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Pensamento e palavra 4. 4

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Pensamento e palavra cap.7
O nosso estudo começa em descobrir a relação entre o pensamento e a fala nos estágios do desenvolvimento filogenético e ontogenético.Não encontramos nenhuma interdependência entre as raízes genéticas do pensamento e da palavra.Ficou evidente que a relação intrínseca que procuramos não era uma condição histórica da consciência humana.
Nos animais , a fala é foneticamente semelhante á fala humana e o intelecto assemelha ao do homem , a fala e o pensamento não são inter- relacionados,também existem no desenvolvimento da criança,um período pré- lingüístico do pensamento e um período pré-intelectual da fala.(pag.149)
Seria errado considerar o pensamento e a fala como processos independentes,paralelos,e influenciam mecanicamente um ao outro,ao pressuposto de que o pensamento e a palavra são elementos isolados e independentes e o pensamento verbal resulta da união externa entre entre eles.O método de análise baseado estava destinado a fracassar,esse método não constitui uma análise verdadeira para a solução do problema concretos,leva á generalização .Comparamos a análise da água em hidrogênio e oxigênio,pode resultar em descobertas aplicáveis a água existente na natureza,uma gota de água da chuva ao oceano Pacifico.O pensamento verbal se compõe de processos intelectuais e funções da fala,aplica-se a todo o pensamento verbal e a suas manifestações,não explicando problemas específicos com que se depara o estudioso do pensamento,uma nova abordagem da questão,substituindo a análise em elementos pela análise em unidades.,de forma simples.O significado de uma palavra representa um amálgama estreito do pensamento e da linguagem ,fica difícil dizer se trata de um fenômeno da fala ou do pensamento e uma palavra sem significado é um som vazio,o significado é um critério da “ palavra.(pag. 150)
 Então o significado poderia ser visto como um fenômeno da fala ,mas no ponto de vista da psicologia,cada palavra é uma generalização ou um conceito,as generalizações são atos do pensamento e que o significado pertença a duas esferas da vida psíquica.O significado das palavras é um fenômeno de pensamento em que o pensamento ganha corpo por meio da fala em que esta ligada ,sendo iluminada por ele.É um do fenômeno verbal ou da fala significativa a união da palavra e do pensamento.Só provaram que o estudo concreto do desenvolvimento do pensamento verbal é possível usando significado das palavras como unidade analítica .
 Do ponto de vista das antigas escolas de psicologia ,a palavra e o significado é associativo,pela retirada percepção simultânea de um determinado som de um objeto.Em nossa mente,uma palavra evoca o seu conteúdo de modo que o casaco de um amigo nos faz lembrar desse amigo,uma casa ,de seus habitantes.A associação entre palavras e o significado,enriquecer-se pela ligação com outros objetos,expandir-se por um campo mas vasto ou limitada por passar por alterações quantitativas e externas,não pode alterar a sua natureza psicológica,teria que deixar de ser uma associação.(pag .151) 
Uma vez comprometida com a teoria da associação,a semântica trata o significado das palavras como uma associação entre o som da palavra e conteúdo.
 Uma palavra fazia -nos pensar em seu significado ,que qualquer objeto nus faz lembrar do outro,o desenvolvimento foi reduzido ás mudanças nas conexões associativas entre palavras e objetos ,a principio,denotar um objeto,associar –se a outro,mesmo que o casaco tenha mudado de dono.Na evolução histórica da linguagem,a estrutura do significado e a sua natureza psicológica também mudam,o pensamento verbal eleva-se ao nível dos conceitos mais abstratos.A teoria da associação é inadequada para explicar o desenvolvimento do significado das palavras na infância,ela só consegue explicar as mudanças externas e quantitativas dos elos,o seu enriquecimento e fortalecimento,não explicam mudanças estruturais e psicológicas que podem ocorrer como de fato ocorrem no desenvolvimento da criança.
 O associacionismo,foi abandonado por algum tempo,não apareceu afetar a interpretação da palavra e do significado.(pag.152).
 A escola de Würzburg,objetivo era provar a impossibilidade de reduzir o pensamento,de associações e demonstrar a existência de leis que regem o fluxo do pensamento e nem mesmo reconheceu a necessidade de tal revisão.O que fez foi libertar o pensamento dos grilhões da sensações das leis as associação,transformando no ato espiritual,regrediu para os conceitos pré-científicos de Santo Agostinho e Descartes chegando ao idealismo subjetivo.
