Buscar

UTILIZAÇÃO DE REJEITO DE MINERIO PARA A FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE REJEITO CIMENTO TRC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Utilização de rejeito de minério para a fabricação de Tijolos de 
Rejeito-Cimento - TRC 
 
Terezinha Espósito 
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil 
E-mail: esposito@etg.ufmg.br 
 
Judy Norka Rodo de Mantilla 
Faculdade de Engenharia e Arquitetura – FUMEC, Belo Horizonte, MG, Brasil 
E-mail: judy.mantilla@fumec.br 
 
Edgar Vladimiro Mantilla Carrasco 
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil 
E-mail: mantilla@dees.ufmg.br 
 
Luis Eustáquio Moreira 
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil 
E-mail: luis@dees.ufmg.br 
 
RESUMO: As empresas de mineração vêm buscando inovações tecnológicas para viabilização do 
aproveitamento de rejeitos gerados, seja como novas jazidas, seja como materiais a serem 
incorporados em produtos da construção civil. Nesse sentido, esse artigo apresenta a descrição de 
um tijolo prensado, fabricado a partir de rejeito de minério de ferro acrescido de cimento como 
material ligante, denominado Tijolo de Rejeito-Cimento (TRC). Utilizando-se esses tijolos foram 
construídas paredes e ao final o protótipo de um “ambiente construído”. Essa tecnologia se iniciou 
primeiramente com a caracterização tecnológica dos rejeitos. A seguir foram determinados os 
traços (proporções de rejeito fino e granular, cimento e água em massa) e a pressão a ser aplicada 
na mistura (rejeito-cimento-água) com o objetivo de atender a resistência especificada por norma. 
Diversos ensaios foram realizados com os tijolos tais como, determinação da sua resistência, do seu 
comportamento quanto à retração, à absorção, à durabilidade, ao conforto térmico, à 
incombustibilidade e à estanqueidade em água, sendo alcançados excelentes resultados. Foram 
construídas paredes e realizados ensaios para avaliação técnica do desempenho das mesmas em 
relação à compressão simples e à resistência, apresentando resultados plenamente satisfatórios. Foi 
edificado um “ambiente construído”, com um pavimento, seguindo uma diagramação específica, 
visto o tijolo ser intertravado. Foram realizadas experimentações na alvenaria com produtos tais 
como tinta e verniz, sendo feito também assentamento de azulejos e reboco em pequenas partes, 
além de testes acústicos e de conforto térmico. O comportamento da alvenaria mediante esses 
experimentos foi basicamente o mesmo de uma alvenaria convencional. Como conclusões podem 
ser destacadas que a concepção quanto à forma e dimensões assim como o intertravamento 
horizontal e vertical do TRC foram plenamente satisfatórios. Quanto à resistência a compressão os 
valores obtidos individualmente foram superiores aos valores indicados para blocos estruturais. O 
sistema construtivo das paredes apresentou-se limpo, sem resíduos, e de fácil execução. A alvenaria 
do “Ambiente Construído” se comportou, satisfatoriamente, até o momento, aceitando 
perfeitamente acabamentos como reboco, tinta, verniz, azulejo, assim como a colocação de peças 
suspensas, bem como furações e cortes. Finalmente pode-se dizer que foi possível a utilização dos 
rejeitos, entendidos nesse caso como subprodutos de minério de ferro, na fabricação de tijolos 
intertravados de alto desempenho. 
 
