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2018 APOST INTROD A LINGUAGEM(

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APOSTILA PARCIAL 
INTRODUÇÃO A LINGUAGEM 
 
1º.SEMESTRE – DIREITO 2018 
 
 
 
 
 
REGINA MEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
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FACULDADE DE DE BOITUVA 
 
DIREITO 
 
RECONHECIDO PORTARIA Nº 270 DE 03/04/2017, PUBLICADA NO DOU DE 04/04/2017 
 
DISCIPLINA: 
 
INTRODUÇÃO À LINGUAGEM 
 
 SEMESTRE: 1º. 
«SEMESTRE» 
 CARGA HORÁRIA: 80 H 
I – Ementa 
Conceito de comunicação; elementos da comunicação; linguagem, língua e fala; níveis da linguagem; 
funções da linguagem; níveis de leitura, estratégias de leitura, dificuldades de leitura, segmentação textual; 
Coesão e coerência. A organização do pensamento: objetividade e clareza de ideias. Produção textual: o 
texto, estrutura do texto, parágrafo e paráfrase. Textos narrativos, descritivos e dissertativos. Tipologia 
textual (resumo, resenha, artigo acadêmico). Novo Acordo Ortográfico. 
 
II – Objetivos 
Desenvolvimento de textos corporativos e científicos; Leitura crítica e interpretativa; Elaboração de textos, 
permeados pela clareza, intencionalidade, coesão e coerência. 
 
III – Conteúdo operacional por dia de aula dada, cada encontro equivale a quatro (4) aulas. 
AULA DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE 
1 Apresentação da matéria, bem como o sistema de avaliação. Normas e regulamentos do TIID 
2 Tipologia Textual – Resumo e Resenha – exercícios de fixação 
3 Tipologia Textual - artigo acadêmico exercícios de fixação 
4 Tipologia textual – etapas de leitura e fichamento – exercícios de fixação 
5 Novo acordo ortográfico – classificação das palavras pelo número de silabas e tonicidade. 
6 Novo acordo ortográfico – revisão das regras de acentuação, mais a reforma. 
7 Exercícios de fixação sobre acentuação gráfica 
8 Elementos da comunicação e função da linguagem 
9 Coesão, Coerência : A organização do pensamento: objetividade e clareza de ideias 
10 Avaliação bimestral 
11 Ambiguidade – exercícios de fixação 
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12 Tipos de textos e paráfrase – exercícios de fixação 
13 Frase, oração e período 
14 Exercícios de fixação 
15 Tópico frasal – conceito e tipos 
16 Elaboração de parágrafos 
17 Elaboração de parágrafos 
18 Avaliação bimestral 
19 Provas Repositivas 
20 Encerramento do semestre letivo 
 
IV – Metodologia e Didática 
Aulas expositivas com a participação dos alunos, debates, leitura, elaboração de listas de exercícios 
gramaticais. 
 
V – Forma Avaliativa e Conceito para notas 
Avaliações: 
São duas notas bimestrais N1 + N2 = Média (M) 
Prova 1 (dissertativa ou mista) com nota (N1) de 0 a 10 
Prova 2 (dissertativa ou mista) com nota (N2) de 0 a 8 
Trabalho TIID valendo até 2,0 acrescido na nota N2. 
Cálculos: 
a) M ≤ 3,0 – reprovação; 
b) 3,5 ≤ M ≤ 6,5 – exame; 
c) M ≥ 7,0 – aprovação. 
Quanto ao item “b”, a nota do Exame (E) é somada à nota M, dividindo-se o resultado da soma por dois, 
obtendo-se a nota final (S), sendo que: 
a) S < 5,0 – reprovação; 
b) S ≥ 5,0 – aprovação. 
Critérios: 
TRABALHOS: Os trabalhos deverão ser entregues no prazo e da forma solicitada, casos contrários não serão 
recebidos e os alunos ficarão com nota zero. 
 
AVALIAÇÃO: As avaliações substitutivas deverão ser realizadas da forma estipulada pela Instituição de Ensino. 
 
 
VI – Bibliografia Básica 
 BOFF, Odete Maria. Leitura e Produção Textual. Vozes. 2010. 
XAVIER, Caldeira R. Português no Direito. Forense, 2010 
KOCH, I. V. Ler e Escrever: Estratégias de Produção Textual. Contexto. 2009 
 
VII – Bibliografia Complementar 
FARACO, Carlos Alberto. Pratica de Texto. Vozes. 2011. 
FIORIN, Jose Luis Lições de Texto: Leitura e Redação. São Paulo: Ática, 2007. 
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção Textual: Análise de Gêneros e Compreensão. Parábola. 2009. 
LAITANO, José Carlos. Criação do Texto Jurídico. AGE. 2008. 
HENRIQUES, Antonio. Linguagem Jurídica e Argumentação. Atlas. 2010. 
 
Data: FEV/2018 
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1. TIPOLOGIA TEXTUAL (RESUMO, RESENHA, ARTIGO ACADÊMICO) 
 
 Ler significa conhecer, interpretar, decifrar a relação existente entre o ser humano e o 
mundo onde ele faz parte. A maior parte dos conhecimentos é obtida através da leitura, que 
possibilita não só a ampliação, como também o aprofundamento do saber em determinado 
campo cultural ou científico. 
Como se deve ler ? 
Segundo Salomon (1973): 
 
O bom leitor lê rapidamente e entende O mau leitor lê vagarosamente e entende 
 mal o que lê. 
bem o que lê. 
Tem habilidade como: Tem hábitos como: 
 
1. Lê com objetivo determinado. 1. Lê sem finalidade. 
2. Lê unidades de pensamento. 2. Lê palavra por palavra isoladamente. 
3. Tem vários padrões de velocidade. 3. Só tem um ritmo de leitura. 
4. Avalia o que lê. 4. Acredita em tudo que lê. 
5. Possui bom vocabulário. 5. Possui vocabulário limitado. 
6. Conhece o valor do livro. 6. Não possui critério para conhecer o valor do livro. 
7. Discute o que Lê com colegas 7. Raramente discute o que leu. 
8. Adquire livros com freqüência. 8. Não possui uma biblioteca particular. 
9. Lê assuntos vários. 9. Lê sempre o mesmo assunto. 
10. Lê muito e gosta de ler 10. Lê pouco e não gosta de ler. 
 
O bom leitor é aquele que não é só bom na hora da leitura. É bom leitor porque desenvolve 
uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. Não só lê, mas sabe ler. 
O mau leitor não se revela apenas no ato da leitura, seja silenciosa ou oral. É 
constantemente mau leitor, porque se trata de uma atitude de resistência ao hábito de saber 
ler. 
 
ETAPAS PARA LEITURA E FICHAMENTO 
 
 Analise significa estudar, dissecar, dividir, interpretar. A análise de um texto refere-se 
ao processo de conhecimento de determinada realidade e implica o exame sistemático dos 
elementos. Analisar é decompor um todo em suas partes, a fim de poder efetuar um estudo 
mais completo (Marconi & Lakatos,2001). 
 Segundo Marconi e Lakatos (2001, p.28) apud Gagliano (1979, p. 91-95) a análise de 
um texto apresenta um esquema que inclui três etapas: análise textual, temática e 
interpretativa. 
 
a) Análise textual – leitura atenta, mas ainda corrida, sem buscar esgotar toda a 
compreensão do texto. A finalidade é uma visão panorâmica, do conjunto da obra, 
buscando todos os elementos importantes do texto: credenciais do autor (vida e obra), 
estilo, vocabulário, fatos históricos, aspectos metodológicos e técnicas utilizadas pelo 
autor, outros autores e doutrinas. Todos esses elementos devem ser, durante a 
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primeira abordagem, transcritos para uma folha à parte. As dúvidas deverão ser 
esclarecidas em: dicionários específicos, textos de histórias, manuais etc. Para 
melhor compreensão, deve-se trabalhar unidades delimitadas (um capítulo, uma 
seção), sempre um trecho com um pensamento completo. A análise textual pode ser 
encerrada com uma esquematização do texto cuja finalidade é apresentar uma visão 
de conjunto da unidade. 
 
b) Análise Temática – A análise temática procura ouvir o autor, apreender, sem intervir 
nele, o conteúdo de sua mensagem, o tema, problemas, ideias (central e 
secundárias), raciocínio e argumentação. Trata-se de fazer ao texto uma série de 
perguntas cujas respostas fornecem o conteúdo da mensagem: como o assunto está 
problematizado? Qual dificuldade deve ser resolvida? Qual o problema a ser 
solucionado? É a análise temática que serve de base para o resumo ou síntese de um 
texto. Daí o resumo pode ser escrito com outras palavras, desde que as ideias sejam 
as mesmas do texto. 
 
c) Análise interpretativa – é a terceira abordagem do texto com vistas à sua 
interpretação,mediante a situação das ideias do autor. Apresenta dois aspectos: 1) 
interpretação ou explicação da posição filosófica, influências, concepções e 
associações de ideias expostas pelo autor; 2) crítica ou avaliação, julgamento do 
conteúdo pelo autor. Interpretar é tomar uma posição própria a respeito das ideias 
enunciada, é superar a escrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o 
autor ao diálogo, é explorar toda a fecundidade das ideias. O último passo da 
interpretação seria a crítica pessoal às posições defendidas no texto. Exige-se 
maturidade intelectual e requer cuidado nesta etapa, pois toda crítica deve ser 
argumentada. 
 
