Buscar

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 321 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 321 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 321 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 1 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
1. Introdução ao Processo Penal .................................................................................................................. 2 
2. Lei processual penal: eficácia no tempo e no espaço ............................................................................ 10 
3. Sujeitos do Processo ............................................................................................................................... 18 
4. Comunicação dos atos processuais ........................................................................................................ 32 
5. Inquérito Policial ..................................................................................................................................... 39 
6. Ação Penal ............................................................................................................................................... 56 
7. Questões e Processos Incidentes ........................................................................................................... 78 
8. Jurisdição e competência...................................................................................................................... 103 
9. Prova penal ........................................................................................................................................... 119 
10. Prisão processual, medidas cautelares e liberdade provisória ......................................................... 160 
11. Procedimentos .................................................................................................................................... 188 
12. Nulidades ............................................................................................................................................ 232 
13. Sentença penal .................................................................................................................................... 243 
14. Recursos criminais .............................................................................................................................. 262 
15. Habeas corpus ..................................................................................................................................... 301 
16. Revisão criminal .................................................................................................................................. 310 
17. Mandado de segurança em matéria criminal .................................................................................... 314 
18. Correição parcial ................................................................................................................................. 319 
19. Reclamação ......................................................................................................................................... 320 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 2 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 
Aula 01. Introdução, sistemas processuais penais, princípios processuais penais e constitucional. Lei 
processual penal (eficácia no tempo e no espaço). Sujeitos do processo (Juiz, MP, Acusado). 
1. Introdução ao Processo Penal 
O processo penal é um instrumento que viabiliza o exercício do poder punitivo do Estado. 
I. Fontes do direito processual penal 
A doutrina divide a classificação em: 
 fontes materiais 
 fontes formais 
a) Fontes materiais 
Nas fontes materiais, quer-se saber qual o sujeito ou a entidade que produziu a norma. A fonte, 
neste caso, é a União, pois a CF prevê que compete privativamente à União legislar sobre direito 
processual penal. Isto significa que, por meio de lei complementar, poderá delegar aos Estados para tratar 
sobre questões específicas. 
Por outro lado, não se confunda com o direito penitenciário, que é de competência legislativa 
concorrente da União, Estados e Distrito Federal, os quais irão tratar de questões específicas, devendo 
observar as normas gerais fixadas pela União. 
Compete ainda à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre 
procedimento em matéria processual. Procedimento não é processo, como é o caso de inquérito policial. 
O STF, quando analisou uma questão similar, considerou constitucional uma lei do Estado do RJ 
que estabelece que após 30 dias, em se tratando de investigado solto, caso o delegado de polícia não 
tivesse concluído o procedimento, poderia o MP requisitar justificativa para tanto. A lei estadual prevê 
isto, mas o STF a considerou constitucional, pois inquérito não é processo e sim procedimento. 
b) Fontes formais 
Fonte formal busca saber como foi feita a norma. 
A fonte formal poderá ser: 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 3 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Imediata (direta): é a lei em sentido amplo, abrangendo a CF, legislação infraconstitucional, 
tratados e regras de direitos internacional. 
 Mediatas (indireta): segundo Avena, são os princípios gerais do direito, analogia, costumes, 
doutrina, direito comparado e a jurisprudência. Ex.: ninguém é obrigado a produzir prova 
contra si mesmo. A analogia é aplicada em situação que não tem norma reguladora, devendo 
se utilizar de um caso similar para aplicar ao caso. O direito comparado é o que os outros 
Estados regulamentam a matéria. A jurisprudência é a posição que um tribunal adota, após 
reiteradamente ter enfrentado a matéria. 
Atualmente, há uma questão que ganha relevância, que é a denominada súmula vinculante. Esta 
súmula vincula os demais órgãos do poder judiciário e a administração direta e indireta. Neste caso, seria 
considerada fonte formal imediata. 
Todavia, a doutrina prevalente entende que a súmula vinculante não possui força de lei, motivo 
pelo qual seria ela uma fonte formal mediata (ou indireta) do direito processual penal. 
II. Sistemas processuais penais 
Existem 3 sistemas processuais penais: 
 Sistema acusatório: no sistema acusatório há uma separação entre o órgão acusado, órgão 
defensor e órgão julgador. Aqui, assegura-se ao réu o contraditório e a ampla defesa. Incumbe 
à acusação o ônus da prova de que o acusado praticou o crime, bem como incumbirá à defesa a 
tarefa de apresentar excludente de ilicitude. O juiz não é proibido de produzir provas, desde 
que isso não implique quebra da imparcialidade. Perceba que a função de acusar e provar que 
o réu praticou o crime deverá ser feita pelo MP. Caso não o faça, o sujeito será inocente, por 
conta do princípio da presunção de inocência. O processo é público e há prevalência da 
oralidade. 
 Sistema inquisitivo: no sistema inquisitivo, o juiz poderá acusar, defender e julgar. O juiz 
concentra essas funções. Não há contraditório e ampla defesa, pois quem acusa e defende é a 
mesma pessoa. Como quem acusa e quem defende é quem julga, é forçoso compreender que é 
em razão de que o sujeito acredita que o acusado cometeu o crime, pois, do contrário, não 
acusaria. E como é o acusador que irá julgar, então significa dizer que a acusação é presumida. 
O processo é secreto e há prevalência do processo escrito. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 4 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Sistema misto: no sistema misto, há uma divisão das funções, pois um órgão acusará, outro 
defende e outro julgará.Todavia, é possível que o magistrado, em determinadas situações, 
substitua as partes. É observado o princípio do contraditório e à ampla defesa. 
No Brasil, prevalece o entendimento de que foi adotado o sistema acusatório. 
III. Princípios processuais penais e constitucionais 
a) Princípio da verdade real (material ou substancial) 
No processo penal, o juiz deve apurar os fatos para descobrir o que efetivamente aconteceu. 
A doutrina faz uma crítica, afirmando que esta verdade é impossível, motivo pelo qual deveria ser 
considerado apenas a verdade dos autos, sendo, portanto, uma verdade formal. 
Esta busca da verdade real que legitima uma atuação do magistrado, no sentido de descobrir 
efetivamente o que ocorreu não legitima a inobservância de direitos e garantias estabelecidos na CF e na 
legislação infraconstitucional. 
Ex.: não se admite a produção de provas por meios ilícitos, motivo pelo qual a verdade real não irá 
se sobrepor à ilicitude da prova. Da mesma forma, caso o sujeito seja absolvido, tendo a sua sentença 
transitado em julgado, não é possível revisão criminal, ainda que surjam novas provas. Ou seja, não é 
possível revisão criminal pro societate. 
No caso da sentença de óbito falsa é diferente, pois a sentença é inexistente, razão pela qual seria 
admissível a propositura de uma nova ação penal. 
b) Princípio do devido processo legal 
O devido processo legal encontra previsão no art. 5º, LIV, da CF, mas também há vários outros 
dispositivos no mesmo sentido. 
Por conta disso, ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. 
São corolários do devido processo legal o contraditório e a ampla defesa. No aspecto material, o 
devido processo legal é defendido como sendo a proporcionalidade. 
Do devido processo legal, há uma série de direitos consagrados: 
 direito do acusado ser ouvido pessoalmente pelo juiz no seu interrogatório 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 5 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 direito de defesa com capacidade técnica por um advogado ou por um defensor público 
 direito de observância das regras jurídicas processuais e procedimentais estabelecidas 
c) Princípio da vedação à utilização de provas ilícitas 
Este é um “freio” ao princípio da verdade real. 
Segundo a CF, são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 
Ou seja, não se admitem provas ilícitas como fator de convicção do magistrado. Na verdade, há 
algumas exceções que o CPP traz, como a teoria da descoberta inevitável e da prova independente, que 
será estudado mais à frente. 
A doutrina e jurisprudência entendem que é possível a utilização de prova ilícita pelo réu, quando 
for a única forma de o réu comprovar algo em seu favor, importante à sua defesa. 
