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1 DIREITO DO TRABALHO Conceito É o ramo da ciência jurídica que estuda as relações jurídicas entre empregados e empregadores. Finalidade O direito do trabalho visa à proteção (tutela jurídica) do empregado, pelo que estabelece vantagens jurídicas ao obreiro como forma de reequilibrar a relação capital/trabalho. Segundo Maurício Godinho Delgado, o Direito do Trabalho divide-se em: Direito Individual do Trabalho é o “complexo de princípios regras e institutos jurídicos que regulam, no tocante às pessoas e matérias envolvidas, a relação empregatícia de trabalho, além de outras relações laborais normativamente especificadas.” Direito Coletivo do Trabalho é o “complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam as relações laborais de empregados e empregadores, além de outros grupos jurídicos normativamente especificados, considerada sua ação coletiva, realizada autonomamente ou através das respectivas associações.” FONTES MATERIAIS = aquelas que influenciam a produção das normas jurídicas ou do próprio direito, a exemplo dos fenômenos sociais, econômicos, religiosos e outros (revolução industrial). FORMAIS = constituem a exteriorização da norma jurídica (autônomas, heterônomas, supranacionais). Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. I - Fontes formais autônomas - Emanam da vontade dos próprios interessados. Exemplos: convenção coletiva (artigo 611, CLT), costume, regulamento da empresa II - Fontes formais heterônomas - Tem origem a partir de terceiro, não destinatário da norma jurídica. Exemplo: CLT, outras leis, CF/88, jurisprudência, sentença normativa, etc. III - Fontes formais supranacionais - São os tratados internacionais bilaterais ou convenções da OIT – Organização Internacional do Trabalho. Estas convenções são fontes do direito, mas precisam ser ratificadas pelo Brasil, quando então passam a ser fontes no direito brasileiro, mas agora fontes heterônomas. As normas trabalhistas podem ser: - De ordem pública absoluta: não podem ser derrogadas por convenção das partes. Ex. medicina e segurança do trabalho, salário mínimo, etc. - De ordem pública relativa: podem ser flexibilizadas. Ex. compensação e redução da jornada de trabalho mediante acordo, etc. - Normas dispositivas: o Estado tem interesse em tutelar a matéria, mas fixa apenas os limites. Ex. hora extra de, no mínimo 50%; aviso prévio de, no mínimo 30 dias, etc. - Normas autônomas: nestas o Estado não interfere com regras de conduta trabalhista, as partes é que estabelecem os preceitos. Ex. cesta básica mensal para toda a categoria; complementação de aposentadoria por conta do empregador, etc. 1 - Convenção Coletiva de Trabalho e Acordo Coletivo de Trabalho Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho. * Acordo entre sindicatos (laboral e patronal) 2 O acordo coletivo de trabalho (ACT) é um pacto coletivo extrajudicial celebrado entre um sindical laboral e uma ou mais empresas emp, que estabelecem regras trabalhistas para ambas as partes, portanto, é restrito apenas aquelas empresas que fizeram o acordo e seus empregados. § 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho. 2 - Costumes e Uso Costumes são práticas reiteradas ao longo do tempo que acabam tornando regra de conduta (obrigação). O uso, por sua vez, também corresponde a prática reiterada, porém sem o sentimento de obrigatoriedade. 3 - Regulamento da Empresa Também conhecido como Regimento Interno, representa o poder diretivo do empregador, tendo força de norma que objetiva estruturar e organizar internamente a empresa e a relação entre seus empregados. Não é obrigatório, mas facultativo. 4 - Jurisprudência Corresponde a decisão reiterada dos tribunais. Na seara trabalhista, a jurisprudência ganha importância e se faz mais forte atavés das Orientações jurisprudenciais (OJ), que correspondem ao embrião da súmula (“súmula de amanhã” - Sérgio Pinto Martins). Já as súmulas expressam a síntese da jurisprudência uniforme do tribunal. 5 - Sentenças normativas Corresponde a uma decisão proferida pelo TRT ou TST em um dissídios coletivos, aplicável às relações individuais de trabalho das categorias representadas pelos sindicatos que participaram do dissídio. Art. 868 - Em caso de dissídio coletivo que tenha por motivo novas condições de trabalho e no qual figure como parte apenas uma fração de empregados de uma empresa, poderá o Tribunal competente, na própria decisão, estender tais condições de trabalho, se julgar justo e conveniente, aos demais empregados da empresa que forem da mesma profissão dos dissidentes. Parágrafo único - O Tribunal fixará a data em que a decisão deve entrar em execução, bem como o prazo de sua vigência, o qual não poderá ser superior a 4 (quatro) anos. 6 - Tratados e Convenções Internacionais Os tratados e convenções internacionais para alguns doutrinadores são consideradas fontes internacionais. O conceito de Tratado encontra-se no art. 1° da Convenção da ONU sobre o Direito dos Tratados, de 1969 (Convenção de Viena - CVDT): Art. 1° Significa um acordo internacional celebrado entre Estados em forma escrita e regido pelo direito internacional, que conste, ou de um instrumento único ou de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua denominação específica. 