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Parecer sobre contribuição confederativa

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Clemar:
A matéria é bastante complexa e ainda não existe uma interpretação definitiva.
Se você recolhe corre os riscos que você falou. Se não recolhe o sindicato, com certeza, vai entrar com uma ação na Justiça do Trabalho pleiteando os pagamentos. Neste caso, acrescido das multas previstas.
Em situação idêntica, uma empresa cliente do nosso escritório resolveu não efetuar os recolhimentos. O Sindicato acionou a empresa na Justiça e na defesa juntei
Veja o que eu aleguei na defesa, comprovando o que os tribunais já decidiram:
De acordo com o entendimento predominante perante esta Justiça Especializada, a Taxa Assistencial somente é obrigatória para os associados do Sindicato, senão vejamos:
EMENTA: CONTRIBUIÇÃO PREVISTA EM INSTRUMENTO COLETIVO – CUSTEIO DE COMISSÃO INTERSINDICAL DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA - INVALIDADE. Admite-se, no máximo, quatro tipos de contribuição para as entidades sindicais: a contribuição sindical (prevista na CLT, art. 578), a contribuição confederativa (art. 8o., IV da CF/88), a contribuição assistencial (art. 513, "e" da CLT) e a mensalidade sindical. Apenas a primeira, a contribuição sindical, é obrigatória para toda a categoria; as demais, somente para os associados. Assim, a imposição, em instrumento coletivo, de contribuição para custeio de comissão intersindical de conciliação prévia, extensiva a toda categoria econômica, fere o disposto nos artigos 5o.,XX e 8o., da CF/88, a regra de competência exclusiva prevista no art. 149 da CF/88, bem como o princípio da legalidade (art. 5o., II, da CF/88). Pelo mesmo fundamento que não se admite a cobrança de contribuição assistencial e confederativa dos empregados não filiados ao sindicato, também não se pode admitir cobrança de contribuição não autorizada na Constituição Federal (ou em lei) do empregador não filiado. ( Process0 00121-2006-056-03-00-3 RO, TRT-MG - pub. No DJMG em 10.06.2006, 8ª Turma, Relator Dr. Cleube de Freitas Pereira, Revisdor Dr. Paulo Mauricio Riberio Pires)
Também decidiu o STF nesse mesmo sentido, como ilustra o seguinte precedente:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS AO CUSTEIO DE SINDICATOS. EXIGIBILIDADE. 1. A contribuição assistencial visa a custear as atividades assistenciais dos sindicatos, principalmente no curso de negociações coletivas. A contribuição confederativa destina-se ao financiamento do sistema confederativo de representação sindical patronal ou obreira. Destas, somente a segunda encontra previsão na Constituição Federal (art. 8º, IV), que confere à assembléia geral a atribuição para criá-la. Este dispositivo constitucional garantiu a sobrevivência da contribuição sindical, prevista na CLT. 2. Questão pacificada nesta Corte, no sentido de que somente a contribuição sindical prevista na CLT, por ter caráter parafiscal, é exigível de toda a categoria independente de filiação. 3. Entendimento consolidado no sentido de que a discussão acerca da necessidade de expressa manifestação do empregado em relação ao desconto em folha da contribuição assistencial não tem porte constitucional, e, por isso, é insuscetível de análise em sede de recurso extraordinário. 4. Agravo regimental improvido. (RE-AgR 224885/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJ: 06-08-2004, PP-00052 ).
 Em idêntico sentido, o Precedente Normativo nº 119 do e. Tribunal Superior do Trabalho:
CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS - Nova redação dada pela SDC em Sessão de 02.06.1998 - homologação Res. 82/1998 - DJ 20.08.1998 A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados. 
No entanto, não foi esta a decisão da Justiça. Perdemos a ação e a empresa teve que pagar tudo com correção monetária e multa. Veja abaixo o que decidiu a Justiça no Tribunal em Belo Horizonte:
RECORRIDO: (1) SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ADMINISTRADORAS DE CONSÓRCIOS, VENDEDORES DE
 CONSÓRCIOS, EMPREGADOS E VENDEDORES EM CONCESSIONÁRIAS DE VEÍCULOS, DISTRIBUIDORA DE VEÍCULOS E CONGÊNERES NO ESTADO DE MINAS GERAIS - SINDCON/MG
 EMENTA: AÇÃO DE CUMPRIMENTO. TAXA ASSISTENCIAL DAS
 EMPRESAS EM FAVOR DO SINDICATO PROFISSIONAL - As cláusulas normativas, instituidoras da taxa assistencial das empresas em favor do sindicato profissional, derivadas da livre manifestação de vontade das categorias profissional e econômica, sendo fruto de negociação coletiva, conforme o art. 611 da CLT, devem prevalecer, sendo plenamente reconhecidas a teor do mandamento constitucional insculpido no art. 7º., inciso XXVI, da CF/1988.
 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos
de recurso ordinário, oriundos da Vara do Trabalho de Guanhães, proferiu-se o seguinte acórdão:
 RELATÓRIO
 Inconformadas com a sentença de f. 445/449, da
lavra da Exma. Juíza Vânia Maria Arruda, as reclamadas interpuseram recurso ordinário (f. 452/456), versando sobre prescrição e taxa assistencial.
 Depósito recursal e custas processuais às f. 458/60.
 Contra-razões às f. 468/476.
 Procurações às f. 165 e 211.
 É o relatório.
 2. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
 Presentes e regulares todos os pressupostos
objetivos e subjetivos de admissibilidade do recurso, dele conheço.
 Quanto ao cartão de f. 457, não se trata de documento novo (art. 397 do CPC). Está preclusa a oportunidade de produzir prova documental e a segunda reclamada não justificou a extemporânea juntada do aludido documento, motivos por que dele não conheço, com fulcro na Súmula 8 do C. TST.
 3. JUÍZO DE MÉRITO
 