O leitor estará apto para responder as seguintes perguntas: 
a) Qual o objeto tratado no texto (a realidade a respeito do tema: fatos, fenômenos, 
pessoas envolvidas)? 
b) Qual o tema tratado (aquilo que deseja saber ou tratar)? 
c) Quais os problemas? 
d) Qual a posição do autor diante do problema? 
e) Quais os argumentos apresentados pelo autor para justificar ou comprovar sua 
posição? 
f) O autor chegou a uma conclusão? Qual? 
 
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Portanto, a leitura analítica desenvolve no estudante-leitor uma série de posturas lógicas 
que constituem a via mais adequada para sua própria formação, tanto na sua área 
específica de estudo quanto na sua formação filosófica em geral. 
 
RESUMO DE TEXTOS 
 Segundo Marconi e Lakatos (2001, p.72) “ resumo é a apresentação concisa e 
frequentemente seletiva do texto, destacando-se os elementos de maior interesse e 
importância, isto é, as principais ideias do autor da obra”. 
 O resumo pode ser indicativo, informativo e crítico (também chamado de resenha). O 
mais utilizado na vida acadêmica é o informativo. 
 O resumo indicativo ou descritivo refere-se às partes mais importantes do texto. 
Utiliza-se frases curtas, cada uma correspondendo a um elemento importante da obra. Não 
dispensa a leitura do texto completo. 
 Segundo ABNT-NBR 6028, o resumo informativo “informa suficientemente ao leitor, 
para que este possa decidir sobre a conveniência da leitura do texto inteiro. Expõe 
finalidades, metodologia, resultados e conclusões”. Nos trabalhos de conclusão de curso o 
resumo antecede o corpo do trabalho, é apresentado também em outra língua. 
 Antonio J. Severino (2002, p.131) diz que o resumo de textos “é um trabalho de 
extração de ideias, de exercício de leitura que tem enorme utilidade didática e significativo 
interesse científico”. Trata-se na realidade de uma síntese das ideias e não das palavras do 
texto. Resumindo o texto com as próprias palavras, o estudante mantém-se fiel às ideias do 
autor sintetizado. 
 O objetivo geral do resumo é a captação da ideia maior do texto, ou seja, daquilo que 
o autor considera o ponto central e que será fundamental para o pesquisador. 
 Regras 
 - ler várias vezes o texto; 
 - trazer o desenvolvimento das ideias do texto original sem distorcê-las; 
 - ter cuidado para não colocar na boca do autor coisas que ele não disse; 
 - quando citar as frases do autor, colocá-las entre aspas; 
 - não repetir ideias; citar exemplos, somente em casos específicos; gráficos e tabelas 
só devem ser utilizados quando for imprescindível para a compreensão do texto. 
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 - bom resumo consegue dizer praticamente tudo o que o original diz, com redução de 
80%. 
 - deve ser elaborado utilizando a terceira pessoa do singular ( “Para o autor”, “O autor 
diz”, “Ele coloca”), uma vez que as ideias não são de quem está resumindo; 
 - o resumo não é a parte que você mais gostou; 
 - a redação deve ser própria e não uma colcha de retalho. 
 
ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE RESENHA 
 Segundo Marconi e Lakatos ((2001,p.89-90), 
Resenha é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos: é a apresentação 
do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um 
conceito de valor do livro, feitos pelo resenhista. 
A finalidade é informar o leitor sobre o assunto tratado no livro, filme, peça teatral 
evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novas teorias, novos 
conhecimentos. 
No campo da comunicação técnica e científica, a resenha é de grande utilidade, 
porque facilita o trabalho do profissional ao trazer um breve comentário sobre a obra e uma 
avaliação da mesma. A informação dada ajuda na decisão da leitura ou não da obra. 
 Estrutura 
1. Referência Bibliográfica 
Apresentar os dados de uma referência bibliográfica: autor(es), título (negrito), local da edição, 
editora, ano, número de páginas. 
2. Credenciais do Autor 
Informações gerais sobre o autor: qualificações, posição no meio científico, obras. 
3. Conhecimento 
Resumo detalhado das ideias principais: de que trata a obra? Possui alguma característica 
especial? Como foi elaborado o assunto? Exige conhecimento prévio para entendê-lo? 
4. Conclusão do autor 
O autor faz conclusões? (ou não?) As conclusões foram colocadas no final do livro ou dos 
capítulos? Quais foram? 
5. Apreciação da obra 
Julgamento da obra: como se situa o autor em relação às escolas ou correntes científicas, 
filosóficas, culturais? 
Mérito da obra: qual a contribuição dada? As idéias são verdadeiras, originais, criativas? Os 
conhecimentos são novos, amplos, abordagem diferente? 
Estilo: conciso, objetivo, simples? Claro, preciso, coerente? Linguagem correta? Ou o contrário? 
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Indicação da obra: a quem é dirigida: grande público, especialistas, estudantes? 
 
