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Estudo Dirigido - Propedêutica (Sarah Schollmeier e Riane Wanzeler M4 2016.2) Anamnese (adulto e pediátrica) 1) Quais são as partes de uma anamnese e o que significam? I- Identificação: coleta-se os dados principais como nome, sexo, cor, naturalidade, estado civil, profissão e ocupação. II- Queixa Principal: até três motivos que levaram o paciente a procurar o atendimento, de preferência nas palavras do doente; III- História da Doença Atual (HDA): disserta-se, em termos médicos, os sintomas apresentados pelo doente, numa sequência temporal, incluindo-se os atributos do sintoma; IV- Anamnese Dirigida: faz-se uma série de perguntas diretas sobre os principais sintomas de diferentes sistemas. É importante para complementar o que pode ter sido esquecido na história ou que foi considerado irrelevante para o doente; V- História Patológica Pregressa (HPP): pergunta-se de doenças na infância e passadas, cirurgias, internações, alergias; VI- História Fisiológica: questiona-se o desenvolvimento, em relação ao crescimento, desenvolvimento motor, social e reprodutor; VII- História Familiar e Familial: história familiar se refere aos laços consanguíneos, pesquisando-se doenças principalmente genéticas - história familial está relacionada aos moradores e pessoas próximas ao paciente, tendo ou não parentesco, importante em relação às doenças infecto-contagiosas; VIII- História da Pessoa: importante registrar os hábitos e condições de vida do paciente, tem relevância não só para a clínica, mas fortalece a relação médico-paciente e pode-se conhecer mais sobre a forma de vida e o contexto que o paciente se insere. 2) Quais os critérios de alcoolismo na história da pessoa? “Já sentiu necessidade de parar de beber?” “Já se sentiu chateado por pessoas criticarem?” “Já se sentiu culpado por beber?” “Já bebeu álcool de manhã para acordar?” 2 respostas com sim é sinal de abuso. 3) Quais são os atributos de um sintoma? Localização, intensidade, características, cronologia, ocorrência, fatores que agravam, fatores que atenuam e sintomas associados. 4) Quais as diferenças de uma anamnese do adulto e da criança? A anamnese da criança possui basicamente a mesma estrutura da anamnese do adulto, mas dá ênfase no desenvolvimento e na história gestacional da mãe. Alguns fatores importantes são: amamentação e alimentação, “marcos” do desenvolvimento e vacinação. 5) Quais os assuntos que devem ser abordados na entrevista com um adolescente? Rendimento escolar, uso de drogas, relacionamentos e atividades esportivas, além dos demais assuntos de uma anamnese padrão. LESÕES DERMATOLÓGICAS 6) Quais as classificações das lesões dermatológicas elementares? As classificações das lesões dermatológicas elementares incluem: modificação da cor (eritema, equimose, petéquias), sólidas (pápula, placa, nódulos, tumor, entre outras), líquidas (vesícula, bolha, pústula, abscesso), por solução de continuidade (ceratose, escoriação, exulceração, erosão, entre outras), caducas (escama, crosta, escaras) e sequelas (cicatrizes). ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA 7) O que é consciência e qual a diferença entre nível e conteúdo da consciência? Consciência é a capacidade de o indivíduo reconhecer a si mesmo e aos estímulos do ambiente. O conteúdo da consciência é referente à coerência e lógica do pensamento, enquanto que o nível de consciência é o grau de alerta do indivíduo. 8) Quais são os 4 níveis de consciência? *Alerta (acordado): abre os olhos, olha e responde de forma completa e apropriada; *Letárgico (sonolento): alterada capacidade de pensar claramente, percepção, responder e recordar os estímulos comuns, com a rapidez habitual. Tende a cair em sono quando não estimulado, sendo necessário falar alto ou tocá-lo para que compreenda uma pergunta; *Torporoso (esturpor): pode ser despertado por estímulos álgicos, mas as respostas verbais são vagarosas ou inexistentes. O paciente faz algum esforço para evitar estímulos desconfortáveis, recaindo num estado de falta de resposta ao cessar do estímulo; *Coma: redução do nível de consciência e incapacidade de reagir a estímulos, inclusive não fazendo tentativas para evitar os estímulos dolorosos e não conseguindo despertar. A maioria é por causas metabólicas, não sendo visualizadas em exames de imagem. Dura pelo menos 1h, devendo-se diferenciar de outras alterações transitórias, e mantém-se por até 2 à 4 semanas 9) Defina as características do coma. É uma alteração aguda do nível de consciência, com duração superior a uma hora e inferior a 4 semanas. Não responde a nenhum estímulo do ambiente, mesmo álgico, sendo incapaz de ser acordado. 10) Quais as estruturas anatômicas responsáveis pelo alerta? Sistema Reticular Ativador Ascendente, interação tálamo-hipotálamo-córtex e ativação difusa cerebral. 11) Descreva possíveis causas do coma, ressaltando a diferenciação clínica desses dois tipos de causas. O coma pode ter uma causa estrutural ou não estrutural. As causas estruturais podem ser lesões diretas ao SRAA localizado no tronco encefálico, uma lesão unilateral em que há distorção de um hemisfério ou lesões bilaterais difusas. Geralmente são acompanhados de sinais focais, como dilatação pupilar. As causas não estruturais são geralmente metabólicas, podendo ser decorrentes de lesões hepáticas, renais e tóxicas. Não possuem sinais focais mas podem vir ou não acompanhadas de sinais meníngeos. 