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Fisiologia 
1 
 
Microbiologia 
Larissa Silva dos Santos 
1ª
 e
di
çã
o 
Microbiologia 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Larissa Silva dos Santos 
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes & Christina Corrêa da Fonseca 
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária: 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC 
pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a 
da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
Microbiologia 
 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo 
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora. 
Microbiologia 
 
4 
Microbiologia 
 
5 
 
Sumário 
 
 
Apresentação da disciplina ..................................................................................................7 
Plano da disciplina ................................................................................................................. 9 
Unidade 1 – Introdução à Microbiologia: Os aspectos gerais da 
célula bacteriana.....................................................................................................................13 
Unidade 2 – Metabolismo e genética bacteriana ...........................................................39 
Unidade 3 – Fatores de agressão bacteriana, análise laboratorial e 
antibacteriana. ........................................................................................................................ 63 
Unidade 4 – Propriedades gerais dos vírus ......................................................................87 
Unidade 5 – Patogênese das infecções virais e diagnóstico laboratorial 
das viroses. ...............................................................................................................................109 
Unidade 6 – Micologia: uma visão geral ...........................................................................133 
Considerações finais ..............................................................................................................155 
Conhecendo a autora ............................................................................................................157 
Referências ...............................................................................................................................159 
Anexos.......................................................................................................................................161 
 
 
Microbiologia 
 
6 
Microbiologia 
 
7 
 
Apresentação da disciplina 
 
Ao estudar microbiologia, será apresentado a você o mundo microscópico que 
nos cerca. Você passará a conhecer a classificação, as formas de identificação, a 
morfologia e a estrutura dos microrganismos. Através desta disciplina, você será 
capacitado a compreender os aspectos gerais da célula bacteriana, da partícula 
viral e dos agentes fúngicos. 
O estudo da microbiologia permite fazer conexões sobre a etiologia das 
doenças e os agentes causadores das mesmas. Motivos pelos quais, desde o século 
XVII, a microbiologia vem sendo investigada com tanta dedicação. 
Os conhecimentos sobre microbiologia estão aumentando com muita rapidez, 
conforme novos estudos são realizados em diversas áreas. Cada unidade deste 
material foi cuidadosamente confeccionada, a fim de abranger o que será útil para 
você obter um claro entendimento da importância dos microrganismos e de suas 
doenças associadas. 
O texto foi escrito de forma direta e simplificada, o que facilita a apreensão de 
novas informações por meio do ensino à distância. É importante ressaltar que a 
busca de material complementar irá auxiliar o seu processo de aprendizagem e 
ampliará sua visão sobre o mundo microbiano. No próprio ambiente virtual de 
aprendizagem, poderá ser encontrada uma biblioteca virtual com títulos que 
podem ser consultados. 
Aproveite ao máximo o conteúdo disponibilizado e bom estudo! 
Microbiologia 
 
8 
 
Microbiologia 
 
9 
 
Plano da disciplina 
 
A disciplina de microbiologia tem como objetivo fornecer conhecimentos 
sobre os aspectos gerais dos diversos microrganismos que integram o mundo 
microbiano que nos rodeia. 
Ela está dividida em 6 unidades, que vão dos aspectos estruturais bacterianos 
ao estudo das características gerais dos agentes fúngicos. 
Para que você possa compreender de forma ampla o que será encontrado na 
disciplina, foi confeccionado um resumo de cada unidade. Assim, você pode buscar 
fontes que complementemseus estudos. 
 
Unidade 1 – Introdução à Microbiologia: Os aspectos gerais da célula 
bacteriana 
Em nossa primeira unidade, vamos estudar a estrutura das células 
procariontes. 
 
Objetivos: 
 Compreender a composição básica da estrutura celular bacteriana; 
 Conhecer as diferentes funções dos componentes das células procariontes; 
 Aprender a técnica de coloração de Gram; 
 Diferenciar os tipos de parede celular bacteriana; 
 Entender o processo de multiplicação bacteriana; 
 Identificar em que condições as bactérias produzem esporos. 
Microbiologia 
 
10 
 
Unidade 2 – Metabolismo e genética bacteriana 
Na segunda unidade, iremos conhecer os processos que a bactéria utiliza para 
obter energia e caracterizar sua genética. 
 
Objetivos: 
 Conhecer os elementos essenciais para o metabolismo bacteriano; 
 Compreender os processos que a bactéria utiliza para obter energia; 
 Entender o fluxo genético da célula bacteriana; 
 Diferenciar os tipos de transferência genética entre bactérias. 
 
Unidade 3 - Fatores de agressão bacteriana, análise laboratorial e 
antibacteriana. 
Na unidade 3 conheceremos as características bacterianas de virulência, as 
técnicas mais utilizadas para o diagnóstico laboratorial em bacteriologia e o 
mecanismo de ação de alguns antibióticos. 
 
Objetivos: 
 Compreender como as bactérias promovem agressão no hospedeiro; 
 Compreender como são realizadas a esterilização e a desinfecção de 
materiais; 
 Conhecer as principais técnicas empregadas no diagnóstico laboratorial de 
bactérias; 
 Entender quando cada método diagnóstico deve ser aplicado; 
 Identificar as diversas formas de ação dos antibióticos. 
Microbiologia 
 
11 
 
Unidade 4 - Propriedades gerais dos vírus 
Na unidade 4, estudaremos a estrutura viral e como os vírus se multiplicam. 
 
Objetivos: 
 Conhecer a nomenclatura principal associada à virologia; 
 Identificar as estruturas que compõem a partícula viral; 
 Compreender as diferentes etapas da replicação viral. 
 
Unidade 5: Patogênese das infecções virais e diagnóstico laboratorial das 
viroses. 
Nesta unidade, veremos alguns aspectos da patogênese das infecções 
promovidas por vírus e as principais técnicas diagnósticas em virologia. 
 
Objetivos: 
 Compreender como os vírus são transmitidos e disseminados; 
 Conhecer as exigências para que uma infecção viral ocorra; 
 Diferenciar os padrões e períodos da infecção viral; 
 Identificar as diversas técnicas utilizadas no diagnóstico laboratorial em 
virologia. 
Microbiologia 
 
12 
 
Unidade 6: Micologia: uma visão geral 
Na unidade 6, estudaremos as características da célula fúngica, a patogênese 
das infecções por fungos e o diagnóstico laboratorial das micoses. 
 
Objetivos: 
 Conhecer as estruturas que compõem a célula fúngica; 
 Compreender como os fungos se multiplicam; 
 Identificar as diversas características do fungo que podem levar ao 
surgimento de doenças; 
 Conhecer algumas técnicas laboratoriais aplicadas no diagnóstico das 
micoses. 
 
 
Bons estudos! 
Microbiologia 
 
13 
 
Introdução à Microbiologia: 
Aspectos Gerais da Célula 
Bacteriana 
 
1 
Microbiologia 
 
14 
 
Em nossa primeira unidade vamos estudar a estrutura das células procariontes, 
aprender um pouco sobre a coloração de Gram e compreender como as bactérias 
se multiplicam e formam esporos. 
 
Objetivos da unidade: 
 
 Compreender a composição básica da estrutura celular bacteriana; 
 Conhecer as diferentes funções dos componentes das células procariontes; 
 Aprender a técnica de coloração de Gram; 
 Diferenciar os tipos de parede celular bacteriana; 
 Entender o processo de multiplicação bacteriana; 
 Identificar em que condições as bactérias produzem esporos. 
 
Plano da unidade: 
 A célula bacteriana, sua multiplicação e formação de esporos 
 Microbiologia: uma introdução 
 Aspectos gerais da célula bacteriana 
 Divisão celular bacteriana 
 Esporos bacterianos 
 Concluindo 
 
Bons estudos! 
Microbiologia 
 
15 
 
A célula bacteriana, sua multiplicação e formação de 
esporos 
 
1.Microbiologia: uma introdução 
O mundo microbiano que o biólogo holandês Anton van Leeuwenhoek 
observou em uma gota de água, em 1674, através de suas lentes de microscópio, 
viria a ser, mais tarde, estudado com detalhes e grande interesse. Conforme a 
variedade grandiosa de seres microscópicos é estudada, pode-se conhecer melhor 
a origem das doenças infecciosas, bem como as formas de preveni-las, desenvolver 
antimicrobianos e técnicas diagnósticas, compreender processos epidemiológicos. 
A microbiologia é o ramo da ciência que estuda os seres microscópicos. Tais 
seres podem ser divididos em 4 grupos gerais: bactérias, vírus, fungos e 
determinados parasitas. Cada grupo apresenta seu próprio grau de complexidade. 
 
2.Aspectos gerais da célula bacteriana 
 
Comparando células eucariontes e procariontes 
Todos os organismos vivos da Terra podem ser compostos por apenas um dos 
dois tipos de células existentes: células procariontes e eucariontes. 
As células procariontes exibem características como núcleo não delimitado 
por membrana, ausência de organelas membranares e cromossomo diferenciado. 
Todas as bactérias e algas cianofíceas são células procariontes. 
As células eucariontes possuem núcleo delimitado por uma membrana 
(carioteca), além de diversas organelas, tais como retículos endoplasmáticos liso e 
rugoso, aparelho de Golgi, dentre outras (Tabela 1.1). 
Microbiologia 
 
16 
 
 
Figura 1.1: Principais características de células procariontes (A) e eucariontes (B). (MURRAY, P.R., 
ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 10) 
 
As bactérias apresentam tamanho muito pequeno e sua unidade de medida 
encontra-se na casa dos micrômetros (μm). 
Microbiologia 
 
17 
Tabela 1.1: Principais características das células eucariontes e procariontes. 
(MURRAY, P.R., ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 11) 
 
Microbiologia 
 
18 
 
O formato e a disposição espacial das bactérias 
Dependendo de sua forma (figura 1.2), as bactérias podem ser classificadas em 
cocos, bacilos ou bastonetes, espirilos, espiroquetas e vibrios: 
 Cocos: células de formato esférico. 
 Bacilos ou bastonetes: células alongadas, de formato cilíndrico. Algumas 
bactérias podem apresentar comprimento semelhante à largura sendo assim 
denominadas cocobacilos. A identificação do cocobacilo deve ser realizada 
de forma cuidadosa. 
 Vibrios: células curvadas, em formato de "vírgula". 
 Espirilos: apresentam formato helicoidal ou espiral rígido. 
 Espiroquetas: células em forma de espiral tortuosa. 
 
As bactérias podem se apresentar em arranjos ou agrupamentos celulares 
característicos. O tipo de arranjo depende do plano no qual as bactérias se 
dividem, bem como da tendência de ligação entre bactérias-filhas. 
Figura 1.2: Morfologia bacteriana: 1- Coco, 2- Bacilo, 3- Vibrio, 4- Espirilo e 5- 
Espiroqueta. (KUMAR, S., 2012, p. 19) 
 
Microbiologia 
 
19 
A disposição espacial dos cocos (figura 1.3) é classificada em: 
 Diplococos: cocos dispostos em pares. 
 Cadeias: cocos formando longas fileiras (por exp.: Estreptococos). 
 Agrupamentos semelhantes a cachos de uva: cocos agrupados aleatoriamente 
(por exp.: Estafilococos) 
 Tétrades: grupos de 4 células, formando, espacialmente, um "quadrado". 
 Arranjos cúbicos: grupos de 8 cocos, formando, espacialmente, um "cubo". 
 
Os bacilos, por sua vez, assumem uma variedade limitada de arranjos, como o 
de cadeia (Estreptobacilos) e de diplobacilos.Figura 1.3: Disposição espacial dos cocos: 1- em cadeia, 2, 3, 4 e 5- diplococos, 6- 
tétrades, 7- arranjos cúbicos e 8- agrupamentos em "cachos de uva". (KUMAR, S., 
2012, p. 20) 
 
 
Microbiologia 
 
20 
A estrutura bacteriana 
Componentes citoplasmáticos 
O citoplasma bacteriano contém várias estruturas, como DNA, RNA 
mensageiro (RNAm), ribossomos, produtos do metabolismo e proteínas. 
Grande parte do material genético bacteriano encontra-se organizada em um 
único cromossomo, diferentemente dos eucariontes. Esse cromossomo trata-se de 
uma fita dupla e circular de DNA e o local em que se encontra, na célula 
procarionte, é denominado nucleoide. Outra diferença em relação à célula 
eucarionte é que nesse material genético não são encontradas histonas. A ausência 
de membrana nuclear agiliza o processo de síntese de proteínas, havendo 
acoplamento da transcrição e da tradução, ou seja, os ribossomos se ligam 
livremente ao RNAm, fazendo com que as proteínas sejam sintetizadas à medida 
que esse RNA é formado. 
Outra estrutura que pode estar presente no citoplasma bacteriano é 
denominada plasmídeo. Os plasmídeos são moléculas menores de DNA circular 
extracromossomal. Essas formas genéticas podem ser compartilhadas entre 
bactérias podendo conferir-lhes vantagens como, por exemplo, resistência a um ou 
mais antibióticos. 
O citoplasma bacteriano possui ribossomos em grande quantidade, a 
concentração dessas estruturas é tão alta que acaba conferindo uma característica 
granular a esse citoplasma. O ribossomo bacteriano é formado pelas subunidades 
30S+50S, originando o ribossomo 70S (o ribossomo eucarionte é 80S - 40S+60S). As 
proteínas e o próprio RNA ribossômico são diferentes dos contidos nos eucariotos, 
o que os torna alvos em potencial para a ação dos antibióticos. 
Microbiologia 
 
21 
 
Figura 1.4: Esquema representando as estruturas celulares de bactérias Gram 
positivas e Gram negativas. (MURRAY, P.R., ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 
10) 
 
 
Por fim, o citoplasma bacteriano é preenchido por uma substância aquosa, 
espessa e semitransparente. Essa substância é constituída, em sua maioria, por 
água, mas também possui proteínas, carboidratos, lipídios, íons. Nela também 
podem ser encontrados produtos do metabolismo bacteriano. 
 
Envoltórios bacterianos 
Membrana citoplasmática 
A membrana citoplasmática da célula procarionte apresenta uma bicamada 
lipídica semelhante à de células eucariontes, no entanto, não possui colesterol (os 
micoplasmas são exceção a essa regra). Além de lipídios, esse envoltório contém 
proteínas transportadoras para captura e liberação de substâncias, bombas iônicas, 
para a manutenção do potencial de membrana e enzimas. 
Microbiologia 
 
22 
 
Funções da membrana plasmática: 
I- Permeabilidade seletiva: controle da passagem de metabólitos 
II- Ação enzimática: na membrana encontram-se enzimas que participam da 
síntese de componentes celulares bem como da secreção de substâncias. 
III- Monitoramento de mudanças químicas e físicas através de proteínas 
quimiotáticas e sensoriais. 
IV- Participação na geração de energia química (ATP) 
V- Motilidade celular 
VI- Mediação da segregação cromossômica durante a multiplicação. 
 
Figura 1.5: Esquema representativo da membrana plasmática bacteriana. A 
parte interna está voltada para o citoplasma e a parte externa para o meio 
extracelular. (MADIGAN, MARTINKO, PARKER, 2008, p. 63) 
 
 
 Parede celular 
Microbiologia 
 
23 
A estrutura e os componentes da parede celular bacteriana permitem a 
diferenciação das mesmas em Gram positivas ou Gram negativas. A maioria das 
células procariontes possui camada(s) de peptideoglicano (mureína) na parede 
celular, o que confere rigidez a esse componente. 
 
Funções da parede celular: 
I- Dar forma e rigidez à célula procarionte; 
II- Dar suporte à membrana plasmática para que a célula suporte a alta pressão 
osmótica interna; 
III- Manter o formato característico da bactéria; 
IV- Auxiliar a divisão celular; 
V- Auxiliar no processo de interação com outras bactérias e células animais; 
VI- Disponibilizar receptores protéicos e açúcares. 
 
A coloração de Gram 
O método de coloração de Gram é utilizado em larga escala como parte do 
diagnóstico laboratorial de quadros associados a infecções bacterianas. 
A técnica é simples e permite a diferenciação de bactérias Gram positivas e 
negativas de acordo com a coloração que as mesmas adquirem como resultado do 
método. A observação de determinada cor, após visualização em microscópio 
óptico, implica informações a respeito da constituição da parede celular da 
bactéria em questão. Bactérias coradas com roxo são denominadas Gram positivas 
e aquelas coradas com rosa/vermelho são Gram negativas. 
Descrição da técnica de coloração de Gram: 
1- Sob condições adequadas, realizar o esfregaço bacteriano em lâmina estéril. 
2- Cobrir o esfregaço com violeta-de-metila ou cristal violeta e deixar o corante 
agir por aproximadamente 1 minuto; 
3- Lavar rapidamente em água destilada; 
Microbiologia 
 
24 
4- Cobrir a lâmina com lugol (mordente) e deixar agir por cerca de 1 minuto; 
5- Lavar rapidamente em água destilada; 
6- Lavar a lâmina com álcool etílico (99,5º GL); descorando-a, até que não se 
desprenda mais corante (aproximadamente 15 segundos)da mesma; 
7- Lavar em água destilada; 
8- Cobrir a lâmina com safranina ou fucsina e deixar agir por 
aproximadamente 30 segundos; 
9- Lavar em água; 
10- Deixar a lâmina secar ao ar livre, ou seque-a suavemente, com o auxílio de 
um papel de filtro limpo; 
11- Colocar uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço; 
12- Visualizar a lâmina na objetiva de imersão (100 X) de um microscópio 
óptico. 
A coloração de Gram não somente permite a classificação bacteriana de 
acordo com os componentes de parede celular como também possibilita a 
caracterização da morfologia da bactéria, o que facilita a identificação da mesma. 
Figura 1.6: Esquema representativo da técnica de coloração de Gram. 
(MURRAY, P.R., ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 12) 
 
Microbiologia 
 
25 
Bactérias que possuem paredes celulares atípicas ou não as possuem poderão 
não ser bem coradas através da técnica de Gram, exigindo o uso de métodos 
alternativos a esse. 
Bactérias Gram positivas 
A bactéria Gram positiva é aquela que se cora de roxo ao final da coloração de 
Gram. Sua parede celular (figura 1.7) é constituída por uma espessa camada de 
peptideoglicano, esse composto é similar ao exoesquelo dos insetos e é poroso o 
suficiente para permitir a passagem de substâncias para a membrana plasmática. 
 
Figura 1.7: Diagrama ilustrativo da parede celular bactérias Gram positivas. A 
parede celular encontra-se representada na parte superior da membrana 
plasmática. (MADIGAN, MARTINKO, PARKER, 2008, p. 72) 
 
 
 
O peptideoglicano é fundamental para a estrutura, a multiplicação e a 
sobrevivência a condições hostis por parte das bactérias, no entanto, pode ser 
degradado por uma enzima denominada lisozima. A lisozima pode ser encontrada 
Microbiologia 
 
26 
na lágrima e no muco humanos. A remoção dos peptideoglicanos promove a lise 
bacteriana, já que a célula é desestabilizada osmoticamente. 
As bactérias Gram positivas incluem em sua parede celular, além dos 
peptideoglicanos, os ácidos teicoico e lipoteicoico, e polissacarídeos complexos. O 
ácido teicoico é essencial para a viabilidade celular, já que se encontra ligado 
covalentemente aos peptideoglicanos. O ácido lipoteicoico contém um ácido 
graxo e ancora-se à membranaplasmática. Ambos os ácidos podem agir como 
toxinas e são ativadores da resposta imunológica. 
 
Bactérias Gram negativas 
A parede celular da bactéria Gram negativa (figura 1.8) é bem diferente da 
presente na Gram positiva. Ela é bem mais complexa e é constituída por uma 
camada de peptideoglicanos e uma membrana externa, entre esses dois estratos 
está o espaço periplasmático. 
Os peptideoglicanos estão presentes nessa parede celular formando uma fina 
camada, eles encontram-se ligados a lipoproteínas da membrana plasmática e da 
membrana externa. 
O espaço periplasmático encontra-se preenchido por um fluido em gel que 
contém uma alta concentração de enzimas e proteínas transportadoras. 
As lipoproteínas ligam-se aos peptideoglicanos por sua porção protéica e à 
membrana por sua porção lipídica, elas estabilizam a membrana externa e se 
ancoram à camada de peptideoglicanos. 
A membrana externa pode ser encontrada mais externamente à camada de 
peptideoglicanos. Sua constituição é de uma bicamada, a parte interna é formada 
por fosfolipídios e a externa por lipopolissacarídeos (LPS). 
 
Funções da membrana externa: 
I- Barreira protetora: previne ou retarda a entrada de sais, antibióticos e outras 
toxinas que podem promover danos à bactéria; 
Microbiologia 
 
27 
II- Proteínas transmembrana ou porinas: além do LPS, a membrana externa 
também contém várias proteínas fundamentais para o transporte seletivo de 
nutrientes para a célula. 
 
O lipopolissacarídeo, um componente exclusivo de parede celular de bactérias 
Gram negativas, é uma molécula complexa e importante ativadora da resposta 
imunológica. Uma vez no organismo humano, o LPS age como endotoxina e 
promove os mais diversos efeitos no hospedeiro, podendo variar de febre ao 
choque e à morte do indivíduo. 
 
Figura 1.8: Diagrama ilustrativo da parede celular das bactérias Gram 
negativas. A parede celular encontra-se situada mais externamente à membrana 
plasmática. (MADIGAN, MARTINKO, PARKER, 2008, p. 75) 
 
 
Microbiologia 
 
28 
 
- Cápsula 
Muitas bactérias sintetizam uma grande quantidade de polímeros extracelulares, 
quando esses polímeros formam uma camada condensada e bem definida, ela é 
denominada cápsula. 
A cápsula é geralmente composta por polissacarídeos, algumas bactérias 
apresentam cápsula polipeptídica. 
Funções da cápsula: 
I- Fator de virulência: cápsulas podem proteger as bactérias da fagocitose; 
II- Proteção da parede celular: a cápsula pode proteger a parede celular de 
diversos agentes antibacterianos, como bacteriófagos, sistema complemento e 
enzimas líticas; 
III- Identificação e tipificação bacteriana: o antígeno capsular é específico para 
cada bactéria e pode ser utilizado para a identificação da mesma. 
 
Estruturas externas 
-Flagelo 
As bactérias móveis possuem um ou mais filamentos longos e sinuosos, 
denominados flagelos. Os flagelos são estruturas que conferem à bactéria a 
capacidade de locomoção. 
Microbiologia 
 
29 
 
Figura 1.9: Flagelos bacterianos em números diversos em bactérias distintas 
(MADIGAN, MARTINKO, PARKER, 2008, p. 77 e 78). 
 
A estrutura do flagelo é descrita como filamentos helicoidais longos, 
geralmente bem mais compridos que a célula em si. Ela consiste em uma base 
protéica, a flagelina, a qual pertence ao mesmo grupo químico da miosina, a 
proteína contrátil dos músculos. 
Os flagelos podem estar presentes em bacilos Gram positivos e negativos. A 
maioria dos cocos é imóvel, enquanto metade dos bacilos e quase todos os 
espirilos possuem flagelos. 
Fímbrias (pili) 
Estruturas semelhantes a pelos, as fímbrias estão situadas na superfície externa 
da bactéria. Elas diferem dos flagelos pelo tamanho reduzido e são formadas por 
subunidades de proteínas denominadas pilinas. 
As fímbrias promovem adesão da bactéria a outras bactérias ou ao hospedeiro, 
elas estão associadas, inclusive, à conjugação, tipo de troca genética que ocorre 
entre bactérias (este tema será abordado na unidade seguinte). 
Exceções bacterianas 
Algumas bactérias são exceções ao modelo estrutural celular visto até então, 
as microbactérias, por exemplo, possuem uma camada de peptidoglicano ligada a 
Microbiologia 
 
30 
um polímero diferenciado e envolta por uma cobertura lipídica (ácido micólico, 
fator corda, cera D e sulfolipídeos). As micobactérias são consideradas álcool-ácido 
resistentes e devem ser corados por uma técnica diferente da de Gram. 
Os micoplasmas também são considerados exceções, já que não possuem 
parede celular de peptideoglicano, além de incluírem esteroides do hospedeiro em 
sua membrana. 
 
Tabela 1.2: Comparativo dos constituintes celulares bacterianos. (MURRAY, P.R., 
ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 12) 
 
Microbiologia 
 
31 
 
3.Divisão celular bacteriana 
Para que as bactérias se multipliquem, a duplicação do cromossomo 
bacteriano dispara a divisão celular. Após a duplicação cromossômica, deve haver o 
crescimento e a extensão dos componentes da parede celular, seguidos da 
produção de um septo que separe a célula única em duas células-filhas. 
A divisão incompleta dos septos pode determinar a disposição espacial das 
bactérias (em cadeia, em cachos de uva etc.). 
 
Figura 1.10: Esquema representativo da divisão bacteriano, processo iniciado 
pela duplicação do cromossomo bacteriano. (MADIGAN, MARTINKO, PARKER, 2008, 
p. 129) 
 
 
Microbiologia 
 
32 
4.Esporos bacterianos 
Algumas bactérias Gram positivas têm como característica a produção de 
esporos (figura 1.11). Essas estruturas representam um estado de dormência, no 
qual a bactéria pode entrar em casos de condições inóspitas, como privação 
nutricional. 
Os esporos possuem vários envoltórios e são desidratados, o que permite que 
a bactéria persista no ambiente desfavorável. Além dessa capa, a estrutura contém 
uma cópia do cromossomo, quantidades mínimas de ribossomos e proteínas. O 
revestimento do esporo inclui uma membrana interna, 2 camadas de 
peptideoglicano e 1 envoltório protéico externo semelhante à queratina. 
 