Neste caso, haverá a aplicação do princípio da proporcionalidade. Isto é, haverá uma colisão de 
direitos fundamentais, pois o réu estaria violando o direito à intimidade, mas consegue uma prova que 
justifica a sua inocência. A prova é ilícita, mas serve para evitar uma condenação injusta. Sendo assim, há 
de ser feita uma ponderação. 
d) Princípio da presunção de inocência (não culpabilidade ou do estado de inocência) 
Trata-se de um desdobramento do devido processo legal, pois, segundo a CF, ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
Por isso, decorre do devido processo legal, visto que enquanto não transitar em julgado o sujeito 
não poderá ser considerado culpado. 
Ocorre que o STF entendeu a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em 
grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio 
constitucional da presunção de inocência (Inf. 814). Isso porque, após a 2ª instância, os fatos não são mais 
discutíveis, mas apenas o direito, em sede de recurso extraordinário e o recurso especial. 
No informativo 842, o STF reafirmou a tese de que a execução provisória de acórdão penal 
condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não 
ofende o princípio constitucional da presunção de inocência e não viola o texto do art. 283 do CPP. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 6 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Cabe ressaltar que o ministro Celso de Mello já julgou um processo no sentido de que não seria 
possível o cumprimento da pena antes do trânsito em julgado. Além disso, no informativo 842, o ministro 
Celso de Mello foi voto vencido. 
Recentemente, o STJ decidiu que não é possível a execução provisória da pena se foram opostos 
embargos de declaração contra o acórdão condenatório proferido pelo Tribunal de 2ª instância e este 
recurso ainda não foi julgado. Para a Corte Cidadã, a execução da pena depois da prolação de acórdão em 
segundo grau de jurisdição e antes do trânsito em julgado da condenação não é automática quando a 
decisão ainda é passível de integração pelo Tribunal de Justiça (Inf. 595). 
e) Princípio da obrigatoriedade de motivação das decisões judiciais 
O art. 93, IX, da CF exige que as decisões judiciais sejam motivadas. 
O juiz não é eleito pelo povo, razão pela qual não goza de legitimidade da sua decisão, motivo pelo 
qual necessita justificar seus atos, dando legitimidade à população. 
Ademais, a motivação assegura o exercício da ampla defesa, pois se o juiz profere uma condenação, 
poderá o réu alegar fatos contrários para o tribunal. Veja, o fundamento permite que o indivíduo exerça a 
ampla defesa. 
Não existe violação pela fundamentação per relationem (motivação aliunde), que é aquela em 
que o juiz faz uma remissão a uma outra manifestação existente nos autos, como é o caso do parecer do 
MP, a fim de justificar a decisão, desde que se dê de forma clara. 
O princípio da obrigatoriedade das motivações não é absoluto, comportando temperamentos, 
como é o caso do sistema da íntima convicção, adotado no procedimento do júri com relação aos jurados. 
f) Princípio da publicidade 
Por meio desse princípio, é necessário que se dê transparência aos atos do processo, tendo em 
vista que o Brasil adota a república, a qual comporta prestação de contas e responsabilização pelos atos 
praticados. 
O princípio da publicidade na seara processual penal comporta exceções, como é o caso da 
publicidade restrita. Determinados atos serão públicos apenas para as partes, ou apenas para as partes e 
seus advogados. Há uma publicidade diminuída, conforme estabelece o art. 93, IX, o qual permite que a lei 
limite a presença das próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, para determinados atos, 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 7 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o 
interesse público à informação. 
Veja que há um embate entre o interesse público à informação e o direito à intimidade, 
prevalecendo, nos casos em que não viole o direito de informação, a instauração de segredo de justiça do 
processo pelo magistrado. Outro exemplo é a retirada de pessoas da audiência para estabelecer a ordem. 
g) Princípio do contraditório 
O princípio do contraditório é corolário do devido processo legal, assegurando às partes de serem 
cientificadas de todos os atos no curso do processo, podendo se manifestar sobre esses atos. 
Ademais, as partes poderão produzir provas que reputarem necessárias. 
Perceba que, havendo um ato no processo, antesde o juiz decidir, a parte deverá ser cientificada 
do ato, a fim de se manifestar sobre o ato, produzindo a sua prova acerca do ato. Posteriormente, o juiz 
deverá prolatar a sua decisão. 
Assim como todos os outros, o contraditório poderá ser mitigado, como é o caso do contraditório 
diferido ou postergado. Nesse caso, é assegurada posteriormente a possibilidade de impugnação da parte 
sobre pronunciamentos judiciais. 
Ex.: é inviável, por exemplo, que o juiz intime o acusado sobre a sua prisão preventiva. Neste caso, 
haveria um grande risco de inviabilidade da medida. Por conta disso, deve o juiz determinar a prisão 
inaudita altera pars. O mesmo ocorre com relação à interceptação telefônica, a qual perderá a eficácia, 
caso seja informada ao acusado no momento processual em que será determinada. 
No inquérito policial, por não ser processo, e sim procedimento, não haverá a incidência do 
contraditório. Por isso, via de regra, não se garante o contraditório na fase pré-processual. Quando ele 
passar a ser considerado acusado, aí sim deverá ser garantido o contraditório. 
Com relação ao pleno acesso do inquérito policial pelo advogado, este será garantido, desde que se 
refira ao exercício do direito de defesa, relativamente aos documentos de informação já documentados. 
Este é justamente o teor da Súmula Vinculante 14, que diz ser direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do 
direito de defesa. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 8 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Segundo o STF, não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu 
denunciado com base em um acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações 
que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais declarações 
ainda estão sendo investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo, nos termos do art. 7º da Lei nº 
12.850/2013. (Inf. 814, STF). 
h) Princípio da ampla defesa 
O princípio da ampla defesa faculta ao acusado de fazer a sua defesa da forma mais completa 
possível. 
Esta ampla defesa se divide em: 
 Autodefesa: o acusado ou investigado afirma não ser ele o autor do crime. Não se justifica na 
primeira fase do interrogatório, a qual o investigado deve se manifestar sobre suas 
qualificações, sob pena de responder por falsa identidade. 
 Defesa técnica: é a realizada pelo advogado. A defesa técnica é indispensável, salvo nos casos 
previstos em lei. Rui 
Segundo o STF, não viola o princípio do juiz natural o julgamento de apelação por órgão colegiado 
presidido por desembargador, sendo os demais integrantes juízes convocados (Inf. 814). 
i) Princípio do juiz natural 
Segundo o dispositivo constitucional, ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente. Este artigo vai estabelecer as regras de competência e o juízo que irá julgar o 
caso. 
Portanto, as regras de competência em razão da matéria, pessoa e lugar deverão ser observados. 
O princípio do juiz natural permite saber quem será o órgão, segundo as regras objetivas de 
competência, que irá julgar. Há uma previsibilidade do juiz, evitando-se assim o juiz ad hoc. 
Existem casos que a doutrina discute sobre se haveria ou não a violação ao princípio do juiz natural. 
Todavia, são casos que já foram decididos pela inexistência de violação ao juiz natural: 
 Delegação de atos instrutórios ao juiz de primeira instância decorrente de processos de 
competência originária dos Tribunais. Ex.: prefeito cometeu um crime comum, mas o TJ delega 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 9 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
ao juiz de 1ª instância a competência para praticar atos instrutórios. Não haverá violação ao 
princípio do juiz natural. 
 Convocação de juízes de 1º grau para compor o órgão julgador do 2º grau não viola o 
princípio do juiz natural. Ainda que essa composição do órgão seja majoritariamente de juízes 
de 1º grau convocados, caso tenham sido legalmente convocados, não há qualquer ofensa ao 
juiz natural. 
 Designação genérica para o juiz atuar em uma vara, não ofende o princípio do juiz natural. 
Essas designações não são para processos específicos, e sim de forma genérica. E como o juiz 
não irá atuar em apenas um processo específico, mas em diversos, não haverá violação ao 
princípio do juiz natural. 
j) Princípio da identidade física do juiz 
Como se sabe, não havia antes de 2008 o princípio da identidade física do juiz. 
A ideia é de que o juiz que presidiu a instrução deverá julgar o feito. Isso porque ele teria o maior 
conhecimento dos fatos, visto que participou da audiência, ouviu e viu o réu e as testemunhas. 
Esta é a ideia de vinculação obrigatória dos processos que o juiz teve contato. 
