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Como fazer projetos inovadores São Paulo 2011 2 Como fazer projetos inovadores Esta apostila é destinada a todos os profissionais de educação que têm interesse em promover a inovação p e d a g ó g i c a p o r m e i o d o u s o das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). 3 Apresentação A Microsoft Educação tem a missão de ajudar alunos e educadores a alcançarem seu potencial pleno. Desde 2003, por meio da iniciativa mundial Parceiros na Aprendizagem, a instituição disponibiliza tecnologias e apoio pedagógico para o desenvolvimento das competências e habilidades de gestores, professores, estudantes e comunidade escolar. Em 2006, a empresa lançou o Prêmio Microsoft Educadores Inovadores que reconhece e premia os melhores projetos educacionais que fazem uso da tecnologia. Com o objetivo de promover a melhora no ensino, o Prêmio recebeu, desde sua primeira edição, cerca de 2.900 trabalhos e divulgou as melhores práticas brasileiras por diversos lugares do mundo, dentre eles: África do Sul, Hong Kong, Filadélfia e Finlândia. Para dar continuidade ao debate sobre a inovação pedagógica, em março de 2010, a Microsoft reuniu dezessete educadores que se destacaram como vencedores no Prêmio. São eles: Alex Vieira dos Santos, Guilherme Erwin Hartung, Lucrécio Filho de Oliveira, Marcio Roberto Gonçalves de Vazzi, Teresinha Bernardete Motter, Armando Gil Ferreira, Claudia de Almeida Pires, Marisa Elsa Demarchi, Marise Martins Brandão, Marli Dagnese Fiorentin, Andréia Martins Ferreira, Luzânia Alves de Souza, Patrícia Mara Estrela Manso, Edilamar Caoneto Zago, Luiz Fernando Leandro, Maria de Fátima Martinez e Tatiani Ferrari. Realizado de duas maneiras, presencial e on-line, o trabalho do “Educadores Inovadores em Rede” teve duração de cinco meses e resultou na apostila “Como fazer projetos inovadores”. Sendo assim, o guia que se segue visa discutir o conceito de inovação e como as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) contribuem para os processos de ensino e aprendizagem, as competências do século XXI, apresentar a metodologia de projetos e mostrar exemplos práticos e replicáveis de projetos educacionais inovadores. Palavras-chave: Educação. Inovação. Tecnologia. 4 Sumário Lista de figuras ................................................................................................................................................................... 5 Lista de tabelas ................................................................................................................................................................... 6 1. O que é o educadores inovadores em rede .................................................................................7 1.1 Fórum presencial ....................................................................................................................................................... 7 1.2 Fórum on-line .................................................................................................................................................................9 2. Inovação .......................................................................................................................................11 2.1. O que significa inovar na educação? .................................................................................................................. 11 2.2 A tecnologia na educação ...................................................................................................................................... 14 3. As competências do século XXI .....................................................................................................15 4. Metodologia de projetos ............................................................................................................25 4.1 Conceitos fundamentais ......................................................................................................................................... 25 4.2 Os resultados da metodologia de projetos na prática de ensino ................................................................ 28 5. Avaliação de competências ..........................................................................................................30 5.1 Projetos de aprendizagem no contexto do currículo e da avaliação .......................................................... 30 6. Exemplos de projetos educacionais inovadores .......................................................................33 6.1 A construção do conhecimento em ambiente digital ..................................................................................... 33 6.2 Fractal multimída - jogos educativos, objetos de aprendizagem e animações ..................................... 35 6.3 Projeto barreiro - fruticultura doméstica em miniaterro sanitário controlado .......................................... 37 6.4 Fontes de energia: popularização das ciências através dos estudos de ciências, tecnologia e sociedade .................. 39 6.5 Robótica educacional à luz da pedagogia de projetos................................................................................... 42 6.6 Projeto: Escola.com Ciência ................................................................................................................................... 45 6.7 Ponto de ideias e soluções ambientais em 4r ................................................................................................... 47 6.8 Projeto: Projetos colaborativos de Blumenau .................................................................................................... 49 6.9 Voo-BPF Brasil, Portugal e França ..................................................................................................................... 51 6.10 Criar laços ................................................................................................................................................................. 53 6.11 Capacitação e uso de tecnologias por gestores educacionais, educadores e alunos da escola pública de Betim ................ 55 6.12 Projeto griot – contando histórias de outros povos ...................................................................................... 57 6.13 1ª exceleições do grêmio estudantil .................................................................................................................. 59 6.14 Ler e escrever? Com o computador! ............................................................................................................... 61 6.15 Revitalização do Córrego Cipoaba ................................................................................................................... 63 6.16 Tic´s: acesso e qualidade ...................................................................................................................................... 65 6.17 Tic´s: rompendo barreiras ................................................................................................................................... 67 7. Dicas para um projeto educacional inovador ...........................................................................69 7.1 Diagnóstico ............................................................................................................................................................... 69 7.2 O projeto ................................................................................................................................................................... 69 8. Submetendo seu projeto ao prêmio Microsoft Educadores Inovadores ...............................73 8.1 Apresentação geral .................................................................................................................................................. 73 8.2 Objetivo do projeto ..................................................................................................................................................73 8.3 Metodologia e desenvolvimento .......................................................................................................................... 73 8.4 Resultados ................................................................................................................................................................. 74 Créditos .............................................................................................................................................75 5 Lista de figuras Figura 1: Gráfico retirado do folheto do projeto Campo Sustentável .......................................................... 31 Figura 2: Gráfico retirado do Virtual Classroom Tour (VCT) ............................................................................. 32 Figura 3: Gráfico retirado do folheto do projeto Romantismo no Século XXI .......................................... 32 Figura 4: Projeto .............................................................................................................................................................. 34 Figura 6 : Projeto .............................................................................................................................................................. 34 Figura 5: Projeto ............................................................................................................................................................... 34 Figura 7: Projeto ............................................................................................................................................................... 