A palavra era vista como o concomitante externo ao pensamento,sem qualquer influência sobre a vida interior,o pensamento e a fala nunca tiveram tão separados durante o período Wurzburg,a eliminação da teoria associacionista do pensamento aumentou a influência no campo da fala.Selz continuou a investigar o pensamento sem levar a relação com a fala e a conclusão que o pensamento produtivo do homem e a dos chimpanzés eram de natureza idêntica,ignorava a influência das palavras sobre o pensamento.Ach fez um estudo a cerca do significado das palavras,tentou superar o associacionismo na sua teoria dos conceitos e pressupor a presença de “tendências determinantes,em conjunto com as associações atuam na formação dos conceitos. (pag. 153)
 Ao identificar o conceito com o significado,não levou em consideração o desenvolvimento e as transformações,estava determinado o seu desenvolvimento,os mesmo princípios eram ensinados pelos psicólogos que Ach atacava.Na psicologia da Gestalt,não era diferente ,era mas coerente do que as outras em sua tentativa de superar o principio do associacionismo ,tentou liberar pensamento e a fala do domínio da associação e submetê-los ás leis da formação das estruturas.Nem mesmo uma das mais progressistas escolas modernas fez progressos na teoria da fala e do pensamento.A luz do gestaltismo entre o pensamento e a palavra surge como uma analogia. A formação das primeiras palavras ,por parte da criança é comparados com as operações intelectuais dos chimpanzés nas experiências de Koehler,as palavras entram na estruturas e adquirem um significado funcional,a conexão entre palavra e significado não considerada uma simples associação ,mas uma estrutura.O principio da estrutura é aplicado entre as coisas,da forma radical e não- diferenciada,a palavra e o significado,desde de sua origem são como idênticas,a todas e quaisquer relações entre as coisas. (Pag 154)Todos os gatos são pardos na penumbra do gestaltismo como na névoa primitiva do associacionismo .
Ach procurava superar o associacionismo com a tendência determinante,a psicologia da Gestalt combatia o principio da estrutura mantendo erros fundamentais da teoria mais antiga,o pressuposto da natureza idêntica e o pressuposto de que os significados das palavras não se alteram.Tanto a antiga e a nova psicologia ,aceitam que o desenvolvimento do significado de uma palavra termina assim que ela se manifesta. A psicologia da Gestalt representa estagnação no campo da fala,no do pensamento ,já a escola de Wurburg reconheceu que o pensamento tinha suas próprias leis ,cuja a existência era negada pela Gestalt,eliminando toda e qualquer distinção entre percepção elementar e formas elevadas de pensamento.Todo pensamento é uma generalização,todos estudam palavras e significado sem fazer referência ao desenvolvimento. (pag.155).
 Os significados das palavras alteram sua natureza intrínseca,entre o pensamento e a palavra se modifica,para compreender a relação ,precisamos abordar a genética de estudo com a análise funcional e examinar o significado da palavra e no pensamento.Os significados se desenvolvem ao longo período de tempo,funcionam no processo vivo do pensamento verbal e podemos mostrar que casa estágio do significado das palavras tem sua relação entre o pensamento e a fala. A relação entre o pensamento e a fala ,é um processo,movimento contínuo de vaivém do pensamento para a palavra, passa por transformações e podem ser consideradas umdesenvolvimento funcional ,pois o pensamento não é expressão em palavras, mas por meio delas passam á existir.(Pag.156). 
 Cada pensamento relaciona com alguma coisa,estabelece uma relação,se move ,amadurece e se desenvolve,desempenha função e soluciona problema,esse fluxo de pensamento ocorre através de uma serie de planos na interação do pensamento e da palavra,uma investigação das fases e dos diferentes planos que um pensamento percorre antes de ser expresso em palavras.O estudo revela a necessidade de fazer uma distinção ente a fala ,no aspecto interior da fala- semântico e significado ,enquanto exterior-fonético,embora formem uma unidade,tem suas próprias leis.A fala é complexa e não homogênea ,fatos relativos ao desenvolvimento lingüístico da criança revelam um movimento independente nas esferas fonética e semântica.
Quando dominar a fala exterior ,a criança começa por uma palavra,em seguida por duas ou três palavras entre si, mas tarde progride nas falas simples as mais complexas e chegando a fala coerente constituída por serie de frases, por outro lado quanto ao significado, a palavra da criança é uma fase completa,semanticamente faz parte de um complexo significativo que mas tarde domina as unidades semânticas separadas,os significados e a dividir seus pensamento indiferenciado nessas unidades e seguem em direções opostas em seu desenvolvimento e é o suficiente para mostrar a importância de estabelecer distinção ente o vocal e semântico da fala.(Pag. 157).