12) Diferencie coma para locked in, mutismo acinético, estado vegetativo permanente, estado mínimo de consciência, catatonia e morte encefálica. Cite quais áreas foram lesadas e quais reflexos e comportamentos são mantidos. Coma é uma alteração aguda do nível de consciência, que dura pelo menos 1h e mantêm-se por 2-4 semanas. É considerado o grau máximo de alteração do nível de consciência, no qual há a incapacidade de acordar. Um estado de irresponsividade no qual paciente permanece com olhos fechados, não consegue ser acordado e não tem consciência de si e do meio externo. Síndrome do encarceramento ou locked-in é quando o paciente está com a consciência intacta, porém não tem condições de se mover ou falar. Nele o movimento vertical dos olhos e pálpebras é preservado. No mutismo acinético, os pacientes parecem estar acordados, mas não falam ou se movem, principalmente quando são estimulados. O paciente está alerta e reconhece estímulos do ambiente e decorre de resultados de lesões frontais bilaterais ou de núcleos talâmicos mediais. O estado vegetativo é resultado de lesão grave do sistema nervoso central. É uma síndrome cognitiva, com completa ausência de conhecimento de si mesmo ou do ambiente. Há preservação dos mecanismos de despertar, alerta, manutenção do ciclo sono-vigília. São capazes de abrir os olhos espontaneamente, mas não há fixação do olhar. Não obedecem a comandos ou se movem com algum propósito. A função cardíaca, padrão respiratório e outras funções não cognitivas estão normais (funções vegetativas preservadas). No estado mínimo de consciência há preservação dos mecanismos de despertar, alerta. Os pacientesdemonstram algum conhecimento de si e do meio de maneira intermitente, obedecem a comandos simples, respondem sim e não, têm discurso inteligível, comportamento com propósito e respostas a dor e tato. Catatonia é a manifestação de distúrbios psiquiátricos com mutismo, psicose e hipoatividade grave. Indivíduos incapazes de realizar movimentos voluntários e não demonstram sinais de sofrimento. Vê-se uma tentativa voluntária de parecer menos capaz de responder e uma flexibilidade cérea. Morte encefálica é a irreversível perda da função encefálica, sendo incapaz de manter a homeostase respiratória e cardiovascular. Nela há ausência das funções cerebrais, do tronco encefálico. A irreversibilidade é sua principal característica, que deve ser demonstrada pela inatividade elétrica, metabólica ou perfusional do cérebro. 13) Quais são os sinais meníngeos? Rigidez de nuca, sinal de Brudzinski e sinal de Kernig. 14) Cite os reflexos do tronco encefálico. A resposta pupilar, movimento ocular espontâneo, reflexo córneo-palpebral e padrão respiratório são exemplos dos reflexos do tronco encefálico. FEBRE 15) O que é febre? É uma elevação da temperatura corporal a partir de pirógenos, que elevam o ponto de ajuste do termostato hipotalâmico. 16) Como funciona a regulação da temperatura corporal? A temperatura corporal normal (normotermia) é definida e regulada pelo hipotálamo. A região pré-óptica do hipotálamo interpreta sinais de calor, enquanto que a medula espinal interpreta os sinais de frio. É a região do hipotálamo posterior a responsável por integrar esses sinais, e definir se o corpo deve perder calor (caso esteja em hipertermia), ou conservar calor (em caso de hipotermia). 17) Quais são as modificações fisiológicas para aumentar e diminuir a temperatura corporal? Mecanismos de conservação de calor, ou seja, que permitem o aumento da temperatura incluem a vasoconstrição e a piloereção, enquanto mecanismos para perda de calor (diminuição da temperatura corporal) incluem a vasodilatação e a sudorese. Quando ocorre vasodilatação o calor produzido pelo metabolismo dos órgãos (sobretudo o fígado) e da contração muscular, são levados até a superfície da pele, onde podem ser transmitidos ao ambiente de quatro formas: irradiação (se a temperatura do corpo for maior que a ambiental), condução/convecção (em contato direto com objetos ou o ar), radiação e evaporação (pela sudorese); 18) O que é o sinal de Lennander? Elevação em mais de 1 grau da diferença axilo-retal de temperatura. Pode ser indicativo de apendicite aguda. 19) Descreva o mecanismo da febre. Lesão tecidual e toxinas bacterianas ativam monócitos, macrófagos e células endoteliais, que secretam citocinas como IL1, IL6 e INFs que estimulam o hipotálamo anterior a liberarem prostaglandina E2, que provoca aumento do ponto de regulação do termostato hipotalâmico. 20) Quais as perguntas que se pode fazer para um paciente que afirma ter febre, mas não mediu? Alguns sintomas e sinais fazem parte da síndrome febril, como astenia, taquicardia (aumento de 15 batimentos por grau), taquipneia (aumento de 13% por grau), calafrios, sudorese, hiporexia, cefaleia. 21) Descreva os tipos de febre. *Contínua: variação de até 1ºC, sem voltar aos níveis normais; *Remitente ou recidivante: variação de mais de 1ºC, mas sem apresentar períodos de apirexia (sem febre); *Intermitente: variação de mais de 1ºC com períodos de apirexia; *Recorrente ou de Paul-Ebstein: longos períodos febris seguidos de longos períodos de apirexia, típico de doença de Hodgkin, brucelose e linfomas; *Irregular ou séptica: com picos altos intercalados com temperaturas baixas ou períodos de apirexia. 22) Quais os dois tipos de término da febre? Em crise e em lise. Em crise é um modo abrupto do fim da febre e geralmente é mais sintomático do que o fim em lise. DOR 23) Classifique os tipos de dor. Somática superficial é bem localizada e de qualidade distinta (picada, pontada, rasgando, queimação). Decorre de trauma, queimadura ou processo inflamatório, sendo sentida pela pele, tecido subcutâneo, aponeuroses, pleura parietal, periósteo, ligamentos e tendões. Esses tecidos são ricos em nociceptores aferentes primários, por isso, a percepção da dor é melhor. Somática profunda é mais aguda e localizada que a dor visceral, mais difusa que a somática superficial. Usualmente descrita como “dolorimento”, acontecendo nas lâminas parietais e mesentério. Visceral: lesão e/ou inflamação de parênquima e parede das vísceras, estímulo por isquemia, distensão, estiramento e contração do músculo liso, vaga, difusa e mal localizada. Pode ser do tipo dor referida, que é sentida em local distante do órgão doente, de padrão de distribuição característico e do tipo dor irradiada, no qual há comprometimento de raiz ou tronco nervoso, que acompanha a distribuição aferente das vias nervosas. 24) Por que existe, anatomicamente, a dor referida? A dor referida é decorrente da convergência de neurônios primários para os secundários, fazendo com que a dor possa aparecer num local distante da lesão desde que corresponda a um mesmo metâmero. 25) Cite respostas fisiológicas relacionadas com a dor. Midríase, taquicardia com aumento da PA, contração muscular e liberação de cortisol. 