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P3 Parasito

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Toxoplasmose: 
O ​Toxoplasma gondii é o agente etiológico da toxoplasmose. Só tem uma espécie que causa                             
essa doença, mas existem variações de cepas. As cepas são isoladas geograficamente, de                         
modo que o toxoplasma do Rio Grande do Sul tem certos genes mais ativos, tropismo por                               
tecidos diferenciados, certos mecanismos de virulência, diferente do toxoplasma de Minas                     
Gerais. O genoma é praticamente igual, por isso eles são da mesma espécie espécie, mas                             
apresentam variação da expressão dos genes que codificam os mecanismos de virulência,                       
tornando​ ​a​ ​relação​ ​com​ ​o​ ​hospedeiro​ ​também​ ​diferente.  
A toxoplasmose é classificada como uma ​doença oportunista​, uma vez que a maioria das                           
pessoas que entra em contato com o parasita, não apresenta tantos sintomas, podendo ter                           
somente uma indisposição, febre, linfadenopatia, que geralmente não são percebidos. Assim,                     
para ter essa doença, depende se o infectado está/é imunossuprimido (lembrando que                       
depressão​ ​também​ ​pode​ ​causar​ ​imunossupressão!).  
O filo Apicomplexa envolve várias famílias, algumas causam doenças em animais. O                       
Toxoplasma e o Plasmodium estão dentro da classe Sporozoa, porque fazem ​esporulação​.                       
Além disso, eles são “total flex”, fazendo reprodução assexuada (não é divisão binária) e                           
reprodução sexuada, dependendo do hospedeiro e repertório molecular. Assim, eles se                     
adaptaram​ ​de​ ​maneira​ ​a​ ​trocar​ ​gametas​ ​ou​ ​fazer​ ​resistência​ ​assexuada​ ​de​ ​resistência.  
★ Por que o Plasmodium e o Toxoplasma estão englobados na mesma classe e no                           
mesmo​ ​filo? 
→ ​Alternam ciclo sexuado e assexuado​, essas duas espécies em hospedeiros diferentes,                       
mas​ ​outras​ ​fazem​ ​em​ ​um​ ​mesmo​ ​hospedeiro.  
→​ ​São​ ​​intracelulares​ ​obrigatórios​.  
→ ​Gliding​: consiste no movimento potente de actina e miosina do complexo intermembranar,                         
que utiliza o ATP como fonte de energia (como se fosse um “motor” entre as membranas”.                               
Muitos​ ​não​ ​têm​ ​flagelo,​ ​se​ ​movendo​ ​feito​ ​uma​ ​escada​ ​rolante​ ​em​ ​torno​ ​da​ ​membrana.  
→​ ​Maioria​ ​são​​ ​oportunistas​,​ ​exceto​ ​alguns​ ​Plasmodium. 
→ Apresentam célula polarizada, com ​complexo apical​. O toxoplasma tem um anel de                         
citoesqueleto formando um conóide (estrutura de parafuso) sustentado por 3 anéis polares,                       
que extrude a partir de um sinal de cálcio no parasito, sendo capaz de furar a membrana da                                   
célula hospedeira sem que essa célula estoure. O Plasmodium, por sua vez, somente tem as                             
organelas secretórias específicas do complexo apical (roptrias, micronemas e grânulos                   
densos), as quais também estão presentes no Toxoplasma. Resumindo, os dois têm o                         
complexo apical, mas só o Toxoplasma tem conóide. O mais importante é decorar que para                             
ser do filo Apicomplexa tem que ter esse complexo apical com organelas para secreção e                             
invasão. 
 
 
 
Ciclo​ ​geral​ ​de​ ​um​ ​apicomplexo:  
Na reprodução sexuada, ocorre geração de gametas (masculino e feminino) para depois                       
ocorrer a fecundação e gerar zigotos. Nos apicomplexos, esses ​zigotos esporulam​. A                       
esporogonia é como se fosse uma meiose, gerando zigotos com a haploidia correta, que                           
conseguem reiniciar o ciclo. Esse é um momento chave porque é quando se formam os                             
esporozoítos, de maneira geral são 2n. Isso é importante porque eles vão ter o complexo                             
apical que permite a invasão (sem complexo apical maduro, não há invasão). É na                           
esporogonia, portanto, que se garante a formação do esporozoíta com o genoma correto, o                           
qual​ ​tem​ ​o​ ​complexo​ ​apical,​ ​sendo​ ​infectante.  
 
Toxoplasmose:  
Toxoplasma gondii é o agente etiológico dessa doença, que recebe                   
esse nome por ser um parasita em forma de arco. Na micrografia                       
eletrônica de varredura, vemos um “buraco com gomos de tangerina                   
no centro”, onde cada gominho é um parasita na fase aguda e esse                         
buraco é o chamado de vacúolo parasitóforo, um ambiente dentro da                     
célula hospedeira no qual o protozoário consegue se reproduzir.                 
Existem redes de proteínas fibrosas emaranhadas, formando redes de                 
comunicação para troca de nutrientes e estruturação física dos                 
vacúolos. Essas proteínas são provenientes das organelas secretórias               
do complexo apical. Eles secretam complexos de proteínas na ordem do que eles precisam                           
quando​ ​vão​ ​invadir,​ ​é​ ​um​ ​mecanismo​ ​muito​ ​sofisticado. 
 
É vantajoso para um parasito conviver com o hospedeiro por anos e não mata-lo                           
rapidamente. O toxoplasma é bem adaptado nesse sentido dos mecanismos de invasão e                         
sobrevivência, podendo viver mais de 40 anos num hospedeiro. Ser um parasita bem                         
sucedido significa conseguir metabólito de uma espécie que não é igual a sua para aporte de                               
replicação a vida inteira, manter a espécie hospedeira e, ao mesmo tempo, evadir da                           
resposta​ ​imune.​ ​O​ ​toxoplasma​ ​é,​ ​portanto,​ ​“the​ ​perfect​ ​parasite”.  
Foi a primeira doença a ser estudada post-mortem, quando se pega um pedaço do tecido                             
para investigação, porque tinham muitas crianças morrendo com encefalite e foi observado                       
presença do parasita no cérebro. Foi descrito em 1908 e em 1923, teve um caso de                               
corioretinite (infecção na retina), que demonstrou que ​o parasita atravessa a barreira                       
hematoencefálica​. Em 1929, foi descrita a forma congênita (conseguiu ver o parasita no feto),                           
demonstrando a capacidade de atravessar a barreira placentária​. ​Como o parasita consegue                       
atravessar​ ​essas​ ​barreiras?​​ ​Através​ ​do​ ​​complexo​ ​apical​.  
Em 1960, através da distribuição de testes sorológicos, começaram a observar que esse                         
parasita é ​eurixeno (ampla distribuição geográfica e ampla distribuição em diversos                     
hospedeiros), sendo que os ​felinos são os hospedeiros definitivos (onde faz reprodução                       
sexuada). Na verdade, os filhotes de gatos são importantes para disseminação da doença,                         
porque o oocisto (zigoto) produzido pela reprodução sexuada e que vai esporular, sai nas                           
fezes desses gatos e gera aerossol. Quando os gatos brincam com a terra eles levantam                             
esses aerossóis, que podem ser engolidos. Além disso, eles também circulam com suas                         
patas dentro de casa, espalhando os oocistos pelos móveis e objetos. Os ​filhotes têm ​maior                             
potencial de produzir oocistos​. Precisam ser vacinados, tratados e a areia dos gatos tem que                             
ser​ ​limpa.  
Há várias maneiras de adquirir toxoplasmose, não só pelo cocô do gato, mas também por                             
carnivorismo (proteínas animais mal cozidas, como churrasco, patê de fígado,comida                     
japonesa), e também pelo consumo de vegetais​, ​legumes contaminados com fezes de                       
gatos​. Tem cepas que o oocisto resiste à lavagem com hipoclorito. O que impede que a                               
gente adquira é a nossa imunidade, que pode também cair a qualquer momento.                         
Provavelmente, todos aqui já entraram em contato com o Toxoplasma, então tem uma                         
sorologia positiva IgG, que representa anticorpos de memória. Às vezes esses anticorpos                       
podem​ ​não​ ​ser​ ​suficientes,​ ​depende​ ​da​ ​cepa. 
A toxoplasmose, na maioria dos humanos, é ​assintomática​, o que é mais vantajoso para o                             
parasita. Em muitos casos, é uma doença autolimitada, a maioria das pessoas nem tem a                             
formação​ ​de​ ​cistos,​ ​conseguem​ ​curar​ ​a​ ​doença​ ​e,​ ​assim,​ ​ganham​ ​imunidade​ ​natural.  
A infecção é ​cosmopolita​, não é só de país pobre. Segundo o CDC, é a segunda causa de                                   
morte por ingestão alimentar nos EUA. Atinge fetos e crianças, provocando aborto, cegueira                         
e retardo mental. É uma infecção oportunista, tem que se tomar mais cuidado com paciente                             
imunocomprometidos. Além de humanos, também atinge gado, caprinos e ovinos. Assim, é                       
uma zoonose, passando pelo homem através de carnivorismo ou pelo produto da                       
esporulação​ ​dos​ ​oocistos​ ​do​ ​hospedeiro​ ​definitivo​ ​(gato). 
 
Formas​ ​Infectantes: 
As formas infectantes ​possuem o complexo apical​. São elas: taquizoítos, bradizoítos e                       
esporozoítos, as quais são capazes de infectar qualquer célula nucleada de animal de sangue                           
quente.  
→​ ​​Taquizoítos:​​ ​​ ​é​ ​a​ ​forma​ ​​aguda​,​ ​pois​ ​replica​ ​rápido.  
 