PALAVRAS-CHAVE: rejeito de minério de ferro, construção civil, tijolo de rejeito-cimento. 
1 INTRODUÇÃO 
 
Os rejeitos são consequência inevitável dos 
processos de tratamento a que são submetidos 
os minérios, sendo gerados, paralelamente, ao 
produto de interesse. A grande produção de 
rejeitos tem gerado uma preocupação cada vez 
maior nas empresas, que buscam minimizar os 
impactos ambientais e os custos associados aos 
processos de disposição e contenção deste 
material através da implementação de sistemas 
de disposição adequados às necessidades 
ambientais e de segurança. 
 Por outro lado, as empresas de mineração 
vêm buscando também a geração de inovações 
tecnológicas que possam ser utilizadas no 
aproveitamento destes rejeitos como novas 
jazidas, assim como materiais a serem 
incorporados em produtos da construção civil. 
 Ressalta-se que a realização de estudos para 
o aproveitamento desses rejeitos, seja como 
novas jazidas seja como materiais a serem 
incorporados para a obtenção de produtos da 
construção civil, apesar de não ser ainda uma 
prática comum das empresas, vem se 
mostrando, através de alguns casos existentes, 
como uma alternativa promissora, dentro dos 
conceitos da sustentabilidade. Nesse sentido, a 
literatura reporta em diversos países a 
possibilidade do uso deste rejeito na fabricação 
de tijolos, blocos de cimento, telhas e como 
base e revestimento de pavimentos, podendo se 
citados entre outros Das et al. (2000), Esposito 
et al. (2011), Vieira et al. (2006), Zhong-lai Yi 
et al. (2009) e RMRC (2014). As direções das 
pesquisas têm sido no sentido de se avaliar se o 
uso dos rejeitos, nestes e em outros produtos, 
pode ser técnica e economicamente viável, 
transformando um passivo ambiental em 
produtos competitivos no mercado. 
 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
2.1 Pesquisas relativas ao aproveitamento de 
rejeito na construção civil 
 
O aproveitamento dos rejeitos de minério de 
ferro no âmbito da construção civil é um tema 
que vem ganhando, gradativamente, espaço na 
literatura especializada ao longo dos últimos 
anos. Universidades e centros de pesquisa 
brasileiros e internacionais vêm desenvolvendo 
estudos com estes materiais. Entretanto, 
observa-se que embora as pesquisas sejam cada 
vez mais versáteis, inclusive respeitando-se a 
grande variabilidade dos rejeitos, ainda são 
identificadas como localizadas e pontuais, 
sendo identificados alguns grupos de 
pesquisadores em países em que a atividade de 
mineração está inserida como vocação 
econômica, tais como Brasil, Estados Unidos, 
Canadá, China, Índia e Austrália. 
 A seguir são apresentados alguns centros de 
pesquisa/univerisdades e algumas pesquisas 
sobre os temas neles desenvolvidos. 
 
2.2 Universidade Federal de Minas Gerais 
UFMG - Brasil 
 
A pesquisa “Estudo da viabilidade do 
aproveitamento dos rejeitos de minério de ferro 
na construção civil e como material alternativo 
em obras geotécnicas”, desenvolvida por 
pesquisadores da UFMG de 2004 a 2011, 
demonstrou que, com a utilização de uma 
tecnologia científica desenvolvida através de 
métodos que garantam a sua qualidade, esse 
passivo ambiental poderá se reverter em um 
material utilizável em produtos para a 
construção civil (Esposito et al., 2011). 
 O produto gerado nesta pesquisa, Tijolo de 
Rejeito-Cimento (TRC), utilizou apenas rejeito 
de minério de ferro, sendo acrescentado o 
cimento como material ligante. Ressalta-se que 
os tijolos não passaram pelo processo de 
queima. O tijolo, assim como a parede e o 
ambiente construído foram submetidos a 
ensaios apresentados no item 3 desse artigo. 
 