26) Quais as características semiológicas da dor? *Início: quando, como; *Localização e irradiação; *Tipo: cólica (espasmo e alívio), queimação, latejante, constrictiva; *Intensidade; *Duração, frequência (diária, semanal, mensal) e periodicidade (situação); *Fatores agravantes, associados e atenuantes. CEFALEIA 27) Quais os tipos de cefaleia? Tensional, migrânea e em salvas. 28) O que é enxaqueca? Também conhecida como migrânea, é uma cefaleia primária caracterizada por ter um caráter pulsátil, com duração de 4 a 72 horas, geralmente associada à fotofobia, fonofobia, náuseas e vômitos. 29) Quais são as perguntas que devem ser feitas numa anamnese cuja queixa principal é dor de cabeça? *Quando começou, contexto, circunstâncias, data, sintomas associados, tipo de início; *Localização; *Qualidades, caráter (pulsátil, lateja, queima, pontada, choque); *O que melhora, o que piora a dor, fatores desencadeantes (pessoais); *Intensidade, avaliar consequências da dor, limitações no dia-a-dia; *Frequência (de quanto em quanto tempo a dor vem) e duração da dor (quanto tempo a dor fica); *Sintomas associados, extras ou acompanhantes. 30) Quando devemos solicitar exames complementares? Exames complementares como RM e TC são úteis quando a história direciona para uma causa estrutural, quando a dor é muito acentuada ou com início muito súbito, geralmente o paciente diz que foi a pior dor de cabeça da vida. No entanto, dores que migram ou com início há muito tempo não têm a necessidade de pedir exames de imagem. Além disso, EEG nunca é pedido para cefaléia. DOR TORÁCICA 31) Quais são as doenças mais graves com sintoma de dor torácica? Herpes zoster, fibroadenomas, câncer de mama,costocondrite, fratura de costela, miosite, esofagite, úlcera péptica, abscesso hepático, pancreatite,pneumonia, pneumotórax, pericardite, miocardite, dissecção aórtica, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, teratoma, timoma e linfoma são exemplos de doenças graves com sintomas de dor torácica. 32) Fale das peculiaridades que diferenciam de doenças cardíacas isquêmicas: a) Herpes Zoster: necessariamente o paciente tem que ter tido varicela previamente, sendo uma baixa imunidade capaz de permitir a manifestação do herpes zoster; b) Mastite: comuns após período de amamentação;; c) Fratura de costela: relacionada a traumas nos casos de fratura; d) Distensão do músculo peitoral: podem estar relacionadas com distensões por esforço físico intenso; e) Refluxo gastroesofágico: disfagia e pirose são um dos principais sintomas associados; f) Espasmo esofágico: dor torácica profunda, retroesternal ou dorsal - em queimação; g) Úlcera péptica, doença biliar e pancreatite: causam dor abdominal em associação e não apresentam correlação com esforço físico; h) Embolia pulmonar: decorrente da distensão da artéria pulmonar ou do infarto de um segmento pulmonar - pode ter dispneia e hemoptise; j) Taqueobronquite: dor retroesternal (porção superior) resultante de traqueíte aguda, descrita com sensação de queimadura exacerbada pela tosse; k) Dor pleurítica: é referida como uma punhalada, sua posição é referida com precisão pelo paciente; l) Pneumotórax: irritação da porção central do peritônio diafragmático do lado ipsilateral do lado acometido; m) Dissecção aórtica: causa dor torácica súbita e intensa na face anterior, podendo também ser dorsal, apresenta letalidade de 1% por hora nas primeiras 48 horas, pode vir acompanhada de hipertensão e hipotensão ao mesmo tempo; n) Dor diafragmática: tipo pleurisna, pneumonia, pericardite e abscessos - irritação da porção central do peritônio diafragmático, que origina dor no ombro do lado afetado; o) Pericardite: dor aguda, alucinante e paroxística (vai e volta). 33) Quais são as condições que ocorrem no mediastino anterior? “4 Ts” - tireoide, timoma, teratoma e terrível linfoma; 34) Cite causas da alteração da oferta e demanda do músculo esquelético, levando à isquemia. A alteração da oferta e demanda do músculo esquelético pode ocorrer por uma diminuição na oferta de oxigênio, aumento de sua demanda ou ambos. A hipertrofia ventricular secundária a cardiopatia valvar, miocardiopatia hipertrófica ou hipertensão arterial pode predispor o miocárdio à isquemia, por conta da penetração reduzida de fluxo sanguíneo das artérias coronárias epicárdicas para o endocárdio. 35) Diferencie angina estável, de instável, de IAM. A angina estável, em geral, desenvolve-se gradualmente durante um esforço físico, estresse emocional ou após refeições “pesadas” e que apresenta melhora com uso de nitroglicerina sublingual. A angina instável e o infarto agudo do miocárdio apresentam sintomas semelhantes ao da angina estável, porém com maior duração e intensidade. O início pode ocorrer em repouso, durante o sono ou até acordar o paciente pela dor intensa. Por fim, o uso de nitrato sublingual apresenta efeito transitório ou até mesmo nulo. 36) Quais são as características que classificam uma dor definitivamente anginosa e uma não anginosa? A dor definitivamente anginosa caracteriza-se como um desconforto retroesternal precipitado por esforço, com irradiação típica para o ombro, mandíbula ou face interna do braço, tendo sintomas desencadeados pelo esforço, aliviado pelo repouso ou uso de nitrato em menos de 10 minutos. A dor definitivamente não anginosa pode ter como características a ausência de alta suspeição para outro diagnóstico, alta suspeição para outro diagnóstico, dor pleurítica em pontada relacionada à respiração ou tosse, desconforto bem localizado, dor constante de duração de dias ou fugaz e irradiação para extremidades inferiores. 37) Quais são as alterações no eletrocardiograma que sugerem infarto do miocárdio? Presença de injúria (supra de ST), necrose (complexo QRS negativo) e isquemia (onda T negativa). 38) Quais os fatores de risco para IAM? Sexo masculino, homens maiores de 55 anos, mulheres maiores que 65 anos, tabagismo, diabetes melitus, HAS, história familiar de doença cardiovascular prematura, perfil lipídico anormal, LDL elevada, triglicerídeos elevados, relação colesterol/HDL elevada, HDL baixo, aterosclerose periférica (claudicação intermitente). 