Este princípio comporta exceções, inclusive pela aplicação analógica do CPC, como é o caso de 
convocação do juiz, licenças, férias, afastamentos gerais, aposentadoria, etc. Neste caso, o sucessor irá 
assumir o caso e julgará o processo. 
Cabe ressaltar que o NCPC retirou o princípio da identidade física do juiz para o processo civil. 
Essa presença poderá ser imediata ou remota, a qual poderá se dar por videoconferência. 
Diante do art. 7º, XXI, do Estatuto da OAB, é possível o delegado entender que a presença do 
advogado seja obrigatória na investigação preliminar. Cabe ressaltar que ainda que haja advogado na fase 
investigatória, os elementos produzidos ali serão elementos informativos, visto que a prova somente é 
assim considerada quando produzida na presença do juiz. 
k) Princípio do in dubio pro reo (favor rei) 
O princípio do in dubio pro reo decorre do sistema acusatório e da presunção de inocência. 
Quem acusa deve provar essa alegação. Caso não prove a acusação, será o réu inocente. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 10 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O CPP incorpora esse princípio, pois no art. 386, VII, do CPP que o juiz absolverá o réu, desde que 
reconheça não existir prova suficiente para a condenação. 
Veja, o CPP traz a ideia de que, na dúvida, deverá haver a absolvição. 
Este princípio não tem caráter absoluto, pois na fase de pronúncia ou recebimento da denúncia, 
vigora o princípio in dúbio pro societate. Mas no momento da sentença será o princípio do in dubio pro reo 
que prevalecerá. 
2. Lei processual penal: eficácia no tempo e no espaço 
I. Lei processual penal no espaço 
No tocante à lei processual penal no espaço, significa dizer onde que haverá a aplicação da lei 
penal. 
O art. 1º do CPP adota o princípio da territorialidade, pois preceitua que o processo penal irá 
reger, em todo o território brasileiro, por este Código. 
Ou seja, se o crime foi praticado em território brasileiro, o processo observará as regras do CPP. 
Veja, adota-se aqui o princípio do locus regit actum, devendo aplicar a lei daquele local em que foi 
praticado o crime. O crime é considerado praticado no lugar em que tenha ocorrido a ação ou omissão, ou 
no lugar em que ocorreu ou deveria ter ocorrido o resultado, tal como estabelece o art. 6º do CP. Trata-se 
da denominada teoria da ubiquidade. 
Apesar da regra da territorialidade, o CPP traz exceções à territorialidade, ou seja, hipóteses em 
que não será aplicado o código processual por conta de: 
 Tratados, asconvenções e regras de direito internacional: determinados crimes serão 
apreciados por tribunais estrangeiros, devendo aplicar as regras do estrangeiro. Os diplomatas, 
por exemplo, estarão submetidos ao seu país de origem, caso pratiquem crimes no território 
nacional brasileiro. 
 Prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes 
conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, 
nos crimes de responsabilidade: aqui, estar-se-á a falar dos crimes de responsabilidade, mas se 
trata de uma impropriedade, visto que eles não são crimes, mas sim infrações político-
administrativas. Não se aplica nesses casos o CPP, pois quem julgará essas pessoas serão o 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 11 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Senado Federal, não sendo o Poder Judiciário. Neste caso, aplica-se a Lei 1.079, CF e o 
regimento interno do Senado, hipótese em que não haveria incidência do processo penal. 
 Processos da competência da Justiça Militar: se o crime é militar será regido pelo CPPM. No 
caso do CPPM, o art. 3 diz que serão aplicados analogicamente, ou quando houver omissão, a 
legislação processual penal comum. Ou seja, o CPP poderá ser aplicado nos crimes militares, 
mas apenas quando o código de processo penal militar se mostrar omisso. 
II. Lei processual penal no tempo 
A lei processual penal no tempo se aplica desde logo, ou seja, é imediata. Isto não inviabiliza o 
reconhecimento da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
Como se vê, vigora o princípio do tempus regit actum, aplicando-se imediatamente a lei processual 
penal. 
O sistema aqui prevalente é o denominado sistema do isolamentos dos atos processuais. 
III. Conflito intertemporal, diante da reforma introduzida ao CPP pelas Leis 11.689/08 e 11.719/08 
Essas leis remodelaram o procedimento do júri e procedimento comum. 
Tais leis deverão ser aplicadas a fatos anteriores à vigência das leis, mas desde que esses fatos 
anteriores não sejam prejudiciais por conta da sua aplicação. Em outras palavras, se a lei for processual 
for puramente processual, deverá aplicá-la a fatos anteriores a sua vigência. 
Ex.: julgamento do júri no caso de acusado revel. Neste caso, entendeu-se que é puramente 
processual. Com isso, haverá continuidade do processo, por conta do princípio do tempus regit actum. 
Não sendo puramente processual, aí irá depender da natureza da norma, pois caso seja norma 
híbrida, em que contenha normas de direito processual e de direito material, só haverá aplicação aos fatos 
anteriores a sua vigência caso elas se mostrem mais benéfica. 
Caso sejam maléficas, haveria a incidência da irretroatividade da lei maléfica. 
IV. Normas processuais heterotópicas 
As normas processuais heterotópicas são aquelas que estão em um lugar diferente em que 
costumam estar. Ou seja, a norma está num diploma processual diferente, mas traz consigo conteúdo 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 12 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
eminentemente material. Da mesma forma, existem normas que se encontram em diplomas de cunho 
material, mas trazem consigo conteúdo eminentemente processual. 
Essas são as normas heterotópicas, como é o caso da Constituição, quando trata de normas de 
processo penal, pois ela tem cunho material. Nesta situação, a Constituição será uma norma heterotópica. 
Ex.: o direito ao silencio do réu no interrogatório tem previsão no CPP, mas assegura um direito 
material de não autoincriminação, constituindo-se em norma heterotópica. Da mesma forma, o art. 109 da 
CF, ao tratar de competência, trata de questões processuais penais, a despeito da Constituição ter 
caráter material. 
V. Normas processuais híbridas ou mistas 
As normas processuais híbridas trazem dois conteúdos de natureza diversa, trazendo conteúdo de 
direito material e processual, ao mesmo tempo. 
Caso seja benéfica na parte material, haverá sua aplicação aos fatos anteriores à sua vigência. Caso 
não o seja, não irá se aplicar a fatos anteriores. 
Todavia, existe uma corrente que diz que a parte processual deverá retroagir, mas a parte material 
não deveria retroagir, pois seria maléfica. Haveria uma cisão da norma, não retroagindo aquilo que 
prejudicar o réu, mas aplicando aquilo que beneficiar. 
Apesar desse último entendimento, segundo o STJ, prevalece o entendimento de que não se 
admite essa cisão da norma. Ou deverá aplicar a norma como um todo, ou não deverá aplicá-la. 
Ex.: o art. 366 do CPP foi alterado pela Lei 9.271/96, estabelecendo que se o acusado, citado por 
edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo (norma de direito 
processual) e o curso do prazo prescricional (norma de direito material), podendo o juiz determinar a 
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos 
termos do disposto no art. 312. 
Nesta situação, ou suspenderá o processo e o curso do prazo prescricional, ou não suspende o 
processo e nem o curso do prazo prescricional. 
VI. Atividade e extratividade 
Atividade significa que a lei está em vigor. Ela vigorará até o momento em que for retirada essa 
atividade, por meio de revogação. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 13 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Extratividade poderá se subdividir em: 
 Retroatividade: a lei não havia nascido quando da situação a ser disciplinada. A retroatividade 
é a possibilidade de aplicar uma lei a uma situação ocorrida anteriormente à sua edição. 
 Ultratividade: a lei já havia perdido a eficácia quando o fato ocorreu, e mesmo assim deverá 
ser aplicado àquela situação. A ultratividade é a possibilidade de aplicar a lei de forma posterior 
à sua atividade, ou seja, após a revogação da norma. 
Na seara processual, aplica-se o tempus regit actum, mas só se falará em extratividade se for tratar 
de normas híbridas. 