2.3 Universidade Estadual do Norte 
Fluminense Darcy Ribeiro – UENF - Brasil 
 
Os produtos apresentados nessas pesquisas são 
telhas e tijolos de argilas com incorporação de 
rejeito de minério de ferro. Nesses estudos 
Vieira et al. (2006) relatam que a constituição 
mineralógica de alguns resíduos pode acarretar 
uma melhoria na qualidade da cerâmica após a 
etapa de queima. Neste sentido, os rejeitos de 
mineração, quando classificados como 
redutores de plasticidade, ao serem adicionados 
à massa cerâmica argilosa diminuem a 
plasticidade da mesma. As pesquisas mostraram 
a influência da incorporação de resíduo de 
minério de ferro nas propriedades físicas e 
mecânicas de uma típica massa de cerâmicavermelha. A partir da incorporação de rejeito de 
ferro a uma massa de cerâmica vermelha. Após 
a prensagem e a queima as propriedades 
avaliadas como absorção de água, retração 
linear e tensão de ruptura à flexão apresentaram 
resultados que indicaram que a incorporação do 
rejeito em até 10% foi benéfica para a 
cerâmica. 
 
2.4 National Maetallurgical Laboratory 
Jamshedpur - India 
 
Segundo Das et al. (2000) produtos como piso 
cerâmico e telhas fabricados com incorporação 
de rejeito de minério de ferro apresentaram uma 
elevada resistência e dureza em relação às 
telhas convencionais de argila, estando em 
conformidade com as especificações padrões 
das normas européias. Além das propriedades 
de resistência melhoradas, a utilização 
remunerada dos rejeitos e os custos foram 
apresentados como vantagens adicionais. 
 
2.5 Tsingua University e University of Minig 
&Technology , Pequim - China 
 
Zhong-lai Yi et al. (2009) relatam que rejeitos 
de minério de ferro foram usados como 
matéria-prima para preparar materiais 
cimentícios. As propriedades cimentícias dos 
rejeitos de minério de ferro estudadas por 
composição de ativação térmica. Métodos de 
ensaios, como DRX (Difração de Raios X) TG-
DTA (Análise Térmica Diferencial e Análise 
Térmica Gravimétrica) foram usados para 
investigar a variação de fases e de estruturas 
dos rejeitos de minério de ferro no processo de 
ativação térmica. Os resultados revelaram que 
um novo material de cimento que contém 
rejeitos de minério de ferro pode ser obtido pela 
ativação térmica, gerando uma argamassa com 
boa resistência, quando comparado com o uso 
de cimento convencional. 
2.6 Recycled Materials Resource Center 
RMRC - USA 
 
RMRC (2014) apresenta um manual com 
resultados de pesquisas realizadas pelo Federal 
Highway Administration (FHWA) e E.U. 
Environmental Protection Agency (EPA E.U.) 
sobre o uso de materiais alternativos na 
construção de rodovias. Este relatório não 
constitui uma norma, especificação ou 
regulamentação. Em seu texto são apresentadas 
informações sobre a utilização de rejeitos e 
estéreis de mineração nos Estados Unidos. O 
texto reporta que ao longo dos anos houve 
inúmeros exemplos da utilização de resíduos de 
processamento de minerais, nomeadamente 
estéreis e rejeitos, aplicados a pavimentos, seja 
em bases seja em misturas asfálticas. 
A atual utilização dos rejeitos como 
agregado mineral na mistura asfáltica não é 
uma prática comum, devido, em grande parte à 
distância das fontes de geração dos rejeitos para 
o local de aplicação. De modo geral, rejeitos 
grossos, com diâmetros maiores do que 2,0 mm, 
tem sido usados na pavimentação como 
agregados na camada de base granular, em 
pavimentos de asfalto, e, em alguns casos, em 
estruturas de concreto. 
 Os rejeitos finos têm sido usados como 
agregados finos em misturas de asfalto para 
pavimentação, assim como particularmente 
como material de preenchimento de aterros. 
Existem exemplos do uso de rejeitos em 
rodovias estaduais dos Estados Unidos em 
funcionamento. No entanto, o potencial de 
lixiviação de metais desses materiais pode ser 
um motivo de preocupação ambiental, devendo 
ser cuidadosamente investigados antes do uso 
em aterros. 
 O relatório cita também que rejeitos de ouro 
que contêm cianeto, rejeitos do processamento 
de urânio que forem radioativos, rejeitos do 
processamento de minérios com sulfetos que 
podem conter metais pesados como o arsênico, 
rejeitos taconite que podem conter fibras de 
amianto, não devem ser usados em aplicações 
de construção. 
 Por outro lado rejeitos constituídos por 
quartzo, feldspatos, carbonatos, óxidos, sais 
minerais ferro-magnésio, magnetita, pirita têm 
sido utilizados na fabricação de tijolos de 
silicato de cálcio, sendo também utilizados 
como fonte de material pozolânico. 
 