 A medida que o pensamento torna diferenciado ,a criança perde a capacidade de expressar uma única palavra,o avanço da fala,auxilia o pensamento da criança a progredir para partes definidas.O pensamento e a palavra não provem de um único modelo,entres ambas existem diferenças do que semelhanças. A estrutura da fala não reflexo da estrutura do pensamento, não se pode vestir as palavras com o pensamento , passa por muitas transformações até transforma- se na fala, encontra sua realidade e sua forma.No processo de desenvolvimento semântico e fonético são idênticos ,porque seguem direções contrarias.Piaget demonstrou que criança utiliza orações subordinadas em que aparecem porque ,embora etc,.antes de aprender as estruturas de significado e formas sintáticas. A discrepância não exclui a união,é necessário a união.
 Nos adultos,os aspectos semântico e fonético da fala é surpreendente,a lingüística segue uma orientação psicológica familiarizada com fenômeno no que diz respeito ao sujeito e predicado e psicológicos.(Pag.158).
 Eu perceba que o relógio parou e pergunte como aconteceu,a resposta é: o relógio caiu,o sujeito gramatical e o psicológico coincidem: “ o relógio “ é a primeira idéia em minha consciência; “caiu”,a frase pode ser modificada: “ O que caiu foi o relógio”,o sujeito gramatical e psicológico coincidiram.O duque Ernst Von Schwaben,Uhland , diz : “ Cenas horríveis passar-se-ão diante de seus olhos”.Passar-se-ão é o sujeito,o predicado, é cenas horríveis.”Qualquer parte de uma frase pode tornar-se predicado psicológico que carrega a ênfase temática,por outro, lado significados diferentes podem ocultar-se por trás de uma estrutura gramatical. A harmonia entra a organização sintática e psicológica não predominante, é um requisito raramente encontrado ,não apenas sujeito e predicado têm seus duplos psicológicos, também gênero ,numero,caso ,grau etc .Nossa fala cotidiana flutua entre os ideais da matemática e da harmonia imaginativa( Pag.159).
 Ao traduzir a fábula a cigarra e a formiga,Krylov substituiu a cigarra de La Fontaine por libélula, sendo que em francês a cigarra é feminina e adequada para simbolizar atitude despreocupada e alegre , a nuança se perderia numa tradução literal, uma vez em russo cigarra é masculino.Tjutchev ágio da mesma forma traduzindo o poema sobre um abeto e a palmeira,abeto é uma palavra masculina,e palmeira ,feminino, o poema sugere o amor entre o homem e a mulher.por trás das palavras existe a gramática independente do pensamento,a sintaxe .As expressões verbais não podem surgir formadas ,se desenvolvem gradativamente,esse processo de transição do significado para o som,deve ser desenvolvido e aperfeiçoado. A criança deve aprender distinguir o que é semântica e a fonética,ela utiliza formas verbais e significados sem ter consciência e a palavra é parte integrante do objeto,parece ser característica da consciência lingüística primitiva (Pag.160).
 As crianças em idade pré- escolar dão nomes aos objetos pelos seus atributos,um animal chama-se de Vaca porque tem chifre,cão porque é pequeno e não tem chifres,carro porque não é animal e se perguntar para uma criança a troca dos nomes dos objetos,elas respondem que não,troca de nomes significaria troca de traços característicos ,é inseparável a conexão na mente da criança.É difícil para as crianças separar o nome de um objeto de seus atributos, a fusão dos dois planos da fala semântico e o vocal declina a medida que a criança cresce e distancia aumenta gradualmente.Cada estágios das palavras tem sua própria inter-relação dos planos,pois a criança se comunica por meio de linguagem diretamente com a diferenciação das palavras,na fala e na consciência. (Pag. 161)
 Na estrutura semântica de uma palavra,fazemos uma distinção referente e significado de modo correspondente e normativo de uma palavra de sua função significativa,comparamos essas relações estruturais e funcionais nos estágios primitivo,intermediário e avançado do desenvolvimento ,a principio só existe a função normativa e semanticamente,a referência objetiva,a significação independente da nomeação se desenvolvem ao longo de trajetórias que tentamos rastrear e descrever.Quando a criança se desenvolve se torna capaz de compreender a fala,a sua utilização das palavras coincide com a dos adultos em sua referência objetiva e não em seu significado.
 A relação entre o pensamento e a palavra não pode ser compreendida sem a clara compreensão da natureza psicológica da fala interior,de todos os problemas ligados ao pensamento e a linguagem,seja mas complexo cercado por mal –entendidos terminológicos. O termo fala interior ou endolasia,é aplicado a vários fenômenos e a argumentação, diz respeito a coisas diferentes que dão o mesmo nome.(Pag.162).
