
ao tipo para ser considerado autor ou
partícipe.
12. (CESPE – Agente de Polícia Federal
2004) A coação física e a coação moral
irresistíveis afastam a própria ação, não
respondendo o agente pelo crime. Em
tais casos, responderá pelo crime o
coator.
13. ( MPE‐MG ‐ 2010 ‐ MPE‐MG –
PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa
pode ser, ao mesmo tempo, sujeito
ativo e passivo de um delito em face de
sua própria conduta.
14. (CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista
Judiciário) A imputabilidade penal é um
 
 
 
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dos elementos que constituem a
culpabilidade e não integra a tipicidade.
15.( CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista
Judiciário ‐ Área Administrativa) A
coação física irresistível afasta a
tipicidade, excluindo o crime
COMENTÁRIOS
1. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) São elementos do fato típico: conduta,
resultado, nexo de causalidade, tipicidade e culpabilidade, de forma que, ausente
qualquer dos elementos, a conduta será atípica para o direito penal, mas poderá ser
valorada pelos outros ramos do direito, podendo configurar, por exemplo, ilícito
administrativo.
Comentário: Os elementos do fato típico são: CO.RE.NE.TI. CONDUTA, RESULTADO,
NEXO CAUSAL e TIPICIDADE.
GABARITO: ERRADO.
2. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes comissivos por omissão —
também chamados de crimes omissivos impróprios — são aqueles para os quais o tipo
penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação.
Comentário: Perfeito! O exemplo clássico seria o da mãe que mata o próprio filho
recém nascido por negar‐lhe o peito. Lembre‐se que só responde por esse crime quem
estiver na posição de “garante”.
GABARITO: CORRETO
3. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Com relação à responsabilidade penal da
pessoa jurídica, tem‐se adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se
responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em
nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar
simultaneamente a pessoa física e a jurídica.
 
 
 
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Comentário: Para essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime
ambiental, com ela responderá uma pessoa física.
GABARITO: CORRETO
4. (CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008) Com relação a
elementos e espécies da infração penal, julgue os itens subseqüentes.
Se o sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o resultado, mas
assume o risco de produzi‐lo, o crime será culposo, na modalidade culpa consciente.
Comentário: Se o sujeito não quer o resultado, mas assume o risco de produzi‐lo,
estamos falando de um crime doloso (dolo eventual).
Culpa consciente é a aquela em que o sujeito causa o resultado por imprudência,
negligência ou imperícia, tendo previsto o resultado mais gravoso.
GABARITO: ERRADO
5. CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Relativamente ao sujeito ativo e ao
sujeito passivo do crime, à tentativa e ao crime consumado, julgue os itens: 
De acordo com o ordenamento penal vigente, o homem morto pode ser sujeito
passivo de crime.
Comentário: Só quem pode ser sujeito passivo de crime é a pessoa viva ou o feto vivo.
No delito de vilipêndio à cadáver, por exemplo, art. 212 CP, o sujeito passivo é a
coletividade ou a família do morto.
“Vilipendiar cadáver ou suas cinzas” (art. 212 do Código Penal).
Exemplo: escarrar sobre o cadáver.
GABARITO: ERRADO
6. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de
crime, dependendo da sua responsabilização penal, consoante entendimento do STJ,
da existência da intervenção de uma pessoa física que atue em nome e em benefício
do ente moral.
 
 
 