 
3 APROVEITAMENTO DOS REJEITOS DE 
MINÉRIO DE FERRO NA FABRICAÇÃO 
DE TIJOLOS 
 
Para a viabilização do estudo sobre o 
aproveitamento de minério de ferro na 
fabricação de tijolos o primeiro passo foi a 
realização de ensaios geotécnicos dos rejeitos 
finos e granulares, a saber, massa específica dos 
grãos, granulometria, limites de consistência, 
permeabilidade e compactação, sendo 
realizadas também análises químicas dos 
rejeitos. 
 A seguir foi determinado o traço do tijolo e 
realizados estudos para avaliar qual o cimento a 
ser utilizado. A seguir foi construído um molde 
de aço para confecção dos tijolos e determinada 
a carga a ser aplicada na prensa, a partir dos 
resultados do ensaio de compactação e do 
ensaio de compressão simples instrumentado. 
Deve ser ressaltado que os tijolos foram 
prensados, e não queimados. 
 Após a confecção dos tijolos foram 
realizados ensaios, tais como de bloco e de 
prisma, avaliação da absorção de água; retração 
por secagem; durabilidade a partir do ensaio de 
durabilidade por molhagem e secagem e 
determinação da resistência característica. 
 A seguir foi definida uma paginação para a 
construção de paredes e realizadas avaliações 
de desempenho das paredes. 
 Finalmente foi construído um ambiente com 
50 m
2
, composto por sala, cozinha, dois quartos 
e banheiro. Nesse ambiente foram realizadas 
experimentações na alvenaria com produtos do 
mercado, como tinta e verniz, sendo feito 
também assentamento de azulejos e reboco em 
pequenas partes, além de testes acústicos e de 
conforto térmico. 
 
 
4 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS 
TIJOLOS DE REJEITO-CIMENTO – TRC 
 
Amostras de cada tipo de rejeito foram 
blendadas, gerando a Amostra Homogênea 
Granular (AHG) e a Amostra Homogênea Fina 
(AHF). Essas duas amostras geradas, 
representativas, foram submetidas a ensaios 
geotécnicos, tais como Massa Específica dos 
Grãos (ABNT, 1984a), Análise Granulométrica 
(ABNT, 1984b) e Limites de Consistência 
(ABNT, 1984c e ABNT, 1984d), 
Permeabilidade (ABNT, 1995 e ABNT, 2000) 
além da análise da sua Composição Química. 
Essas amostras homogêneas foram utilizadas 
como matéria-prima no processo de obtenção 
dos tijolos de Rejeito-Cimento (TRC). 
 Algumas considerações sobre os resultados 
encontrados nesse estudo geotécnico podem ser 
feitas: 
 Os rejeitos apresentaram elevada massa 
específica dos grãos devido ao teor de 
ferro, ou seja, s = 3,14 g/cm
3
 para 
rejeito granular e s = 3,47 g/cm
3
 para o 
rejeito fino. 
 A maior parte dos finos encontrados foi 
classificada como silte (partículas de 
ferro). 
 Para o rejeito granular não foram 
encontrados limites de Atterberg. O 
rejeito fino apresntou limite de liquidez 
igual a 15% e de plasticidade igual a 
10%. 
 O rejeito fino foi classificado como pouco 
plástico (IP = 5%). 
 Os valores encontrados para o coeficiente 
de permeabilidade dos rejeitos fino e 
granular foram, respctivamente, 2,3 x 
10
-5
 e 1,3x10
-3
 cm/s. 
 Os corpos de prova da mistura 
apresentaram elevada resistência, 
devido à presença de ferro. 
 A pouca ou nenhuma plasticidade dos 
rejeitos implicou no uso de cimento para 
a fabricação dos tijolos. 
As curvas granulométricas dos rejeitos fino e 
granular de todas as amostras delimitaram uma 
faixa de aceitabilidade, ou seja, toda a pesquisa 
teve como premissa a utilização de rejeitos, 
granulares e finos, que se enquadraram dentro 
dessa faixa (figuras 1 e 2). As curvas 
granulométricas das amostras AHG e AHF 
devem se encaixar na faixa de aceitabilidade 
granulométirca (figuras 1 e 2). Se houver uma 
alteração na granulometriados rejeitos, ficando 
fora dessa faixa, deve ser refeito todo o 
processo para estabelecimento do traço ideal do 
tijolo. 
 