3 As Convenções/Tratados Internacionais, no direito do trabalho, busca convergir os direitos sociais entre os diversos países e organismos internacionais para garantir um mínimo existencial. No caso das Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), busca-se a reduzir a desigualdades no âmbito jurídico, a fim de preservar a dignidade da pessoa humana. Ex: Convenção da OIT 132 – férias mínima de 3 semanas – não aplicada – princípio da aplicação da norma mais favorável. 7 - Princípios Princípio = “onde começa algo”; “aquilo que serve de base para alguma coisa”; “proposição fundamental” Os princípios têm função informadora (inspiram o legislador e fundamentam as normas jurídicas), normativa (atuam como fonte supletiva nas lacunas da lei) e interpretativa (critérios de orientação para os intérpretes da lei). “O Direito não é mero somatório de regras avulsas, produtos de atos de vontade, ou mera concatenação de fórmulas verbais articuladas entre si, o Direito é um ordenamento ou conjunto significativo... É a coerência ... A consistência; é unidade de sentido, é valor incorporado em regra. E esse ordenamento, esse conjunto, essa unidade, esse valor, projeta-se ou traduz-se em princípios, logicamente anteriores aos preceitos...” (Jorge Miranda) Alguns Princípios Gerais do direito que ajudam a “prestigiar a segurança jurídica”:• Princípio da dignidade humana; • Princípio do valor social do trabalho; • Princípio da solidariedade ou da fraternidade • Princípio da não discriminação; • Princípio da lealdade e boa fé; • Princípio da não alegação da própria torpeza; • Princípio do efeito lícito do exercício do próprio direito (ou da vedação ao abuso do direito); • Princípio da razoabilidade (verossimilhança, ponderação e prudência na avaliação das condutas das pessoas); • Princípio do pacta sunt servanda ou da força obrigatória dos contratos (“o contrato é lei entre as partes”) • Princípio da exceptio non adimpleti contractus (nenhum contratante pode exigir o implemento de sua obrigação antes de cumprir a sua parte no pactuado – art. 476 do C. Civil; • Princípio da função social do contrato (art. 421 do C. Civil) e outros Extrai-se da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/42) as seguintes previsões: Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Princípios Constitucionais de Direito do Trabalho • Princípio da Fonte Normativa mais favorável ao trabalhador (art. 7º, caput c.c. art. 5º, § 2º da CF/88) • Princípio da Proteção da relação de emprego (art. 7º, I da CF/88 e art. 10, II do ADCT) • Princípio da Proteção do Salário (art. 7º, IV, VI e XXX da CF/88) • Princípio da Proteção ao mercado de trabalho da mulher (art. 7º, XX da CF/88) • Princípio da proibição ao trabalho infantil e da e exploração do trabalho do adolescente (art. 7º, XXXIII da CF/88) • Princípio da proteção ao meio ambiente do trabalho (art. 225 c.c. 200, VIII da CF/88) • Princípio da limitação da duração do trabalho (art. 7º, XIII, XIV, XV, XVI e XVII, CF/88) • Princípio da proteção em face da automação (7º, XXVII, CF/88); • Princípio da Valorização do trabalho humano (art. 170, CF/88) • Princípio da redução dos riscos inerentes ao trabalho (7º, XXII) • Princípio da obrigatoriedade de seguro contra acidentes do trabalho (7º, XXVIII) • Princípio da responsabilidade civil do empregador pelos danos morais e materiais sofridos pelo trabalhador (7º, XXVIII) • Princípio do pagamento de adicionais de remuneração para as atividades insalubres, perigosas ou penosas (art. 7º, XXIII) • Princípio da Proibição de discriminação (7º, XXX e XXXI) • Princípio do reconhecimento das convenções e acordos coletivos (art. 7º, XXVI) 4 Princípios infraconstitucionais do Direito do Trabalho Os autores não são unânimes, mas o uruguaio Américo Plá Rodriguez cita 6 princípios como sendo os de Direito do Trabalho: • Princípio da proteção (abrange os princípios da “norma mais favorável” e “in dubio pro misero”) • Princípio da irrenunciabilidade de direitos • Princípio da continuidade da relação de emprego • Princípio da primazia da realidade • Princípio da razoabilidade • Princípio da boa-fé I - Princípio de proteção – busca estabelecer equilíbrio na relação empregado/empregador e engloba três vertentes: – in dubio pro operario; – aplicação da norma mais favorável; – condição mais benéfica (direito adquirido). Ex: art. 468, CLT Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. II - Princípio da irrenunciabilidade - não se admite, em tese, que o empregado renuncie a direitos assegurados pelo sistema jurídico trabalhista, pois as normas são na maioria, de ordem pública, dotadas de natureza cogente. Assim, as normas trabalhistas não podem ser modificadas livremente pelo empregador. Ex: renúncia ao tempo mínimo de férias, ao registro da CTPS, etc. IV - Princípio da continuidade da relação de emprego - tem o objetivo de preservar o contrato de trabalho, fazendo com que se presuma ser a prazo indeterminado e se permita a contratação a prazo certo apenas como exceção. Cabe ao empregador a prova do término do contrato de trabalho. Ex: dispensa sem justa causa, aviso prévio, sucessão trabalhista, retorno ao labor após afastamento por auxílio-doença, etc. III - Princípio da primazia da realidade - na relação de emprego, deve prevalecer a efetiva realidade dos fatos, e não eventual forma construída em desacordo com a verdade. Verdade dos fatos X “verdade” documentada Ex: folha ponto, etc.
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