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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 1 www.pontodosconcursos.com.br Olá amigos! Meu nome é Lúcio Valente. Sou Delegado de Polícia da PCDF. Ministro aulas de Direito Penal e de Processo Penal em cursos preparatórios de Brasília‐DF, Goiânia‐GO, São Paulo‐SP e Palmas‐TO. Minha missão durante nosso curso é trabalhar muito para facilitar a sua aprovação. Vou ser teu companheiro nessa caminhada e quero que confie em minha didática e metodologia. Todas as aulas são preparadas de uma forma em que você tenha a exata sensação de está‐las assistindo pessoalmente. Para isso, eu literalmente degravei o conteúdo das minhas aulas presenciais. Ou seja, procurei descrever todos os exemplos de forma muito próxima ao que apresento em sala de aula. Esse curso foi direcionado para a prova de Agente de Polícia, Escrivão de Polícia e Perito Criminal e Perito Papiloscopista da Polícia Civil do Distrito Federal e da Polícia Federal. Conforme eu divulguei na parte aberta do site, a PCDF já deu início à corrida para preenchimento de vagas de Perito Criminal, Agente de Polícia, Escrivão de Polícia. Segundo entrevista da Diretora da PCDF, Dra. Mailine Alvarenga, dada à Folha Dirigida, a Secretaria de Planejamento do Distrito Federal já teria autorizado a realização de concurso público para o cargo de Perito Criminal, visando o preenchimento de 14 vagas e formação de banco reserva para 44 candidatos. Também encontram‐se em tramitação na Secretaria de Planejamento do DF pedidos de abertura de Concursos Públicos para preenchimento de 90 vagas para o cargo de Escrivão de Polícia e 132 vagas para o cargo de Agente de Polícia Civil do Distrito Federal. Muito importante anotar que, ao contrário da PF, não há divisão de especialidades no concurso para Perito Criminal da PCDF. Assim, todos os especialistas concorrem por todas as vagas. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 2 www.pontodosconcursos.com.br Deem uma olhada na Tabela de Remuneração da PCDF, uma das polícias mais bem pagas do país e com chances reais de aumento da remuneração (fonte: http://www.distritofederal.df.gov.br/sites/000/55/00000683.pdf) PERITO CRIMINAL Primeira Classe 17.498,40 Segunda Classe 14.970,60 Terceira Classe 13.368,68 PAPILOSCOPISTA POLICIAL, ESCRIVÃO DE POLÍCIA, AGENTE DE POLÍCIA E AGENTE PENITENCIÁRIO Classe Especial 11.879,08 Primeira Classe 9.468,92 Segunda Classe 7.885,99 Terceira Classe 7.514,33 Antes de iniciar a aula gostaria de esclarecer algumas coisas: a. Ressalto que TODAS AS QUESTÕES SERÃO COMENTADAS! b. O conteúdo programático abrangerá os seguintes assuntos: NOÇÕES DE DIREITO PENAL: 1. Princípios constitucionais do Direito Penal. 2. A lei penal no tempo. 3. A lei penal no espaço. 4. Interpretação da lei penal. 5. Infração penal: elementos, espécies. 6. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. 7. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 3 www.pontodosconcursos.com.br Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. 8. Excludentes de ilicitude e de culpabilidade. 9. Erro de tipo e Erro de proibição. 10. Imputabilidade penal. 11. Concurso de Pessoas. 12. Crimes contra a pessoa. 13. Crimes contra o patrimônio. 14. Crimes contra a propriedade imaterial. 15. Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos. 16. Crimes contra os costumes. 16. Crimes contra a família. 17. Crimes contra a incolumidade pública. 18. Crimes contra a paz pública. 19. Crimes contra a organização do trabalho. 20. Crimes contra a fé pública. 21. Crimes contra a Administração Pública As aulas vão cobrir todo o conteúdo, mas quero que fique ciente que não seguirei exatamente a sequência do edital. É importante que eu ensine a matéria de acordo com a minha didática, de modo que você tenha o exato conhecimento para gabaritar os itens de Direito Penal. Confie em mim! c. Não administre dúvidas! Claro que pode existir um ponto ou outro da matéria que não possa ter ficado claro pra você. Por isso, espero que você me encaminhe todas elas ao fórum; d. Direito Penal aprende‐se pelos exemplos! Preste atenção aos conceitos, mas guarde os exemplos em seu coração. A alma das minhas aulas está em meus exemplos! e. Acompanhe as aulas tendo um Código Penal (CP) em mãos. Não precisa comprá‐lo, basta acessar: http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto‐Lei/Del2848compilado.htm PROGRAMA DAS AULAS AULA 0: Infração penal ‐ elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. Fato Típico: Conduta ativa e omissiva. AULA 1: Fato Típico: Dolo e Culpa. Resultado. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 4 www.pontodosconcursos.com.br AULA 2: Fato Típico: Nexo de Causalidade e tipicidade em sentido estrito. AULA 3: Erro de Tipo e Ilicitude. AULA 4: Culpabilidade e punibilidade. AULA 5: Concurso de Pessoas. AULA 6: A Lei penal no tempo e no espaço. AULA 7: Princípios constitucionais do Direito Penal e Interpretação da Lei Penal. AULA 8: Crimes Contra a Pessoa. AULA 9: Crimes Contra o Patrimônio e Crimes Contra a Administração Pública. AULA 10: Crimes contra a propriedade imaterial. Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos. AULA 11: Crimes contra os costumes e Crimes contra a família. AULA 12: Crimes contra a incolumidade pública. Crimes contra a paz pública. Crimes contra a organização do trabalho. Crimes contra a fé pública. Técnica de estudo: 1º Faça uma primeira leitura da aula, buscando apenas um primeiro contato com os tópicos. Nesse momento, sublinhe apenas palavras e termos desconhecidos. Tempo estimado: 30 min. 2º Faça nova leitura da aula. Nesse momento, o aluno deve compreender cada ponto (perceba que divido minha aula em pontos, sendo que cada um traz uma ideia central). Descubra o significado dos termos desconhecidos. Tempo estimado: 2 horas. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 5 www.pontodosconcursos.com.br 3º Faça um resumo com as ideias centrais de cada ponto com palavras‐chave ou na forma de perguntas e respostas (ex.: Ponto 10: O que é conduta? R: é a ação ou omissão humana consciente e voluntária voltada para uma finalidade). Tempo estimado: 1 hora. 4º Memorize as palavras‐chave ou as respostas. Tempo estimado: 1 a 2 horas. Obs.: peça pra alguém lhe “tomar” a aula ou finja que está ensinando para alguém o que aprendeu (seu cachorro pode ser um ótimo aprendiz!). 5ª Estude as questões. Não as use como forma de teste. Leia cada uma buscando as respostas no texto da aula ou nos comentários respectivos. Tempo: 1h30min Obs.: acredite em mim! Fazer testes em casa é uma grande perda de tempo. 6º Antes da aula seguinte, revise a aula estudada. Tempo: 10 minutos. 7º Faça revisões semanais de todas as aulas já estudadas. Para isso, releia seu resumo e só volte ao texto da aula quando precisar recordar determinados pontos. Obs.: divida o estudo da aula em, pelo menos, dois dias (ex.: 1º dia: leitura e resumo; 2º dia: memorização e questões). CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 6 www.pontodosconcursos.com.br AULA 0 1. O DIREITO PENAL Dois jovens rapazes saem do local onde moram na periferia de Brasília. Um deles, com 19 anos de idade, portando uma pistola de calibre .40; o outro, com 16 anos de idade, portando um revólver calibre .38. Ambosse dirigem a um posto de combustíveis, localizado em Taguatinga‐DF, com a intenção de assaltá‐lo. É data próxima ao Natal, e os bandidos querem aproveitar o maior movimento da data. Esses fatos ocorrem por volta das 18 horas, e quando chegam ao local, por fatídica coincidência, ali também chega outro rapaz, a quem vou dar o nome de JOSÉ. José estava no Distrito Federal há três anos, e aqui estava a convite de um primo que era borracheiro nesse mesmo posto. José, assim como seu primo, veio de outra unidade da federação em busca de melhores condições de vida. José, já no DF, fez um curso profissionalizante de instalador de sons automotivos e passou a trabalhar com isso. Como seu trabalho era muito bom e como José era muito inventivo, começou a prestar serviços para pessoas que faziam competições de sons automotivos. José começou a ganhar algum dinheiro, pelo menos o suficiente para que ele comprasse uma pequena casa em um bairro periférico de Brasília. Pretendia com isso trazer sua esposa e seu filho pequeno que estavam em seu estado de origem. