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2T2018 L1 recife

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LIÇÃO 01 – O QUE É ÉTICA CRISTÃ
INTRODUÇÃO
Neste segundo trimestre de 2018, estudaremos o tema: “Valores cristãos – enfrentando as questões morais de nosso tempo”. Introduziremos o assunto trazendo a definição de ética secular e da ética cristã e pontuaremos quais as diferenças entre elas; pontuaremos quais os fundamentos da ética cristã; e, por fim, quais os desafios que a ética cristã enfrenta na pós modernidade e qual o posicionamento bíblico sobre eles.
I – DEFINIÇÕES
1.1 O que é ética. A palavra “ética” no grego “ethos,” segundo o dicionarista Antônio Houaiss significa: “conjunto de costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento e da cultura, característicos de uma determinada coletividade, época ou região”. Segundo Hans Ulrich Reifler: “a ética secular ou filosófica é a ciência dos costumes ou hábitos. É uma ética que busca a verdade e o bem pela razão, conforme os conceitos predominantes da época”.
1.2 O que é ética cristã. Segundo Claudionor Corrêa de Andrade: “é o conjunto de princípios baseados nas Sagradas Escrituras, principalmente nos ensinos de Cristo e de seus apóstolos, cujo objetivo é orientar a conduta do cristão enquanto membro de uma sociedade politicamente organizada”. A ética cristã não exclui a razão humana, mas a leva cativa à obediência de Cristo (2Co 10.5), pois entende que a razão humana foi afetada pelo pecado e necessita estar subordinada a Cristo, a fim de fazer julgamentos corretos, acerca do certo e errado. Segundo Ulrich, “em termos metodológicos a nossa ética cristã é teológica, cristã e evangélica”.
II – DIFERENÇAS ENTRE A ÉTICA SECULAR E A ÉTICA CRISTÃ
Em seu livro: “A Ética dos Dez Mandamentos”, Hans Ulrich pontua as distinções entre a ética secular e a ética cristã. Vejamos:
	ÉTICA SECULAR
	ÉTICA CRISTÃ
	Ciência de costumes ou hábitos
	Revelação da vontade divina (Êx 20.1-17)
	Descritiva
	Normativa (Êx 24.3; Nm 15.40)
	Relativa
	Absoluta (Sl 119.96; Rm 7.12)
	Imanente
	Transcendente (Sl 1.2; 19.7; 119.1)
	Situacionista
	Direcionista (Js 1.7,8; Sl 119.105)
	Subjetiva
	Objetiva (Mt 22.37-39)
	Mutável
	Imutável (Êx 24.12; Mt 5.18)
III – FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ
3.1 Deus. O fundamento da ética cristã é o próprio Deus. Na Escritura Ele é descrito como a verdade (Dt 32.4; Sl 31.5), a justiça (Ed 9.15); e, como um Deus santo (Is 6.3). O adjetivo “santo” no hebraico “qadosh” significa: “separado do mal”; já no grego “hagios” quer dizer: “eticamente correto”. O Senhor é descrito como “o Santo de Israel”. Esse título aparece cerca de vinte e quatro vezes só no livro do profeta Isaías (Is 10.20; 12.6; 17.7; 29.19; 30.11,12,15; 31.1; etc), aparecendo também em outras partes das Escrituras (2Rs 19.22; Jó 6.10; Sl 71.22; 78.41; 89.18; Pv 9.10; 30.3; Jr 50.29; 51.5; Ez 39.7; Hc 1.12; 3.3). Santidade é expressamente atribuída nas Escrituras, a cada pessoa da Trindade, ao Pai (Mt 6.9; Jo 17.11), ao Filho (Lc 1.35; At 4.30), e ao Espírito Santo (Sl 51.11; Is 63.10; Jo 14.26). Daí por que alguns negam a existência de Deus, porque se Deus não existe, então, simplesmente não temos um alicerce adequado para uma ética objetiva. Portanto, somente com a existência de Deus, princípios éticos e morais têm sentido e podem ser compreendidos e explicados.
3.2 A Palavra de Deus. O modo de pensar e de agir, na ética cristã, tem respaldo na Bíblia Sagrada. A Bíblia é o código de ética divino (Sl 119.105). Nela encontramos o mais elevado código de ética para a vida humana - o Decálogo (Dez Mandamentos), que foi dado pelo próprio Deus de forma verbal (Êx 20.1-17); e escrita (Êx 24.12). Sobre o Decálogo R. N. Champlin afirmou que é “uma das mais duradouras legislações de todos os tempos”. Quanto a Lei, Jesus afirmou que não veio ab-rogar, mas cumprir (Mt 5.17). Ele deu a Lei uma nova dimensão, de caráter espiritual, valorizando o interior mais do que o exterior. No sermão do Monte, o Senhor Jesus reafirmou os artigos do Decálogo (Mt 5-7). Quando interrogado sobre qual o maior Mandamento da Lei, o Mestre respondeu: “o amor a Deus e ao próximo”, fazendo uma clara alusão ao Decálogo, visto que os quatro primeiros mandamentos tratam da relação do homem com Deus e os seis posteriores da relação com o próximo (Mt 22.36-40). Os Dez Mandamentos são repetidos pelos apóstolos para serem praticados pelos cristãos na Nova Aliança, “com exceção do sábado” (At 14.15; 1Jo 5.21; Tg 5.12; Ef 6.1; 1Jo 3.15; 1Co 6.9,10; Ef 4.28; Cl 3.9,10; Ef 5.3). É importante ressaltar que, embora a Lei não salve o homem, pois este não é o seu papel, os princípios morais nela contidos devem nortear o comportamento ético e moral do salvo em Cristo, pois a graça não promove a anomia (uma vida sem lei), nem antinomia (uma vida contra a lei) (Rm 6.1,2; Tt 2.11). A ética dos Dez Mandamentos dá suporte a ética cristã, de modo marcante e aperfeiçoado por Cristo.