36 Figura 9: Projeto ............................................................................................................................................................... 36 Figura 8: Projeto ............................................................................................................................................................... 36 Figura 10: Projeto ............................................................................................................................................................. 38 Figura 12: Projeto ............................................................................................................................................................. 38 Figura 11: Projeto ............................................................................................................................................................. 38 Figura 13: Projeto ............................................................................................................................................................. 41 Figura 14: Projeto ............................................................................................................................................................. 41 Figura 15: Projeto ............................................................................................................................................................. 41 Figura 16: Projeto ............................................................................................................................................................. 44 Figura 17: Projeto ............................................................................................................................................................. 44 Figura 18: Projeto ............................................................................................................................................................. 44 Figura 19: Projeto ............................................................................................................................................................. 46 Figura 20: Projeto ............................................................................................................................................................. 46 Figura 21: Projeto ............................................................................................................................................................. 46 Figura 22: Projeto ............................................................................................................................................................. 48 Figura 23: Projeto ............................................................................................................................................................. 48 Figura 24: Projeto ............................................................................................................................................................. 50 Figura 25: Projeto ............................................................................................................................................................. 52 Figura 26: Projeto ............................................................................................................................................................. 52 Figura 27: Projeto ............................................................................................................................................................. 52 Figura 28: Projeto ............................................................................................................................................................. 54 Figura 29: Projeto ............................................................................................................................................................. 54 Figura 30: Projeto ............................................................................................................................................................. 54 Figura 31: Projeto ............................................................................................................................................................. 56 Figura 32: Projeto ............................................................................................................................................................. 56 Figura 33: Projeto ............................................................................................................................................................. 56 Figura 34: Projeto ............................................................................................................................................................. 58 Figura 35: Projeto ............................................................................................................................................................. 58 Figura 36: Projeto ............................................................................................................................................................. 58 Figura 37: Projeto ............................................................................................................................................................. 60 Figura 38: Projeto ............................................................................................................................................................. 60 Figura 39: Projeto ............................................................................................................................................................. 60 Figura 40: Projeto ............................................................................................................................................................. 62 Figura 41: Projeto ............................................................................................................................................................. 62 Figura 42: Projeto ............................................................................................................................................................. 62 Figura 43: Projeto .............................................................................................................................................................64 Figura 44: Projeto ............................................................................................................................................................. 64 Figura 45: Projeto ............................................................................................................................................................. 64 Figura 46: Projeto ............................................................................................................................................................. 66 Figura 47: Projeto ............................................................................................................................................................. 66 Figura 48: Projeto ............................................................................................................................................................. 68 Figura 49: Projeto ............................................................................................................................................................. 68 6 Lista de tabelas TABELA 1 Programação Fórum Presencial – Educadores Inovadores ................................................ 8 TABELA 2 Estrutura do Fórum On-line...................................................................................................... 10 7 1. O que é o Educadores Inovadores em Rede De iniciativa da Microsoft Educação, o “Educadores Inovadores em Rede” tem como objetivo discutir a inovação pedagógica por meio das Tecnologias da Informação e Comuni- cação e compartilhar as experiências inovadoras com profissionais de educação. 1.1 FÓRUM PRESENCIAL Realizado em 19 de março de 2010, o “Educadores Inovadores - Fórum Presencial” reuniu os dezessete participantes na sede da Microsoft Brasil, em São Paulo. O objetivo do evento foi de aproximar os educadores, estimular a troca de experiências e apresentar a proposta do trabalho. O encontro contou com a presença de renomados especialistas em Tecnologia na Educação e uma programação rica em torno do tema “Inovação Pedagógica”. Confira abaixo: 8 Fórum Presencial Programação 12h30 - 14h00 Almoço 14h00 - 14h05 14h05 - 14h45 Abertura Emílio Munaro - Diretor de Educação da Microsoft Brasil “O que são projetos educacionais inovadores e como usar as TICs como apoio a essas práticas para melhoria do ensino e aprendizagem” Eduardo Chaves - Professor de Filosofia da Educação 14h45 - 15h20 Adriana Martinelli - Coordenadora de Educação e Tecnologia do Instituto Ayrton Senna Regina Scarpa de Carvalho - Coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita Proposta de trabalho colaborativo 15h20 - 16h25 Renata Aquino - Pesquisadora de Doutorado em Educação: Currículo PUC-SP 16h25 - 16h40 Coffee break Encerramento: Eduardo Chaves 16h40 - 17h10 Pedro Bojikian - Tecnologias gratuitas Microsoft Como os juízes das etapas internacionais do Prêmio avaliam os resultados 17h10 - 17h30 17h30 - 18h30 18h30 - 18h40 Ricardo Falzetta - Como usar o Ponto de Encontro Debate: Moderador: Eduardo Chaves Educadores palestrantes: Regina Scarpa, Renata Aquino, Adriana Martinelli e Ricardo Falzetta e educadores participantes das edições anteriores do Prêmio Microsoft Educadores Inovadores Tabela 1: Programação Fórum Presencial – Educadores Inovadores 9 Fórum on-line 1.2 FÓRUM