→​ ​​Bradizoítos:​​ ​replicação​ ​​lenta​.  
→ ​Esporozoítas: são o produto da esporulação. Ele se transforma em todas essas fases, de                             
acordo​ ​com​ ​a​ ​resposta​ ​do​ ​hospedeiro​ ​e​ ​a​ ​condição​ ​do​ ​ambiente.  
O toxoplasma adaptou-se a duas formas de resistência, talvez por isso ele                       
seja​ ​tão​ ​amplamente​ ​distribuído:  
→ ​Oocisto: ​fica no ​ambiente​, é o produto da reprodução sexuada. Ele                       
apresenta parede, então consegue ficar bastante tempo no ambiente (pode                   
ficar​ ​nas​ ​verduras,​ ​frutas).  
→ ​Cistos teciduais: é uma forma de resistência dentro do hospedeiro​, ficam                       
no músculo e no SNC. Esses cistos contêm bradizoítos. Quando ingerimos                     
carne​ ​mal​ ​cozida,​ ​estamos​ ​ingerindo​ ​cistos​ ​com​ ​bradizoítos. 
 
 
 
 
 
Acima,​ ​há​ ​dois​ ​oocistos.  
A ​seta vermelha indica um oocisto com dois pacotinhos. Dentro dele, há um kit de 4                               
esporozoítos em cada pacotinho, os quais possuem complexo apical, logo, é um ​oocisto                         
maduro (já esporulou). Apresenta parede mais espessa também. Quando for ingerido, essa                       
casca vai ser sensibilizada e os esporozoítas, que já possuem o movimento de gliding, vão                             
entrar​ ​nos​ ​enterócitos​ ​e​ ​começar​ ​a​ ​biogênese​ ​do​ ​vacúolo,​ ​se​ ​diferenciando​ ​em​ ​taquizoítas.  
A ​seta azul indica um ​oocisto imaturo (não esporulou), logo, ele não causa toxoplasmose,                           
pois​ ​não​ ​possui​ ​complexo​ ​apical​ ​(não​ ​é​ ​infectante).​ ​É​ ​somente​ ​uma​ ​massa​ ​germinativa.  
Como o oocisto se torna maduro? Depende da tensão de oxigênio​, ​temperatura e                         
disposição de umidade​. Por isso, se não limpar as fezes do gato, isso promove a maturação                               
dos​ ​oocistos. 
Qual a reprodução mais vantajosa? Depende. Para variabilidade genética, é a sexuada, por                         
conta da troca de gametas. Os roedores (rato) quando estão infectados há muito tempo com                             
toxoplasma eles perdem o medo do gato, porque o parasita vai para o SNC, reduzindo                             
hormônios de fuga. Além disso, ele fica mais lerdo, tem a movimentação dificultada, ficando                           
muito mais suscetível. Isso provavelmente foi selecionada porque o parasito se reproduz                       
assexuadamente no roedor, mas só vai ter a chance de fazer reprodução sexuada no epitélio                             
 
intestinal felino, por isso, é preciso favorecer que o felino consiga ingerir o roedor. Também já                               
tem​ ​trabalhos​ ​relacionando​ ​infecção​ ​de​ ​toxoplasma​ ​e​ ​Alzheimer. 
 
Ciclo​ ​de​ ​Vida: 
Vamos começar o ciclo pelo ​gato​: nele, teve produto de fecundação dos gametas feminino e                             
masculino, gerando um ​oocisto (esporocisto). No ambiente, esse oocisto maturou, gerando                     
dois esporocistos contendo 4 esporozoítas cada. Só matura no ​AMBIENTE​, não no gato. O                           
roedor e o passarinho podem ingerir água ou verduras contendo esporozoítos, os quais têm                           
complexo apical. Então esse animais vão ser infectados, e os esporozoítas vão fazer toda a                             
transformação dentro das células do epitélio intestinal desses hospedeiros, virando                   
taquizoítos (replicação rápida), lisando as células. Quando ele vira taquizoíto, ele começa a                         
ganhar o sistema retículo endotelial, então o sistema imune reconhece um repertório                       
molecular que não é nosso e combate. Moléculas do sistema imune alteram a transcrição                           
gênica desses parasitas, de modo a induzir a transformação em bradizoítos (replicação mais                         
lenta, além de secretarem uma parede para resistir ainda dentro das células hospedeiras, que                           
é o cisto). Ainda não está descrito se o vacúolo vira um cisto, ou cada taquizoíto vira um                                   
bradizoíto e começa a formar um cisto. Os bradizoítos, então, encistam e migram para o                             
músculo e SNC (locais mais difíceis de ter a estimulação do sistema imune em comparação                             
ao sangue). O gato vai comer esses animais e se infectar novamente, fechando o ciclo. Ele vai                                 
ingerir o cisto com bradizoítos, que podem continuar reprodução assexuada ou reconhecer o                         
repertório molecular do epitélio intestinal do gato e começar a formar gametas (Metogonia                         
que depois vai se diferenciar em gametogonia). Os gametas se formam e fecundam gerando                           
um​ ​oocisto​ ​dentro​ ​da​ ​célula​ ​intestinal. 
 
Pode haver replicação até dentro de células do sistema imune. Num macrófago tecidual que                           
fagocite o parasita, quando o meio fica ácido demais e o parasita “sente” que vai ser                               
degradado no fagolisossoma, ele emite um peptídeo de fusão e consegue sair desse                         
fagolisossoma e forma vacúolo parasitóforo dentro do macrófago. Para ele é mais vantajoso,                         
 
porque cai direto no sistema retículo endotelial e começa a fazer fase aguda em todo o                               
sistema​ ​linfático.  
Resumindo:  
As três formas que possuem o           
complexo apical são taquizoíto,       
bradizoíto e oocisto. Da ingestão         
do cisto com bradizoítos, eles vão           
para o epitélio intestinal. Se for um             
felino infectado​, eles penetram no         
epitélio intestinal, formam o       
vacúolo parasitóforo, multiplicam e       
invademnovas células epiteliais.       
Como é felino, há a formação dos             
gametócitos. Os gametas     
masculinos são menores e móveis         
e os femininos maiores e imóveis           
(como os nossos). Eles formam um           
zigoto (oocisto imaturo) dentro do         
enterócito, que começa a crescer         
e estoura a célula, sendo liberado nas fezes, iniciando o processo de maturação dos oocistos                             
no​ ​ambiente.  
Se for um ​hospedeiro intermediário​, após a ingestão do cisto com bradizoítos ou oocisto, já                             
ocorre penetração em diversos       
tipos de célula: já começa na           
bochecha, forma os vacúolos       
citoplasmáticos, ocorre   
multiplicação sucessiva e     
posteriormente rompimento e     
liberação dos taquizoítos. Com o         
rompimento do epitélio, acessa o         
tecido conjuntivo, entra em       
contato com células do sangue e           
com o sistema retículo endotelial         
pelos linfonodos. Não vai infectar a           
hemácia dos mamíferos porque       
são anucleadas. Se o indivíduo         
não for imunocompetente ou não         
receber tratamento, ele pode       
morrer em até 2 dias, porque tem             
uma máquina replicativa que pode         
invadir qualquer célula nucleada. Quando é imunocompetente, vai combater e soroconverter                     
de​ ​IgM​ ​para​ ​IgG,​ ​ficando​ ​protegido​ ​contra​ ​aquela​ ​cepa.  
 
Se a mulher estiver no ​1º trimestre da gravidez e se infectar sem nunca ter tido contato com                                   
o Toxoplasma, “lascou” porque ele ​atravessa a barreira placentária e esse período é o da                             
formação de tecidos nobres do feto. O IgG protege, mas se ela fizer sorologia e der IgM                                 
 
positivo, ela tem que tratar rápido, pois está em fase aguda, teve contato com parasita no                               
máximo há 15 dias. Na fase aguda, estão circulando muitos taquizoítos, isso pode ser testado                             
por um anticorpo que detecta proteína de superfície (Sag). Vai ter uma queda de IgM, que é                                 
um pentâmero não específico, e um aumento do IgG. Os autores acreditam que os anticorpos                             
da mãe são capazes de proteger o feto, de uma forma geral, então não trata. No entanto,                                 
formam-se cistos no miométrio, que vão estourando com a compressão pelo feto, então nem                           
sempre o IgG protege. Na fase crônica, vai ter IgG elevado, podendo ter eliminado totalmente                             
(a maioria dos casos) ou ter formas de resistência teciduais com bradizoítos. Nessa fase,                           
ainda pode estourar os cistos e infectar o feto, fármacos para outras condições podem causar                             
stress e causar essa liberação de parasitas. A sorologia é feita apenas para a forma de                               
taquizoítos, para bradizoítos não é feito e isso pode ser grave nesses casos em que há                               
liberação​ ​durante​ ​a​ ​fase​ ​crônica.  
Se a paciente estiver no momento de janela imunológica, quando já tem pouco de IgG e                               
ainda tem IgM remanescente, num valor que ainda não é considerado soroconversão é                         
complicado, porque você não sabe se ainda tem taquizoítos vivos circulantes ou no                         
miométrio. O melhor seria esperar mais 30 dias e repetir a sorologia, para ver se o IgG está                                   
subindo.​ ​O​ ​protocolo​ ​é​ ​fazer​ ​sorologia​ ​a​ ​cada​ ​mês.  
Portanto, na ​fase aguda (quando só tem IgM ou pouco IgG- ainda não houve soroconversão),                              
você ​trata​. Na ​fase crônica​, o IgG da mãe reduz o número de taquizoítas e neutraliza porque                                 
o anticorpo se liga ao Sag, que é importante para o reconhecimento de entrada, dificultando                             
a infecção congênita. Assim, ​não precisa de tratamento​. A ​cegueira, mácula na retina,                         
abscesso​ ​cerebral​​ ​são​ ​característicos​ ​da​ ​​fase​ ​crônica​ ​(IgG​ ​+)​.  
As drogas para Toxoplasma são         
alucinógenas e hepatotóxicos. Por isso,         
o tratamento deve ser cuidadoso. Isso           
que tratar grávidas já é complicado,           
porque a maioria dos remédios não           
são​ ​indicados​ ​para​ ​gestantes.  
Existem cepas mais agudas: replicam         
muito rápido, algumas não formam         
muitos cistos -cepa Rh- e cepas que             
fazem mais cistos- Me49. Os fatores de             
susceptibilidade são: idade (muito mais         
comum em crianças), imunidade e         
idade​ ​gestacional.  
 