3.3 A consciência. Certo teólogo definiu a “consciência” como: “faculdade humana que torna o homem instintivamente cônscio das regras universais e obrigatórias de conduta”. A Bíblia ensina que em todos os homens existe uma consciência fundamental do bem e do mal, que lhes foi concedida no ato da criação, quando Deus os fez a Sua imagem e semelhança (Gn 1.26; Rm 2.14,15). A natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23), e o homem que era santo e perfeito, tornou-se pecador e imperfeito (Gn 6.3,5; Rm 3.9-23; Gl 5.19-22), essa “imagem” de Deus foi obscurecida, mas não “completamente erradicada” pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não “eliminada” (aniquilada). Embora a Bíblia afirme que a consciência possa se tornar “cauterizada” (1Tm 4.2); “contaminada” (Tt 1.5); e, “má” (Hb 10.22), ela não pode ser “neutralizada” (Jo 8.9; Rm 2.14,15; Hb 10.2). Mas, por meio do novo nascimento, que é uma mudança interior (Tt 3.5) este mesmo homem tem a sua consciência libertada (1Co 4.4) e sensibilizada pelo Espírito Santo (Rm 9.1), a fim de que haja segundo a mente de Cristo (1Co 2.15), não violando a própria consciência nem a alheia (At 24.16; Rm 13.5; 1Co 8.12; 10.29; 1Tm 1.19; 1Pe 3.21).
IV – A ÉTICA CRISTÃ ANTE OS DESAFIOS DA PÓS-MODERNIDADE
Os padrões da ética humana mudam conforme as tendências dos valores morais da sociedade. Com o passar do tempo têm havido uma verdadeira “involução” no que diz respeito a ética, a moral e os bons costumes. Segundo Stanley J. Grenz: “há um consenso entre muitos observadores sociais de que o mundo ocidental está em meio às transformações. Na verdade tudo indica que estamos fazendo a travessia da era moderna para a pós-moderna”. Paulo previu isso quando falou sobre o fim dos tempos, asseverando que as coisas se tornarão piores à medida que o fim se aproximasse: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2Tm 3.1). Da expressão “tempos trabalhosos”, no grego, temos o adjetivo “chapelos”, que significa “difícil”, “árduo”, dando a entender um período de “tensão”, de “maldade”; serão tempos difíceis de suportar, perigosos e problemáticos para a igreja em geral. Vejamos algumas características da pós-modernidade e o posicionamento bíblico quanto a elas:
4.1 A negação dos absolutos. Segundo Grenz, “os pós-modernos questionam o conceito de verdade universal. Eles olham para além da razão e dão guarida a meios não racionais de conhecimento, dando às emoções [...] uma posição privilegiada”. Nancy acrescenta que “pós-modernistas, são céticos, senão ressentidos, com relação a valores morais absolutos”. Eis por que a Bíblia Sagrada faz-se tão necessária à raça humana, pois é um livro que trata com valores absolutos, pois absoluto Ele é (Dt 32.4; Sl 31.5; Jo 14.6; 17.17; Jo 16.13).
4.2 A relativização dos valores. Há quem defenda que valores éticos e morais sejam relativos ao tempo, lugar, cultura ou há um grupo. Ensinam que nada é certo e nada poder ser considerado errado. Tudo depende da subjetividade do momento. Andrade diz que o relativismo “é uma concepção filosófica segundo a qual nada édefinitivamente certo nem absoluto”. No relativismo não há uma fonte transcendente de verdade moral, e podemos construir nossa própria ética e moralidade. Todo princípio é reduzido a uma preferência pessoal. Em contraste, os cristãos acreditam em um Deus que tem falado, que revelou um padrão absoluto e imutável de certo e errado, na Sua Palavra (Êx 20.1-17), baseado, em última instância, em Seu próprio caráter santo (Lv 11.45; 20.26; 1Pe 1.16).
4.3 A inversão de valores. Entende-se por inversão de valores, a negação ou substituição dos valores absolutos conforme descritos na Palavra de Deus, por valores temporais, relativistas e circunstanciais, que são facilmente ajustáveis às épocas em que estão inseridos. O profeta Isaías reprovou severamente a inversão de valores (Is 5.20). Paulo disse que os homens pagãos “[...] mudaram a verdade de Deus em mentira [...]” (Rm 1.25). Enquanto o mundo tem os seus valores deturpados pelos formadores de opinião que utilizam a TV e a internet para disseminarem suas ideias, nós cristãos, no entanto, fomos chamados para fazer a diferença, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nosso formador de opinião é o Espírito da Verdade que nos guia em toda a verdade, que é a Sua Palavra (Jo 16.13; 17.15).
CONCLUSÃO
Nunca foi fácil ser um cristão autêntico, e, nestes últimos dias serão dias ainda mais difíceis. Diante dos desafios hodiernos precisamos, com base na Palavra de Deus defender os valores éticos, morais e os bons costumes nela contidos.

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