Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
6. A Economia Brasileira no Século XIX (5ª parte). Disciplina: Formação Econômica do Brasil UFRJ - Graduação em Ciências Econômicas (Bacharelado) 2º Semestre de 2015 Prof. Wilson Vieira 1. O Problema da Mão de Obra IV. Eliminação do Trabalho Escravo Segundo o autor, no Brasil do século XIX prevalecia a ideia de que o escravo era uma “riqueza” e que a abolição da escravatura acarretaria o empobrecimento do setor da população responsável pela criação de riqueza no país. Havia também a ideia e que a referida abolição traria a “liberação” de vultosos capitais, uma vez que o empresário não precisaria imobilizar em força de trabalho ou na comercialização de escravos importantes porções de seu capital. O referido economista, contudo, explica que a abolição da escravidão não constitui nem criação e nem destruição de riqueza, mas sim uma redistribuição da propriedade dentro de uma coletividade. 1. O Problema da Mão de Obra IV. Eliminação do Trabalho Escravo Segundo Furtado (2007: 199-201): À semelhança de uma reforma agrária, a abolição da escravatura teria de acarretar modificações na forma de organização da produção e no grau de utilização dos fatores. Com efeito, somente em condições muito especiais a abolição se limitaria a uma transformação formal dos escravos em assalariados [ao nível de subsistência]. (...). O caso extremo oposto seria aquele em que a oferta de terra fosse totalmente elástica: os escravos, uma vez liberados, tenderiam, então, a abandonar as antigas plantações e a dedicar-se à agricultura de subsistência. Neste caso, as modificações na organização da produção seriam enormes, baixando o grau de utilização dos fatores e a rentabilidade do sistema. Esse caso extremo, entretanto, não poderia concretizar-se, pois os empresários, vendo-se privados da mão-de-obra, tenderiam a oferecer salários elevados, retendo por essa forma parte dos ex- escravos. A consequência última seria, portanto, uma redistribuição da renda em favor da mão de obra. 1. O Problema da Mão de Obra IV. Eliminação do Trabalho Escravo No Brasil não houve nenhum dos dois casos extremos. Na região açucareira os escravos libertos ficaram nas propriedades, e nas regiões cafeeiras (São Paulo em particular) os escravos libertos limitavam-se ao ganho de suas necessidades. 2. Nível de Renda e Ritmo de Crescimento na Segunda Metade do Século XIX Furtado afirma que a economia brasileira no século XIX era dividida em três setores principais: I) Economia do açúcar e do algodão e pela vasta zona de subsistência a ela ligada (Maranhão a Sergipe). II) Economia de subsistência do sul do país (encontrou um mercado capaz de absorver seus excedentes de produção e alguns setores puderam expandir a faixa monetária de suas atividades produtivas). III) Economia cafeeira (grande transferência de mão de obra oriunda do setor de subsistência entre 1872 e 1900 e repercussão favorável para a produtividade desse setor, dada a rápida expansão do mercado interno na região cafeeira). 2. Nível de Renda e Ritmo de Crescimento na Segunda Metade do Século XIX A Bahia se caracterizava pela produção de cacau e de fumo. Nessa região, segundo Furtado (2007: 213) também (...) o desenvolvimento foi entorpecido pela ação profunda de fatores similares aos que atuaram no Nordeste. A melhora da situação de algumas regiões terá ocorrido simultaneamente com o empobrecimento de outras. A produção açucareira para exportação já desaparecera completamente, por essa época, e a expansão da pecuária de subsistência se realizava em terras cada vez mais pobres. Explica-se assim que, não obstante o fluxo imigratório que conheceu a região cacaueira já em fins do século – principalmente de emigrantes nordestinos -, a população do estado haja crescido com a taxa reduzida de 1,5 por cento, entre 1872 e 1900. Sem embargo, o fato mesmo de que essa taxa seja superior à que se observa no Nordeste constitui uma indicação de que sua renda real evoluiu menos desfavoravelmente. 2. Nível de Renda e Ritmo de Crescimento na Segunda Metade do Século XIX Na região amazônica as exportações alcançam extraordinária importância relativa na etapa final do século XIX (conforme visto anteriormente). Como forma de conclusão do capítulo, o autor afirma que o atraso relativo da economia brasileira no final da década de 1950 tem sua causa não no ritmo de desenvolvimento entre 1850 e 1950 (que parece ter sido razoavelmente intenso), mas no retrocesso ocorrido entre 1775 e 1850. Segundo Furtado (2007: 216): Não conseguindo o Brasil integrar-se nas correntes em expansão do comércio mundial durante essa etapa de rápida transformação das estruturas econômicas dos países mais avançados, criaram-se profundas dessemelhanças entre seu sistema econômico e os daqueles países. 3. Bibliografia FURTADO, Celso. In: __________. O problema da mão- de-obra. IV. Eliminação do trabalho escravo. Formação econômica do Brasil. 34. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Cap. 24, p. 198-205. __________. Nível de renda e ritmo de crescimento na segunda metade do século XIX. In: __________. Formação econômica do Brasil. 34. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Cap. 25, p. 206-217.
Compartilhar