O taquizoíto pode virar bradizoíto e           
vice-versa. O taquizoíto forma vacúolo         
e o bradizoíto forma cisto. Tem fármacos que matam taquizoítos, mas que não matam                           
bradizoítos. Quando se trata de um cisto no SNC, teria que achar um fármaco que atravesse a                                 
Barreira Hematoencefálica, a parede do cisto, 3 membranas e aí sim agir no alvo. A resposta                               
Th1 de Il-12, interferon-gama é capaz de liderar a interconversão, fazendo com que haja                           
encistamento. Quando essa resposta cessa, volta para a forma de taquizoíto. Então uma                         
estratégia para tratar é imunossuprimir o paciente, para favorecer a forma de taquizoíto e                           
então o fármaco funcionar. Isso é feito, por exemplo, num paciente imunocompetente que                         
esteja ficando cego. Só que tudo precisa ser calculado e bem avaliado de acordo com a                               
 
localização e quantidade dos cistos, senão o tratamento pode ser pior. Algumas pessoas                         
descobrem que tem toxoplasmose crônica com o uso de corticoides por motivos diversos                         
que leva a interconversão para forma de taquizoíto, já que não é feita sorologia para                             
bradizoítos 
 
Patogenia: 
★ Toxoplasmose Congênita: É necessário primo-infecção, ou seja, infecção durante a                   
gravidez, é mais perigoso. Geralmente, a mãe é assintomática. Acomete menos no 1º                         
trimestre do que no 2º trimestre, mas quando acomete é mais grave porque está                           
havendo a formação de tecidos nobres. No primeiro trimestre pode ocorrer a ​Tétrade                         
de Sabin​, que inclui ​hidrocefalia, coriorretinite, calcificações cerebrais e retardo​.                   
Diferente das malformações associadas a infecções virais, pois não há integração do                       
DNA. Já no 2º e 3º trimestres costumam aparecer manifestações tardias. Não causa                         
alterações​ ​no​ ​DNA​ ​(não​ ​causa​ ​mutações),​ ​mas​ ​pode​ ​estimular​ ​replicação.  
 
★ Toxoplasmose​ ​adquirida:  
→ ​Aguda: ​Mais comum em jovens e crianças. É auto-limitada. Causa uveíte​, que é infecção da                               
retina​ ​e​ ​encefalite,​ ​mais​ ​comum​ ​na​ ​reativação​ ​da​ ​fase​ ​crônica​ ​e​ ​gera​ ​hidrocefalia.  
 
É importante saber que é uma doença muito assintomática, que a maioria das pessoas não                             
sabe que já entrou em contato com o parasita. Se essas estiverem dentro dos 11% que não                                 
conseguem​ ​debelar​ ​a​ ​infecção,​ ​elas​ ​podem​ ​ter​ ​a​ ​fase​ ​crônica. 
 
Os neurônios podem conter cistos provenientes de cistos do músculo ou da disseminação                         
hematogênica durante a fase aguda pela coróide, que é a região de vascularização. Então,                           
vamossupor que houve a infecção do SNC, onde os taquizoítas fazem a biogênese do                             
vacúolo, viram bradizoítos, que fazem a secreção da parede do cisto, em um processo que                             
demora anos. Com o tempo, pode ter vários cistos dentro de um neurônio ou um cisto grande                                 
dentro de vários neurônios. Esses cistos, por serem tão grande, rompem os neurônios e,                           
quando um neurônio morre, é preenchido por uma célula da glia (cicatriz glial), fazendo                           
quadro de ​gliose​. Vai havendo uma progressão             
neurodegenerativa, porque as células que         
dependem de sinapse, morrem por falta de             
estímulo. No caso da cegueira, isso ocorre na               
retina. Ocorre necrose com resposta inflamatória           
e dor. O indício desse processo são regiões de                 
calcificação no tecido neural. Isso é diferente do               
que ocorre, por exemplo, no fígado, no qual os                 
hepatócitos têm certa capacidade de         
regeneração e as células ao redor conseguem             
compensar a perda funcional, na maioria dos casos. Quando não conseguem, ainda é                         
possível​ ​realizar​ ​um​ ​transplante. 
Diagnóstico:  
Sorologia​,​ ​principalmente​ ​baseada​ ​no​ ​​antígeno​ ​Sag​.  
 
Tratamento:  
 
 
 
→​ ​​Gravidez​:​ ​​espiramicina​ ​e​ ​clindamicina​. 
→​ ​​Demais​ ​casos​:​ ​​sulfadiazina​ ​e​ ​pirimetamin​a​ ​por​ ​2​ ​a​ ​4​ ​meses.  
Essas​ ​drogas​ ​inibem​ ​a​ ​síntese​ ​de​ ​material​ ​genético​ ​do​ ​parasito.  
Não adianta tratar os pacientes com terapia de células tronco, pois o Toxoplasma gondii é                             
intracelular,​ ​logo,​ ​ele​ ​infecta​ ​as​ ​células-tronco​ ​também.  
 
 
Obs!​ ​Apicoplasto​ ​na​ ​produção​ ​de​ ​medicamentos​ ​com​ ​toxicidade​ ​seletiva:  
O Toxoplasma tem uma organela de 4 membranas chamada ​apicoplasto​, que possui genoma                         
circular. Quando sequenciaram essa organela, descobriram que é de uma Rodofícea, uma                       
alga vermelha. Como tem 4 membranas, foi descoberto que é uma endossimbiose                       
secundária, ou seja, alguém englobou alguém que depois foi englobado também. Assim                       
formou-se essa organela que sintetiza ​isoprenois​, os quais são ​fundamentais para a vida do                           
parasita​. Se você nocautear os genes do apicoplasto, o parasita não sobrevive. Isso                         
empolgou os farmacêuticos, pois se trata de uma organela que não tem no hospedeiro, com                             
uma vida de biossíntese que também não tem no hospedeiro, favorecendo a toxicidade                         
seletiva​ ​de​ ​possíveis​ ​fármacos.​ ​Mas​ ​até​ ​hoje​ ​não​ ​saiu​ ​esse​ ​fármaco,​ ​está​ ​em​ ​pesquisa. 
 
Profilaxia:  
 
● Esquema rigoroso para lavagem de frutas e folhas com hipoclorito (não mata todas as                           
cepas).  
● Não​ ​comer​ ​carne​ ​mal​ ​passada​ ​(fazer​ ​cortes​ ​finos,​ ​acima​ ​de​ ​56​ ​graus). 
● Cuidado com transfusão de sangue (parasita não vem nas hemácias, mas nos                       
leucócitos)​ ​e​ ​transplante​ ​de​ ​órgãos.  
● Tratamento​ ​de​ ​gestantes​ ​que​ ​apresentarem​ ​conversão​ ​sorológica. 
 
Diferença​ ​estrutural​ ​TaquiXBradi: 
O taquizoíto é menor, não tem reserva             
energética de carboidratos, as róptrias são           
menos eletrondensas e o núcleo é na parte               
posterior​ ​do​ ​parasito. 
O taqui entra sozinho, vai formar um vacúolo e                 
faz reprodução assexuada por endodiogenia         
(dentro de um parasita-mãe, formam-se duas           
células-filhas que degeneram a célula mãe) ou             
por ​endopoligenia (vários parasitas dentro de           
uma célula-mãe que degeneram essa         
célula-mãe que se individualizam, formando         
aquele corpo residual em forma de “gomos de               
tangerina”). 
 
Como o Toxoplasma infecta qualquer célula nucleada de animal de sangue quente? ​Ele                         
“metralha” a estrutura que ele vai reconhecer. O complexo apical é uma “metralhadora de                           
secreção”, o parasita secreta ​Mics (proteínas do micronema), que se ligam na superfície das                           
células e aí o antígeno de superfície do parasita liga nessas Mics. Assim ele vai reorientar a                                 
formação do complexo apical e secretar proteínas do pescoço das róptrias (Region of                         
Neck-RON), que formam junções tipo “tight” entre a membrana da célula e a parte apical do                               
parasita. Aí, ele extrude o conóide, por isso ele fura a célula sem deixar passar líquido, se ele                                   
furasse a célula sem fazer essa junção a célula iria estourar. Aí ele vai fazendo gliding,                               
formando essa junção móvel e quando ele faz isso ele secreta proteínas solúveis que agem                             
na expressão gênica do hospedeiro para diminuir a imunidade e, ao mesmo tempo, ele cliva                             
proteínas transmembranares da célula, aproveita os lipídeos e vai entrando como se fosse                         
uma capa. Ele tira as proteínas do hospedeiro e insere suas próprias proteínas, formando                           
todo um ambiente com poros para passar substâncias que ele precisa e assim começa a                             
replicar. Ele também cliva suas próprias estruturas, transforma Sag que é membranar em                         
solúvel e aí o macrófago vai encontrar esse antígeno disperso e, portanto, não vai atacar a                               
célula que foi invadida. É um mecanismo sofisticado de invasão e resistência. Ele necessita                           
do​ ​núcleo,​ ​atua​ ​alterando​ ​a​ ​expressão​ ​gênica,​ ​por​ ​isso​ ​só​ ​infecta​ ​células​ ​nucleadas.   
 