 A fala interior parece entendida como memória verbal e só difere da fala oral,de modo que a idéia ou imagem de um objeto,nesse sentido a fala interior era compreendida pelos autores franceses ,que as palavras eram produzidas na memória ,se por meio de imagem auditivas,visuais,motoras ou sintéticas.A fala interior é vista como fala exterior truncada,como fala sem som ou subvocal, Bekhterev definiu como reflexo de fala inibido em sua parte motora.a terceira definição para Goldstein, abrange o antecede o ato motor de falar, é difícil aceitar a identificação da fala interior com a experiência interior não articulada.Essa experiência central é comum a toda atividade lingüística, por esse motivo a interpretação de Goldstein não ajusta a essa função única e especifica merece o nome de fala interior,deve nos levar a tese de que a fala interior não alguma fala,uma atividade intelectual e afetivo-volitiva.(Pag.163).
A fala interior é a fala para si mesmo,a fala exterior é para os outros ausência,a tendência de vocalização é apenas uma conseqüência da natureza especifica da fala interior não é um antecedente da fala exterior,nem a reprodução na memória ,o contrario da fala exterior,consiste na tradução do pensamento em palavras,na sua materialização e objetificação . A fala interior inverte-se processo: a fala interioriza-se em pensamento.A fala interior é uma das mais difíceis de investigação ,quase inacessível a experiência .
 Piaget foi o primeiro a prestar atenção a fala egocêntrica da criança e a sua importância teórica,permaneceu cego a característica importante da fala ,o que levou a uma interpretação distorcida de sua função e estrutura, a natureza da fala interior com extraordinária inteireza. A fala egocêntricaé um estagio de desenvolvimento que precede a fala interior,preenchem funções intelectuais,estruturas são semelhantes a fala egocêntrica e fornece a chave para o estudo da fala interior por meio da fala egocêntrica,uma fala vocalizada e audível.(Pag. 164)
 Para estudar um processo interno é necessário exteriorizá-lo experimentalmente com outra atividade exterior,a fala egocêntrica pode ser estudada em que suas características estão chegando a fim,outras estão sendo formadas,podemos avaliar traços que são essenciais para a fala interior e que são temporárias ,permite determinar o objetivo desse movimento da fala egocêntrica pra fala interior. Piaget argumenta que a fala egocêntrica da criança é uma expressão do egocentrismo do pensamento,é um meio termo entre o autismo primitivo do pensamento e sua socialização gradual,a medida que a criança cresce ,o autismo desaparece e a socialização evolui e a fala egocêntrica a criança não se adapta dos adultos.
 A fala egocêntrica não tem função no pensamento ou na atividade realistas das crianças limita-se acompanhá-los,desaparece com o egocentrismo da criança,no inicio do desenvolvimento ,a fala egocêntrica cai a zero,no limiar da idade escolar( Pag.165).
 A fala egocêntrica é um fenômeno de transição das funções interpsiquicas para as intrapsiquicas,da atividade social e coletiva da criança para a mais individualizada,a fala para si mesmo origina- se da diferenciação da fala para outros, o curso principal do desenvolvimento ,caracteriza-se por uma individualização gradual,reflete na função e na estrutura da fala.Nosso experimentos indicam que a função da fala egocêntrica é semelhante a fala interior ,não se limita a a acompanhar a atividade da criança,ajuda a superar dificuldades,conveniente relacionada com o pensamento da criança.
 A fala egocêntrica desenvolve ao longo de uma curva ascendente e não descendente, e no final transforma- se em fala interior e a função e o desenvolvimento da fala egocêntrica,quando a criança vê as voltas com dificuldades que exigem consciência e reflexão,mas a maior vantagem de nossa teoria é que da uma resposta satisfatória e paradoxal descrita por Piaget,para ele a diminuição quantitativa da fala egocêntrica cresce e que o processo só afetaria sua quantidade,e suas peculiaridades estruturais também declinassem e só afetaria a quantidade e não a estrutura interna.O pensamento torna –se menos egocêntrico no período de três aos sete anos.(Pag.166)
 As raízes do egocentrismo deveriam torna-se menos aparentes ,a fala egocêntrica deveria se aproximar menos da fala social e mais inelegível, uma criança de três anos será mais difícil seguir uma de sete, porque a fala egocêntrica torna inescrutável estando mas baixo da sua evolução desenvolvem –se em sentido inverso ao da freqüência da fala egocêntrica e continua a cair até chegar ao ponto zero. As peculiaridades estruturais da fala para si mesmo e da fala exterior aumentam com a idade e diminui a vocalização ,o desenvolvimento é compatível com o declínio da vocalização.