39) Quais os exames complementares em suspeita de: a) Angina: ECG; b) IAM: ECG; c) Paciente estável com suspeita de estenose que possa provocar IAM posterior: cineangiocoronariografia; d) Padrão ouro para detectar estenoses: cineangiocoronariografia. LOMBALGIA 40) Como diferenciar de acordo com a posição da mão do doente nas costas, se é uma dor de origem musculoesquelética ou renal? Se o paciente colocar a mão espalmada para frente com polegar para trás, a dor provavelmente é renal. Se o paciente colocar a mão espalmada para trás com o polegar para a frente, provavelmente é dor lombar de origem musculoesquelética. 41) Quais as hipóteses diagnósticas se a dor irradia para frente ou a dor inicia na frente e irradia para a coluna lombar? Se a dor irradia para frente, a provável hipótese diagnóstica é cálculo renal. Se a dor tem início na frente e irradia para a lombar, a provável hipótese é lombociatalgia. 42) Diferencie uma dor lombar causada por osteoporose, metástases ósseas, pielonefrite aguda e nefrolitíase, indicando os principais sintomas. Na dor lombar causada por osteoporose, em geral, surge após fratura. Antes disso, é assintomática, pois a compressão é lenta. Os sintomas são dor aguda irradiando para flancos e parede anterior, que piora com ortostatismo e que persiste por muito tempo. A dor da metástase óssea é insuportável e muitas vezes resistente aos opióides, incluindo morfina. Na pielonefrite, a dor lombar é de início súbito, com irradiação para parte superior ou inferior do abdome, geralmente associada com febre elevada. A dor da nefrolitíase é a dor associada a passagem do cálculo, denominada de cólica nefrética, com início súbito, progressivo, alucinante e com sintomas gastrintestinais, que melhora com a migração do cálculo. ESTADO NUTRICIONAL 43) Descreva as fácies de pacientes com aguda, crônica e cetoadaptadas. *Agudo (privação calórica): aspecto de cansaço; *Crônica (estágio de cetoadaptação): aspecto de tristeza; *Crônico adaptado (cetoadaptado): marasmático. 44) Como avaliar o estado de desidratação? É possível avaliar o estado de desidratação pelo brilho nos olhos, mucosas, lábios, pela sede do paciente e produção de saliva. 45) O que indicam línguas saburrosa e despapilada? Língua saburrosa indica infecção, doenças do fígado e até mesmo distúrbios gastrintestinais. A despapilada indica hipovitaminose, provavelmente por carência de B12. 46) Quais as principais atrofias musculares na desidratação? Sinal da asa quebrada (irreversibilidade nutricional) e atrofia do adutor do polegar (mão dominante). 47) Quais os sinais que indicam, respectivamente, irreversibilidade nutricional e edema intersticial?*Irreversibilidade nutricional: sinal da asa quebrada; *Edema intersticial: sinal do cacifo. 48) Quais são as causas para uma distensão abdominal? As causas para distensão abdominal são fetos (gravidez), flatos (gases), fezes (obstrução fecal), fluido (ascite) e fatos (tumor - massa). DOR ABDOMINAL 49) Paciente chegou na emergência com dor difusa e algumas horas depois passou a localizar a dor. Por diminuir a área da dor, isso é um sinal de melhora? A situação descrita caracteriza uma piora do quadro, pois trata-se de uma dor em 2 tempos, de início com acometimento visceral e posteriormente, somático. Tal fato caracteriza uma expansão do quadro inflamatório que agora atinge áreas mais superficiais. 50) Qual a provável hipótese diagnóstica com sinal de Giordano, Blumberg e dor a compressão do ponto de McBurney? *Sinal de Giordano: pielonefrite; *Sinal de Blumberg: peritonite por apendicite; *Dor a compressão do ponto de McBurney: apendicite aguda. ALTERAÇÕES GASTROINTESTINAIS 51) O que é e como se classifica uma disfagia? Quais exames complementares pedir quando é motora ou mecânica? Disfagia é a dificuldade em deglutir. Pode ser classificada em alta (ou orofaríngea ou de transferência) e baixa (ou esofagiana ou de transporte). Em casos de problemas relacionados à questão motora recomenda-se como exame complementar os do tipo radiológico e a esofagomanometria. No caso das mecânicas, os exames endoscópicos são os mais adequados. 52) O que são odinofagia e sensação de globus? Odinofagia é a dor ao deglutir. Sensação de globus é a sensação de bolo na garganta. 53) Qual a diferença de vômito e regurgitação? Vômito é a expulsão de forma ativa do conteúdo estomacal através da boca. Diferentemente do que ocorre na regurgitação, que é passiva, dependente de ação gravitacional e mais comum em bebês. 54) Qual a diferença entre pirose e dispepsia? Pirose é uma queimação retroesternal. Dispepsia é uma dor ou desconforto persistente localizada na região central do abdome superior. 55) Quais sintomas geralmente acompanham a dispepsia? Distensão gasosa, saciedade precoce, plenitude pós prandial (lentificação do processamento do conteúdo gástrico), náuseas, anorexia, pirose, regurgitação e eructações (arrotos) são os sintomas frequentemente encontrados em associação com a dispepsia. 56) Quais os sinais e sintomas de alarme para uma dispepsia de origem orgânica e qual o exame complementar indicado nesses casos? Disfagia, emagrecimento, dor intensa, irradiação para o dorso, hematêmese, melena, anemia, icterícia, organomegalias, massas, ascite. A endoscopia é o exame complementar mais indicado nesses casos. 57) Por que pode-se dizer que diarreia é um conceito quantificado enquanto que a constipação é de caráter subjetivo? 58) Como classificar a diarréia em relação ao número de evacuações por dia, relacionando com o segmento intestinal possivelmente acometido e ao tempo da presença da diarreia? Com relação ao número de evacuações e segmento intestinal, a diarreia pode ser classificada em alta e baixa. Na alta, o número de evacuações é menor do que 10 vezes ao dia, porém com grande volume em cada evacuação. Na baixa, o número de evacuações ultrapassa 10 vezes ao dia, mas com volume reduzido em cada uma. A respeito do tempo de permanência do quadro, pode ser classificada em aguda, persistente e crônica. Na aguda, a duração é de até 2 semanas. Na persistente, dura entre 2 e 4 semanas. Na crônica, dura mais do que 4 semanas. 