 
Malária: 
É a parasitose por protozoário que mais mata no mundo. Uma criança​ ​morre​ ​na​ ​África,​ ​por​                               
​conta​ ​da​ ​doença,​ ​a​ ​cada​ ​30​ ​segundos. São mais de 100 espécies de Plasmodium, sendo que                               
somente 20 causam doenças em mamíferos, e somente 4 espécies são importantes para a                           
 
medicina. No Brasil, podem ser encontrados ​​P.​ ​falciparum (recebe esse nome, pois deixa a                           
hemácia em formato de foice),​​ ​​P. vivax​​ ​e​ ​o​ ​​P.​ ​malariae​ ​(​​é o​ ​mais​ ​difícil​ ​de ser​ ​achado).​ Entre                                     
eles, ​o​ ​P.​ ​vivax​ ​é o​ ​mais​ ​comumente​ ​relacionado​ ​no​ ​país​ ​aos​ ​casos​ ​de​ ​malária, entretanto​ ​o​ ​P.​                                   
​falciparum​ ​é​ ​o​ ​que​ ​causa​ ​mais​ ​risco​ ​a​ ​saúde,​ ​principalmente​ ​em​ ​grávidas​ ​e casos​ ​de​ ​malária​                               
​cerebral​ ​e​ ​óbito. A​ ​região​ ​norte​ ​do​ ​país (principalmente​ ​AM​ ​e​ ​PA) ​é​ ​o​ ​local​ ​onde​ ​há​ ​a​ ​maior                                     
incidência​ ​de​ ​casos​ ​de​ ​malária​ ​no​ ​país.​ Isso ocorre, porque essa região ​agrupa​ ​diversos​                           
​fatores​​ ​​essenciais​,​ ​​como​​ ​​períodos​ ​de​​ ​​chuvas​​ ​​constantes​​ ​​para​​ ​​a​​ ​​proliferação​​ ​​do​​ ​​vetor,​​ ​​calor.​  
 
Essa doença está mais presente em ​países subdesenvolvidos e no hemisfério sul​, por conta                           
de serem regiões tropicais, quentes, favorecendo a vida do vetor. Além disso, são ​países​                           
​que​ ​têm​ ​programas​ ​de​ ​profilaxia​ ​para​ ​o​ ​combate​ ​do                 
vetor/doenças​​ ​​pouco​​ ​​eficazes.  
Hospedeiro invertebrado é o hospedeiro definitivo, logo, a               
reproduçãosexuada ocorre no ​Anopheles​. As fêmeas,             
principalmente, são hematófagos, as quais são atraídas pelo Zinco                 
presente​ ​no​ ​sangue.  
 
 
Ciclo​ ​de​ ​Vida: 
Os esporozoítas estão na glândula salivar do gênero Anopheles. Assim, quando esses                       
mosquitos picam, eles liberam substâncias anticoagulantes e inoculam esses esporozoítas na                     
pessoa. Os esporozoítas são ​móveis e ​possuem complexo apical​, ​isto​ ​é,​ ​uma​ ​superfície                         
adaptada​ ​com​ ​um​ ​tipo​ ​de​ ​proteína​ ​de​ ​membrana​ ​chamada​ ​​​proteína​​ ​​citoesporozoítica​​.​ ​Essa                       
proteína​ ​tem​ ​alta​ ​afinidade​ ​por​ ​​​Heparan-sulfato​ ​​ ​e,​ ​por​ ​isso​ ​também,​ ​tem​ ​alta​ ​afinidade​ ​ao                           
hepatócitos​, os quais​ ​​possuem​ ​essa​ ​substância​ ​em​ ​abundância. Achou o hepatócito, ele                       
começa a montar o vacúolo parasitóforo. Uma vez no fígado, os parasitas dentro do vacúolo                             
começam um ​ciclo esquizogônico pré-eritrocítico​, que consiste em uma reprodução                   
assexuada, na qual ocorrem divisões sucessivas do material genético sem ter separação                       
citoplasmática inicialmente (só há segregação nuclear). Aí vão se formar ​criptozoítas​, outra                       
forma evolutiva, a fim de adquirir nutrientes e metabólitos, para poder depois fazer outro ciclo                             
 
esquizogônico e formar merozoítos, os quais possuem seus núcleos separados. Esses                     
merozoítos, assim, ​irão​ ​invadir​ ​as​ ​hemácias​ ​dando início​ ​ao​ ​​ciclo​ ​assexuado​ ​esquizogônico​                       
​eritrocítico​​. ​Após​ ​sair​ ​do​ ​hepatócitos,​ ​esses merozoítas​ ​possuem​ proteínas​ ​de​ ​superfície​ ​que​                       
​reconhecem​ ​as​ ​hemácias​ ​e​ ​os permitem​ ​invadi-las.​ ​Ao​ ​entrar​ ​na​ ​hemática,​ ​contudo​ ​ele​ ​não​ ​é​                             
​mais​ ​merozoíta,​ ​mas​ ​sim​ ​um trofozoíta​ ​jovem​.​ ​Portanto, na hemácia, os trofozoítas vão achar                           
muita hemoglobina, molécula que os trofozoítas conseguem degradar (eles se adaptaram                     
para conseguir degradar esse composto), de modo a obter sua nutrição (trofo vem de                           
nutrição). O parasita se​ ​torna​ ​uma​ ​massa​ ​cada​ ​vez​ ​mais​ ​amorfa​ ​cheia​ ​de​ ​vacúolos​ ​do​                             
​conteúdo​ ​proteico​​ ​​degradado.  
Começa a virar uma massa amorfa, cheia de vacúolos digestivos, degradando muito a                         
hemoglobina.  
​O​ ​que​ ​há​ ​de​ ​tão​ ​importante​ ​dentro​ ​da​ ​composiçåo​ ​da​ ​hemoglobina?​ ​Ferro (dentro do                           
grupamento heme), o qual é tóxico, por conta do alto potencial oxidativo. ​Então​ ​o​ ​trofozoíta,​                             
​sabiamente,​ ​guarda​ ​essa​ ​hemoglobina​ ​degradada​ ​junto com​ ​seu​ ​grupamento​ ​em​ ​forma​ ​de​                       
​​cristais,​​ ​que​ ​dão​ ​o​ ​pigmento​ ​clássico​ ​da​ ​malária,​ chamado de ​pigmento​ ​malárico​ ​ou​                         
​hemozoínico​​.  
O trofozoíta jovem, então, cresce e fica forte, se transformando em um trofozoíta adulto. Esse                             
trofozoíta adulto se reproduz, fazendo outro ciclo esquizogônico, formando novos merozoítas                     
dentro da hemácia​. Esses merozoítas,         
então, provocam o rompimento da         
hemácia, liberando vários merozoítas       
(imóveis) e trofozoítas jovens no         
ambiente, os quais são capazes de           
infectar outras hemácias e começa         
tudo de novo. Ao provocar a hemácia,             
esses parasitas causam no hospedeiro         
anemia​, por falta de componentes         
para transportar o oxigênio e também           
o gás carbônico. Ademais, são         
liberadas também a enzima anidrase         
carbônica, que pode gerar ​acidose         
metabólica​; Os pigmentos e as         
hemácias lisadas vão ser degradadas         
no baço, podendo causar       
esplenomegalia​​, com​ ​falência​ ​múltipla​       
​de​ ​órgãos,​ ​por​ ​acúmulo​ ​de​ ​metabólitos​ ​e produtos​ ​mortos​ ​no​ ​baço.​ Por fim, o grupo ​heme                               
livre ​ativa receptores tipo TOLL (PRRs- imunidade inata), de modo a aumentar toda a                           
resposta de ativação para IL-1, via hipotálamo, receptores para ácido hialurônico e                       
leucotrienos, aumentando a inflamação e causando muita ​febre​, sintoma característico de                     
malária.  
Cada​ ​espécie​ ​faz​ ​seu​ ​ciclo,​ ​com​ ​lise​ ​eritrocitária​ ​e​ ​reprodução​ ​assexuada,​ ​em​ ​um                         
determinado​​ ​​tempo.​​ ​​ 
Uma​ ​parte​ ​dos ​trofozoítas jovens ​ ​irão​ ​gerar​ ​​gametócitos​.​ Existem genes ativados por                         
modificações epigenéticas (acetilação e metilação de genes no DNA), que fazem uma                       
porcentagem desses trofozoítas originarem gametócitos, mesmo sendo hospedeiro               
intermediário. Portanto, a diferença entre o hospedeiro intermediário e o mosquito é que                         
 
somente no ​mosquito​, há       
fecundação​. Isso é determinado       
pela ​temperatura e repertório       
molecular. Uma vez que o         
mosquito suga os gametas, ele vai           
ter no seu intestino gameta         
masculino e feminino. Os       
microgametócitos​ ​são​ ​os​     
masculinos​,​ ​já​ ​os​     
​macrogametócitos​​ ​sao​ ​os​     
femininos​.​ ​O​ ​masculino forma​       
​projeções/flagelos​ ​para​ ​captar​ ​o​       
​feminino​ ​e​ ​que,​ ​após​ ​fecundá-lo,​         
​gera​ ​um​ ​zigoto chamado​ ​de​         
​​oocineto​.​ ​​Esse​ ​zigoto​ ​já​ ​é​ ​móvel​ ​e​             
​possui​ ​um​ ​complexo​ ​apical​       
​rudimentar,​ ​mas suficiente​ ​para​ ​se​ ​aderir​ ​ao​ ​epitélio​ ​da​ ​parede​ ​intestinal​ ​do​ ​mosquito.​                         
Quando ele atravessa, ocorre esporulação dentro do epitélio intestinal no mosquito. Quando                       
faz esporulação completa, estoura e eles vão para a hemolinfa, até chegarem nas glândulas                           
salivares,​ ​dando​ ​início​ ​ao​ ​ciclo​ ​novamente.  
 
 
Manifestações​ ​clínicas:  
Muita​ ​​febre​,​ ​​tremor​,​ ​​sudorese​ ​​e​ ​pode​ ​levar​ ​a​ ​​anemia​.  
 