 As qualidades estruturais e funcionais da egocêntrica torna –se marcantes,quando a criança se desenvolve aos três anos as falas egocêntricas e social é igual a zero e aos sete temos uma forma de fala,a estrutura é totalmente diferente da fala social. (Pag.167)
 As peculiaridades estruturais e funcionais da fala egocêntrica vão aos poucos afastando –se da fala exterior ,seu aspecto vocal desaparece entre três e sete anos, o isolamento da fala para si mesmo,sua vocalização torna- se desnecessária e sem sentido devido suas peculiaridades estruturais em desenvolvimento. Quanto mais independente,autônoma ,torna a fala egocêntrica mais deficiente será o desenvolvimento, separa da fala e deixa-se vocalizar-se,mas não passa de uma ilusão.Interpretar o coeficiente de declínio da fala ,como o sinal de que a criança deixa de contar nus dedos e começa a fazer mentalmente.Nos sintomas de dissolução encontra um desenvolvimento progressivo,de uma nova forma de fala.
 A decrescente vocalização da fala indica o desenvolvimento de uma abstração do som , a capacidade de pensar as palavras, ao invés de pronunciar, é esse o significado positivo do coeficiente de declínio da fala egocêntrica,a curva decrescente indica o desenvolvimento voltado para a fala interior e sobre as características funcionais ,estruturais e genéticas da fala que se desenvolvem em direção a fala interior(Pag,168).
 Piaget acredita que a fala egocêntrica deriva da socialização insuficiente da fala e só tem uma forma possível de evolução ,o declínio e a morte, a fala interior é algo novo trazido do exterior com a socialização,a fala egocêntrica origina –se da individualização da fala social primaria e do ponto de vista precisamos colocar a criança em situações experimentais e verificar estas variações e se afetam a fala egocêntrica. Se a fala da criança resulta do egocentrismo do seu pensamento,da socialização insuficiente ,qualquer enfraquecimento dos elementos no quadro experimental,contribua a um aumento da fala egocêntrica,isso significa que as variações levam ao declino
A fala egocêntrica ocorre na presença de outras crianças na mesma atividade e não quando esta sozinha, trata de um monologo coletivo, a criança ilude achando que sua fala egocêntrica é compreendida e a fala egocêntrica tem caráter exterior e não inaudível e nem sussurrada.(Pag.169).
 A fala egocêntrica não esta separada da fala social e pode ser um correlato do isolamento da consciência individual da criança do todo social,após medir o coeficiente da fala egocêntrica da criança,submetemos a uma nova situação,crianças surdas –mudas ou crianças que falam idiomas,o quadro experimental permaneceu o mesmo,o coeficiente da fala egocêntrica desceu a zero , caiu para um oitavo,a ilusão da criança esta sendo compreendida e funcionalmente relacionada a ela. Os resultados devem parecer paradoxais quanto mas fraco o contato da criança com o grupo a situação social obriga ajustar os pensamentos dos outros a usar a fala social.
 A fala egocêntrica deriva da falta de diferenciação entre a fala de si e a fala dos outros ,desaparece quando sentimos compreendido para a fala social , após medir o coeficiente de fala egocêntrica da criança,permitiu o monologo coletivo e os resultados foram condizentes.(Pag.170).
 No monologo coletivo provocou uma queda no coeficiente de fala egocêntrica ,não tão acentuada ,raramente caiu a zero ,ficando em media para o sexto,a tendência a redução foi nítida em todas as variantes do experimento e em vez de dar liberdade a fala egocêntrica a exclusão do fator inibiu.De lado de fora do laboratório ,uma orquestra tocava alto que todas as vozes inclusive das crianças foram abafadas,e proibidas de falar alto,tendo permissão só para sussurrar ,o coeficiente da fala caiu,na razão 5:1,mas a tendência dominante esteve invariavelmente presente.
 O objetivo dos experimentos foi eliminar a fala egocêntrica da fala social , o procedimento levou sempre a um declínio da fala egocêntrica e que a fala egocêntrica é uma forma que evoluiu a partir da social , não estando separada, embora seja distinta quanto a sua função e estrutura, entre nos e Piaget diz que será esclarecida por exemplo:estiou sentada conversando com uma pessoa que esta atrás de mim, impossível vê-la , sai da sala sem que eu perceba, continuo a falar na ilusão de estar sendo ouvido e compreendido.(pag.171).
 Mas psicologicamente a fala é social,acontece ao contrario com acriança ,a fala egocêntrica é uma fala de si,para si mesma,aparentemente é uma fala social ,da mesma forma dando uma falsa impressão de ser egocêntrica A fala egocêntrica da criança já tem sua função especifica,é independente da fala social., a sai independência não é completa e não é sentida como fala interior e acriança não distingue da fala para os outros,é diferente da fala social ,uma vez que só funciona em situação social,tanto subjetiva e objetivamente,a falarepresenta uma transição de fala para outros e para si.