59) Quais os mecanismos que podem levar à diarreia? Os possíveis mecanismos que podem levar ao quadro de diarreia incluem as de natureza osmótica (acúmulo de solutos osmoticamente ativos), secretória (transporte anormal de íons), por alteração da motilidade (redução do tempo de trânsito e com consequente diminuição da absorção de líquidos) e inflamatória (alteração na integridade da mucosa). 60) Quais exames complementares solicitar em suspeita de: a) Doença celíaca: pesquisa de anticorpos; b) Histórico de antibioticoterapia prolongada: coprocultura; c) Parasitoses: exame parasitológico das fezes; d) Neoplasia: colonoscopia. 61) Dê possíveis causas para a constipação. Neoplasias, estenoses, doenças orificiais, medicações, síndrome do intestino irritável, megacólon, hipotireoidismo, doenças neurológicas, medulares são algumas das possíveis causas para a constipação. PRESSÃO ARTERIAL 62) Quais os determinantes e componentes da pressão arterial? Os determinantes da pressão arterial são coração, aorta, vasos arteriais e vasos de capacitância. Os componentes são a pressão sistólica máxima, a pressão diastólica mínima, pressão média e pressão de pulso. 63) Quais as alterações da pressão arterial que indicam maior risco cardiovascular em jovens e idosos? As alterações da pressão sistólica indicam maior risco cardiovascular em jovens e as da pressão de pulso, em idosos. 64) Quais complicações podem ser geradas pela HAS? As complicações por hipertensão arterial incluem: hemorragia cerebral, retinopatia, hipertrofia ventricular esquerda, insuficiência cardíaca congestiva, aneurisma e ruptura vascular. 65) Como diagnosticar HAS? O diagnóstico é feito pela medida da pressão arterial. O cálculo deve ser a média das medidas de 2 consultas consecutivas e ser acima ou igual a 140x90 mmHg. 66) Quais são os métodos de aferição da PA? Os métodos de aferição da PA podem ser palpatório, auscultatório e oscilatório. No método palpatório, deve-se palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, para a estimativa do nível da pressão sistólica; desinflar rapidamente e aguardar um minuto antes de inflar novamente. O método auscultatório utiliza-se do estetoscópio para auscultar os sons de Korotkoff, associado ao esfignomanômetro. O método oscilatório utiliza manômetros digitais que devem ser validados em relação ao padrão ouro. Eles medem oscilações de pulsação da artéria braquial, logo mede a pressão sistólica e estima a diastólica por algoritmos. 67) O que acontece se usar um manguito pequeno para um braço grande e vice-versa? Em caso de uso de manguito pequeno para um braço grande pode ocorrer uma falsa percepção de elevação da pressão arterial. No uso de manguito grande para braço pequeno, pode ocorrer uma falsa redução da pressão arterial. 68) Explique como é feita a medida da PA por esfigmomanômetro. I. Deve-se explicar o procedimento ao paciente, orientar que não fale e deixar que descanse por 5-10 minutos em ambiente calmo, com temperatura agradável, a fim de atenuar o efeito do jaleco branco. II. Certificar-se de que o paciente cumpriu as orientações antes de realizar o procedimento, tais como: prática de exercícios físicos, fumo, alimentos e bebidas alcoólicas. III. Utilizar o manguito de tamanho adequado, cerca de 2 a 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. IV. Manter o braço do paciente na altura do coração, livre de roupas, com a palma da mão voltada para cima e cotovelo ligeiramente fletido. V. Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do mostradordo manômetro aneróide. VI. Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria braquial na fossa antecubital, evitando compressão excessiva. VII. Inflar rapidamente, de 10 em 10 mmHg, até ultrapassar 20-30 mmHg, o nível estimado de pressão sistólica. Proceder a deflação, com velocidade constante inicial de 2-4 mmHg por segundo. VIII. Após identificação do som que determina a pressão sistólica, aumentar a velocidade para 5-6 mmHg para evitar congestão venosa e desconforto para o paciente. IV. Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (fase I de Korotkoff), seguido de batidas regulares que se intensificam com o aumento da velocidade de deflação. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff). Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar o seu desaparecimento e depois proceder a deflação rápida e completa. Quando os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff), anotar valores da sistólica/diastólica/zero. X. Registrar os valores das pressões diastólica e sistólica, completando com a posição do paciente, o tamanho do manguito e o braço em que foi feita a medida. Não arredondar os valores de pressão arterial para dígitos terminados em zero ou cinco. XI. Esperar 1 a 2 minutos antes de realizar novas medidas. XII. O paciente deve ser informado sobre os valores obtidos da pressão arterial e a possível necessidade de acompanhamento. 69) O que é hiato auscultatório e como evitar? Hiato auscultatório é o intervalo, no qual, os sons de Korotkoff não são audíveis, que podem ser responsáveis por medidas de pressão sistólica falsamente baixa ou pressão diastólica falsamente elevada. É comum em idosos, pela maior rigidez das artérias. Para evitar esse fenômeno, é essencial a realização do método palpatório e de se manter a ausculta por mais de 20-30 mmHg após o desaparecimento dos sons, em caso do som reaparecer. 70) Existe pressão 160 x 85? Não, pois a marcação dos valores ocorre aos pares e também não deve ser arredondada. 71) Quais são as fases de Korotkoff? As fases de Korotkoff são o surgimento dos primeiros sons de alta frequência (pressão sistólica), sons suaves de baixa frequência, sons de maior intensidade, abafamento progressivo dos sons e por fim o desaparecimento deles (pressão diastólica). 72) O manguito foi insuflado após o valor da sistólica e a artéria radial continua sendo palpável. Qual o nome desse sinal e o que indica? Manobra de Osler. Nesse caso, é considerado positivo e indica que existe a possibilidade de pseudo-hipertensão. 73) Quais são os erros mais comuns na aferição da pressão arterial? Os erros mais comuns são os do examinador, do equipamento e do método. O examinador que apresenta preferências por um dígito final, ângulo de leitura, emprego inadequado da técnica. O equipamento pode estar com calibragem inadequada ou o tamanho da bolsa/manguito serem desproporcionais. No caso do método, o endurecimento dos vasos no idoso e os estados de vasoconstrição acentuada são fatores que possibilitam erros no procedimento. 