 
 
 
O P. falciparum faz o ciclo mais rápido,               
de modo a causar malária severa. O P.               
falciparum consegue fazer tubulações       
na membrana, colocando proteínas de         
citoaderência na superfície da       
hemácias, como a ​PfEMP1       
​(Plasmodium​ ​falciparum​ ​erythrocyte​     
​surface).​ Essa proteína é multimérica         
com vários domínios, os quais         
promovem alterações na superfície       
das hemácias chamadas de ​KNOBs​,         
que favorecem a citoaderência (se         
ligam a uma​ ​variedade​ ​de​ ​receptores​           
​de​ ​adesão,​ ​como​ ​Heparan-Sulfato,​       
​CD36,​ ​ICAM​ ​e​ ​etc,​ ​o que​ ​favorece​ ​cada​ ​vez​ ​mais​ ​uma​ ​adesão​ ​mais​ ​estável​ ​da​ ​hemácia​ ​ao​                                 
​endotélio​ ​e​ ​de hemácia​ ​com​ ​hemácias). Esses KNOBs se ligam ao CD31 (marcador de                           
 
endotélio), de modo a conseguir prender mais o epitélio, o que é bom para o parasita, pois                                 
aumenta as chances dos gametócitos se encontrarem. No baço, onde ocorre hemocaterese,                       
uma maior citoaderência provoca maior resistência a degradação no fluxo. Portanto, alta                       
carga parasitária pode ter isquemia, provocando lesão no baço. Se isso for nos capilares do                             
cérebro,​ ​vão​ ​ter​ ​micro-isquemias​ ​no​ ​cérebro.  
O P falciparum tem maissucesso de             
infecção nas hemácias do tipo A, por             
conta do domínio DBL1, que consegue           
se ligar no açúcar do sorotipo A. ​Por​               
​exemplo,​ ​se​ ​houver​ ​a​ ​presença​ ​de​ ​um​             
​receptor​ ​CR1, principalmente​ ​em​       
​sorotipos​ ​A,​ ​pode-se​ ​formar​       
rosetamento ​(roseta)​​ ​de​ ​hemácias​.​ ​Já         
se​ ​tivermos​ ​uma​ ​expressão​ ​para​         
​receptores​ ​do​ ​tipo​ ​CD36,​ ​há​ ​chance​ ​de​             
​formar-se trombos​ ​e​ ​ligação​ ​a​ ​células​           
​dendríticas​ ​do​ ​sistema​ ​imune,​ ​o​ ​que​ ​dificulta​ ​a apresentação​ ​de​                   
​antígenos. Assim,​ ​o​ ​parasita​ ​aumenta​ ​a​ ​chance​ ​dessas​ ​células​                 
​se​ ​aderirem​ ​ao​ ​endotélio, ​o​ ​que​ ​aumenta​ ​a​ ​chance​ ​de​ ​um​                     
​gametófito​ ​ser​ ​pego​ ​pelo​ ​mosquito​ ​na vaso​ ​sanguíneo.​ ​Esse​ ​aumento​ ​da​ ​adesão​ ​pode​ ​gerar​                           
​obstrução​​ ​​da​​ ​​microcirculação​ ​também,​​ ​​o​​ ​​que​​ ​​gera​​ ​​infartos​​ ​​e​​ ​​anóxia​​ ​​em​​ ​​órgãos​​ ​​importantes. 
 
 
 
Isso também acontecer no espaço interviloso do placenta, mas ele não consegue atravessar                         
a barreira placentária​. O que acontece é ​​obstrução dos vasos​, gerando​ ​diminuição​ ​do​ ​fluxo​                           
​de​ ​nutrientes​ ​e​ ​O2,​ o que é agravado pela anemia da gestante. Além disso, ​pode​ ​gerar​                               
 
​também​ ​uma​ ​resposta​ ​inflamatória,​ ​corroborando​ ​para sofrimento​ ​e​ ​morte​ ​fetal. De​ ​forma​                       
​geral,​ ​há​ ​o​ ​aumento​ ​de​ ​citocinas​ ​pró​ ​inflamatórias​ ​como​ ​TNF-alfa,​ ​NO, Interferon-gama, o que                           
pode causar nascimento prematuro (pirógenos altos). ​Além​ ​de​ ​alta​ ​taxa​ ​de​ ​metabolismo​                       
​anaeróbico,​ ​causando​ ​uma​ ​acidose metabólica​ ​e​ ​danos​ ​físicos​ ​gerados​ ​pela​ ​obstrução​ ​da​                       
​microcirculação. 
Obs! A PfEMP1 é um dos variantes antigênicos do parasita (consegue mudar os antígenos, a                             
fim​ ​de​ ​evadir​ ​o​ ​sistema​ ​imune). 
O​ ​P.​ ​vivax​ ​tem​ ​uma​ ​​fase​ ​dormente​:  
Quando chega no fígado, no ciclo pré-eritrocítico, ele pode​ ​entrar​ ​em​ ​um​ ​estado​ ​de​                           
​hipnozoíta​.​ ​Isso​ ​é​ ​um​ ​problema​ ​grande,​ ​afinal no​ ​tratamento​ ​achamos​ ​que​ ​combatemos​                       
​todas​ ​as​ ​formas​ ​do​ ​parasita​ ​e​ ​a​ ​pessoa​ ​está​ ​livre dele,​ ​mas​ ​aos​ ​poucos​ ​o​ ​vivax​ ​começa​ ​a​                                   
​desenvolver​​ ​​novamente​​ ​​o​​ ​​ciclo​​ ​​eritrocitário​​ ​​ao​​ ​​sair​​ ​​do​ ​estado​​ ​​de​​ ​​latência.​​ ​​​  
A​ ​gravidade​ ​da​ ​malária,​ ​de​ ​forma​ ​geral,​             
​depende​ ​de​ ​diversos​ ​fatores​ ​para o​           
​hospedeiro.​ ​Por​ ​exemplo,​ ​pessoas​ ​com​         
​anemia​ ​falciforme (hemácias​ ​em​       
​formato​ ​de​ ​foice) não​ ​conseguem​ ​ser​           
​parasitadas​ ​pelo​ ​Plasmodium​ ​sp.​ ​O​ ​que​           
​demonstra​ ​uma​ ​certa​ ​seletividade e​         
​resistência​ ​exercida​ ​pela​ ​parasitose​       
​sobre​ ​as​ ​populações.​ ​Há​ ​um​ ​fator​           
​imunológico​ ​também associado,​ ​de​ ​tal​         
​forma​ ​que​ ​populações​ ​selecionam​       
​resistência​ ​a​ ​infecção​ ​por​ ​exposições         
contínuas (e​ ​aumento​ ​da​ ​idade​         
​consequentemente),​ ​fazendo​ ​com​ ​que​       
​sejam​​ ​​formados​ ​anticorpos​​ ​​específicos​​ ​​e​​ ​​formas​​ ​​de​​ ​​resistência​​ ​​a​​ ​​parasitose.  
 
Sistema Imunológico: se desenvolve quando tem infecções contínuas, principalmente,                 
formando anticorpos específicos, e células citotóxicas contra os parasitos no estágio                     
hepático. 
 
Medidas​ ​de​ ​Controle​ ​e​ ​Profilaxia: 
● Tratar​ ​os​ ​doentes​ ​e​ ​ter​ ​um​ ​diagnóstico​ ​precoce,​ ​o​ ​que​ ​evita​ ​a​ ​propagação​ ​por novos​                             
​mosquitos​​ ​​dos​​ ​​gametófitos;  
● Quimioprofilaxia (mefloquina)​ ​para​ ​viajantes​ ​principalmente (evitando​ ​que             
selecionamos​​ ​​populações​​ ​​parasitárias​​ ​​resistentes); 
● Uso​​ ​​de​​ ​​medidas​​ ​​seletivas​​ ​​contra​​ ​​o​​ ​​vetor,​​ ​​como​​ ​​repelente,​​ ​​tela​​ ​​de​​ ​​mosquito…; 
● Monitoramento​​ ​​de​​ ​​fatores​​ ​​de​​ ​​risco;  
● Detecção​​ ​​oportuna​​ ​​de​​ ​​epidemias;   
● Vacinação;  
Diagnóstico:   
Clínico​​:​ ​​ 
Alerta​​ ​​dos​​ ​​sintomas,​​ ​​sobretudo​​ ​​as​​ ​​febres​​ ​​em​​ ​​ciclos.  
Diagnóstico​​ ​​laboratorial​:   
→ ​​​Técnica​ ​da​ ​gota espessa​:​ ​distensão​ ​sanguínea​ ​em​ ​uma​ ​lâmina​ ​de​                     
​uma​ ​gota​ ​de​ ​espessa​ ​de sangue​ ​do​ ​paciente.​ ​Essa​ ​técnica​ ​é​ ​bastante​                       
​eficaz​ ​e​ ​relativamente​ ​barata,​ ​tendo​ ​como​ ​única desvantagem​ ​a​                 
​necessidade​​ ​​de​​ ​​um​​ ​​técnico​​ ​​que​​ ​​domine​​ ​​a​​ ​​técnica​​ ​​de​​ ​​microscopia.​  
 
→ ​​Teste​ ​QBC: ​concentração​ ​de​ ​parasitas​ ​por​ ​centrifugação​ ​do​ ​hematócrito​ ​com​ ​respectiva                       
coragem​ ​de​ ​DNA​ ​e​ ​RNA​ ​específico​ ​do​ ​parasita,​ ​sendo​ ​um​ ​exame​ ​altamente​ ​sensível,​ ​rápido​ ​e                             
específico.​​ ​​Contudo,​​ ​​ainda​​ ​​é​​ ​​muito​​ ​​caro​​ ​​perante​​ ​​ao​​ ​​exame​​ ​​da​​ ​​gota.​  
 
 
 
​Ainda​ ​há​ ​técnicas​ ​de​ ​PCR, imunofluorescência,​ ​sorotipagem​ ​e​ ​ParaSight-F(rastreio​ ​de​                   
​antígeno​ ​de​ ​P.​ ​falciparum,​ ​muito bom​ ​para​ ​parasitemias​ ​altas​ ​e​ ​bom​ ​para​ ​realizar​ ​triagem​ ​da​                             
​doença).​ ​O​ ​problema​ ​em​ ​geral​ ​é que​ ​esses​ ​testes​ ​sao​ ​caros​ ​e​ ​de​ ​difícil​ ​acesso,​                             
​principalmente​​ ​​em​​ ​​regiões​​ ​​pobres​​ ​​onde​​ ​​há​​ ​​a​ ​maioria​​ ​​dos​​ ​​casos. 
Tratamento:  
Drogas esquizonticidas sanguíneas (água tônica) ​e​ ​teciduais​ ​ou hipnozoíticidas,​ ​ou​ ​seja,​                     
​drogas​ ​que​ ​atuam​ ​nos​ ​parasitas​ ​em​ ​fase​ ​eritrocitária​ ​e​ ​pré-eritrocitária, respectivamente.                     
Também​ ​matam​ ​gametas. 
Parasitos​ ​resistentes​ ​a​ ​cloroquina.  
 