O português e a redação dos alunos de Direito 
Por Vladimir Passos de Freitas 
O português dos alunos de Direito vem se mostrando cada vez mais deficiente. E não é privilégio desta 
ou daquela faculdade, pública ou privada, nem mesmo de determinada região. É nacional. Frases 
incompreensíveis, palavras utilizadas erroneamente, dificuldade extrema em redigir um texto, impossibilidade 
de por no papel o que se pensa, tudo isto vai se tornando rotina nas atividades dos estudantes da graduação. 
O fato não passa despercebido aos profissionais da área. Professores comentam, as faculdades de 
Direito notam, escritórios de advocacia e órgãos públicos alertam os estagiários, que por vezes são mandados 
embora ou colocados em setores mais simples, onde não seja necessário escrever. 
A situação, que se agrava a cada ano, é altamente negativa. Sofrem os estudantes, pois vislumbram as 
dificuldades que terão na vida profissional, perdem os que os empregam, porque o serviço que prestam não 
corresponde às expectativas, penam as faculdades de Direito, inclusive pelos reflexos que se fazem sentir nos 
exames da OAB, com o baixo nível de aprovação. 
De quem é a responsabilidade? Que fazer? 
O primeiro passo é reconhecer que estamos diante de um momento de virada cultural, de mudanças 
radicais. A começar pelo uso dos aparelhos eletrônicos. Mensagens eletrônicas, torpedos nos celulares, 
manifestações nas redes sociais, costumam ser curtas, diretas, telegráficas. Mudam comportamentos, formas 
de expressão, regras de conduta. Uma das consequências é a total alteração da forma de comunicar-se por 
escrito, o que atinge um número significativo de jovens. 
Poucos com mais de 40 anos saberão o que significa a frase “quer teclar comigo?”. Resposta: trocar 
mensagens. Mais difícil será compreender que “sussi” é sossego e “blz” quer dizer beleza, tudo bem. Dois 
pontos e um colchete :) significa feliz, mas dois pontos e um O :O quer dizer surpresa, “beijaum” é um beijo 
grande. Estamos diante de uma nova e diminuta linguagem, o internetês. 
Além disto, palavras estrangeiras são incluídas no vocabulário, por vezes substituindo alguma do 
português (deletar, por apagar), em outras, traduzidas indevidamente (inicializar ao invés de iniciar)ou mesmo 
inovando por completo (p. ex., printar para dizer imprimir). 
Socialmente, o jovem que não se expressar desta forma estará excluído do grupo. Com certeza 
ninguém jamais ouviu ou ouvirá uma jovem dizendo “estou louca para sair com ele, porque seu português é 
maravilhoso, fala e escreve muito bem”. 
Em um segundo plano, mas também de grande relevância, são as deficiências do ensino médio e 
fundamental. Não é preciso ser um especialista para saber que houve uma queda brusca no nível de ensino e 
que não se reprova ninguém, principalmente nas escolas públicas. Segundo a mídia impressa “A discreta 
melhora apresentada nos últimos anos no ensino médio público cessou em 2011” (Folha de S.Paulo, 
15.8.2012, C1). 
Tudo isto faz com que, ao entrar na Faculdade de Direito, o jovem acadêmico tenha grande dificuldade 
em expressar-se, inclusive oralmente. O seu vocabulário reduz-se a poucas palavras. Sem vocabulário não se 
expõem as ideias, não se transmite o que se pensa. Daí porque surgem, nos trabalhos acadêmicos, nos testes 
ou nos estágios, petições lacunosas ou confusas. Ofício, carta, memorandum, nem pensar. 
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Não é raro que o professor encontre parágrafos incompreensíveis, petições que repetem a mesma 
coisa duas ou três vezes, ou referências que nada tem a ver com o assunto tratado, porque foram copiadas por 
quem não consegue escrever. Há uma mescla de mau português com dificuldade de organizar as ideias. 
Se esta situação não é boa para qualquer estudante universitário, ela é ainda pior para o acadêmico de Direito. 
Sim, porque nas profissões jurídicas a exposição de ideias, falando ou escrevendo, é a imprescindível rotina de 
trabalho. Ao contrário, a importância será menor, por exemplo, para um profissional de área técnica. 
O estudante de Direito deve procurar sair dessa situação. A regra número um é ler, de preferência 
autores com redação clara, rica em sinônimos, que organize bem suas ideias. Machado de Assis, por exemplo. 
O editorial dos bons jornais também ajuda. 
A segunda regra é escrever. Fugir da cômoda repetição de textos alheios, do copia e cola, do uso 
absoluto de modelos. Redigir é um excelente meio de aprimorar a escrita. Uma folha por dia, sobre qualquer 
assunto, pedindo a alguém que leia e corrija, pode gerar excelentes resultados. Escrever o que se pensa, na 
ordem direta. 
Por parte das faculdades de Direito também muito se pode fazer. Em primeiro lugar, enfrentando o 
problema. Obviamente, elas não são a causa, mas nem por isso deixam de sofrer as consequências. A queda 
no nível, com a consequente reprovação em Exame da OAB e concursos públicos, atinge a imagem do 
estabelecimento de ensino. 
É preciso que se inclua o português nos cursos de graduação, como matéria obrigatória. No primeiro 
período e de preferência com um professor rigoroso. Se a faculdade não quiser colocar com todas as letras 
que está ensinando português, pode batizar a matéria com um nome mais pomposo como “Análise de texto” ou 
“Princípios de redação”. E se houver dificuldades com a grade horária, já que cinco anos não são suficientes 
para tantas matérias, que pelo menos se ofereça um módulo, isto é, aulas que se assistem por inscrição 
voluntária ou ainda curso a distância, via internet. 
Os professores devem auxiliar os estudantes, tendo em mente que eles estão inseridos em um mundo 
novo, com regras próprias. E também, na medida do possível, evitar provas objetivas, pois não auxiliam na 
prática da redação. Provas orais também são importantes, porque obrigam o aluno a saber expressar-se. É 
dizer, não basta criticar, contar os erros encontrados nas provas. É preciso ajudar, orientar. 
Os órgãos que administram as carreiras públicas também têm um papel a cumprir. Por exemplo, 
cursos de redação, presenciais ou a distância, podem auxiliar os assessores dos agentes do Ministério Público. 
Incluir o português nas provas de ingresso também é uma boa providência (o TJ-SP inclui Língua Portuguesa 
nos concursos de ingresso na magistratura). Colocar a matéria nos cursos que se ministram após a posse no 
cargo também é importante. 
Em suma, o problema aí está e é preciso enfrentá-lo. E os estudantes necessitam ter em mente que, 
mesmo neste novo mundo, ele sempre exigirá do profissional do Direito clareza de ideias e eficiência na 
exposição das teses. 
Vladimir Passos de Freitas é desembargador federal aposentado do TRF 4ª Região, onde foi presidente, 
e professor doutor de Direito Ambiental da PUC-PR. 
 
 
 
 
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2. NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO 
CLASSIFICAÇÃO DAS PALAVRAS: 
- QUANTO AO NÚMERO DE SÍLABAS: 
 MONOSSÍLABAS – possuem uma única sílaba. Ex.: pá, um, nó, de, dê. 
DISSÍLABAS – possuem duas sílabas. Ex.: rato, mesa, pedra. 
TRISSÍLABAS – possuem três sílabas. Ex.: cadeira, caneta, sílaba. 
POLISSÍLADAS – possuem quatro ou mais sílabas. Ex.: matemática, paralelepípedo, 
orquídeas. 
- QUANTO À SÍLABA TÔNICA (A QUE SE PRONUNCIA MAIS FORTE): 
OXÍTONAS – quando a sílaba tônica recai sobre a última sílaba. Ex.: café, rodapé, sofá. 
PAROXÍTONAS – quando a sílaba tônica recai sobre a penúltima sílaba. Ex.: ideia, caneta, 
pedra. 
PROPAROXÍTONAS - quando a sílaba tônica recai sobre a antepenúltima sílaba. Ex.: 
príncipe, matemática, sábado. 
 
REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA 
 
Monossílabas tônicas: 
Acentuam-se as terminadas em: a, e, o – seguidas ou não de S. 
Ex.: pá, pé, dê, pó, pós, pás 
Oxítonas – Sílaba tônica: última 
Acentuam-se as terminadas em a, e, o, em – seguidas ou não de S. 
Ex.: crachá, café, forró, parabéns, crachás, refém, reféns. 
Paroxítonas - Sílaba tônica: penúltima 
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em: 
l fácil 
n pólen 
r cadáver 
ps bíceps 
x tórax 
us vírus 
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i, is júri, lápis 
om, ons iândom, íons 
um, uns álbum, álbuns 
ã(s), ão(s) órfã, órfãs, órfão, órfãos 
ditongo oral (seguido ou não de 
s) 
jóquei, túneis 
Observações: 
1) As paroxítonas terminadas em "n" são acentuadas (hífen), mas as que terminam 
em "ens", não. (hifens, jovens) 
2) Não são acentuados os prefixos terminados em "i "e "r". (semi, super) 
3) Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes: ea(s), oa(s), 
eo(s), ua(s), ia(s), ue(s), ie(s), uo(s),io(s). 
Exemplos: várzea, mágoa, óleo, régua, férias, tênue, cárie, ingênuo, início. 
 
PROPAROXITONAS – Sílaba tônica – a última todas são acentuadas: 
Ex.: príncipe, matemática, bêbado, plástico. 
REFORMA ORTOGRAFICA 
- Alfabeto - ganha três letras 
ANTES 23 letras – AGORA 26 letras: entram k, w , y 
- Trema - desaparece em todas as palavras 
ANTES Freqüente, lingüiça - * Fica o acento em nomes como Müller – AGORA Frequente, 
linguiça, aguentar 
- Acentuação (1) - some o acento no i e no u forte depois de ditongos (junção de duas 
vogais), em palavras paroxítonas 
ANTES Baiúca, bocaiúva, feiúra – AGORA Baiuca, bocaiuva, feiura 
* Se oi e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí 
Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas 
- Acentuação (2) - some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos 
como averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar 
- Acentuação (3) - some o acento diferencial 
ANTES Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa – AGORA Para, pela, pelo, polo, pera, coa 
* Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode 
(presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo. 
- Acentuação (4) - some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as 
que têm a penúltima sílaba mais forte) 
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ANTES Européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, 
paranóia,jibóia, assembléia 
AGORA Europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, 
paranoia, jiboia, assembleia 
* Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte) 
- Acentuação (5) – nos verbos que terminam em em (singular e plural) . Ex.: ele tem/eles 
têm (permanece o acento). – Nos verbos que dobram as vogais – Ex.: ele vê/ eles veem ( 
o acento da forma plural desaparece, pois dobram as vogais) 
- Hífen - veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos: 
Prefixos 
Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, 
semi, sobre, supra, tele, ultra... 
Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última 
do prefixo: auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperialista, micro-ondas, mini-
hotel 
Em todos os demais casos: 
autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, 
minidicionário, minissaia, 
minirreforma, ultrassom. 
Hiper, inter, super 
Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: 
super-homem, inter-regional 
Em todos os demais casos: 
hiperinflação, supersônico 
Sub 
Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: 
sub-base, sub-reino, sub-humano 
Em todos os demais casos: 
subsecretário, subeditor 
Vice 
Sempre: vice-rei, vice-presidente 
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Pan, circun 
Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: 
pan-americano, circum-hospitalar 
Em todos os demais casos: 
pansexual, circuncisão 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
1. Transcreva do texto palavras, cuja tonicidade sejam: 
A) Duas 
oxítonas:__________________________________________________________
_________________________________________________________________ 
B) Duas 
paroxítonas:________________________________________________________
__________________________________________________________________ 
C) Duas 
proparoxítonas: 
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ 
2. Forme três palavras para cada radicais abaixo. (lembre-se de seguir a nova 
ortografia) 
a) ante 
b) anti 
c) auto 
d) extra 
e) semi 
 
3. Reescreva as palavras abaixo, segundo na reforma ortográfica: 
Anti-rábico, anti-social, auto-retrato, co-seno, multi-secular, neo-realismo, ultra-
resistente, anti-religioso, anti-rugas, microondas, semi-reta. 
 