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 7 www.pontodosconcursos.com.br Com o dinheiro que ganhava conseguiu, também, um financiamento de um carro tipo PICK UP. Nesse carro, José instalou vários acessórios e um equipamento de som digno de ganhar qualquer competição que eventualmente participasse. Por uma dessas coincidências da vida, José estava no posto de combustíveis ao mesmo tempo em que ali chegavam os dois assaltantes. José apenas queria mostrar o resultado da instalação dos equipamentos ao primo borracheiro. Ocorre que, quando os dois assaltantes viram o carro, mudaram o foco de sua empreitada criminosa. Decidiram, assim, assaltar José e levar seu carro. É o que os bandidos chamam de “cavalo doido”, quer dizer, fora do planejamento criminoso. Ao abordarem a vítima, sem que esta demonstrasse qualquer reação, um dos rapazes efetuou vários disparos que acabaram por atingi‐la, levando‐a à morte. Esse fato verídico tem se tornado comum no dia‐a‐dia das grandes cidades brasileiras. O crime, como se vê, não é primariamente um fenômeno jurídico. É, antes de tudo, um fenômeno social. O que a ciência do Direito faz é transformar esse fato social em um fato com relevância jurídica. Da mesma forma, o casamento é um fato da vida real, mas que o Direito regula, transformando aquilo que é apenas um fato social em um fato jurídico. O crime é, enfim, um fenômeno social que o Direito tratou de regular, ou seja, tratou de estabelecer um sistema científico para sua imputação jurídica (atribuição da responsabilidade penal a determinada pessoa). Isso nem sempre foi assim. Até a primeira teoria jurídica do crime, surgida por volta de 1900 na Alemanha, não existiam métodos jurídicos para correta análise de um fato social danoso como esse que relatei acima. Então, o Juiz “A” poderia ter um entendimento sobre o caso completamente diferente de um Juiz “B”. Isso dependeria das convicções de cada um deles. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 8 www.pontodosconcursos.com.br O que vamos estudar são justamente as etapas que devem ser analisadas para que, ao final, possa‐se afirmar que fulano cometeu uma infração penal. Trata‐se de um olhar jurídico (científico) e não apenas sociológico do fenômeno estudado. Para o Direito Penal não interessa o motivo pelo qual as pessoas cometem infrações penais (matéria tratada pela sociologia, criminologia, psicologia, psiquiatria etc.). A teoria do crime e de suas consequências estuda apenas quais são os elementos a serem considerados para que se afirme que determinada pessoa possa sofrer pena (ou medida de segurança). Antes de adentrarmos na teoria do crime, preciso que você entenda o que estamos estudando. Ou melhor, qual é o objeto do nosso estudo? 2. Bom, nos propusemos a estudar o DIREITO PENAL. O que seria isso então? O DIREITO PENAL É A CIÊNCIA JURÍDICA QUE ESTUDA AS “INFRAÇÕES PENAIS”. O que significa o termo INFRAÇÃO PENAL? 3. CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL: no Brasil, existem duas maneiras de se infringir uma lei penal. Digo, existem duas maneiras de se cometer uma “infração penal”. A primeira forma de se infringir a lei penal é cometendo um CRIME (ou DELITO); a outra forma de infração penal é cometendo uma CONTRAVENÇÃO PENAL. Resumindo, podemos dizer que Crime e Contravenção são espécies do gênero Infração Penal. 4. DIFERENÇAS ENTRE CRIME ( OU DELITO) E CONTRAVENÇÃO PENAL: não há como saber se uma conduta é criminosa ou contravencional (contravenção penal) sem CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 9 www.pontodosconcursos.com.br conhecer a letra da lei. A decisão sobre um fato ser considerado crime ou contravenção é de quem fez a lei, ou seja, do legislador. Explico: a primeira grande diferença entre as duas infrações penais é o local onde estão escritas. Como assim? É fácil, olha só! Os CRIMES estão previstos no Código Penal (DECRETO‐LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.), bem como nas Leis Penais Especiais ( também chamadas de Leis Penais Extravagantes). Como exemplos dessas últimas temos: o crimes de drogas (Lei 11.343/2006); os crimes de arma de fogo (Lei 10.826/03); os crimes ambientais (Lei 9.605/98); os crimes de trânsito ( Lei 9.503/98), entre muitos outros. As CONTRAVENÇÕES estão previstas em uma lei específica, o DECRETO‐LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Essa lei tem o nome de Lei de Contravenções Penais. Existem situações que antes eram consideradas contravenções, mas por decisão do legislador passou a ser crime. O porte de arma de fogo, por exemplo, era considerada contravenção e hoje pelo Estatuto do Desarmamento é considerado crime. Quero dizer com isso que não existe uma diferença conceitual entre crime e contravenção. Interessante que, falando da Lei de Contravenções, ela costuma tratar de situações muito menos graves do que o Código Penal, por exemplo. É por isso que o grande penalista brasileiro Nelson Hungria chamava a Contravenção Penal de “crime anão”. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 10 www.pontodosconcursos.com.br 5. Uma segunda diferença, então, entre crime e contravenção seria o fato de que os crimes costumam ser mais graves do que as contravenções e até por isso as penas dos crimes são, em regra, mais graves. Imagine que você esteja assistindo a uma peça de teatro, uma peça de Shakespeare, por exemplo. No meio do espetáculo um sujeito começa a conversar ao celular atrapalhando a interpretação dos atores. Acreditem ou não, mas existe uma contravenção penal nessa conduta. Veja só! Art. 40. Provocar tumulto ou portar‐se de modo inconveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em assembléia ou espetáculo público, se o fato não constitui infração penal mais grave;(grifei) Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 6. Outra diferença, a terceira, refere‐se às penas do crime e da contravenção. Os crimes são apenados com reclusão, detenção e multa. As Contravenções com prisão simples e multa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 11 www.pontodosconcursos.com.br (FCC ‐ 2007 ‐ TJ‐PE ‐ Técnico Judiciário ‐ Área Administrativa) Às contravenções é cominada, pela lei, a pena de reclusão ou de detenção e multa, esta última sempre alternativa ou cumulativa com aquela. Item falso7. Qual a diferença entre eles? a. Reclusão: o agente pode iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, semi‐ aberto ou aberto, dependendo da pena concreta; b. Detenção: o agente pode iniciar o cumprimento em regime semi‐aberto ou aberto. Caso descumpra as regras de tais regimes, pode regredir para o regime fechado, mas nunca iniciar nesse regime; c. Prisão Simples: Prisão simples é a pena cumprida sem rigor penitenciário em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime aberto ou semi‐aberto. Trata‐se de pena aplicada em face de contravenção penal (Lei das Contravenções Penais ‐ Decreto Lei nº3.688/1941). Somente são admitidos os regimes aberto e semi‐aberto. É vedado o emprego do regime fechado para o cumprimento de pena por contravenção penal,mesmo em caso de regressão. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 12 www.pontodosconcursos.com.br A quarta diferença é que os crimes podem admitir tentativa, as contravenções nunca admitem tentativa. Eu digo que os crimes podem admitir tentativa porque existem situações que não se admite tentativa em crime. Vamos ter uma aula específica sobre o tema, então vou deixar para me aprofundar nesse assunto na aula respectiva. Por enquanto é suficiente que você saiba que as contravenções penais NUNCA admitem a forma tentada, pois a Lei de Contravenções expressamente a proíbe (art. 4º). ESTUDAMOS ATÉ AQUI QUE: 1. No Brasil há duas espécies de infração penal: crime (ou delito) e contravenção penal; 2. Os crimes estão previstos no Código Penal e nas Leis Penais Especiais, como na Lei de Drogas (Lei 11.343/2006); 3. As contravenções estão previstas na Lei de Contravenções Penais; 4. Em regra, crimes são mais graves que contravenções; 5. O crime admite reclusão, detenção e multa; 6. A contravenção só admite prisão simples e multa; 7. Não existe possibilidade de tentativa em contravenção penal. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 13 www.pontodosconcursos.com.br O CRIME 8. FATO TÍPICO I: a teoria do delito é uma construção teórica, que nos proporciona o caminho lógico para averiguar se há delito em cada caso concreto. Quando o operador do Direito (o Delegado, o Juiz, o Promotor, o Advogado etc.) se depara com um fato, quais são as etapas que ele deve seguir para constatar a realização de um ilícito com relevância penal? Essa resposta nos é dada pela Teoria Geral do Crime, que se ocupa, justamente, da exposição sistemática dos requisitos (ou fundamentos) necessários para a configuração do crime. Tenha calma! Vou tentar ser mais claro sobre o que falei acima! Respire fundo, vá tomar um café, molhar o rosto e vamos lá! O que eu quis dizer é que existe um processo, passo‐a‐passo, para se determinar se uma determinada conduta humana pode ou não ser considerada crime. “Matar Alguém” só será considerado crime, por exemplo, se todas as etapas forem preenchidas. E quais seriam essas etapas (ou requisitos)? É isso que vamos estudar a partir de agora. Considerando o estágio atual da Teoria do Delito, teremos como base de estudo a Teoria Finalista Tripartida de Hans Welzel. Teoria “tripartida” porque é divida em três partes ‐ o crime como um fato típico, antijurídico e culpável. 9. Conceito analítico (segundo a teoria finalista‐ tripartida, adotada pela maioria das bancas) CRIME = FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL. Lembro‐me que nas aulas de biologia do primário estudamos o corpo humano. Lembro‐me que a professora Mariquinha dividiu o corpo humano em três partes: cabeça, tronco e membros. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 14 www.pontodosconcursos.com.br Será que podemos dividir o corpo humano de fato? Claro que não! O corpo humano é um todo indivisível. Existe corpo humano perfeito sem cabeça, tronco ou membros? Claro que não! O que a professora Mariquinha fez foi dividir o nosso estudo em partes. E para que ela fez isso? Para facilitar a abordagem da matéria. Assim como o corpo humano deve ser dividido pelo anatomista para seu estudo, assim o faremos com os elementos do crime. Para nós, o crime é um fato típico (cabeça), ilícito (tronco) e culpável (membros). Observe o quadro a seguir: Crime é fato típico + antijurídico + culpável. Cabeça tronco membros O que vou te apresentar agora é a estrutura de toda a teoria do crime. Quero que você memorize essas informações, tudo bem? Esqueleto do crime: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 15 www.pontodosconcursos.com.br (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) São elementos do fato típico: conduta, resultado, nexo de causalidade, tipicidade e culpabilidade, de forma que, ausente qualquer dos elementos, a conduta será atípica para o direito penal, mas poderá ser valorada pelos outros ramos do direito, podendo configurar, por exemplo, ilícito administrativo. Item falso. (CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário ‐ Área Administrativa) A imputabilidade penal é um dos elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade. Item verdadeiro. Os mnemônicos para lembrar o esqueleto do crime são: Fato típico: CO.RE.NE.TI – CONDUTA, RESULTADO, NEXO CAUSAL E TIPICIDADE Ilicitude: Calça L.E.E.E ‐ LEGÍTIMA DEFESA, ESTADO DE NECESSIDADE, ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO, (além do Consentimento do ofendido: o “C” da calça L.); Culpabilidade: I.P.E – IMPUTABILIDADE, POTENCIAL CONSCIÊNCIA E EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA (basta se lembrar da árvore Ipê). Atenção! Quero que você memorize o esquema acima, pois ele vai ser nosso guia para o estudo da teoria do crime. Você vai perceber que a abordagem que faço da matéria é de conteúdo suficiente para fazê‐lo fazer uma excelente prova. Contudo, preciso muito que você faça sua parte. Passar em concurso é uma maratona, mas as pernas são tuas e não minhas. Se você conhece a estrutura da teoria tripartida do crime (cabeça, tronco e membros), vai ficar muito mais fácil caminhar em terreno firme. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 16 www.pontodosconcursos.com.br Pois então, já memorizou os elementos do crime? Não? Então, retorne e gaste alguns minutos lendo a tabela acima antes de continuar. 10. O PRIMEIRO ELEMENTO DO FATO TÍPICO – A CONDUTA Lembre‐se que o Direito Penal é uma ciência e, por isso, tem seus próprios conceitos. Preciso dizer isso porque é muito importante que você entenda as concepções corretas para os termos que utilizaremos. Como o Direito Penal concebe o termo “conduta”? Conduta para o Direito Penal é a ação ou omissão humana consciente e voluntária voltada para uma finalidade. Temos, então, os seguintes elementos dentro desse conceito apresentado: . CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 17 www.pontodosconcursos.com.br 11. ação ou omissão deve ser humana (praticada por ser humano) Somente o ser humano pratica conduta. Nesse sentido, animais não têm conduta. Animais não “agridem”, mas podem ser utilizados como verdadeiras armas por seus donos. A “conduta” do cachorro de morder alguém só terá relevância para o Direito Penal se por trás desse ataque houver um ser humano que, por exemplo, o provocou ou o esqueceu solto. A conduta foi do homem e não do animal. Repito: somente ser humano pratica conduta! Mas, Valente, se o crime exigeuma conduta de ser humano, como pode uma pessoa jurídica (criada pelo direito, como uma empresa, por exemplo) cometer crimes? Vamos fazer igual ao esquartejador. Vamos por partes! 12. É verdade sim que a pessoa jurídica não pode praticar condutas, mas pode responder criminalmente por um fato. Como isso é possível? Calma, eu explico. Mas para isso vamos nos lembrar das aulas de Direito Constitucional. Como vimos, somente o ser humano pode praticar condutas com relevância para o Direito Penal. Pessoa Jurídica não é ser humano (óbvio), mas responde por crime porque a Constituição Federal assim permite. Não entendeu? Tudo bem, olha só! Lembra‐se do conceito de “Poder Constituinte Originário”? O poder constituinte originário é aquele que tem a prerrogativa de criar uma nova Constituição de um Estado. Quando a Assembleia Nacional Constituinte promulgou a CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 18 www.pontodosconcursos.com.br nossa Constituição de 1988, achou por bem colocar ali duas situações em que pessoas jurídicas poderiam responder criminalmente por um determinado fato. E o constituinte poderia ter feito isso? Poderia sim, uma vez que uma das características do poder que elabora uma nova constituição é a liberdade total para fazê‐lo. Lembre‐se que o poder constituinte é “originário, “incondicionado” e “ilimitado”. Então, hoje, temos a seguinte situação: 13. Pessoa Jurídica pratica crime? Resposta: para a Teoria do Crime, não. Para a nossa Constituição da República de 1988, sim. E o que você vai marcar na prova? Ora, o que está na Constituição Federal, pois é assim que o CESPE, por exemplo, tem cobrado. Como vimos, então, pessoa jurídica pratica crime, uma vez que a Constituição assim permite. Essa permissão ocorre em duas situações: 1ª hipótese: artigo 173, § 5º, CR. “173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.” (...) “§ 5º ‐ A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando‐a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.” CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 19 www.pontodosconcursos.com.br Essa situação ainda não pode ser aplicada porque, apesar de estar previsto na CR que pessoa jurídica pode responder por crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular, ainda não existe uma lei que tenha complementado essa possibilidade na prática. Quero dizer que tem que existir uma lei infraconstitucional (inferior à Constituição) que instrumentalize essa hipótese prevista na Constituição Federal. 