 
Doença​ ​de​ ​Chagas:  
A Doença de Chagas ou Tripanossomíase Americana é uma doença                   
que afeta grande quantidade de pessoas, de modo que todos os                     
estados do Brasil apresentam o barbeiro e o parasito. Hoje, já é                       
possível​ ​encontrar​ ​casos​ ​dessa​ ​doença​ ​no​ ​Arizona​ ​(EUA).  
Antigamente, o que facilitava as infecções eram as moradias                 
paupérrimas, as ​casas de pau a pique​. De modo que o barro,                       
quando cai, forma frestas, onde os barbeiros fica, se alimentando à                     
noite das pessoas e dos animais domésticos. É um medo essas                     
construções​ ​voltarem,​ ​já​ ​que​ ​estamos​ ​em​ ​um​ ​período​ ​de​ ​crise.  
 
 
 
O que levou ao alerta que a infecção pode ser transmitida pela via oral foi a ingestão de                                   
caldo de cana​. Provavelmente, a cana veio de uma área endêmica, estava com inseto, que                             
morreu, e seu intestino ficou grudado ali. A cana, mal lavada, foi colocada na máquina para                               
fazer o caldo que, na verdade, é uma sopa de parasitos. Foi a primeira vez que perceberam                                 
que as enzimas digestivas do nosso organismo não digerem os parasitos. Na verdade, elas                           
aumentam a infecção​, de modo que as pessoas que se infectam pela via oral morreram na                               
fase aguda, o que é raro. Estudos recentes descobriram que as ​enzimas digestivas                         
conseguemclivar algumas moléculas da superfície do parasito​, fazendo com que a invasão                         
nas​ ​células​ ​do​ ​hospedeiro​ ​seja​ ​mais​ ​rápida.​ ​Só​ ​depois​ ​teve​ ​toda​ ​a​ ​história​ ​do​ ​açaí.  
Ciclo​ ​da​ ​Doença:  
De​ ​maneira​ ​natural,​ ​a​ ​infecção​ ​se​ ​dá​ ​pelo​ ​​vetor​.  
A forma infectiva que vai estar presente no ​material fecal da infecção é o ​tripomastigota                             
metacíclico​. O barbeiro está infectado, faz o repasto sanguíneo (ato de se alimentar de                           
sangue), defeca (fezes com tripomastigota). A pessoa, então, se coça, permitindo que o                         
parasita consiga alcançar a corrente sanguínea. O Trypanossoma cruzi não tem uma                       
célula-alvo, podendo infectar ​qualquer célula​. No ​meio intracelular​, o Trypanossoma vai                     
deixar de apresentar o flagelo, se transformando numa forma aflagelada chamada de                       
amastigota​. Essa forma é a única dentro do hospedeiro vertebrado que tem a ​capacidade de                             
proliferar​, sendo necessário somente ​uma amastigota​. A proliferação ocorre de tal maneira                       
que a célula pode arrebentar. Esse processo de proliferação exacerbada faz com que os                           
nutrientes dentro da célula diminuam, e, por conta do metabolismo aumentado, o PH acaba                           
diminuindo, criando um ambiente hostil, um estresse. Isso, então, desencadeia uma cascata                       
de sinalização, de modo a fazer a amastigota parar de se proliferar e se diferenciar em                               
tripomastigota sanguíneo​. Esses tripomastigotas ​rompem a célula e caem na corrente                     
sanguínea​. Na corrente sanguínea, ​eles podem ser capturados pelos ​hematófagos​. Uma vez                       
ingeridos, no aparelho digestório dos insetos, eles viram ​epimastigostas (equivale aos                     
amastigotas no mamífero), fazendo proliferação. Quando chegam no intestino posterior,                   
ocorre muita proliferação, fazendo com que o PH caia, e assim, com que os epimastigotas se                               
diferenciem em ​tripomastigotas metacíclicos​. Todas as           
reproduções​ ​são​ ​​assexuadas​.  
Obs! Geralmente, o amastigota prolifera tanto que forma um                 
aglomerado,​ ​que​ ​é​ ​chamado​ ​de​ ​ninho​ ​de​ ​amastigota. 
 
 
 
Há outros meios de se infectar com Trypanosoma cruzi, sendo que o importante é saber a                               
forma​ ​evolutiva​ ​em​ ​cada​ ​caso:  
1. Transplante de órgãos: ​amastigota​. Você pode se infectar pelo amastigota, quando                     
come​ ​um​ ​órgão​ ​de​ ​algum​ ​animal​ ​também.   
2. Vetorial:​​ ​​tripomastigota​ ​cíclico​. 
3. Transfusional:​​ ​tripomastigota​ ​sanguíneo​. 
4. Congênita: ​tripomastigotas (atravessam a barreira placentária) diferenciados a partir                 
de​ ​ninhos​ ​de​ ​amastigotas​ ​na​ ​placenta. 
5. Ingestão: Pode ocorrer através do inseto triturado (​tripomastigota metacíclico​), ou da                     
ingestão​ ​de​ ​leite​ ​materno​ ​infectado​ ​com​​ ​tripomastigota​ ​sanguíneo​.  
6. Ato sexual: principalmente sexo anal e sexo oral, já que vários microvasos são                         
quebrados (isso ocorre até no ato de escovar os dentes). Sexo oral é ainda pior, pois                               
na​ ​boca​ ​tem​ ​as​ ​enzimas​ ​que​ ​aumentam​ ​a​ ​infecção. 
Vetores​ ​que​ ​participam​ ​da​ ​transmissão:  
★ Barbeiro: é um bicho grande, que anda             
no rosto durante a noite. Seu ferrão             
chama a atenção, pois ele é enfiado na               
cara​ ​e​ ​não​ ​provoca​ ​dor.  
Por que o sangue não coagula na tromba do                 
inseto? Quando o inseto enfia a tromba, ele               
começa a salivar e, nessa ​saliva, há             
anestésicos, anti-inflamatórios e fatores       
anticoagulantes.  
 
À medida em que ele começa a sugar o sangue, o abdome aumenta muito, até chegar uma                                 
hora em que ele não consegue mais nem se apoiar nas patas. Aí, ele solta a tromba, rola e cai                                       
debaixo​ ​do​ ​colchão​ ​e​ ​fica​ ​ali​ ​digerindo​ ​o​ ​sangue.​ ​Nem​ ​todo​ ​​ ​barbeiro​ ​está​ ​infectado.   
Obs!​ ​Antes​ ​Mas​ ​de​ ​fazer​ ​isso,​ ​o​ ​barbeiro​ ​já​ ​defecou.  
 
Sempre perto da bolsa flagelar, é encontrado uma estrutura chamada de ​cinetoplasto​, que                         
consiste em uma ​mitocôndria diferenciada​, com função de ​produzir energia para o flagelo                         
ter​ ​movimento​.  
Outra particularidade da morfologia é o fato de o flagelo ser a “cabeça” e não o “rabo”, de                                   
modo que o flagelo é a parte anterior e se movimento levando o parasita para frente. No                                 
caso do tripomastigota sanguíneo ou metacíclico, o flagelo começa depois do núcleo,                       
circunda todo o corpo do parasita, recebendo o nome de ​membrana ondulante ou flagelo                           
recorrente​.  
A​ ​Doença:  
A​ ​doença​ ​de​ ​chagas​ ​é​ ​caracterizada​ ​pela​ ​presença​ ​de​ ​3​ ​fases: 
1. Inicial/Aguda:​ ​​Pode​ ​durar​ ​1​ ​mês,​ ​4​ ​meses​ ​ou​ ​6​ ​meses.  
É caracterizada por ​parasitismo​, que pode estar no sangue (parasitemia) ou dentro das                         
células​ ​(tissular).  
A resposta imunológica mais marcante de Trypanosoma cruzi é a ​CD8+​, porque são                         
apresentados ​antígenos citoplasmáticos​, através do MHC-1- presente em todas as células                     
nucleadas. Por exemplo, você tem uma fibra muscular com MHC-1, que apresenta um um                           
antígeno do Trypanosoma cruzi, sendo reconhecido como corpo estranho pelo CD8+, que                       
acaba​ ​destruindo​ ​a​ ​célula​ ​infectada,​ ​de​ ​modo​ ​a​ ​destruir​ ​a​ ​fibra​ ​muscular.  
Alguns pontos até hoje não estão esclarecidos na doença de Chagas. Para ter problemas                           
cardíacos, a pessoa tem que ir para fase crônica, sendo que somente 30% dos infectados vão                               
para essa fase crônica. A maioria das pessoas saem da aguda e vão para a fase                               
indeterminada (70%). O porquê disso acontecer ninguém sabe, o que determina que uma                         
pessoa​ ​vá​ ​para​ ​uma​ ​fase​ ​ou​ ​outra.  
2. Indeterminada​:​ ​Pode​ ​durar​ ​meses,​ ​até​ ​décadas​ ​(geralmente,​ ​é​ ​um​ ​período​ ​longo) 
É​ ​caracterizada​ ​por​​ ​sinais​ ​clínicos​ ​ausentes​,​ ​​sem​ ​parasitemia​.    
3. Fase​ ​crônica:  
 