ON-LINE Depois do encontro presencial, os participantes deram início aos trabalhos no Fórum on- line. Do dia 19 de março ao dia 04 de agosto de 2010, eles pesquisaram e discutiram assuntos em torno do tema “O que são projetos educacionais inovadores e como usar as TICs como apoio a essas práticas para melhoria do ensino e aprendizagem”. Foi criada uma comunidade virtual – Educadores Inovadores – no portal Ponto de Encontro (http://itn.abril.com.br), que serviu de centro de informações e troca de experiências do grupo. A participação foi assíncrona e cada participante dedicou cerca de 4 horas semanais para ler e explorar os recursos indicados pelo mediador, debater no fórum, publicar reflexões nos blogs pessoais (construídos para este fim), comentar os blogs dos outros participantes, trocar e-mails e construir textos coletivos. Para certificação e reconhecimento pela atuação na comunidade foram considerados alguns pontos, como participação nas atividades propostas, contribuições relevantes para o grupo e cumprimento dos prazos. Confira a estrutura do Fórum On-line: 10 Fórum on-line Mês Temas Estratégias Março/Abril Apresentação e expectativas · Fórum no Ponto de Encontro para discussões · Organização do blog: layout, links dos outros blogs, links de projetos · Publicação no blog · Publicação de fotos · Leitura de textos · Debates no fórum · Publicação no blog · Comentários nos blogs · Construção de texto colaborativo utilizando Livre Groups · Leitura de textos · Análise de projetos e relatos de experiências · Organização de materiais no Skydrive · Construção de texto colaborativo utilizando Live Groups · Leitura de textos, discussão e publicação nos blogs · Vídeo de 1 minuto a respeito da experiência Conceito de Inovação Competências do Século XXI Metodologia de Projetos Avaliação de Competências Maio Junho Julho Tabela 2: Estrutura do Fórum on-line 11 2. Inovação Muitas são as definições para o termo “inovação”. Segundo o pesquisador brasileiro, Silvio Meira: A definição de inovação é ao mesmo tempo simples e complexa; e não é uma, são muitas, para todos os gostos. (MEIRA, 24 de março de 2010, postagem Dá pra definir inovação?, blog Dia a Dia)1 Sendo assim, as reflexões que apresentamos a seguir partem do ponto de vista dos profissionais envolvidos na iniciativa “Educadores Inovadores em Rede” e de autores cujas obras e publicações serviram de base para o desenvolvimento do trabalho. 2.1. O QUE SIGNIFICA INOVAR NA EDUCAÇÃO? Para os membros do “Educadores Inovadores em Rede”, o ato de inovar parte do ato de questionar. Segundo eles, a inovação na educação está diretamente ligada à mudança, criatividade, transformação e experimentação. E como isso é possível com uma formação conservadora, com provas de memorização e repetição? Em primeiro lugar, segundo os profissionais envolvidos na iniciativa, é essencial que o educador tenha mente aberta, esteja aberto a mudanças pedagógicas, seja empreendedor e flexível, para que de fato consiga promover uma educação voltada para o desenvolvimento humano. Para os “Educadores em Rede”, o Educador Inovador é aquele que sabe ou tenta criar novos espaços de aprendizagem em que o aluno é o centro do processo. Isso pode ser feito ao combinar o estudo com projetos, e ao imergir o aluno em atividades sociais e culturais com grupos diferentes dos quais ele está habituado. Nesse sentido, o professor deve focar na aprendizagem do aluno e não na transmissão de conteúdos. Nesse espaço de aprendizagem o professor é o orientador para que os alunos colaborem, cooperem, sejam autores e desenvolvam competências para seguirem com autonomia, tornando-se responsáveis pela sua aprendizagem e pela dos colegas. 1 MEIRA, Silvio. Dá pra definir inovação? , postagem do dia 24 de março de 2010. Blog Dia a Dia, Bit a Bit (http://smeira.blog.terra.com.br/). 12 De acordo com o grupo, inovar é dar sentido ao conhecimento, que deve ser significativo para a vida dos alunos. Para isso, o Educador Inovador integra e contextualiza disciplinas, instala mais incertezas que certezas absolutas, instiga o fazer, experimenta coisas novas, promove a interação, trabalha a autoestima e a autoconfiança, valoriza a ética e a coletividade. São tais ações educacionais que irão atuar na formação de um cidadão capaz de agir na hora certa para transformar a sociedade,sem esperar que as soluções venham prontas. ABORDAGENS: Alex Vieira ... o grande desafio é possibilitar que as perguntas sejam mais importantes do que as respostas, isso dentro de uma abordagem contextual. A inovação deve visar à formação do cidadão e sua inserção na sociedade, proporcionando competências para que o mesmo não só se adapte a novas situações, como também promova as mudanças sociais necessárias. Andréia Rodrigues Inovar significa pensar formas que ajudem a construir o caminho que os cidadãos vão trilhar nos próximos anos. Transformando-os em sujeitos capazes de pensar com criatividade, que tenham autoestima e capazes de enfrentar mudanças profissionais, acompanhando as transformações do seu tempo. Armando Gil Quero reforçar a ideia de que inovar é assumir riscos. Não podemos ficar engessados em ideias ultrapassadas. Claudia Almeida O desafio é “desafiar o aluno”, numa época em que os estímulos estão por toda parte. A atividade para ser desafiadora deve estimular a superação de obstáculos e mobilizar conhecimentos prévios. 2. Inovação “ “ “ “ ” ” ” ” 13 Edilamar Caoneto As atividades escolares devem transcender a sala de aula considerando quais as visões de mundo, qualidades humanas e habilidades são esperadas de uma criança ou de um jovem. Luzânia Alves de Souza Organizar o trabalho que busque a aprendizagem dos alunos através de projetos, que articulem realidades diferentes da que ele está acostumado a experimentar, é desafiador para nós por exigir um alto nível de preparação pedagógica. Márcio Vazzi A criatividade deve ser valorizada para se obter a inovação, tanto por parte dos alunos como dos professores. Maria de Fátima A pedagogia deve favorecer a aprendizagem ativa, focada no fazer, na resolução de problemas e em desenvolvimento de projetos. Marisa Elsa Demarchi As tecnologias tem um papel fundamental de “dar novas possibilidades” às escolas, especialmente no sentido de ampliar os espaços de discussão entre educadores e alunos, dar mais visibilidade ao que é produzido em seus espaços. Marli Fiorentin Sempre precisamos mostrar o porquê da importância daquele conhecimento pra vida. Assim fica mais fácil criar motivação e abrir caminho para o aprender. Marise Brandão Acredito que a inovação é uma coisa íntima, primeiro eu sinto a necessidade da mudança, penso em todas as possibilidades para mudar, acredito que posso e realizo. 2. Inovação “ “ “ “ “ “ “ ” ” ” ” ” ” ” 14 Patrícia Mara Estrela Manso O conceito de inovação está associado a mudanças, em um processo de busca pelo novo, de criação. Envolve a atitude de questionar as velhas estruturas e hábitos e trazer soluções do futuro para o presente. Terezinha Bernadete Motter Educador Inovador é o professor que sabe ou tenta criar novos espaços de aprendizagem onde o centro do processo é o aluno. Onde o professor não fixa um conteúdo e, dele, não pode afastar-se. Nesse espaço de aprendizagem o professor é o orientador para que os alunos colaborem, cooperem, sejam autores, desenvolvam competências para seguirem com autonomia, tornando-se responsáveis pela sua aprendizagem e pela dos colegas. 2.2 A TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO Segundo os membros do “Educadores Inovadores em Rede”, pela primeira vez há algo importante na escola que os alunos entendem e dominam melhor que os professores: a tecnologia. Esse fato por si só é um fator desencadeador de mudanças, desde que colocado a serviço da construção do conhecimento. Isso porque, o grupo acredita que inovar vai muito além de inserir ferramentas tecnológicas no ambiente escolar. Muitas escolas, apesar da aparência moderna, continuam com aulas tradicionais, centradas no ensino e não na aprendizagem. O grupo entende que a tecnologia facilita e muito a inovação e deve ser utilizada como um fator motivacional na aprendizagem do aluno, um meio propulsor para mudanças, e não como um fim em si mesmo. 2. Inovação “ “ ” ” 15 Competência = Capacidade = Saber Fazer Competência - Conjunto integrado de habilidades, informações e atitudes (Por Eduardo Chaves, Educação Inovadora) 3. As Competências do Século XXI 3.1 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A PONTE ENTRE A ESCOLA DE ONTEM E A ESCOLA DO FUTURO1 As mudanças na sociedade, no trabalho e na vida das pessoas são evidentes. Com a grande expansão das tecnologias de informação e comunicação, as formas de comunicação, produção e de gestão do conhecimento se modificaram. Algumas situações indesejadas que ainda se encontram presentes nas escolas parecem estar com os dias contados: a competição entre alunos e entre professores, a produção individual de conhecimentos, a fragmentação e o isolamento das escolas. Para aqueles professores que ainda estão com os pés em dois mundos parece que a migração para produção de conhecimento de forma cooperativa e multidisciplinar não é tão fácil como possa parecer num primeiro momento. Assim, novas habilidades lhes são exigidas. Entre elas podemos citar: a da pesquisa permanente, o trabalho em grupos multi e interdisciplinares e o conhecimento das potencialidades das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), dentre outras. Segundo o Caderno da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) Padrões de Competências em TIC para Professores2 a migração para criação dos conhecimentos se faz de forma gradual na maioria dos professores, passando por três abordagens: alfabetização em tecnologia, aprofundamento do conhecimento e criação do conhecimento. Em cada uma delas as habilidades exigidas são diferentes, se sofisticando bastante na última delas, (criação de conhecimentos). 