VII. Lei penal em relação às pessoas: imunidades processuais penais 
a) Imunidades diplomáticas lato sensu 
As imunidades diplomáticas são exceções à aplicação da lei processual penal brasileira, quando 
tratados internacionais serão aplicados de forma diversa. 
No caso de agentes diplomáticos, existe a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas e sobre 
as relações consulares. 
Qual seria a diferença entre diplomata e cônsul? 
O diplomata é um funcionário encarregado de tratar de questões do seu Estado com Estados 
estrangeiros, ou organismos internacionais. Os diplomatas possuem uma representação política, pois 
recebem uma credencial do seu Estado, sendo denominado de Estado acreditante, ficando no Estado 
acreditado pelo seu país. 
O cônsul atua na órbita dos interesses privados dos seus compatriotas. O cônsul não possui 
representação política, pois trata de interesses privados. Por essa razão, recebe uma carta-patente, que é o 
estado de envio. Sendo assim, o cônsul atua dentro do distrito consular. O cônsul de São Paulo não será 
cônsul em Porto Alegre. 
Já o embaixador possui uma atuação mais ampla, pois ele é embaixador do seu país no Brasil. 
A Convenção de Viena sobre relações diplomáticas diz que os chefes de estados e representantes 
de governos estrangeiros ficam absolutamente excluídos da legislação criminal dos países em que estão 
exercendo suas funções. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 14 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência,portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
A convenção estende a sua imunidade a todos os agentes diplomáticos, incluindo embaixador, 
secretário da embaixada, os técnicos administrativos da embaixada, os seus familiares e os funcionários de 
organismos internacionais, quando estiverem em serviço. 
Caso cometem um crime, serão processados e condenados, mas isto somente irá ocorrer no Estado 
acreditante, e não no Estado acreditado (Brasil). 
É possível a renúncia à imunidade diplomática, ao contrário da imunidade parlamentar. Quem 
renuncia a imunidade diplomática é o Estado acreditante, possibilitando o julgamento do indivíduo pelo 
Estado Acreditado. 
As sedes das embaixadas são invioláveis. Isto significa que não poderá ser objeto de busca e 
apreensão, penhora, ou de qualquer medida constritiva. Todavia, se no seu interior for praticado um 
crime, e por uma pessoa que não goze de imunidade, esta pessoa irá responder segundo as leis 
brasileiras. Isso porque embaixada não é extensão de território estrangeiro. 
b) Imunidades dos agentes consulares 
As imunidades dos agentes consulares já é diferente, pois ele está tratando de interesse privado. 
Com isso, os funcionários e empregados consulares possuem uma imunidade relativa, pois não 
estão sujeitos às autoridades brasileiras apenas quando estiverem praticando um ato relativo ao exercício 
da função consular. Caso contrário, irão responder segundo as leis brasileiras. 
c) Imunidades parlamentares 
A imunidade parlamentar não é em razão do sujeito, e sim em razão do cargo. 
É uma garantia para o exercício de função com liberdade, sem ameaça e pressões de qualquer 
natureza, devendo representar com liberdade a vontade do povo. 
A imunidade poderá ser material ou formal. 
→ Imunidade material 
A imunidade material garante ao parlamentar de não ser responsabilizado por suas manifestações, 
escritas ou orais, estabelecendo a CF que os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 15 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
É preciso que se guarde uma relação entre a palavra, voto e manifestação e o exercício do cargo. 
Dentro do plenário, presume-se absolutamente essa ligação, mas nas manifestações fora da casa 
legislativa, não haverá essa presunção. 
No tocante à imunidade material, nem mesmo o término do mandato permite que o parlamentar 
possa ser acusado ou processado pelas manifestações proferidas à época do mandato. Por isso essa 
imunidade material é também denominada de absoluta, pois acabou o mandato, ele não poderá 
responder. Como se vê, a imunidade material é ultrativa. 
Em relação ao nexo de causalidade entre a manifestação ofensiva e o exercício do mandato, o STF 
entendeu que se a manifestação foi exarada no Plenário, quer ela tenha ou não com o mandato, haverá 
imunidade material absoluta, pois haveria uma presunção iure et iure, não podendo ser responsabilizado. 
Se a manifestação é proferida em lugar distinto do Plenário, é preciso que haja o nexo de causalidade entre 
a manifestação e a função exercida. 
A imunidade parlamentar é irrenunciável. 
Todavia, o congressista licenciado para outro cargo perde a imunidade, mas conserva o foro por 
prerrogativa de função. 
Segundo o STF, a imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) protege os Deputados 
Federais e Senadores, qualquer que seja o âmbito espacial (local) em que exerçam a liberdade de 
opinião. No entanto, para isso é necessário que as suas declarações tenham conexão (relação) com o 
desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas em razão dela. Para que as afirmações feitas 
pelo parlamentar possam ser consideradas como "relacionadas ao exercício do mandato", elas devem ter, 
ainda de forma mínima, um teor político. 
Exemplos de afirmações relacionadas com o mandato: declarações sobre fatos que estejam sendo 
debatidos pela sociedade; discursos sobre fatos que estão sendo investigados por CPI ou pelos órgãos de 
persecução penal (Polícia, MP); opiniões sobre temas que sejam de interesse de setores da sociedade, do 
eleitorado, de organizações ou grupos representados no parlamento etc. 
Palavras e opiniões meramente pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou 
ideias não possuem vínculo com o exercício das funções de um parlamentar e, portanto, não estão 
protegidos pela imunidade material. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 16 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
No caso concreto, as palavras do Deputado Federal dizendo que a parlamentar não merecia ser 
estuprada porque seria muito feia não são declarações que possuem relação com o exercício do mandato 
e, por essa razão, não estão amparadas pela imunidade material (Inf. 831, STF). 
O suplente do parlamentar também não tem imunidade, pois não é congressista. 
→ Imunidade processual 
As imunidade também podem ser processuais, mas serão relativas, pois ao término do mandato 
poderá responder pelo processo. 
São imunidades processuais: 
 Direito de não ser preso provisoriamente, salvo em caso de flagrante de crime inafiançável; 
 Possibilidade de sustação do processo penal em curso, mediante deliberação da casa 
legislativa; 
 Direito de não ser obrigado a testemunhar sobre fatos determinados e sobre pessoas; 
 Garantia de foro por prerrogativa de função. 
i. Direito de não ser preso provisoriamente 
O direito é de não ser preso provisoriamente, motivo pelo qual, havendo decisão transitada em 
julgado, poderá ser preso. 
Não poderá ser preso provisoriamente, salvo flagrante de crime inafiançável. 
O ex-senador Delcídio do Amaral foi preso, pois o STF entendeu que o crime que ele cometia tinha 
caráter permanente, razão pela qual estaria em situação de flagrância. Ademais, o STF entendeu que no 
caso não comportava fiança, constituindo-se inafiançabilidade, hipótese em que justificaria a prisão 
provisória do parlamentar. 
Lavrado o auto de prisão, incumbe à autoridade, encaminhar à casa legislativa para deliberarem 
sobre a prisão. Norberto Avena entende que é suficiente para que o sujeito fique preso que a Casa 
Legislativa se manifeste acerca da legalidade da prisão. 
Observa-se que Norberto Avena entende que esta imunidade à prisão provisória não se restringe à 
esfera penal, motivo pelo qual não poderia incidir nos casos de prisão civil por inadimplemento voluntário 
por dívida de alimentos. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 17 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Segundo o STF, em razão da imunidade consagrada, os parlamentares não podem ser conduzidos 
coercitivamente para depor, pois esta condução seria uma espécie de prisão por pouco tempo, visto que 
cerceia a liberdade do indivíduo. Como não pode ser preso, a condução coercitiva não deixaria de ser uma 
prisão por horas, motivo pelo qual não se admitiria. 
ii. Direito de suspensão do processo por crime cometido após a diplomação 
O STF poderá receber a denúncia, e posteriormente comunica a Casa Legislativa sobre o 
processamento do parlamentar. A casa respectiva, por iniciativa do partido político com representação 
naquela casa, poderá, a partir dessa iniciativa, pelo voto da maioria absoluta dos membros, até a decisão 
final do STF, sustar o processo o andamento do processo. Neste caso, ficará suspenso o processo, mas 
também o prazo prescricional. Quando encerrar o mandato, o processo voltará ao curso normal. 