 
 Faixa de aceitabilidade granulométrica 
 AHG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Faixa granulométrica: Rejeito Granular 
 
 
 Faixa de aceitabilidade granulométrica 
 
 AHF 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Faixa granulométrica: Rejeito Fino 
 
Foram realizados ensaios de compactação com 
os rejeitos fino e granular, segundo ABNT 
(1986). Os resultados obtidos foram massa 
específica seca máxima dmax= 1,88 g/cm
3
 e 
umidade ótima wot= 12,8% (rejeito granular) e 
dmax= 2,55 g/cm
3
 e wot= 11,3%, (rejeito fino). 
 A partir da caracterização dos rejeitos foi 
definido o traço para a confecção do Tijolo de 
Rejeito-Cimento (TRC), ou seja, 75% de 
Rejeito Granular + 25% de Rejeito Fino com 
10% de Cimento. O tipo de cimento utilizado 
foi cimento CP V – ARI. Com a mistura com 
esse percentual de rejeitos e cimento foi 
relaizado ensaio de compactação, resultando 
nos valores dmax= 2,05 g/cm
3
 e wot= 11%. Após 
análise desses dados foi determinada a carga de 
40 tf para ser aplicada na prensagem da mistura 
para a confecção do tijolo TRC. 
 O formato do TRC foi concebido para que a 
construção fosse realizada com alvenaria 
estrutural intertravada, com encaixes do tipo 
macho–fêmea (figura 3). 
 
 
Figura 3. Tijolo de Rejeito-Cimento (TRC) 
 
Foram realizados no TRC ensaios de absorção 
de água e retração por secagem, assim como de 
durabilidade do tijolo a partir do ensaio de 
durabilidade por molhagem e secagem. Os 
resultados atenderam plenamente as normas 
vigentes (tabela 1). 
 
Tabela 1. Resultados com Tijolo de Rejeito-Cimento 
Ensaio Resultado (valor médio) 
Absorção de água 14,97% 
Retração por secagem 0,039% 
Durabilidade por 
molhagem e secagem 
Perda de massa média 
0,94% 
 