1 Texto coletivo: SANTOS, Alex Vieira dos; HARTUNG, Guilherme Erwin ; MARTINEZ, Maria de Fátima ; FIORENTIN, Marli Dagnese; DEMARCHI, Marisa Elsa 2 Referência: PADRÕES DE COMPETÊNCIA em TIC para professores: Diretrizes de implementação.Versão 1.0. S.l. UNESCO. 2009. 7 p. Tabela 3 – Esquema de Competência 16 Aos educadores deste século, então, cabe a tarefa de preparar-se para oferecer possibilidades de desenvolvimento gradativo dessas habilidades. Sem dúvida, o uso das tecnologias de informação e conhecimento é uma dessas oportunidades, “por intermédio do uso corrente e efetivo da tecnologia os alunos têm a chance de adquirir complexas capacidades em tecnologia”. Ainda segundo o documento, em um ambiente educacional qualificado, a tecnologia pode permitir que os alunos se tornem usuários autores, pessoas que buscam, analisam e avaliam a informação, solucionam problemas e tomam decisões, sejam usuários criativos de ferramentas de produtividade, comunicadores, colaboradores, editores e produtores, cidadãos informados e possam oferecem contribuições. Aos responsáveis pela formulação de políticas educacionais, então, cabe a tarefa de propiciar recursos técnicos e formação profissional aos docentes a fim de que se concretizem os padrões de competências indicados pela UNESCO já citados anteriormente: alfabetização tecnológica, aprofundamento de conhecimento e criação de conhecimento. Finalmente, para construir uma sociedade baseada em conhecimento os educadores precisam “ser” continuamente desbravadores desse novo tempo a fim de que seus alunos possam conquistar tantas e quantas competências forem necessárias para “ser” no século XXI, uma sociedade baseada no conhecimento. Para tal, são necessárias mudanças no formato das aulas, historicamente direcionadas pelo professor transmissor. Uma das maneiras encontradas para tornar o aluno o sujeito de seu próprio conhecimento é a pedagogia dos projetos. No entanto, quando o professor elabora um projeto pedagógico deve refletir sobre as competências e habilidades que quer desenvolver e quetransformações espera que aconteçam durante a criação, o desenrolar e após a aplicação do projeto nos alunos. É o momento áureo, quando é possível contemplar uma significativa transformação nos jovens, mas para isto é necessário que eles se sintam desafiados. Esse parece ser um dos pontos mais importantes. 3. As Competências do Século XXI 17 Ainda em relação aos projetos desenvolvidos nas escolas: por que não deixar que os alunos sejam coautores dos mesmos? Lançar ideias, coletar dados com eles, perguntar o que os aflige ou o que lhes deixam com dúvidas em sua vida? É a enchente em sua rua? O cadáver que apareceu em sua porta? A conta de “luz” que está alta ou o “gasto de energia” em sua comunidade? Será que não haveria tópicos de física, química, geografia ou mesmo inglês para ver com esses temas? Ou será que as competências desejadas realmente são as de memorização e acesso de informações como em um winchester e só se muda o nome de “assunto da unidade” (conteudista), para “projeto tal”? Não adianta inserir somente o termo projeto para que se tenha o desenvolvimento de competências inovadoras. Não adianta inserir TIC como novidade para dizer que a escola mudou. Antes de tudo é preciso que um projeto tome o corpo de um projeto, seja estruturado e pensado segundo seus critérios de execução e que os professores saibam e sejam parte do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola para que seu projeto não destoe de um contexto de aplicação. Além disso, cada abordagem não se limita ao desenvolvimento exclusivo de habilidades em TIC, mas sim, de uma evolução mais ampla que contempla: as políticas educacionais, o currículo e a avaliação, a pedagogia, as TICs, a organização e administração da escola e o desenvolvimento profissional dos professores. Estas novas abordagens na aprendizagem visam um papel mais autônomo, crítico e ativo dos indivíduos na sociedade, possibilitando uma participação nas decisões e articulações: Ciência, Sociedade e Tecnologia (SANTOS, 2005 e BAZZO, 1998)3. Sintetizando, em relação a competências e habilidades para o século XXI pode-se afirmar que: a) não dá mais para centrar a aula em conteúdos, mas sim em adquirir habilidades que por sua vez levam o aluno a algumas competências; b) as competências precisam ser desenvolvidas para a resolução de problemas que vão surgindo no decorrer da vida; 3 Referências: SANTOS, A. V. dos . Ensino das ciências: A contribuição do campo educação CTS. Jornal da Ciência – SBPC, São Paulo, 25 de out. 2005. Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br. Consultado em 15 de julho de 2010 BAZZO, Walter A. Ciência, Tecnologia e Sociedade e o contexto da educação tecnológica. Florianópolis, Edufsc, 1998. 3. As Competências do Século XXI 18 c) não basta saber, mas também saber fazer. falta muito ligar os saberes com a prática do dia a dia; d) o uso das tecnologias contribui para a autonomia e criatividade na aquisição dessas competências necessárias na resolução de problemas; e) o professor do século xxi precisa ter competência para flexibilizar o currículo de acordo com o interesse e necessidade dos educandos, saber utilizar as tecnologias para produção de conhecimento tanto seu quanto dos alunos, tornar-se também um aprendiz, propor trabalhos colaborativos. O aluno do século XXI precisa adquirir competências para resolução de problemas, para aprender a aprender, trabalhar de forma cooperativa, exercitar a autoria, tornar-se empreendedor. Os educadores e gestores parecem já estar conscientes da necessidade de mudanças na educação, porém existe ainda uma distância entre o que se diz e se faz na escola, na maioria dos casos. Estamos atravessando a ponte entre o antigo fazer e as exigências do novo século, em que a tecnologia é fato irreversível, sendo um instrumento de autonomia e cooperação, se bem utilizada. Associada a ela, novas posturas pedagógicas como o “Saber fazer” recomendado por (Delors, 1999)4, a partir da “compreensão do todo”, sugerida na teoria da complexidade por (Morin, 2003 e 2004), são a chave para que a educação de fato seja um agente transformador da sociedade. 5 4 Referências: DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. 2. ed. São Paulo : Cortez, 1999. 5 Referências: MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. 8. ed. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO. 2003. 3. As Competências do Século XXI 19 3.2 DANDO VOZ AOS ALUNOS6 Diante de elevada possibilidade de crescimento cognitivo e dada a necessidade do uso da tecnologia no contexto atual, os docentes devem estar preparados para usá-las para benefício pessoal e, principalmente para qualificar a ação docente oportunizando que o aluno também seja usuário. Nesse sentido, a escola não pode estar alheia a essa necessidade. Deve sim, estendê-la através de ações que visem à inclusão e qualifiquem a formação de todos. Contudo, é sabido que a qualificação da aprendizagem não acontece se não estiver embasada numa proposta pedagógica que vise não apenas a mudança externa, mas sim, a mudança essencial: a revisão metodológica. Como sabemos, a metodologia tradicional embasada no repasse de conhecimentos já construídos não tem sido motivadora para os estudantes. Eles manifestam vontade de aprender, mas não se contentam com os velhos métodos. O educador deve ter um olhar diferenciado sobre a realidade vivida pelos estudantes. O uso de tecnologias faz parte da vida deles de uma forma muito simples. Eles cresceram tendo acesso a elas, diferentemente da realidade de alguns professores que agora, ainda estão aprendendo a lidar depois de adultos. Essa geração cresceu na frente de um computador. É a geração da informação on-line, via satélite. Isso se torna muito claro quando analisamos a elaboração de trabalhos e pesquisas feitas fora da escola, são quase que totalmente baseadas em sites. A grande maioria das citações bibliográficas é da internet. Os alunos dificilmente fazem trabalhos em bibliotecas, ou nas coleções de enciclopédias que hoje enfeitam as estantes de seus pais e avós. A grande maioria usa o computador para pesquisa, é a internet em casa ou a lan house de fácil acesso a qualquer um deles. Tendo consciência disso, é necessário fazer desse instrumento um auxílio, um recurso na construção do saber, uma vez que, a rede mundial de informações contém os mais diversos e múltiplos assuntos para a construção do conhecimento. Claro que sabemos que existem também sites e informações não confiáveis e até mesmo perigosas. Mas surge aí mais uma importante questão: ensiná-los a usar correta e adequadamente todo o benefício que a rede disponibiliza e que a internet não serve apenas para sites de bate papo, como MSN e Orkut. 6 Texto coletivo: VELOSO, Karla ; VAZZI, Marcio ; SANTOS, Armando Gil Ferreira dos ; MOTTER, Teresinha Bernardete. 