Figura 1.11: Etapas da formação do esporo ou endósporo (MURRAY, P.R., 
ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 21). 
 
 
Microbiologia 
 
33 
 
Nesta unidade iniciamos o estudo da microbiologia, bem como conhecemos 
os componentes da célula bacteriana. Na próxima unidade veremos como as 
bactérias obtêm energia para seus processos metabólicos e como seu material 
genético pode variar, o que implica a possibilidade de modificação das estruturas 
celulares procariontes. 
 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Microbiologia 
 
34 
 
Exercícios – unidade 1 
 
1.Estruturas filamentosas, de natureza protéica, responsáveis pela locomoção 
bacteriana: 
a) Fímbrias 
b) Flagelos 
c) Cílios 
d) Pili 
e) Cápsula 
 
2.A parede celular é uma estrutura externa à membrana plasmática e é 
importante para os organismos microbianos. Cada grupo de organismos tem 
peculiaridades na estrutura de sua parede celular. Assim, a opção que apresenta, 
respectivamente, os componentes exclusivos de parede de bactéria Gram-positiva 
e Gram-negativa é: 
a) ácido teicoico e peptideoglicano. 
b) ácido teicoico e mananas. 
c) peptideoglicano e membrana externa fosfolipídica. 
d) ácido teicoico e lipopolissacarídeo . 
e) peptideoglicano e enzimas 
 
3.Em relação à estrutura física de bactérias, o grupo que se divideem dois ou 
três planos e permanece unido em grupos cúbicos de oito indivíduos é chamado: 
a) Estafilococos. 
b) Sarcina. 
c) Estreptococos. 
d) Diplococos. 
e) Diplobacilo 
Microbiologia 
 
35 
 
4.Em condições adversas, as bactérias podem formar internamente uma 
estrutura altamente resistente ao calor, falta de água e agentes físicos e químicos. 
Esta estrutura se chama: 
a) Flagelo 
b) Esporo ou endósporo 
c) Ácido teicoico 
d) Lipopolissacarídeo 
e) Pili 
 
5.A coloração pelo método de Gram identifica as bactérias gram-positivas por 
apresentarem em sua parede celular, em relação às gram-negativas, um maior 
percentual de: 
a) Lipídeos; 
b) Proteínas citosólicas; 
c) Proteínas nucleares; 
d) Peptideoglicanos; 
e) Carboidratos. 
 
6.Para que a divisão bacteriana seja deflagrada, o processo inicial é: 
a) Formação do septo celular; 
b) Alongamento da célula bacteriana; 
c) Intensa síntese de proteínas; 
d) Bipartição da parede celular; 
e) Duplicação do cromossomo bacteriano. 
Microbiologia 
 
36 
 
7.Dentre as funções da cápsula bacteriana encontra-se: 
a) Deflagração de transferência de material genético entre células bacterianas; 
b) Locomoção; 
c) Adesão a superfícies; 
d) Informação para síntese de proteínas; 
e) Produção de enzimas metabólicas. 
 
8.Qual das opções a seguir apresenta termos associados exclusivamente a 
bactérias? 
a) eucarionte, cromossomo único, formato helicoidal 
b) procarionte, cromossomo único, plasmídeos 
c) intracelular obrigatório, procarionte, presença de aparelho de Golgi 
d) levedura, hifa, procarionte 
e) eucarionte, levedura, filamentoso 
 
9- Ao realizar a coloração de Gram em uma amostra bacteriana, observou-se 
bactérias de cor roxa. O que isso significa em relação à estrutura das bactérias em 
questão? 
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 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Microbiologia 
 
37 
 
10- Faça um comparativo entre células eucariontes e procariontes. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
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 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
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 ___________________________________________________________________ 
 
Microbiologia 
 
38 
Microbiologia 
 
39 
,
Metabolismo e 
Genética Bacterianos 
 
2
Microbiologia 
 
40 
 
Nesta unidade, estudaremos os processos empregados pela bactéria para 
obter energia e como seu material genético pode sofrer variações. 
 
Objetivos da unidade: 
 Conhecer os elementos essenciais para o metabolismo bacteriano; 
 Compreender os processos que a bactéria utiliza para obter energia; 
 Entender o fluxo genético da célula bacteriana; 
 Diferenciar os tipos de transferência genética entre bactérias. 
 
Plano da unidade: 
 As características metabólicas e genéticas da bactéria 
 O metabolismo das bactérias 
 Ciclo de crescimento bacteriano 
 Genética bacteriana 
 
 
Bons estudos! 
Microbiologia 
 
41 
 
As características metabólicas e genéticas da bactéria 
 
1.O metabolismo das bactérias 
Exigências do metabolismo bacteriano 
Para que as bactérias se multipliquem são necessárias fontes de energia e 
matéria-prima para a síntese de proteínas, estruturas e membranas que formam a 
célula procarionte. 
As bactérias diferem quanto às exigências metabólicas, algumas, ditas 
fastidiosas, requerem insumos metabólicos específicos para seu desenvolvimento. 
No entanto, de forma geral, as células procariontes precisam obter ou sintetizar 
aminoácidos, carboidratos e lipídios a fim de empregá-los na formação celular. 
O requisito mínimo para o crescimento é uma fonte de carbono e nitrogênio, 
uma fonte de energia, água e vários íons. Logo, existem elementos que são 
fundamentais para todas as bactérias. 
 
Quadro 2.1: Elementos fundamentais para o metabolismo bacteriano geral. 
Elementos essenciais para o metabolismo bacteriano 
 Componentes de enzimas (Fe, Zn, Mn, Mo, Se, Co, Cu, Ni) 
 Componentes de proteínas, lipídios e ácidos nucléicos (C, O, H, N, S, P) 
 Íons fundamentais (K, Na, Mg, Ca, Cl) 
 
Considerando a necessidade de oxigênio, as bactérias podem ser classificadas 
como: 
I- Anaeróbios obrigatórios: quando o oxigênio age como veneno para a célula 
bacteriana. Os anaeróbios obrigatórios se desenvolvem apenas na ausência do gás, 
um exemplo dessa categoria inclui o Clostridium perfringens, causador da 
gangrena gasosa. 
Microbiologia 
 
42 
II- Aeróbios obrigatórios: bactérias que exigem a presença de oxigênio 
molecular para seu metabolismo e crescimento, sem o gás a célula procarionte 
entra em colapso e não sobrevive. A Mycobacterium tuberculosis, que causa a 
tuberculose, é considerada um aeróbio obrigatório. 
III- Anaeróbios facultativos: bactérias que crescem tanto na presença como na 
ausência de oxigênio. A maioria das bactérias pertence a essa categoria. 
 
De acordo com as exigências metabólicas bacterianas, e os produtos 
excretados pelas mesmas, pode-se classificar as bactérias, o que é essencial para a 
identificação laboratorial desses microrganismos. Testes laboratoriais conseguem 
determinar quais substratos as bactérias utilizam para a obtenção de energia (p. 
exemplo lactose), bem como quais substâncias secretam (p. exemplo etanol, ácido 
lático, ácido succínico). 
As bactérias que utilizam substâncias químicas inorgânicas como fonte de 
energia e carbono são ditas autotróficas (litotróficas), as que necessitam de fontes 
orgânicas são denominadas heterotróficas (organotróficas). 
Obtenção de energia 
Para que sobrevivam, todas as células necessitam de energia, até mesmo as 
procariontes. A unidade básica de energia utilizada por elas é a adenosina trifosfato 
(ATP), obtida a partir da quebra de vários substratos orgânicos (carboidratos, 
lipídios e proteínas). 
A parte do metabolismo em que ocorre a quebra de um substrato paraa 
obtenção energia é conhecida como catabolismo. Então, a energia produzida pode 
ser utilizada para a síntese de componentes estruturais da célula procarionte, como 
material genético, lipídios, proteínas), processo denominado anabolismo 
A obtenção de energia começa com a quebra de macromoléculas presentes 
no meio externo à bactéria, através de enzimas específicas. Essas macromoléculas 
são, então, reduzidas a moléculas menores (monossacarídeos, peptídeos curtos e 
ácidos graxos). As micromoléculas são transportadas através da membrana celular 
para o interior da bactéria, onde podem ser metabolizadas para a geração de 
energia (ATP). 
Microbiologia 
 
43 
 
Quadro 2.2: Micromoléculas necessárias aos seres vivosa. ((MADIGAN, 
MARTINKO, PARKER, 2008, p. 98) 
Elemento Função Celular 
Cromo (Cr) Requerido por mamíferos no metabolismo da glicose; microrganismos não o necessitam. 
Cobalto (Co) Vitamina B12; transcarboxilase (bactérias que metabolizam ácido propiônico). 
Cobre (Cu) Respiração; citocromo c oxidase; fotossíntese; plastocianina e algumas superóxido dismutases. 
Manganês (Mn) Ativador de muitas enzimas; presente em certas superóxido dismutases e na enzima que cliva a 
água, em fototróficos oxigênicos (Fotossistema II). 
Molibdênio (Mo) Certas enzimas contendo flavina; nitrogenase, nitrato redutase, sulfito oxidase, DMSO-TMAO 
redutases e algumas formato desidrogenases. 
Níquel (Ni) Maioria das hidrogenases; coenzima F430 de metanogênicos; monóxido de carbono 
desidrogenase; urease. 
Selênio (Se) Formato desidrogenase; algumas hidrogenases; no aminoácido selenocisteína. 
Tungstênio (W) Algumas formato desidrogenases; oxotransferases de hipertermófilos. 
Vanádio (V) Vanádio nitrogenase; bromoperoxidase. 
Zinco (Zn) Anidrase carbônica; álcool desidrogenase; RNA e DNA polimerases e muitas proteínas de ligação 
ao DNA. 
Ferro (Fe)* Citocromos; catalases; peroxidases; proteínas contendo ferro e enxofre; oxigenases; todas as 
nitrogenases. 
 
As moléculas obtidas do meio externo são metabolizadas, através de vias 
diversas, até um intermediário comum, o piruvato ou ácido pirúvico. Esse 
composto pode ser utilizado para obtenção de energia ou síntese de novos 
elementos. Para maiores detalhes sobre as reações bioquímicas que promovem a 
geração de energia, é aconselhada a consulta de um livro de bioquímica. 
 Metabolismo da Glicose (Via Embden-Meyerhof-Parnas) 
As bactérias quebram a glicose através de diversas etapas para a geração de 
energia. São três as principais vias de catabolismo da glicose, a mais comum é a 
glicolítica (figura 2.1), ou via de Embden-Meyerhof-Parnas (EMP), orientada para a 
conversão de glicose em piruvato. 
A via glicolítica ocorre tanto na presença quanto na ausência de oxigênio. Ela 
se inicia com a ativação da glicose para a síntese de glicose-6-fosfato. O saldo 
energético líquido da via glicolítica é de 2 moléculas de ATP (são geradas, no total, 
4 moléculas de ATP por glicose utilizada na via, no entanto, duas dessas 
moléculas são empregadas na formação dos compostos intermediários do 
processo). No final da via há geração de piruvato. 
Microbiologia 
 
44 
Figura 2.1: Esquema representativo da via glicolítica. Ao final dessa via é 
obtido um saldo energético líquido de duas moléculas de ATP. (MURRAY, P.R., 
ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 24). 
 
Microbiologia 
 
45 
Fermentação 
Em condições anaeróbias (ausência de oxigênio), o piruvato gerado pela 
glicólise, é empregado na fermentação. Nesse processo, o ácido pirúvico é 
convertido a vários produtos finais, dependendo da espécie bacteriana. São 
geradas, nessas reações, duas moléculas de ATP por glicose. 
A fermentação lática é a mais comum dentre as bactérias, já a alcoólica é 
observada com menos frequência. A conversão do ácido pirúvico em ácido lático é 
útil para a produção de iogurte e chucrute. Outras bactérias, através da 
fermentação, produzem álcoois, ácidos e gases frequentemente malcheirosos; 
esses produtos podem dar sabor a alguns queijos e vinhos, além de odores 
desagradáveis a feridas. 
 
Figura 2.2: Fermentação do ácido pirúvico por diversas bactérias. (MURRAY, 
P.R., ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 25). 
 
Microbiologia 
 
46 
 Ciclo dos ácidos tricarboxílicos 
Em condições aeróbias (presença de oxigênio), o piruvato é completamente 
metabolizado a água e gás carbônico, processo denominado ciclo dos ácidos 
tricarboxílicos. 
O ciclo dos ácidos tricarboxílicos é muito mais eficiente, em termos de geração 
de energia, do que a fermentação, podendo gerar até 38 moléculas de ATP. O ciclo 
também permite que carbonos derivados de lipídios sejam empregados na 
produção de energia e geração de produtos. Aminoácidos desaminados também 
podem entrar no ciclo. 
As vantagens do ciclo dos ácidos tricarboxílicos incluem a eficiência de 
geração de energia, a oxidação completa de aminoácidos, carboidratos e ácidos 
graxos, e a utilização de produtos intermediários para a síntese de outros 
compostos (lipídios, aminoácidos). 
Figura 2.3: O ciclo dos ácidos tricarboxílicos (MURRAY, P.R., ROSENTHAL, K.S., 
PFALLER M.A., 2009, p. 25). 
 
Microbiologia 
 
47 
2- Ciclo de crescimento bacteriano 
O crescimento bacteriano em um recipiente fechado permite a confecção de 
uma curva representativa de dinâmica populacional (figura 2.4). Essa curva pode 
ser dividida em 4 fases: lag, log ou exponencial, estacionária e declínio. 
 
Figura 2.4: Curva de dinâmica populacional bacteriana (MURRAY, P.R., 
ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 32). 
 
Fase lag 
Quando uma população bacteriana é inserida em um novo meio de cultura, 
ela não se multiplica imediatamente, primeiramente passa por um período de 
ajuste. Essa fase, em que as bactérias estão se adaptando ao novo meio, é 
denominada fase lag. 
Fase log ou exponencial 
A fase log ou exponencial é marcada pela divisão da célula bacteriana em 
duas, promovendo o aumento da população microbiana no meio de cultura. 
Normalmente, durante essa fase, as bactérias estão em condições mais "saudáveis", 
portanto as que se encontram na metade dessa etapa são utilizadas em estudos 
enzimáticos e de componentes celulares. 
Microbiologia 
 
48 
A taxa de crescimento da fase exponencial é influenciada por fatores 
ambientais (temperatura, disponibilidade de nutrientes) e por condições do 
próprio microrganismo. 
Fase estacionária 
O crescimento bacteriano exponencial, provavelmente, não acontecerá 
indefinidamente. A multiplicação bacteriana é limitada geralmente pelo consumo 
de um elemento essencial do meio de cultura e pela excreção de metabólitos 
possivelmente tóxicos, por parte dos próprios microrganismos. O momento em 
que ocorre a interrupção do crescimento bacteriano marca a fase estacionária. 
Na fase estacionária observa-se que não há mais aumento líquido do número 
de bactérias no meio de cultura. Algumas células podem continuar a se dividir 
menos intensamente, no entanto, outras já estão morrendo. 
Declínio 
A população bacteriana da fase estacionária, ao permanecer nas mesmas 
condições, pode continuar viva metabolizando ou morrer (declínio) 
 
3- Genética bacteriana 
O material genético bacteriano é composto pelo cromossomo e eventuais 
plasmídeos que a célula bacteriana possa conter. Os genes, que compõem esse 
material genético, são sequências de nucleotídeos que apresentam alguma função 
biológica. 
 
Expressão gênica 
A expressão gênica da célula bacteriana envolve, assim como nos eucariontes, 
dois processos separados, mas que se inter-relacionam, a transcrição e a tradução. 
Microbiologia 
 
49Quadro 2.4: Alguns fenótipos que os plasmídeos podem conferir à célula 
bacteriana (MADIGAN, MARTINKO, PARKER, 2008, p. 272). 
Classe fenotípicaa Organismosb 
Produção de antibióticos Streptomyces 
Conjugação Escherichia, Pseudomonas, Rhizobium, 
Staphylococcus, Streptococcus, Sulfolobus, Vibrio 
Funções fisiológicas 
Degradação de octano, cânfora, naftaleno Pseudomonas 
Degradação de herbicidas Alcaligenes 
Formação de acetona e butanol Clostridium 
Utilização de lactose, sacarose ou uréia e fização de 
nitrogênio 
Bactérias entéricas 
Nodulação e fixação simbiótica de nitrogênio Rhizobium 
Produção de pigmentos Erwinia, Staphylococcus 
Resistência 
Resistência a antibióticos Campylobacter, Bactérias entéricas, Neisseria, 
Staphylococcus 
Resistência a cádmio, cobalto, mercúrio, níquel e/ou zinco Acidocella, Alcaligenes, Listeria, Pseudomonas, 
Staphylococcus 
Resistência à bacteriocina (e produção) Bacillus, Bactérias entéricas, Lactococcus, 
Propionibacterium 
Virulência 
Invasão da célula hospedeira Salmonella, Shigella, Yersinia 
Coagulase, hemolisina, enterotoxina Staphylococcus 
Enterotoxina, antígeno K Escherichia 
Tumorigenicidade em plantas Agrobacterium 
a Apenas alguns dos fenótipos diretamente associados aos plasmídeos estão listados. 
b Apenas alguns dos exemplos bem caracterizados estão listados. Todos os organismos 
citados pertencem ao domínio Bacteria, exceto Sulfolobus , que é um membro de Archaea. 
 
A transcrição envolve a síntese de RNA a partir de um molde de DNA, através 
de uma RNA polimerase, para que, posteriormente, sejam sintetizadas proteínas. A 
tradução é o processo de decodificação do RNAm, para que as proteínas sejam 
formadas 
A tradução requer 3 componentes principais, RNAm, ribossomos e RNAt 
(transportador), além de várias proteínas acessórias. O RNAm (mensageiro) é uma 
cópia temporária de informação genética, ele carrega a informação para a síntese 
de proteínas específicas. Os ribossomos são os locais para que a tradução ocorra, 
Microbiologia 
 
50 
facilitando a ligação de um aminoácido a outro. O RNAt se movimenta através da 
molécula de RNAm, transportando os aminoácidos para que o polipeptídeo seja 
formado. 
Considerando, ainda, o controle da expressão gênica, as bactérias 
desenvolveram mecanismos para se adaptar de forma eficiente às mudanças e 
desafios do ambiente. Elas apresentam mecanismos para coordenar e regular a 
expressão de genes. Por exemplo, uma mudança de temperatura pode significar 
entrada em um hospedeiro humano e indicar a do aumento da expressão de genes 
que contenham informações para o parasitismo ou para a virulência. Assim como a 
falta de nutrientes, e condições inóspitas, podem fazer com que algumas bactérias 
expressem genes relacionados à síntese de esporos. 
Outra característica interessante do material genético bacteriano é a presença 
de transposons (genes “saltadores”), sequências de DNA móveis que mudam de 
uma posição do genoma para outra ou entre diferentes moléculas de DNA (por 
exemplo, de plasmídeo para outro plasmídeo ou de plasmídeo para o 
cromossomo). Os transposons são encontrados tanto em procariontes quanto em 
eucariontes, seu tamanho pode variar de 150 a 1.500 pares de base e a sequência 
genética contém a informação mínima necessária para o deslocamento. Esses 
elementos móveis podem tanto carregar a informação para resistência a 
antibióticos, como se inserir em posições genômicas que levem à inativação de 
genes, levando a um resultado nem sempre benéfico para a bactéria. 
 
Mutações e mutantes 
Uma mutação é uma alteração, transmitida geneticamente, na sequência de 
bases que compõem o código genético de um organismo. Uma linhagem em que 
tal mudança esteja presente é denominada mutante. O mutante apresenta um 
genótipo (conjunto de genes) diferente da linhagem parental, tal diferença pode 
fazer com que suas propriedades observáveis (fenótipo) também estejam 
alteradas. 
Tipos de mutação 
a) Mutação espontânea: ocorrem ao acaso, na ausência de agente 
mutagênicos. 
Microbiologia 
 
51 
b) Mutação induzida: a frequência de mutações pode ser intensamente 
aumentada na presente de agentes mutagênicos (quadro 2.4), sejam físicos ou 
químicos. 
 
Quadro 2.4: Exemplos de agente mutagênicos (MADIGAN, MARTINKO, PARKER, 
2008, p. 255) 
Agente Ação Resultado 
Análogo de bases 
5-Bromouracil Incorporado como T; ocasional pareamento 
incorreto com G 
Par AT  par GC Ocasionalmente 
GCAT 
2-Aminopurina Incorporado como A; pareamento incorreto com C AT  GC Ocasionalmente GCAT 
Agentes químicos que reagem com o 
DNA 
 
Ácido nitroso (HNO2) Desaminação de A e C AT  GC e GC  AT 
Hidroxilamina (NH2OH) Reage com C GC  AT 
Agentes alquilantes 
Monofuncionais (por exemplo, etil metano 
sulfonato) 
Adiciona um grupo metil em G; pareamento 
incorreto com T. 
GC  AT 
Bifuncionais (por exemplo, gás mostarda, 
mitomicina, nitrosoguanidina) 
Ligações cruzadas no DNA; regiões incorretas 
excisadas pela DNase. 
Tanto mutações pontuais como 
deleções. 
Corantes intercalantes 
Acridinas, brometo de etídio Inserção entre dois pares de bases. Microinserções e microdeleções 
Radiação 
Ultravioleta Formação de dímeros de pirimidina O reparo pode levar a erros ou deleções 
Radiação ionizante (por exemplo, 
raios X) 
Radicais livres podem atacar o DNA, quebrando 
as fitas. 
O reparo pode levar a erros ou deleções 
 
c) Mutações pontuais: as mutações pontuais afetam apenas um ponto (par de 
base) do gene, elas podem envolver uma mudança ou substituição de um 
diferente par de base. Além disso, esse tipo de mutação pode resultar em deleção 
ou adição de par de base. 
c.1) Substituições: quando um único nucleotídeo é substituído por outro. A 
substituição é denominada transição quando a base é trocada por outra de mesma 
natureza (por exemplo, uma purina por outra). Se uma purina for substituída por 
uma pirimidina, a troca é chamada transversão. 
Microbiologia 
 
52 
c.2) Inserções ou deleções: nesse caso, as bases podem estar duplicadas, 
inseridas adicionalmente em algum ponto do genoma ou subtraídas de alguma 
posição gênica (figura 2.5). 
 
Figura 2.5: Exemplos de tipos de mutação (modificado de KUMAR, S., 2012, p. 91). 
 
Transferência genética entre células bacterianas 
Outra forma pela qual as bactérias podem variar seu material genético é 
através das trocas genéticas. Existem 3 mecanismos para que isso ocorra: 
transformação, conjugação e transdução. 
 
Transformação 
A transformação (figura 2.6) é uma forma de troca genética em que as 
bactérias podem capturar fragmentos de DNA livre, no meio extracelular, e 
incorporá-los em seus genomas. 
Esse processo foi o primeiro mecanismo de transferência descoberto em 
bactérias. Tanto bactérias Gram positivas quanto Gram negativas podem capturar e 
manter estável o DNA exógeno. Bactérias competentes são aquelas que 
naturalmente são capazes de capturar DNA do meio extracelular, Haemophilus 
influenzae, Streptococcus pneumoniae, Bacillus e Neisseria são exemplos de gêneros 
e espécies bacterianas que são competentes. 
Microbiologia 
 
53 
 
A engenharia genética utiliza métodos químicos ou eletroporação (utilização 
de impulsos elétricos) para fazer com que células bacterianas incorporem 
plasmídeos e outros DNAs. A técnica é empregada, por exemplo, em 
procedimentos de clonagem gênica, a qual possui os mais diversos objetivos, de 
multiplicação de um determinado fragmento genômico à tentativa de expressão 
de novas proteínas e estruturas na bactéria receptora do material genético. 
Figura 2.6: Esquema representativo datransformação. Para que a troca ocorra, 
uma bactéria sofre lise celular, liberando fragmentos de DNA. Uma segunda 
bactéria incorpora esse DNA livre ao seu material genômico (MURRAY, P.R., 
ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 35). 
 
 
 
Conjugação 
A conjugação (figura 2.7) geralmente acontece entre microrganismos da 
mesma espécie ou entre espécies relacionadas e já foi descrita entre procariontes e 
células vegetais, animais e fúngicas. 
Microbiologia 
 
54 
 
A maior parte dos grandes plasmídeos conjugativos, aqueles que participam 
da conjugação, codifica proteínas que conferem característica de resistência a 
antibióticos. 
A troca genética baseia-se na transferência, em apenas uma direção, de DNA 
plasmidial de uma célula doadora (ou macho) para uma célula receptora (ou 
fêmea) através de um canal denominado pilus sexual. Alguns plasmídeos 
conjugativos, que carregam genes de resistência a antibióticos, característicos de 
bactérias Gram positivas, podem ser transferidos de uma célula para outra através 
de outras moléculas de adesão, ao invés do pili. 
A célula doadora é aquela que possui o plasmídeo conjugativo, enquanto a 
receptora não. Esse plasmídeo é assim denominado por transportar toda a 
informação genética necessária para que seja transferido, processo que envolve a 
produção dos pili sexuais e indução da síntese de DNA plasmidial. 
 