 Nos convenceram .que a fala interior não deve ser vista como uma fala sem som,mas uma fala independente e seu traço distintivo é a sintaxe especial e comparada com a fala exterior parece desconexa e incompleta.Todos os estudiosos perceberam essa característica ,o método da analise genética permite ir além de uma mera descrição ,a medida em que a fala egocêntrica se desenvolva omite o sujeito e todas as palavras relacionadas.e mantém o predicado(pag.172).
 Em certas situações em que a fala exterior apresenta uma estrutura semelhante em que a predicação ocorre na fala exterior ,trata de uma resposta e o sujeito da frase é conhecido por todos os participantes da conversa. Quer uma xícara de chá ? “NÃO”,essa	frase é possível porque o sujeito é conhecido por ambas as partes,o ouvinte pode relacionar uma frase a um sujeito que está em sua mente e não ao sujeito que se refere o emissor,quando o pensamento coincidem ,o entendimento poderá ser obtido pelo uso do predicados,mas se tiverem pensando diferentes ,o mais provável é que não se entendam.
 No romance de Tolstoi,abordou o tema da psicologia do entendimento ,é possível encontrar exemplos muitos bons da condensação da fala exterior e de sua redução a predicação., A penas Kitty ,percebeu o que ele dizia ,pois só ela pensava,no que lhe podia ser útil. Ana Karenina ,parte V ,cap. 18 .Poderíamos dizer que os pensamentos dela ,os pensamentos do agonizante continham o sujeito a que suas palavras se referem e não eram compreendido por mais ninguém .(Pag.173).
O mais provável é a frase consistir num abreviado: “Vem aí”, ou qualquer expressão do gênero, pois o sujeito é evidente, dada a situação. O ouvinte pode relacionar a frase com um sujeito que lhe ocupa o espírito duma forma predominante e não com um sujeito que o emissor quer significar. Se os pensamentos das duas pessoas coincidirem, pode-se conseguir um perfeito entendimento pelo uso dos simples predicados.Nos romances de Tolstoy encontramos exemplo muito bons de condensação do discurso e a redução a predicados:tais exemplos freqüentemente incidem sobre a psicologia do conhecimento:”.Ninguém ouviu claramente o que ele disse ,mas Kitty compreendeu.(pag.174). 
Estes exemplos mostram claramente que quando os pensamentos dos interlocutores são os mesmos, o papel da fala se reduz ao mínimo. Noutro ponto, Tolstoy assinala que entre pessoas que vivem num estreito contato psicológico, tal comunicação por meio do discurso abreviado se torna a regra, e deixa de ser a exceção. “Agora, Levin habituara-se a exprimir o seu pensamento integralmente sem qualquer problema sem se preocupar em verte-lo em palavras exatas.(cap.175).
 A conversa de Kitty e Liêvin e o julgamento do surdo,são casos extremos,são dois pólos da fala exterior ,um deles exemplifica o entendimento mutuo obtido de uma fala abreviada,quando duas mentes ocupam-se do mesmo sujeito,o outro exemplifica a falta de entendimento com a fala integral.Não são apenas os surdos que não conseguem entender,quaisquer pessoas que atribui um significado diferente a palavra.Tolstoi notou que estão acostumado ao pensamento solitário e independente,são parciais,mas as pessoas mantém um contato estreito,aprendem os significados que transmitem a outra por uma comunicação jacônica e clara.
 Será elucidativo comparar a abreviação na fala oral e escrita e na fala interior.A comunicação baseia –se no significado das palavras ,para transmitir a mesma idéia, a diferenciação sintática deve chegarão seu ponto máximo e usar expressões que soariam artificiais na conversação .Griboedov ,refere-se ao efeito cômico das construções elaboradas na fala.(Pag.176.)
 A natureza multifuncional da linguagem foi examinada por Humboldt em relação a poesia e a prosa, duas formas diferentes quanto a função. De acordo com humbodt,a poesia é inseparável da musica e a prosa depende da linguagem e é dominado pelo pensamento ,cada uma tem dicção ,gramática e síntese próprias. Embora Humboldt nem os que desenvolveram o pensamento tenham compreendido todas as suas implicações ,apenas a distinção entre a poesia a prosa.Outras distinções funcionais importantes na fala ,entre o diálogo e monólogo ,a escrita e a fala interior representa o monólogo ,a fala oral,representa o diálogo.
 O diálogo pressupõe que os interlocutores tenho conhecimento do assunto ,tornar possíveis a fala abreviada, as frases exclusivamente predicativas e que cada pessoa possa ver seus interlocutores,suas expressões ,gestos e o tom de suas vozes(.Pag.177).
 Dostoievsi ,revela uma conversa de bêbados ,que consiste inteiramente numa palavra impublicável, a reflexão revela o contexto psicológico dentro do qual uma palavra deve ser compreendida, tratando-se de negação desdenhosa,duvida,e irritação .Ficando possível transmitir todos os pensamentos,sentimentos e toda uma seqüência de raciocínios.(Pag.178).