3. As Competências do Século XXI 20 Devemos mostrar como produzir um trabalho de qualidade utilizando o computador, e extinguir esse “fantasma” de que os alunos simplesmente selecionam, copiam e colam o que querem o famoso “Ctrl+C – Ctrl+V”. Diante dessa realidade pensamos que é competência do professor no século em que estamos vivendo criar espaços de aprendizagem usando metodologias embasadas em teorias onde o centro do processo seja o aluno. Em momentos de resultados periódicos na escola, o problema de aprendizagem no grupo de alunos em que trabalhamos é sempre angustiante para o professor, porque temos a certeza de que alguma coisa não foi bem. Partimos para as ações que conhecemos como as recuperações paralelas ou contínuas, que de certa forma amenizam, porque o aluno é acompanhado mais de perto. Entretanto, os resultados nem sempre alcançam às nossas expectativase ficam registrados como pontos estatísticos nas metas escolares. Algumas práticas dissociadas propiciam a negação desse aluno em aprender dessa forma ou de outra. Até mesmo o próprio lay-out de livros didáticos não consegue seduzi-lo, porque não tem qualquer forma de interatividade. Essa é a grande necessidade desses jovens. Nós professores temos uma fonte inesgotável de novas propostas e que só funciona, quando temos o olhar desse aluno. Assim como a sua autonomia deve ser desenvolvida ao longo de sua vida escolar, esse mesmo aluno tem a necessidade de compartilhar as suas produções e os seus resultados com os seus colegas, seus familiares e o professor, o que mostra a prática dessa efetiva interação. Daí então, é que vem a proposta inovadora do professor: por que não trabalhar de forma compartilhada? O que nossos alunos precisam aprender para conseguirem ser felizes em sua vida profissional e pessoal? Vamos elencar algumas habilidades que pensamos ser da maior importância: 3. As Competências do Século XXI 21 a) Habilidades para pesquisar (procurar, selecionar, guardar, compreender, depurar, elaborar); b) Autores de sua Aprendizagem (Argumentar, fundamentar, questionar com propriedade, propor e contrapor); c) Usar Tecnologias Digitais (interagir através de e-mail, procurar e selecionar na Internet, editar, desenhar, hospedar, publicar, simular, experimentar); d) Colaboração em prol da aprendizagem (propor, sugerir, criticar, questionar). É possível desenvolver essas habilidades em uma prática tradicional, centrada no professor e nos conteúdos específicos elencados por ele? Se não usarmos as tecnologias digitais e as tecnologias da informação e da comunicação não poderemos desenvolver essas habilidades? Claro que podemos, a não ser as específicas, tão importantes pelo que já foi dito acima, as demais são perfeitamente construídas quando damos voz aos nossos alunos na autoria de sua aprendizagem. Não podemos formar alunos que somente possuem conhecimento, e não saibam usá- lo, segundo o professor Rubens Portugal o que todo empresário deseja nesse nosso tempo é: Um profissional que reflita na ação que está desempenhando, porém que vá muito além da simples reflexão e que se torne um artista na execução, ou seja, o desejado é um profissional que se não possui um conhecimento específico, reflita e busque-o, e, assim que o adquirir use-o adequadamente, apropriadamente, corretamente e artisticamente. (Rubens Portugal, citado em 2003). Os profissionais de educação não podem ficar alheios a essa realidade que nos bate à porta todos os dias. Conhecimento é nada, ou quase nada, se não soubermos usá-lo adequadamente, apropriadamente e corretamente nas mais variadas situações da vida pessoal e profissional. Isso é competência. (AGUILAR, 2002) 7 7 Referência: AGUILAR, Marcelo A. Era do conhecimento ou da competência? Revista @prender Virtual. Disponível em www.aprendervirtual.com . 2002 3. As Competências do Século XXI 22 3.3 EDUCAÇÃO E COMPETÊNCIAS NO CONTEXTO DA SOCIEDADE GLOBALIZADA DO SÉCULO XXI8 O inciso primeiro do artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) afirma que toda pessoa – crianças, adolescentes ou adultos – devem se beneficiar de uma formação concebida para responder às suas necessidades educativas fundamentais. Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos de aprendizagem essenciais (leitura, escrita, expressão oral, cálculo, resolução de problemas) como conteúdos educativos (conceitos, atitudes, valores). Portanto, todo o Ensino Básico tem a obrigação de desenvolver competências humanas que servirão de base para conhecer, relacionar, contextualizar e interpretar os problemas atuais, entendendo e interagindo com o mundo, apropriando-se do conhecimento e propondo soluções para a resolução de problemas, formando pessoas comunicativas, transformadoras e autônomas. As competências necessárias a construir na Educação Básica, o papel da escola e dos educadores na sociedade brasileira atual são discutidos frente às necessidades do mercado global, onde os princípios neoliberais, focados na eficácia e na qualidade exigem do ser humano a aplicabilidade de múltiplas dimensões cognitivas e socioafetivas. As necessidades criadas pelo mercado capitalista neoliberal requerem trabalhadores e consumidores competentes, formados e qualificados. Estas habilidades e competências deveriam ser desenvolvidas e privilegiadas pelas escolas, como espaço de vivência e simulações da sociedade, desde a infância onde naturalmente existe o prazer e a curiosidade para o aprendizado. Como afirmou Bernard Charlot9, “não se trata apenas de desenvolver competências, técnicas novas, mas também de aumentar o nível de formação básica da população: o autoatendimento nos bancos e nas estações de metrô, o uso da Internet, a compra de brinquedos eletrônicos para os seus filhos, até a escolha do seu hambúrguer por combinação de várias opções ou a faxina de escritórios cheios de conexões elétricas exigem modos de raciocínio outros que não os antigos”. 8 Texto coletivo: FERREIRA, Andréia Martins ; CAONETO, Edilamar ; SOUZA, Luzânia Alves de; BRANDÃO, Marise ; MANSO, Patrícia Mara Estrela ;FERRARI, Tatiane. 9 CHARLOT, Bernard. Educação e Globalização. Uma tentativa de colocar ordem no debate. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 4, pp. 129-136. Acessado em 20 de maio de 2010 em http://sisifo.fpce.ul.pt 3. As Competências do Século XXI 23 Mas o que temos, na maioria das vezes, é um modelo educacional tradicional; que não acompanhou as mudanças, onde existe a imposição de conteúdos. Uma escola centrada em currículos sem vínculos com a realidade do educando, onde o professor é detentor e transmissor da informação e o aluno é o receptor passivo e tem que adequar-se a esta educação massificada, padronizada e excludente. A escola atual precisa se reinventar para formar e transformar seres humanos que transformam o mundo e se transformam com ele. Para isto, é necessário estabelecer relações entre as várias áreas do conhecimento e construir novos significados; pensando, julgando, decidindo, propondo e sabendo fazer, justamente o contrário do que ainda é feito. Trabalhar com blocos disciplinares, fragmentando ou confundindo o conhecimento com acúmulo de informações, não parece um caminho coerente com as exigências do século XXI para alunos e professores. Segundo Eduardo Chaves10, no artigo Educação Orientada para Competências e Currículo Centrado em Problemas, uma educação orientada para competências deve desenvolver, em continuidade com a competência e habilidade que o aprendente vinha desenvolvendo. São muito importantes competências na absorção, transmissão, na análise e no acesso à informação, deve haver competência epistemológica, ética e estética, na compreensão leitora, no relacionamento interpessoal e no plano pessoal, além da competência de gerenciar a própria vida ao longo de suas diferentes fases. Neste aspecto a Educação Básica é falha no sentido de que não consegue desenvolver totalmente estas competências. A preocupação com a formação cidadã dos alunos está restrita aos inúmeros planos e projetos pré-concebidos para outras realidades. As habilidades exigidas para a construção de uma competência variam de acordo com o contexto social e histórico, econômico e educacional de cada pessoa envolvida nos processos de ensinar e aprender, dentro e fora da escola. 10 Referência : CHAVES, Eduardo O. C. Educação Orientada para Competências e Currículo Centrado em Problemas. Acessado em 13 de maio de 2010 em http://4pilares.net/text-cont/chaves-curriculo.htm 3. As Competências do Século XXI 24 Na prática muitos adolescentes, quando concluem o Ensino Básico, não conseguem compreender o mundo a sua volta e nem serem cidadãosconscientes de seus valores e atitudes. Isto ocorre porque na escola falta espaço de vivência e de discussões dos referenciais éticos, necessários para a construção de toda e qualquer ação cidadã, faltam debates e discussões sobre a dignidade do ser humano, igualdade de direitos, importância da solidariedade, entre outros. As exigências de nosso século não são nada simples para educadores e alunos. As competências pressupõem operações mentais, ou seja, capacidade para usar as habilidades adequadas à realização de tarefas e conhecimentos. Dessa forma o papel do educador, requer visão para buscar soluções, coragem para inovar em sua metodologia, focando muito mais em criar situações desafiadoras dentro do cotidiano da sociedade em que vivem; trabalhar em colaboração tanto com os colegas como também com seus alunos para que todos os envolvidos desenvolvam habilidades e possam adquirir competências que os levem, não só a aprender o que está sendo feito, mas a aprender fazer. Como vivemos um processo de intensa transformação, onde a formação integral e o desenvolvimento humano assumem dimensões extraordinariamente importantes, educadores e educandos devem aprender a pensar juntos, a trabalhar em grupo e a gerir suas vidas individuais e em coletividade. Assim, os pilares em que os educadores do século XXI devem se apoiar estão em uma pedagogia ativa, criativa, dinâmica, apoiada na descoberta, na pesquisa, na investigação e no diálogo. É neste contexto que o uso das ferramentas tecnológicas e a criação de materiais didáticos personalizados devem ser utilizados e apropriados por todos os envolvidos no processo educativo. 