 
Microbiologia 
 
55 
 
O DNA transferido é uma cópia de fita simples do plasmídeo conjugativo, 
resultando na transferência de parte dessa sequência e de alguma porção do DNA 
cromossômico bacteriano até que a frágil conexão entra as duas células se rompa. 
 
Transdução 
A transdução é a transferência genética mediada por vírus bacterianos 
(bacteriófagos ou fagos). 
A transferência ocorre quando os bacteriófagos infectam uma dada célula 
bacteriana, ao transferirem seu material genético para o interior da célula 
bacteriana, a multiplicação viral (replicação) ocorre dentro dessa célula. Ao se 
formarem novas partículas virais, acidentalmente alguns desses fagos carregam 
fragmentos genéticos da bactéria primeiramente infectada. Essas partículas virais 
são liberadas e, ao infectarem uma nova célula bacteriana, acabam por transferir o 
material genético da primeira bactéria para a segunda que, então incorpora esse 
DNA ao seu próprio. 
Figura 2.8: Esquema representativo da transdução (MURRAY, P.R., ROSENTHAL, 
K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 35). 
 
Microbiologia 
 
56 
 
A transferência genética pode ser classificada como especializada se os fagos 
transferem genes específicos ou generalizada se a seleção de sequências é 
aleatória, como resultado de um empacotamento acidental de DNA do hospedeiro. 
 
Nesta unidade estudamos os mecanismos pelos quais as bactérias obtêm 
energia. Refletimos sobre o fluxo genético bacteriano, bem como sobre as trocas 
genéticas realizadas por essas bactérias . Na próxima unidade veremos como pode 
ser realizado o diagnóstico laboratorial das infecções bacterianas e conheceremos 
conceitos relacionados a esterilização e desinfecção. 
 
Leitura Complementar 
Sugestões de material complementar para leitura e vídeos 
No site youtube.com podem ser encontrados vídeos de domínio público 
sobre as trocas genéticas bacterianas. 
Transformação bacteriana/ Bacterial transformation: 
https://www.youtube.com/watch?v=jOmDkr8AU0s, por Biomedicina Brasil 
Conjugação bacteriana / Bacterial conjugation 
https://www.youtube.com/watch?v=lwzNOdF7L2c, por Biomedicina Brasil. 
Transduction (Generalized) [HD Animation 
https://www.youtube.com/watch?v=An9oItt7U9I, por Biology / Medicine 
Animations HD 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Microbiologia 
 
57 
 
Exercícios – unidade 2 
 
1.Um estudante escreveu a seguinte descrição sobre o processo de 
reprodução das bactérias: 
“A bactéria doadora (macho) se une por meio de um pilus sexual a uma 
bactéria receptora.” 
Qual o processo de reprodução descrito na frase acima? 
a) Bipartição 
b) Conjugação 
c) Transformação 
d) Transdução 
e) Fissão 
 
2.História de duas bactérias 
A bactéria Zi e a bactéria Wu encontram-se em um meio de cultura contendo 
um antibiótico A. 
Zi comenta com Wu: 
- “Esse antibiótico me deixa muito mal. Estou com dificuldade de sintetizar 
moléculas de RNA”. 
Responde Wu: 
 - “Puxa, eu continuo produzindo normalmente proteínas e sinto-me muito 
bem. Zi, farei imediatamente uma ponte citoplasmática com você e vou lhe 
transferir um plasmídeo especial”. 
Um pouco depois, Zi comenta: 
- “Wu, muito obrigada, meu processo de síntese de proteínas se normalizou. 
Sou uma nova bactéria! 
Microbiologia 
 
58 
 
Com relação ao trecho descrito, é incorreto afirmar que 
a) a bactéria Zi, inicialmente, teve dificuldade de sintetizar moléculas de RNA 
e isso interferiu na síntese de proteínas. 
b) a bactéria Wu tem constituição genética que permite sobreviver em meio 
contendo o antibiótico A. 
c) ocorreu conjugação entre as bactérias Wu e Zi. 
d) a bactéria Zi recebeu molécula de RNA mensageiro presente no plasmídeo 
conjugativo, o que lhe garantiu resistência ao antibiótico A. 
e) a bactéria Wu transferiu DNA para a bactéria Zi. 
 
3.Os microrganismos que sobrevivem somente na presença de oxigênio são 
denominados: 
 
a) Anaeróbios facultativos 
b) Aeróbios obrigatórios 
c) Anaeróbios obrigatórios 
d) Lipofílicos 
e) Psicrotrófilos 
 
4.Em condições anaeróbias, o piruvato gerado na glicólise é empregado em 
que reação para a obtenção de energia? 
a) ciclo dos ácidos tricarboxílicos 
b) via da pentose alcalina 
c) fermentação 
d) cadeia respiratória 
e) hidrólise de macromoléculas 
Microbiologia 
 
59 
5.Uma bactéria estritamente aeróbia pode obter energia através de que vias? 
a) glicólise - ciclo dos ácidos tricarboxílicos 
b) via da pentose fosfato - fermentação 
c) ciclo dos ácidos tricarboxílicos- fermentação 
d) fermentação - via da pentose fosfato 
e) glicólise- fermentação 
 
6.Durante a transformação: 
a) O DNA bacteriano é transferido de uma bactéria para outra através do 
bacteriófago. 
b) O DNA bacteriano é transferido de uma bactéria para outra através de 
transposons 
c) Há transferência de material genético bacteriano através de canais de 
membrana 
d) A bactéria incorpora DNA livre, do meio externo, ao seu próprio material 
genético 
e) A bactéria incorpora DNA de bacteriófagos ao seu próprio material 
genético. 
 
7.Para que consigam energia, as bactérias devem obter micromoléculas 
(monossacarídeos, peptídeos curtos e ácidos graxos) a serem utilizadas em vias 
diversas. Como elas conseguem essas micromoléculas? 
a) hidrólise de macromoléculas, no meio extracelular, através de enzimas 
específicas 
b) transporte enzimático de macromoléculas pela membrana 
c) quebra intracelular de macromoléculas 
d) transporte passivo de estruturas protéicas 
e) oxidação de micromoléculas lipídicas 
Microbiologia 
 
60 
8.Todas as opções a seguir caracterizam formas de uma bactéria sofrer 
variações em seu material genético, exceto: 
a) mutação 
b) glicólise 
c) conjugação 
d) transdução 
e) transformação 
 
9.Após a inserção de bactérias em um meio de cultura sem reposição, como 
poderia ser descrita a dinâmica de crescimento da população bacteriana em 
questão? 
 ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Microbiologia 
 
61 
 
10.Uma população bacteriana presente na laringe de crianças africanas era 
causadora de laringite aguda. Ao constatar a condição, médicos da região sempre 
receitavam tetraciclina e, assim, eliminavam a fonte do problema. Em um 
determinado momento, o antibiótico em questão passou a não mais funcionar. Ao 
analisar-se uma das crianças em que o medicamento não surtiu efeito, encontrou-
se na laringe da mesma bacteriófagos T3 até então nunca observados nos casos. 
Tendo em vista a problemática, os médicos passaram, então, a prescrever outros 
medicamentos mais potentes. 
Considerando o texto anterior e com base nos conhecimentos sobre 
transferência genética bacteriana, responda: 
Qual seria uma possível explicação para o comportamento bacteriano de 
resistência observado? 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Microbiologia 
 
62 
Microbiologia 
 
63 
Fatores de Agressão Bacteriana, 
Análise Laboratorial e 
Antibacterianos 3
Microbiologia 
 
64 
 
Nesta unidade, estudaremos os mecanismos de patogênese bacteriana, alguns 
métodos para diagnóstico laboratorial bacteriano e as principais classes de 
antibacterianos. 
 
Objetivos da unidade: 
 Compreender como as bactérias promovem agressão no hospedeiro; 
 Compreender como são realizadas a esterilização e a desinfecção de 
materiais; 
 Conhecer as principais técnicas empregadas no diagnóstico laboratorial 
de bactérias; 
 Entender quando cada método diagnóstico deve ser aplicado; 
 Identificar as diversas formas de ação dos antibióticos. 
 
Plano da unidade: 
 Patogênese bacteriana 
 Diagnóstico laboratorial em bacteriologia 
 Antibacterianos 
 Concluindo 
 
 
Bons estudos! 
Microbiologia 
 
65 
 
Patogênese, análise laboratorial e antibacterianos 
 
1- Patogênese bacteriana 
O corpo humano, para as bactérias, é uma fonte de umidade, calor e 
alimentos. Elas possuem características que fazem com que tenham capacidade de 
invadir um hospedeiro, permanecer (adesão ou colonização) nele, conseguir fontes 
de nutrientes (enzimas degradativas) e evadir da defesa do hospedeiro. 
Ao tentarem persistir no hospedeiro, os mecanismos utilizados pelas bactérias, 
bem como seus produtos do crescimento, podem causar danos e prejudicar o 
corpo humano. 
As bactérias podem ser encontradas em todos os ambientes, uma vez que 
dispõem de mecanismos que possibilitam a conservação da sua viabilidade por 
longos períodos de estresse. São capazes de desempenhar diversas funções 
quando em equilíbrio com os seres vivos que compartilham o mesmo habitat e 
ainda com os seres que mantém relações. 
O crescimento bacteriano no organismo do hospedeiro, sem causar agressão é 
chamado de colonização, no entanto, o mesmo microrganismo é capaz de 
promover infecção, podendo ou não estar associada a manifestações clínicas, que 
caracterizam diversificadas patologias, sendo adquiridas tanto no ambiente 
comunitário como no hospitalar. 
No meio hospitalar, as bactérias sofrem várias pressões do ambiente, 
enfatizando o uso de múltiplos antimicrobianos que selecionam cepas mais 
resistentes. Infecções relacionadas a ambientes hospitalares são adquiridas pelos 
pacientes no decorrer de sua internação, tendo relação direta com o tempo de 
internação e a alta morbimortalidade, dispondo de um acompanhamento de alto 
custo, tornando-se oneroso para todas as partes envolvidas. 
O manejo dessas infecções ainda é um desafio a ser controlado nos sistemas 
de saúde e pelas práticas epidemiológicas. Superfícies secas e aparentemente 
limpas, em ambiente hospitalar, podem ser possíveis reservatórios de bactérias, 
que conseguem manter a capacidade de sobrevivência, através de um estado de 
Microbiologia 
 
66 
bacteriostase (sem multiplicação), sendo capaz de garantir seu potencial 
patogênico por longos períodos nessa condição. 
As bactérias possuem, como um de seus mecanismos de agressão, a produção 
de toxinas, produtos bacterianos que danificam diretamente o tecido ou 
promovem atividades biológicas destrutivas. Essas toxinas podem ser classificadas 
como: 
-Exotoxinas: proteínas que podem ser produzidas por bactérias 
 Gram positivas ou Gram negativas e incluem enzimas citolíticas e proteínas, que se 
ligam a receptores que alteram a função ou destroem as células. São exemplos de 
exotoxinas as enzimas degradativas (proteases, colagenases etc), as toxinas A-B 
(como a botulínica) e os superantígenos (afetam a função do sistema imunológico). 
-Endotoxina: constituinte bacteriano que pode ser liberado no hospedeiro, 
somente as bactérias Gram negativas produzem endotoxina. Um exemplo de 
endotoxina é o LPS. 
 
Figura 3.1: As diversas ações do LPS. CID: coagulação intravascular disseminada, IFN-γ: 
interferon γ; IgE: imunoglobulina E; IL-1: interleucina 1; PMN: leucócito polimorfonuclear 
(neutrófilo); TNF: fator de necrose tumoral. (MURRAY, P.R., ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 
185). 
Microbiologia 
 
67 
 
Enfermidade e seus Determinantes 
A doença não ocorre ao acaso na população. A forma como ocorre é previsível 
porque existem determinantes ou fatores que interferem e que aumentam o risco 
de doença mais em uma população do que em outra. 
Doença: A doença ocorre quando há perturbação funcional dos processos 
fisiológicos a nível celular. Isto ocorre quando o indivíduo, ou população, é exposto 
a condições ambientais desfavoráveis, a agentes e / ou aos fatores genéticos que 
levam a essas alterações. A alteração dos processos fisiológicos é exteriorizada em 
sintomas e/ou sinais de doença. 
Sintomas/Sinais Clínicos: Sintomas são os efeitos das alterações fisiológicas 
sentidos pelo próprio indivíduo (dor,tontura, náusea). Os sinais (clínicos) são os 
efeitos das alterações fisiológicas que podem ser observados ou medidos por 
outros indivíduos. São exemplos: a febre, inapetência, o vômito, alteração da 
locomoção etc. 
Quando o indivíduo é exposto a um agente pode ser que haja doença. Para 
que isso aconteça: (i) O agente deve estar presente numa concentração suficiente e 
durante um tempo determinado. (ii) deve haver interação com outros fatores 
(genéticos e / ou ambientais) que contribuam para aumentar a capacidade do 
agente (maior dose ou maior contato) de causar doença ou de diminuir a 
resistência do hospedeiro (desnutrição, stress). 
Período de incubação: É o tempo que decorre desde a exposição até 
aparecerem os sinais clínicos. 
Infecção: Definida como invasão do hospedeiro por outro organismo 
A perturbação da relação entre hospedeiro-agente-ambiente e o 
desenvolvimento do estímulo da doença pode ocorrer quando: 
a) O agente torna-se virulento, é aplicado em grandes doses ou teve mais 
contato com o hospedeiro. 
b) A resistência do hospedeiro foi diminuída por causa de desnutrição, 
exposição, stress, fatores genéticos. 
 
Microbiologia 
 
68 
 
c) O ambiente pode contribuir para a invasão do hospedeiro pelo agente ou 
para a ruptura da resistência do hospedeiro. 
2- Diagnóstico laboratorial 
Esterilização e a desinfecção de materiais 
A escolha e a organização dos métodos de desinfecção e esterilização devem 
ser baseadas em recomendações de cunho científico e reconhecidas a nível 
nacional e internacional. Para adequada escolha nos processos de utilização e 
tratamento dos materiais, estes devem ser divididos nas categorias críticos, 
semicríticos e não críticos. Materiais críticos são aqueles que entram em contato 
tecidos ou líquidos estéreis, apresentando alto risco de contaminação; materiais 
semicríticos são os que entram em contato com mucosas e os não críticos aqueles 
que só entram em contato com pele íntegra. De uma forma geral, durante os 
processos de tratamento, os materiais críticos devem ser esterilizados ou de uso 
único (descartáveis), os materiais semicríticos devem passar por esterilização ou, no 
mínimo, desinfecção. Já os materiais não críticos devem ser desinfetados ou no 
mínimo limpos. Para uma melhor compreensão do processo de tratamento de 
materiais, alguns termos devem ser definidos, conforme descrito a seguir: 
Descontaminação: eliminação parcial ou total de microrganismos de materiais 
ou superfícies inanimadas. 
Antissepsia: eliminação de microrganismos da pele, mucosa ou tecidos vivos, 
com auxílio de antissépticos, substâncias microbicidas. 
Assepsia: métodos empregados para impedir a contaminação de determinado 
material ou superfície. 
Limpeza: remoção mecânica e/ou química de sujidades em geral, (oleosidade, 
umidade, matéria orgânica, poeira, entre outros) de determinado local. 
Desinfecção: eliminação de microrganismos, exceto esporulados, de materiais 
ou artigos inanimados, através de processo físico ou químico, com auxílio de 
desinfetantes. 
 
Microbiologia 
 
69 
 
Esterilização: destruição de todos os microrganismos, inclusive esporulados, 
através de processo químico ou físico. 
Todo o processo de limpeza, desinfecção ou esterilização de materiais deve ser 
realizado em um local especial, uma sala de tratamento de materiais. Portanto, 
após cada uso, todos os materiais utilizados devem ser levados para a sala de 
materiais, para seu adequado processamento. 
LIMPEZA DE MATERIAIS: Antes da desinfecção ou esterilização de qualquer 
tipo de material é fundamental que seja realizada uma adequada limpeza, para que 
resíduos de matéria orgânica que possam ficar presentes nos materiais não 
interfiram na qualidade dos processos de desinfecção e esterilização. A limpeza dos 
materiais pode ser realizada através de métodos mecânicos, físicos ou químicos. 
Durante a limpeza mecânica é fundamental uma vigorosa escovação dos materiais, 
com auxílio de sabão e escovas de diferentes formatos. As escovas também devem 
sofrer processo de limpeza e desinfecção. Para uma adequada descontaminação, 
as escovas podem ser mergulhadas em hipoclorito de sódio a 1%, em recipiente 
plástico, durante 30 minutos, posteriormente enxaguadas e secas (em cima da 
estufa, por exemplo). 
Devem ser utilizadas barreiras de proteção pelo profissional que exerce a 
limpeza dos materiais, através de luvas de borracha grossas e de cano longo, 
máscaras e óculos de proteção. Os materiais devem ser devidamente enxaguados e 
secos após sua limpeza. As compressas ou panos utilizados para secar o material 
devem ser somente para este fim e devem ser substituídos frequentemente. 
Processos químicos também podem auxiliar na limpeza dos materiais, como por 
exemplo, através do uso de desincrustantes, soluções enzimáticas ou aparelhos de 
ultrassom, que auxiliam na remoção de matéria orgânica. Podem ser utilizadas 
soluções anti-ferrugem em instrumentos e materiais metálicos, para aumentar a 
vida útil dos mesmos. 
DESINFECÇÃO DE MATERIAIS: A decisão para a escolha de um desinfetante 
deve levar em consideração aspectos que envolvam efetividade, toxicidade, 
compatibilidade, efeito residual, solubilidade, estabilidade, odor, facilidade de uso 
e custos, entre outros. Além disso, é importante que o desinfetante seja 
recomendado e aprovado pelo Ministério da Saúde. A desinfecção e/ou 
Microbiologia 
 
70 
 
esterilização através de agentes químicos muitas vezes não se apresenta como um 
método seguro e confiável devido às interferências pertinentes ao uso de 
desinfetantes e suas dificuldades durante o processo, referentes à possibilidade de 
inadequada desinfecção ou recontaminação do material. A escolha do tipo de 
desinfetante, métodos adequados de desinfecção, bem como a organização de 
todo este processo, não é uma tarefa fácil. Vários guias e manuais de 
recomendações têm sido publicados com o objetivo de orientar os profissionais 
para uma adequada desinfecção de materiais. Os agentes químicos desinfetantes 
comumente utilizados são os alcoóis, compostos clorados, formaldeído, iodóforos, 
peróxido de hidrogênio, ácido peracético, compostos fenólicos e quaternários de 
amônia. 
ESTERILIZAÇÃO DE MATERIAIS: A esterilização de materiais pode ser realizada 
através de métodos químicos ou físicos. A esterilização química compreende a 
utilização de agentes esterilizantes líquidos, que são os mesmos utilizados no 
processo de desinfecção, porém com maior tempo de exposição. A esterilização 
química apresenta alguns aspectos negativos, especialmente referentes ao risco de 
recontaminação do material após o processo, dificuldade de armazenamento e de 
controle de qualidade ou monitoramento do processo. A esterilização física pode 
ser conseguida através de métodos ou equipamentos que empregam calor seco 
(por exemplo, estufa) e através de vapor saturado (por exemplo, autoclaves). 
- Esterilização através de estufa: A estufa, na prática, ainda é o método de 
escolha para esterilização de instrumentos metálicos utilizados em 
estabelecimentos de saúde. Através deste método, não é possível esterilizar 
materiais plásticos ou outros materiais termossensíveis, assim como não é 
recomendável esterilizar roupas, papel, nem instrumentos metálicos cortantes. 
Para uma efetiva esterilização dos materiais, a estufa deve ser mantida fechada 
ininterruptamente durante 60 minutos com a temperatura a 170° C, ou 120 
minutos com a temperatura a 160° C, ou seja, a porta não deve ser aberta neste 
período. Todos os materiais devem ser esterilizados dentro de recipientes 
metálicos. 
- Esterilização através de autoclave a vapor:A esterilização por autoclave a 
vapor tem se apresentado como o método que reúne mais vantagens para o 
Microbiologia 
 
71 
tratamento de instrumentos clínicos nos últimos anos. As vantagens deste método 
baseiam-se na sua maior segurança, menor dano aos materiais e menor tempo 
requerido. A desvantagem encontra-se na impossibilidade de esterilização de 
materiais termossensíveis ou não resistentes ao calor, como por exemplo, materiais 
plásticos delicados. 
Toda matéria orgânica, independente da fonte, deve ser considerada 
potencialmente infectante. Portanto, todo material após o contato com o 
organismo humano é considerado contaminado, independentemente do processo 
a ser submetido, sem levar em consideração o grau de sujidade presente. 
Principais técnicas empregadas no diagnóstico laboratorial de bactérias 
O diagnóstico microbiológico, especialmente o bacteriano, é uma medida 
essencial no estabelecimento da etiologia das enfermidades infecciosas por ter a 
capacidade fundamental de identificação do agente patológico e, mais 
atualmente, a sensibilidade in vitro a antimicrobianos. Os métodos de diagnóstico 
em bacteriologia são altamente dependentes da comunicação entre o médico que 
acompanha o paciente e o laboratório responsável pelos exames. Nessa 
comunicação são repassadas informações necessárias ao direcionamento da 
escolha do teste a ser realizado. Contudo, a comunicação é o primeiro passo que 
caracteriza o diagnóstico, vários outros itens devem ser observados como: 
- Amostra: para que no laboratório seja feito um diagnóstico eficaz, a amostra 
colhida precisa respeitar preceitos de higiene que evite a contaminação desta por 
microrganismos que “mascarem” o verdadeiro agente infeccioso. Outro quesito 
essencial é observar a procedência da amostra, por exemplo, amostras de pus em 
geral são ricas em bactérias anaeróbias (morrem na presença de oxigênio), sendo 
assim, deve-se estar atento à melhor metodologia para diminuir o contato da 
amostra com o ar a fim de não inviabilizar os microrganismos. 
- Coleta: etapa que requer vários cuidados como observar se o paciente fez 
uso de algum medicamento, antibióticos por exemplo. Esses medicamentos 
podem afetar o agente patogênico tornando ineficazes os outros passos para 
diagnóstico laboratorial. O paciente deve ser aconselhado pelo clínico, caso seja 
ele próprio que realize a coleta, para que não haja erros nessa etapa. 
 