Percebaque esta hipótese de sustação será para os crimes praticados durante a diplomação, mas 
não antes da diplomação, situação em que haverá o julgamento normal do processo. 
Havendo o pedido do partido político, deverá ser apreciado pela Casa Legislativa no prazo 
improrrogável de 45 dias, contados do recebimento do pedido. 
iii. Foro por prerrogativa de função 
O foro por prerrogativa de função, conforme a CF, incidirá desde a diplomação, ficando os 
parlamentares sujeitos ao julgamento do processo perante o STF. 
Recentemente o STF entendeu que, se não há indícios contra a autoridade com foro privativo e se 
ainda existem outros investigados, a Corte deverá remeter os autos ao juízo de 1ª instância para que 
continue a apuração da eventual responsabilidade penal dos terceiros no suposto fato criminoso (Inf. 
853). 
Além disso, no Informativo 854, ficou definido pelo STF que a simples menção ao nome de 
autoridades detentoras de prerrogativa de foro, seja em depoimentos prestados por testemunhas ou 
investigados, seja em diálogos telefônicos interceptados, assim como a existência de informações, até 
então, fluidas e dispersas a seu respeito, são insuficientes para o deslocamento da competência para o 
Tribunal hierarquicamente superior. 
iv. Os limites temporais das imunidades processuais 
Após a diplomação, o parlamentar é julgamento pelo STF. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 18 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Se o crime é praticado antes da diplomação, não existe a possibilidade de a Casa legislativa sustar o 
processo. Neste caso, o STF não é sequer obrigado a comunicar a casa. 
O termo inicial para imunidade processual é a expedição de diploma, sendo o termo final o término 
do mandato. 
→ Imunidades dos parlamentares estaduais 
As imunidades dos parlamentares federais se estendem aos deputados estaduais. 
→ Imunidades dos vereadores 
Possuem apenas a imunidade material, limitada à circunscrição do mandato legislativo, devendo 
haver pertinência entre a manifestação e o exercício do mandato. 
3. Sujeitos do Processo 
Como se sabe, o processo tem sujeitos. São pessoas que intervêm no processo, podendo ser direta 
ou indiretamente. 
Existem sujeitos principais: 
 Juiz 
 MP 
 Acusado 
 Assistente de acusação 
Algumas pessoas intervêm no processo, possibilitando a prática e o andamento do processo. São 
eles os auxiliares da justiça. Eles praticam atos que permitem o desenvolvido regular do processo, como os 
peritos, terceiros não interessados, oficiais de justiça, etc. Eles não atuam com objetivo postulatório. 
Sem os acusados eles não há processo. 
Existem ainda os sujeitos colaterais, ou acessórios, também denominados de secundários, como é 
o caso do assistente de acusação, os quais não são imprescindíveis para a relação jurídica processual, mas 
poderão deduzir determinada pretensão. 
I. Juiz criminal 
a) Prerrogativas 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 19 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O juiz criminal tem certas prerrogativas, as quais são conferidas para que ele possa exercer 
atividade jurisdicional de forma isenta: 
 Vitaliciedade: após 2 anos de exercício, só podendo perder o cargo por sentença judicial 
transitada em julgada. Nos casos do quinto constitucional e de nomeação para o STF, haverá a 
vitaliciedade imediata, no ato da posse. 
 Inamovibilidade: não poderá sair do local que se encontre, salvo se quiser ou por interesse 
público, assegurada a ele a ampla defesa, desde que por maioria absoluta do Tribunal ou do 
CNJ. 
 Irredutibilidade de subsídios: é meramente nominal. 
b) Vedações 
Existem certas vedações à magistratura, a fim de preservar a imparcialidade: 
 Não poderá exercer outro cargo ou função, salvo de magistério. Não precisa ser 1 de 
magistério. 
 Não poderá receber custas, nem participação em processo. 
 Não poderá se dedicar às atividades político-partidárias. 
 Não poderá receber auxílios de pessoas físicas, nem de entidades, sejam públicas ou 
privadas, ressalvadas os casos previstos em lei. Ex.: poderá palestrar. 
 Não poderá exercer advocacia no Tribunal do qual se afastou antes de decorrido 3 anos da 
sua aposentadoria e exoneração (quarentena). 
c) Impedimentos atinente aos juízes 
Existem também impedimentos atinentes aos juízes, situações em que impedem o juiz de julgar 
determinadas causas. 
Impedimentos são causas objetivas, ou seja, incapacidades objetivas, que causam presunção 
absoluta de parcialidade, inviabilizando o juiz de julgar o processo. 
Segundo a lei, o juiz não poderá exercer a jurisdição nos casos em que: 
 Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral 
até o 3º grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade 
policial, auxiliar da justiça ou perito. Primo é possível, pois é parente de 4º grau. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 20 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; 
 Tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a 
questão; 
 Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o 
3º grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. 
Cabe ressaltar que as causas de impedimento são exaustivas, não havendo outras possibilidades. 
O impedimento deverá ser reconhecido de ofício pelo magistrado. Caso ele não o faça, a parte 
poderá levantar a causa através da exceção de impedimento. 
Segundo o STF, o magistrado que atuou como corregedor em processo administrativo instaurado 
contra o réu não está impedido de participar como julgador no processo criminal que tramita contra o 
acusado. 
Isso porque a situação não se amolda em nenhuma das hipóteses do art. 252 do CPP. O STF 
entende que não é possível criar, por meio de interpretação, novas causas de impedimento que não 
estejam descritas expressamente nesse dispositivo. (Inf. 824). 
Vale lembrar ainda que, segundo o STF, não é possível que sejam aplicadas, para o processo de 
impeachment, as hipóteses de impedimento do CPP. Assim, não se pode invocar o impedimento do 
Presidente da Câmara para participar do processo de impeachment com base em dispositivos do CPP. 
d) Suspeição dos magistrados 
Suspeição é uma incapacidade subjetiva do magistrado. Haverá aqui uma presunção relativa de 
que o juiz não é imparcial. 
Consoante o art. 254, o juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por 
qualquer das partes: 
 se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
 se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato 
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. Ex.: o pai do juiz está sendo julgado 
por um caso semelhante. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 21 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o 3º grau, inclusive, sustentar 
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes. Ex.: 
como julgar um sujeito que amanhã irá julgar o juiz ou a sua esposa. 
 se tiver aconselhado qualquer das partes; 
 se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
 se for sócio, acionista ou administradorde sociedade interessada no processo. No caso de 
sócio ou acionista, só será suspeito se for efetivamente de alguma importância. Caso o juiz 
tenha R$ 500,00 em ações no Banco do Brasil não será o caso. 
O rol de suspeição não é exaustivo, e sim um rol exemplificativo. 
O STJ entendeu que é possível que o juiz se declare suspeito com base na causa genérica do art. 
145, IV, do NCPC, que traz a situação em que o juiz esteja interessado no julgamento da causa de 
qualquer das partes. 
Segundo o STJ, é exigível procuração com poderes especiais para que seja oposta exceção de 
suspeição por réu representado pela Defensoria Pública, mesmo que o acusado esteja ausente do distrito 
da culpa (Inf. 560). 
De acordo com o art. 256, a suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte 
injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. 
A suspeição deverá ser reconhecida de ofício. Caso não o faça, poderá a parte apresentar exceção 
de suspeição. 
Nesse sentido, o STJ decidiu que a autodeclaração de suspeição realizada por magistrado em 
virtude de motivo superveniente não importa em nulidade dos atos processuais praticados em momento 
anterior ao fato ensejador da suspeição. (Inf. 587). 
Apesar de se tratar de julgado de processo civil, esse entendimento vale também para o processo 
penal, eis que o STJ já se manifestou no sentido de que a suspeição por situação superveniente não opera 
retroativamente, vale dizer, não importa, por si só, a nulidade dos atos processuais anteriores a esse fato. 
O fato de ter havido o superveniente reconhecimento, motu proprio, da suspeição da 
Representante do Ministério Público, esse não inquina, por si só, os atos pretéritos por ela praticados, 
porquanto a defesa não trouxe à colação qualquer indicativo de que a anterior relação locatícia entre a d. 