3. As Competências do Século XXI 25 A Pedagogia de Projetos visa à ressignificação do espaço escolar, transformando-o em um espaço vivo de interações aberto ao real e as suas múltiplas dimensões. O trabalho com projetos traz uma nova perspectiva para entendermos o processo ensino/ aprendizagem. Aprender deixa de ser um simples ato de memorização e ensinar não significa mais repassar conteúdos prontos. (DEWEY, 1956) 1 4.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Baseado no capítulo 10 (E os Projetos de Aprendizagem?) do artigo “Projetos de Aprendizagem no Contexto do Currículo e da Avaliação” de Eduardo Chaves. A metodologia de projetos consiste na prática de aprendizagem que permite que os alunos construam as competências que são necessárias para fazer coisas que lhe interessam – especialmente no contexto de seu projeto de vida. O que lhes interessa pode, entretanto, ser coisas simples, por exemplo, encontrar resposta para alguma questão que os preocupe. O ser humano não aprende sozinho, e, portanto, não se educa sozinho. Sua aprendizagem, e a sua educação, acontece em um contexto social. Mas esse fato não quer dizer que a aprendizagem do ser humano é exclusiva e necessariamente produzida pela ação de terceiros, e que, sendo assim, outros o educam. É conhecida a tese de Paulo Freire de que ninguém educa ninguém, mas ninguém, tampouco, se educa sozinho: o ser humano se educa em comunhão, no contexto de viver sua vida neste mundo (Pedagogia do Oprimido, 1987). Aprender, portanto, é construir competência: é conseguir fazer o que antes não se conseguia fazer, e, portanto, envolve ampliação da autonomia. Educação é o nome dado a esse processo de aquisição ou construção de competências através da aprendizagem, com vistas à crescente autonomização do indivíduo. 1 DEWEY, John. The Child and the Curriculum. The School and Society. Chicago: The Chicago University Press, 1956. ____. Vida e Educação. Trad. Anísio Teixeira. São Paulo: Nacional, 1959.John. 4. Metodologia de projetos 26 A construção da aprendizagem é algo que só acontece quando o aluno é ativo, quando está interessado no que está fazendo, quando sua motivação é intrínseca, não extrínseca. Isso significa, que a aprendizagem, para ser bem sucedida, é autogerada ou autoiniciada, e, não só isso, mas, também, autoconduzida e autossustentada. Ela decorre daquilo que o aluno faz, não de algo que o professor faz nele, para ele ou por ele. Eduardo Chaves defende a tese de que a aprendizagem que acontece quando os alunos se envolvem em “projetos de aprendizagem”, de sua própria escolha, alicerçados em seus interesses, e em geral transdisciplinares, é a aprendizagem mais desejável e significativa, por uma série de razões, que a seguir são especificadas: a) a pedagogia de projetos de aprendizagem vê a educação, e, portanto, a aprendizagem como o principal mecanismo pelo qual o ser humano projeta e constrói a sua própria vida, e, portanto, como algo que lhe é natural e intrinsecamente motivador, procurando, assim, evitar que a criança seja vista como um ser essencialmente refratário à aprendizagem, que precisa, por isso, ser obrigado a aprender através de mecanismos artificiais de recompensas e punições que agem como motivadores externos; b) a pedagogia de projetos de aprendizagem incentiva a criança a explorar e a investigar seus interesses – as coisas que ela gosta de fazer e que gostaria de aprender – e atribui ao educador a responsabilidade de encontrar maneiras de, a partir desses interesses, tornar a atividade da criança útil no desenvolvimento das competências básicas necessárias para que ela se torne capaz de sonhar seus próprios sonhos e transformá- los em realidade, procurando, assim, evitar que a criança seja obrigada a deixar de lado seus interesses, sua imaginação e sua criatividade ao entrar na escola; c) a pedagogia de projetos de aprendizagem procura evitar que a aprendizagem se torne algo passivo, e, por conseguinte, desinteressante, abrindo o maior espaço possível para o envolvimento ativo da criança, não só na concepção e na elaboração dos seus projetos de aprendizagem, mas também na sua implementação e avaliação, pois esse envolvimento não só a motiva (por estar relacionado com seus interesses) como torna a sua aprendizagem ativa e significativa – um real fazer mais do que um mero absorver de informações; 4. Metodologia de projetos 27 d) a pedagogia de projetos de aprendizagem procura, assim, estabelecer uma estreita relação entre a aprendizagem que acontece na escola e a vida e a experiência da criança, reconstituindo o vínculo entre seus processos cognitivos e seus processos vitais, pois os projetos que ela escolhe partem, inevitavelmente, de questões relacionadas à sua vida e à sua experiência que lhe parecem importantes e sobre as quais ela se interessa em aprender mais; e) a pedagogia de projetos de aprendizagem rejeita a noção de que todas as crianças devam aprender as mesmas coisas, pelos mesmos métodos, nos mesmos ritmos e nos mesmos momentos – independentemente de seus interesses, de suas aptidões, de seu estilo cognitivo, de seu estado de espírito, etc.; f) a pedagogia de projetos de aprendizagem busca, portanto, evitar que o objetivo do aprendizado escolar seja definido como a absorção, pela criança, de grandes quantidades de informação (fatos, conceitos, princípios, valores, procedimentos), e que o aprender da criança seja visto como o subproduto esperado da ação do professor (algo que se espera que o professor faça, através do ensino, e que a criança apenas “sofre”, em mais de um sentido); g) a tecnologia digital é parte integrante e indissociável na metodologia de projetos de aprendizagem pelo fato de ser um espaço efetivo para: interação, aprendizagem colaborativa, disseminação de processos e resultados. Para que os projetos de aprendizagem façam o que deles se espera, é necessário que cada um deles especifique com clareza quais competências, dentre as previstas no currículo, os alunos que estão incluídos irão desenvolver. E as atividades executadas no curso da implementação do projeto, devem estar diretamente relacionadas ao desenvolvimento das competênciasprevistas. Sem isso, projetos serão algo divertido e recreativo, mas que não contribuirão decisivamente para a aprendizagem dos alunos. 4. Metodologia de projetos 28 4.2 OS RESULTADOS DA METODOLOGIA DE PROJETOS NA PRÁTICA DE ENSINO Baseado em textos dos educadores Márcio Vazzi e Terezinha Bernardete Motter Para que os alunos se interessem pelas disciplinas e conteúdos tradicionais dos currículos escolares, é preciso que haja uma aplicação ou justificativa para a matemática, química, biologia ou outra disciplina “existir na face da terra”, pois caso contrário, parece que os alunos não dão o devido valor a estes saberes. Isso valoriza as diversas formas de aprendizagem (GARDNER), pois, ao utilizar elementos do cotidiano, a escola e o educador não somente facilitam a aprendizagem de conceitos, como também desenvolvem no aluno a atitude de associar os conceitos científicos à realidade vivenciada, favorecendo ambientes para uma efetiva apropriação dos conhecimentos (SOUSA, 2008). O aluno precisa ser desafiado a entender e reconstruir o mundo que o cerca e com isso o aprendizado se torna efetivo e terá valor para toda sua vida. Outro fator importante a ser considerado na realização de projetos voltados para a educação é a proximidade e relação da ciência com os conteúdos discutidos e trabalhados, pois estes saberes são a base para a compreensão do mundo que nos cerca. O que também faz a diferença na hora de desenvolver projetos educacionais é a CRIATIVIDADE, pois ela ajuda a aplicar e difundir os conceitos presentes no currículo escolar. A criatividade resume muito bem o conceito de inovação uma vez que, se considerarmos a inovação como a prática de criar e mudar a forma de fazer as coisas, nada melhor do que a criatividade para inventar uma nova maneira de lecionar e de fazer as coisas. Isso acaba “contaminando” os alunos que também criam e inovam a maneira de aprender e quando esta simbiose torna-se parte do dia a dia escolar, tudo isso que chamamos de “processo ensino/ aprendizagem” passa a ser feito de maneira tão natural e prazerosa que nem percebemos. Se o professor tenta fazer isso, ele pode ser considerado um Educador Inovador, pois cria novos espaços de aprendizagem onde o centro do processo é o aluno. 4. Metodologia de projetos 29 Nesse espaço de aprendizagem o professor é o orientador para que os estudantes colaborem, cooperem, sejam autores, desenvolvam competências para seguirem com autonomia, tornando-se responsáveis pela sua aprendizagem e pela dos colegas. Certamente há muitos que já refletem com seus alunos as práticas pedagógicas, as teorias de aprendizagem e novas metodologias para a superação de uma prática tradicional centrada no professor e nos conteúdos. Por isso, quando sugerimos um tema ou os alunos o escolhem, a partir de sua vivência e de seu desejo, a aprendizagem é muito maior. Desta forma outros professores da mesma turma podem entrar no projeto desenvolvendo habilidades e competências mais precisas para aquele ano. Se pudermos usar as tecnologias digitais para o auxílio da construção desse projeto tanto melhor, ele não ficará restrito a esse grupo de alunos, será socializado com muitos outros que aprenderão também. 