2ª hipótese: art. 225, § 3º, CR. “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo‐se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê‐lo e preservá‐ lo para as presentes e futuras gerações.” (...) “§ 3º ‐ As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” Ao contrário da primeira hipótese, o art. 225§ 3º da CR foi regulamentado pela Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/98). No Brasil, portanto, pessoas jurídicas podem responder criminalmente por crimes contra o meio‐ambiente, senão vejamos: “(Art. 3º, Lei 93605/98) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.” “Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.” CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 20 www.pontodosconcursos.com.br 14. Muito importante esse parágrafo único. Para solucionar o que eu falei acima sobre a impossibilidade da pessoa jurídica praticar conduta foi que a Lei Ambiental determinou que as pessoas físicas responsáveis pela pessoa jurídica em questão responderão em coautoria ou participação pelo crime desta última. A Lei sabe que quem praticou, de fato, a conduta criminosa foi uma pessoa física ou um grupo de pessoas físicas em nome da pessoa jurídica, simplesmente porque pessoas jurídicas não praticam condutas, como já dissemos. Explico, foi um funcionário da empresa que determinou que fossem jogados resíduos em um rio, agindo em nome da empresa e em seu benefício. Quem praticou o crime ambiental? O Funcionário em coautoria com a pessoa jurídica. É o que a doutrina denomina de TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO. Por essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime ambiental, com ela responderá uma pessoa física. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, tem‐se adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica. Item verdadeiro. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 21 www.pontodosconcursos.com.br (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime, dependendo da sua responsabilização penal, consoante entendimento do STJ, da existência da intervenção de uma pessoa física que atue em nome e em benefício do ente moral. Item verdadeiro. 15. Essa teoria se justifica porque, muitas vezes, as decisões de uma pessoa jurídica são impessoais, dependendo do tamanho da empresa. É por esse motivo que a lei diz que a responsabilidade da pessoa jurídica vai ocorrer sempre que a infração for cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 16. consciente: não existe conduta e, em consequência crime, para quem está inconsciente. Por exemplo, em estado de sonambulismo, hipnose, coma, sono profundo etc. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 22 www.pontodosconcursos.com.br Eu assisti nos noticiários que um sujeito na Inglaterra hipnotizava uma funcionária de um supermercado para fazer com que ela lhe entregasse todo o dinheiro de seu caixa. Perceba que, se isso for verdade mesmo, ela não possui conduta alguma, mas é um mero instrumento nas mãos do ladrão. Quem pratica a conduta é ele (o ladrão) e não a operadora de caixa. 17. Cuidado só com uma coisa! Caso a pessoa se coloque em uma situação de inconsciência sabendo que pode causar um resultado criminoso, pode responder por esse resultado a título de Dolo ou Culpa. É o exemplo do caminhoneiro que está na estrada sem dormir faz 18 horas. Mesmo sabendo que pode causar um acidente, continua a viagem. Se dormir ao volante, atravessar a pista contrária e matar uma família inteira que vem no sentido contrário em outro carro vai responder criminalmente por essas mortes. É o que a doutrinachama de ACTIO LIBERA IN CAUSA. A teoria da actio libera in causa (a ação é livre na causa) ensina que a conduta do caminhoneiro deve ser analisada na causa inicial, ou seja, antes de dormir e causar o acidente. É como se perguntássemos: o motorista tem dolo ou culpa por ter dormido ao volante? A resposta é sim. Então ele é culpado pelo acidente que decorreu de seu sono. Ele era livre para continuar a viagem ou não, mesmo sabendo que seria perigosa essa conduta. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 23 www.pontodosconcursos.com.br É muito parecido com o que ocorre com aquele sujeito que vai ao bar com os amigos, enche a cara de cachaça, fica completamente embriagado e volta dirigindo para casa. Se ele dormir ao volante, deve responder por um eventual acidente uma vez que a AÇÃO ERA LIVRE NA CAUSA, quer dizer, ele era livre para escolher entre dirigir ou não naquelas situações. É diferente da situação daquela pessoa que, dirigindo o carro, tem repentino e inesperado desmaio. Caso atropele uma pessoa, deverá responder por esse resultado? Agora não, porque em estado de inconsciência não há crime por não haver conduta. Repito: não se pune a conduta de quem está inconsciente, exceto se o sujeito se colocou nessa situação querendo ou sabendo que poderia praticar um crime! 18. voluntária: conduta requer vontade. O que significa “vontade”? Significa que o ânimo que está em minha mente permanece íntegro quando eu o transfiro para meu corpo. Imagine que você deseje beber água para matar a sede. Para tanto, você pega um copo com água e passa a bebê‐la. Veja que sua VONTADE foi a de beber água, mas a sua FINALIDADE foi de matar a sede. São duas coisas completamente diferentes. Já falaremos da finalidade no próximo tópico. Importante que eu fale agora de uma situação que se pode afastar a vontade livre de uma conduta. Como eu afasto a vontade livre de alguém praticar uma conduta? Posso fazer isso através de coação, mais especificamente através da COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL. 19. A coação física irresistível ( vis corporalis ou vis absoluta): a coação física ocorre quando a força física de alguém se sobrepõe à força física de outra pessoa. Veja o exemplo: Dagmar diz para seu esposo Alceu que vai para a casa de uma amiga estudar. Por volta das 23 horas, Alceu recebe uma ligação de um conhecido: ‐ Alceu, cadê você? ‐ Uai, to aqui assistindo ao jogo do Vasco! CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 24 www.pontodosconcursos.com.br ‐Cara, cadê tua mulher, a Dagmar? ‐Uai, tá na casa de uma amiga estudando! Por que quer saber? ‐Deixa de ser trouxa, Alceu! A Dagmar tá aqui no Forró no maior assanhamento com um sujeito! Alceu inconformado com a possível traição de Dagmar vai até o forró dirigindo sua caminhonete. Ao chegar ao local, o segurança não deixa Alceu entrar prevendo uma confusão no recinto. Então, Alceu invade o bar utilizando sua caminhonete. Um sujeito que não tinha nada a ver com a estória, é atingido pelo impacto do veículo e acaba por acertar um golpe no rosto de uma moça, uma vez que ele segurava um copo de cerveja em uma das mãos. A moça fica gravemente ferida pela “copada” dada por esse rapaz. Pergunto: de quem é a conduta? Do Alceu (coator) ou do rapaz (coagido)? Claro que do Alceu. O rapaz estava sob coação física irresistível. Sobre ele foi exercida uma força física superior as suas próprias forças. Quem deve responder pela lesão corporal causada? O Alceu, por ter praticado a conduta criminosa e não o rapaz que estava sob coação física irresistível. Guarde uma coisa: TODA CONDUTA TEM VONTADE. NÃO EXISTE CONDUTA SEM VONTADE! Não existindo vontade por coação física, não há “fato típico”, por falta de um de seus elementos. Por fim, deve esclarecer que existe outro tipo de coação, a “coação moral”, que será estudada mais a frente em momento próprio. Portanto, não se preocupe agora. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 25 www.pontodosconcursos.com.br (CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime. Item correto. CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator. Item errado. 20. com finalidade: conduta requer vontade, consciência e finalidade. Atos sem estes elementos não podem ser considerados condutas penalmente relevantes. Toda a ação humana é eivada da capacidade de ação final, ou seja, toda ação tem uma FINALIDADE. Isso quer dizer que toda conduta está direcionada para um determinado fim. Lembre‐ se que quando você bebe água, você tem a finalidade de matar a sede. Isso ocorre porque você tem sede, ou tem a ideia, de que a sensação de sede é uma forma de o corpo te avisar que você precisa de hidratação. Como você sabe que o melhor líquido para esse fim é a água, a ingere em quantidade suficiente para saciá‐la. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 26 www.pontodosconcursos.com.br Quero dizer com isso que você sabe qual o processo para atingir a sua finalidade, a sua vontade final. Então, um dado muito importante sobre a finalidade humana é que a possibilidade de realizar uma ação determinada requer o conhecimento (ou a possibilidade de conhecimento) da realização fática, o que Zaffaroni denominou de “antecipação biocibernética”. Exemplificando, a conduta de efetuar o disparo de arma de fogo em direção a uma determinada pessoa está contaminada pela antecipação mental das consequências deste ato (ferimento por munição de arma de fogo). Está contida na conduta, também, a previsibilidade do resultado morte da vítima. Ocorre que, caso a mãe da vítima venha a morrer ao ter notícia da trágica morte de seu filho, não podemos atribuir essa morte ao agente, uma vez que extrapolou o limite do curso causal hipotético (relação de causas e consequências). Puxa, compliquei um pouco agora? Deixa‐me tentar ser mais claro. Vamos supor que Dicró queira matar Bezerra. Dicró, sabe que as pessoas respiram para viver, e que se houver impedimento das vias áreas de uma pessoa isso levará à morte. Então, Dicró aperta o pescoço da vítima até que esta não consiga respirar. Pois bem, a finalidade de Dicró por ser a de matar, dirige a sua vontade livre para essa finalidade, conhecendo o processo de causa e efeito de sua conduta (esganar e matar). É por isso que a teoria adotada pelo código pena é a TEORIA FINALISTA DA AÇÃO, pois se entende que toda a conduta tem vontade livre e dirigida a uma finalidade. Como último exemplo, podemos citar a situação do sujeito que sai de seu trabalho apressado para assistir ao jogo de futebol. Para tanto, dirige a sua vontade livre para essa finalidade: chegar a casa mais cedo para assistir ao jogo. Ocorre que nesse processo ele acaba acelerando o carro muito acima daquela de segurança da via e acaba por atropelar e matar alguém culposamente (por imprudência). Veja que a conduta dele teve vontade livre e finalidade. Esse último exemplo serve para confirmar que em toda a conduta, seja ela dolosa ou culposa, por ação ou omissão, possui todos os elementos acima estudados: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 27 www.pontodosconcursos.com.br Formas de conduta – ação e omissão. 21. Conduta Comissiva (por ação). A conduta podeser exteriorizada por um ato positivo (um fazer). Por exemplo, desferir facadas, falsificar um cheque, tomar um remédio abortivo, subtrair um objeto etc. A essas condutas realizadas por um fazer, dá‐se o nome de condutas comissivas. É, inclusive, a forma com que a grande maioria dos crimes são praticados. A lei, em geral, descreve condutas que nos levam à ideia de ação, um fazer, um ato comissivo. Que ideia te dá a frase “matar alguém”, descrita no artigo 121 do Código Penal? Ao ler essa frase você pensa em uma conduta por ação ou por omissão (não fazer)? Claro que por fazer, por comissão. Então, em regra, mata‐se alguém através de um ato positivo, um fazer (desferir facadas, tiros, ministrar veneno, por exemplo). 22. Conduta Omissiva (por omissão) As infrações penais também podem ser praticadas por um “não fazer”. Mas o que seria exatamente a omissão? A pergunta é pertinente porque enquanto a ação é algo fisicamente ligado ao resultado, a omissão não se realiza da mesma forma. Digo, a ação é a colocação de força em apontada direção, mas a omissão, em princípio é um nada. Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 28 www.pontodosconcursos.com.br A análise da omissão relevante somente pode existir no campo do direito, porque na realidade “o nada, nada causa”. Nesse sentido, a doutrina tem ensinado que a omissão seria uma “omissão de algo esperado (ou determinado) pelo direito”. Espera‐se, por exemplo, que uma mãe amamente seu filho recém nascido. Caso não o faça, poderá responder pelo resultado morte da criança. A mãe, deste modo, teria frustrado uma determinação ou expectativa que lhe é imposta pelo ordenamento. Trata‐se da “teoria da ação esperada”. Essa é a posição majoritária. 23. Autores como Zaffaroni e Pierangeli afastam‐se da teoria da ação esperada por considerarem que o direito não espera ações, e sim as proíbe ou as ordena. Defendem estes magníficos professores que a conduta é sempre por ação, mas o tipo pode descrever uma ação ou uma omissão (deixar de fazer). De tal modo, quem se nega a prestar socorro à criança abandonada (art. 136, CPB), não está deixando de fazer algo, mas ao ir embora, efetivamente realiza uma ação (a de ir embora). Ao fazê‐lo, deixa de respeitar a norma que determina o socorro a tal pessoa. Essa é a posição conhecida na doutrina com o nome de teoria do aliud agere ou aliud facere, que significa agir de outro modo, ou agir de modo diverso.1 Independentemente da posição que se adote, o fato é que não existe relação física entre a omissão e o resultado. Ao deixar de prestar socorro à pessoa em perigo, o omitente não “causa” sua morte, apenas não a impede, quando deveria fazê‐lo. Claro que existem situações em que o perigo é causado anteriormente pelo próprio omitente, como no exemplo do atropelador que deixa de prestar socorro. De qualquer forma, o que pode “causar” a morte é a ação de atropelar e não a consequente omissão de socorro. Em resumo, a omissão só é “causa” do resultado por força das normas jurídicas e não por força das leis da física. 24. Mais adiante trataremos de nexo de causalidade nos crimes omissivos, mas adianto que nos crimes omissivos a relação entre a conduta de se omitir e eventual resultado é apenas normativa, ou seja, é hipoteticamente criada pela norma. Não existe, portanto, nexo causal físico entre omissão e resultado, mas apenas 1 Eugenio Raúl Zaffaroni, José Henrique Pierangeli. Manual de Direito Penal Brasileiro – 5. ed. Editora RT, pg. 510. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 29 www.pontodosconcursos.com.br determinada relação criada pelo direito. Atribui‐se significância ao “não fazer” por força da norma jurídica, pois no mundo “real” essa relação não existe. De qualquer forma, vamos voltar a esse assunto em aula específica. A omissão é tratada no direito penal da seguinte forma: a. Omissão Própria (pura) – a omissão própria gera os “crimes omissivos próprios”; b. omissão imprópria (impura ou comissiva por omissão) – a omissão imprópria gera “ os crimes omissivos impróprios, também chamados de crime comissivos por omissão. Não gaste seus neurônios para memorizar isso. Pense assim: 25. Nos crimes omissivos próprios ou puros( omissão própria), a PRÓPRIA lei já descreve um não fazer (uma omissão). Como eu disse antes, a maioria dos tipos penais descreve uma conduta que dá a ideia de ação (homicídio, furto, falsificação etc.). Ocorre que alguns tipos penais nos trazem a ideia de uma conduta omissiva. Quero dizer, existem alguns crimes que a omissão está descrita na própria lei. Quer ver um exemplo? “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê‐lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.” (Art. 135 do CPB, Omissão de Socorro). Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 30 www.pontodosconcursos.com.br A expressão “deixar de” do crime de omissão de socorro no traz ideia de fazer ou não fazer? Não fazer. Então, como o crime de omissão de socorro já nos dá a ideia de “não fazer”, dissemos que esse crime é OMISSIVO PRÓPRIO (ou puro). Resumindo: NOS CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS, A PRÓPRIA LEI DESCREVE UMA OMISSÃO. 26. Mais adiante trataremos do crime tentado, mas existe uma informação que merece ser apresentada neste momento. A tentativa nos crimes omissivos próprios não será possível. Nos crimes omissivos impróprios dolosos, ao contrário, ela é plenamente viável, como estudaremos oportunamente. O problema, neste ponto, é conciliar o conceito de tentativa descrito no art. 14 do CP (“considera‐se tentado o crime quando iniciada sua execução não se atinge o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade”) como um não fazer. Isso se deve ao fato de que a norma descreve “início de execução”, o que denota um ato positivo, um fazer. A doutrina, de qualquer sorte, admite a tentativa na omissão imprópria, fundado na perda da última ou da primeira oportunidade de realizar a ação mandada, criando ou ampliando, com isso, o perigo para o bem protegido. Em suma, é possível a tentativa nos crimes omissivos impróprios (ex.: Salva‐vidas que, ao socorrer afogado, percebe ser ele um velho inimigo, deixando‐o à própria sorte. Caso a vítima não morra, haverá tentativa de homicídio por omissão imprópria por parte do salva‐vidas). 