Além da complicação cardíaca, há também complicação do aparelho digestivo, causando                     
megacólon​ ​e​ ​o​ ​megaesôfago.  
Na fase aguda, você tem o parasita e, por conta disso, vai ter um infiltrado inflamatório nessa                                 
região. Na fase crônica, por sua vez, há um infiltrado monstruoso no coração, destruindo as                             
fibras​ ​cardíacas,​ ​mas​ ​​não​ ​há​ ​o​ ​parasita​. 
Por que isso ocorre? Uma das teorias para explicar isso é que durante o processo da                               
infecção, há uma quebra da seleção intratímica, de modo                 
que clones de linfócitos com perfil alto reativos conseguem                 
escapar. Outra teoria é que o parasita possa expressar                 
moléculas ou proteínas muito semelhantes a proteínas             
cardíacas, como miosinas e tubulinas, de modo que as                 
células do sistema imune aprendem a reconhecer esses               
corpos estranhos e acabam fazendo reação cruzada com as                 
células do coração também. O que leva a isso, ninguém                   
sabe porque. A destruição dasfibras musculares no               
aparelho digestivo provoca alterações na peristalse, estase             
do conteúdo do tubo digestivo, levando a pessoa a apresentar problemas para evacuar,                         
podendo​ ​morrer​ ​de​ ​prisão​ ​de​ ​ventre.  
 
Resumindo:  
★ Fase​ ​aguda:​​ ​pequena​ ​quantidade​ ​de​ ​miocardite,​ ​infiltrado​ ​inflamatório,​ ​febre. 
→ ​Sinal de Romanã: a entrada do parasita coça e, por ter material fecal, gera uma resposta                                 
inflamatória, que é chamada de ​chagoma de inflamação​. Se você coça e leva isso ao olho,                               
leva a um processo inflamatório chamado de Sinal de Romanã. Isso ocorre no início da                             
infecção. 
 
 
★ Fase indeterminada: latente, ausência de sinais e sintomas. Ao fazer exames                     
sorológicos, como ELISA e Western Blotting, vai dar positivo, pois há anticorpos                       
contra​ ​parasitas.​ ​No​ ​entanto,​ ​se​ ​você​ ​tira​ ​uma​ ​gota​ ​de​ ​sangue,​ ​não​ ​há​ ​parasita. 
★ Fase crônica: praticamente, não tem parasitemia e também parasitismo tissular. A                     
resposta inflamatório contra o antígeno é muito intensa e geralmente é direcionada                       
para as fibras musculares, principalmente no coração e aparelho digestorio. O tecido                       
destruído vai ser preenchido com fibrose, causando a perda de elasticidade e perda                         
da condução de impulsos. Em casos avançados, o tratamento é transplante, no                       
entanto, há um problema: o parasita está lá, de modo latente, não sendo encontrado                           
(único método para saber se há parasito é pelo PCR). Assim, como no transplante de                             
coração é necessário tomar imunossupressor, isso pode agudizar a infecção, de                     
modo​ ​a​ ​fazer​ ​o​ ​infectado​ ​apresentar​ ​parasitos​ ​novamente.  
 
 
A resposta inflamatória no coração é mais intensa em algumas áreas, de modo a se acumular                               
no​ ​aneurisma​ ​apical.  
 
 
Além dessas complicações, pode ter a formação de trombos, comprometimento do SNC.                       
Caso​ ​a​ ​pessoa​ ​não​ ​tenha​ ​acompanhamento,​ ​ela​ ​pode​ ​evoluir​ ​para​ ​uma​ ​morte​ ​súbita.  
 
O Trypanosoma cruzi podem infectar os macrófagos de maneira passiva (é fagocitado) e                         
ativa. Na ativa, o trypanosoma adere na membrana da célula, e fica batendo o flagelo dentro                               
da célula, estimulando a ida dos lisossomos para essa região. Quando o lisossomo se funde                             
com essa membrana, ele libera as enzimas, degradando essas membrana e, assim, o                         
trypanosoma consegue invadir. Ele invade e fica envolvido por um vacúolo parasitóforo. A                         
partir disso, o parasita começa a secreta muito TTOX, proteína muito parecida ao C9 do                             
sistema complemente, a qual polimeriza e forma pólipos, permitindo que o parasito vá para o                             
citoplasma.​ ​Lá,​ ​se​ ​diferencia​ ​em​ ​amastigota,​ ​fazendo​ ​muita​ ​proliferação. 
.  
A infecção pelo trypanosoma cruzi também apresenta mecanismos de evasão do sistema                       
imune. Numa visão dos sonhos, um macrófago infectado vai sofrer ação dos linfócitos T,                           
melhorando a resposta do TH1 e produzindo interferon gama, a qual ativa macrófagos, que                           
produzem fatores microbicidas. No entanto, o que ocorre é: quando a célula rompe, ela                           
libera uma quantidade muito grande de parasita e também de antígenos parasitários, o que                           
leva a uma ativação (da população de linfócito T tão grande, que ele acaba morrendo, em um                                 
processo​ ​chamado​ ​de​​ ​morte​ ​celular​ ​induzida​ ​por​ ​ativação​​ ​(AICD).  
Como isso ocorre? O linfócito T, quando está muito ativado, passa a expressar FAS-L, que se                               
ligam a moléculas de FAS, ativando uma cascata intracelular de caspase, provocando a                         
apoptose do linfócito​. Toda vez que um macrofago reconhece uma célula apoptótica,                       
através da fosfatidilserina exposta na MP externa, ele produz fatores anti-inflamatórios. Se                       
esse macrófago estiver infectado, esses fatores anti-inflamatórios vão produzir uma                   
desativação dos macrófagos, o que é o sonho de consumo do trypanosoma. A consequência                           
disso, então, é a inibição da produção de NO e a estimulação da produção de alginases,                               
culminando no acúmulo de poliaminas. Essas poliaminas são importantes para a proliferação                       
 
do trypanosoma cruzi, que não possui essas moléculas. Assim, o parasita captura essa                         
poliamina​ ​e​ ​usa​ ​para​ ​sua​ ​própria​ ​proliferação.  
 
 
É importante produzir fatores anti-inflamatórios, já que a resposta inflamatória crônica e em                         
excesso é prejudicial para o nosso organismo, causando dano tecidual. Algumas regiões do                         
nosso corpo não podem ter inflamação, as quais são conhecidas como ​sítios                       
imunologicamente privilegiados​. Neles, há muita molécula FAS, de modo que se chega um                         
linfócito​ ​com​ ​FAS-L,​ ​seria​ ​O​ ​sonho​ ​do​ ​parasita,​ ​pois​ ​ele​ ​cresceria​ ​sem​ ​parar.  
Diagnóstico:  
99% é feito através do teste de ​ELISA​, o qual caracteriza a presença de anticorpos. Esse                               
teste consiste em uma placa revestida por antígenos, que vai receber antisoro. Se houver                           
aglutinação,​ ​é​ ​positivo.  
Xenodiagnóstico: ​pega um barbeiro, faz com que ele coma o sangue da criança. Depois,                           
esse​ ​barbeiro​ ​é​ ​aberto​ ​para​ ​verificar​ ​se​ ​há​ ​trypanosoma​ ​cruzi​ ​dentro​ ​dele.  
 
Obs! Para saber a diferença do tripomastigota metacíclico e o sanguíneo, somente através de                           
testes​ ​bioquímicos.  
Tratamento:  
Rochagan,​ ​apesar​ ​de​ ​ser​ ​muito​ ​tóxica.  
 
 
Controle​ ​da​ ​Transmissão​ ​da​ ​doença: 
 
 
 
 
 
 
 
Leishmaniose 
A leishmania causa a ​leishmaniose​, que consiste em um ​espectro de doenças​, cuja                         
manifestação clínica varia de infecção assintomática à morte. É uma doença intimamente                       
relacionada à pobreza, que cresce com o aumento da desigualdade social, assim como                         
qualquer doença transmitida por insetos. Ela é considerada uma ​doença negligenciada (são                       
doenças que a indústria farmacêutica não tem interesse em produzir medicamentos; estão                       
localizadas​ ​principalmente​ ​em​ ​países​ ​extremamente​ ​pobres).  
Características​ ​do​ ​gênero:  
Assim como o trypanosoma, ele também           
possui uma mitocôndria diferenciada,       
chamada de ​cinetoplasto​, que geralmente         
fica perto da bolsa flagelar, com função de               
fornecer​ ​energia​ ​ao​ ​flagelo.  
A leishmania possui apenas duas formas           
evolutivas: 
● Amastigota:​​ ​hospedeiro​ ​vertebrado. 
● Promastigota: hospedeiro   
invertebrado.  
 
Não são vistos parasitas circulando, já que a               
infecção é intracelular​. Ao contrário do ​T.             
cruzi que é “promíscuo”, a ​Leishmania só             
infecta células do ​sistema fagocítico​         
​(macrófagos​​ ​​em​​ ​​geral). 
O​ ​vetor​ ​da​ ​leishmania​ ​é​ ​o​ ​​flebótomo​,​ ​que​ ​parece​ ​um​ ​mosquito,​ ​mas​ ​não​ ​é.  
 