74) Quais os valores encontrados na hipertensão e hipotensão? Os valores para hipertensão são maior ou igual a 140x90 mmHg e para hipotensão deve ser uma redução de 20 mmHg da pressão sistólica ou de 10 mmHg da pressão diastólica em relação à pressão usual. 75) Quais são as lesões de órgãos alvo mais comuns na HAS? As lesões de órgão alvo mais comuns são as doenças cardíacas, AVE, doenças renais crônicas, doenças arteriais periféricas e retinopatias hipertensivas. 76) Diferencie pulso paradoxal, pulso alternante e hipotensão ortostática. São indicativos de quais condições? Pulso paradoxal ocorre quando há variação da pressão sistólica acima de 10 mmHg - indicativo de tamponamento cardíaco e pericardite. Pulso alternante ocorre quando há variação da pressão sistólica a cada batimento cardíaco - encontrado em ICC grave e arritmias. Hipotensão ortostática é a queda da pressão sistólica maior que 20 mmHg ou da pressão diastólica maior que 10 mmHg após 3 minutos de ter se colocado em pé - comum em hipoperfusão cerebral. 77) Qual a diferença entre os braços e entre os braços e as pernas? A diferença entre os membros superiores deve ser menor que 15 mmHg e entre os braços e as pernas deve ser normalmente encontrada com uma pressão sistólica poplítea até 20 mmHg maior que a braquial. ECTOSCOPIA E SINAIS VITAIS 78) Quais os critérios para definir o estado geral, estado mental, estado nutricional e relação peso/altura? O estado geral apresenta caráter subjetivo e pode ser classificado em bom, regular ou ruim. Estado mental pode-se utilizar de critérios do formulário mini-mental, que pode ser classificado em lúcido, sonolento, torporoso e comatoso. Estado nutricional avalia ganhos e perdas de peso, podendo ser classificado em obeso e desnutrido. A relação peso/altura permite o cálculo do IMC (índice de massa corpórea), que é a divisão do peso sobre altura ao quadrado. Com isso, pode-se dizer se o indivíduo encontra-se abaixo do peso (menor que 18), saudável (18-25), em sobrepeso (25-30), em obesidade de grau I (30-35) e em obesidade grau II (35-40). 79) Quais são os biotipos, como são medidos e qual sua importância? O biotipo não apresenta muita relevância clínica, exceto em alguns biotipos clássicos como na síndrome de Marfan. Ele é dado pelo ângulo de Charpy, que é o ângulo que o gradil costal forma a partir do processo xifóide. Pode ser classificado em brevilíneo, quando o ângulo é menor que 90ª, normolíneo, quando é igual a 90ª e longilíneo, quando o ângulo é maior que 90ª. 80) Diferencie as marchas ébria, ceifante, talonante, parkinsoniana e anserina. A marcha ébria é a do bêbado, que é oscilante, instável e de base larga. Na ceifante, o indivíduo mantém um braço flexionado em 90ª imóvel e próximo ao corpo, estando a perna do mesmo lado espástica, sem movimentação do joelho. A talonante é a encontrada em pacientes com sífilis. A parkinsoniana é a de portadores do mal de Parkinson, caracterizada pela hesitação ao caminhar e passos curtos, rápidos e robotizados. A anserina é a das grávidas e portadores de distrofias musculares, na qual a pessoa dá o passo e o quadril cai em função da fraqueza muscular. 81) Descreva as fácies típicas. *Hipocrática: olhar inexpressivo, boca semiaberta, emagrecido com perda da bola gordurosa de Bichot, nariz e lábios adelgados, suor e palidez, com cianose labial discreta; *Renal: edema periorbitário, rosto pálido e edemaciado, lábios podem inchar; *Hipertireoidismo (ou basedowiana): bócio, exoftalmia; *Mixedema (hipotireoidismo grave): cabelos ressecados, grosseiros e ralos, rarelação dos pêlos da sobrancelha, edema periorbitário, rosto inexpressivo, pele seca; *Acromegálica (tumor produtor de GH): testa e mandíbula proeminente, aumento dos tecidos moles como nariz, orelha, por exemplo;*Cushingóide: face arrendondada ou em “lua cheia”, com bochechas avermelhadas abundância de pêlos, hirsutismo, estrias violáceas; *Mongolóide: prega (epicanto) que distancia os olhos, rosto redondo, boca entreaberta; *Dolorosa: olhos com pouco brilho e fixos, por vezes voltados pro chão, acentuação do sulco nasolabial, ângulo da boca rebaixado; *Tumoral: olho de gato perdido; *Parkinsoniana: olhar fixo e redução da mobilidade; *Leonina: pele espessa com lepromas variados e confluentes, queda dos supercílios, infiltração do pavilhão auricular, nariz alargado, lábios grossos, bochecha e mento deformado (com barba ausente ou diminuída) - comum em hanseníase; *Mitral: hiperemia do dorso do nariz - comum em pacientes com estenose mitral; *Adenoidiana/Respirador Bucal: prega de Dennie Morgan (em rinite alérgica também), nariz pequeno e afilado, boca entreaberta (halitose). 82) Quais são as posições voluntárias e involuntárias que o paciente pode ser encontrado no leito? As posições voluntárias podem ser: *Ortopneica: sentado com pés no chão e mãos no colchão ou encosta com ajuda de muitos travesseiros - alívio em insuficiência cardíaca, bronquite e ascites; *Genupeitoral ou Prece Maometana: de joelhos com tronco fletido e peito em contato com o colchão, rosto descansa sobre as mãos - alívio em derrame pericárdico e pancreatite aguda; *Atitude de Blechmann: abraçando o travesseiro para alívio de pericardite; *Cócoras: alívio em cardiopatia congênita cianótica; *Parkinsoniana: semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores; *Decúbito lateral: dor pleurítica ipsilateral; *Decúbito dorsal: perna fletida sobre as coxa e a perna sobre o quadril; *Decúbito ventral: com travesseiro sob o ventre - em inflamação pelviperitoniais, como apendicite; *Antálgica: diferentes graus de flexão colunar em decúbito (lombalgia, por exemplo) - em cólica intestinal; As posições involuntárias podem ser: *Passiva: posição em que é colocado o paciente (por exemplo, no coma); *Ortótono: membros e troncos rígidos; *Opistótono e emprostótono: contratura lombar no tétano e meningite; *Pleurostótono: contratura lateral no tétano, meningite e raiva; *Posição em gatilho ou cão-martelo ou cabo de espingarda: hiperextensão da cabeça e flexão das pernas sobre as coxas, com encurvamento do tronco para diante - ocorre em irritação meníngea; 83) Descreva os movimentos involuntários. Os movimentos involuntários podem ocorrer sob a forma de tremores (de repouso, de atitude, de ação, vibratório), movimentos atetóticos ou reptiformes (Kernicterus), mioclonias, tiques, tetanias (Trousseau e Chovestek), coréia, hemibalismo e distonia de torção. 