 Na escrita,o tom de voz e o conhecimento do assunto são excluídos ,somos obrigados a utilizar mais palavras e maior exatidão e alguns lingüistas consideram o dialogo a forma natural da fala oral, a linguagem revela sua natureza e o monólogo como em grande parte artificial. O monólogo é a forma elevada e complexa de desenvolvimento histórico. A velocidade da fala oral não favorece um processo de formulação. O dialogo implica o enunciado imediato,consiste em todos os tipos de respostas e réplicas ,o monólogo é uma formação complexa,uma elaboração lingüística lenta e consciente. Na escrita ,a comunicação só pode ser obtida por meio das palavras e suas combinações e que a atividade da fala assuma formas complexas. A revolução do rascunho para a copia reflete nossos processos mentais sendo o rascunho uma fala interior.(Pag.179).
 A predicação é a forma usual do discurso interior; psicologicamente, este é exclusivamente constituído por predicados. A omissão dos sujeitos é uma lei do discurso interior, exatamente na mesma medida em que a obrigatoriedade da presença do sujeito e do predicado constitui uma lei do discurso escrito.
Psicologicamente, o contato entre os interlocutores numa conversação pode estabelecer uma percepção mútua que conduz à compreensão do discurso elíptico. A predominância da predicação é um produto do desenvolvimento. De início, o discurso egocêntrico é, pela sua estrutura, idêntico ao discurso social, mas no seu processo de transformação em discurso interior vai-se tornando menos completo e coerente, à medida a que passa a ser regido por uma sintaxe totalmente predicativa. Quanto mais diferenciada se torna a função específica do discurso egocêntrico, mais pronunciadas se tornam as suas peculiaridades sintáticas — a simplificação e a predicação.(Pag.180).
A estrutura semântica específica do discurso interior também contribui para a elipse. A sintaxe dos significados no discurso interior não é menos original do que a sua sintaxe gramatical. A primeira, que é essencial, é a preponderância do sentido das palavras sobre o seu significado — distinção que devemos a Paulhan. Segundo este autor, o sentido de uma palavra é a soma de todos os acontecimentos psicológicos que essa palavra desperta na nossa consciência. 
As últimas palavras da já mencionada fábula de Krylov “A Cigarra e a Formiga” constituem uma boa ilustração da diferença entre sentido e significado. 
Este enriquecimento das palavras pelo sentido que adquirem nos diferentes contextos é a lei fundamental da dinâmica dos significados das palavras. Num determinado contexto, uma palavra significa simultaneamente mais ou menos do que a mesma palavra tomada isoladamente; significa mais, porque adquire um novo contexto; significa menos, porque o seu significado é limitado e estreitado pelo mesmo contexto.(PAG.181).
Paulhan prestou ainda outro serviço à psicologia, analisando a relação entre a palavra e o sentido e mostrando que a independência entre um e outra é muito maior do que a que existe entre a palavra e o significado. Tal como o sentidoduma palavra se encontra relacionada com o conjunto da palavra na sua totalidade, e não apenas com os seus sons isolados, também o sentido duma frase se relaciona com a globalidade da frase e não com as suas palavras tomadas isoladamente. l. Quando diversas palavras se fundem numa única, a nova palavra não se limita a exprimir uma idéia bastante complexa, designa também todos os elementos separados contidos nessa idéia. Como a tônica recai sempre no radical ou na idéia principal, tais línguas são de fácil compreensão.(Pag.182).
A terceira peculiaridade semântica fundamental do discurso interior é a forma como os sentidos das palavras se combinam e congregam — processo que é regido por leis diferentes das que regem as combinações de significados.
