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DISCIPLINA: Cirurgia PROFESSOR: Mário TEMA DA AULA: Neoplasias Pulmonares e do Mediastino DATA DA AULA: 11/04/2017 Carcinoma Brônquico Tumor de não pequenas células O diagnóstico precoce dos tumores dos tumores na fase inicial, é de valor inestimável pela possibilidade de se oferecer um tratamento com reais perspectivas de cura. Porém isso ocorre em apenas 20% dos casos, a grande maioria deles já chega em um estado mais avançado sendo o tratamento mais paliativo do que curativo. Generalidades Causa mais frequente de morte por doença maligna; Responsável por 28% das mortes por câncer; Nos EUA 180.000 novos casos/ano; 90% dos casos ocorrem em fumantes, sendo o cigarro a principal causa de câncer de pulmão; Relaciona-se com: fumo passivo, radiações e tuberculose. História típica Paciente acima de 60 anos, fumante; Alterações do sistema respiratório: tosse, hemoptise, pneumonias de lenta resolução, emagrecimento, dor. Os sintomas aparecem a seguinte ordem: paciente começa a emagrecer, tem tosse, começam as pneumonias, depois sangramento e dor. O problema é que a maioria dos pacientes é fumante e o fumante já tosse, então quando muda essa tosse dele (secreção, frequência, intensidade) acaba não reparando. Só passa a ter hemoptise se esse tumor se relaciona ou compromete o brônquio principal, e só tem dor se o tumor estiver encostado na pleura parietal. Tratamento cirúrgico É o mais efetivo; Ressecção ideal para o câncer de pulmão é a Lobectomia (é ressecção oncológicamente aceita): retira o lobo e os linfonodos; Segmentectomia (reserva funcional comprometida): tira apenas um segmento do pulmão; Ressecções em cunha (oncologicamente duvidosa); *As ressecções menores, segmentectomia e em cunha, se reservam à pacientes que tem uma reserva funcional comprometida (que não conseguem respirar direito), o DPOC, enfisematoso, que tem uma doença fibrosa pulmonar, em que se fizer a retirada inteira do lobo ele não consegue sobreviver, então faz uma ressecção menor que é oncologicamente duvidosa. Ressecções alargadas em bloco: São incisões maiores porque o tumor invade a parede torácica, o diafragma ou o pericárdio, que vai precisar tirar pedaços dessas áreas. São usadas apenas em casos selecionados que se possa promover real possibilidade de cura para o paciente porque é uma cirurgia bastante agressiva, que causa uma morbidade muito grande, em que o paciente pode não sobreviver. Linfadenectomia mediastinal: Toda a drenagem linfática do pulmão vai para o mediastino e do mediastino sobe para o canal torácico até o gânglio de Virchow (supra-clavicular esquerda). Esses gânglios são as primeiras barreiras para não deixar que essas células neoplásicas se espalharem de forma sistêmica. São importantes para o estagiamento da doença e para melhorar a qualidade de vida do paciente. Ressecção dos linfonodos mediastinais; Melhora estagiamento; Melhora controle local da doença; Melhora a recidiva local (não melhora quanto a metástases, e há dúvidas sobre a sobrevida); É mandatória em toda ressecção pulmonar, não importante o tipo da cirurgia (lobectomia, segmentectomia, em cunha, etc); Esses linfonodos estão dispostos ao lado e embaixo da traqueia, ao lado da aorta, em várias cadeias que devem ser esvaziadas na cirurgia. Classificação TNM: T: Tumor (tamanho e relações com as estruturas vizinhas); N: Linfonodos (qual o grau de invasão dos linfonodos); M: Metástase (se existem metástases a distância ou não). Isso dá uma serie de combinações que leva a um estagio, que é mostrado na tabela. A cirurgia vai ser feita até o IIA, porque só é feita quando a doença está localizada, se já tem linfonodos comprometidos e metástases ela já não é uma opção. Se fizer radio ou químio antes da cirurgia esse tumor pode diminuir de tamanho e se tornar operável? Sim, faz a terapia neoadjuvante que se chama downstage, vai diminuir o estagio, fazer um tumor inoperável se tornar operável, seja com radio ou químio ou uma combinação dos dois. Ou seja, a radio e a químio podem aumentar o número de cirurgias. Tratamento indicado por estágio não vai cobrar Estágio Tratamento ideal Comentário Sobrevida %/5 anos IA Lobectomia Ressecções menores em pacientes com baixa reserva funcional. 85% IB, IIA Lobectomia, pneumonectomia Arterioplastia, broncoplastia evitam a pneumonectomia. 57 – 38% IIB Lobectomia, pneumonectomia e evitar toracectomia Pancoast: RT prévia 38 – 5% IIIA T3N1: igual IIB N2: tratamento neoadjuvante pré- operatório QT (RT) pré- operatória. A mediastinocospia deve ser positiva. 35 – 5% IIIB T4 – N3 Cirurgia em casos excepcionais. 4 – 0% IV QT e RT paliativa. Cirurgia das metástases cerebrais. Tentas novas drogas 0% Acessos cirúrgicos: Toracotomia póstero-lateral; Toracotomia vertical (não usa mais); Incisões poupadoras de musculatura: Minimizam a dor e a disfunção ventilatória, gerando um pós-operatório e uma evolução melhores. Técnica vídeo-assistida (VATS – CTVA): Cirurgia por vídeo; É a primeira escolha hoje em dia (o SUS não paga, ainda faz aberta); Diminui a dor e o tempo de internação; Já bem desenvolvida; Aprimoramento contínuo (limites); É oncologicamente satisfatória. Abordagem cirúrgica Indicada após: Estagiamento (TNM); Avaliação clínica: – Espirometria (prova de função ventilatória); não precisa saber detalhes – Teste de consumo de O2;* – Provas de esforço;* – Testes de imagem (cintilografia de ventilação/perfusão).