Promotora de Justiça e o avô da vítima teria repercutido, de forma concreta, nas manifestações processuais 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 22 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
do Ministério Público e na lisura da persecução penal – na linha do que decidido nas instâncias ordinárias – 
não havendo falar em presunção absoluta de nulidade. 
e) Cessação e manutenção do impedimento e da suspeição 
O art. 255 do CPP diz que o impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade 
cessará pela dissolução do casamento, salvo se desse casamento haja descendentes. Neste caso, mesmo 
que havendo o divórcio, ou dissolvido o casamento de outra forma, os impedimentos persistem. 
Caso não haja descendentes, e o casamento for dissolvido, ainda assim persistirão a suspeição ou a 
suspeição em relação ao juiz com o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no 
processo. 
II. Ministério Público 
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado. 
Ao MP incumbe a defesa: 
 da ordem jurídica 
 do regime democrático 
 dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 
O MP é autônomo e independente, não estando subordinado a nenhum dos poderes da república, 
funcionando como fiscal dos poderes. 
Não há um consenso, mas prevalece que o MP vincula-se ao Poder Executivo, ainda que não haja 
qualquer subordinação. 
O MP goza de autonomia organizacional e dotação orçamentária própria. 
a) Prerrogativas do MP 
São as mesmas da magistratura. São garantias dos membros do MP: 
 Vitaliciedade: após 2 anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença 
judicial transitada em julgado. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 23 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Inamovibilidade: salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado 
competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada 
ampla defesa. Uma vez no cargo, o membro do MP só poderá ser removido: 
o se ele quiser; 
o decisão colegiada do órgão competente, dependendo da maioria absoluta; 
o determinação do CNMP, a título de sanção administrativa. 
 Irredutibilidade de subsídio: fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 
37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I. Esta irredutibilidade é meramente nominal, não 
impedindo que tributos sejam majorados. 
b) Vedações ao MP 
São vedações aos membros do MP: 
 não pode receber honorários, percentagens ou custas processuais; 
 não pode exercer a advocacia. 
 não pode participar de sociedade comercial, na forma da lei. Não pode ser sócio-gerente, nem 
o administrador. 
 não pode exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de 
magistério. Por conta disso, o STF decidiu que membros do Ministério Público não podem 
ocupar cargos públicos fora do âmbito da instituição, salvo cargo de professor e funções de 
magistério. Sendo assim a nomeação de membro do MP para o cargo de Ministro da Justiça 
viola o texto constitucional. No entanto, aqueles que ingressaram antes da CF/88 poderão 
exercer tais cargos. 
 não pode exercer atividade político-partidária; 
 não pode receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, 
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. 
 não poderá exercer advocacia no juízo ou Tribunal que exercia a função pública antes de 
decorridos 3 anos de seu afastamento. É a denominada quarentena. 
c) Princípios que informam o MP 
A Constituição prevê como princípios: 
 Princípio da unidade: os membros do MP integram uma única instituição. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 24 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Princípio da indivisibilidade: quando um membro do MP atua, quem estaria atuando é o 
próprio MP, e não o membro, podendo, dessa forma, ser substituídos uns pelos outros. 
 Princípio da independência funcional: o MP no exercício de suas competências não obedece à 
ordem de ninguém. No entanto, dentro do MP, o membro age de acordo com a sua convicção 
jurídica, havendo esta independência funcional. Existe hierarquia dentro do MP, sendo esta 
administrativa e não funcional, não podendo incidir sobre a convicção jurídica do membro. 
 Princípio da autonomia administrativa e financeira: 
o Autonomia administrativa: consiste no poder do MP em propor ao legislativo a criação e 
extinção de órgãos. O PGR provê estes cargos por meio de concurso público que ele 
organiza. Com isso, o MP propõe a remuneração e o plano de carreira dos seus membros e 
servidores. 
o Autonomia financeira: é a competência para elaborar a sua proposta orçamentária, dentro 
dos limites da lei de diretrizes orçamentárias, administrando os seus recursos. Esta 
autonomia não confere ao MP promover a iniciativa de sua proposta orçamentária 
diretamente ao legislativo. O que ele faz é encaminhar a proposta orçamentária ao poder 
legislativo, por meio do chefe do poder executivo. Essa proposta do MP integrará o 
orçamento geral, que é encaminhada pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo. 
Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo 
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da 
proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente. 
d) Impedimento e suspeição do membro do MP 
São as mesmas regras dos membros da magistratura. 
Segundo o art. 258 do CPP, os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processosem 
que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral, até o terceiro grau, inclusive. 
Aos membros do MP se estendem, no que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e 
aos impedimentos dos juízes. 
Se o parente é parte, sendo uma acusada, o membro do MP estará impedido. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 25 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Hoje, existe a possibilidade de o membro do MP realizar os atos investigatórios e atuar na ação 
penal, oferecendo denúncia. Inclusive a Súmula 234 estabelece que a participação de membro do 
Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o 
oferecimento da denúncia. 
III. Acusado 
O acusado é a pessoa que integra o polo passivo, sendo imputado a ele a prática da infração penal. 
Não poderá ser acusado: 
 aquele que é incapaz de direitos e obrigações 
 morto 
 menor de 18 anos 
 pessoas que gozem de imunidade diplomática 
 pessoas que estiverem no abrigo de imunidades materiais 
O doente mental poderá ser acusado, pois é possível que receba uma sentença absolutória 
imprópria, situação na qual o juiz aplica uma medida de segurança. 
Cabe ressaltar que a pessoa jurídica poderá integrar o polo passivo de uma ação, desde que se trate 
de crime contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular, bem como no tocante aos 
crimes contra o meio ambiente, sendo certo que somente este último se encontra regulado. 
O portador de doença mental à época do fato, pois o art. 151 estabelece que se os peritos 
concluírem que o acusado era ao tempo da infração irresponsável, o processo prossegue, mas com a 
presença do curador. Ao final do processo, caso seja inimputável, não será condenado, mas receberá uma 
medida de segurança. Caso seja imputável, será condenado. 
a) Identificação do acusado 
Sempre que possível, na denúncia, vem a identificação completa do acusado, com nome, 
sobrenome, apelido, estado civil, naturalidade, filiação, etc. 
Caso não haja todos esses elementos, é possível denunciar, desde que se saiba a identidade física 
do sujeito, por meio de suas características que permitam a sua identificação. 
Segundo o CPP, a impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou 
outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 26 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-
á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes. 
Eventuais erros na qualificação do acusado não poderá ensejar nulidade, visto que a qualquer 
tempo poderá ser retificada aquela qualificação errônea. 
Veja, não se pode ter dúvidas quanto à identidade física para denunciar. O que não pode é errar 
quanto à identidade física, pois, neste caso, haveria a nulidade absoluta do processo. Ex.: quis denunciar 
João, mas denunciou Pedro. 
b) Obrigação de comparecimento do acusado a atos do processo 
Segundo o art. 260, se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento 
ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua 
presença. 
Apesar de a lei falar em “acusado”, os Tribunais Superiores entendem que essa autoridade poderá 
ser tanto o delegado de polícia quanto o juiz poderão mandar o acusado ser conduzido à presença da 
autoridade para que o ato seja praticado. 
c) Direito do acusado ao silêncio e a não autoincriminação (nemo tenetur se detegere) 
O art. 186 do CPP estabelece que depois de devidamente qualificado e cientificado da acusação, 
mas antes de iniciar o interrogatório, o juiz informará o acusado sobre o seu direito de permanecer calado 
e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. 
Esse silêncio não importará em confissão, bem como não poderá ser interpretado em prejuízo da 
defesa. 
O Código fala sobre o juiz, mas a partir da leitura do art. 6º, V, do CPP, é possível concluir que essa 
advertência do direito ao silêncio é igualmente aplicável no inquérito policial. 
Esse direito ao silêncio deverá ser interpretado extensivamente: 
 Direito do acusado não colaborar a produzir provas contra si mesmo, ainda que 
indiretamente. 
 Direito do acusado de não ser obrigado a participar efetivamente da acareação, ainda que 
possa ser conduzido para a acareação. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 27 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Direito do acusado a não reconstituir o crime, embora possa ser conduzido ao local. 