4. Assinale a alternativa corretamente acentuada. 
a) Ela mantêm no sótão os três gatinhos de pelo cinzento. 
b) Ela mantém no sotão os três gatinhos de pelo cinzento. 
c) Ela mantêm no sotão os tres gatinhos de pêlo cinzento. 
d) Ela mantem no sotão os três gatinhos de pelo cinzento. 
 
5. Assinale a série em que todas as palavras estão acentuadas corretamente. 
a) ímã – virús – interíni – nínha 
b) polén – lons – paúl – bônus 
c) climax – saci – almôço – caráter 
d) amém – tríceps – jóquei – pôr (verbo) 
 
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6. Os pais_______ na tv que os desenhos animados______ grande influência sobre 
seus filhos, mas________ , também, que faz parte da infância. 
a) vêm, tem, crêm 
b) veem, tem, creem 
c) vem, tem, creem 
d) veem, têm, creem 
 
7. Assinale a forma incorreta quanto à acentuação: 
a) Eles leem o jornal todos os dias. 
b) As meninas têm muitos brinquedos. 
c) Os jovens crêem no futuro. 
d) Sempre que ando de ônibus, eu enjoo. 
 
8. 7. Assinale a alternativa incorreta quanto à acentuação: 
a) herói 
b) heroico 
c) jóia 
d) centopeia 
 
9. Em que alternativa as palavras devem ser acentuadas pelo mesmo motivo? 
a) tambem – refem 
b) velocidade – rubrica 
c) aniversario – fortuito 
d) saudade - boleia 
 
10. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente acentuadas. 
a) Tietê, órgão, chapéuzinho, estréia, advérbio 
b) fluido, anzóis, Tatuí, armazém, caráter 
c) saúde, melâúcia, gratuíto, amendoim 
d) inglês, cipó, cafézinho, útil, Itú 
 
11. Assinale a opção em que todas as palavras são acentuadas pela mesma regra de 
“alguém”, “inverossímil”, “caráter”, respectivamente: 
a) hífen, também, impossível 
b) armazém, útil, açúcar 
c) têm, anéis, éter 
d) há, impossível, crítico 
 
3. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
4. 
Com os elementos da comunicação, é possível usar como forma de comunicação, 
informação, expressão e significados os diversos sistemas simbólicos das diferentes 
linguagem. A forma de comunicação está divida entre: 
 Emissor: o que emite a mensagem. 
 Receptor: o que recebe a mensagem. 
 Mensagem: o conjunto de informações transmitidas. 
15 
 
 Código: a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem. A 
comunicação só se concretizará, se o receptor souber decodificar a mensagem. 
 Canal de Comunicação: por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista, 
cordas vocais, ar… 
 Contexto: a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente. 
 Ruído: qualquer perturbação na comunicação. 
4.FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
O linguista russo chamado Roman Jakobson caracterizou seis funções de linguagem, 
ligadas ao ato da comunicação: 
- Referencial Também chamada de denotativa ou informativa, é quando o objetivo é passar 
uma informação objetivas e impessoal no texto. É valorizado o objeto ou a situação de que 
se trata a mensagem sem manifestações pessoais ou persuasivas. 
Ex.: O jornal é um veiculo de comunicação. 
 
- Função expressiva Também chamada de emotiva, passa para o texto marcas de atitudes 
pessoais como emoções, opiniões, avaliações. Na função expressiva, o emissor ou 
destinador é o produtor da mensagem. O produtor mostra que está presente no texto 
mostrando aos olhos de todos seus pensamentos. 
Ex.: Ao ler algumas notícias nos jornais, sinto-me triste, alarmada e chocada com a 
violência. 
- Conativa É quando a mensagem do texto busca seduzir, envolver o leitor levando-o a 
adotar um determinado comportamento. Na função conativa a presença do receptor está 
marcada sempre por pronomes de tratamento ou da segunda pessoa e pelo uso do 
imperativo e do vocativo. 
Ex.: Paulo, você precisa ver o novo filme de Spielberg, é magnífico! 
 
- Fática É o canal por onde a mensagem caminha de quem a escreve para quem a recebe. 
Também designa algumas formas que se usa para chamar atenção. 
Ex.: Tenha muita calma, na prova, amigo, fácil não é, impossível também, não! 
 
- Metalinguística É quando a linguagem fala de si própria. Predominam em análises 
literárias, interpretações e críticas diversas. 
16 
 
Ex.: Língua Portuguesa: “última flor do lácio, inculta e bela” (Camões – Lusíadas) 
 
- Função poética E usada para despertar a surpresa e prazer estético. É elaborada de 
forma imprevista e inovadora. É importante notarmos que a linguagem sempre varia de 
acordo com a situação e as funções de linguagem nunca estão isoladas num texto. É claro 
que num texto uma função predomina, mas as funções mesclam-se e combinam-se o tempo 
todo. 
Ex.: “Meu canto de morte, guerreiros ouvi 
 Sou filho do Norte, (...) Guerreiro Tupi” (I Juca Pirama – Gonçalves Dias) 
 
5. COESÃO, COERÊNCIA 
A organização do pensamento: objetividade e clareza de ideias 
 Na construção de um texto, assim como na fala, usamos mecanismos para garantir 
ao interlocutor a compreensão do que é dito, ou lido. 
 Esses mecanismos linguísticos, que estabelecem a conectividade e a retomada do 
que foi escrito ou dito, são os referentes textuais e buscam garantir a coesão textual para 
que haja coerência, não só entre os elementos que compõem a oração, como também entre 
a sequência de orações dentro do texto. 
 Essa coesão também pode muitas vezes se dar de modo implícito,baseado em 
conhecimentos anteriores que os participantes do processo têm com o tema. Por exemplo, o 
uso de uma determinada sigla, que para o público a quem se dirige deveria ser de 
conhecimento geral, evita que se lance mão de repetições inúteis. 
 Em uma linguagem figurada, a coesão é uma linha imaginária - composta de termos e 
expressões - que une os diversos elementos do texto e busca estabelecer relações de 
sentido entre eles. 
 Dessa forma, com o emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, 
substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de pronomes, conjunções, numerais, 
elipses), constroem-se frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decorre 
daí a coerência textual. 
 Um texto incoerente é o que carece de sentido ou apresenta-se de forma 
contraditória. Muitas vezes essa incoerência é resultado do mau uso daqueles elementos de 
coesão textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um erro no emprego dos 
mecanismos gramaticais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Construído com os 
elementos corretos, confere-se a ele uma unidade formal. 
17 
 
 Nas palavras do mestre Evanildo Bechara , “o enunciado não se constrói com um 
amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de 
dependência e independência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e 
rítmicas que sedimentam estes princípios”. 
 Desta lição, extrai-se que não se deve escrever frases ou textos desconexos – é 
imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que essas frases estejam coesas e coerentes 
formando o texto. 
 Em um texto as partes se solidarizam, formando um todo dotado de sentido. Frases 
soltas não constituem textos, pois estes têm como característica básica a inter-relação entre 
as partes. O que entendemos por COESÃO corresponde aos mecanismos de ligação que 
possibilitam a construção de textos. Duas são as formas de coesão: 
 Além disso, relembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo 
entre os elementos que compõem a estrutura textual. 
 Há diversas formas de se garantir a coesão entre os elementos de uma frase ou de 
um texto: 
 
- Substituição de palavras com o emprego de sinônimos, ou de palavras ou expressões do 
mesmo campo associativo. 
 
- Nominalização – emprego alternativo entre um verbo, o substantivo ou o adjetivo 
correspondente (desgastar / desgaste / desgastante). 
 
