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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO 14ª TURMA PROCESSO TRT/SP Nº 0002444.23.2011.5.02.0007 ORIGEM: 07ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO RECURSO ORDINÁRIO RECORRENTE: DAYSE GODOY MARQUES RECORRIDO: PALAIA ADM IMOBILIÁRIA LTDA Recurso ordinário interposto pela reclamante às fls. 117/121 verso, em face da R.Sentença de fls. 113/115, que julgou improcedentes os pedidos formulados, cujo relatório adoto. Pretende a recorrente a reforma da decisão originária a fim de ver reconhecida a rescisão indireta do contrato de trabalho por assédio moral, condenando a recorrida ao pagamento das verbas rescisórias, indenização pelo período restante da estabilidade e assédio moral. Pugna ainda, pelo reconhecimento do salário “por fora”. Isenta do preparo. Contrarrazões do recorrido juntadas às fls. 124/135. Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho nos termos do art. 85, § 1º, do Regimento Interno deste E. Regional. É O RELATÓRIO. V O T O Satisfeitos os pressupostos de admissibilidade, conheço. DA EXTINÇÃO CONTRATUAL – ASSÉDIO MORAL E ESTABILIDADE Proc. Nº 0002444.23.2011.5.02.0007 Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br informando: codigo do documento = 431682 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO Sustenta a recorrente ter sofrido assédio moral por parte dos empregados, assim como, pelo diretor da reclamada, no decorrer do contrato de trabalho, configurando a rescisão indireta do contrato de trabalho, por assédio moral. Sem razão. O M.M. Juízo a quo entendeu, com acerto, que os fatos narrados apontados pela autora como motivadores da rescisão indireta do contrato – rigor excessivo/assédio moral – não foram demonstrados no contexto probatório constituído nos autos. Cumpre ressaltar que o assedio moral caracterizase pela exposição do trabalhador a situações desagradáveis, humilhantes, incômodas e vexatórias. Para que reste configurado o assédio moral há necessidade de que a conduta seja repetida no tempo, eis que o objetivo do autor do assédio é abalar o trabalhador psicologicamente, a ponto de que este venha a agir de certa forma, como leválo a pedir demissão, condutas direcionadas ao trabalhador ou grupo de pessoas com um certo objetivo que no caso dos autos não restou demonstrado. A prova oral produzida mostrouse frágil a confirmar a conduta empresarial mencionada na prefacial (art. 818 da CLT c/c art. 333, I, do CPC), na medida em que a testemunha ouvida em Juízo, a convite da reclamante (fls. 83/84), Sra. Maria das Graças Oliveira Martins, sequer trabalhava com a reclamante, pois afirmou que “não tinha acesso dentro da reclamada; que só de vez em quando via a reclamante trabalhando; que do lado de fora a depoente não conseguia visualizar a reclamante trabalhando; que não sabe informar se os funcionários da reclamada eram proibidos de conversar com a reclamante.” (Destaquei). Assim, a reclamante não logrou êxito em demonstrar a ocorrência do rigor excessivo pelos superiores hierárquicos, capaz de causarlhe prejuízo moral e desta forma, ensejar o reconhecimento da rescisão indireta. Aliás, tal assertiva é confirmada pelo depoimento da única testemunha ouvida em Juízo a convite da recorrida (fls.84), Sra. Aparecida Rocha, que assim declarou: “que o Sr. Palaia sempre tratou a reclamante muito bem; que por ocasião da comunicação da gravidez da reclamante para o Sr. Palaia a depoente estava afastada; que a depoente nunca presenciou nem ouviu falar sobre repercussões negativas diante da gravidez da reclamante; que ficou sabendo que a reclamante pediu suas férias em dinheiro e não foi concedida, pois tinha tempo para se resolver isso; que a reclamante enviou um email à depoente Proc. Nº 0002444.23.2011.5.02.0007 Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br informando: codigo do documento = 431682 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO solicitando que, quando do retorno do afastamento, fosse trabalhar na recepção; que a reclamante foi trabalhar no arquivo pois não queria mais trabalhar ao lado da sala do diretor; que a reclamante nunca reclamou do Sr. Palaia; que nunca houve comentários de que o procedimento da reclamante estava estranho; que a Sra. Elizangela trabalha na reclamada como assistente de diretoria, mesma função que a reclamante exercia;” (Destaquei). Nessa medida, o reconhecimento pela testemunha da recorrida do email enviado à recorrente às fls. 11, como as demais cópias juntadas, por si só, não são capazes de demonstrar reiteradas agressões pessoais, como fora alegado na petição inicial. Nessas circunstâncias, não é possível reconhecer a rescisão indireta, pois o motivo alegado pela reclamante como ensejador deste desligamento não foi caracterizado, pelo que não há que se falar em condenação ao pagamento de verbas rescisórias, indenização por assédio moral e estabilidade. Assim, encontrase correta a decisão de 1º grau, que entendeu como pedido de demissão a notificação extrajudicial enviada pela reclamante à reclamada em 12/09/2011 (fls. 69), razão pela qual mantenho a decisão recorrida, por seus próprios e jurídicos fundamentos. Nego provimento. DO SALÁRIO “POR FORA” Pretende a recorrente a reforma da decisão originária quanto ao não reconhecimento do pagamento de salário “por fora” pela recorrida, afirmando para tanto, que impugnou o documento expressamente o conteúdo dos documentos juntados em envelope apartado. Sem razão. Destaquese inicialmente, que a prova do pagamento de salário "por fora" é do empregado, nos termos do artigo 818 da CLT e inciso I, do artigo 333 do CPC, por se tratar de fato constitutivo do seu direito, e a prova oral produzida nos autos não milita a favor da recorrente. Isto porque a recorrida, em sua defesa às fls. 87/88, negou a prática de efetuar pagamentos de salário “por fora”, impugnando veementemente a alegação autoral, afirmando que os cheques Proc. Nº 0002444.23.2011.5.02.0007 Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br informando: codigo do documento = 431682 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO emitidos por outra empresa do sócio da reclamada diziam respeito ao empréstimo feito pelo sócio à reclamante. Muito embora a recorrente tenha impugnado em sede de réplica/razões finais (fls.105/106) o teor do documento sigiloso juntado pela recorrida, certo é que não produziu nenhuma prova apta a desconstituílo, diante da prova oral produzida e o encargo probatório que lhe incumbia, não apresentando pois em seu apelo qualquer argumento apto a invalidar a conclusão do Juízo de primeiro grau. Nessa medida, mantenho a sentença originária por seus próprios e jurídicos fundamentos. Atentem as partes para a previsão do parágrafo único do artigo 538 do Código de Processo Civil e artigos 17 e 18 do mesmo diploma legal, não cabendo embargos de declaração para rever fatos e provas e a própria decisão. É o voto. Do exposto, ACORDAM os Magistrados da 14ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em conhecer do recurso, e, no mérito, NEGARPROVIMENTO ao recurso ordinário interposto pela reclamante, nos termos da fundamentação do voto da Relatora, mantendo na íntegra a r. sentença de origem. ELISA MARIA DE BARROS PENA Juíza Relatora slri Proc. Nº 0002444.23.2011.5.02.0007 Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br informando: codigo do documento = 431682