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Comentário: Para essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime
ambiental, com ela responderá uma pessoa física.
GABARITO: CERTO
7. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime omissivo próprio, a consumação
se verifica com a produção do resultado.
Comentário: Nos crimes omissivos próprio, aqueles em que a própria lei descreve um
“não‐fazer”, a consumação se verifica no momento da conduta omissiva. Exemplo: O
sujeito vê uma pessoa acidentada e, podendo, não a ajuda. O crime está consumado,
independentemente de a vítima vir a falecer ou não.
GABARITO: ERRADO
8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE‐ES_2009) São elementos do fato
típico culposo: conduta humana voluntária (ação/omissão), inobservância do cuidado
objetivo (imprudência/negligência/imperícia), previsibilidade objetiva, ausência de
previsão, resultado involuntário, nexo de causalidade e tipicidade.
Comentário: A previsibilidade ou evitabilidade do resultado: todo crime culposo tem
previsibilidade (a capacidade ou possibilidade de previsão). Se não há previsibilidade
de ocorrer um crime não haverá culpa. Cumpre‐nos observar a definição de Carrara de
que a culpa é a voluntária omissão de diligência em calcular as conseqüências possíveis
e PREVISÍVEIS do próprio fato.
CORRETO
9. (Delegado de Polícia/NCE‐UFRJ/PCDF/2005) No direito penal entende‐se como
ingerência :
 
 
 
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a) o comportamento anterior que cria o risco da ocorrência do resultado, gerando o
dever de agir, que torna a omissão penalmente relevante;
b) a participação de menor importância, que importa em causa de diminuição de pena;
c) o arrependimento que, nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa, motiva
o agente a reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da
queixa;
d) a utilização de agente sem culpabilidade para a realização de um crime, importando
em autoria mediata;
e) a obediência por subalterno à ordem não manifestamente ilegal emanada de
superior hierárquico.
Comentário: Crimesomissivos impróprios, também chamados comissivos por omissão,
ocorrem quando o tipo descreve uma ação e o resultado é atingido por uma inação,
por exemplo, a mãe que mata o filho neonato por não fornecer‐lhe o peito.
Para ser responsabilizado pelo resultado, o agente deve estar em uma das situações
previstas no art. 13, § 2º do CPB, ocasião em que será garante da não ocorrência do
resultado. Uma dessas situações previstas no citado artigo é justamente o que a
doutrina convencionou chamar de “ingerência”, ou seja, quando o dever de agir
incumbe a quem com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.
GABARITO: A
11. ( CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) Sujeito ativo do crime é aquele que
realiza total ou parcialmente a conduta descrita na norma penal incriminadora, tendo
de realizar materialmente o ato correspondente ao tipo para ser considerado autor ou
partícipe.
 
 
 
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Comentário: O sujeito ativo pode cometer o crime como autor, coautor ou partícipe,
conforme veremos em aula específica. Mas, não é necessário que o sujeito ativo
pratique o verbo do tipo penal. Lembra‐se do crime omissivo impróprio ou comissivo
por omissão? Pois então.
GABARITO: ERRADO
12. (CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) A coação física e a coação moral
irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais
casos, responderá pelo crime o coator.
Comentário: A COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL, conforme estudamos, afasta a própria
conduta, pois é elemento desta. A COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL, por sua vez, afasta a
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA, elemento do Culpabilidade. Estudaremos esta
última em aula posterior deste curso.
GABARITO: ERRADO
13. ( MPE‐MG ‐ 2010 ‐ MPE‐MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa pode ser, ao
mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de um delito em face de sua própria conduta.
Comentário: Excepcionalmente, a pessoa pode ser sujeito ativo e passivo do crime,
como ocorre no crime de Rixa (Participar de rixa, salvo para separar os contendores.
Art. 137 do CPB). Neste caso, os participantes agridem‐se mutuamente, sendo todos,
ao mesmo tempo, agressores e agredidos.
GABARITO: CERTO
14. (CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário) A imputabilidade penal é um dos
elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade.
 
 
 
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Comentário: Com uma rápida análise na estrutura do crime ( veja o esqueleto do
crime) percebe‐se que a imputabilidade é elemento da culpabilidade. Estudaremos
profundamente a imputabilidade em aula específica.
GABARITO: CERTO
15.( CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário ‐ Área Administrativa) A coação física
irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime.
Comentário: A coação física irresistível afasta a voluntariedade da conduta. Conduta só
existe se possuir vontade. Como a conduta é elemento do fato típico (tipicidade em
sentido amplo), está ficará afastada sem esse elemento.
CORRETO

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