Microbiologia 
 
72 
Tabela 3.1: Coleta de amostras para diagnóstico laboratorial. (MURRAY, P.R., 
ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 189). 
Amostra Sistema de Transporte 
Volume de 
Amostra 
Outras 
Considerações 
Sangue - 
cultura 
bacteriana de 
rotina 
Frascos de 
hemocultura 
contendo meio 
nutriente 
Adultos: 
20mL / cultura 
Criança: 
5 - 10mL / 
cultura 
Neonatos: 
1 - 2mL / 
cultura 
Deve ser realizada a assepsia da pele com álcool - 70%, seguida de 
iodo 2%; 2-3 amostras coletadas a cada 24 horas, a menos que o 
paciente esteja em choque séptico ou a administração de 
antibióticos tenha que ser iniciada imediatamente; a coleta de 
sangue deve ter intervalos de 30-60 min; o sangue é aliquotado em 
partes iguais, que devem ser inoculadas em dois frascos contendo 
meio nutriente. 
Sangue - 
bactéria 
intracelular (p. 
ex., Brucella, 
Francisella, 
Neisseria spp.) 
Semelhante a 
hemoculturas de 
rotina; sistema de 
lise-centrifugação 
Semelhante a 
hemoculturas 
de rotina 
As considerações são as mesmas que as de hemoculturas de rotina; 
a liberação de bactérias intracelulares para o meio pode otimizar o 
isolamento do organismo; espécies de Neisseria são inibidas por 
alguns anticoagulantes (polianetolsulfonato de sódio). 
Sangue - 
Leptospira spp. 
Tubo heparinizado 
estéril 
1 - 5mL As amostras são úteis apenas durante a primeira semana da doença; 
depois, amostras de urina devem ser cultivadas. 
Fluido 
cerebrospinal 
Tubo com tampa de 
rosca estéril 
Cultura 
bacteriana: 
1 - 5mL; 
Cultura de 
micro-
bactérias: o 
maior volume 
possível 
A amostra deve ser coletada assepticamente e enviada 
imediatamente ao laboratório; essa amostra não deve ser exposta 
ao calor ou frio. 
Outros fluidos 
normalmente 
estéreis (p. ex., 
abdominal, 
torácico, 
sinovial, 
pericardial) 
Pequeno volume: 
tubo com tampa de 
rosca estéril; grande 
volume: frasco de 
hemocultura 
contendo meio 
nutritivo 
O maior 
volume 
possível 
As amostras são coletadas por seringa; swab não é utilizado porque 
a quantidade de amostra coletada é insuficiente; ar não deve ser 
injetado no frasco de cultura, porque inibirá o crescimento de 
anaeróbios. 
Cateter Tubo com tampa de 
rosca estéril ou 
frasco de coleta 
N/A Deve ser realizada assepsia do local de entrada do cateter com 
álcool 70%; o cateter deve ser removido assepticamente no 
momento da recepção da amostra pelo laboratório; o cateter é 
utilizado para inocular, por meio de rolamento, toda a superfície da 
placa de Petri, contendo agar sangue. Em seguida deve ser 
descartado adequadamente. 
Respiratório - 
garganta 
Swab é imerso em 
meio de transporte 
N/A Material da área de inflamação é coletado com swab; quando 
presente, o exsudato é coletado; o contato com a saliva deve ser 
evitado, pois pode inibir a recuperação de estreptococos do grupo A. 
Respiratório - 
epiglote 
Coleta de sangue 
para cultura 
Semelhante à 
hemocultura 
Coleta com swab pode precipitar o completo fechamento das vias 
aéreas; hemoculturas devem ser realizadas para diagnóstico 
específico. 
Respiratório - 
seios faciais 
Tubos ou pequenos 
frascos estéreis para 
anaeróbicos 
1 - 5mL As amostras devem ser coletadas por seringa; culturas de material 
da orofaringe ou nasofaringe não têm valor diagnóstico; a amostra 
deve ser cultivada em meios para bactérias aeróbias e para 
anaeróbias. 
Microbiologia 
 
73 
 
Amostra Sistema de Transporte 
Volume de 
Amostra 
Outras 
Considerações 
Respiratório - 
vias aéreas 
inferiores 
Frascos com tampa de 
rosca estéril; tubo ou 
pequeno frasco para 
anaeróbios apenas para 
as amostras coletadas, 
evitando a contaminação 
da microbiota do trato 
respiratório superior 
1 – 2mL Escarro expectorado: se possível, o paciente deve lavar a boca com água 
antes da coleta da amostra; o paciente deve tossir intensa-mente e 
expectorar as secreções das vias aéreas inferiores direta-mente no frasco 
estéril; deve-se evitar a contaminação com a saliva. 
Amostra coletada por broncoscopia: anestésicos podem inibir o 
crescimento de bactérias, assim as amostras devem ser processadas 
imediatamente; se broncoscópio “protegido” é utilizado, culturas para 
anaeróbios podem ser realizadas. 
Aspiração direta do pulmão: amostras podem ser processadas para 
bactérias aeróbias e anaeróbias. 
Ouvido Seringas com agulhas 
cobertas 
Qualquer volu-
me coletado 
A amostra deve ser aspirada por seringa; cultura do ouvido externo não 
tem valor preditivo para otite média. 
Olho Inocular placas com o 
material coletado à beira 
do leito (selar e trans-
portar para o laboratório 
imediatamente) 
Qualquer 
volume 
coletado 
Para infecções oculares superficiais, as amostras são coletadas por swab ou 
por raspado da córnea; para infecções profundas, a aspira-ção de líquido 
aquoso ou vítreo é realizada, todas as amostras devem ser inoculadas em 
meios adequados, no momento da coleta; o adia-mento resultará em uma 
perda significativa de organismos viáveis. 
Exudatos 
(transudatos, 
secreções, 
úlceras) 
Swab imerso em meio de 
transporte; acondicionar 
material aspirado em 
tubo com tampa de rosca 
estéril 
Bactérias: 
1 - 5mL; 
Microbactérias: 
3 - 5mL 
A contaminação commaterial de superfície deve ser evitada; as amostras 
geralmente são inadequadas para a cultura de anaeróbios. 
Feridas 
(abscesso, pus) 
Acondicionar material 
aspirado em tubo com 
tampa de rosca estéril ou 
tubo / pequeno frasco 
estéreis para anaeróbicos 
1 – 5mL de pus As amostras devem ser coletadas por seringas estéreis; a cureta é utilizada 
para coletar amostras na base da ferida; coleta por swab deve ser evitada. 
Tecidos Tubo com tampa de 
rosca estéril ou tubo / 
pequeno frasco estéreis 
para anaeróbicos 
Amostra 
representativa 
do centro e das 
bordas da lesão 
A amostra deve ser acondicionada assepticamente em recipiente 
apropriado estéril; quantidade adequada de amostra deve ser coletada 
para recuperar um número reduzido de organismos. 
Urina - jato 
médio 
Frasco para urina estéril Bactérias: 
1mL; 
Microbactérias: 
 10mL 
A contaminação da amostra com bactérias da uretra ou vagina deve ser 
evitada; primeiro jato deve ser descartado; os organismos podem crescer 
rapidamente na urina, assim, as amostras devem ser imediatamente 
transportadas para o laboratório, mantidas em presença de agente 
bacteriostático ou sob refrigeração. 
Urina - 
cateterismo 
Coletor para urina estéril Bactérias: 
1mL; 
Microbactérias: 
 10mL 
O cateterismo de rotina não é recomendado (risco de induzir infecção); a 
primeira amostra coletada pode estar contaminada com bactérias da uretra, 
de modo que deve ser descartada (semelhante à urina - jato médio); a 
amostra deve ser transportada rapidamente ao laboratório. 
Urina – punção 
suprapúbica 
Tubo ou pequeno frasco 
estéreis para anaeróbicos 
Bactérias: 
1mL; 
Microbactérias: 
 10mL 
Este é um procedimento invasivo, de modo que bactérias da uretra devem 
ser evitadas; único método válido disponível para coleta de amostras para 
cultura de anaeróbios; também é útil para a coleta de amostras de crianças 
ou adultos incapazes de evitar a contaminação de amostras. 
Genitália Swabs especialmente 
desenvolvidos para 
sondas de Neisseria 
gonorrhoeae e Chlamydia 
N/A As amostras devem ser coletadas na área de inflamação ou de exsudato; 
para uma ótima detecção, devem ser cultivadas amostras endocervical (e 
não vaginal) e uretral. 
Fezes 
(evacuação) 
Recipiente com tampa de 
rosca estéril 
N/A O transporte rápido para o laboratório é necessário para prevenir a 
produção de ácidos (bactericida para alguns patógenos entéricos) por 
bactérias fecais normais; imprópria para cultura de anaeróbios; swabs não 
devem ser utilizados para coleta, por causa do grande número de meios 
diferentes a serem inoculados. 
Microbiologia 
 
74 
 
Chegando ao laboratório, a amostra é processada de acordo com os 
protocolos previstos para o diagnóstico. O primeiro teste realizado é a coloração de 
Gram (considerada o “carro chefe” dos testes bacteriológicos), através dela é 
possível classificar a bactéria em dois grandes grupos de acordo com a estrutura de 
sua parede celular que lhe confere diferente sensibilidade ao corante. Bactérias 
Gram-negativas adquirem cor rosa avermelhada quando visualizadas no 
microscópio óptico e, por sua vez, bactérias Gram-positivas detém cor arroxeada 
na visualização. Entretanto, existe um gênero de bactérias no qual o teste de Gram 
não pode ser utilizado, por elas não serem sensíveis a ele, as microbactérias. Para 
estas é empregada metodologia diferente. 
Em muitos casos a simples descrição clínica da patologia junto da coloração de 
Gram e visualização da morfologia da bactéria já é suficiente para a conclusão do 
diagnóstico. Por exemplo, uma amostra de pus, vinda de um paciente do sexo 
masculino, o qual se queixe de ardência durante a micção e liberação desse líquido 
através do pênis, que chega ao laboratório e passa pela coloração de Gram e 
microscopia; ao observar-se a presença de diplococos (bactérias em formato 
arredondado agrupados em pares) Gram-negativos, pode-se claramente fornecer o 
diagnóstico de infecção por gonococos (o paciente apresentando manifestações 
clássicas de gonorreia). 
Por determinadas vezes a amostra não fornece uma quantidade eficaz de 
bactérias para que se possa realizar outros testes caso a coloração de Gram seja 
insuficiente para elaboração do diagnóstico. Assim é necessária a cultura do 
microrganismo que pode ser feita em diversos meios, sejam eles sólidos (ágar) ou 
líquidos (caldos). 
O ágar é um polímero viscoso extraído de algas marinhas que, em temperatura 
ambiente, fornece ao meio de cultura uma consistência gelatinosa, sólida. 
Atualmente, existe uma variedade enorme desses meios de cultura indo desde o 
ágar nutriente (que apresenta quantidades definidas de carboidratos, vitaminas e 
permite crescimento de várias espécies de bactérias até mesmo fungos) ao ágar 
complexo (com extrato de carne, leite ou ovo, sangue de carneiro, cérebro e 
coração de coelho ou diversos outros componentes). 
 
Microbiologia 
 
75 
Outros testes também são essenciais na rotina laboratorial, podem ser citados: 
*Teste da catalase, que diferencia bactérias que utilizam oxigênio em seu 
metabolismo e apresentam a enzima catalase daquelas que não possuem. 
*Teste da coagulase, para bactérias que utilizam esta enzima e promovem a 
formação de coágulos. 
*Teste da hemolisina, feito no meio de cultura Ágar sangue, onde se observa 
um halo claro ao redor das colônias de bactérias que possuem a enzima hemolisina 
e quebram as hemácias para obtenção de ferro. 
Muitos outros testes são conhecidos no meio laboratorial. Eles são 
importantes devido ao caráter de urgência para emissão de laudos com os 
respectivos diagnósticos. A rapidez e a segurança na elaboração desses pareceres 
são essenciais e podem significar a diferença entre a vida e a morte de algum 
paciente. Como já mencionado, a comunicação entre os profissionais responsáveis 
pelo paciente são de caráter impar e demonstra que nenhuma profissão pode 
atuar sozinha. 
3- Antibacterianos 
Algumas bactérias são normalmente resistentes a determinados antibióticos, 
enquanto outras são sensíveis. As bactérias podem ser classificadas como sensíveis 
ou resistentes aos antimicrobianos. A resistência pode ser natural ou adquirida. 
Identificando as diversas formas de ação dos antibióticos. 
Antibióticos são compostos naturais ou sintéticos capazes de inibir o 
crescimento ou causar a morte de fungos ou bactérias. Podem ser classificados 
como bactericidas, quando causam a morte da bactéria, ou bacteriostáticos, 
quando promovem a inibição do crescimento microbiano. 
O grande marco no tratamento das infecções bacterianas ocorreu com a 
descoberta da penicilina, por Alexander Fleming, em 1928. A atividade da 
penicilina era superior à das sulfas e a demonstração que fungos produziam 
substâncias capazes de controlar a proliferação bacteriana motivou uma nova 
frente de pesquisas na busca por antibióticos: a prospecção em culturas de 
microrganismos, especialmente fungos e actinobactérias. 
Microbiologia 
 
76 
A penicilina G, ou benzilpenicilina, foi descrita em 1929 como agente 
antibiótico, porém somente foi introduzida como agente terapêutico nos anos 
1940. Após o processo de industrialização da penicilina, especialmente em 
consequência da Segunda Guerra Mundial, foi observado um rápido crescimento 
na descoberta e desenvolvimento de novos antibióticos. 
Entre os anos 1940-1960, vários antibióticos foram descobertos através de 
triagens de produtos naturais microbianos, sendo a maioria deles eficazes para o 
tratamento contra bactérias Gram positivas: β-lactâmicos (cefalosporina), 
aminoglicosídeos (estreptomicina), tetraciclinas (clortetraciclina), macrolídeos 
(eritromicina), peptídeos (vancomicina)e outros (cloranfenicol, rifamicina B, 
clindamicina e polimixina B). Neste período apenas três derivados sintéticos foram 
introduzidos no mercado: isoniazida, trimetropim e metronidazol. 
Entre os anos 1960-1980 foram introduzidos no mercado antibióticos semi-
sintéticos eficazes para o tratamento de patógenos Gram positivos e Gram 
negativos, análogos aos antibióticos naturais já existentes. A maioria deles foi 
obtida a partir de protótipos naturais microbianos, como derivados β-lactâmicos 
(análogos de penicilina e cefalosporina, ácido clavulânico, aztreonam), análogos da 
tetraciclina, derivados aminoglicosídicos (gentamicina, tobramicina, amicacina). 
Entre os anos 1980-2000 as principais ferramentas utilizadas para a busca de 
novos antibióticos foram a genômica e as triagens de coleções de compostos, em 
detrimento às triagens de produtos naturais microbianos. Porém, houve uma 
redução dramática na identificação de novos protótipos antibióticos, ao mesmo 
tempo em que ocorreu um aumento na incidência de resistência bacteriana. Este 
período foi marcado pela modificação do mercado de antibióticos e pela 
introdução da classe das fluoroquinolonas sintéticas, na metade dos anos 1980, 
desenvolvidas a partir do ácido nalidíxico. Alguns antibióticos baseados em 
protótipos naturais, como imipenem (derivado β-lactâmico) e análogos da 
eritromicina (derivado macrolídeo) também foram introduzidos neste período. 
A partir de 2000, poucos antibióticos foram introduzidos para a terapêutica 
antimicrobiana. Em 2001, apenas um antibiótico de origem sintética da classe das 
oxazolidinonas foi introduzido no mercado farmacêutico, a linezolida. 
 
Microbiologia 
 
77 
Principais classes de antibióticos 
Os antibióticos de origem natural e seus derivados semissintéticos 
compreendem a maioria dos antibióticos em uso clínico e podem ser classificados 
em β-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, carbapeninas, oxapeninas e 
monobactamas), tetraciclinas, aminoglicosídeos, macrolídeos, peptídicos cíclicos 
(glicopeptídeos, lipodepsipeptídeos), estreptograminas, entre outros 
(lincosamidas, cloranfenicol, rifamicinas etc). Os antibióticos de origem sintética 
são classificados em sulfonamidas, fluoroquinolonas e oxazolidinonas. 
- Antibióticos β-lactâmicos 
Os antibióticos β-lactâmicos são agentes antibacterianos que inibem 
irreversivelmente a enzima transpeptidase, que catalisa a reação de 
transpeptidação entre as cadeias de peptideoglicana da parede celular bacteriana. 
A atividade desta enzima leva à formação de ligações cruzadas entre as cadeias 
peptídicas da estrutura peptideoglicana, que conferem à parede celular uma 
estrutura rígida importante para a proteção da célula bacteriana contra as 
variações osmóticas do meio. 
- Aminoglicosídeos 
Os aminoglicosídeos são agentes que possuem um grupo amino básico e uma 
unidade de açúcar. A estreptomicina, principal representante da classe, foi isolada 
em 1944 de Streptomyces griseus, um microrganismo de solo. Os aminoglicosídeos 
apresentam atividade melhorada em pH levemente alcalino, em torno de 7,4, onde 
estão positivamente carregados, facilitando a penetração em bactérias Gram 
negativas. 
Os antibióticos aminoglicosídicos apresentam efeito bactericida por ligarem-
se especificamente à subunidade 30S dos ribossomos bacterianos, impedindo o 
movimento do ribossomo ao longo do mRNA e, consequentemente, 
interrompendo a síntese de proteínas. 
- Macrolídeos 
Os macrolídeos naturais caracterizam-se pela presença de lactonas 
macrocíclicas ligadas a um açúcar e um amino-açúcar. Derivados semissintéticos 
podem apresentar anel macrocíclico de 15 membros (azitromicina). Os macrolídeos 
Microbiologia 
 
78 
são agentes bacteriostáticos, que atuam pela ligação ao RNA ribossomal 23S da 
subunidade 50S, assim bloqueando a biossíntese de proteínas bacterianas. São 
usados em infecções respiratórias como pneumonia, exacerbação bacteriana 
aguda de bronquite crônica, sinusite aguda, otites médias, tonsilites e faringites. 
- Eritromicina 
A eritromicina age frente à maioria dos patógenos respiratórios, é considerada 
segura e amplamente prescrita a crianças. Entretanto, seu limitado espectro de 
ação e sua limitada estabilidade em meio ácido resultam em uma fraca 
biodisponibilidade e uma variedade de outros efeitos colaterais, tais como 
influência na motilidade gastrointestinal, ações pró-arrítmicas e inibição do 
metabolismo de fármacos. 
- Cloranfenicol 
O cloranfenicol foi isolado a primeira vez do microrganismo Streptomyces 
venezuela. O medicamento liga-se à subunidade do ribossomo e parece inibir o 
movimento dos ribossomos ao longo do mRNA, provavelmente pela inibição da 
peptidil transferase, responsável pela extensão da cadeia peptídica. 
- Tetraciclinas 
As tetraciclinas são antibióticos de amplo espectro e bastante eficazes frente a 
diversas bactérias aeróbicas e anaeróbicas Gram positivas e Gram negativas. A 
clortetraciclina foi o primeiro derivado a ser descoberto. As tetraciclinas inibem a 
síntese de proteínas através da ligação com a subunidade dos ribossomos, 
impedindo a ligação do aminoacil-tRNA. Como resultado, a adição de novos 
aminoácidos para o aumento da cadeia protéica é bloqueada. A liberação de 
proteínas também é inibida. A seletividade frente aos ribossomos bacterianos em 
relação aos ribossomos de eucariotos deve-se a diferenças estruturais e também à 
concentração seletiva do antibiótico nas células bacterianas. 
- Lincosamidas 
As lincosamidas têm propriedades antibacterianas similares aos macrolídeos e 
agem pelo mesmo mecanismo de ação. A lincomicina e seu derivado 
semissintético clindamicina foram introduzidos na prática clínica como antibióticos 
de uso oral em 1960 e 1969, respectivamente. A lincomicina foi isolada do 
Microbiologia 
 
79 
microrganismo de solo Streptomyces lincolnensis. A clindamicina é um antibiótico 
amplamente utilizado, que possui melhor atividade e maior absorção por via oral. 
A clindamicina é o fármaco de escolha para o tratamento de infecções periféricas 
causadas por Bacillus fragilis ou outras bactérias anaeróbicas penicilina resistentes. 
Este fármaco é também topicamente utilizado para o tratamento de acne. 
- Glicopeptídeos 
Os antibióticos glicopeptídicos, vancomicina e teicoplanina, têm se tornado os 
fármacos de primeira linha no tratamento de infecções por bactérias Gram positivas 
com resistência a diversos antibióticos. A vancomicina, o primeiro antibiótico 
glicopeptídico, introduzido na prática clínica em 1959, foi isolada de amostras de 
Streptomyces orientalis (reclassificada como Amycolatopsis orientalis). O 
desenvolvimento de resistência bacteriana a estes antibióticos é mais lento, apesar 
de algumas linhagens de Staphylococcus aureus hospitalares já apresentarem 
resistência desde 1966. Eles são restritos para o tratamento de infecções causadas 
por bactérias Gram positivas por serem incapazes de penetrar nas membranas de 
bactérias Gram negativas. A vancomicina em geral é o antibiótico de última escolha 
frente a patógenos Gram positivos resistentes, em particular contra espécies de 
Enterococcus. 
- Lipodepsipeptídeos 
A daptomicina é um lipodepsipeptídeo isolado de Streptomyces roseosporus e 
aprovado em 2003 para tratamento de infecções causadas por bactérias Gram 
positivas. Seu mecanismo de ação envolve a desorganização de múltiplas funções 
da membrana celular bacteriana. É provável que todos os antibióticos 
lipopeptídicos apresentem alguma penetração na membrana devido às cadeias 
alquílicas, o que promove sua desorganização. 
- Rifampicinas 
A rifamicina B foi isolada de Streptomyces mediterranei,reclassificado como 
Nocardia mediterranei. A rifampicina é um inibidor da RNA polimerase, utilizada 
clinicamente como parte da combinação de fármacos para o tratamento da 
tuberculose. É o único fármaco em uso clínico que bloqueia a transcrição 
bacteriana. 
 
Microbiologia 
 
80 
- Estreptograminas 
A pritinamicina é uma mistura de substâncias macrolactonas obtidas de 
Streptomyces pristinaespiralis, ela pode ser utilizada oralmente no tratamento de 
infecções por bactérias Gram positivas. Dois derivados semissintéticos desta classe, 
quinupristina e dalfopristina, têm sido utilizados por via intravenosa em 
combinação. 
- Sulfonamidas e trimetoprim 
As sulfonamidas, também conhecidas como sulfas, foram testadas pela 
primeira vez nos anos 1930 como fármacos antibacterianos. Um exemplo de sulfa 
ainda utilizada na terapêutica é o sulfametoxazol, em associação com o 
trimetoprim, para o tratamento de pacientes com infecções no trato urinário e 
também para pacientes portadores do vírus HIV que apresentem infecções por 
 
Pneumocystis carinii. Cada um desses fármacos bloqueia uma etapa no 
metabolismo do ácido fólico. O sulfametoxazol bloqueia a enzima di-hidropteroato 
sintetase, presente apenas nas bactérias, enquanto o trimetoprim inibe a di-
hidrofolato redutase. 
- Quinolonas e fluoroquinolonas 
As quinolonas e fluoroquinolonas são fármacos bactericidas muito utilizados 
no tratamento de infecções do trato urinário e também no tratamento de infecções 
causadas por microrganismos resistentes aos agentes antibacterianos mais usuais. 
O ácido nalidíxico, sintetizado em 1962, foi o protótipo desta classe de antibióticos. 
É ativo frente a bactérias Gram negativas e utilizado no tratamento de infecções do 
trato urinário, porém, os microrganismos podem adquirir rápida resistência a esse 
antibiótico. Vários outros análogos têm sido sintetizados, com propriedades 
similares ao ácido nalidíxico. A enoxacina, desenvolvida em 1980, é um fármaco 
que apresenta elevado espectro de atividade frente a bactérias Gram positivas e 
Gram negativas. É também ativo frente a Pseudomonas aeruginosa, bactéria 
altamente resistente a antibióticos. 
 
Microbiologia 
 
81 
As fluoroquinolonas agem inibindo a topoisomerase IV de bactérias Gram 
positivas e apresentam seletividade 1000 vezes maior para enzimas bacterianas em 
relação às enzimas correspondentes em células humanas. Em bactérias Gram 
negativas, o alvo das fluoroquinolonas é a topoisomerase II, também conhecida por 
DNA-girase, que apresenta as mesmas funções da topoisomerase IV. 
Topoisomerases são essenciais para a viabilidade celular em células procarióticas e 
eucarióticas. As quinolonas apresentam boa seletividade para células bacterianas. 
 
Nesta unidade, estudamos os mecanismos patogênicos bacterianos, a forma 
como o diagnóstico laboratorial bacteriano pode ser realizado e refletimos sobre 
as principais classes de antibióticos existentes. Na próxima unidade, veremos a 
estrutura geral dos vírus e como eles se multiplicam. 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
 
 
 
Microbiologia 
 
82 
 
Exercícios – unidade 3 
 
1.Em relação às exotoxinas bacterianas, marque a alternativa incorreta: 
a)As enzimas degradativas são um tipo de exotoxina. 
b)A toxina A-B é uma exotoxina. 
c) O lipopolissacarídeo (LPS) é uma exotoxina. 
d)Os superantígenos são exotoxinas que comprometem o funcionamento 
do sistema imunológico. 
e)Somente os Gram negativos produzem endotoxina. 
 
2.Quanto ao lipopolissacarídeo, é correto afirmar: 
a) É uma exotoxina produzida por Gram positivos. 
b) É uma exotoxina produzida por Fram negativos. 
c) É uma endotoxina produzida por Gram positivos. 
d) É uma endotoxina produzida por Gram negativos. 
e) Não é uma toxina. 
 
3.O diagnóstico laboratorial em bacteriologia: 
a) requer correta coleta e armazenamento de amostras. 
b) é realizado apenas através do técnica de coloração de Gram. 
c) nunca requer a cultura de microrganismos. 
d) é realizado na consulta médica. 
e) Nenhuma das alternativas anteriores. 
 
Microbiologia 
 
83 
4.Certas infecções hospitalares podem ser de difícil combate por meio de 
antibióticos comumente utilizados. Este feito deve-se: 
a) à utilização de antibióticos de maneira controlada. 
b) à seleção de linhagens de bactérias resistentes aos antibióticos. 
c) à correta aplicação de métodos diagnósticos. 
d) ao desenvolvimento de cepas multirresistentes em laboratório. 
e) nenhuma das alternativas anteriores. 
 
5.Dentre os efeitos que o lipopolissacarídeo pode exercer no organismo 
humano: 
a) Trombose. 
b) Papilomas. 
c) Vesículas herpéticas. 
d) Meningite. 
e) Nenhuma das alternativas anteriores. 
 
6.Os superantígenos são exemplos de: 
a) Endotoxinas. 
b) Técnicas laboratoriais. 
c) Antibacterianos. 
d) Técnicas de limpeza. 
e) Exotoxinas. 
Microbiologia 
 
84 
 
7.A assepsia: 
a) é a eliminação de microrganismos, exceto esporulados, de materiais ou 
artigos inanimados, através de processo físico ou químico, com auxílio de 
desinfetantes. 
b)é a remoção mecânica e/ou química de sujidades em geral. 
c) é a eliminação de microrganismos da pele, mucosa ou tecidos vivos, com 
auxílio de antissépticos, substâncias microbicidas. 
d) É um método empregado para impedir a contaminação de determinado 
material ou superfície. 
e) nenhuma das alternativas anteriores. 
 
8.Os antibióticos são medicamentos que possuem como alvo: 
a) apenas componentes da parede celular da bactéria. 
b) apenas o DNA bacteriano. 
c) os mais diversos componentes bacterianos, dependendo da classe 
antibacteriana. 
d) apenas o RNA bacteriano. 
e) nenhuma das alternativas anteriores. 
 
9.Descreva o mecanismo de ação dos macrolídeos. 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
Microbiologia 
 
85 
 
10- Por que é importante a limpeza de materiais antes de uma desinfecção ou 
esterilização? 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
 _________________________________________________________________________ 
Microbiologia 
 
86 
Microbiologia 
 
87 
Propriedades gerais dos 
vírus 4
Microbiologia 
 
88 
 
Na unidade quatro, estudaremos a estrutura viral e como os vírus se 
multiplicam. 
 
