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THAUANA LESSA 1 Anamnese Clínica Definição: a trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e o paciente. A anamnese é o melhor instrumento para fazer a triagem e analisar os sintomas, reconhecer problemas de saúde e preocupações e registrar as maneiras como a pessoa responde a essas situações, permitindo aventar hipótese(s) diagnóstica(s) consistente(s), além de abrir espaço para a promoção da saúde. ➢ Antes do início de uma anamnese devemos observar: • Preparo do ambiente: o local privado e o mais adequado, silencioso e confortável possível. • Apresentação e aparência do examinador: deve apresentar-se ao paciente portando o crachá de identificação da instituição/escola médica a qual pertence, com roupas adequadas. • Postura do examinador: postura acolhedora, além de expressar, por meio de gestos, de olhares e do tom de sua voz, tranquilidade, segurança e interesse no que o paciente está contando. • Contato com o paciente: cumprimento e apresentação. • Solicitação de permissão para anamnese: sempre se deve esclarecer ao paciente aquilo que será feito e perguntar-lhe se está de acordo com a proposição. COMPONENTES DA ANAMNESE • Identificação • Queixa e duração (QD) • História Pregressa da Moléstia Atual (HPMA) • Interrogatório sobre os diversos aparelhos (ISDA) • Antecedentes pessoais (AP) • Antecedentes familiares (AF) Identificação Perfil sociodemográfico que possibilita a interpretação dos dados individuais e coletivos. • Nome: completo e sem abreviações. • Data de nascimento: dia/mês/ano. • Idade: em anos • Sexo • Etnia o amarela; o branca; o parda; o negra; o vermelha. • Naturalidade: local de nascimento do paciente • Procedência: local de onde o paciente veio • Escolaridade • Estado civil • Profissão • Religião Queixa e duração (QD) É o motivo da consulta. Sintomas ou problemas que motivaram o paciente a procurar um médico. História Pregressa da Moléstia Atual (HPMA) O relato cronológico dos sinais e sintomas, desde o início da queixa principal até a data atual. DICA! Organize as informações em uma Linha do tempo. Deixar o paciente falar espontaneamente, sem sugestioná-lo OBJETIVOS o Estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente o Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos que influenciam o processo saúde-doença de cada paciente o Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, o(s) problema(s) de saúde do paciente o Registrar e desenvolver práticas de promoção da saúde o Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam seu processo saúde-doença o Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais o Avaliar, de maneira clara, os sintomas de cada sistema corporal. Olá, boa tarde, senhor(a) (nome do paciente). Eu sou (nome do entrevistador), aluno(a) da faculdade de medicina e faço parte da equipe médica que cuida do(a) senhor(a). Estou aqui hoje para conversar sobre a sua história. O(A) senhor(a) se importa de conversarmos agora? O(A) senhor(a) se importa que eu tome notas durante a entrevista? Para iniciarmos a nossa conversa, gostaria de perguntar alguns dados do(a) senhor(a). O que trouxe o(a) senhor(a) à consulta? Há quanto tempo isso está acontecendo? NA PRÁTICA: Mariana Figueireido dos Santos, 26 anos, sexo feminino (cisgênero), negra, solteira, estudante, ensino superior incompleto (cursando), católica, natural de São Paulo – SP e procedente de Salvador – BA. Grau de confiabilidade: bom. THAUANA LESSA 2 No fim poderá ser feita uma exploração do observador para esclarecimento e detalhamento de alguns relatos. Esquema para análise de um sintoma Início Deve ser caracterizado com relação à época de aparecimento. Se foi de início súbito ou gradativo, se teve fator desencadeante ou não Características do sintoma Definir localização, duração, intensidade, frequência, tipo, ou seja, características próprias a depender do sintoma Fatores de melhora ou piora Definir quais fatores melhoram e pioram o sintoma, como, por exemplo, fatores ambientais, posição, atividade física ou repouso, alimentos ou uso de medicamentos Relação com outras queixas Registrar se existe alguma manifestação ou queixa que acompanha o sintoma, geralmente relacionado com o segmento anatômico ou funcional acometido pelo sintoma Evolução Registrar o comportamento do sintoma ao longo do tempo, relatando modificações das características e influência de tratamentos efetuados Situação atual Registrar como o sintoma está no momento da anamnese também é importante CARACTERÍSTICAS DA DOR (sigla ILICIDPFFF) Características Descrição Exemplo de pergunta Inicio Descrição do