27. Observe, por fim, que nos tipos omissivos próprios, como a omissão de socorro, a lei não proíbe uma determinada conduta. Na verdade, ela exige que o sujeito pratique aquela conduta. Explico: o art. 121 (homicídio) descreve uma conduta proibida. A norma, então, é dita “proibitiva”. O art. 135 ( omissão de socorro), ao contrário, exige CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 31 www.pontodosconcursos.com.br que o agente preste socorro. A lei não proíbe, ela manda. Essa norma é dita “mandamental”. Não se exige o resultado, basta a mera inatividade. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime omissivo próprio, a consumação se verifica com a produção do resultado. Item correto. Resumindo: na normaproibitiva, o sujeito faz o que a norma proíbe; na norma mandamental, o sujeito não faz o que ela manda que ele faça. Veja mais dois exemplos de crimes omissivos próprios: “ Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo.” Abandono material, art. 244 do CPB. “Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória”. Omissão de notificação de doença, art. 269 do CPB. 25. Omissão Impura (imprópria ou crime comissivo por omissão) é quando a lei descreve um fazer, mas o sujeito atinge o resultado por um não fazer. Exemplo: mãe, com vontade de dar fim ao seu filho neonato, deixa de alimentá‐lo, levando‐o à morte. Matou (“matar” traz a idéia de ação) por um não fazer (não dar alimentos). Perceba que o tipo de homicídio traz‐nos à mente uma idéia de fazer. Pensamos no verbo “matar” como algo que se faz por ação (desferir tiros, facadas, pauladas etc.). Ocorre que a lei admite que o verbo “matar” seja atingido por um “não fazer”, como no exemplo dado. Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 32 www.pontodosconcursos.com.br (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes comissivos por omissão — também chamados de crimes omissivos impróprios — são aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação. Item correto. Pense na seguinte proposição: É possível o sujeito responder pelo crime de estupro por um “não fazer”, aplicando‐se o mesmo raciocínio utilizado no exemplo anterior? Agora a situação fica mais estranha, não é? Preste atenção no seguinte exemplo: Uma professora de educação primária percebe que sua aluna Ana, com doze anos de idade, está triste e cabisbaixa, atitude incomum para ela. A professora passa a conversar com a criança, quando ouve desta uma revelação terrível. Seu padrasto, Jorge, de 35 anos de idade, pediu que Ana praticasse sexo oral nele, no que foi atendido. Ana morava em um pequeno barraco em uma favela de Brasília, juntamente com seu irmão ainda bebê, além de sua mãe Socorro. Durante as investigações, constatou‐se que Jorge praticara tal ato diversas vezes com Ana, sendo que Socorro, mesmo consciente do que ocorria, nada fazia para evitar a violência sexual. Também se verificou que Jorge contava tudo a um amigo e vizinho seu de nome Carlos. Este, da mesma forma, nada fez em socorro à criança. Qual a situação jurídica de Jorge, Ana e Carlos? Jorge, sem dúvida, responderá pelo tipo hoje descrito como “estupro de vulneráveis" (art. 217‐A do CPB), provavelmente em continuidade delitiva. Como eu expliquei, Socorro, mesmo sabendo dos atos praticados por seu companheiro, nada fez para evitar o resultado. Então, deverá ela responder como partícipe dos estupros de Jorge. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 33 www.pontodosconcursos.com.br Mas por quê? Porque Socorro tinha em relação à Ana, por ser sua mãe, um dever especial de proteção ou de garantia. Socorro, mais do que qualquer outra pessoa, tinha o dever de evitar que sua filha sofresse tal violência. Tem ela, portanto, o dever legal de agir. Perceba que o tipo de estupro nos traz a ideia de “fazer” (comissivo), mas Socorro responde não por ter praticado a violência, mas por não tê‐la evitado quando devia e poderia fazê‐lo (omissão imprópria). Por isso que a doutrina denomina essa espécie de crime de “comissivo por omissão”. Só quem pode cometer o crime é quem tem o dever legal de agir, chamado garante ou garantidor da não ocorrência do resultado (art. 13, parágrafo 2º, CPB). Por fim, Carlos, apesar de tomar consciência da violência, não tinha nenhuma relação de especial dever de proteção em relação à Ana, motivo pelo qual deverá responder pela mera omissão (omissão de socorro, art. 135 do CPB). 26. Dever legal (garantes) Os crimes omissivos impróprios exigem do sujeito ativo certa qualidade, qual seja, uma especial relação de proteção com o bem juridicamente tutelado. Deve ele estar enquadrado em uma das hipóteses de omissão penalmente relevante descritas no CPB (art. 13, § 2º), quais sejam: a) quem tem o dever de cuidado, proteção e vigilância ex.: pais, médico, policiais, filhos em relação aos pais idosos, tutor etc. Imagine o exemplo de um delegado de polícia que tem conhecimento de que um preso recolhido na delegacia está para ser estuprado por outros internos, nada faz para evitar essa conduta. Como o delegado é garante ( ou seja, tem por lei o dever de cuidado proteção e vigilância ) do preso, caso não haja com possibilidade de ter agido para evitar o resultado, responde por estupro por omissão. Lembre‐se do exemplo do estupro acima. A mãe era GARANTE da filha. Por esse motivo, caso não haja em condição de fazê‐lo, deverá responder pelo resultado. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 34 www.pontodosconcursos.com.br b) quem com sua conduta anterior causou o perigo. Chamado de ingerência. (Delegado de Polícia/NCE‐UFRJ/PCDF/2005) No direito penal entende‐se como ingerência : a) o comportamento anterior que cria o risco da ocorrência do resultado, gerando o dever de agir, que torna a omissão penalmente relevante; b) a participação de menor importância, que importa em causa de diminuição de pena; c) o arrependimento que, nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa, motiva o agente a reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa; d) a utilização de agente sem culpabilidade para a realização de um crime, importando em autoria mediata; e) a obediência por subalterno à ordem não manifestamente ilegal emanada de superior hierárquico. Item: A Ex.: Alpinista que leva um grupo para explorar uma montanha sem os devidos preparos e equipamentos de segurança. Ocorreu um fato em Brasília que se enquadra nessa hipótese: Um grupo de escoteiros foi fazer uma atividade em um parque de Brasília. Nessa ocasião, o chefe dos escoteiros determinou que os garotos, todos menores, fizessem uma competição no lago. Ocorre que um dos escoteiros não sabia nadar muito bem, tendo comentado tal fato ao chefe deles. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 35 www.pontodosconcursos.com.br O tal chefe determinou que ele pulasse no lago mesmo assim, pois era a forma que aprenderia a nadar. O garoto acabou se afogando, sem ser salvo pelo chefe dos escoteiros. Perceba que ao determinar que o garoto pulasse no lago, o sujeito criou um risco para a vítima. Ao fazer isso, tornou‐se seu garante. c) de qualquer forma, se comprometeu a evitar o resultado Imagine que você seja aprovado no concurso dos seus sonhos. Já no primeiro mês usa a grana para dar uma viajada e espairecer. Então, compra um pacote pra passar o fim de semana em Caldas Novas. Durante o banho do sol (parece coisa de presidiário, né?), é interrompida por um moleque correndo de um lado para o outro, gritando, fazendo bagunça ecomendo “cheetos bolinha”. Que beleza! Quem é esse moleque? Ele mesmo. O Alceu Júnior, filho da Dagmar com o Alceu (supostamente). Alceu tinha saído para jogar bola com os amigos e Dagmar foi ao clube com o Alceuzinho. Mas como Dagmar, você sabe, era muito danadinha, começou a dar mole para o salva‐vidas do clube. Dagmar pede, então, que você fique de olho no moleque por dez minutinhos para que ela vá comprar um refrigerante pra ele (Goianinho Cola, hehe). Na verdade ela foi paquerar o tal salva‐vidas. Você aceitou? Parabéns! Agora você é garante do Alceuzinho, porque você se comprometeu a evitar qualquer dano ao diabinho. Sacou? Se ele cair na piscina, meu amigo, minha amiga, trate de pular para salvá‐lo. Caso contrário, você poderá responder por homicídio por omissão. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 36 www.pontodosconcursos.com.br PEGANDO O FIO DA MEADA! 1. Dividimos o Crime em três partes: fato típico, ilicitude e culpabilidade; 1. Estamos estudando o FATO TÍPICO; 2. Dentro do Fato Típico estudamos a CONDUTA e dois de seus elementos (ação e omissão); 3. A omissão pode ser própria (crime omissivo próprio), quando a própria lei descreve um não fazer; 4. A omissão pode ser imprópria (crime comissivo por omissão), quando a lei descreve um fazer, mas o agente atinge o resultado por uma “não ‐ fazer”; 5. Somente os garantes respondem por omissão imprópria; 6. os garantes são: a. quem tem, por lei, obrigação de cuidado proteção e vigilância; b. quem criou o risco do resultado; c. quem se comprometeu a evitar o resultado. Para terminar a primeira aula, me deixa falar só de mais uma coisa que é muito importante, até porque consta do edital. Tratam‐se dos sujeitos do crime. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 37 www.pontodosconcursos.com.br Todo crime possui sujeitos ativos e passivos. Sujeitos do Crime 27. Sujeito Ativo O sujeito ativo do crime é tanto aquele que pratica a conduta descrita no verbo do tipo penal (matar, subtrair, falsificar), como aquele que, mesmo não praticando o verbo o auxilia, instiga ou induz. ( CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) Sujeito ativo do crime é aquele que realiza total ou parcialmente a conduta descrita na norma penal incriminadora, tendo de realizar materialmente o ato correspondente ao tipo para ser considerado autor ou partícipe. 28. Sujeito Passivo Direto, constante ou material Sujeito passivo eventual ou material é aquele que tem seu bem jurídico prejudicado. Bem jurídico é a vida, a liberdade, o patrimônio, etc. O sujeito passivo pode ser o homem, como no Homicídio, art. 121; a pessoa jurídica como na Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro, art. 171, § 2º, V; o Estado (crimes contra a Administração Pública) e uma coletividade destituída de personalidade jurídica, como no Vilipêndio a cadáver, art. 212, estes últimos são chamados crimes vagos. “Entidade sem personalidade jurídica” é, por exemplo, a família, a coletividade, a sociedade, etc. Nem sempre o sujeito passivo é a vítima. Se eu empresto meu celular para um amigo, o qual é vítima de furto, continuo sendo o sujeito passivo. Isso porque foi meu bem jurídico (patrimônio) que foi atacado. Bem jurídico é tudo que tem relevância para o direito, como a vida, patrimônio, honra, etc. 29. Sujeito passivo constante ou formal: é o Estado. Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 38 www.pontodosconcursos.com.br Sempre que alguém comete um crime, acaba por desrespeitar uma lei criada pelo Estado. Por esse motivo, diz‐se que o Estado sempre é vítima indiretamente. Pode ocorrer de o Estado ser sujeito passivo direito. Lembra‐se do furto que ocorreu no Banco Central de Fortaleza? Quem era o sujeito passivo? O Estado (pessoa jurídica). 30. Não pode ser sujeito passivo de crime: O cadáver. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) De acordo com o ordenamento penal vigente, o homem morto pode ser sujeito passivo de crime. Item errado. No delito de vilipêndio à cadáver, art. 212 CP, o sujeito passivo é a coletividade; e no crime de calúnia contra os mortos ,art. 138, § 2º, do CP, sua família. São os crimes vagos de que falei acima. 31. Observações: a. Civilmente incapaz – pode ser sujeito passivo de crime; b. Recém‐Nascido ‐ pode ser sujeito passivo de crime (art. 123, infanticídio); Feto – também pode ser, como no aborto. c. Animais‐ não podem ser sujeitos passivos de crime. Os crimes contra a fauna (Lei 9.605.98) são crime contra a humanidade. 33. PERGUNTA IMPORTANTE: Pode uma pessoa ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de crime? R. Regra geral, não. Exceção é o crime de Rixa (art. 137 CP). Nesse crime há uma briga generalizada onde todo mundo bate em todo mundo. ( MPE‐MG ‐ 2010 ‐ MPE‐MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de um delito em face de sua própria conduta. Item correto. Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce Ricardo Delesderrier Realce CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 39 www.pontodosconcursos.com.br Animais não podem ser sujeito passivo. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 40 www.pontodosconcursos.com.br QUESTÕES 1. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) São elementos do fato típico: conduta, resultado, nexo de causalidade, tipicidade e culpabilidade, de forma que, ausente qualquer dos elementos, a conduta será atípica para o direito penal, mas poderá ser valorada pelos outros ramos do direito, podendo configurar, por exemplo, ilícito administrativo. 2. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes comissivos por omissão — também chamados de crimes omissivos impróprios — são aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação. 3. (CEPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, tem‐se adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica. 4. (CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008) Com relação a elementos e espécies da infração penal, julgue os itens subseqüentes. Se o sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o resultado, mas assume o risco de produzi‐lo, o crime será culposo, na modalidade culpa consciente. 5. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Relativamente ao sujeito ativo e ao sujeito passivo do crime, à tentativa e ao crime consumado, julgue os itens: De acordo com o ordenamento penal vigente, o homem morto pode ser sujeito passivo de crime. 6. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime, dependendo da sua responsabilização penal, consoante entendimento do STJ, da existência da intervenção de uma pessoa física que atue em nome e em benefício do ente moral. 7. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime omissivoCURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 41 www.pontodosconcursos.com.br próprio, a consumação se verifica com a produção do resultado. 8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE‐ES_2009) São elementos do fato típico culposo: conduta humana voluntária (ação/omissão), inobservância do cuidado objetivo (imprudência/negligência/imperícia), previsibilidade objetiva, ausência de previsão, resultado involuntário, nexo de causalidade e tipicidade. 9. (Delegado de Polícia/NCE‐ UFRJ/PCDF/2005) No direito penal entende‐se como ingerência : a) o comportamento anterior que cria o risco da ocorrência do resultado, gerando o dever de agir, que torna a omissão penalmente relevante; b) a participação de menor importância, que importa em causa de diminuição de pena; c) o arrependimento que, nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa, motiva o agente a reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa; d) a utilização de agente sem culpabilidade para a realização de um crime, importando em autoria mediata; e) a obediência por subalterno à ordem não manifestamente ilegal emanada de superior hierárquico. 11. ( CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) Sujeito ativo do crime é aquele que realiza total ou parcialmente a conduta descrita na norma penal incriminadora, tendo de realizar materialmente o ato correspondente ao tipo para ser considerado autor ou partícipe. 12. (CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator. 13. ( MPE‐MG ‐ 2010 ‐ MPE‐MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de um delito em face de sua própria conduta. 14. (CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário) A imputabilidade penal é um CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 42 www.pontodosconcursos.com.br dos elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade. 15.( CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário ‐ Área Administrativa) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime COMENTÁRIOS 1. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) São elementos do fato típico: conduta, resultado, nexo de causalidade, tipicidade e culpabilidade, de forma que, ausente qualquer dos elementos, a conduta será atípica para o direito penal, mas poderá ser valorada pelos outros ramos do direito, podendo configurar, por exemplo, ilícito administrativo. Comentário: Os elementos do fato típico são: CO.RE.NE.TI. CONDUTA, RESULTADO, NEXO CAUSAL e TIPICIDADE. GABARITO: ERRADO. 2. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Os crimes comissivos por omissão — também chamados de crimes omissivos impróprios — são aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação. Comentário: Perfeito! O exemplo clássico seria o da mãe que mata o próprio filho recém nascido por negar‐lhe o peito. Lembre‐se que só responde por esse crime quem estiver na posição de “garante”. GABARITO: CORRETO 3. (CESPE/ESCRIVÃO E AGENTE DPF 2009) Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, tem‐se adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 43 www.pontodosconcursos.com.br Comentário: Para essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime ambiental, com ela responderá uma pessoa física. GABARITO: CORRETO 4. (CESPE_Analista Judiciário _Execução de Mandados_TJDFT_2008) Com relação a elementos e espécies da infração penal, julgue os itens subseqüentes. Se o sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o resultado, mas assume o risco de produzi‐lo, o crime será culposo, na modalidade culpa consciente. Comentário: Se o sujeito não quer o resultado, mas assume o risco de produzi‐lo, estamos falando de um crime doloso (dolo eventual). Culpa consciente é a aquela em que o sujeito causa o resultado por imprudência, negligência ou imperícia, tendo previsto o resultado mais gravoso. GABARITO: ERRADO 5. CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) Relativamente ao sujeito ativo e ao sujeito passivo do crime, à tentativa e ao crime consumado, julgue os itens: De acordo com o ordenamento penal vigente, o homem morto pode ser sujeito passivo de crime. Comentário: Só quem pode ser sujeito passivo de crime é a pessoa viva ou o feto vivo. No delito de vilipêndio à cadáver, por exemplo, art. 212 CP, o sujeito passivo é a coletividade ou a família do morto. “Vilipendiar cadáver ou suas cinzas” (art. 212 do Código Penal). Exemplo: escarrar sobre o cadáver. GABARITO: ERRADO 6. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime, dependendo da sua responsabilização penal, consoante entendimento do STJ, da existência da intervenção de uma pessoa física que atue em nome e em benefício do ente moral. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 44 www.pontodosconcursos.com.br Comentário: Para essa teoria, sempre que uma pessoa jurídica responder por um crime ambiental, com ela responderá uma pessoa física. GABARITO: CERTO 7. (CESPE_Procurador do MP_TC_GO_2007) No crime omissivo próprio, a consumação se verifica com a produção do resultado. Comentário: Nos crimes omissivos próprio, aqueles em que a própria lei descreve um “não‐fazer”, a consumação se verifica no momento da conduta omissiva. Exemplo: O sujeito vê uma pessoa acidentada e, podendo, não a ajuda. O crime está consumado, independentemente de a vítima vir a falecer ou não. GABARITO: ERRADO 8. (CESPE_PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS – TCE‐ES_2009) São elementos do fato típico culposo: conduta humana voluntária (ação/omissão), inobservância do cuidado objetivo (imprudência/negligência/imperícia), previsibilidade objetiva, ausência de previsão, resultado involuntário, nexo de causalidade e tipicidade. Comentário: A previsibilidade ou evitabilidade do resultado: todo crime culposo tem previsibilidade (a capacidade ou possibilidade de previsão). Se não há previsibilidade de ocorrer um crime não haverá culpa. Cumpre‐nos observar a definição de Carrara de que a culpa é a voluntária omissão de diligência em calcular as conseqüências possíveis e PREVISÍVEIS do próprio fato. CORRETO 9. (Delegado de Polícia/NCE‐UFRJ/PCDF/2005) No direito penal entende‐se como ingerência : CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 45 www.pontodosconcursos.com.br a) o comportamento anterior que cria o risco da ocorrência do resultado, gerando o dever de agir, que torna a omissão penalmente relevante; b) a participação de menor importância, que importa em causa de diminuição de pena; c) o arrependimento que, nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa, motiva o agente a reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa; d) a utilização de agente sem culpabilidade para a realização de um crime, importando em autoria mediata; e) a obediência por subalterno à ordem não manifestamente ilegal emanada de superior hierárquico. Comentário: Crimesomissivos impróprios, também chamados comissivos por omissão, ocorrem quando o tipo descreve uma ação e o resultado é atingido por uma inação, por exemplo, a mãe que mata o filho neonato por não fornecer‐lhe o peito. Para ser responsabilizado pelo resultado, o agente deve estar em uma das situações previstas no art. 13, § 2º do CPB, ocasião em que será garante da não ocorrência do resultado. Uma dessas situações previstas no citado artigo é justamente o que a doutrina convencionou chamar de “ingerência”, ou seja, quando o dever de agir incumbe a quem com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. GABARITO: A 11. ( CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) Sujeito ativo do crime é aquele que realiza total ou parcialmente a conduta descrita na norma penal incriminadora, tendo de realizar materialmente o ato correspondente ao tipo para ser considerado autor ou partícipe. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 46 www.pontodosconcursos.com.br Comentário: O sujeito ativo pode cometer o crime como autor, coautor ou partícipe, conforme veremos em aula específica. Mas, não é necessário que o sujeito ativo pratique o verbo do tipo penal. Lembra‐se do crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão? Pois então. GABARITO: ERRADO 12. (CESPE – Agente de Polícia Federal 2004) A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator. Comentário: A COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL, conforme estudamos, afasta a própria conduta, pois é elemento desta. A COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL, por sua vez, afasta a EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA, elemento do Culpabilidade. Estudaremos esta última em aula posterior deste curso. GABARITO: ERRADO 13. ( MPE‐MG ‐ 2010 ‐ MPE‐MG – PROMOTOR DE JUSTIÇA ) A pessoa pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de um delito em face de sua própria conduta. Comentário: Excepcionalmente, a pessoa pode ser sujeito ativo e passivo do crime, como ocorre no crime de Rixa (Participar de rixa, salvo para separar os contendores. Art. 137 do CPB). Neste caso, os participantes agridem‐se mutuamente, sendo todos, ao mesmo tempo, agressores e agredidos. GABARITO: CERTO 14. (CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário) A imputabilidade penal é um dos elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA POLÍCIA FEDERAL E POLÍCIA CIVIL/DF PROFESSOR: LÚCIO VALENTE 47 www.pontodosconcursos.com.br Comentário: Com uma rápida análise na estrutura do crime ( veja o esqueleto do crime) percebe‐se que a imputabilidade é elemento da culpabilidade. Estudaremos profundamente a imputabilidade em aula específica. GABARITO: CERTO 15.( CESPE ‐ 2010 ‐ TRE‐BA ‐ Analista Judiciário ‐ Área Administrativa) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime. Comentário: A coação física irresistível afasta a voluntariedade da conduta. Conduta só existe se possuir vontade. Como a conduta é elemento do fato típico (tipicidade em sentido amplo), está ficará afastada sem esse elemento. CORRETO
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