Objetivos da unidade: 
 Conhecer a nomenclatura principal associada à virologia; 
 Identificar as estruturas que compõem a partícula viral; 
 Compreender as diferentesetapas da replicação viral. 
 
Plano da unidade: 
 Estrutura viral e estratégias de replicação 
 Classificação internacional dos vírus proposta pelo ICTV 
(International Comittee on Taxonomy of Viruses) 
 Morfologia viral 
 Replicação viral 
 
 
Bons estudos! 
Microbiologia 
 
89 
 
Estrutura viral e estratégias de replicação 
 
Introdução 
Os vírus são os menores e menos complexos microrganismos existentes, são 
bem menores que as células eucariontes e procariontes. Eles não possuem as 
características necessárias para terem metabolismo próprio e se multiplicarem. 
Logo, necessitam de uma célula viva para se replicarem, sendo um parasita 
intracelular obrigatório. 
Uma vez dentro da célula hospedeira, as partículas virais adquirem atividade 
biológica e subvertem a maquinaria celular em prol de sua própria multiplicação. 
Fora de uma célula viva, elas são apenas estruturas químicas. 
 
Classificação internacional dos vírus proposta pelo ICTV 
(International Comittee on Taxonomy of Viruses) 
 
O ICTV se baseia em algumas propriedades virais para a classificação geral dos 
vírus. Essas propriedades são as seguintes: 
 Morfologia: são considerados o tamanho e a forma do vírion, a 
presença de glicoproteínas, de envelope e a simetria do capsídeo. 
 Propriedades físico-químicas: esta categoria considera 
características como a massa molecular do vírion, estabilidade em 
variações de pH e outras condições, tipo e tamanho do material 
genético, dentre outras. 
 Proteínas: analisa-se o número, o tamanho e a atividade das 
proteínas virais, a sequência de aminoácidos, a estrutura 3D etc. 
 Lipídios e carboidratos: composição dos mesmos. 
 Replicação viral e organização gênica: levam-se em conta as 
estratégias de replicação do vírus e como o mesmo se organiza. 
 Propriedades antigênicas e biológicas: reações sorológicas, 
hospedeiro natural, modo de transmissão, tropismo etc. 
Microbiologia 
 
90 
 Ordem, família, subfamília, gênero e espécie virais: 
agrupamentos virais baseados em níveis de semelhança existentes 
entre os vírus. Quanto mais próximo do nível de espécie, mais 
similaridades os agrupamentos virais compartilham. 
 
Morfologia viral 
 
O tamanho, a forma e a complexidade das partículas virais variam muito entre 
os vírus das diferentes famílias. A maior parte dos vírions possui dimensões 
ultramicroscópicas, com diâmetro em nanômetros (nm), o que os torna passíveis 
de visualização apenas sob microscopia eletrônica (ME). 
 
Figura 4.1: Escala métrica representando um comparativo de dimensões de diversas 
estruturas biológicas. (FLORES, EF, 2007, p. 21) 
 
A estrutura da partícula viral varia entre os diversos vírus conhecidos. No 
entanto, de forma geral, toda partícula viral infectiva deve conter ácido nucléico e 
proteínas, na forma de um envoltório denominado capsídeo. 
O capsídeo viral envolve o material genético da partícula, ele é formado por 
proteínas e cada unidade morfológica que forma o capsídeo é denominada 
capsômero. 
Microbiologia 
 
91 
 
Fora de uma célula viva, o vírion contém apenas um tipo de material genético, 
RNA ou DNA, porém esse material pode estar presente em diversas organizações 
(figura 4.2). 
 
Figura 4.2: Esquema representativo da organização genômica das famílias virais que 
infectam mamíferos. A: famílias compostas por partículas virais que contêm DNA. B: famílias 
compostas por partículas virais que contêm RNA. * genoma composta foi fita dupla 
incompleta de DNA. **presença de duas fitas de RNA e capacidade de transcrição reversa. 
***alguns membros dessa família podem apresentar RNAs com polaridade positiva e 
negativa. (SANTOS, NSO, ROMANOS, MTV, WIGG, MD, 2008, p.13) 
Microbiologia 
 
92 
 
Quadro 4.1: Definições importantes em virologia. (FLORES, EF, 2007, p. 21) 
 
Alguns aspectos devem ser ressaltados em relação à organização genômica 
das partículas virais. O vírions compostos por RNA de fita simples (uma única fita) 
podem ser, ainda, classificados em polaridade positiva ou negativa. O RNA que 
apresenta polaridade positiva, após o vírus infectar uma célula hospedeira, tem a 
característica de RNAm, podendo ser traduzido diretamente em proteínas. Já o 
RNA de polaridade negativa serve como base para a produção de uma cópia 
complementar ao mesmo, após início da replicação viral na célula hospedeira, essa 
cópia complementar, então, tem o papel de RNAm. 
Outra característica interessante das partículas virais compostas por RNA é a 
transcrição reversa apresentada pela família Retroviridae. Os retrovírus têm a 
capacidade de síntetizar DNA a partir de moléculas de RNA - a transcrição reversa- 
utilizando a enzima viral transcriptase reversa. O representante mais conhecido 
dessa família é o vírus da imunodeficiência humana, o HIV. 
Alguns vírus, além do capsídeo e do material genético, podem conter em sua 
estrutura enzimas associadas ao genoma, lipídios e carboidratos. 
As enzimas associadas ao genoma geralmente são essenciais para a replicação 
viral no interior de células hospedeiras, por exemplo, polimerases e transcriptases 
reversas. 
Microbiologia 
 
93 
 
Alguns vírus são envelopados, ou seja, apresentam um envoltório lipídico, o 
envelope, mais externamente ao capsídeo. Nesse envelope estão contidas 
glicoproteínas (carboidratos+proteínas) que medeiam à interação entre vírus e 
célula hospedeira. Na ausência de envelope, as proteínas do capsídeo que 
propiciam essa interação. 
 
Figura 4.3: Estrutura geral das partículas virais. A: vírus não envelopado. B: vírus 
envelopado. (FLORES, EF, 2007, p. 22) 
 
As subunidades protéicas que formam o capsídeo, os capsômeros, podem se 
organizar em formatos distintos, fazendo com que o capsídeo adquira uma 
simetria específica. Essas simetrias podem ser classificadas como icosaédrica, 
helicoidal e complexa. A simetria icosaédrica é aquela em que o capsídeo forma 20 
triângulos equiláteros e 12 vértices, ela é muito comum dentre as diversas 
partículas virais. Os capsídeos de simetria helicoidal apresentam arranjo em hélice, 
já os de simetria complexa incluem aquelas que são exceção aos dois tipos citados 
anteriormente. 
Microbiologia 
 
94 
 
 
 
 
Figura 4.4: Diagrama representativo de simetrias do capsídeo. 1A e 1B: Capsídeos de 
simetria icosaédrica. 2A e 2B: Capsídeos de simetria helicoidal. 3: Capsídeo de simetria 
complexa. (FLORES, EF, 2007, p. 22) 
Microbiologia 
 
95 
 
Replicação viral 
 
Os vírus, para se multiplicarem, necessitam infectar uma célula hospedeira, já 
que não possuem metabolismo próprio. Uma vez no interior dessa célula, o 
microrganismo tem a capacidade de utilizar todo o metabolismo celular de acordo 
com sua necessidade, voltando à maquinaria da célula infectada para a confecção 
de novas cópias virais. 
Replicação viral é o termo que se refere ao processo de biossíntese de novas 
partículas virais. Os detalhes desse processo variam amplamente dentre as diversas 
espécies virais existentes, no entanto, ele pode ser dividido em 6 etapas gerais: 
adsorção, penetração, desnudamento, expressão gênica e síntese de componentes 
virais, maturação e liberação. Cada etapa será descrita a seguir. 
 
Adsorção 
A primeira etapa da replicação compreende a ligação entre partículas virais e a 
célula hospedeira, a adsorção. A ligação ocorre através do contato entre proteínas 
da superfície do vírus e receptores celulares, vírus não envelopados utilizam 
proteínas do capsídeo, já os envelopados contam com as glicoproteínas existentes 
no envelope. Os receptores das células para os vírus são geralmente proteínas 
(glicoproteínas)ou carboidratos (presentes em glicoproteínas ou em glicolipídios 
da membrana). 
Alguns vírus necessitam de receptores específicos (como o vírus da febre 
aftosa, os poliovírus), outros podem utilizar receptores variados para realizar a 
adsorção (por exemplo, herpesvírus). A quantidade de receptores na superfície de 
uma célula varia bastante. 
Ás vezes, a interação entre as proteínas virais e os receptores celulares não é 
suficiente para que a adsorção ocorra de forma eficiente. Nesse caso, são 
necessárias proteínas celulares adicionais, co-receptores, para estabilizar a ligação. 
Microbiologia 
 
96 
 
O contato entre um vírus e uma célula parece ser ao acaso. Ou seja, a célula 
hospedeira não atrai a partícula viral a distância. Assim que entra em contato com a 
superfície celular, componentes externos das partículas virais interagem 
quimicamente com moléculas da membrana plasmática, podendo resultar ou não 
em penetração e início da infecção. 
Apesar de a adsorção viral à superfície celular ser a etapa inicial e 
indispensável para o início da replicação, ela nem sempre resulta em infecção 
produtiva. Estima-se que um grande número de interações entre vírions e células 
não resulte em penetração, pela falta de receptores específicos para o vírus ou pela 
debilidade dessas interações. Partículas vírais podem se ligar à superfície da célula 
e não penetrarem na mesma. Outra situação que pode ocorrer é a adsorção, 
seguida de internalização do nucleocapsídeo, mas liberação do mesmo em 
compartimentos celulares inapropriados, como os lisossomos. Enfim, a ligação viral 
à membrana celular é necessária para a replicação, no entanto ela nem sempre 
garante a continuação do processo replicativo. 
Susceptibilidade é um termo que se refere à capacidade das células de serem 
infectadas naturalmente pelo vírus, enquanto já permissividade refere-sassocia-se 
às condições intracelulares para a ocorrência da replicação viral. Logo, as células 
nas quais os vírus conseguem, de fato, completar a replicação são susceptíveis 
(permitem a penetração) e permissivas (permitem a ocorrência das etapas 
intracelulares). 
 
Penetração 
A penetração é a etapa que ocorre após a adsorção e envolve a transposição 
da membrana plasmática, permitindo a entrada do nucleocapsídeo (genoma viral 
+ proteínas) no interior da célula, local onde ocorrerão a expressão gênica e a 
replicação do genoma. A transposição da membrana pode ocorrer na superfície 
celular ou já no interior do citoplasma, a partir de vesículas produzidas por 
endocitose, fagocitose ou macropinocitose. 
Microbiologia 
 
97 
As principais formas de prenetração viral são: 
a) Penetração direta 
Após a adsorção, o material genético de vírus não envelopados é introduzido, 
diretamente, no citoplasma da célula hospedeira. Este material genético, então, 
pode seguir a próxima etapa do ciclo replicativo e servir como base para a síntese 
de proteínas virais e de cópias de material genético para a formação de outras 
partículas virais. 
b) Fusão do envelope viral com a membrana plasmática. 
Os vírus envelopados podem usar como estratégia de penetração a fusão de 
seu envelope com a membrana da célula hospedeira. Após a ligação a receptores 
celulares, o envelope do vírus, que possui estrutura muito semelhante à membrana 
celular, simplesmente se junta ao envoltório da célula hospedeira, havendo a 
liberação do nucleocapsídeo no citoplasma celular. 
c) Endocitose 
Esse mecanismo de penetração é utilizado por vários vírus envelopados (p. ex.: 
flavivírus e ortomixovírus) e por alguns vírus sem envelope (p. ex.: adenovírus, 
picornavírus e reovírus). 
A via endocítica parece ser a melhor via para a internalização dos vírus, já que 
i) a endocitose é um processo fisiológico que ocorre na maioria das células; ii) ela 
ocorre somente em células com transporte de membrana ativo, evitando a 
penetração em eritrócitos e plaquetas, locais nos quais a infecção seria 
improdutiva; iii) as partículas virais podem se ligar em qualquer local da superfície 
celular para serem internalizadas; iv) a endocitose garante a internalização e o 
transporte dos vírions para os locais de expressão gênica e replicação; v) a 
penetração a partir dos endossomos reduz a detecção viral pelo sistema 
imunológico, pois não deixa proteínas virais expostas na superfície celular, 
constituindo um mecanismo de evasão da resposta imunológica e vi) o 
microambiente endossomal se acidifica gradativamente, o que auxilia na ativação 
dos mecanismos de fusão e penetração. 
Na endocitose, após a adsorção, a célula hospedeira capta a partícula viral e a 
mesma é internalizada em vesículas endocítica. Os vírus envelopados podem ser 
liberados no citoplasma através da fusão de seu envelope com a membrana da 
vesícula endocítica, já os vírus não envelopados necessitam de mecanismos que 
rompam a membrana vesicular para que sejam liberados da mesma. 
Microbiologia 
 
98 
Tabela 4.1: Receptores celulares e mecanismos de penetração dos principais 
vírus animais. (FLORES, EF, 2007, p. 112) 
 Família Vírus Receptor Viral Forma / Local de Penetração 
V
ír
us
 D
N
A
 
Herpesviridae Herpes simplex 
Sulfato de heparina / receptor homólogo 
ao fator de necrose tumoral (TNF) e fator 
de crescimento neuronal (NGF) 
Fusão na membrana plasmática 
 Pseudoraiva 
Sulfato de heparan (HS), proteoglicanos 
(HSPG) e coreceptores Fusão na membrana plasmática 
Adenoviridae Adenovírus 2 Receptor para adenovírus e vírus Coxsackie B (CAR) 
Endocitose dependente de 
clatrina 
Poxviridae Vaccinia Fator de crescimento epidermal (EGF) Membrana plasmática e/ou macropinossomo 
Polyomaviridae SV-40 Moléculas do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) classe I 
Endocitose caveolar e/ou retículo 
endoplasmático 
Papilomaviridae Papilomavírus bovino Integrina -6 e moléculas semelhantes ao heparan 
Endocitose dependente de 
clatrina 
Parvoviridae Papilomavírus canino Receptor de transferrina Endossomos 
Asfarviridae Peste suína africana Não determinado Endossomos 
V
ír
us
 R
N
A
 
Arteriviridae Vírus elevador da desgrogenase láctica 
Moléculas do complexo maior de 
histocompatibilidade (MHC) classe II Endossomos 
Coronaviridae Vírus da Hepatite dos Murinos 
Glicoproteína biliar dos murinos / 
antígeno carcinoembriogênico Endossomos 
Coronavírus humano 229E CD13 (Aminopeptidase) Membrana plasmática 
Orthomyxoviridae Vírus da influenza Ácido siálico Endocitose dependente de clatrina 
Paramyxoviridae Vírus do sarampo CD46 Membrana plasmática 
Togaviridae Semliki Forest Moléculas do MHC classe II Endocitose dependente de clatrina 
Flaviviridae Vírus da diarreia viral bovina CD46 bovino Endossomos 
Rhabdoviridae Vírus da raiva Receptor da neurotropina (p75NTR) Endocitose dependente de clatrina 
Filoviridae Vírus Ebola e Marburg Receptor folato (FR-) Caveola 
Retroviridae HIV-1 CD4 e receptor de citocinas Membrana plasmática 
Bunyaviridae Vírus Hantaan Integrinas ( 3) Endocitose dependente de clatrina 
Picornaviridae Vírus da febre aftosa Integrinas (v) Endocitose 
Caliciviridae Não determinado Não determinado Endossomos 
Reoviridae Reovírus Ácido siálico e molécula 1 de adesão juncional (JAM 1) Endossomos 
 Rotavírus Integrinas V3 e proteínas cognatas do choque térmico (hscp70) 
Membrana citoplasmática (lipid 
rafts) 
aCAR: receptor de virus coxsackie B e adenovirus. bnão determinado. 
Microbiologia 
 
99 
 
Desnudamento 
O termo desnudamento (do inglês uncoating) refere-se aos eventos que 
ocorrem logo após a penetração, em que os constituintes do nucleocapsídeo são 
parcial ou totalmente removidos, resultando na exposição parcial ou completa do 
genoma viral. 
A remoçãodas proteínas do nucleocapsídeo é absolutamente necessária para 
a exposição do genoma às enzimas e fatores responsáveis pela transcrição (vírus 
DNA e RNA de cadeia negativa) ou tradução (vírus RNA de cadeia positiva). 
 
Biossíntese viral 
Uma vez dentro da célula, o genoma viral deve ser direcionado para a síntese 
de mRNA e proteínas virais e gerar cópias idênticas de si mesmo. O material 
genético é inútil, a menos que possa ser transcrito em mRNAs funcionais capazes 
de se ligar aos ribossomos e ser traduzidos em proteínas. 
A forma como cada vírus cumpre estas etapas depende da estrutura do 
genoma e do sítio de replicação. Geralmente, vírus de DNA utilizam a maquinaria 
nuclear para realizarem a síntese de RNA e de cópias de DNA (as proteínas são 
sintetizadas no citoplasma) , já os de RNA realizam todas as etapas, tanto de síntese 
de cópias de RNA como de proteínas, no citoplasma. 
A maquinaria celular para a transcrição e o processamento do mRNA encontra-
se no núcleo. A maioria dos vírus DNA utiliza a RNA polimerase II DNA-dependente 
e outras enzimas celulares para a síntese de mRNA. 
Embora, por exemplo, os poxvírus sejam vírus de DNA, eles se replicam no 
citoplasma, então, devem codificar enzimas para todas estas funções. Como citado 
anteriormente, a maioria dos vírus de RNA replica-se e produz mRNA no 
citoplasma, exceto os ortomixovírus e os retrovírus. Os vírus de RNA devem 
codificar as enzimas necessárias à transcrição e à replicação, já que a célula não 
possui meios para replicar RNA. 
Microbiologia 
 
100 
 
Geralmente, o mRNA para proteínas não estruturais é sintetizado primeiro. 
Essas proteínas normalmente servem para se ligar ao DNA e enzimas, incluindo as 
polimerases codificadas pelo vírus. 
 
Figura 4.5: Etapas da síntese macromolecular viral: o mecanismo de síntese de mRNA e 
proteína viral e a replicação do genoma são determinados pela estrutura do genoma. 1. O 
DNA de fita dupla (DNA FD) usa a maquinaria hospedeira no núcleo (exceto os poxvírus) para 
fazer mRNA, que é traduzido em proteínas pelos ribossomos da célula hospedeira. 2.O DNA 
de fita simples (DNA FS) é convertido em DNA FD e replica-se como DNA FD. 3.O RNA (+) 
assemelha-se a um mRNA que se liga aos ribossomos para fazer uma poliproteína que é 
Microbiologia 
 
101 
clivada em proteínas individuais. Uma das proteínas virais é uma RNA polimerase que faz um 
molde de RNA (−) e então mais progênie de genoma RNA (+) e mRNAs. 4. O RNA (−) é 
transcrito em mRNAs e em um molde de RNA (+) de tamanho total pela RNA polimerase 
carreada no vírion. O molde de RNA (+) é usado para fazer a progênie de genoma RNA (−). 5. 
O RNA FD age como um RNA (−). As fitas (−) são transcritas em mRNAs por uma RNA 
polimerase no capsídeo. Os RNAs (+) são transferidos para o capsídeo e os RNAs (−) são feitos 
no capsídeo. 6. Os retrovírus são RNA (+) que são convertidos em DNA complementar (cDNA) 
pela transcriptase reversa carreada no vírion. O cDNA integra-se ao cromossomo hospedeiro 
e o hospedeiro sintetiza mRNAs, proteínas e cópias de genoma de RNA de tamanho total. 
MURRAY, P.R., ROSENTHAL, K.S., PFALLER M.A., 2009, p. 49). 
 
Montagem 
A montagem do vírion é similar a um quebra-cabeça tridimensional 
entrelaçado que se coloca em uma caixa. A partícula viral é construída a partir de 
partes pequenas, facilmente fabricadas, que abrigam o genoma em um pacote 
funcional. 
Cada parte do vírion possui estruturas de reconhecimento que permitem ao 
vírus formar interações proteína-proteína, proteína-ácido nucleico e proteína-
membrana (para os vírus envelopados) apropriadas. 
Durante a montagem, as proteínas sintetizadas na etapa de biossíntese 
geralmente se organizam para que a estrutura do capsídeo viral seja montada, 
abrigando em seu interior o material genético do vírus. 
 
Liberação 
Os vírus podem ser liberados das células por lise celular, por exocitose ou pelo 
brotamento da membrana plasmática. 
Os vírus não envelopados são geralmente liberados após a lise da célula. A 
liberação de muitos vírus envelopados ocorre após o brotamento da membrana 
plasmática sem matar a célula, nessa situação, a partícula viral adquire o envelope a 
Microbiologia 
 
102 
 
Figura 4.6: Exemplos de liberação viral. A) Lise celular; B) Brotamento e C) Exocitose. 
(FLORES, EF, 2007, p. 132 e 133) partir da membrana plasmática da célula hospedeira. A 
lise e o brotamento da membrana plasmática são formas eficientes de liberação. 
Microbiologia 
 
103 
 
Os vírus que adquirem seu envelope no citoplasma (p. ex., flavivírus, poxvírus) 
permanecem associados à célula e comumente são liberados por exocitose. 
 
Figura 4.7: Representação esquemática do ciclo replicativo de um vírus DNA.1) 
Adsorção; 2) Penetração; 3) Desnudamento; 4) Transcrição dos genes virais; 5) Tradução dos 
RNA mensageiros (mRNA) e produção das proteínas virais; 6) Replicação do genoma; 7) 
Morfogênese; 8-9) Liberação. (FLORES, EF, 2007, p. 132 e 110). 
 
Nesta unidade estudamos a morfologia viral e as etapas da replicação dos 
vírus. Na próxima unidade veremos a patogênese das infecções virais e o 
diagnóstico laboratorial das viroses. 
 
É HORA DE SE AVALIAR 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Microbiologia 
 
104 
 
Exercícios – Unidade 4 
 
1- A alternativa que apresenta uma propriedade comum a todos os vírus é: 
a) replicam-se independentemente. 
b) possuem ácido nucleico e proteínas. 
c) são formados por DNA e carboidratos. 
d) reproduzem-se de forma similar à das bactérias. 
e) possuem metabolismo próprio. 
 
2- Marque a única opção correta que apresenta uma característica a respeito 
da estrutura viral: 
a) todos os vírus são constituídos por proteína, DNA e lipídios. 
b) o material genético viral existe apenas sob a forma de DNA. 
c) todos os vírus infectivos são basicamente constituídos por proteínas e 
material genético . 
d) o envelope viral é formado apenas por carboidratos. 
e) nenhuma das respostas anteriores. 
 
3-O termo “susceptibilidade” em virologia refere-se a: 
a) Células que não permitem a penetração viral. 
b) Tropismo de um vírus por um hospedeiro. 
c) Período em que um indivíduo se recupera de uma infecção sintomática. 
d) Infecção persistente latente. 
e) Células que possuem um determinado receptor que permite a ligação de 
um determinado vírus. 
Microbiologia 
 
105 
 
4- Quanto à replicação viral, marque a alternativa correta: 
a) A penetração é a etapa em que o material genético do vírus se separa do 
capsídeo. 
b) A liberação é a etapa em que o vírus egressa da célula. 
c) O desnudamento é a fase em que ocorre a biossíntese viral. 
d) Durante a biossíntese viral somente são sintetizadas as proteínas do 
capsídeo. 
e) A adsorção ocorre quando o vírus organiza seu capsídeo. 
 
5- Considerando a simetria que o capsídeo viral pode apresentar, marque a 
alternativa correta: 
a) Coco. 
b) Bastão. 
c) Espirilo. 
d) Icosaedro. 
e) Levedura. 
 
6- A etapa da replicação viral conhecida como adsorção compreende: 
a) A ligação entre proteínas virais e a célula hospedeira. 
b) A liberação da progênie viral a partir da célula hospedeira. 
c) A internalização do material genético viral. 
d) A síntese de proteínas estruturais do vírus. 
e) A montagem do nucleocapsídeo. 
Microbiologia 
 
106 
 
7- Alguns vírus podem conter, além de sua estrutura básica, outros 
constituintes. Em relação a esses constituintes, marque a alternativa correta. 
a)alguns vírus contêm lipídeos, os quais podem ser encontrados nos mesmos 
sob a forma de espículas. 
b) alguns vírus contém lipopolissacarídeos em suas cápsulas. 
c) alguns vírus podem contêm enzimas, as quais estão presentes no envelope 
viral. 
d) a) alguns vírus contêm lipídeos, os quais podem ser encontrados nos 
mesmos sob a forma do envelope. 
e) alguns vírus podem contem carboidratos, os quais formam o capsídeo. 
 
8- A replicação viral: 
a) Ocorre dentro de uma célula hospedeira, já que os vírus não possuem 
metabolismo próprio. 
b) Requer gasto de energia por parte da partícula viral. 
c) Ocorre somente em células epiteliais. 
d) Independe da permissividade apresentada por uma célula. 
e) Não apresenta variações dependendo do tipo viral. 
Microbiologia 
 
107 
 
9- Explique a diferença entre RNAs de polaridade negativa e positiva. 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 
10- A família Retroviridae possui a característica de transcrição reversa. Do que se 
trata essa característica? 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
Microbiologia 
 
108 
 
Microbiologia 
 
109 
Patogênese das infecções 
virais e diagnóstico 
laboratorial das viroses. 5 
Microbiologia 
 
110 
 
Nesta unidade, veremos alguns aspectos da patogênese das infecções 
promovidas por vírus e as principais técnicas diagnósticas em virologia. 
 