O valor médio encontrado para a resistência 
característica do TRC foi 16,14 MPa. Vale 
ressaltar que segundo a NBR 6136 (ABNT, 
2014), os blocos de concreto estrutural com fck 
> 6,0 MPa são considerados da classe A com 
função estrutural, para uso em elementos de 
alvenaria acima ou abaixo do nível do solo. Os 
tijolos de Rejeito-Cimento apresentaram 2,7 
vezes maior resistência característica. 
 Resultados dos ensaios de transferência de 
calor em mini paredes de tijolos TRC, assim 
como estanqueidade à água, incombustibilidade 
e comportamento em situação de incêndio 
#2
00
 - 0
,07
5
#1
00
 - 0
,15
#5
0 -
 0,
30
#4
0 -
 0,
42
#3
0 -
 0,
59
#1
6 -
 1,
20
#1
0 -
 2,
00
#4
 - 4
,76
#9
,5 
- 9
,52
#1
9 -
 19
,10
#2
5 -
 25
,40
#3
8 -
 38
,10
#5
0 -
 50
,8
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos grãos (mm)
%
 qu
e p
as
sa
 da
 am
os
tra
 to
tal
#20
0 - 
0,0
75
#10
0 - 
0,1
5
#50
 - 0
,30
#40
 - 0
,42
#30
 - 0
,59
#16
 - 1
,20
#10
 - 2
,00
#4 
- 4,
76
#9,
5 - 
9,5
2
#19
 - 1
9,1
0
#25
 - 2
5,4
0
#38
 - 3
8,1
0
#50
 - 5
0,8
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos grãos (mm)
% q
ue 
pas
sa 
da 
am
ost
ra t
ota
l
atenderam plenamene às normas vigentes. 
Corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio 
de incombustibilidade e logo depois ao ensaio 
de compressão simples, para determinar a 
resistência à compressão após a queima, sendo 
obtidas as resistências: 
CPs não queimados 13,91 MPa 
CPs queimados (a 750 graus C) 4,52 Mpa 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS 
PAREDES CONSTRUÍDAS COM TIJOLOS 
DE REJEITO-CIMENTO – TRC E O 
AMBIENTE CONSTRUÍDO 
 
Os resultados dos ensaios com parede de tijolo 
TRC revelaram boa resistência mecânica. A 
tensão limite de resistência foi de 2,05 MPa, em 
média. Durante os ensaios surgiram as 
primeiras fissuras com uma tensão de 0,56 
MPa. O comportamento das paredes sob ação 
de impactos de corpo-mole e corpo-duro foi 
totalmente dentro de padrões aceitáveis. 
 De posse dos resultados referentes às 
paredes foi inciado o processo de construção do 
ambiente construído, conforme diagramação. 
 Desde o início do processo construtivo se 
observou a limpeza da obra assim como o não 
desperdício de material e a rapidez de execução 
da alvenaria (figuras 4 e 5). Foi constatada uma 
velocidade de produção da parede por pessoa de 
7,5m
2
/8h, em média. Ressalta-se que as paredes 
foram construídas de forma intertravadas sem 
uso de argamassa. Ao finalizar a construção das 
paredes foi feita uma amarração das mesmas 
através de cintamento em concreto (figura 6), 
com a finalidade de estabilizar as paredes. 
 
 
Figura 4. Vista lateral da parede 
 
Figura 5. Vãos de abertura das portas 
 
 
Figura 6. Detalhe do cintamento em concreto 
 
Com a alvenaria e a laje prontas foi finalizada a 
construção do “ambiente construído” referente 
às instalações hidráulicas e elétricas, optando-se 
por instalçaões aparentes. A seguir foi feita a 
construção do telhado (figura 7). 
 
 
Figura 7. Ambiente cosntruído. 
 
Foram realizadas experimentações na alvenaria 
utilizando-se produtos do mercado como tinta e 
verniz, sendo feitos também assentamentos de 
azulejos e reboco em pequenos trechos de 
parede. O comportamento da alvenaria nesses 
experimentos foi basicamente o mesmo de uma 
alvenaria convencional, não apresentando 
nenhuma dificuldade na aplicação. As 
experimentações foram realizadas em 
novembro/2011, não apresentando até o 
presente momento alterações significativas. 
 