- Repetição na ligação semântica dos termos, empregada como recurso estilístico de 
intenção articulatória, e não uma redundância - resultado da pobreza de vocabulário. Por 
exemplo, “Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, 
ele morreu desconhecido e só.” (Rocha Lima) 
 
- Substitutos universais, como os verbos vicários (ex.: Necessito viajar, porém só o farei 
no ano vindouro). A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de conectivos, como certos 
pronomes, certos advérbios e expressões adverbiais, conjunções, elipses entre outros. 
A 
elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente 
identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas 
forças. O termo o “jovem” deixa de ser repetido e, assim, estabelece relação entre as duas 
orações). 
 
18 
 
- Dêiticos são elementos linguísticos que têm a propriedade de fazer referência ao contexto 
situacional ou ao próprio discurso, os quais exercem, por excelência, a função de 
progressão textual, dada sua característica: são elementos que não significam, apenas 
indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa. 
 Já os componentes concentram em si a significação. 
Elisa Guimarães ensina-nos a 
esse respeito: 
 


“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participantes do ato do 
discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem 
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da enunciação, podendo indicar 
simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. 
“Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, há 
alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo ano, depois de (futuro).” 

 Somente a coesão, contudo, não é suficiente para que haja sentido no texto, esse é o 
papel da coerência. E coerência se relaciona intimamente a contexto. 
 Um texto pode ser incoerente em ou para determinada situação se seu autor não 
consegue inferir um sentido ou uma ideia através da articulação de suas frases e parágrafos 
e por meio de recursos linguísticos (pontuação, vocabulário, etc.). 
 A coerência textual é a relação lógica entre as ideias, pois essas devem se 
complementar, é o resultado da não contradição entre as partes do texto. 
 A coerência de um texto inclui fatores como o conhecimento que o produtor e o 
receptor têm sobre o assunto abordado no texto, conhecimento de mundo, o conhecimento 
que esses têm da língua que usam e sobre intertextualidade. 
 Pode-se concluir que texto coerente é aquele ao qual é possível estabelecer sentido; 
é entendido como um princípio de interpretabilidade. 
 
Veja o exemplo: “As crianças estão morrendo de fome por causa da riqueza do país.” 
 “Adoro sanduíche porque engorda.” 
 
 As frases acima são contraditórias, não apresentam informações claras, portanto, são 
incoerentes. 
 Além desse tipo de coesão, há também outro responsável por assinalar determinadas 
relações de sentido que faz com o texto progrida. É a chamada COESÃO SEQUENCIAL, 
realizada por CONECTORES (conjunções, alguns advérbios e as preposições da língua). 
19 
 
Vejamos agora algumas dessas relações de sentido: 
 
- ADIÇÃO: liga enunciados que constituem argumentos voltados para uma mesma direção 
argumentativa. Conectores: e, também, não só, mas também (e variações), tanto...como, 
além de, além disso, ainda, nem (=e não). 
Ex.: João é, sem dúvida, o melhor candidato. Tem boa formação e apresenta um consistente 
programa administrativo Além disso, revela pleno conhecimento dos problemas da 
população. Ressalte-se, ainda, que não faz promessas demagógicas. A reunião foi um 
fracasso. Não se chegou a nenhuma conclusão importante, nem se discutiu o problema 
central. 
 
- ALTERNÂNCIA/EXCLUSÃO: exprimem fatos ou conceitos que se alternam ou que se 
excluem mutuamente. Conectores: ou (isolado ou cm pares), ora...ora, já...já, quer. ..quer. 
Exs.: Tome uma atitude agora ou assuma sua incapacidade. (alternância) 
 Lula ou José Serra será o próximo Presidente da República. (exclusão) 
 
- OPOSIÇÃO: estabelece ligação entre enunciados que caminham em direções 
argumentativas opostas. Duas são as formas de oposição: concessiva e adversativa. Na 
concessão, o argumento que prevalece é aquele que não é encabeçado pelo conector, 
dando-se uma razão relativa ao outro argumento: 
Ex.: Embora beba, João é um bom advogado. 
 
- SÃO CONECTORES CONCESSIVOS: embora, ainda que, mesmo que, apesar de (que), 
se bem que, posto que, conquanto, por mais que. 
Na oposição adversativa, o argumento encabeçado pelo conector se impõe, refutando o 
argumento anteriormente acatado: 
Ex: João bebe, mas é um bom advogado. Bonitinha, mas ordinária. 
São conectores adversativos: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, não 
obstante. 
 
- CONCLUSÃO: introduz-se um enunciado do valor conclusivo em relação a dois outros 
anteriores que contém as premissas, uma das quais geralmente, permanece implícita por 
tratar-se de algo que a voz geral, do consenso em dada cultura, ou então uma verdade 
universalmente aceita. São conectores conclusivos: logo,por isso, portanto, por 
conseguinte, então, assim, pois (depois do verbo) 
20 
 
Ex.: João é um indivíduo perigoso. Portanto, fique longe dele. 
 
- CAUSA/CONSEQUÊNCIA: relações que não podem ser apartadas do ponto do vista 
lógico. A causa é aquilo que provoca um determinado fato, que vem a ser a consequência. 
Portanto, o enunciado que expressa a causa tem de, necessariamente, indicar um fato maior 
ao outro a que se liga (a consequência). São conectores causais: porque, pois, já que, visto 
que, uma vez que, porquanto, na medida em que, como (sempre encabeçando o período). 
Ex.: O advogado ganhou a causa uma vez que argumentou brilhantemente. 
Não se deve confundir causa com explicação. Uma explicação é sempre posterior ao fato 
que a gerou; uma causa é sempre anterior à consequência que dela resulta. 
Observe: 
Ex.. Choveu, porque as ruas estão molhadas. ( perceber que as ruas estavam molhadas 
levou o locutor a dizer que 'choveu".) Neste caso, fala-se em explicação. 
 Se, por outro lado, tivéssemos: 
 "As ruas estão molhadas porque choveu.", as relações seriam de causa e consequência 
(fato anterior com fato posterior). 
 
- CONDIÇÃO: expressa fato real ou hipotético, necessário à realização ou não realização de 
outro fato. São conectores condicionais: caso, se, contanto que, desde que, salvo se, exceto 
se, a menos que, uma vez que (seguido de verbo no subjuntivo). 
Ex.: Se houver um planejamento apropriado, os bons resultados surgirão. 
 
- COMPARAÇÃO: expressa o fato ou o ser com que se compara o fato ou ser mencionado 
na outra oração. São conectores comparativos: como, tão...como (quanto), mas...do que, 
menos que, mais que etc. 
Ex.: Ele tem trabalhado como um obstinado. 
- FINALIDADE: exprime a intenção, o objetivo do que se declara na outra oração. Os 
conectores que expressam essa relação são: a fim de que e para que: 
Ex.: Vários grupos atuaram conjuntamente a fim de que exercessem maior pressão. 
 
- CONFORMIDADE: exprime fatos que estão de acordo com o que se declara na outra 
oração. Os conectores são como, segundo, consoante. 
Ex.: Tudo foi feito conforme combináramos na véspera. 
 A coesão colabora com a coerência, porque os conectivos ajudam a dar o sentido à 
união de duas ou mais ideias: alternância, conclusão, oposição, concessão, adição, 
explicação, causa, consequência, temporalidade, finalidade, comparação, conformidade, 
condição. 
21 
 
 As ideias numa dissertação precisam se completar, a geral se apoia na particular, a 
particular sustenta a geral. Na narração, se uma personagem for negra no começo, será 
assim até o fim. (Só Michel Jackson trocou de cor!) A menos que a mudança da coloração 
seja significativa. 
Veja um exemplo de incoerência na dissertação: 
“O verdadeiro amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido. 
Para distrai-lo, conta-lhe sobre seu prestígio profissional, conquistas amorosas e capacidade 
de sair-se bem das situações. Isso, com certeza, vai melhorar o estado de espírito do 
infeliz”. 
 
Exemplo de incoerência em narração: 
 “O quarto espelhava as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao 
ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. 
Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de 
alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as 
obras completas de Shakespeare”. 
 