 2. Taxa assistencial
 Irresignam-se as reclamadas com a condenação ao
pagamento da taxa assistencial prevista nas CCT´s de 2001 a 2007.
 As convenções coletivas de trabalho de f. 42 e seguintes, firmadas pelos sindicatos das categorias econômica e profissional, estabeleceram, como, por exemplo, na de f. 50, a obrigação de recolhimento da taxa assistencial, nos seguintes termos:
 "As empresas contribuirão para o SINDCON-MG com o valor correspondente a três parcelas iguais de 5%
 (cinco por cento), sobre a remuneração auferida por
 cada um de seus empregados, respeitando o limite
 máximo de R$10,00 (dez reais), por empregado e por
 parcela.
 ...
 Em hipótese alguma esses valores poderão ser
 descontados dos empregados, conforme deliberação
 das Assembléias Gerais de ambos os sindicatos".
 A norma em foco, assim como as contidas nas outras
CCT´s, deixaram claro que as importâncias não poderiam ser descontadas dos empregados (e, de fato, não o foram), sendo obrigação apenas das empresas, de modo que se tem por inaplicável o Precedente Normativo 119 do C. TST e por inócuas as alegações concernentes
a serem ou não associados os empregados ou que tenham ou não sido informados do recolhimento, haja vista os valores não provirem de desconto de seus salários, tendo estes apenas como base de cálculo.
 Consoante os documentos de f. 27/31, as reclamadas
são associadas ao sindicato da categoria econômica, o que demonstra que elas foram legitimamente representadas na celebração das CCT´s.
 Sobre a alegação de que a enchente ocorrida na
cidade de Guanhães/MG, em 12.02.2004, teria destruído a documentação comprobatória do recolhimento da taxa assistencial, cabe observar o seguinte: I) os documentos de f. 186/193 referem-se à enchente ocorrida em 05.03.2005 e não em 2004; e II) mesmo que seja verdade a destruição dos documentos, as reclamadas, conforme pertinentemente apreendido em primeiro grau, teriam como demonstrar o pagamento integral da obrigação por meio de outros expedientes, tais como obtenção de segunda via nos bancos.
 A propósito da legalidade da taxa em tela, veja-se
o seguinte aresto proferido por este Regional:
 "EMENTA: AÇÃO DE CUMPRIMENTO – TAXA ASSISTENCIAL -
 Atendidos os requisitos dos artigos 612 e
 seguintes, da CLT, as cláusulas convencionais que
 prevêem a taxa assistencial das empresas a favor do
 sindicato-autor devem ser cumpridas tal como
 estipuladas, por terem força de lei entre as
 partes, sobretudo atendo-se ao disposto no art.
 7º., XXVI, da Constituição Federal." (TRT - 3ª.
 Região, Sétima Turma, Processo 00572-2006-019-03-00- 0-RO, Rel. Des. Maria Perpétua Capanema Ferreira de Melo, Rev. Juíza Convocada Taísa Maria Macena de Lima, DJ 19.12.2006).
 Tendo as cláusulas normativas emanado da livre
manifestação de vontade das categorias profissional e econômica, sendo fruto de negociação coletiva, conforme o art. 611 da CLT, devem, pois, prevalecer, sendo plenamente reconhecidas a teor do mandamento constitucional insculpido no art. 7º., inciso XXVI, da CF/1988.
 Dessarte, com atenção aos limites do recurso, há
que se manter a sentença hostilizada, que deferiu diferenças nas quadras em que o recolhimento foi efetuado a menor e pagamento integral nos períodos não recolhidos.
 Desprovejo.
 FUNDAMENTOS PELOS QUAIS,
 O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região,
pela sua Segunda Turma, unanimemente, conheceu do recurso e não conheceu, contudo, do documento de f. 457; sem divergência, negou provimento ao apelo.
 Belo Horizonte, 17 de julho de 2007.
 SEBASTIÃO GERALDO DE OLIVEIRA
 Desembargador Relator
Clemar: 
Por tudo isso, a única saída, para que a empresa tenha tranqüilidade e não tenha nenhum tipo de problema e propondo uma ação trabalhista contra o Sindicato, Federação e Confederação, pedindo que o Juiz esclareça se a contribuição é devida ou não.
Vani Medeiros

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