 
6 CONSIDERAÇÕES SOBRE A 
TÉCNICA DE CONSTRUÇÃO DO 
“AMBIENTE CONSTRUÍDO” 
 
A seguir são apresentadas algumas 
considerações relativas à técnica construtiva 
empregada nesse “ambiente construído”. 
Ressalta-se que essas considerações basearam-
se na experiência dos pesquisadores e no 
acompanhamento efetivo da prática do método 
de construção adotado, junto à empresa 
construtora contratada: 
 O formato do Tijolo de Rejeito-Cimento 
(TRC) foi concebido para que a 
construção fosse realizada com 
alvenaria estrutural intertravada, com 
encaixes do tipo macho–fêmea. Porém 
quando da fabricação dos tijolos 
ocorreram pequenas variações 
dimensionais, o que prejudicou um 
pouco o nivelamento e a verticalidade 
das paredes. 
 A execução das paredes foi rápida e sem 
problemas até a 14ª fiada, que 
corresponde ao início das janelas. Daí 
em diante, observou-se uma 
instabilidade na medida em que se 
aumentava a altura da parede. 
 A partir da altura da janela as paredes 
começaram a perder o prumo, sendo 
necessário providenciar um 
escoramento. Somente após a conclusão 
das fiadas e a execução/cura do 
cintamento no topo das paredes as 
escoras puderam ser removidas. 
 A construtora alegou que não existem no 
mercado vergas de concreto no tamanho 
dos tijolos (para portas e janelas). As 
mesmas tiveram que ser feitas sob 
medida. 
 A construção das paredes, como 
realizadas, por encaixe e sem argamassa 
de assentamento, é mais rápida do que 
das alvenarias convencionais. 
 Não houve reclamação relativa ao peso do 
tijolo. Assemelha ao peso de um bloco 
de concreto. 
 Comohouve uma interrupção na 
construção das paredes, foi necessária a 
troca de operários por parte da 
construtora. A retomada da construção 
por outros operários não provocou 
nenhuma alteração seja na sequência 
seja na velocidade de construção das 
paredes. 
 As portas de madeira, por terem a 
possibilidade de serem cortadas e 
adaptadas, são mais indicadas do que as 
portas de ferro. Essas foram utilizadas 
no protótipo, por questões de contenção 
de custos, visto que o “ambiente 
construído” tem características de obra 
de baixo custo. Com as portas de 
madeira evita-se a necessidade de cortes 
nos tijolos e principalmente problemas 
com as vergas de concreto sobre as 
portas. 
 A ausência de argamassa de assentamento 
resultou em economia de material e de 
mão de obra para a produção da 
argamassa e em uma construção limpa. 
 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O sistema construtivo com tijolos intertravados 
fabricados dos rejeitos, entendidos nesse caso 
como subprodutos de minério de ferro, com as 
características geotécnicas e de resistência 
mecânica especificadas durante o estudo, 
apresentou bom desempenho. 
 
Numa avaliação geral destacam-se os seguintes 
aspectos tecnológicos: 
 Tijolo: a concepção quanto à forma, 
dimensões, intertravamento horizontal e 
vertical, plenamente satisfatória. Quanto 
à resistência a compressão os valores 
foram além dos valores para os blocos 
estruturais. Deverá ser avaliada a 
necessidade da fabricação de outros 
moldes para a fabricação dos tijolos, 
visando a redução de tempo de 
execução e o aprimoramento da 
construção. 
 Parede: o sistema construtivo das paredes 
apresentou-se limpo, sem resíduos, e de 
fácil execução. O intertravamento 
possibilitou a estabilização das paredes, 
sendo utilizado um cintamento. 
 Alvenaria do “Ambiente Construído”: se 
comportou, satisfatoriamente, até o 
momento, com diversos acabamentos 
como reboco, tinta, verniz, azulejo, 
assim como a colocação de peças 
suspensas e furações e cortes. Ressalta-
se que o fato de não usar argamassa não 
afetou a resistência das paredes, 
entranto ficaram espaços entre os tijolos 
(na altura), prejudicando o desempenho 
acústico (valor da Diferença 
Padronizada de Nível Ponderada - 
DnT,w obtido em ensaio resultou em 31 
dB, abaixo de 40 dB, desempenho 
esperado segundo norma). Para que o 
sistema construtivo ensaiado atenda às 
necessidades de isolação acústica, 
recomenda-se que sejam desenvolvidos 
estudos na forma de assentamento dos 
mesmos. O uso do reboco internamente, 
e/ou rejunte externo, poderia ser 
avaliado. Essa situação poderia ser 
evitada também com a fabricação de 
tijolos com dimensões mais precisas. 
 Concepção do sistema construtivo: 
utilização de instalações hidráulica, 
elétrica e sanitária aparentes, atendendo 
plenamente. 
 