84) Quais são as características que devem ser observadas na pele? Na pele devem ser observadas a cor, umidade, textura, espessura, temperatura, elasticidade, turgor, edema e procura por lesões elementares. 85) Quais são os pulsos a serem avaliados e qual sua importância? Os pulsos a serem avaliados são o carotídeo, da artéria superficial temporal, radial, ulnar, braquial, femoral, poplítea, tibial posterior e dorsal do pé. A importância se dá porque permite o conhecimento da frequência, ritmo, amplitude, tensão e parede arterial. Há também a possibilidade de comparação com artérias homólogas. 86) O que são o teste de Allen? Qual sua importância? O teste de Allen permite avaliar a vascularização da mão e sua importância se dá para procedimentos de revascularização ou colocação de catéteres, por exemplo. Para realizar, basta apertar a artéria radial e ulnar, pedir ao paciente para abrir e fechar as mãos 5 vezes e soltar uma das artérias, observando se haverá hiperemia reativa. 87) Qual a frequência respiratória normal e quais os ritmos respiratórios mais comuns? No adulto, a frequência respiratória normal é de 12-20 incursões respiratórias por minuto (irpm). Os ritmos respiratórios mais comuns são o de Cheyne-stokes, que é a respiração influenciada pelo nível de CO2, a de Biot, que é a respiração agônica, pré-óbito, a de Kussmaul em pacientes com cetoacidose diabética e a suspirosa, geralmente emocional, sendo uma respiração com suspiros. 88) Classifique a febre nas diferentes temperaturas. De acordo com a escala febril, a febre pode ser ligeira, quando em 37-38º C, moderada em 38-39ºC e intensa se maior que 39. Acima de 41ºC, são denominadas de hiperpiréticas. EDEMA 89) O que é edema, anasarca e sinal do cacifo? Edema é o acúmulo de transudato ou exsudato no espaço intersticial ou nas cavidades serosas. Anasarca é o edema generalizado geralmente relacionado à hipoalbuminemia. Sinal do cacifo é um sinal clínico do edema e pode ser mensurado em cruzes. O médico pressiona a região a ser investigada e avalia a profundidade e o tempo que demora para voltar. 90) Quais os mecanismos iniciadores e perpetuadores do edema? Os mecanismos iniciadores do edema são 4: Aumento da pressão hidrostática, redução da pressão coloidosmótica capilar, aumento da permeabilidade capilar e obstrução linfática. Todos os mecanismos causam uma hipovolemia relativa que induz uma resposta compensatória pelo sistema renina angiotensina aldosterona. Isso perpetua o edema por aumentar a volemia e, consequentemente, eleva a pressão hidrostática e reduz a pressão osmótica. 91) Qual a diferença do edema de origem renal, hepática e ICC? O edema de origem renal é principalmente periorbitário, pela manhã, com melhora ao longo do dia. O edema de origem hepática cursa inicialmente com ascite e a ICC tem associado um edema gravitacional, paroxístico, ascendente, associado à ortopneia e dispneia paroxística noturna. 92) Que tipo de edema é exclusivo da obstrução linfática? Edema duro, que não possui o sinal do cacifo. 93) Quais perguntas são fundamentais na propedêutica do edema? Algumas perguntas são fundamentais na propedêutica do edema, tais como: *Se causa é local ou sistêmica; *Se for sistêmica, perguntar se a origem é de doença cardíaca, hepática ou renal; *Avaliar características, distribuição e evolução do edema; *Observar sinais e sintomas de doença sistêmica; *Perguntar de alterações na cor e volume urinário. 94) Quais os edemas fatais? Edema cerebral, pulmonar e laríngeo. 95) Qual o tratamento do edema? Se for de causa básica, o tratamento sintomático ocorre com o uso de diuréticos e inibidores da ECA, bloqueadores da angiotensina II e até mesmo antagonistas da aldosterona. Entretanto, todos esses fármacos devem ser bem utilizados, a fim de que não ocorra hipovolemia e consequentemente, o choque. 96) Diferencie síndrome nefrítica e nefrótica. *Síndrome nefrítica: edema, hematúria e hipertensão arterial; *Síndrome nefrótica: edema, proteinúria e hipoalbuminemia. ICTERÍCIA 97) O que é icterícia e quais as principais causas? Icterícia é a coloração amarelada da pele, mucosa e escleras em decorrência do acúmulo de bilirrubina direta ou indireta. As principais causas são: *Indireta: hemólise, redução da captação, redução da conjugação; *Direta: lesão hepatocelular e colestase. 98) Explique o metabolismo do grupamento HEME. O heme normalmente é proveniente das hemácias senescentes (mais ou menos 120 dias).Quando elas morrem, elas são lisadas e seu conteúdo é liberado na circulação. A bilirrubina é produto da degradação da hemoglobina. A biliverdina é oxidada em bilirrubina (responsável pela coloração esverdeada) nas células reticuloendoteliais, principalmente do fígado e do baço, surgindo a bilirrubina indireta, que circula ligada à albulmina (uma ligação fraca). Ela passa pelos sinusóides hepáticos, onde é captada, depois conjugada e então excretada sob a forma de bilirrubina direta. 99) Dê 3 causas da icterícia por bilirrubina indireta e 2 da bilirrubina direta. O acúmulo de bilirrubina indireta (não conjugada) pode ocorrer por produção aumentada em casos de hemólise, por redução da captação em uso de fármacos como a rifampicina e por redução da conjugação em síndromes hereditárias, como a que atua sobre a enzima glicuronil transferase. No caso da bilirrubina direta, pode ocorrer por padrões de lesão hepatocelular (hepatite, doença de Wilson) e de lesão colestática (cálculos, colelitíase). 100) Quantifique o teor alcoólico de uma pessoa que toma 1L de cerveja em 2 dias. Assumindo-se que a cerveja apresenta aproximadamente 4% de teor alcoólico, é possível depreender que: 1 L de cerveja em 2 dias, portanto, 500 mL de cerveja em 1 dia. 4g - 100mL Xg - 500mL X= 20g de álcool por dia. 101) Quais as enzimas hepáticas que podem ser medidas para diferenciar citólise de colestase? Aumento de aminotransferases (AST e ALT) sugere citólise e de fosfatase alcalina e Gama GT sugere colestase. 