DICAS IMPORTANTES 
• Leia atentamente o que está sendo solicitado. Atualmente, as propostas se aproximam da 
realidade dos candidatos, constituindo-se roteiros confiáveis para a organização de ideias. 
• Crie mentalmente um interlocutor. Procure convencer um ouvinte específico do seu ponto 
de vista. 
• Planeje o texto sem utilizar fórmulas prontas. O fio condutor deve ser seu pensamento. 
• Evite marcas de língua falada. Escrita e fala são modalidades diferentes do idioma. Evite 
gírias e termos excessivamente coloquiais. 
• Confie em seu vocabulário. Todos guardamos palavras sem uso que podem transmitir com 
clareza o nosso pensamento. Procure encontrá-las. 
• Seja natural. Evite o uso de palavras de efeito apenas para impressionar o receptor. 
• Acredite em seus pontos de vista e defenda-os com convicção. Eles são seu maior trunfo. 
EXERCÍCIOS SOBRE COERÊNCIA: 
1. Leia as frases abaixo e identifique os problemas de construção, relacionando-os com 
os itens a seguir: 
a) O trânsito apresenta inúmeros acidentes graves. É preciso saber-se suas causas para 
descobrirmos as possíveis soluções. 
b) Pelé foi o melhor jogador de futebol que o mundo já viu. Maradona também foi o 
melhor. 
c) Quando fazia chuva nas minhas férias, eu pensava que até é bom para descansar. 
22 
 
d) O progresso tecnológico avança a cada dia. A internet é o carro-chefe de todo esse 
avanço. Hoje, poucas pessoas ainda usam tevê sem controle remoto. As pessoas 
estão cada vez mais comodistas. 
( ) há contradição de ideias; 
( ) há contradição no uso da pessoa do discurso; 
( ) faltou relação do tópico frasal com a conclusão; 
( ) há contradição no uso do tempo verbal. 
 
 
6. AMBIGUIDADE 
Ambiguidade ocorre quando a colocação de uma palavra em uma frase leva a 
múltiplas interpretações do mesmo enunciado. Repare nessa frase: 'Crianças que têm boa 
educação frequentemente são mais sadias'. "O modo como está colocada a palavra 
'frequentemente' induz a dúvida sobre o sentido da frase". A posição de determinados 
advérbios é um dos segredos para não construir frases com sentido ambíguo. 
 
 Ainda, a ambiguidade pode surgir da polissemia que é a propriedade das palavras 
que possuem mais de um significado, cujo sentido só pode ser descoberto dentro do 
contexto da frase. 
 Ex.: Meu cachorro quebrou a perna. 
 A perna da cadeira está trincada. 
 Ela gosta de “bater perna” no shopping. 
 
 Em cada um desses enunciados é possível identificar o diferente sentido da palavra 
perna, em função do enunciado. 
 
 
Exercícios sobre ambiguidade 
 
A) Não há ambiguidade na frase: 
1) Estivemos na escola da cidade que foi destruída pelo incêndio. 
2) Câmara torna crime porte ilegal de armas. 
3) Vi o acidente do barco. 
4) O policial prendeu o ladrão em sua casa. 
 
B) Reescreva as frases a seguir e desfaça as ambiguidades. 
1) João e Maria vão casar-se. 
2) Eu e ela viemos de carro. 
3) O juiz declarou ter julgado o réu errado. 
4) Comi um churrasco num restaurante que era gostoso. 
5) Não gostei da pintura da minha irmã. 
6) A empregada lavou as roupas que encontrou no tanque. 
7) Se você tivesse ido à festa com José, encontraria sua namorada. 
23 
 
8) Você deve esperar seu irmão e levá-lo em seu carro até o hospital. 
9) Em casual encontro com Júlia, Pedro fez comentários sobre os exames. 
10) Deixe o cigarro correndo. 
11) Meias para mulheres pretas. 
12) Vendo carnes para freguês sem pelanca. 
13) Ele viu o acidente da ponte. 
14) Não deixe a preocupação acabar com você. Deixe que a comunidade ajude”. 
 
7. TIPOS DE TEXTOS E PARAFRASE 
 
Para quem deseja aprender a escrever corretamente, com qualidade e em boa quantidade, 
nada será mais importante do que conhecer os tipos de textos existentes. 
As tipologias existentes A primeira coisa que uma pessoa deve saber antes de iniciar 
a produção textual, é que só existem quatro tipos de textos, sendo que dentro destes 
tipos é possível criar praticamente de tudo em matéria de escrita. 
As tipologias existentes dentro da produção textual são as seguintes: texto narrativo, texto 
descritivo, texto dissertativo e texto expositivo. Sendo que para cada um, há simplesmenteum pequeno universo de possibilidades a ser explorado. 
Texto narrativo - Este é o tipo de texto mais utilizado pela imprensa em geral, já que é o 
que melhor permite que um fato seja contado para as pessoas de modo detalhado, deixando 
bem claro o lugar, o tempo e as pessoas envolvidas. 
Também é muito utilizado pela ficção, já que permite que contos, fábulas, crônicas, novelas, 
romances, e muitos outros sejam construídos usando as estruturas pré-estabelecidas pelo 
modelo de texto narrativo. 
Texto descritivo - Outro tipo de texto que é muito utilizado é o texto descritivo, que serve 
para descrever de modo bem detalhado e minucioso praticamente de tudo: lugares, animais, 
pessoas e até mesmo objetos. 
Texto dissertativo - Muito visto na produção acadêmica, o texto dissertativo necessita de 
muito apuro da pessoa, já que neste tipo de texto, ela deverá interpretar, analisar, explicar e 
avaliar determinados dados da realidade disposta. 
De todos os tipos de textos, o texto dissertativo é o que mais exige reflexão por parte do 
escritor, já que suas opiniões expressas no texto deverão ter fundamento e ligação profunda 
com os temas propostos. 
24 
 
Texto argumentativo ou expositivo - Este é o tipo de texto no qual o autor faz uso da 
persuasão para levar o leitor a acreditar e até mesmo se engajar no tema proposto, de modo 
que ele passe a aceitar os argumentos apresentados no texto. 
O texto argumentativo é o mais utilizado por quem deseja fazer manifestos abertos, bem 
como cartas abertas, sendo muito utilizado por partidos políticos e entidades de classe, entre 
outros. 
 
PARAFRASE 
 A paráfrase é um discurso ou um texto que pretende explicar e ampliar uma informação, com 
o objectivo de tornar os dados mais fáceis de entender e assimilar pelo receptor. O conceito deriva 
de paraphrăsis, que é um termo latino. 
A paráfrase pretende esclarecer as várias dimensões de uma mensagem. Para tal, faz uma 
espécie de imitação do discurso original, ainda que recorrendo a uma linguagem diferente.
 Existem diversas maneiras de fazer uma paráfrase. Pode-se reescrever absolutamente a 
mensagem, criando um texto novo, mas que mantenha o primeiro significado. Outra opção é recorrer 
ao sinónimo para trocar as palavras, conservando a sintaxe quase sem alterações. 
Exemplo: “A irrupção de Febo deixou a nossa morada iluminada” é uma expressão que pode 
dar origem a uma paráfrase como “A saída do Sol iluminou a nossa casa”. 
 
Um uso habitual da paráfrase tem lugar nos estabelecimentos de ensino quando um 
aluno deve explicar, com as suas próprias palavras, algo que lhe tenha transmitido o 
docente. Ao dar lição, por conseguinte, o aluno realizará uma paráfrase da dissertação do 
professor. 
A paráfrase também aparece quando se converte uma poesia em prosa, ou quando 
se leva um conto ou um romance para o campo do verso. Certos livros clássicos, por outro 
lado, também dão origem a uma paráfrase quando alguns autores procuram “actualizar” a 
sua linguagem e substituem o vocabulário original por termos que são mais frequentes na 
época actual. 
A tradução de um texto de uma língua para outra, por fim, pode considerar-se uma 
paráfrase. 
 