Finalmente, conclui-se que foi possível a 
utilização dos rejeitos de minério de ferro na 
fabricação de tijolos intertravados de alto 
desempenho. Em relação à construção do 
“ambiente construído” com um pavimento, 
ressalta-se que em todas as etapas não 
ocorreram situações que pudessem inviabilizar 
a construção. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Os autores agradecem à SAMARCO Mineração 
S. A., cujo fomento possibilitou essa pesquisa. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ABNT (1984a). NBR 6508 - Grãos de solos que passam 
na peneira de 4,8 mm – Determinação da massa 
específica. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 
São Paulo, SP, 8p. 
ABNT (1984b). Solo – Análise granulométrica. NBR 
7181, Associação Brasileira de Normas Técnicas, São 
Paulo, SP, 15p. 
ABNT (1984c). NBR 6459, Determinação do limite de 
liquidez. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 
São Paulo, SP, 6 p. 
ABNT (1984d). NBR 7180, Determinação do limite de 
plasticidade. Associação Brasileira de Normas 
Técnicas, São Paulo, SP, 3p. 
ABNT (1986). Solo –- Ensaio de compactação. NBR 
7182, Associação Brasileira de Normas Técnicas, São 
Paulo, SP, 10p. 
ABNT (1995). Solo – Determinação do coeficiente de 
permeabilidade de solos granulares a carga constante. 
NBR 13292, Associação Brasileira de Normas 
Técnicas, São Paulo, SP, 8p. 
ABNT (2000). Solo – Determinação do coeficiente de 
permeabilidade de solos argilosos a carga variável. 
NBR 14545, Associação Brasileira de Normas 
Técnicas, São Paulo, SP, 12p. 
ABNT (2014). NBR 6136 - Blocos vazados de concreto 
simples para alvenaria — Requisitos. Associação 
Brasileira de Normas Técnicas, São Paulo, SP, 10p. 
Das, S. K.; Kumar, S.; Ramachandrarao P. (2000). 
Exploitation of iron ore tailing for the development of 
ceramic tiles. Waste Management 20, pp 725-729. 
Esposito, T., Mantilla, J. N. R., Carrasco, E. V. e 
Moreira, L. E. (2011). Estudo da viabilidade do 
aproveitamento dos rejeitos da Samarco Mineração S. 
A. Na construção civil e como material alternativo em 
obras geotécnicas. Relatório Técnico. UFMG. 52 p. 
Vieira, C. M. F.; Souza, C. C., Monteiro, S. N. (2006). 
Efeito da incorporação de resíduo de minério de ferro 
nas propriedades de queima de cerâmica argilosa. 17o 
CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e 
Ciência dos Materiais, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. 
Zhong-lai Yi, Heng-hu Sun Xiu-quan Wei Chao Li 
(2009). Iron ore tailings used for the preparation of 
cementitious material by compound thermal activation. 
International Journal of Minerals, Metallurgy and 
Materials, Volume 16, Issue 3, June 2009, pp 355-
358. 
RMRC Recycled Materials Resource Center (2014). 
Mineral Processing Wastes User Guideline 
http://www.recycledmaterials.org/tools/uguidelines/m
wst4.asp

Outros materiais