102) Diferencie colelitíase, coledocolitíase, colecistite e colangite. Colelitíase é o cálculo na vesícula biliar. Coledocolitíase é o cálculo no colédoco. Colecistite é a inflamação na vesícula biliar. Colangite é a inflamação do colédoco. 103) Quais os estigmas da insuficiência hepática e hipertensão portal. Os estigmas de insuficiência hepática são icterícia, encefalopatia, ascite, telangiectasias, eritema palmar, ginecomastia, atrofia testicular e rarefação pilosa. Os estigmas de hipertensão portal são circulação colateral, esplenomegalia e ascite. 104) Como diagnosticar uma icterícia em direta e indireta? Clinicamente, a presença de colúria (“urina com cor de coca-cola”) indica acúmulo de bilirrubina direta, pois a indireta deve estar associada à proteínas plasmáticas e, assim, não pode ser filtrada. DISPNÉIA 105) O que é dispneia e quais os seu mecanismos e causas? Dispneia é a consciência da necessidade de um esforço respiratório aumentado. Os mecanismos podem ser por aumento da resistência das vias aéreas, parede torácica e pulmões com menor complacência e maior esforço ventilatório para atender às demandas orgânicas. As causas incluem: afecções das vias respiratórias, da pleura, alterações pulmonares, cardíacas, do mediastino, da caixa torácica, dentre outras afecções. 106) Como classificar a dispneia pela posição? A dispneia pode ser classificada de acordo com a posição do indivíduo. Ortopneia é a dispneia em decúbito dorsal. A dispneia paroxística noturna é a dispneia que leva ao despertar noturno. A trepopneia é a dispneia quando em decúbito lateral. A platipneia é a dispneia na posição ortostática. 107) Qual a diferença de efeito shunt e espaço morto? Efeito shunt é o espaço não ventilado, porém perfundido. Espaço morto é a ausência de perfusão, mas com ventilação. 108) Quais os diagnósticos diferenciais da dispneia? Os diagnósticos diferenciais da dispneia incluem: doença obstrutiva das vias aéreas, dificuldade de expansão dos pulmões, resistência à expansão da caixa torácica, comprometimento da musculatura respiratória, doença pulmonar oclusiva, doença cardíaca e ansiedade. 109) Quais exames complementares na dispnéia. Os exames complementares são: telerradiografia de tórax, prova de função pulmonar e determinação das frações de ejeção de ventrículos direito e esquerdo. CIANOSE 110) O que é cianose e qual a diferença entre central e periférica? Cianose é a coloração azulada da pele e mucosas por aumento do teor de hemoglobina reduzida ou dos derivados da hemoglobina nos pequenos vasos sanguíneos desses locais. A cianose pode ser central ou periférica. A central ocorre devido à baixa saturação do sangue arterial ou pela presença de derivado anormal da hemoglobina, sendo percebida pela mucosa e pele com coloração azulada. A periférica ocorre devido à lentidão do fluxo sanguíneo e a uma elevada extração de oxigênio de sangue arterial. É percebida pela mucosa oral e freio da língua são poupados. 111) Qual a saturação normal do oxigênio e quando a cianose é detectável? A saturação normal é acima de 95%, porém a cianose pode ser detectável quando a saturação de oxigênio encontra-se em torno de 75-85%. 112) Quais são as causas centrais e periféricas da cianose? Na cianose central há baixa saturação arterial de oxigênio, por baixa pressão atmosférica, hemoglobinopatias, disfunções pulmonares e shunts anatômicos. A cianose periférica pode ocorrer por exposição ao frio, redução do débito cardíaco, redistribuição do fluxo sanguíneo, obstrução arterial e venosa. 113) Como abordar um paciente com cianose? A abordagem deve ser iniciada com uma história clínica, posteriormente, deve ser feita uma caracterização da cianose, classificando-a como central ou periférica. Deve-se avaliar também no exame físico a presença ou ausência de baqueteamento digital. Por fim, determina-se a saturação de oxigênio e solicitam-se exames complementares. 114) Paciente com dispneia e edema de MMII e paciente com dispneia e tosse produtiva. Quais as causas mais prováveis e quais os exames complementares a serem pedidos? Paciente com dispneia e edema apresenta como causa mais provável a insuficiência cardíaca congestiva, sendo recomendada realização de raio-X e de ECG. No caso do paciente com dispneia e tosse produtiva, a hipótese mais provável é edema agudo de pulmão, podendo ser solicitado também raio-X. ANEMIA 115) Qual a diferença entre a anemia crônica e aguda? Se a anemia for de instalação rápida, por sangramento intenso ou hemólise, será aguda. Contudo, se for um sangramento de baixo volume durante um longo período será crônica. 116) Qual a causa mais provável de anemia com perversão alimentar e VCM menor que 80? A causa mais provável é a anemia ferropriva. 117) Quais os valores normais de hemácias, hemoglobina, hematócrito, leucócitos e plaquetas? *Hemácias: 4,6-6,2 milhões/mcL em homens e 4-5,4 milhões/mcL em mulheres; *Hemoglobina: 14-18 g/dL em homens e 12-15 g/dL em mulheres; *Hematócrito: 40-54 % em homens e 35-49 % em mulheres; *Leucócitos: 4.500-10.000 mcL; *Plaquetas: 150.000-450.000 mcL; 118) Pode-se diagnosticar uma anemia apenas pelos sinais e sintomas clínicos? Não, visto que exames complementares como o hemograma permitem um diagnóstico mais preciso. 119) Numa anemia microcítica, como confirmar anemia ferropriva? Nesses casos haverá diminuição do volume corpuscular médio no hemograma, pela história serão notadas características específicas, tais como a perda excessiva de sangue ou perversão alimentar. No hemograma, poderá ser notada tambémdiminuição de hemoglobina e do hematócrito. Pode ser requerida também dosagem de ferritina. 120) Em quais situações os reticulócitos estarão em maior quantidade? Os reticulócitos estarão aumentados em hemólises e sangramentos, porém nunca em doenças medulares. 121) O que também está alterado numa anemia hemolítica? Em uma anemia hemolítica, pode haver alteração também de LDH e de bilirrubina indireta, estando ambas aumentadas.
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