Aula 02. Sujeitos do processo (Defensor, Assistente de acusação). Comunicação dos atos processuais: 
citações, intimações e notificações. Inquérito policial. Ação penal: considerações preliminares, ação penal 
pública incondicionada, ação penal pública condicionada. 
IV. Defensor 
A CF diz que o advogado é indispensável à administração da justiça. 
Segundo o CPP, nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem 
defensor. Caso o acusado decida que não vai constituir defensor, o juiz providenciará a nomeação de um 
defensor, eis que a defesa técnica é indisponível na seara processual penal. 
A súmula 523 do STF diz que a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só 
o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
Veja, não há nulidade sem prejuízo, conforme art. 563 do CPP, que diz que nenhum ato será 
declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. 
Havia um impasse sobre a possibilidade de o advogado ter acessos aos documentos do inquérito 
policial, motivo pelo qual o STF editou a súmula vinculante 14, estabelecendo que é direito do defensor, no 
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em 
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao 
exercício do direito de defesa. 
Em outras palavras, é direito do defensor ter acesso aos elementos de prova já documentados. Não 
estando documentados, não há esse direito. Por isso, interceptação telefônica correrá em autos 
apartados, sendo juntada após a sua conclusão. Posteriormente será efetivado o contraditório postergado. 
O juiz poderá nomear ao acusado um defensor dativo, mas é possível que a parte não queira e 
modifique, constituindo outro defensor. 
a) Recusa do patrocínio pelo defensor dativo 
Norberto Avena questiona se o defensor dativo, nomeado pelo magistrado, poderia recusar o 
patrocínio ao acusado. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 28 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O CPP permite a recusa do patrocínio pelo defensor, desde que haja motivação idônea ou 
relevante. O Estatuto da OAB estabelece que é infração disciplinar recursar-se a prestar, sem motivo justo, 
quando o advogado for nomeado como dativo, em razão da impossibilidade de atuação da defensoria 
pública. 
Neste caso, o estatuto assegura ao advogado os honorários fixados pelo juiz. 
b) Abandono do processo pelo defensor 
Segundo o art. 265 do CPP, o defensor não pode abandonar o processo, salvo se houver motivo 
imperioso. Portanto, em regra, não poderá abandonar. 
Casodeseje abandonar o processo, o defensor deverá comunicar previamente o juiz, sob pena de 
multa de 10 a 100 salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, como a sanção disciplinar 
na seara da OAB. 
O Estatuto da OAB ainda prevê que o advogado que renunciar ao mandato continua durante os 10 
dias seguintes como representante daquele sujeito. Se ele for substituído antes, não haverá a necessidade 
de aguardar os 10 dias. 
Caso o defensor não compareça ao ato processual, em que havia sido regularmente intimado, 
poderá haver duas situações: 
 Não comparecimento injustificado, o juiz nomeará um defensor ad hoc, e o ato será 
realizado. 
 Não comparecimento justificado, o juiz poderá adiar a realização do ato judicial. Ex.: 
advogado junta a prova de que tem uma audiência no mesmo horário. 
Todavia, alguns atos exigem conhecimento pormenorizado do processo, e das provas ali 
produzidas. 
Por exemplo, quando resta encerrados os atos instrutórios, passa-se à fase do art. 402 do CPP. 
Segundo esse dispositivo, produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o 
assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias 
ou fatos apurados na instrução. Esse requerimento de diligências requer um conhecimento do processo, 
não sendo possível o defensor ad hoc fazer. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 29 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Da mesma forma, não é possível o defensor ad hoc fazer as alegações finais quando não houver o 
conhecimento aprofundado do processo. 
Neste caso, a única alternativa para o juiz é suspender a audiência e modificar o defensor 
constituído para que se manifeste a respeito da fase de diligências, ou que apresente alegações finais em 
forma de memoriais. Caso não o faça, aí sim deverá o juiz nomear, por escrito, o defensor dativo, o qual 
terá tempo para examinar os autos, e não estará prejudicada a ampla defesa. 
c) Impedimento do advogado 
O CPP estabelece que não funcionarão como defensores os parentes do juiz. Isto é, o impedimento 
do advogado surge apenas quando for parente do juiz. 
Serão considerados parentes do juiz: 
 Cônjuge 
 Ascendente 
 Descendente 
 Irmão 
 Parente ou afim até o 3º grau 
Veja, até o sobrinho do juiz, não é possível contratar como advogado, assim como até o tio do juiz. 
O primo poderá ser contratado, eis que é colateral de 4º grau. 
O juiz não pode atuar quando ele é marido da advogada, assim como ela também não poderá 
atuar. 
No caso, vai depender do momento para verificar qual será considerado impedido. Por exemplo, se 
a ação é promovida pela esposa do juiz, ele estará impedido. 
Caso a ação é protocolada, distribuída e vai para determinada vara. Caso uma das partes queira 
contratar o filho do juiz para ser advogado, não poderá o advogado ser contratado, pois estaria ele 
impedido. 
V. Assistente de acusação 
É um sujeito processual secundário, pois sem ele a relação processual prosseguirá. O assistente de 
acusação profere pedido. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 30 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Segundo o art. 268, em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do MP, 
o ofendido ou seu representante legal. Na falta do ofendido ou representante, qualquer das pessoas do 
CADI poderá ser assistente de acusação. 
Perceba que o assistente do MP não é o advogado, o qual somente irá representar o assistente. 
O art. 270 do CPP proíbe o corréu para intervir, no mesmo processo, como assistente de acusação. 
a) Habilitação ou admissão do assistente 
O assistente deve requerer a sua admissão no feito, devendo o magistrado declará-lo habilitado. 
Serão requisitos para o assistente de acusação ser habilitado: 
 Ser um dos legitimados: ofendido ou representante do ofendido. Na ausência desses, CADI. 
 Estar assistido por advogado: legitimidade não se confunde com capacidade postulatória. 
 Não se tratar de corréu no mesmo processo; 
A decisão que defere ou indefere o pedido do assistente de acusação para ingressar no feito é uma 
decisão irrecorrível. Trata-se de uma decisão. É irrecorrível, mas o ato poderá ser impugnado via mandado 
de segurança. 
O pedido de assistência de acusação é cabível em qualquer momento da ação penal pública, 
enquanto não houver o trânsito em julgado da sentença penal. O assistente recebe o processo no estado 
em que se encontra. 
b) Faculdades inerentes ao assistente de acusação 
O art. 271 diz que ao assistente será permitido: 
 Propor meios de prova: pedir prova pericial, pedir juntada do laudo, etc. 
 Requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados 
 Participar do debate oral e 
 Arrazoar os recursos interpostos pelo MP, ou os recursos por ele interpostos: portanto, o 
assistente de acusação pode interpor recursos, fazendo uma análise desse dispositivo. 
Este rol é taxativo, conforme entendimento prevalente na doutrina, ainda que possa haver uma 
interpretação extensiva. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 31 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Dessa forma, segundo o STJ, o assistente da acusação tem direito à réplica, ainda que o MP tenha 
anuído à tese de legítima defesa do réu e declinado do direito de replicar. Isso porque o CPP garante ao 
assistente da acusação esse direito. Efetivamente, ao assistente da acusação será permitido "participar do 
debate oral", e, conforme o art. 473 do CPP, "o acusador poderá replicar". 
O assistente, habilitado ou não, caso não haja recurso do MP, poderá interpor os seguintes 
recursos: 
 recurso de apelação em face da sentença 
 recurso de apelação em face da impronúncia 
 recurso em sentido estrito da decisão que declara extinta a punibilidade 
Perceba aqui que o cabimento do recurso pelo assistente da acusação decorre das hipóteses em 
que o MP não recorre. 
Se o MP recorre, poderá o assistente de acusação arrazoar o recurso. Todavia, segundo o art. 271, 
§ 2º, o assistente da acusação não será mais intimado se, tendo sido intimado, não comparece a qualquer 
dos atos de instrução e julgamento. 