* *Não são exames essenciais para se realizar a cirurgia, mas servem para dar mais segurança, ajuda a saber a função pulmonar que o paciente ainda possui, o quanto de ressecção ele vai aguentar, e evitar que ele fique dependente de O2 depois da cirurgia. Avaliação mediastinal pré-operatória Linfonodos comprometidos = pior prognóstico; N1: intralobares, interlobares ou hílares 30% de sobrevida em 5 anos N2: mediastinais < de 5% de sobrevida em 5 anos Métodos de avaliação: – Mediastinoscopia, Hiloscopia (vai fazer a biópsia dos linfonodos); – EBUS – TBNA (ultrassom feito através de um broncoscópio, punciona a traqueia e através disso faz uma aspiração do linfonodo). Cirurgia ideal questão de prova Doença nos estágios iniciais; Ressecção do lobo comprometido; Ressecção dos linfonodos mediastinais; Reserva funcional residual; VEF1 pós-operatório > 900 ml; Há reais perspectivas de cura. Radioterapia Indicações: Pacientes que recusam tratamento cirúrgico; Contraindicações clínicas; Estágio IV (Visa qualidade de vida, não tem função curativa); Pré-operatória (Vai tentar diminuir o tamanho do tumor, terapia neoadjuvante como no Tumor de Pancoast: fica no ápice do pulmão, pode invadir costela e coluna.); Ressecções incompletas (Acontece geralmente quando o tumor está em contado íntimo com estruturas importantes como a aorta, coração, veia cava); Associação com WQT (quimioterapia) para radiossensibilização; Base cisplatino. O carcinoma espinocelular (escamoso) é mais sensível à radioterapia enquanto o adenocarcinoma é mais sensível à quimioterapia, esses são os dois tipos mais comuns no pulmão. Quando se quer tratarum carcinoma espinocelular se dá um “back” nas células com a quimio e depois faz a rádio, existe um sinergismo que faz a radioterapia ser mais eficaz quando se faz a quimio antes. Isso vale para o adenocarcinoma também, se fizer radio primeiro, a quimio vai ser mais eficaz. (poli) Quimioterapia (poli porque são várias substâncias) Indicações: Terapia neo e/ou adjuvante (neoadjuvante = antes da cirurgia, adjuvante = depois da cirurgia); Vários protocolos = resultados semelhantes; Efeitos tóxicos: Mielossupressão, insuficiência renal, toxicidade pulmonar e miocárdica (pode desenvolver insuficiência cardíaca por conta da químio); Em evolução. Novas drogas: Gencitabina: Menor toxicidade (promissora); Derivados da Navelbine, Taxanes, Irinotecan: Bons, mas mielotoxicidade. Tratamento biológico Imunoterapia: Aumenta as defesas antitumorais – todos sem comprovação científica efetiva ainda. 1976: BCG (bacilo Calmatte-Guerin); Corynebacterum parvum; Levamizole; Vacinas anti-tumorais; Citocinas (fator de necrose tumoral, interleucinas); Anticorpos mononucleares. Genético: Alterações dos genes P53: Utiliza-se um retrovírus que inibe a divisão celular. Carreadores de RNA; Terapia gênica (experimental); Inibidores do fator de crescimento epidérmico (entra com um cateter nas artérias próximas que alimentam o tumor, joga dentro dela um inibidor do fator de crescimento, não cura, mas diminui o tamanho do tumor, possibilitando a realização da cirurgia). Recentes avanços Incisões menores: CTVA (cirurgia torácica vídeoassistida): – Menos doloroso; – Cicatriz menor; – Menor tempo de internação; – Menor recidiva local. Controle da dor: – Cateter de peridural (menor dor = melhor recuperação; levanta, andar, se movimenta, come, acumula menos secreção, diminui a chance de infecção); Fisioterapia; Quimioterapia neoadjuvante: – Aumenta o número de ressecções e sobrevida na doença avançada. Carcinoma de pequenas células Super agressivo; Células pequenas que se reproduzem em grande velocidade; Quando se faz diagnóstico a doença já é sistêmica porque não forma massa, forma um infiltrado pulmonar; Disseminação hematogênica e linfática muito precoce; Indicação cirúrgica é rara < 5%; 90% dos casos estão em estágio avançado; As vezes não tem sintomatologia pulmonar ainda, mas apresenta, por exemplo, crises convulsivas por metástase cerebral, alteração hepática, metástases ósseas com dor e etc. Tratamento: Poli-quimioterapia é superior ao cirúrgico; Ao mesmo tempo que a grande capacidade de divisão desse tumor é um problema, é também a sua grande fraqueza porque a poli-quimioterapia acaba sendo muito eficiente interrompendo a sua divisão, podendo levar a cura desses pacientes no estágio inicial. Ressecção só do resíduo tumoral pós quimoterapia é aceitável; Radioterapia não é eficaz e deixa sequelas funcionais pulmonares. Conclusões da aula (não pequenas células) Melhor opção de tratamento – cirúrgico; Ressecções menores que lobectomia só nos pacientes com grave insuficiência respiratória; Ressecções em bloco de estruturas adjacentes ao tumor só se justificadas pela melhor sobrevida; Linfadenectomia mediastinal homo-lateral: se não melhora a sobrevida, promove estagiamento adequado; Toracotomia póstero-lateral x Poupadora de musculatura x CTVA: pacientes selecionados; Terapia neoadjuvante aumenta o número de cirurgias (diminui o estagiamento).
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