início do quadro álgico Quando essa dor começou? A dor começou aos poucos ou de repente? Localização Descrição da localização anatômica da dor Onde dói? Qual o lugar que está doendo?Aponte com o dedo o local da dor. Intensidade Classificação quantitativa de intensidade da dor. Escala Numérica (de zero a dez) Escala Visual Analógica ou Escala de Faces O senhor(a) poderia dar uma nota de zero a dez para a intensidade de sua dor? (Considere zero como ausência de dor e dez o grau máximo da dor.) Caráter Pulsátil ou latejante Choque Cólica Queimação Constritiva ou aperto Pontada Surda (visceras maciças) Câimbra Qual a característca da dor do senhor(a)? como você descreve essa dor? Irradiação Irradiação (trajeto) da dor a partir do local de origem do quadro álgico Essa dor vai para algum lugar? Para que local essa dor caminha? Duração Tempo de duração da dor, descrita em segundos, horas, dias, meses ou anos Há quanto tempo o(a) senhor(a) sente essa dor? Periodicidade Constante ou intermitente De quanto em quanto tempo essa dor acontece? É uma dor constante ou intermitente? Fatores de melhora Fatores que melhoram o quadro de dor Quais são os fatores que melhoram essa dor? (posições, alimentação, medicação, etc. Fatores de piora Fatores que pioram o quadro de dor Quais são os fatores que pioram essa dor? (posições, alimentação, medicação, etc.) Fatores que acompanham Fatores ou sintomas que acompanham o quadro de dor Essa dor vem acompanhada de algum outro sintoma? Normas para se obter uma boa HDA • Deixe que o paciente fale sobre sua doença. • Identifique o sintoma-guia. • Descreva o sintoma-guia com suas características e analise-o minuciosamente. • Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele em ordem cronológica. • Verifique se a história obtida tem começo, meio e fim. • Não induza respostas. • Apure evolução, exames e tratamentos realizados em relação à doença atual. • Resuma a história que obteve para o paciente, a fim de ele possa confirmar ou corrigir algum dado ou acrescentar alguma informação esquecida. THAUANA LESSA 3 Interrogatório sobre os diversos aparelhos (ISDA) O ISDA etapa da anamnese médica onde o entrevistador deverá elaborar diversas perguntas sobre os sintomas e sinais relacionados a todos os aparelhos e sistemas do organismo. Perguntas detalhadas e organizadas. Sentido craniocaudal: • Pele e anexos • Cabeça, Olhos, Nariz, Orelhas, Orofaringe • Aparelho digestivo • Aparelho respiratório • Aparelho cardiovascular • Aparelho urinário • Aparelho sexual feminino • Aparelho sexual masculino • Aparelho locomotor• Sistema nervoso e psiquismo Exemplo: Antecedentes Pessoais (AP) Esse item da anamnese consiste em obter dados significativos que já aconteceram na vida do paciente, desde o nascimento até o momento atual. • Imunização • Traumas • Transfusões • Moléstias anteriores • Cirurgias anteriores • Uso de medicamentos • Alergias • Hábitos, Uso de drogas, Tabagismo • Sexualidade • Situações de stress • Alimentação • Ocupação • Atividade físicas Antecedentes Familiares (AF) Consiste em buscar informações sobre eventos comuns na família. Devido a existência de inúmeras doenças hereditárias e transmissíveis que, quando associadas à queixa atual do doente, podem ter grande relevância. Pais vivos, tem alguma doença ou faleceram do quê? Com quantos anos faleceram? • Irmãos mesmas perguntas • Filhos mesmas perguntas • Cônjuge mesmas perguntas ENCERRANDO A ENTREVISTA Perguntar, por fim, ao paciente: Tem algo a mais para me falar? Sente que não perguntei alguma coisa? Tem alguma dúvida ou algo que queira conversar comigo? Tem algo a mais para me falar? Enfoque Preventivo! Busca ativa de situações e/ou fatores de risco para o desenvolvimento das doenças mais prevalentes no meio em que o paciente está inserido, de forma a estabelecer ações de prevenção (primária e/ou secundária), aconselhamento, profilaxia e/ou tratamento precoce. Como: • Condições sociais e de habitação • Trabalho e ocupação • Hábitos de vida e comportamento NA PRÁTICA! Paciente refere que há 3 dias iniciou quadro de dor forte (8/10), em pontada, no lado direito do peito, que se irradia para as costas. Refere que a dor é constante, porém, relata melhora ao deitar-se para o lado direito e após uso de analgésico (Dipirona) e piora durante atividade física. Nega tosse e refere dispneia aos moderados esforços, com início há 7 dias. Relata que a dor piorou no último dia, retornando em um período mais curto após uso de analgésico. No momento, afirma que a dor está muito forte e dificultando a respiração. THAUANA LESSA 4
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