 
 
 
25 
 
A LINGUAGEM JURÍDICA E A COMUNICAÇÃO ENTRE OADVOGADO E SEU 
CLIENTE NA ATUALIDADE (ADAPTADO) 
Suzana Minuzzi Reolon 
 O Direito é a ciência social que está presente no cotidiano da vida das pessoas, mesmo que 
elas não percebam: seja na hora do nascimento de uma vida humana, seja quando faz uma compra 
numa loja, seja quando paga seus impostos, seja quando ocorre um acidente de trânsito, seja 
quando há uma briga entre vizinhos, seja na hora da morte de um ente querido, apenas para 
exemplificar. Dependendo do acontecimento, este será “encaixado” em algum ou alguns dos ramos 
do Direito. 
O Direito, por ser uma ciência interdisciplinar que se comunica principalmente com a filosofia, 
a sociologia, a política, a ética, a linguagem dentre outras, torna-se um elemento de evolução da 
própria história de um país. Daí a Importância do conhecimento e de toda uma postura dos 
operadores do direito, como protagonistas deste processo de evolução. 
O principal instrumento que o advogado vai usar para se comunicar é a linguagem, sua única 
“arma” para que possa concretizar seu conhecimento e interagir com seus clientes e também com os 
demais operadores do Direito. A linguagem utilizada pelo advogado, por ser muito técnica, pode 
dificultar a comunicação entre o advogado e seu cliente, pois o cliente, nem sempre, ou na maior 
parte das vezes, tem qualquer conhecimento jurídico (e nem deve ter, por isso contrata um 
advogado). O advogado, por sua vez, pode não perceber que a comunicação está falhando ou 
mesmo não está acontecendo. Este trabalho não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas 
pretende fazer uma análise de alguns principais pontos para que a comunicação seja um pouco mais 
efetiva entre os operadores do direito, especialmente entre o advogado e seu cliente, ponto de 
partida da maior parte das lides. 
Não se pode perder de vista que o cliente de um advogado pode ser uma pessoa natural, 
com o mais variado grau de instrução e de entendimento a respeito do mundo, como também uma 
pessoa jurídica, também com uma variedade infinita de características próprias, de acordo com a 
área de atuação no mercado. Claro que, mesmo sendo uma pessoa jurídica, será representada 
também por uma pessoa natural, que trará toda uma bagagem de conhecimento bastante 
diversificada. Mais uma vez, o papel do advogado torna-se complexo justamente por essa 
necessidade de interação com um público que pode variar bastante em seu aspecto social, cultural, 
econômico e político. 
Desta forma, os operadores do Direito, desde o início da sua formação, devem dar uma 
atenção especial ao estudo da nossa Língua Portuguesa, para que haja uma contribuição efetiva no 
sentido de que o Direito seja um pouco mais acessível a todos. Os estudantes de Direito, unidos com 
suas entidades formadoras tem essa responsabilidade, uma vez que faz parte do papel desses 
profissionais, como transformadores da sociedade, se fazerem entender por todos. 
 
26 
 
8. FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO 
Frase, oração e período são fatores constituintes de qualquer texto escrito em prosa, pois o 
mesmo compõe-se de uma sequencia lógica de ideias, todas organizadas e dispostas em parágrafos 
minuciosamente construídos. 
Por isso, é importante saber o conceito de cada um deles. 
Frase – É todo enunciado linguístico dotado de significado, ou seja, é uma comunicação clara, 
precisa e de fácil entendimento entre os interlocutores, seja na língua falada ou escrita. Neste caso, 
temos a frase nominal e verbal. A frase nominal não é constituída por verbo. 
Ex: Que dia lindo! 
Já, na frase verbal, há a presença do verbo. 
Ex: Preciso de sua ajuda. 
Oração - É todo enunciado linguístico dotado de sentido, porém há, necessariamente, a presença do 
verbo ou de uma locução verbal. Este verbo, por sua vez, pode estar explícito ou subentendido. 
 Ex: Os garotos adoram ir ao cinema e depois ao clube. 
Podemos perceber a presença do sujeito e do predicado. 
Período – É um enunciado linguístico que se constitui de uma ou mais orações. Este se classifica 
em: 
- Período simples - formado por apenas uma oração, também denominada de oração absoluta. 
 
Ex: Os professores entregaram as provas. 
- Composto - formado por duas ou mais orações. 
Ex: Hoje o dia está lindo, por isso os garotos irão ao cinema, ao clube e depois voltarão para suas 
casa felizes. 
EXERCÍCIOS 
 
01. Para treinarmos um pouco mais sobre o assunto, façamos alguns exercícios completando as 
lacunas, classificandoos enunciados como: frase, período simples ou composto: 
a) Pedro chegou estressado em casa. ________________________ 
b) Nossa! Pare com tantos comentários indesejáveis. ______________________ 
c) Razão e emoção... as duas vértices da vida. __________________________ 
d) Caso você venha amanhã, traga-me aquele seu vestido vermelho. __________ 
e) Não concordo com suas atitudes, pois vão de encontro aos meus princípios. ________________ 
 
02. Das frases abaixo, assinale as que contêm oração ou orações, ou seja, formadas por verbos: 
a) Que dia quente! 
b) Belas, as manhãs sertanejas! 
c) Estou em Monteiro há onze anos. 
d) O aluno compreende o olhar do professor. 
e) Silêncio! 
f) O sol brilhava no céu nordestino. 
. 
27 
 
 
TEXTOS OBJETIVOS PRESTAM SERVIÇO AO CIDADÃO 
 
Por Patrício Coelho Noronha 
 
Assim como outras ciências, o Direito possui linguagem própria, com vocabulário especial, de 
difícil compreensão, mas não menos justificável que o da Medicina, Informática e outras. Tal 
especificidade, por sua vez, confere à linguagem jurídica um grau de hermetismo que, embora não 
de todo inquestionável, explica-se pela necessidade de precisão dos conceitos, para muitos dos 
quais dificilmente se encontram formas alternativas mais simples de substituição. 
No entanto, muitas vezes se nota que do tecnicismo a bom termo desanda-se para o 
rebuscamento, para o emprego de construções excessivamente requintadas, floreadas, o que até 
pode dar à forma dos textos uma feição cintilante, porém não raro vazia de substância. Essa 
inclinação para o ornato se verifica tanto no nível lexical, que é o plano da escolha das palavras, 
quanto no sintático, em que se trabalha a combinação entre elas e os demais constituintes 
estruturais do período – e ainda no semântico (nível do significado), visto que é a partir de tais 
escolhas e combinações que se constroem sentidos. 
Na dimensão lexical, isso se observa sobretudo no preciosismo do vocabulário, no uso de 
expressões latinas e arcaizantes. “Pretório Excelso” no lugar de Supremo Tribunal Federal, “peça 
exordial” no de petição inicial, “objurgatório” no de censurável; e latinismos do tipo a quo (recorrido), 
ex vi legis (por força de lei), ab initio (desde o início), quantum satis (quanto baste, 
suficiente), desideratum decisum (pretendido pela decisão) são apenas algumas das algaravias 
presentes em diversos textos jurídicos. 
No plano sintático, a mesma tendência ao adorno se percebe nas construções invertidas ou 
fora da ordem direta — não raro com a anteposição desnecessária (ou sem razão estilística) de 
verbos aos sujeitos —, nas frases e períodos longos, centopéicos, sem economia alguma de 
subordinações e intercalações, o que quase sempre concorre para a incidência nos vícios 
linguísticos de prolixidade e verbosidade. 
Tudo isso somado — rebuscamento, palavrório e tecnicismo ad nauseam — redunda, no 
plano semântico, em barreiras de leitura que quase impossibilitam a apreensão do sentido, a 
recepção do texto, sobretudo pelo leitor médio, pelo homem comum. Daí o questionamento: como 
pode esse mesmo homem atuar de modo mais efetivo no contexto social, político e econômico em 
que vive se não decifra mínima ou razoavelmente os signos do Direito? 
Contudo, para aqueles mais empedernidos na defesa do juridiquês, convém a sugestão de 
que restrinjam o hermetismo aos textos jurídicos de natureza acadêmica, científica ou doutrinária, 
dado o público específico a que se dirigem. Já quanto aos de lavra forense, que se destinam 
diretamente ao público “normal”, hão de se valer de maior simplicidade, objetividade e clareza, para o 
fim de se ter uma prestação jurisdicional mais eficiente, legítima, cidadã. 
Nesse compasso, é oportuno evocar o discurso de posse da ministra Ellen Gracie como 
presidente do Supremo Tribunal Federal, importante não apenas pelo caráter histórico de trazer as 
28 
 
primeiras palavras de uma mulher à frente da nossa Suprema Corte, mas também por demonstrar, 
entre outras, preocupação com a acessibilidade da linguagem forense: 
 Que a sentença seja compreensível a quem apresentou a demanda e se enderece às partes 
em litígio. A decisão deve ter caráter esclarecedor e didático. Destinatário de nosso trabalho é o 
cidadão jurisdicionado, não as academias jurídicas, as publicações especializadas ou as instâncias 
superiores. Nada deve ser mais claro e acessível do que uma decisão judicial bem fundamentada. E 
que ela seja, sempre que possível, líquida. Os colegas de primeiro grau terão facilitada, a partir de 
agora, esta tarefa de fazer chegar as demandas a conclusão.” 
 