Objetivos da unidade: 
 Compreender como os vírus são transmitidos e disseminados; 
 Conhecer as exigências para que uma infecção viral ocorra; 
 Diferenciar os padrões e períodos da infecção viral; 
 Identificar as diversas técnicas utilizadas no diagnóstico laboratorial 
em virologia. 
 
Plano da unidade: 
 Patogênese viral e diagnóstico laboratorial 
 Patogênese das infecções virais 
 Diagnóstico laboratorial em virologia 
 
 
Bons estudos! 
Microbiologia 
 
111 
 
Patogênese viral e diagnóstico laboratorial 
 
Introdução 
O termo patogenia – ou patogênese –, relacionado às infecções virais, refere-
se ao conjunto de mecanismos pelos quais os vírus promovem doença em seus 
hospedeiros (pato = doença, gênese = origem, produção). 
Alguns conceitos devem ser definidos: 
 Patógeno: agente infeccioso capaz de promover doença. 
 Patologia: estudo da origem e das alterações estruturais e/ou 
funcionais induzidas por doença em um organismo. 
 Patogenicidade: capacidade do agente de infectar um hospedeiro e 
causar doença. 
 Patogênese ou patogenia: etapas envolvidas no desenvolvimento 
de doenças. 
 Virulência: geralmente utilizado como sinônimo de patogênico. 
 
Patogênese das infecções virais 
 
Transmissão dos vírus na natureza 
Os vírus, por serem parasitas intracelulares obrigatórios, são mantidos na 
natureza se transmitidos de um hospedeiro para outro, da mesma espécie ou não.. 
Essa transmissão pode ser horizontal ou vertical. 
- Transmissão horizontal 
Esse tipo de transmissão compreende a passagem viral de um indivíduo para 
outro, da mesma espécie ou não. Ela pode ocorrer de diversas formas: 
Microbiologia 
 
112 
 
Contato: diretamente de um indivíduo infectado para outro susceptível, 
através da via sexual, saliva, pele, ou indiretamente, através de fômites (objetos 
contaminados) e perdigotos. 
Vetores: via animais vertebrados ou invertebrados. 
Veículo: água ou alimentos contaminados. 
 
-Transmissão vertical 
Trata-se da transmissão viral da mãe para o embrião/feto, seja durante a 
gestação ou no momento do nascimento. 
 
Exigências para o início de uma infecção viral 
Para que uma infecção viral seja bem sucedida geralmente são necessários 3 
requisitos: inóculo viral suficiente, acessibilidade e permissividade no sítio de 
entrada e fragilidade dos mecanismos de defesa local do hospedeiro. 
- Inóculo viral: mesmo que as partículas virais permaneçam infecciosas ao 
passarem de um hospedeiro para outro, a infecção poderá não prosseguir se a 
concentração de partículas for insuficiente. 
- Sítio de entrada: as células da porta de entrada necessitam ser acessíveis ao 
vírus, além de suscetíveis (presença de receptores celulares) e permissíveis 
(presença de produtos intracelulares necessários para a replicação viral). 
- Defesa local do hospedeiro: para iniciarem a infecção, os vírus necessitam de 
mecanismos de evasão da ação do sistema imunológico ou de falhas nesse mesmo 
sistema de defesa. 
 
Entrada dos vírus no organismo 
Geralmente os vírus penetram no organismo através de células da superfície 
do corpo. Os sítios de entrada mais comuns incluem os tratos respiratório, 
gastrointestinal e urogenital, além da conjuntiva e da pele. 
Microbiologia 
 
113 
 
- Mucosas 
As mucosas estão frequentemente em contato com antígenos estranhos, logo 
elas representam tecidos imunologicamente ativos. A ação dessas defesas 
minimiza a penetração de patógenos e a infecção das mucosas. 
Entrada via trato respiratório 
O trato respiratório é a via de entrada mais comum em termos de infecção 
viral. Geralmente, a invasão deste trato está associada ao contato com perdigotos 
(aerossóis) ou saliva. 
A via respiratória apresenta barreiras mecânicas que dificultam a penetração 
de patógenos, tais como células ciliadas, além de células e glândulas secretoras de 
muco, o que faz com que muitas partículas estranhas sejam deglutidas e digeridas. 
Nos alvéolos pulmonares encontram-se macrófagos intimamente associados à 
defesa contra invasores. Partículas maiores não atingem os pulmões. 
Trato gastrointestinal 
O trato gastrointestinal é uma rota comum de entrada e disseminação dos 
vírus. No entanto, para que o vírus persista no organismo, ele deve ser resistente a 
extremos de pH, ação de proteases e aos sais biliares. 
Como fatores de proteção deste trato são exemplos o muco, IgA, a acidez do 
estômago, a alcalinidade do intestino, os sais biliares e a presença de células 
fagocitárias. 
Trato urogenital 
O trato urogenital é uma importante porta de entrada para os vírus, 
principalmente quando se trata de transmissão sexual. A atividade sexual 
naturalmente promove abrasões na região genital, o que facilita a entrada dos 
vírus no organismo. 
Microbiologia 
 
114 
 
As principais defesas associadas a esse trato são o muco e o pH ácido vaginal. 
Conjuntiva 
Qualquer tipo de abrasão na conjuntiva aumenta a possibilidade de infecção 
viral, porém a disseminação a partir desse sítioé rara. 
A conjuntiva conta com a secreção ocular e o movimento das pálpebras como 
formas de proteção contra a entrada de patógenos virais. 
 
- Pele 
Todo tipo de abrasão, picadas de vetores, perfurações e mordidas aumentam a 
possibilidade de entrada viral a partir da pele. A infecção viral geralmente é local 
quando o patógeno não atinge a derme. 
A pele além de ser queratinizada, apresenta células de Langerhans para sua 
defesa. 
 
Quadro 5.1: sítios de replicação viral no trato respiratório. (SANTOS, NSO, ROMANOS, 
MTV, WIGG, MD, 2008, p.45) 
Trato Respiratório Superior 
Sítio de 
infecção 
Manifestação 
clínica Exemplo de vírus 
boca, cavidades 
nasais, faringe, 
laringe, tonsilas 
rinite, faringite, 
laringite, 
tonsilite, 
sinusite 
rinovírus, coronavírus, vírus da parainfluenza, 
vírus da influenza, vírus sincicial respiratório, 
adenovírus, metapneumovírus humano, 
bocavírus humano 
 
Trato Respiratório Inferior 
Sítio de 
infecção 
Manifestação 
clínica Exemplo de vírus 
traquéia, 
brônquios, 
bronquíolos, 
alvéolos 
traqueíte, 
bronquite, 
bronquiolite, 
pneumonia 
vírus da parainfluenza, vírus da influenza, 
vírus sincicial respiratório, metapneumovírus 
humano, bocavírus humano 
 
Microbiologia 
 
115 
 
Tropismo viral 
Muitos vírus não replicam em todos os tipos celulares do hospedeiro, ficando 
restritos a algumas células específicas. A predileção viral para infectar alguns 
tecidos do hospedeiro é chamada de tropismo. 
O tropismo viral pode ser determinado pela presença de receptores nas células 
(susceptibilidade), bem como pela presença de constituintes intracelulares 
necessários para que a replicação viral se complete (permissividade). Apesar de 
uma célula apresentar essas características, a infecção viral não prossegue se essa 
célula não estiver acessível. Ainda que a célula seja permissiva e suscetível, e esteja 
acessível, a infecção pode não ocorrer devido às defesas imunológicas presentes 
no local de entrada. 
 
Disseminação viral 
A disseminação viral ocorre quando o vírus invade um organismo e consegue 
transpassar barreiras físicas e imunológicas. 
Alguns vírus promovem infecções localizadas, geralmente restritas às 
proximidades dos sítios de penetração e replicação primária. Esse tipo de infecção 
é característico de vírus respiratórios (vírus da influenza e parainfluenza), 
gastrointestinais (coronavírus e rotavírus) e de alguns vírus que infectam a derme e 
a epiderme (papilomavírus, alguns poxvírus). Essas infecções estão comumente 
limitadas ao epitélio, no entanto a penetração e o envolvimento de tecidos 
próximos e a disseminação sistêmica podem eventualmente acontecer. As 
infecções que se restringem aos sítios de replicação primária e suas proximidades 
são ditas localizadas. 
Microbiologia 
 
116 
 
 
Figura 5.1: Trajeto dos vírus que penetram pela pele ou mucosas superficiais para atingir o 
sangue e se distribuir sistemicamente. (FLORES, EF, 2007, p. 203). 
 
Outros vírus possuem a capacidade de se disseminar a longas distâncias pelo 
sangue ou pela linfa e infectar órgãos específicos ou promover infecções 
generalizadas. As infecções que vão além dos sítios de replicação primária são 
denominadas disseminadas e as que acometem vários órgãos ou sistemas são 
chamadas de sistêmicas ou generalizadas. 
- Disseminação local através da superfície do epitélio 
Após a penetração viral nas células do epitélio, há replicação e espalhamento 
de novos vírus formados para as células vizinhas. É a forma de disseminação 
utilizada por vírus que promovem infecção localizada em pele e mucosas. 
 
- Disseminação via nervos periféricos 
Existem vírus que se disseminam a partir de sítios primários para terminações 
nervosas locais. Para alguns vírus o sistema nervoso é o objetivo final, enquanto 
para outros ele é apenas um desvio do seu sítio de replicação. 
Microbiologia 
 
117 
 
Quadro 5.2: Disseminação viral através do sistema nervoso (SANTOS, NSO, 
ROMANOS, MTV, WIGG, MD, 2008, p.48) 
Rota de Entrada Exemplo de vírus 
Neural 
poliovírus, vírus da febre amarela, 
vírus da encefalite venezuelana, vírus da raiva, 
reovírus tipo 3, vírus herpes simplex tipos 1 e 2 
Nervo olfatório 
vírus herpes simplex, vírus da varicela-zoster, 
coronavírus, vírus da raiva 
Hematológica 
poliovírus, vírus do sarampo, coxsackievírus, 
arenavírus, vírus da caxumba, vírus herpes simplex, 
citomegalovírus, vírus do oeste do Nilo 
 
- Disseminação linfática 
Os capilares linfáticos são mais permeáveis do que capilares sanguíneos, o que 
facilita a passagem viral. Como os vasos linfáticos acabam se ligando aos 
sanguíneos, os vírus têm acesso ao sistema circulatório. 
 
- Disseminação através do sangue (viremia) 
Os vírus que escapam das defesas locais podem ir para o sangue. A 
disseminação pelo sangue dá aos vírus a oportunidade de atingir, a princípio, todos 
os órgãos e tecidos em poucos minutos a partir dos sítios de replicação primária. As 
partículas virais podem atingir a corrente sanguínea diretamente através da parede 
capilar, após a infecção de células endoteliais ou pela inoculação direta por insetos 
ou por instrumentos contaminados. 
Microbiologia 
 
118 
 
 
Figura 5.2 : Etapas da patogenia das infecções virais localizadas e sistêmicas: papel da 
viremia na disseminação das infecções. (FLORES, EF, 2007, p. 204). 
Microbiologia 
 
119 
 
A disseminação, por via hematogênica, começa quando os vírions produzidos 
nos sítios primários de replicação são liberados no líquido extracelular e drenados 
pelo sistema linfático. As partículas virais veiculadas pela linfa eventualmente têm 
acesso à corrente sanguínea. 
Denomina-se viremia ativa quando há replicação viral e passiva quando ocorre 
a introdução de partículas virais no sangue sem que haja replicação no sítio de 
entrada. 
A viremia primária pode ser caracterizada pela liberação viral no sangue após 
replicação inicial no sítio de entrada, já a secundária é aquela que ocorre quando 
uma grande concentração de partículas virais pode ser encontrada novamente no 
sangue após a viremia primária. 
 
Padrões de infecção 
As infecções naturais podem ser rápidas ou autolimitadas ou de longa duração, 
variações podem ocorrer. 
I. Infecções agudas: 
Caracterizadas por uma rápida produção de vírus seguida da resolução e 
eliminação da infecção. Ela pode não resultar em doença, ocorrendo de 
forma inaparente ou assintomática. 
II. Infecções persistentes 
Nesse caso, a infecção não é eliminada rapidamente, havendo produção 
viral contínua ou intermitente. 
 Infecção persistente crônica: nesse caso o vírus é continuamente replicado 
e excretado. 
 Infecção persistente lenta: ocorre um longo período entre a infecção 
aguda primária e o surgimento de sintomas, há produção contínua de 
partículas virais. 
Microbiologia 
 
120 
 Infecção persistente latente: nesse tipo de infecção as partículas virais 
permanecem em forma “não infecciosa” por períodos, podendo haver 
reativação e retomada da replicação. 
III. Infecções abortivas 
O vírus infecta um hospedeiro ou célula susceptível, no entanto a 
replicação não se completa (gene viral ou celular não é expresso). Logo, 
trata-se de uma infecção não produtiva. 
 
Períodos da infecção 
Período de incubação: compreendido entre o início da infecção até o 
aparecimento dos primeiros sintomas. 
Período prodrômico: período em que o indivíduo apresenta sintomas clínicos 
generalizados e inespecíficos (febre, mal-estar, dor de cabeça etc), antecede o 
períododos sintomas característicos da doença. 
Período da doença: quando o indivíduo apresenta os sintomas característicos 
da doença. 
Período da infecciosidade: período durante o qual o indivíduo permanece 
excretando e transmitindo o vírus. 
Período da convalescença: período durante o qual o paciente se recupera. 
 
Excreção dos vírus do organismo 
O último estágio da patogênese é a excreção do vírus infeccioso do organismo, 
e ela é necessária para a manutenção da infecção na população. 
- Secreções respiratórias 
Vírus que causam infecções localizadas no trato respiratório e também que 
promovem infecções sistêmicas. 
- Fezes 
Via de excreção relacionada todos os vírus que infectam o trato entérico. 
Microbiologia 
 
121 
- Pele 
Vírus que replicam na pele são, muitas vezes, transmitidos por contato direto 
entre hospedeiros. 
- Trato genitourinário 
Principal via de excreção associada à transmissão sexual. Alguns vírus são 
excretados na urina. 
- Leite materno 
- Sangue 
Fonte importante para a veiculação de vírus por artrópodes, transmissão 
vertical, transfusão sanguínea ou por agulhas e seringas contaminadas. 
 
Diagnóstico laboratorial em virologia 
 
A elaboração do diagnóstico laboratorial das infecções virais humanas 
depende de ações coordenadas do médico e dos analistas laboratoriais. Os 
resultados dos testes laboratoriais, isoladamente, possuem pouco significado se 
não forem interpretados com base nos conhecimentos de epidemiologia, 
patogenia e imunologia das doenças. 
O diagnóstico de certeza de um processo infeccioso é a demonstração do 
patógeno ou de seus produtos nos tecidos ou fluidos biológicos. Essa 
demonstração, no caso de uma infecção viral, pode ser realizada de forma direta ou 
indireta. 
Como demonstração direta, tem-se o isolamento do agente etiológico (por 
exemplo, ovos embrionados, animais de laboratório ou cultura de células), a 
observação das partículas virais ao microscópio eletrônico, a detecção de 
antígenos virais por técnicas de hemaglutinação ou imunológicas ou a pesquisa do 
genoma viral por técnicas de biologia molecular. 
O diagnóstico indireto baseia-se na investigação de anticorpos produzidos pelo 
organismo infectado em resposta a uma determinada infecção viral. Ele pode ser 
realizado através da sorologia pareada, isto é, pela coleta de amostras de sangue 
na fase aguda e convalescente da infecção. Uma diferença de, pelo menos, 4 vezes 
no título de anticorpos específicos entre as duas fases representa a conversão 
Microbiologia 
 
122 
 
Método Princípio Propriedades Restrições Aplicações 
Microscopia 
Eletrônica 
Visualização das 
partículas víricas 
coradas com metais 
pesados em um 
microscópio. 
- Rápida (poucas horas); 
- Detecta vírions viáveis e 
inviáveis; 
- Útil para vírus que não 
replicam em cultivo; 
- Pode permitir a 
identificação do agente. 
-Equipamento caro; 
- Exige pessoal treinado; 
-Baixa sensibilidade; 
- Aplicação restrita a alguns 
vírus. 
- Infecções entéricas (rotavírus, 
coronavírus, astrovírus); 
- Infecções cutâneas (poxvírus, 
herpesvírus). 
Isolamento em 
cultivo celular 
Observação do 
efeito citopático 
e/ou detecção de 
produtos virais após 
a sua multiplicação 
em células de 
cultivo. 
- Sensível; 
- O agente fica disponível 
para estudos posteriores; 
- Implementação e 
execução relativamente 
simples. 
- Demorado (até semanas); 
- Não aplicável a alguns vírus; 
- Somente detecta vírus que 
estejam viáveis; 
- Contaminação bacteriana e 
fúngica; 
- Contaminação com vírus 
adventícios. 
- Todos os vírus que replicam 
em cultivos celulares; 
- Qualquer material clínico pode 
ser submetido ao isolamento. 
Hemagluti-
nação (HA) 
Observação da 
capacidade do vírus 
de aglutinar 
eritrócitos. 
- Rápida; 
- Boa sensibilidade; 
- Boa especificidade; 
-Fácil execução. 
-Aplicável a um grupo restrito de 
vírus; 
- Hemaglutinação inespecífica; 
- Necessidade de espécies 
doadoras de hemácias; 
- Não automatizável. 
- Aplicável aos vírus 
hemaglutinantes de aves e 
mamíferos; 
- Fluidos corporais, suspensões 
de tecidos. 
Imunofluores- 
cência (IFA) 
 
Imuno-
peroxidase 
(IPX) 
Proteínas virais são 
detectadas por 
anticorpos 
específicos 
conjugados com um 
marcador 
fluorescente (IFA) 
ou com uma enzima 
(IPX) 
- Rápida (minutos ou 
poucas horas); 
- Simples, baixo custo; 
- Boa sensibilidade e 
especificidade; 
- Detecta também vírus 
inviável; 
- Pode informar sobre 
sorotipos; 
- Disponível em kits; 
- Aplicável a virtualmente 
todos os vírus. 
- Equipamento caro (IFA); 
- Reações inespecíficas (uso de 
anticorpos policlonais); 
- Reagentes para alguns vírus 
podem não ser disponíveis. 
- Aplicável a qualquer vírus para 
o qual se disponha de 
anticorpos específicos; 
- Materiais: tecidos (frescos, 
congelados, fixados), esfregaços 
(sanguíneos, de secreções), 
células de cultivo. 
Testes imuno-
enzimáticos / 
cromato-
gráficos 
A presença do 
antígeno que reage 
com o anticorpo 
específico 
imobilizado ou após 
a migração, é 
revelada pela 
mudança de cor. 
- Simples e prática; 
- Disponível em kits; 
- Rápida; 
- Boa sensibilidade e 
especificidade. 
-Não automatizável; 
- Especificidade e sensibilidade 
podem deixar a desejar; 
- Custo alto por amostra. 
- Aplicável a vários vírus de 
pequenos animais; 
- kits disponíveis para uso em 
clínicas; 
- Também para alguns vírus de 
aves, suínos e bovinos. 
Detecção de 
ácidos 
nucléicos (PCR, 
hibridização) 
Ácidos nucléicos 
(RNA, DNA) do vírus 
são detectados por 
sondas marcadas 
(hibridização) ou 
após amplificação 
por reações 
enzimáticas (PCR). 
- Específica; 
- Sensível; 
- Necessita quantidades 
mínimas da amostra; 
- Potencialmente aplicável 
a todos os vírus. 
- Rápida (PCR); 
- Automatizável (PCR). 
- Custo alto; 
- Requer equipamento e pessoal 
treinado; 
- Técnica sofisticada. 
- Aplicável a virtualmente todos 
os vírus conhecidos; 
- Pode ser realizada em 
qualquer amostra clínica. 
 
Microbiologia 
 
123 
Método Princípio Propriedades Restrições Aplicações 
Imunodifusão 
em ágar 
(IDGA) 
Observação de 
linhas de 
precipitação no 
ágar, produzidas 
pela formação de 
complexos 
antígeno-
anticorpos. 
-Simples execução e 
implementação; 
- Custo baixo; 
- Sensibilidade razoável; 
- Resultados em 24-72h. 
- Reações inespecíficas 
frequentes; 
- Sensibilidade limitada; 
- Qualidade do antígeno é 
crítica; 
- Somente qualitativa (não 
permite a quantificação dos 
anticorpos). 
- Anemia infecciosa equina, 
língua azul, leucose enzoótica 
bovina. 
Soroneutra-
lização (SN) 
Anticorpos 
presentes no soro 
previnem a 
replicação do vírus e 
a produção de 
efeito citopático nos 
cultivos. 
- Sensível; 
- Específica; 
- Custo reduzido; 
- Qualitativa (sim/não) e 
quantitativa (título de 
anticorpos); 
- Similar à neutralização 
in vivo. 
- Exige cultivos celulares; 
- Implementação / execução 
podem ser problemáticas; 
- Contaminação bacteriana; 
- Toxicidade do soro; 
- Detecta somente anticorpos 
neutralizantes. 
- Virtualmente todos os vírus 
que replicam em cultivo 
celular. 
ELISA 
Anticorpos 
presentes no soro 
ligam-se aos 
antígenos 
imobilizados em 
placas de 
poliestireno e são 
detectados por 
anti-anticorpos 
conjugados com 
enzimas. 
- Rápida (2-3h); 
- Sensível; 
- Específica; 
- Automatizável; 
- Disponível em kits; 
- Pode detectar classes 
específicas (IgG, IgM, 
etc.). 
- Requer equipamento; 
- Kits comerciais podem ter 
custo alto; 
- Não disponível para todos os 
vírus; 
- Qualidade do antígeno é 
crítica. 
- Utilizada para inúmeros 
vírus; 
- Pode ser qualitativae 
quantitativa; 
- Utilizada para detectar 
anticorpos totais ou classes 
específicas no soro ou 
secreções (leite); 
- Variações da técnica são 
disponíveis para a detecção de 
antígenos. 
Inibição da 
hemagluti-
nação (HI) 
Anticorpos 
antivirais impedem 
a atividade 
hemaglutinante do 
vírus. 
- Rápida; 
- Sensível; 
- Específica; 
- Custo baixo. 
- Somente aplicável a vírus 
hemaglutinantes; 
- Requer animais doadores de 
eritrócitos; 
- Inibidores inespecíficos 
podem dar falso positivo; 
- Não-automatizável. 
- Vírus hemaglutinantes de 
aves e mamíferos. 
Fixação do 
complemento 
A presença de 
anticorpos leva à 
ativação do 
complemento e lise 
de eritrócitos. 
- Boa sensibilidade e 
especificidade. 
- Demorada; 
- Trabalhosa; 
- Não-automatizável; 
- Requer animais doadores de 
eritrócitos; 
- Já foi muito usada para 
vários vírus, atualmente está 
em desuso. 
Imunofluores-
cência (IFA) 
para 
anticorpos 
Anticorpos 
presentes no soro se 
ligam em antígenos 
específicos 
imobilizados e são 
detectados por 
anticorpos 
marcados com FITC. 
- Rápida; 
- Boa sensibilidade; 
- Simples. 
- Reações inespecíficas; 
- Exige microscópio de UV; 
- Pode não detectar níveis 
baixos de anticorpos; 
- Não-automatizável. 
- Já foi usada para vários vírus; 
- Uso atual restrito a alguns 
vírus. 
Imuno-
cromatografia 
A presença do 
anticorpo que reage 
com o antígeno é 
revelada pela 
mudança de cor. 
- Simples e prática; 
- Disponível em kits; 
- Rápida; 
- Boa sensibilidade e 
especificidade. 
- Não-automatizável; 
- Especificidade e 
sensibilidade podem deixar a 
desejar; 
- Custo individual alto. 
- Aplicável a vários vírus de 
pequenos animais; 
- Kits disponíveis para uso em 
clínicas; 
- Também para alguns vírus 
de aves, suínos e bovinos. 
Microbiologia 
 
124 
 
Tabela 5.1: Princípios, propriedades e restrições dos principais métodos diretos 
de diagnóstico virológico (FLORES, EF, 2007, p. 301) imunológica do indivíduo. Esse 
evento é denominado conversão sorológica e a verificação de sua ocorrência pode 
ser feita por testes de imunodifusão em gel de ágar e inibição da hemaglutinação. 
Dentre as técnicas imunológicas mais usadas atualmente, destacam-se a 
imunofluorescência e o ensaio imunoenzimático (ELISA). Além dessas, com o 
avanço das pesquisas na área de genética e biologia molecular, foram 
desenvolvidas técnicas de detecção do genoma viral, as mais importantes são as 
reações de hibridização de ácido nucleico e a reação em cadeia da polimerase 
(PCR). 
 