4. Metodologia de projetos 30 5.1 PROJETOS DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DO CURRÍCULO E DA AVALIAÇÃO Por Eduardo Chaves Avaliar se alguém assimilou ou não as informações que lhe transmitimos é relativamente fácil – e pode ser feito através de testes, provas e exames, até mesmo com questões de múltipla escolha. Avaliar se alguém desenvolveu alguma competência relativamente complexa, como pensar criticamente, não é fácil – e não se faz através de testes, provas e exames. Para saber se uma criança aprendeu a andar a observamos. Para saber se aprendeu a falar, novamente a observamos – mas agora podemos e devemos também interagir com ela. Para saber se uma criança está alfabetizada, novamente a observamos – e, também, interagimos com ela. A professora alfabetizadora em regra conhece bem os seus alunos, porque os acompanha no dia a dia e interage com eles. Quando chega uma visita à sua classe e lhe pergunta quem já está alfabetizado ali, ela não precisa aplicar um teste, uma prova, um exame. Ela sabe. Sabe porque conhece seus alunos. Sabe porque os acompanha o tempo todo. Sabe porque interage diariamente com eles. Assim ela não hesita em dizer os nomes de quem já está alfabetizado, daqueles que estão chegando lá, e daqueles que ainda estão meio longinhos (infelizmente, sempre os há). A avaliação de outras competências se dá da mesma maneira: observando, interagindo e, de vez em quando, colocando um desafio pertinente para ver como a criança se sai. Para avaliar dessa forma, alguns procedimentos preliminares são essenciais e indispensáveis: a) definição operacional de cada competência constante do currículo; b) selecionar indicadores que evidenciam que a competência está desenvolvida; c) especificar conceitos que especificam o nível de desenvolvimento daquela competência no aluno; d) definir critérios para atribuir esses conceitos aos alunos. 5. Avaliação de competências 31 Isso feito, chegada a hora, os alunos são avaliados, recebendo conceitos para cada competência. A avaliação se dá com base nas informações coletadas pelos professores (que devem estar no Portfólio de Aprendizagem do aluno), com base em informações prestadas pelos pais, com base em depoimentos dos colegas e com base em entrevista com o próprio aluno (autoavaliação). EXEMPLOS DE GRÁFICOS DE APRENDIZAGEM Campo Sustentável 0% 20% 40% 60% 80% 100%0% 20% 40% 60% 80% 100% GeografiaGeografia Saúde e Segurança no trabalhoSaúde e Segurança no trabalho Uso e Manejo do SoloUso e Manejo do Solo CiênciasCiências ZootecniaZootecnia Produção AnimalProdução Animal Produção VegetalProdução Vegetal SociologIaSociologIa BiologIaBiologIa Economia DomésticaEconomia Doméstica ArtesArtes Nível de aprendizagem depois do projetoNível de aprendizagem depois do projeto Nível de aprendizagem antes do projetoNível de aprendizagem antes do projeto Figura 1: Gráfico retirado do folheto do projeto Campo Sustentável, página 4/6 5. Avaliação de competências 32 Escola na Nuvem Romantismo no Século XXI 100 1200 20 40 60 80 Você sabe o que é Romantismo? Quantos alunos sabiam antes do projeto Quantos alunos sabiam depois do projetoQuantos alunos sabiam depois do projeto GRÁFICO DE APR ENDIZAGEM Figura 3: Gráfico retirado do folheto do projeto Romantismo no Século XXI, página 10/12 5. Avaliação de competências 0% 20% 40% 60% 80% 100%0% 20% 40% 60% 80% 100% PortuguêsPortuguês Gráfico de AprendizagemGráfico de Aprendizagem MatemáticaMatemática HistóriaHistória FísicaFísica GeografiaGeografia QuímicaQuímica BiologiaBiologia InglêsInglês ArtesArtes NOTAS DEPOISNOTAS DEPOIS NOTAS ANTESNOTAS ANTES Figura 2: Gráfico retirado do Virtual Classroom Tour (VCT), Slide 15/19 33 6.1 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM AMBIENTE DIGITAL Autor: Teresinha Bernardete Motter Contato: bernardetemotter@terra.com.br Escola: Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza Cidade: Caxias do Sul - RS Áreas de aprendizagem: Português, Matemática, História, Geografia, Biologia e Artes Público-alvo: Ensino Fundamental Descrição: O projeto privilegia as questões de investigação que nascem dos interesses e necessidades dos alunos e a busca autônoma de respostas para elas. Objetivo: Interagir com professoras e com crianças das séries iniciais no Laboratório de Informática Educacional (LIE) visando à construção e a aplicação do conhecimento construído, refletindo sobre práticas pedagógicas desenvolvidas no curso de formação de professores de séries iniciais. Passoa passo: O trabalho é desenvolvido em dois momentos distintos: No primeiro momento (primeiro semestre letivo), as professorandas são pesquisadoras que se debruçam sobre um tema de interesse para aprender e, dentro dessa aprendizagem, criam espaços virtuais para a publicação dos projetos. No segundo momento (segundo semestre letivo), as educadoras ampliam o conhecimento construído, atuando na orientação de alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental (Curso de Aplicação). a) solicitação às alunas que formem grupos por afinidade. Cada uma deve pensar em algo que gostaria muito de saber, referente a alguma disciplina ou qualquer outro assunto que tenha curiosidade. Escolhido o tema por grupo, elas estruturam um questionamento, uma questão de investigação; 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores 34 b) no momento seguinte as alunas elencam as dúvidas e certezas que possuem a respeito da questão de investigação, elegem os conceitos principais para a construção do mapa conceitual que as guiará no processo. Decidem também de que forma serão julgados (significações) para poder seguir um caminho, que não precisará em hipótese alguma ser definitivo; c) paralelo a esse momento, criam o site para a publicação dos projetos, construído através de entrevistas, leituras e observação no seu meio. Construído também pela interação e cooperação com seus pares, colegas dos grupos, professores e todos os interessados. 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores Figura 4: Projeto Fonte: Arquivo pessoal Figura 5: Projeto Fonte: Arquivo pessoal Figura 6 : Projeto Fonte: Arquivo pessoal 35 6.2 FRACTAL MULTIMÍDA - JOGOS EDUCATIVOS, OBJETOS DE APRENDIZAGEM E ANIMAÇÕES Autores: Guilherme Hartung e Alexandre Becker Contato: guilhermeeh@ig.com.br Escola: Colégio Estadual Embaixador José Bonifácio Cidade: Petrópolis-RJ Áreas de aprendizagem: Português, Matemática, História, Geografia, Química, Física, Biologia, Inglês, Artes, Informática Descrição: Simulação de uma empresa, na qual os aluno e professores podem idealizar um produto, que pode ser um objeto de aprendizagem, um game educativo ou uma animação. Objetivo: O objetivo geral do projeto é criar uma grande rede social que ultrapasse as limitações geográficas entre os integrantes diretos do projeto (que são os alunos que produzem os jogos eletrônicos educativos, objetos de aprendizagem e animações em softwares de autoria) e a comunidade escolar, que além de ser usuária desses produtos, pode interferir, criticar, requisitar novos produtos, fazer download dos produtos disponíveis, modificá-los e publicá-los com novas características. Passo a passo: a) primeiramente a equipe é convocada para uma reunião, geralmente no próprio laboratório de informática. Nesta reunião, quando o novo produto ainda não está definido, é feito um verdadeiro brainstorming, onde os alunos ficam a vontade para lançar ideias, enquanto o educador anota as sugestões. Nessa reunião é percebido um primeiro momento colaborativo, quando um complementa a ideia do outro; b) são definidos então detalhes como, o público alvo e o cronograma para o desenvolvimento do produto; 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores 36 c) já cumprindo o cronograma, a equipe de arte se reúne para discutir aspectos do visual do produto e a distribuição de tarefas. No mesmo momento, os programadores já adiantam o processo, criando uma espécie de engenharia do produto, com arte provisória (por exemplo, o personagem é um círculo), porém com a programação quase pronta; d) quando o produto começa a tomar forma, a equipe de publicidade já inicia uma divulgação postando em blogs, mandando e-mails, espalhando a notícia pela escola; e) quando uma fase do jogo, se for o caso, fica pronta, o jogo é compartilhado pela internet como versão beta, para críticas e sugestões. Só então, depois dos testes o objeto de aprendizagem (produto) é finalizado, antes do deadline; f) com o produto compartilhado, qualquer um no planeta que tenha acesso a internet pode fazer o download do produto, alterá-lo conforme sua vontade, e postá-lo como um novo produto baseado no original. 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores Figura 7: Projeto Fonte: Arquivo pessoal Figura 8: Projeto Fonte: Arquivo pessoal Figura 9: Projeto Fonte: Arquivo pessoal 37 6.3 PROJETO BARREIRO - FRUTICULTURA DOMÉSTICA EM MINI ATERRO SANITÁRIO CONTROLADO Autores: Lucrécio Filho de Oliveira Contato: lucrecio.filho@folha.com.br / 6207.loliveira@fundacaobradesco.org.br Escola: Escola de Canuanã Cidade: Formoso do Araguaia-TO Áreas de aprendizagem: Português, Matemática, História, Geografia, Biologia Público-alvo: 6º, 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio - Curso Técnico em Agropecuária Descrição: Os alunos se propuseram a desenvolver o projeto Barreiro nas comunidades dos assentamentos, nas escolas rurais e nas fazendas próximas à Escola de Canuanã. Objetivo: Sensibilizar os participantes para o problema do lixo doméstico que gera contaminação ambiental, melhorar o ambiente, condições sanitárias e o aspecto das propriedades rurais e desenvolver o protagonismo juvenil em alunos da Educação Básica e Curso Técnico em Agropecuária. Passo a passo: a) os alunos do 8º ano foram os gestores, responsáveis pelo projeto, implantação da coleta seletiva, reutilização dos restos de varrição para compostagem, abertura e manejo do miniaterro sanitário controlado; b) o plantio da bananeira no miniaterro sanitário é de responsabilidade das turmas dos 6º e 7º anos; d) os alunos do 9º ano são responsáveis por todos os registros do projeto; fotos, filmes e demais registros; 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores 38 e) os alunos do curso técnico em agropecuária são os responsáveis por prestarem assessoria no cultivo da bananeira no miniaterro sanitário controlado; f) os professores das diversas áreas trabalham juntos para preparar os eventos previstos no projeto, como visitas aos moradores do assentamento, palestra, ou preparação de materiais de divulgação; g) de maneira interdisciplinar, os grupos de alunos desenvolvem ações específicas de acordo com a sua série e são acompanhadas pelos professores que são os colaboradores do projeto. Os professores da área ambiental, geografia e produção vegetal atuam diretamente nas ações juntamente com os grupos de alunos. 