9. TOPICO FRASAL 
A ideia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico frasal. Esse 
período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou 
periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o período mestre, que 
contém a frase-chave. Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o 
tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a 
tese, o tópico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a ideia central com o potencial 
de gerar idéias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou 
negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, 
exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é 
enunciação, supõe desdobramento ou explicação. 
A ideia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, seguida de outros 
períodos que explicam ou detalham a ideia central. 
Exemplos: 
Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltratá-los. O modo de tratar o 
cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as 
qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu 
que paciência e muitos exercícios são os principais meios para se obter sucesso na lida com os 
cavalos, e que não se pode exigir mais do que é esperado. 
 
Tópico frasal desenvolvido por enumeração: 
Exemplo: 
A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às pessoas, tais como: 
informação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de importante em qualquer parte do 
mundo; diversão, através de programas de entretenimento (shows, competições esportivas); cultura, 
por meio de filmes, debates, cursos. 
 
Tópico frasal desenvolvido por descrição de detalhes: 
É o processo típico do desenvolvimento de um parágrafo descritivo: 
Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se em alicerces o 
muramento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...) À porta da entrada ia ter 
uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastado. (Monteiro Lobato) 
29 
 
 
Tópico frasal desenvolvido por confronto: 
Trata-se de estabelecer um confronto entre duas ideias, dois fatos, dois seres, seja por meio de 
contrastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças. Veja o Exemplo: 
Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato de que, 
numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances adiante. No 
xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode seguir seus planos 
sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será prontamente abatido. O mesmo 
acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às 
respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudançasda situação geral, na medida em que se 
apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado) 
 
Tópico frasal desenvolvido por razões: 
No desenvolvimento apresentamos as razões, os motivos que comprovam o que afirmamos no 
tópico frasal. 
As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de maneira tão 
generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simbólica, da 
experiência infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo está cheio de objetos 
misteriosos, de acontecimentos incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria presença da 
criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de experimentar de 
modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa. (Gianni Rodari, adaptado) 
 
Tópico frasal desenvolvido por análise: 
É a divisão do todo em partes. 
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar, divertir, 
persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comentários sobre a 
realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por parte do público. 
A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto. A quarta é realizada de 
modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a formação do indivíduo ou para 
ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto, adaptado) 
 
Tópico frasal desenvolvido pela exemplificação: 
Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de exemplos: 
A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará existindo. Sua presença é 
uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas 
e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um 
paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida 
mais justa, pedem-nos que "sejamos realistas, exijamos o impossível". (Teixeira Coelho, adaptado). 
 
EXERCICIOS 
A) Desenvolva estes tópicos frasais da maneira que achar melhor 
01) A prática do esporte deve ser incentivada e amparada pelos órgãos públicos. 
 02) O trabalho dignifica o homem, mas o homem não deve viver só para o trabalho. 
 03) A propaganda de cigarros e de bebidas deve ser proibida. 
 04) O direito à cultura é fundamental a qualquer ser humano. 
 05) O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que 
30 
 
 06) As mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções de destaque na vida social e política 
de muitos países; no entanto 
 07) Um curso universitário pode ser um bom caminho para a realização profissional de uma pessoa, 
mas... 
 08) Se não souber preservar a natureza, o ser humano estará pondo em risco sua própria 
existência, porque... 
 09) Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência que existe hoje 
em várias cidades; outras, porém 
 10) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, porque. 
 
B) Tópicos frasais para serem desenvolvidos na maneira sugerida. 
 01) Anacleto é um detetive trapalhão. (por enumeração de detalhes: forneça a descrição física e 
psicológica do personagem). 
 02) As novelas transmitidas pela televisão brasileira são muito mais atraentes que nossos filmes. 
(por confronto) 
 03) As cidades brasileiras estão se tornando ingovernáveis. (por razões) 
 04) Há três tipos básicos de composição: a narração, a descrição e a dissertação. (por análise) 
 05) Nunca diga que algum ser humano é uma ilha: tudo que acontece a um semelhante nos atinge. 
(por exemplificação) 
 
O HOMEM E A SOCIEDADE 
REGINA MEIRA 
 Vários autores elaboraram conceitos relativos à interdependência entre o indivíduo e o meio 
social ao qual pertence, pode-se, também, discutir essa interdependência a partir de um tema 
específico: o da relação entre a história do indivíduo, sua biografia e a sociedade em que está 
inserido. 
 Toda pessoa tem sua biografia particular, sua própria estrutura física e psicológica que a 
torna diferente de todas as outras. Há, porém, uma outra dimensão que a torna ligada a outras 
pessoas. Quando nascemos já encontramos uma sociedade estruturada, com normas, valores, 
costumes e práticas sociais que são aceitas pela maior parte das pessoas, como afirmava 
Durkheim, e como uma forma de produção de vida material que segue determinados parâmetros, 
como colocava Marx. 
A vida em sociedade é possível, portanto, porque as pessoas falam a mesma língua, 
possuem determinadas leis comuns que regem a sua vida cotidiana, têm a mesma moeda que 
utilizam para comprar e vender, possuindo também uma história passada comum, que, de alguma 
forma, lhes dá um sentimento de participarem da mesma sociedade. 
31 
 
O fundamental de tudo isso é perceber que o que é individual e o que é comum são estão 
separados, mas formam uma relação que vai se constituindo de acordo com a maneira como os 
diversos indivíduos reagem às situações que se lhes apresentam no seu cotidiano. Uns podem ser 
mais passivos ou mais altivos, alguns podem reagir e lutar, enquanto outros são mais acomodados 
perante as circunstâncias. Entretanto, é nesse processo que eles vão construindo a sociedade em 
que vivem. Se as circunstâncias formam os indivíduos, estes também criam as circunstâncias. 
A vida particular de cada indivíduo está, de alguma maneira, condicionada por decisões e 
escolhas que ocorrem fora de seu alcance, em outros níveis da sociedade. O importante é saber que 
existem vários níveis de intermediação entre a vida privada, a biografia, a história individual, de um 
lado, e o contexto social mais amplo, do outro. 
Quando participamos de uma eleição, estamos votando em algum candidato que está inscrito 
num partido, que, por sua vez, é organizado de uma forma previamente determinada pelas leis 
vigentes naquele momento, em nosso país. Por outro lado, escolhemos um candidato que já foi 
escolhido pelos membros do partido, que se reuniram para decidir quem deveria ser candidato. 
Concluindo: só podemos votar em quem já foi anteriormente escolhido por outras pessoas. 
Pretendendo entrar numa universidade e fazer um curso para se tornar um profissional em 
alguma área, a pessoa está aceitando todas as regras que definem a forma de ingressar na 
universidade, isto é, ela participa de um exame classificatório, o vestibular, para ser aceito e, depois, 
aceitará todas as normas impostas pela instituição até ser considerado apto para ser um profissional. 
Um operário que participa de uma greve está, também, desde o início sofrendo a ação de leis 
e atos que regulamentam a relação do capital com o trabalho, que vão desde o contrato de trabalho 
assinado com a empresa, passando pelas determinações de como se pode constituir um sindicato, 
até ação do poder judicial e da polícia. 
Todas essas situações demonstram que as decisões que tomamos em nosso cotidiano 
sempre têm relação com outras decisões que foram tomadas anteriormente, seja em níveis 
próximos, seja em níveis distantes do nosso dia-a-dia. Nos exemplos citados, muitas das 
regulamentações que regem nossa conduta foram decididas pelo Congresso Nacional. As leis que 
regem os partidos políticos e as eleições que definem como se organizam as universidades e que 
definem as estruturas dos cursos, bem como as que regulam as relações entre o capital e o trabalho, 
todas elas foram decididas por indivíduos que são considerados representantes da sociedade e, 
muitas vezes, o cidadão nem sabe como essas leis foram feitas nem tampouco quais os interesses 
coletivosenvolvidos. Entretanto, todas elas atingem de forma desigual, é claro, uma vez que os 
indivíduos se distribuem de forma desigual na sociedade. 
 
REFERENCIAS 
BOFF, Odete Maria. Leitura e Produção Textual. Vozes. 2010. 
 
XAVIER, Caldeira R. Português no Direito. Forense, 2010 
 
32 
 
KOCH, I. V. Ler e Escrever: Estratégias de Produção Textual. Contexto. 2009 
FARACO, Carlos Alberto. Pratica de Texto. Vozes. 2011. 
 
FIORIN, Jose Luis Lições de Texto: Leitura e Redação. São Paulo: Ática, 2007. 
 
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção Textual: Análise de Gêneros e Compreensão. Parábola. 2009. 
 
LAITANO, José Carlos. Criação do Texto Jurídico. AGE. 2008. 
 
HENRIQUES, Antonio. Linguagem Jurídica e Argumentação. Atlas. 2010.

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