A seguir podem ser encontradas informações de dois dos principais testes 
laboratoriais utilizados atualmente. 
- Ensaio imunoenzimático (ELISA) 
O ELISA é um método no qual a reação antígeno-anticorpo é monitorada por 
medida da atividade enzimática. Ele possui um papel muito importante no 
laboratório clínico, pois, além da elevada sensibilidade, apresenta as vantagens de 
utilizar reagentes estáveis, estar livre das exigências de trabalhar com 
radioisótopos e poder ser adaptado tanto a testes simples como à automação 
sofisticada. O ensaio pode ser utilizado com uma variedade de sistemas de 
detecção, que vão de leituras visuais a fotométricas, com substratos coloridos, 
fluorescentes ou luminescentes, fato que tem contribuído para sua ampla 
utilização nos últimos anos. 
Principais métodos imunoenzimáticos 
a) ELISA direto (detecção de antígenos) 
1. Ensaios para antígenos (ELISA direto) 
A fase sólida é sensibilizada com anticorpo específico. A amostra em teste, 
na qual ocorre a pesquisa do antígeno, é incubada com a fase sólida e, a seguir, 
incuba-se a reação com anticorpo específico marcado com uma enzima. A 
reação é revelada pela adição do substrato. A taxa de degradação é 
proporcional à concentração do antígeno. 
Microbiologia 
 
125 
 
 
Figura: Esquema representativo do ELISA direto. 
 
b) Ensaios para anticorpos (ELISA indireto) 
A placa na qual será realizado o ensaio é sensibilizada com o antígeno. 
Segue-se a incubação com a amostra teste. O conjugado (anticorpo + enzima) 
empregado utiliza uma anti-imunoglobulina humana que reage com o 
anticorpo da amostra capturado pelo antígeno. A reação é revelada com a 
solução cromógena. 
 
- Reação em cadeia da polimerase (PCR) 
A técnica de reação em cadeia pela polimerase (PCR) possibilita a 
produção de um enorme número de cópias de uma sequência específica de 
um DNA, explorando certas características do processo de replicação do DNA. 
A DNA polimerase é uma enzima que usa o DNA de fita única como molde 
para a síntese de uma nova fita complementar. Esse molde de DNA de fita 
simples pode ser produzido pelo aquecimento a temperaturas próximas da 
ebulição. A DNA polimerase também requer uma pequena porção de DNA de 
fita dupla para o início de sua síntese. São os oligonucleotídeos iniciadores 
(primers). Sendo assim, o ponto inicial para a síntese de DNA pode ser 
determinado pelo fornecimento de um oligonucleotídeo iniciador que se liga 
ao molde naquele ponto. 
Microbiologia 
 
126 
 
As duas fitas de DNA podem servir como molde para a síntese, desde que 
se forneça um oligonucleotídeo iniciador para cada fita. Os primers escolhidos 
irão demarcar a região do DNA que deve ser amplificada, de maneira que novas 
fitas de DNA sejam sintetizadas, iniciadas a partir de cada primer. Elas irão se 
estender além da posição do oligonucleotídeo da fita oposta. Então, novos 
sítios de ligação dos iniciadores são gerados para cada nova fita de DNA 
sintetizada. 
O resultado final da PCR é disponibilizado ao final de n ciclos e a reação 
contém o valor máximo de 2n moléculas de DNA de fita dupla, que são cópias 
de sequências de DNA entre os primers. 
A reação de PCR 
Após a extração do genoma da amostra clínica, este é adicionado à mistura de 
reação que contém: H2O, dNTPs (mistura de nucleotídeos), 1 par de primers 
(iniciadores), cloreto de magnésio (MgCl2, cofator da DNA polimerase), tampão da 
enzima e a enzima Taq polimerase (DNA polimerase termoestável derivada da 
bactéria Thermus aquaticus) . A seguir, a mistura da reação é colocada em um 
termociclador e procede-se a PCR que é constituída de vários ciclos (30-40 ciclos). 
Cada ciclo da PCR apresenta 3 fases: 
 
Quadro 5.3: Fases contidas em cada ciclo da PCR 
 Desnaturação Conversão do DNA dupla fita em simples fita 95ºC 30seg – 1min 
 Anelamento ligação dos primers às fitas complementares do DNA 55ºC 30seg – 2min 
 Extensão Taq polimerase sintetiza uma fita 
complementar de DNA 
 72ºC 30seg – 2min 
 
A visualização dos possíveis fragmentos amplificados na PCR pode ser 
realizada através da eletroforese em gel de agarose. 
Microbiologia 
 
127 
 
 
Neste capítulo estudamos a patogênese e o diagnóstico das infecções virais. 
No próximo capítulo, veremos as principais características relacionadas ao estudo 
dos fungos. 
 
 
É HORA DE SE AVALIAR 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Microbiologia 
 
128 
 
Exercícios – Unidade 5 
 
1- “O vírus Epstein-Barr (EBV) exibe tropismo por linfócitos B, mas também é 
capaz de infectar outras células, como as epiteliais. Após um período de replicação 
inicial, o genoma do EBV pode permanecer em linfócitos B sem haver replicação. 
Frente a algum estímulo, o EBV é reativado e volta a replicar, logo, a infecção pelo 
vírus é caracterizada por produção viral intermitente”. 
 
De que padrão de infecção trata-se o fragmento acima? 
a) Infecçãoaguda. 
b) Infecção persistente crônica. 
c) Infecção persistente lenta. 
d) Infecção persistente latente. 
e) Infecção abortiva. 
 
2- Um indivíduo apresenta artralgia, mialgia e febre (período 1). Um dia depois, 
seu quadro evolui para coriza, tosse e espirro (período 2); suspeitando-se, assim, de 
infecção por Influenza. Frente aos seus conhecimentos sobre os períodos da 
infecção viral, de que se tratam os períodos 1 e 2? 
a) período 1: incubação, período 2: doença. 
b) período 1: doença, período 2: incubação. 
c) período 1: prodrômico, período 2: doença. 
d) período 1: convalescença, período 2: prodrômico. 
e) período 1: janela imunológica, período 2: convalescença. 
Microbiologia 
 
129 
 
3- Dentre os sistemas vivos que podem ser usados para o cultivo de vírus, são 
incluídos: 
a) culturas de células e ensaio imunoenzimático. 
b) Ensaio imunoenzimático e animais de laboratório. 
c) culturas de células, animais de laboratório e ovos embrionados. 
d) culturas de células, animais de laboratório, ovos embrionados e ensaio 
imunoenzimático. 
e) Todas as alternativas acima. 
 
4- O termo “susceptibilidade” em virologia refere-se a: (0,75 pontos) 
a) Células que não permitem a penetração viral. 
b) Tropismo de um vírus por um hospedeiro. 
c) Período em que um indivíduo se recupera de uma infecção sintomática. 
d) Infecção persistente latente. 
e) Células que possuem um determinado receptor que permite a ligação de 
um determinado vírus. 
 
5- O termo “permissividade” em virologia refere-se a: 
a) Células que possuem componentes intracelulares que permitem que um 
vírus prossiga com a replicação. 
b) Tropismo de um vírus por um hospedeiro. 
c) Período em que um indivíduo se recupera de uma infecção sintomátic. 
d) Infecção persistente latente. 
e) Células que possuem um determinado receptor que permite a ligação de 
um determinado vírus. 
Microbiologia 
 
130 
 
6- Uma dada infecção viral foi caracterizada por rápida síntese de partículas 
virais prosseguindo para resolução. A qual padrão de infecção viral podem ser 
atribuídas essas características? 
a) Infecção aguda. 
b) Infecção persistente crônica. 
c) Infecção persistente lenta. 
d) Infecção persistente latente. 
e) Infecção abortiva. 
 
7- Assinale a opção incorreta sobre os períodos de uma infecção viral? 
a) a incubação é a fase do início da infecção até o surgimento dos primeiros 
sintomas. 
b) no período prodrômico os sintomas são inespecíficos. 
c) na fase da doença os sintomas não são específicos do quadro em questão. 
d) na convalescença o indivíduo doente já está se recuperando. 
e) nenhuma das opções anteriores. 
 
8- Uma dada infecção viral foi caracterizada por persistência viral no 
hospedeiro com produção contínua de partículas virais. A qual padrão de infecção 
viral podem ser atribuídas essas características? 
a) Infecção aguda. 
b) Infecção persistente crônica. 
c) Infecção persistente aguda. 
d) Infecção persistente latente. 
e) Infecção abortiva. 
Microbiologia 
 
131 
 
9- Quanto às técnicas indiretas de diagnóstico viral, por serem INDIRETAS, o 
que elas detectam? 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 
10- A reação em cadeia da polimerase é uma técnica de biologia molecular 
que pode ser utilizado no diagnóstico de infecções virais. Em que ela se baseia? 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 
Microbiologia 
 
132 
 
Microbiologia 
 
133 
Micologia: o estudos dos 
fungos 6
Microbiologia 
 
134 
 
Nesta unidade, faremos uma análise do das características gerais dos fungos, 
sua morfologia, metabolismo, patologias associadas e diagnóstico laboratorial. 
 
Objetivos da unidade: 
 Conhecer as estruturas que compõem a célula fúngica; 
 Compreender como os fungos se multiplicam; 
 Identificar as diversas características do fungo que podem levar ao 
surgimento de doenças; 
 Conhecer algumas técnicas laboratoriais aplicadas no diagnóstico 
das micoses. 
 
Plano da unidade: 
 Características gerais dos fungos 
 Classificação, morfologia e biologia dos fungos 
 Outras características fúngicas 
 Diagnóstico laboratorial das micoses 
 
 
Bons estudos! 
Microbiologia 
 
135 
 
Características gerais dos fungos 
 
Introdução 
A Micologia compreende um vasto campo de estudo, envolvendo micro-
organismos conhecidos por fungos, leveduras e actinomicetos, embora estes 
últimos estejam hoje classificados entre as bactérias. O estudo interessa a vários 
setores científicos e industriais. Os fungos são organismos heterotróficos que, 
tempos atrás, foram considerados plantas primitivas ou degeneradas, sem clorofila. 
No entanto, atualmente está claro que as únicas características comuns entre 
fungos e plantas – diferentemente dos outros eucariotos – são a natureza séssil e a 
forma de crescimento multicelular (poucos fungos, incluindo as leveduras, são 
unicelulares). Evidências recentes no campo da biologia molecular sugerem que os 
fungos são mais relacionados com os animais do que com as plantas. Os fungos 
têm forma de vida bem distinta dos outros seres vivos. 
Histórico 
No período pré-histórico, os fungos comestíveis, os venenosos e os 
alucinógenos já eram conhecidos. No período histórico, gregos e romanos 
escreveram sobre o modo de separar os fungos comestíveis dos venenosos, 
interesse que chegava ao ponto de perpetuá-los em pinturas (ruínas de Pompeia - 
Lactarius deliciosus) e gravação em monólitos (Tingad - Argélia). 
Aparentemente, o primeiro trabalho da era microscópica é o de HOOK: HOOK'S 
OBSERVATIONS ON FUNGI - MICROGRAFIA, que foi apresentado à Real Sociedade de 
Londres em 1667. Sobressai, depois, Michelli, com Nova Plantarum, introduzindo a 
nomenclatura binária. De 1821 a 1832, na Suécia, Elias Fries publica os 3 volumes 
do System Mycologicum, considerado ponto de partida para muitos grupos de 
fungos. Um trabalho notável teve início em 1822, com Saccardo, e foi até 1931, 
constituindo os 25 volumes do Silloge Fungorum, descrevendo mais de 80 mil 
espécies. No campo estritamente técnico e de interesse industrial, a obra pioneira é 
Technische Mycologie, publicada entre 1904 e 1907. De Barry, considerado pai da 
Micologia moderna, publicou Morphologie and Physiologie Derpilze, Flechten, and 
Myxomyceten. 
Microbiologia 
 
136 
A Micologia Médica Humana começou a ser observada por Schoenlein, 
Langenbeck,Gruby, sobre as micoses superficiais, a partir de 1839. Estudos sobre 
micetoma começaram com Gill, 1842. Estudos de aspergiloses, com Virchow, 
datam de 1856. No princípio do século, Sabouraud inaugura praticamente a 
Micologia Dermatológica. Este autor deixou um livro até hoje consultado com 
interesse: LES TEIGNES, de 1910. 
A imunologia micológica desenvolveu-se após 1940 com os estudos de 
coccidioidomicose e da histoplasmose. Em virtude desses estudos, nasceu o 
conceito de micose doença e micose infecção. Um novo campo de interesse surgiu 
por volta de 1950, sob o título de Infecções Micóticas Ocasionais ( Micoses por 
Fungos Oportunistas), como consequência do progresso da terapêutica que nos 
deu antibióticos, corticosteroides e citostáticos valiosos no combate às doenças a 
que se propõem, mas não isentos de perigo, em virtude do desequilíbrio 
imunológico que por vezes provocam, abrindo portas de entrada para numerosos 
micro-organismos, normalmente saprófitos (sapróbios), mas agressivos ao se 
defrontarem com um organismo imunocomprometido. 
No âmbito da micologia médica e veterinária, no fim da década de 50, obteve-
se o conhecimento de que os fungos do gênero Aspergillus e outros, após ingestão 
alimentar, são capazes de produzir variadas alterações orgânicas, culminando com 
a produção de hepatomas (câncer hepático), provocados por toxinas fúngicas, 
como a aflatoxina e outras semelhantes. 
 
Classificação, morfologia e biologia dos fungos 
 
O fungo verdadeiro é denominado Eumycophyta. A divisão Eumycophyta 
subdivide-se, por sua vez, em 4 classes: 
a) Zigomicetos (Ficomicetos) 
b) Ascomicetos 
c) Basidiomicetos 
d) Deuteromicetos ou Fungos Imperfeitos. 
Microbiologia 
 
137 
 
Em Micologia, imperfeito significa assexuado. As 3 primeiras classes são de 
fungos perfeitos, embora a maioria deles também reproduza-se por via assexuada. 
 
Morfologia 
Hifa é o termo usado para designar os filamentos dos fungos. Micélio é o 
conjunto das hifas. A hifa de um fungo diferencia-se de um filamento bacteriano 
(bacilos, bastonetes), porque é, geralmente, ramificada, coisa que ocorre raras 
vezes entre as bactérias. Podemos estudar as hifas sob vários aspectos. 
a) Quanto à espessura: são delgadas nos Actinomicetos, produtoras de 
micoses profundas (micetomas) e micoses superficiais (eritrasma e tricomicose 
axilar). 
b) Quanto à presença de septos - as hifas podem ser asseptadas ou contínuas, 
sendo próprias da classe zigomicetos (ficomicetos), agentes das zigomicoses. As 
hifas septadas pertencem às outras 3 classes. 
c) As hifas podem ser encaradas ainda como verdadeiras e falsas - As hifas 
verdadeiras são as que crescem sem interrupção, a partir de germinação de um 
esporo. As falsas hifas ou hifas gemulantes ou pseudo-hifas são as que crescem por 
gemulação ou por brotamento sucessivo. Estas últimas são características das 
leveduras ou fungos que se reproduzem por gemulação (brotamento) e produzem 
as leveduroses (sapinho) bucal, sapinho vaginal, unheiro das donas de casa etc. 
d) Uma quarta maneira de estudar as hifas é pela coloração: As hifas hialinas 
de cores claras são chamadas mucedíneas. As hifas de tonalidade escura ou negra 
são hifas demáceas; neste caso, as micoses por elas produzidas são chamadas 
Demaciomicoses. Exemplos: Cromomicose- Tinea nigra. 
 
Esporos 
a) Artroconídios - São esporos que se formam pelo simples desmembramento 
das hifas septadas. Juntamente com estas últimas, servem para diagnosticar, em 
um raspado cutâneo, as dermatofitoses (impingens, "frieira", onicomicoses). É o 
único tipo de esporo encontrado no gênero Geotrichum sp. É um esporo 
importante na disseminação da coccidioidomicose. 
Microbiologia 
 
138 
b) Blastoconídio - É o esporo que se forma por gemulação (brotamento). 
Encontrado normalmente nas leveduras. O micélio gemulante ou pseudomicélio 
das leveduras também produz blastoconídios. Alguns fungos que apresentam 
normalmente micélio septado na fase saprofítica, na natureza ou nas culturas de 
laboratório, ao passarem para a fase parasitária no organismo humano ou animal, 
transformam-se em simples elementos arredondados, reproduzindo-se por 
gemulação. No Brasil, podemos citar como micose mais importante desse grupo a 
paracoccidioidomicose (antigamente Blastomicose Sul Americana ou Micose de 
Lutz). 
c) Conídios - São os esporos mais frequentes entre os fungos. Para sua 
formação, há necessidade de uma hifa diferenciada chamada conidióforo. O 
conidióforo pode ser uma simples hifa, na extremidade da qual se implantam os 
conídios (exemplos: gêneros Sporothrix, Acremonium - antigo Cephalosporium etc.) 
ou, então, vão aumentando em complexidade, de modo a constituir um verdadeiro 
aparelho produtor de conídios, como acontece com o conidióforo em forma de 
pincel do gênero Penicillium, ou com a cabeça do Aspergillus. 
Os conidióforos podem ser uni, bi ou multicelulares. 
Os conídios estão presentes em todas as classes dos Eumicetos (o mesmo que 
Eumycophyta ou Fungos Verdadeiros), com exceção dos Zigomicetos. 
d) Esporangiósporo - É o equivalente assexuado do conídio na classe dos 
Zigomicetos. É assim denominado, porque se forma em um esporangióforo, que 
termina por uma formação arredondada chamada esporângio, dentro da qual se 
formam os esporangiósporos. 
Esses 4 tipos de esporos formam-se por via assexuada. 
Ainda há muitos outros tipos de esporos assexuados. Entretanto, devemos 
citar alguns esporos que se formam por via sexuada, que são importantes porque 
justamente vão caracterizar as diversas classes da divisão Eumycophyta 
(Eumicetos). 
Assim, o Oosporo e o Zigosporo são os dois esporos de origem sexuada que 
caracterizam as duas subclasses da classe dos Zigomicetos. 
Microbiologia 
 
139 
 
O basidiósporo é o esporo sexuado da classe dos Basidiomicetos, e o 
ascósporo o da classe dos Ascomicetos. 
A classe Deuteromicetos não apresenta esporos sexuados, por isso é chamada 
de classe dos Fungi Imperfecti – fungos imperfeitos. 
Atualmente usa-se o termo esporo para designar aqueles formados dentro de 
estruturas reprodutoras (ex.: esporangiosporos formados nos esporângios) e 
conídios, os formados fora destas estruturas. Outro nome utilizado para esporo é 
propágulo. 
 
Biologia dos Fungos 
Os fungos são classificados em um reino isolado, o reino Fungi. Eles são 
organismos eucariontes distinguidos dos outros eucariotos através de uma parede 
celular rígida composta de quitina e glicano, e uma membrana plasmática na qual 
o colesterol é substituído pelo ergosterol como o principal componente esteroide. 
Desprovidos de clorofila, restam duas alternativas aos fungos: viverem no 
saprofitismo ou no parasitismo. São, portanto, heterotróficos, ao contrário das 
algas e das plantas, seres clorofilados, autotróficos. 
Retiram o carbono de que necessitam dos compostos orgânicos vivos 
(parasitismo) ou mortos (saprofitismo), das proteínas, dos carboidratos, dos 
lipídios, dos álcoois. 
Os fungos retiram o nitrogênio de nitratos, de sais de amônio, de ácidos 
aminados, de ureia, da peptona, do ácido glutâmico. Para utilizarem C e N, muitos 
fungos necessitam de fatores de crescimento (nutrilitos), como ácidos aminados e 
vitaminas, específicos para esta ou aquela espécie, eventualmente um sal orgânico 
como tauroglicocolato de sódio (para o fungo leveduriforme Malassezia furfur, 
habitante normal de nosso couro cabeludo), quando se deseja cultivá-lo 
artificialmente, ou ainda o soro fetal bovino, quando também se deseja cultivar no 
laboratório o Corynebacterium tenuis e o C. minutissimum, agentes de infecções 
superficiais. 
Microbiologia140 
 
 
Figura 6.1: Diagrama ilustrando a célula fúngica. MURRAY, P.R., ROSENTHAL, K.S., 
PFALLER M.A., 2009, p. 59). 
 
Quanto ao oxigênio, os fungos são normalmente aeróbios, podendo 
desenvolver-se em anaerobiose, sob certas condições. Dos actinomicetos, 
devemos salientar que os do gênero Actinomyces, alguns dos quais vivem na boca 
do homem e dos animais, são anaeróbios ou semi-anaeróbios (o mesmo que 
microaerofílicos). 
Outros elementos químicos fundamentais são: K - Mg - Fe - P - S - Ca (menos 
valor). 
Quanto ao pH do meio, a sua importância é relativa, mas podemos dizer que, 
em geral, está em torno de 6,0. A maioria dos fungos que se desenvolvem neste pH 
também cresce relativamente bem, acima e abaixo deste número. Os 
actinomicetos do gênero Actinomyces, bem como o Corynebacterium tenuis e o C. 
minutissimum, comportam- se como as bactérias, sendo mais exigentes quanto ao 
pH. 
Microbiologia 
 
141 
 
Temperatura 
Também são muito liberais quanto à temperatura, mas a maioria desenvolve-
se melhor entre 25º a 30º C. Alguns fungos isolados do estado parasitário preferem 
temperaturas próximas de 37º C. 
Umidade 
Um ambiente saturado de umidade é melhor para os fungos. Haja vista o bolor 
que aparece nos lugares mais úmidos de nossas casas. 
Termogenia 
Principalmente pelas propriedades fermentativas das leveduras, pode haver 
um aumento da temperatura do meio em que alguns fungos se desenvolvem; 
originando são reações exotérmicas. A oxidação total de 180g de glicose pela 
levedura Saccharomyces cerevisiae produz cerca de 700.000 calorias. As 
fermentações são devido a enzimas diversas: Glicidases (sacarases, maltases etc.), 
enzimas proteolíticas (proteases, peptidases) e ainda fosfatases, asparaginase, 
oxirredutase, dehidrogenase etc. 
Cromogenia 
Os fungos são cromóparos, quando difundem no meio os pigmentos que 
produzem. Cromóforos, quando os pigmentos permanecem no micélio e nos 
esporos. As culturas apresentam- se com variadas colorações: negra, vermelha, 
amarela, branca, acastanhada, verde etc. 
Metabólitos 
O metabolismo dos fungos pode tanto produzir uma vitamina como uma 
toxina, tanto um antibiótico como outro produto industrial (leucina, serina, 
arginina, metionina, ácido oleico, ácido esteárico, prolina, histidina e muitos 
outros). 
Microbiologia 
 
142 
 
Exemplos de alguns antibióticos e respectivos fungos produtores: 
GRISEOFULVINA ..................................... Penicillium griseofulvi 
PENICILINA ............................................... P. notadum 
TERRAMICINA ........................................ Streptomyces rimosus 
NEOMICINA ............................................ S. fradii 
AUREOMICINA .................................... S. aureofaciens 
ESTREPTOMICINA ............................... S. griseus 
ANFOTERICINA B. ................................. S. nodosus 
 
A griseofulvina e Anfotericina B têm lugar destacado na terapêutica 
micológica. O primeiro, para as micoses superficiais, e o segundo, para as micoses 
profundas. 
 
Ecologia 
A maioria dos fungos vivem nos mais diversos substratos da natureza e são 
isolados do: solo seco, pântanos, troncos apodrecidos ou nas frutas, leite, água, 
poeira. São denominados geofílicos (preferência para o solo), zoofílicos (animais) e 
antropofílicos, os que só têm sido isolados do homem até o momento, como 
alguns agentes de micoses superficiais: Trichophyton rubrum, Epidermophyton 
floccosum etc. 
Origem dos Fungos 
Por estranho que pareça, os fungos estão mais próximos dos protozoários do 
que das algas; estas armazenam amido como substâncias de reserva, ao passo que 
os fungos mais primitivos armazenam glicogênio. Ainda, as formas móveis das 
algas são multiflageladas, enquanto os fungos móveis (zigomicetos inferiores) são 
uniflagelados. 
 
Microbiologia 
 
143 
 
Outras características fúngicas 
 
a) Fungos Comestíveis - Valor Alimentar dos Fungos 
Desde os tempos mais antigos que o homem utiliza os fungos como 
alimentos: os chamados fungos carnosos (como o champignon), quase todos da 
classe basidiomicetos e alguns ascomicetos. Muitos autores consideram os fungos 
como de pouco valor calórico. Todavia, outros acham que seu valor nutritivo pode 
equivaler ao dos vegetais frescos. Admite-se que os fungos Psalliota campestris 
(também chamado Agaricus campestris) e o Boletus edulis têm apreciável valor 
proteico - cerca de 32% da substância seca. Algumas espécies comestíveis são 
mencionadas a seguir: Psalliota campestris, Boletus edulis, Lepiota procera, Lactarius 
deliciosus, Pleurotus ostreatus, Coprimus cometus, Armillaria sp. São mais apreciados 
os conhecidos por Mórula (Morchella esculenta) e Trufas (Tuber aestivum). 
Por conta da procura crescente por fungos comestíveis, muitos países tentam 
cultivá-los, inclusive o Brasil. 
 
c) Patologia dos Fungos 
I) Micoses 
As infecções fúngicas da pele e seus membros (pêlos, unhas) são muito 
comuns. Essas infecções são geralmente classificadas pelas estruturas que o fungo 
coloniza ou invade: 
a) Micoses superficiais: restritas às camadas mais externas da pele e dos pelos. 
b) Micoses cutâneas: envolvem as camadas mais profundas da epiderme e 
seus anexos, os pelos e as unhas. 
c). Micoses subcutâneas: envolvem a derme, tecidos subcutâneos, músculo e 
tecido conjuntivo. 
d) Micoses sistêmicas: causadas geralmente por fungos dimórficos, que são 
organismos que existem na forma de fungo filamentoso na natureza ou em 
Microbiologia 
 
144 
laboratório, quando cultivados entre 25°C e 30°C, e na forma de levedura ou 
esférula em tecido, ou quando cultivados em meios enriquecidos em laboratório, a 
37°C. As micoses sistêmicas geralmente partem de um ponto de infecção primária 
e podem se disseminar por outros sítios orgânicos. 
 