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores Figura 10: Projeto Fonte: Arquivo pessoal Figura 11: Projeto Fonte: Arquivo pessoal Figura 12: Projeto Fonte: Arquivo pessoal 39 6.4 FONTES DE ENERGIA: POPULARIZAÇÃO DAS CIÊNCIAS ATRAVÉS DOS ESTUDOS DE CIÊNCIAS, TECNOLOGIA E SOCIEDADE Autores: Alex Vieira dos Santos Contato: alexvieiradossantos@uol.com.br Escola: Colégio Estadual Luiz Pinto de Carvalho Cidade: Salvador - BA Áreas de aprendizagem: Matemática, História, Geografia, Química, Física, Biologia e Inglês. Público-alvo: 3º ano do Ensino Médio Descrição: Projeto que busca possibilitar a compreensão das fontes de energia renováveis e não renováveis, buscando analisar a partir de um problema norteador, quais os recursos e possibilidades das fontes de energia no contexto social. O presente trabalho propõe uma abordagem do tema fontes de energia no ensino de ciências na escola de Ensino Médio, inspirando-se, dentre outros aspectos, no campo de educação de Ciências, Tecnologia e Sociedade (CTS) e no uso das TIC’s como suporte pedagógico. Objetivos: a) identificar as diferentes fontes de energia (solar, biomassa, eólica, hidroelétrica, petróleo, termoelétrica, biomassa, geotermica e maremotriz), seu contexto de produção, custos e benefícios, bem como, as relações com seu uso social; b) possibilitar que o educandopossa buscar soluções energéticas para uma demanda de energia elétrica aplicada a um problema exposto em sala de aula; c) popularizar as fontes de energia e por extensão os conceitos científicos que as cercam e, de outro modo, desenvolver um senso crítico acerca da produção de energia, seus benefícios e seus malefícios; 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores 40 d) analisar as possíveis controvérsias entre as fontes de energia no que tange seu uso social, seu consumo, seus custos, os processos tecnológicos envolvidos em sua geração e sua relação com a qualidade de vida dos que dela utilizam; e) a ideia é apresentar ao estudante, um contexto de ensino que privilegie o aluno-cidadão como foco central, e não como um mero expectador, inerte aos acontecimentos e reprodutor de conhecimentos. Os estudos CTS para educação se mostram como um meio de socializar e trazer informações que parecem óbvias, mas que ainda, em muitos contextos são praticamente desconhecidas. Passo a passo: a) após avaliação da importância do tema para os alunos e da experiência na disciplina de física, foi criado um grupo virtual em um site gratuito. Nesse grupo os professores puderam criar um ambiente que seria propício à troca de informações referentes ao trabalho; b) um dos primeiros passos foi a aplicação de questionário diagnóstico sobre os conceitos que os alunos trazem do que sejam as fontes de energia elétrica, seu consumo e seus impactos ambientais. O questionário é aplicado através de enquetes criadas em site de relacionamento, sendo as questões de múltipla escolha. Não é descartada a possibilidade de respostas discursivas através de postagens em fórum na comunidade criada pelo coordenador do projeto; c) na sala de aula, durante o decorrer da unidade, são apresentados e confrontados os conceitos referentes à energia, em especial o conceito de energia elétrica e, posteriormente, utilizando-se de vídeos, quadro branco e projetor multimídia, como um conceito mediador com a turma; d) as turmas são divididas em oito equipes, formando assim o leque de fontes de energia que cada sala irá pesquisar: (a) eólica, (b) termoelétrica, (c) solar, (d) hidroelétrica, (e) biomassa, (f) petróleo, (g) nuclear e (h) geotérmica e (i) maremotriz; 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores 41 e) acontece um debate onde os alunos devem expor suas pesquisas e conclusões sobre o problema referente às fontes de energia, bem como sobre possíveis dúvidas e/ou perguntas. para tal, é estabelecido um júri assistido, onde os professores (mediadores) atuam como legisladores de um município que necessita de abastecimento de energia que obedeçam a critérios estabelecidos pelos mesmos nas recomendações entregues aos alunos no início das atividades; f) é no debate (reunião de licitação) que os alunos expõem seus projetos e suas maquetes para solucionar o problema de demanda energética do município. Solicita-se ainda a possibilidade de amostragem de gráficos e cartazes informativos sobre o tema. As maquetes, futuro material da atividade, são expostas no pátio da escola e os alunos ficam à disposição dos visitantes para esclarecer mais dúvidas, logo após o debate. É no debate que os professores podem por mediação intervir e, na medida do possível, corrigir algumas visões empíricas da ciência e de seus conceitos; g) o blog/site ou similar é desenvolvido durante o período das atividades, como forma de registro das etapas e ao final como avaliação do percurso de pesquisa e atividades desenvolvidas pela equipe. servirá como um diário de bordo, onde os alunos irão expor os resultados de suas pesquisas através de textos e imagens. para fins de avaliação, será analisado parcialmente ao final da atividade, e a última avaliação no final da unidade. 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores Figura 13: Projeto Fonte: Arquivo pessoal Figura 14: Projeto Fonte: Arquivo pessoal Figura 15: Projeto Fonte: Arquivo pessoal 42 6.5 ROBÓTICA EDUCACIONAL À LUZ DA PEDAGOGIA DE PROJETOS Autor: Marcio Roberto Gonçalves de Vazzi Contato: profmarcio@vazzi.com.br Escola: ETEC Dr. Adail Nunes da Silva (Taquaritinga/SP) Cidade: Monte Alto-SP Áreas de aprendizagem: Disciplina IMC (Instalação e Manutenção de Computadores) Descrição: Os alunos são colocados em contato direto com peças e equipamentos eletrônicos e são orientados a resolver problemas físicos e mecânicos de computadores, além de montagem, formatação e configuração de PC’s. Objetivo: A ideia deste projeto é fornecer subsídios para a criação de uma pedagogia mais dinâmica baseada na criatividade e aplicações práticas dos próprios alunos levando-os à construção do próprio conhecimento e não apenas à transmissão de saberes estanques pelo professor. Passo a passo: Para realizar o projeto, não houve a necessidade de nenhum tipo de parceria formal, o que ocorreu foi o auxílio de lojas de informática, na doação de ”sucatas”, doação das lojas do comércio local, que cederam as tintas ou ferragens necessárias. A turma também contou com a ajuda de prestadores de serviço como serralheiros, torneiros e marceneiros no auxílio e na confecção dos protótipos robóticos. Os componentes eletrônicos necessários à confecção da parte eletrônica geralmente são adquiridos pelos próprios alunos, professores ou com auxílio da escola. A cada semestre, dois ou mais grupos de alunos se interessam em desenvolver seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) na área de automação e controle, mais conhecido entre os jovens como robótica. 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores 43 Os grupos variam de três a seis alunos em média e a cada semestre um novo grupo é orientado. a) em primeiro lugar o grupo deve demonstrar interesse pela área de automação e apresentar uma proposta de projeto detalhando o objetivo e as habilidades individuais do grupo diante do projeto a ser estudado; b) uma vez aprovado, o grupo procura o professor da disciplina trabalho de conclusão de curso (tcc) para confirmar o ”aceite” de tema para a banca; c) depois de definido o projeto os próprios alunos (sob orientação) dão início às pesquisas e desenvolvimento de seu projeto, ora obtendo conceitos das demais disciplinas do curso, ora em pesquisas em outras instituições ou através da internet; d) após a fase de definição do projeto, os alunos escolhem o banco de dados e a linguagem de programação atual para o desenvolvimento do software final. Entre as linguagens destaca-se o visual basic e alguns projetos em delphi; e) todos os alunos utilizam o sistema operacional windows pela compatibilidade com o visual basic, facilidade de acesso e configuração e por ser mais facilmente compreendido e aceito pelo público em geral; f) são os próprios alunos que confeccionam seus protótipos, realizam a montagem, formatação e configuração do computador que será utilizado no projeto. Com isto eles aplicam na prática todo o conteúdo curricular da disciplina, além de descobrirem outros conceitos de áreas bem distintas e ligadas diretamente ao seu trabalho; g) os conteúdos extras são desenvolvidos por meio de trabalhos e atividades que são realizadas extraclasses. O autor do projeto sempre solicita aos alunos que façam uma reflexão do que estão aprendendo e como o projeto em que eles estão trabalhando irá influenciar a vida das pessoas; 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores 44 h) este trabalho pode ser visto nas redações dos textos que fazem parte do livro de trabalho de conclusão de curso (tcc) que todos os grupos devem apresentar ao final dos projetos. Este livro é avaliado como parte dos requisitos para a obtenção do certificado e se traduz praticamente em uma monografia e roteiro de todo o trabalho desenvolvido. 6. Exemplos de Projetos educacionais inovadores
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