Dessa forma, se é possível a admissão do assistente em qualquer tempo, não há como entender 
que a pena pela sua desídia tenha como pressuposto apenas a falta de comparecimento a atos 
processuais a serem praticados em primeiro grau. Embora somente ocorram atos de instrução em 
primeiro grau, os atos de julgamento, nesse contexto, devem ser entendidos como todos aqueles atos 
processuais realizados durante a tramitação do processo no qual haja a previsão de participação ou 
manifestação do assistente, seja em primeira instância ou em grau recursal, entre eles, o oferecimento de 
razões recursais. 
Segundo o STF, o assistente de acusação poderá interpor recurso extraordinário, desde que se 
trate de uma situação em que o assistente poderia recorrer da decisão do juiz singular. 
Este é o teor da Súmula 210 do STF, que diz que o assistente do Ministério Público pode recorrer, 
inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598 do Cód. de Proc. Penal. 
Estes casos seriam basicamente sentença, impronúncia e decisão que declara extinta a punibilidade. 
A súmula do STF fala de recursos extraordinários, mas é necessário fazer a leitura para admitir 
recurso especial. À época da sua edição não havia o recurso especial, tendo sido criado pela CF/88. 
Eduardo DefaveriINTENSIVO MPBA 
 32 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
É possível ainda a intervenção dos pais como assistentes da acusação na hipótese em que o seu 
filho tenha sido morto, mas, em razão do reconhecimento de legítima defesa, a denúncia tenha 
imputado ao réu apenas o crime de porte ilegal de arma de fogo. Isso porque os pais não têm apenas o 
interesse econômico (corrente minoritária), mas também o direito à obtenção de uma decisão justa e 
democrática (Inf. 574, STJ). 
4. Comunicação dos atos processuais 
I. Citações 
A citação é o ato por meio do qual o acusado toma ciência de que contra ele foi recebida uma 
denúncia e, portanto, deve se defender. 
O acusado é citado do recebimento da denúncia, e não do oferecimento. 
No âmbito do processo penal, o marco interruptivo da prescrição é o recebimento da denúncia. 
Parte da doutrina traz a denominada citação imprópria. É assim chamada em virtude de haver a 
citação do curador do réu. Isso porque o réu, em razão de uma doença mental ou ser retardado, não tem 
condições de receber essa citação, motivo pelo qual haveria a citação imprópria. 
O réu sendo validamente citado, se não atender o comando judicial, será decretada a sua revelia. 
Trata-se de uma situação de citação real, pois é necessário distinguir duas situações: 
 Se o réu for citado pessoalmente, mas não constitui advogado, o processo irá prosseguir 
regularmente, sem a presença do acusado. Neste caso, será nomeado defensor para 
patrocinar a causa. O réu, nesta hipótese, não será notificado, tampouco intimado para 
qualquer outro ato ou termo. A única exceção é de que será intimado da sentença 
condenatória, eis que deverá ser possibilitado a ele a interposição de recurso. 
 Se o réu for citado por edital (citação ficta), e não constituir advogado, o juiz irá suspender o 
processo e suspender o prazo prescricional. 
a) Espécies de citação 
Existem as seguintes espécies de citação: 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 33 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Citação real: o acusado foi efetivamente citado. É realizada na pessoa do réu, por meio de 
oficial de justiça, mediante mandado. No entanto, também poderá ser feita por meio de carta 
precatória, carta rogatória, ofício requisitório ou carta de ordem. 
 Citação ficta: presume-se que o acusado tenha sido citado. Neste caso, é efetivada por edital 
ou por hora certa. 
b) Citação por mandado 
A citação por mandado é cumprida por meio do oficial de justiça, quando o acusado está no 
mesmo território do juiz. 
O mandado de citação deverá cumprir os seguintes requisitos do art. 352: 
 nome do juiz; 
 nome do querelante, nas ações iniciadas por queixa; 
 nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; 
 residência do réu, se for conhecida; 
 finalidade para que seja feita a citação; 
 caso tenha sido marcada a audiência, deverá conter juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu 
deverá comparecer; 
 subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. 
O oficial de justiça pode cumprir esse mandado a qualquer momento, desde que obedecidas às 
normas constitucionais, principalmente do domicílio. 
Além desses requisitos intrínsecos, também deverá a citação cumprir requisitos extrínsecos: 
 leitura do mandado pelo oficial de justiça 
 entrega da contrafé (do inteiro teor) do mandado ao réu 
c) Citação por meio de carta precatória 
Se a citação por mandado é feita quando o sujeito está no mesmo território do juiz, a citação por 
carta precatória ocorre quando o sujeito se encontra em outro território, mas dentro de um mesmo país. 
Estaria o acusado fora do âmbito de competência do magistrado. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 34 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
No caso de carta precatória, o juízo deprecante determina a expedição da carta precatória. Esta 
carta é encaminhada para o juízo da comarca em que o réu tem domicílio, ou se encontra. Essa comarca é 
denominada de juízo deprecado. 
Ao chegar no juízo deprecado, o juiz determinará a execução da carta precatória, fazendo com que 
o escrivão expeça o mandado ao oficial de justiça. Cumprido o mandado, a carta é restituída ao juízo 
deprecante, informando que foi cumprido o mandado. Se o oficial de justiça não localizar o réu, devolverá 
a carta ao juízo deprecante. 
Diferentemente ocorre quando o oficial de justiça se dirige ao local, mas não encontra o réu, pois 
ele não mais mora lá. Todavia, alguém informa que ele se mudou para lugar determinado. Ou seja, poderá 
ocorrer de o oficial de justiça tomar conhecimento de que o acusado não mais mora no local, obtendo o 
seu novo endereço. 
Caso o oficial de justiça descubra o enderenço correto do réu, poderá o juízo deprecado enviar a 
carta precatória para o local onde está o réu. Trata-se da denominada carta precatória itinerante. 
d) Citação por meio de carta rogatória 
No caso da carta rogatória, o acusado está noutro território, de outro país. 
Basicamente, são duas as hipóteses: 
 Acusado se encontra no estrangeiro, e o seu endereço é conhecido: 
Neste caso, haverá a suspensão do prazo prescricional até que haja o efetivo cumprimento da 
carta. Caso não se saiba o endereço correto do acusado no estrangeiro, não será caso de carta 
rogatória. Perceba que se houver a determinação da carta rogatória no dia 06/08, e ela 
somente ser cumprida no dia 20/08, voltando ao Brasil no dia 24/08, o prazo prescricional já vai 
ter voltado a correr desde o dia 20/08. A Lei 11.900/09 trouxe o art. 222-A do CPP, 
estabelecendo que as cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua 
imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. Caso não haja caso de 
imprescindibilidade, não há razão para expedir a carta rogatória. 
 Citação do sujeito que se encontra em uma legação estrangeira: 
Não se trata de imunidade diplomática. É necessário que o sujeito se encontre nessa legação 
estrangeira, mas não possua imunidade no Brasil. Esta citação, a despeito de ser feita no 
território brasileiro, será realizada por meio de carta rogatória. 
Eduardo Defaveri 
 
 
INTENSIVO MPBA 
 35 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Quem arcará com o custo será a parte que pleitear a carta rogatória. 
e) Citação do militar 
A citação do militar é realizada por meio do chefe do respectivo serviço, mediante expedição de um 
ofício. Isso porque prevalece o princípio da hierarquia e disciplina, a fim de que seja promovida a citação. 
Este ofício constará os dados dos requisitos da citação, bem como a requisição de ordem para que 
o chefe da guarnição militar mande o sujeito para comparecer à data, hora, local determinados para fins de 
audiência. 
Neste caso, o ofício virá como uma requisição, vindo daí o nome ofício requisitório, mas desde que 
haja data da audiência. Caso contrário, virá a citação apenas para que o militar se defenda. 
f) Citação do funcionário público 
Em relação ao funcionário público, incidem as regras gerais da citação. 
No entanto, o art. 359 do CPP estabelece que chefe de sua repartição é notificado quanto a data e 
hora em que o funcionário público deverá comparecer em juízo. 
Perceba que esse ofício para citação do funcionário só é cabível quando a citação já trouxer 
também a data da audiência. Caso contrário, não deverá ser o chefe da repartição notificado de nada. 
A notificação do chefe

Outros materiais