II) Quadros provocados por alimentos contaminados por fungos: 
A maior parte dos fungos produtores de toxinas ocorre nas forragens e nos 
cereais estocados em silos, celeiros e depósitos. Os animais são atingidos muito 
mais frequentemente do que o homem. Embora o fato fosse conhecido há mais 
tempo, foi somente a partir de 1961 que o problema suscitou a curiosidade de 
numerosos pesquisadores, a partir do grande número de animais de interesse 
comercial atingidos, especialmente perus e gansos. Demonstrou- se que estes 
animais haviam sido alimentados com tortas contaminadas pelo fungo Aspergillus 
flavus. Logo em seguida, descobriu-se a toxina: aflatoxina. Experiências com a 
toxina em animais de laboratório (patos jovens) mostraram a indução de 
hiperplasia dos canais biliares, ao passo que, em ratos e trutas, provocaram 
hepatoma. 
Alimentos contaminados por diversos representantes do gênero Aspergillus 
produziram variadas manifestações patológicas como transtornos hepáticos e 
renais nos bezerros, hiperqueratose no gado adulto, síndrome hepato-hemorrágica 
em porcos, bovinos, perus e outros animais. 
No Japão já se observou que, pelo menos, 5 espécies de Penicillium e alguns 
Aspergillus produzem toxinas em arroz estocado. 
Certas espécies de Fusarium, já foram associadas à Aleucia Tóxica Alimentar, na 
Rússia, por ingestão de forragem ou cereais contaminados. O quadro inicia-se com 
diarreia, vômito, queimação epigástrica, terminando com manifestações evidentes 
de depressão da medula óssea, com aplasia evidente, sangramento, 
trombocitopenia secundária e leucopenia. A toxina é a esporofusariungenina e 
forma-se com o alimento estocado na temperatura entre 8º e 10º C. 
Microbiologia 
 
145 
 
Outro Fusarium - Fusarium roseum ou Fusarium graminearum - promovesíndrome semelhante, no entanto muito benigna, pois os sintomas cessam tão 
logo o organismo deixa de receber novas cargas de toxinas: é a chamada síndrome 
do pão tóxico, também descrita na Rússia. 
Conhecido há séculos, porém hoje quase inexistente, é o quadro chamado de 
ergotismo, produzido por diversas toxinas do fungo Claviceps purpurea, que invade 
o grão de centeio, aumenta o volume do mesmo, transformando- o no que os 
franceses chamam Ergot (esporão do centeio). O pão feito com esses grãos 
contaminados, misturados aos sadios, provocam desde simples transtornos 
circulatórios até gangrena de extremidades. 
Em certas gramíneas mortas pode crescer o fungo Pithomyces chartarum, que 
produz uma micotoxina agente do Eczema Facial de Bezerros. 
Em nossos lares vemos frequentemente queijos, pães, frutas e mesmo carnes 
cobrirem-se de fungos esverdeados, acinzentados, negros, brancos, amarelos, 
pertencentes a vários gêneros: Aspergillus, Penicillium, Rhizopus, Mucor, Fusarium, 
Curvularia, Helminthosporium, Geotricum e Leveduras. Ainda não se isolou toxinas, 
às quais se pudessem atribuir alterações patológicas graves, das espécies que têm 
sido estudadas, nesses casos, como a aflatoxina do Aspergillus flavus, que possui 
propriedades carcinogênicas (hepatomas). Entretanto, vez ou outra, a 
contaminação por esses fungos pode provocar gastrite e vômitos, principalmente 
se a carga de fungos nos alimentos for alta. 
 
III) Quadros provocados por ingestão de fungos venenosos: 
Esses quadros patológicos resultam do engano cometido pela vítima ao 
ingerir fungos supostamente comestíveis. De fato, os fungos venenosos são muito 
parecidos com os comestíveis. As substâncias tóxicas neles contidas atuam por 
suas propriedades hemolíticas, gastrotóxicas, hepatotóxicas, nefrotóxicas, 
neurotóxicas e psicotrópicas, algumas espécies fúngicas podem englobar duas ou 
mais destas propriedades. A tais quadros, denominamos MICETISMOS: 
 
Microbiologia 
 
146 
a) MICETISMO GASTROINTESTINAL - provocado por fungos dos gêneros 
Russula, Boletus, Lactarius, Lepiota, Enteloma (R. emetica, Boletus satanas, L. 
torminosus, L. morgani). Sintomas: náuseas, vômitos, diarreia. Em geral, o quadro se 
resolve em 48 horas. 
b) MICETISMO COLERIFORME - produzido pela ingestão da Amanita phalloides 
a qual contém 3 substâncias tóxicas a saber: Amanitina (nome também empregado 
para designar o pigmento vermelho da Amanita muscaria) inibidora de 
RNApolimerase II e III, Falina, de propriedades hemolíticas e a mais importante, a 
Faloidina, considerada tóxica para o sistema nervoso central. Nos EUA., 90% das 
mortes por fungos venenosos ocorrem por causa da A. phalloides. Sintomas 
semelhantes podem ser provocados por outros fungos como o Psaliota autumnalis, 
Higrophorus conicus e outras espécies de Amanita. A alta mortalidade deve-se ao 
aparecimento tardio dos sintomas - 6 a 15 horas após a ingestão. São eles: dor 
abdominal, vômitos, diarreia, fezes sanguinolentas e mucosas, cilindrúria, 
enfraquecimento progressivo, cianose; a morte podendo ocorrer de 2 a 3 dias após 
o início dos sintomas. A necropsia revela lesões renais, necrose externa e 
degeneração gordurosa do fígado, além de edema cerebral. 
c) MICETISMO NERVOSO - Provocado pela ingestão de diversos fungos: 
Amanita muscaria, A. pantherina, Inocybe infelix, I. infida, Clitocybe illudens. Ao 
contrário do micetismo coleriforme, a taxa de mortalidade é baixa. Os sintomas 
aparecem geralmente um hora após a ingestão, com ação depressiva sobre o 
coração, salivação profusa, lacrimejamento, cólicas abdominais, vômitos, diarreia, 
excitação nervosa, delírio, coma. A muscarina estimula as terminações nervosas, 
mas este efeito é anulado pelo emprego da atropina. Em pequenas doses, a 
muscarina tem ação semelhante à da Cannabis indica (hachiche), por isso, na 
Sibéria e na mitologia sueca (Viking), a Amanita muscaria era usada para provocar 
sonhos e alucinações. 
d) MICETISMO SANGUÍNEO - provocado por hemolisinas da Helvella esculenta. 
Vários fungos contêm hemolisinas, que são destruídas pelo calor e pela digestão. A 
toxina da Helvella esculenta é resistente ao calor e produz hemoglobinúria 
transitória, desconforto abdominal, icterícia. É de bom prognóstico, mas ocorrem 
óbitos. A transfusão sanguínea é útil no tratamento. 
Microbiologia 
 
147 
 
e) MICETISMO CEREBRAL - Substâncias com propriedades alucinogênicas são 
encontradas em diversos fungos "comestíveis", tais como Psilocybe mexicanus 
(Psilocibina), Stropharia cubensis (Psilocina), Paneolus, Conocybe. Seu uso eleva a 
percepção ao nível de percepção extrassensorial, por isso são largamente 
utilizados em certas comunidades mexicanas, em ritos religiosos ou não. Um outro 
fungo - Claviceps purpurea, causador do ergotismo, também contém substâncias 
dessa natureza, aliás a mais famosa, atualmente - o LSD 25. Todos esses produtos 
também são chamados psicomiméticos, porque seus efeitos são parecidos com os 
da PSICOSE MIMÉTICA, em que os indivíduos se identificam com os objetos do 
meio ambiente; ou então psicodélicos, nome proposto pela psiquiatria canadense, 
por conta da capacidade em se despertar o potencial imaginativo latente no 
indivíduo. Há tentativas experimentais no sentido de se esclarecer o mecanismo 
das disfunções psicológicas, visto que a sintomatologia provocada por estes 
alucinógenos assemelha- se a certas psicoses. 
 
IV) Micoses Ocasionais ou Micoses por Fungos Oportunistas: 
São micoses produzidas por fungos normalmente saprófitos, que se tornam 
parasitas quando invadem organismos em que o sistema de defesa está abalado 
por doenças graves, crônicas, ou submetidos a medicação intensiva por 
antibióticos, corticosteroides e citostáticos, resultando em desequilíbrios 
imunológicos sérios. 
 
V) Mícides ou Alérgides Micósicas: 
São manifestações cutâneas provocadas por reação de sensibilidade aos 
fungos. 
 
VI) Alergia Provocada por Fungos: 
Trata-se, em geral, de manifestações do aparelho respiratório: rinites, asma 
brônquica. É produzida por fungos, especialmente quando as pessoas sensíveis 
vivem em ambiente quente e úmido, que favorece o emboloramento das paredes 
e dos objetos. Aspergillus, Alternaria, Penicillium, Cladosporium (Hormodendrum), 
Curvularia e outros estão geralmente a causa. 
Microbiologia 
 
148 
 
Diagnóstico laboratorial das micoses 
 
Quanto ao diagnóstico das micoses, no laboratório, podem ser empregadas 
algumas etapas: 
1º - Exame direto 
2º - Cultura 
3º - Biópsia - Histopatologia 
4º - Provas Imunológicas 
5º - Exame Radiológico 
6º - Inoculação Animal 
 
1º - Exame Direto 
Qualquer tipo de material patológico pode ser utilizado no exame direto: 
raspado cutâneo, pelos, cabelos, unhas, exsudatos diversos, escarros, urina, fezes, 
sangue, líquor, medula óssea, fragmentos de tecidos. O exame pode ser a fresco, 
sem fixação, entre lâmina e lamínula, misturados ou não com certos líquidos de 
exame, como potassa, em percentagens diversas, Lactofenol de Amann, Lugol ou, 
então, o material pode ser fixado na lâmina e corado por um método, tal como o 
Gram, o Ziehl, o Giemsa, o PAS. 
 
2º – Cultura do material patológico 
Muitos meios de cultura são utilizados em micologia. Dentre os mais comuns: 
Meio Sabouraud 
Glicose .......................................................... 40 g 
(ou maltose) ................................................. 50 g 
Peptona .......................................................... 10 g 
Ágar ............................................................... 15 g 
Água ..............................................................1000 mLMicrobiologia 
 
149 
 
Esse meio serve, praticamente, para o isolamento de todos os fungos. 
Entretanto, o actinomiceto do gênero Actinomyces, pela sua característica de ser 
microaerófilo (semi-anaeróbio), requer meios especiais de cultivo. 
Muitas vezes material, ao ser cultivado, está contaminado não somente por 
numerosas bactérias, como também por outros fungos. Logo, pode-se acrescentar 
certos antibióticos ao meio, para torná-lo mais seletivo. 
 
3º - Biópsia - Histopatologia 
Histopatologia: nas micoses profundas, sempre que possível, o diagnóstico 
pode não dispensar a pesquisa histopatológica. Não pela peculiaridade das reações 
tissulares que, embora muitas vezes elucidativas, não são específicas, mas pelo 
achado do agente etiológico. De um modo geral, os agentes das micoses 
profundas apresentam-se sob a forma arredondada, com características suficientes 
para serem diferenciados uns dos outros. Dentre os que se apresentam 
arredondados, há um grupo em que essas formas são gemulantes e as micoses, por 
eles produzidas, são denominadas granulomatose blastomicoides ou, às vezes, 
blastomicoses. 
 
4º - Provas Imunológicas 
As provas imunológicas, em micologia médica, apresentam um valor 
diagnóstico relativo, não sendo dispensados os métodos clássicos que visam o 
achado do agente etiológico, pelo exame direto ou pela análise histopatológica, ou 
 
mesmo pelo isolamento do mesmo em cultura. Entretanto, com os progressos 
recentes no setor laboratorial, esse valor relativo pode, em certos casos, subir tanto 
a ponto de quase equivaler ao achado do fungo. 
Microbiologia 
 
150 
 
5º - Exame Radiológico 
O exame radiológico é indispensável em muitas eventualidades, visto que as 
micoses não poupam região alguma do organismo, pulmões, cérebro, ossos, 
aparelho digestivo, etc. 
 
6º - Inoculação Animal 
Os animais de laboratório são úteis para: testar fungos quanto ao seu poder 
patogênico. Pode-se inocular material patológico nesse sistema hospedeiro, com a 
finalidade de se obter, depois, culturas puras de fungo (da histoplasmose, por 
exemplo), e fazer diagnóstico diferencial, por exemplo, entre 
paracoccidioidomicose e tuberculose, por inoculação de material patológico em 
testículo de cobaia. São utilizados com mais frequência os camundongos, ratos 
brancos, hamsters, e embrião de pinto. 
 
 
Neste último capítulo, estudamos as características gerais dos fungos. Que sua 
jornada pelo mundo da microbiologia continue de forma curiosa e prazerosa! 
 
 
É HORA DE SE AVALIAR 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
 
Microbiologia 
 
151 
 
Exercícios – Unidade 6 
 
1 - Durante muito tempo, os fungos foram classificados no reino Plantae, 
juntamente com as plantas. Entretanto, uma característica evidente nos permite 
reconhecer os motivos de estes serem separados em reinos distintos. Que 
característica tão evidente pode ser essa? 
a) O fato dos fungos serem procariontes. 
b) O fato dos fungos possuírem clorofila b, diferente da clorofila a presente nas 
plantas. 
c) Os fungos não fazem fotossíntese. 
d) Os fungos se reproduzem por esporos, diferentemente das plantas que o 
fazem por sementes. 
e) os fungos são autótrofos decompositores. 
 
2 - Substância presente na parede das hifas fúngicas, também presente no 
esqueleto de alguns animais como crustáceos e insetos: 
a) Celulose. 
b) Quitina. 
c) Oxalato de cálcio. 
d) Glicogênio. 
e) Amido. 
Microbiologia 
 
152 
 
3 - Todos os itens indicam alguma importância ligada à atividade de fungos, 
exceto: 
a) Podem causar doenças chamadas micoses. 
b) Desempenham papel fermentativo. 
c) Produção autotrófica de substâncias orgânicas para consumo de outros 
seres. 
d) Alguns produzem antibióticos. 
e) Participam na formação de liquens. 
 
4 - As afirmações abaixo se referem ao grupo dos fungos. 
I – Fungos dimórficos podem promover micoses sistêmicas e mudam sua 
morfologia dependendo de condições ambientes; 
II – Fungos patogênicos são os principais causadores de doenças de pele em 
pessoas que estão com o sistema imunológico afetado, como, por exemplo, as que 
estão contaminadas com o vírus HIV; 
III – Aflatoxinas são metabólitos secundários produzidos por alguns fungos, 
que frequentemente contaminam amendoim, milho, trigo, entre outros, podendo 
causar câncer de fígado em pessoas e animais que as ingerem. 
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas I e II. 
d) Apenas II e III. 
e) I, II e III. 
Microbiologia 
 
153 
 
5- Dentre os fatores que diferem a célula fúngica da humana, assinale a única 
alternativa correta: 
a) A célula fúngica é procarionte, a humana é eucarionte. 
b) A célula fúngica não possui parece celular e a humana sim. 
c) A célula fúngica.apresenta ergosterol na membrana plasmática e a humana 
colesterol. 
d) A célula fúngica não possui organelas e a humana sim. 
e) Nenhuma das alternativas anteriores. 
 
6- Um fungo demáceo: (0,75 pontos) 
a) É pigmentado. 
b) Não apresenta cor. 
c) Apresenta-se apenas sob a forma de levedura; 
d) É assim chamado por ser dimórfico; 
e) Todas as alternativas anteriores. 
 
7-- Os fungos denominados hialinos: (0,75 pontos) 
a)São pigmentados; 
b) Naturalmente não apresentam cor; . 
c) Apresentam-se apenas sob a forma de levedura; 
d)São assim chamados por serem dimórficos; 
e) Todas as alternativas anteriores. 
Microbiologia 
 
154 
 
8- Os fungos são organismos que integram o Reino Fungi e que apresentam as 
seguintes características: 
a) células procariontes, fotossintetizantes. 
b) células eucariontes, autotróficas. 
c) células procariontes, nutrição heterotrófica. 
d) células eucariontes, nutrição heterotrófica. 
e) nenhuma das alternativas anteriores. 
 
9 – Se os fungos não se locomovem, como eles podem se espalhar por toda a 
Terra? 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 
10- Alguns fungos são comestíveis e, inclusive, comercializados como iguarias 
únicas. No entanto, em micologia, existe um quadro denominado micetismo. Do 
que ele se trata? 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 
Microbiologia 
 
155 
 
Considerações finais 
 
 
Após essa breve viagem pelo mundo da microbiologia, espero que seu 
interesse tenha sido despertado e que você, caro aluno, busque cada vez mais 
informações sobre o mundo microbiano que nos cerca. 
Tenha em mente que o entendimento sobre bactérias, vírus e fungos vai 
muito além do que foi lhe apresentado, já que a microbiologia não é uma ciência 
estática, ela está em constante mudança. 
Espero que esse material tenha sido útil, auxiliado em seus estudos e 
contribuído para seu sucesso acadêmico. 
Microbiologia 
 
156 
 
Microbiologia 
 
157 
 
Conhecendo a Autora 
 
LarissaSilva dos Santos é biomédica, com habilitação em análises clínicas, 
formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Microbiologia e 
Parasitologia Aplicadas (UFF) e doutorando em Ciências Médicas (UFF). É docente 
da Universidade Salgado de Oliveira desde 2012, atuando em disciplinas 
ministradas aos cursos de Ciências Biológicas, Nutrição e Enfermagem. Ocupou o 
cargo de professora auxiliar da Universidade Federal Fluminense, ficando 
encarregada da disciplina de Microbiologia II (módulo virologia) oferecida para o 
curso de Enfermagem. Desde os tempos de graduação atua em análise laboratorial 
prática em virologia e considera a pesquisa científica um dos norteadores 
acadêmicos mundiais. 
 
Microbiologia 
 
158 
Microbiologia 
 
159 
 
Referências 
 
ALVES, S. B. Fungos entomopatogênicos. In. Alves, S.B. Controle Microbiano 
de insetos. Piracicaba: FEALQ, 1998. 
ATTLI, S. D. Importância e sistemática de fungos filamentosos. Campinas: 
Fundação Tropical de Pesquisa Tecnológica “André Tosello”, 1990. 
Capítulo 4 – Micologia http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/cap4.pdf 
CHAN, E. C. S. Krieg, Noel R. Pelczar Jr. Microbiologia. São Paulo: Pearson, 
1997. 
CRUZ, L. C. H. Micologia Veterinária. Itaguaí: Imprensa Universitária, 1985 
FLORES, EF. Virologia Veterinária. Santa Maria: editora UFSM, 2007 
JAWETZ, E.; MELNICK, J. L.; ADELBERG, E. A. Microbiologia médica. 26 ed. 
Porto Alegre: AMGH, 2014. 
KUMAR, S. Textbook of Microbiology. 1 Ed. Jaypee, 2012. 
LAZÉRA, M. S. Criptococose. In: Coura, J.R. Dinâmica das doenças infecciosas 
e parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 
MADIGAN, MARTINKO, PARKER, Microbiologia de Brock. 10ª ed. São Paulo: 
Pearson, 2008. 
MOORE-LANDECKER, E. Fundamentals of the Fungi. 4. ed., New Jersey: 
PrenticeHall, Inc., 1996. 
MURRAY, P.R.; ROSENTHAL, K.S.; KOBAYASHI, O.S.; PFALLER, M.A. 
Microbiologia Médica. 6a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
OLIVEIRA, A. M. F.; SANTOS, J. E. F.; OLIVEIRA, L. L.; SOUZA, L. B. S.; SANTANA, W. 
J.; COUTINHO, H. D. M. Fatores de virulência de Neisseria spp. Arq. Ciênc. Saúde 
Unipar, Umuarama, 8(1): 39-44, jan./abr. 2004. 
POTÓN, J. Diagnóstico microbiológico de las micosis. Rev Iberoam Micol., 
19: 25-29, 2002. 
Microbiologia 
 
160 
PUTZKE, J. ; Putzke, M. T. L. Os Reinos dos Fungos. Vol. I. Santa Cruz do Sul: 
EDUNISC, 1998. 
SANTOS, N S O, Romanos, M T V, Wigg, M D. Introdução à Virologia Humana. 
2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 
TORTORA, G. ; FUNKE, B.; CASE, C. Microbiologia. 8ª. Edição, São Paulo: 
Artmed, 2007. 
TRABULSI, L. R.; Althertum, F. Microbiologia. 4ª edição. Editora Atheneu, 2008. 
 
Microbiologia 
 
161 
A nexos 
 
Microbiologia 
 
162 
 
Gabaritos 
 
UNIDADE 1 
1) b 
2) d 
3) b 
4) b 
5) d 
6) e 
7) c 
8) b 
9) O achado da cor roxa após a aplicação da coloração de Gram indica que as 
bactérias analisadas são Gram positivas. Bactérias Gram positivas exibem, em sua 
parede celular, uma espessa camada de peptideoglicano, além dos ácidos teicóico 
e lipoteicóico. A grossa camada de peptideoglicano impede, durante a aplicação 
da técnica, que o álcool retire o corante cristal-violeta do interior das bactérias 
10) As células procariontes exibem características como núcleo não delimitado 
por membrana, ausência de organelas membranares e cromossomo diferenciado, 
já as eucariontes apresentam núcleo delimitado por membrana e diversas 
organelas membranares. 
Microbiologia 
 
163 
 
UNIDADE 2 
1) b 
2) d 
3) b 
4) c 
5) a 
6) d 
7) a 
8) b 
9) Após a descrita inserção, o comportamento da população bacteriana pode 
ser dividido em fases. A fase lag é caracterizada pela adaptação, a população ela 
não se multiplica imediatamente. Logo em seguida ocorre a fase log ou 
exponencial, marcada pela divisão da célula bacteriana em duas, promovendo o 
aumento da população microbiana no meio de cultura. A fase estacionária é o 
momento em que ocorre a interrupção do crescimento bacteriano, nela a 
multiplicação bacteriana é limitada geralmente pelo consumo de um elemento 
essencial do meio de cultura e pela excreção de metabólitos possivelmente 
tóxicos, por parte dos próprios microrganismos. marca a fase estacionária. Por fim, 
o declínio ocorre quando a população bacteriana, já sem condições de manter seu 
metabolismo, morre. 
10) Provavelmente, através da troca genética conhecida como transdução, 
foram transferidas informações genéticas, de uma bactéria para outra, para a 
geração de resistência ao primeiro antibiótico administrado. 
Microbiologia 
 
164 
 
Exercícios – Unidade 3 
1. c 
2. d 
3. a 
4. b 
5. a 
6. e 
7. d 
8. c 
9. R: Os macrolídeos são agentes antibacterianos, que atuam pela ligação ao 
RNA ribossomal 23S da subunidade 50S, assim bloqueando a biossíntese de 
proteínas bacterianas. 
10. R: A limpeza é necessária para que resíduos de matéria orgânica que 
possam ficar presentes nos materiais não interfiram na qualidade dos processos de 
desinfecção e esterilização. 
 
Exercícios – Unidade 4 
1. b 
2. c 
3. e 
4. b 
5. d 
6. a 
7. d 
8. a 
Microbiologia 
 
165 
 
9. R: RNAs de polaridade positiva são diretamente traduzidos em proteínas 
durante a replicação viral. Já os RNAs de polaridade negativa servem como molde 
para a síntese de um RNA complementar que, então, pode ser traduzido em 
proteínas. 
10. R: Os retrovírus têm a capacidade de sintetizar o DNA a partir de moléculas 
de RNA - a transcrição reversa- utilizando a enzima viral transcriptase reversa. O 
representante mais conhecido dessa família é o vírus da imunodeficiência humana, 
o HIV. 
 
Exercícios – Unidade 5 
1. d 
2. c 
3. c 
4. ? 
5. a 
6. a 
7. c 
8. b 
9. As técnicas indiretas de diagnóstico viral permitem a detecção de anticorpos 
na amostra em questão. 
10. A PCR baseia-se na amplificação de um segmento gênico específico. Esse 
fragmento é amplificado com base nas propriedades de uma enzima DNA 
polimerase e através do uso de primers, ou seja, oligonucleotídeos que permitem a 
evidenciação de um fragmento genômico específico. 
Microbiologia 
 
166 
 
Exercícios – Unidade 6 
1. c 
2. b 
3. c 
4. e 
5. c 
6. a 
7. b 
8. d 
9. R: Os fungos se reproduzem por produção de esporos, os quais podem ser 
levados pelo vento, assim, se espalham por novos ambientes. 
10. R: O micetismo ocorre após a ingestão de fungos tóxicos, resultando em 
diversas manifestações patológicas que podem, inclusive, levar o indivíduo à 
morte.

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