Ciclo​ ​de​ ​vida: 
O insetofaz o repasto sanguíneo. Com isso, injeta no homem a ​forma infectiva                           
(​promastigota​), que é eliminada pelas glândulas salivares. A promastigota vai ser                     
rapidamente reconhecida e fagocitada pelos macrófagos, onde vai permanecer dentro do                     
vacúolo parasitóforo do macrófago. Lá, eles se diferenciam em amastigotas​, que é a ​forma                           
proliferativa​. Através da proliferação exacerbada, a célula pode romper e as amastigotas são                         
liberadas na corrente sanguínea, podendo infectar outro macrófago ou ser ingerida pelo                       
inseto hematófago. No intestino do inseto, as formas amastigotas se transformam em                       
promastigotas e migram para as glândulas salivares, sendo liberadas na hora que os                         
alimentos​ ​e​ ​assim​ ​continua​ ​o​ ​ciclo.  
 
 
 
Obs!​ ​Semelhanças​ ​e​ ​diferenças​ ​com​ ​T​ ​cruzi:  
→​ ​Diferenças:  
O T. cruzi penetra na célula envolvido por um vacúolo parasitóforo, escapando desse e                           
caindo​ ​no​ ​citoplasma.​ ​Assim,​ ​a​ ​infecção​ ​vai​ ​ser​ ​sempre​ ​mergulhada​ ​no​ ​citoplasma.  
A​ ​Leishmania​ ​não​ ​foge​ ​do​ ​vacúolo,​ ​se​ ​mantém​ ​dentro​ ​dele.  
A​ ​Leishmania​ ​não​ ​tem​ ​uma​ ​entrada​ ​ativa,​ ​sendo​ ​reconhecida​ ​e​ ​fagocitada​ ​pelo​ ​macrófago.  
→​ ​Semelhanças:  
Ambos​ ​apresentam​ ​amastigota​ ​como​ ​forma​ ​proliferativa.  
 
Qualquer animal pode se infectar por esse parasita. Um cão pode ser reservatório de                           
leishmania e, inclusive, as indústrias farmacêuticas já desenvolveram dois tipos de vacina                       
para​ ​leishmaniose​ ​canina​ ​(é​ ​única​ ​com​ ​vacina).  
Relação​ ​Parasita​ ​X​ ​Hospedeiro:  
Uma particularidade da leishmania é que ela está no vacúolo parasitóforo, onde                       
normalmente, tudo que permanece nesse vacúolo sofre ação das enzimas lisossomais                     
(digerem os parasitas). As leishmanias, por sua vez, conseguem jogar todas essas enzimas                         
para​ ​fora​ ​e​ ​se​ ​proliferar​ ​ali​ ​mesmo.  
 
Como isso acontece? A leishmania tem na sua superfície um ​conjunto de moléculas que                           
conseguem neutralizar as enzimas ou os fatores microbicidas presentes nos lisossomos.                     
Então, depois da fusão, ocorre a ​neutralização das enzimas​. Essas moléculas podem ser                         
fibronectina, fosfoglicanos, GP63, LPG, as quais funcionam como ligantes a outras moléculas                       
de superfície do macrófago. Esses ligantes (​LPG e Gp63​) podem, inclusive, se ligar com                           
moléculas do sistema complemento, que também irão interagir com células, de modo a fazer                           
uma ponte entre as moléculas da superfície da leishmania e os macrófagos, acelerando a                           
fagocitose.  
. 
 
O macrógafo é uma célula fagocítica, apresentadora de antígenos. Os macrófagos podem                       
sofrer uma explosão respiratória, produzindo muito óxido nítrico, peróxido de oxigênio. Por                       
isso, é mais importante a ​resposta TH1​, que leva à formação de vários fatores, citocinas e                               
também interferon gama, que ativa os macrófagos. Há casos que a pessoa toma interon                           
gama​ ​para​ ​promover​ ​a​ ​ativação​ ​do​ ​macrófago.  
 
 
 
 
 
Manifestações​ ​Clínicas:  
1. Leishmaniose Cutânea: ​é a forma mais comum.             
Causa de uma a 200 lesões na pele, que podem                   
curar espontaneamente, através da resposta TH1,           
que causa lesão tecidual, deixando uma ferida como               
cicatriz. Formam lesões indolores e limpas, as quais               
possuem as bordas bem duras. O indivíduo entra em                 
contato com um inseto e pode ter o caso clínico em                     
até 3 semanas. Se tiver resposta TH2, a doença pode                   
progredir, podendo causar leishmaniose difusa. Esse           
é o grande problema para pessoas que abandonam o tratamento quando os sintomas                         
diminuem.​ ​Isso​ ​geralmente​ ​ocorre​ ​em​ ​áreas​ ​endêmicas.  
 
2. Leishmaniose Mucocutânea: é causada pela L. braziliensis​,             
inicia com ulcerações na pele, se disseminam causando               
destruição dos tecidos especialmente do nariz e boca               
(mucosa oronasal). Essa destruição é de resposta imunitária,               
de modo a destruir os próprios componentes do organismo.                 
Não mata, mas pode deixar sequelas que afetam a vida                   
produtiva do indivíduo, como esse homem que teve a                 
obstrução de toda a fossa nasal, não conseguindo mais                 
respirar. É muito comum ocorrer metástase da mucosa nasal,                 
uma vez que as lesões não provocam dor, sendo difíceis de perceber. Se você for                             
procurar leishmania na região da mucosa oronasal, raramente, ela é encontrada.                     
Acredita-se que seja uma resposta do hospedeiro contra moléculas próprias                   
presentes​ ​nessa​ ​mucosa,​ ​não​ ​se​ ​sabe​ ​porque​ ​isso​ ​acontece.  
3. Leishmaniose Cutânea Difusa: é raríssima no Brasil (único               
estado que tem essa infecção é o Sergipe), sendo causada pela                     
L. amazonensis​. Cada pápula, se fizer uma punção, está cheia                   
de macrófagos com muitas leishmanias. O tratamento não               
deixa cicatrizes, diferentes da leishmaniose cutânea, uma vez               
que a população de linfócito T de um indivíduo com                   
leishmaniose difusa é a ​TH2​. Assim, favorece uma resposta                 
humoral,​ ​que​ ​desativa​ ​macrófagos,​ ​através​ ​de​ ​IL-4.  
4. Leishmaniose Visceral ou Calazar: acomete os órgãos             
internos, como baço, fígado e ​medula óssea​. Por ela                 
infectar a medula óssea, isso leva ao comprometimento da                 
hematopoiese (pode causar anemia severa) e também da               
linfopoiese (pode causar imunossupressão, sendo alvo de             
doenças oportunistas). Causa febre,       
hepatoesplenomegalia, linfoadenopatia, mas o grande         
problema é a medula. É praticamente 100% fatal se não                   
tratada. A pessoa fica muito debilitada. (L. chagasi). Ocorre                 
invasão de células do sistema fagocítico (como células de                 
Kupffer no fígado, células da medula, etc) causando               
anemia, imunossupressão, hipertrofia e hiperplasia do           
 
sistema macrofágico (espleno e hepatomegalia). Não há uma lesão típica, o L.                       
Donovani ou L. chagasi tem tropismo por macrófagos, que têm muito no fígado e                           
baço. Como toda a hematopoiese é comprometida, temos hemorragia, trombopenia,                   
leucopenia. Para fazer diagnóstico, é necessário saber se o paciente veio de área                         
endêmica, se houve emagrecimento, e se ela está anêmico, além de exames                       
laboratoriais​ ​complementares.  
 
Tratamento: 
● Antimonial​ ​pentavalente:​​ ​primeira​ ​escolha,​ ​mas​ ​é​ ​extremamente​ ​doloroso,​ ​também 
fazendo​ ​com​ ​que​ ​os​ ​pacientes​ ​desistam.   
● Anfotericina​ ​B​.   
● Miltefosina​​ ​​ ​–​ ​primeira​ ​droga​ ​eficaz​ ​de​ ​administração​ ​oral.​ ​Está​ ​aprovada​ ​para​ ​uso​ ​no 
Calazar​ ​indiano​ ​resistente​ ​ao​ ​Glucantime 
Diagnóstico:  
● Em​ ​geral,​ ​99%​ ​das​ ​vezes​ ​é​ ​feito​ ​por​​ ​ELISA​​ ​(existem​ ​kits​ ​muito​ ​baratos​ ​hoje​ ​em​ ​dia). 
● História do paciente: história de picadas, lesões de pele, etc. Se tiver lesão, podefazer um raspado com um bisturi, passar na lâmina e olhar pelo microscópio (veremos                           
macrófagos​ ​infectados​ ​com​ ​amastigotas).​ ​ou​ ​cultivar​ ​em​ ​meio​ ​de​ ​cultura.  
● Em locais mais sensíveis, como perto do olho, pode injetar água salina e depois                           
aspirar​ ​novamente​ ​com​ ​seringa​ ​(pra​ ​soltar​ ​e​ ​aspirar​ ​células). 
● Reação de Montenegro: é uma “sopa de leishmania morta” que é injetada na pele. Se                             
a pessoa já tiver tido contato, veremos uma reação nessa região. Para leishmaniose                         
visceral,​ ​o​ ​mais​ ​comum​ ​é​ ​a​ ​reação​ ​de​ ​Montenegro.  
● PCR:​​ ​pode​ ​ser​ ​utilizado,​ ​mas​ ​é​ ​muito​ ​caro.​ ​Em​ ​geral,​ ​faz​ ​sorologia.  
Profilaxia:  
● Utilizar​ ​repelente.  
● Tratar​ ​pessoas​ ​doentes.  
É muito comum, no interior, a pessoa dedetizar muito a parede, o que é ruim, pois o inseto                                   
fica muito na parede durante sua digestão, respirando, através das fossas nasais. Se essa                           
parede tem muito dedetizante, o mosquito começa a respirar pela boca, disseminando a                         
leishmaniose​ ​(fica​ ​na​ ​glândula​ ​salivar).

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