Da mesma forma, uma palavra que continuamente se repete num livro ou num poema absorve por vezes todas as variantes de sentido neles contidas e se torna de certa maneira equivalente à própria obra. Não é pois de surpreender que o discurso egocêntrico seja incompreensível para os outros. Watson diz que o discurso interior seria incompreensível, mesmo que fosse possível gravá-lo. A sua opacidade acentua-se devido a um fenômeno que, diga-se de passagem, Tolstoy notou no discurso exterior: no seu livro, Infância, Adolescência e Juventude, descrevem como, em pessoas que se encontram em contato psicológico muito íntimo, as palavras adquirem significados especiais que só são entendidos pelos iniciados. (Pag.183)
Com que nos defrontamos pela primeira vez ao investigarmos o discurso egocêntrico. Quando fomos procurar comparações no discurso externo, descobrimos que este último já contém, pelo menos potencialmente, os traços característicos do discurso interno: a predicação, o declínio da oralidade, a predominância do sentido sobre o significado, a aglutinação, etc., aparecem também em certas condições já no discurso externo. Todas as nossas observações indicam que o discurso interior é uma função autônoma da linguagem. Podemos confiantemente encará-lo como um plano distinto do pensamento verbal.(PAG.184)
 Mas enquanto o pensamento externo se encontra encarnado em palavras, no discurso interior é, em grande medida, um pensamento feito de significados puros. É uma coisa dinâmica, instável, e derivante, que flutua entre a palavra e o pensamento, os dois componentes mais ou menos estáveis, mais ou menos solidamente delineados do pensamento verbal. A corrente de pensamento não é acompanhada por um desabrochar simultâneo do discurso. Os dois processos não são idênticos e não há correspondência rígida entre as unidades de pensamento e de discurso. Isto é particularmente verdade quando um pensamento aborta — quando como Dostoyevski diz, um “pensamento não entra nas palavras”. Nos exemplos que atrás demos da ausência de concordância entre o sujeito e o predicado, não levamos a nossa análise até ao fim. Tal como uma frase pode exprimir muitos pensamentos, um mesmo pensamento pode ser expresso por meio de diferentes frases. (pag.185)
“Porque é que o relógio parou?” poderia significar: “Não tive culpa de o relógio se ter estragado; caiu”. O mesmo pensamento, que é uma ato-justificação, poderia assumir a forma seguinte: “Não é meu hábito mexer nas coisas das outras pessoas.Ao contrário do discurso, o pensamento não é constituído por unidades separadas. Podemos comparar um pensamento com uma nuvem que faz cair uma chuva de palavras. Como, precisamente, um pensamento não tem correspondência imediata em palavras, a transição entre o pensamento e as palavras passa pelo significado Na nossa fala, há sempre o pensamento oculto, há sempre o sub-texto. Houve sempre lamentos acerca da inexpressibilidade do pensamento devido ao fato de ser impossível uma transição direta do pensamento para a palavra.(pag.186).
O pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, pelos nossos desejos e necessidades, os nossos interesses e emoções. Por detrás de todos os pensamentos há uma tendência volitivo-afetiva, que detém a resposta ao derradeiro porquê da análise do pensamento.(pag.187).
Para compreendermos o discurso de outrem, não basta compreender as suas palavras — temos que compreender o seu pensamento. Mas também isto não basta — temos que conhecer também as suas motivações. O pensamento verbal surge-nos como uma entidade dinâmica e complexa e a relação entre o pensamento e a palavra . O desenvolvimento do pensamento verbal segue uma trajetória oposta: do motivo que gera um pensamento à modelação do pensamento, primeiro no discurso interior, depois nos significados das palavras e finalmente nas palavras. . O desenvolvimento pode deter-se num ponto qualquer da sua complexa trajetória; é possível uma infinidade de movimentos progressivos e recessivos, uma grande variedade de evoluções que desconhecemos ainda. (Pag..188).
O significado e todo o aspecto interior da linguagem, a sua faceta que se encontra voltada para a pessoa e não para o mundo exterior tem constituído até hoje um território desconhecido. Sejam quais forem as interpretações que lhes sejam dadas, as relações entre o pensamento e a palavra foram sempre consideradas como algo constante e imutável. Para a psicologia associacionista, o pensamento e a palavra encontram-se unidos por laços externos, semelhantes aos laços existentes entre duas sílabas sem sentido. A psicologia gestaltista introduziu o conceito dos nexos estruturais, mas, tal como a velha teoria, não entrou em linha de conta com as relações específicas entre o pensamento e a palavra. o ponto de vista idealista, defendido pela escola de Wuerzburg, e Bergson, segundo o qual o pensamento poderia ser “puro”, isto é, pensamento sem qualquer relação com a linguagem, pensamento que seria distorcido pelas palavras. A frase de Tjutchev “Uma vez dito um pensamento torna-se mentira”, poderia muito bem servir de epitáfio para o último grupo. Quer se inclinem para o puro naturalismo quer se inclinem para o idealismo mais extremo.(pag,189.
A relação entre o pensamento e a palavra é um processo vivo; o pensamento nasce através das palavras. Uma palavra vazia de pensamento é uma coisa morta, e um pensamento despido de palavras permanece uma sombra. À expressão bíblica “No princípio era o Verbo”, Goethe faz Fausto responder: “No princípio era a ação”. A intenção desta frase é a de diminuir o valor da palavra, mas podemos aceitar esta versão se lhe dermos outra acentuação: no princípio era a ação. As palavras desempenham um papel fundamental, não só no desenvolvimento do pensamento mas também no desenvolvimento histórico da consciência como um todo. Cada palavra é um microcosmos da consciência humana.(pag.190.

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