Prévia do material em texto
Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 1 MED RESUMOS 2010 NETTO, Arlindo Ugulino. ANATOMIA HUMANA _________ ANATOMIA TOPOGRÁFICA DO MEMBRO SUPERIOR (Professor Roberto Guimarães Maia) Os membros superiores constituem a parte apendicular mais cranial do corpo humano, bem como de outros bípedes. Diferentemente dos membros inferiores (MI), destinados majoritariamente à função de estabilidade e movimentação do corpo, os membros superiores são especializados na realização de movimentos amplos ou delicados, como manipular objetos, escrever, utilizar um instrumento musical, acariciar, golpear, etc. Estas funções são permitidas graças as suas propriedades articulares e musculares, associadas ao componente muscular e ósseo, de modo que juntos, formem um conjunto instável, capaz de realizar, de forma competente, todas essas funções. Por possuírem um desenvolvimento bastante semelhante, os membros superiores e inferiores apresentam inúmeras características em comum, bem como são dotados de funções bastante peculiares no intuito de melhor adequar o indivíduo no meio em que este está situado. Ao passo em que perde em estabilidade, o membro superior ganha mobilidade e habilidade de realizar movimentos complexos, bem como adaptar o formato ideal da mão para certas circunstâncias. Estas características são proporcionadas, entre outros fatores, a partir da ligação entre os membros e o esqueleto axial, ou seja, o cíngulo do respectivo membro determina de forma importante na instabilidade ou estabilidade da estrutura: o cíngulo do membro inferior é composto por dois ossos do quadril unidos anteriormente pela sínfise púbica e posteriormente pelo osso sacro, de forma que este cíngulo seja representado por um anel rígido e completo, garantindo as devidas características ao membro inferior; já o cíngulo do membro superior, formado pelas escápulas posteriormente e pelas clavículas anteriormente, constitui um anel incompleto (ou em forma de C), uma vez que apenas as clavículas estão ligadas diretamente ao esqueleto axial (por meio do manúbrio do esterno), enquanto que as escápulas navegam da parte dorsal do tórax, sem manter contato direto com o esqueleto axial, apenas por meio de uma articulação fisiológica ou funcional (constituída apenas por músculos). Para seu estudo topográfico, o membro superior pode ser dividido nos seguintes segmentos: Ombro: segmento mais proximal do membro superior, o ombro é construído sobre a metade do cíngulo do membro superior, intercalando a região cervical ínfero-lateral e o tronco. Como vimos, o cíngulo do membro inferior representa um anel ósseo incompleto uma vez que é formado anteriormente pelas clavículas (unidas por meio do manúbrio do esterno) e posteriormente pelas escápulas (que não são unidas entre si). Braço: segmento mais longo do membro superior, o braço estende-se do ombro ao cotovelo, unindo-os. Apresenta como arcabouço ósseo exclusivo o osso úmero, mais longo osso do MS. Antebraço: segundo segmento mais longo do membro superior, o antebraço, por sua vez, estende-se do cotovelo ao punho, unindo-os. Mão: segmento mais curto e distal do membro superior, apresenta como arcabouço ósseo as estruturas que correspondem ao carpo, metacarpo e falanges (ossos dos dedos). Apresenta regiões particulares como o punho, palma, dorso e dedos (incluindo o polegar). Para um melhor entendimento, de modo a proporcionar um estudo mais didático do membro superior, faremos agora uma visão sistêmica dos componentes pertinentes ao referido membro, ou seja: suas estruturas ósseas, musculares, nervosas e vasculares, associando-as sempre quando necessário e realizando as mais importantes ressalvas clínicas sobre o assunto. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 2 OSSOS DO MEMBRO SUPERIOR O esqueleto apendicular superior constitui o arcabouço ósseo do membro superior, sendo este formado pelos ossos do cíngulo e da parte livre do mesmo membro. Antes de iniciarmos o estudo detalhado de cada osso que compõe o arcabouço ósseo do membro superior, devemos ressaltar a importância de dois conceitos: Raiz (cíngulo): une a porção livre do membro superior ao esqueleto axial, sendo constituída por dois ossos, a escápula posteriormente, e a clavícula anteriormente, compondo a chamada cintura escapular. Porção livre: é considerada em três segmentos: o braço (osso úmero); antebraço (rádio e ulna); e a mão (Ossos do carpo, metacarpo, e falanges). A relação do cíngulo superior com a parte livre do membro superior se fará, portanto, por meio de três articulações anatômicas e uma funcional. As três articulações anatômicas identificadas são: a articulação entre a cabeça do O. úmero e a cavidade glenoidal da escápula (articulação glenoumeral), a articulação entre a extremidade acromial da clavícula e o acrômio da escápula (articulação acrômio-clavicular) e a articulação entre a extremidade esternal da clavícula e a incisura clavicular do manúbrio do esterno (articulação esternoclavicular). Estas articulações conferem ao esqueleto do MS duas importantes propriedades: (1) a transferência de forças que incidem sobre a porção livre para o esqueleto axial, propiciando uma maior disseminação desses impactos, o que reduz a probabilidade de fraturas localizadas e graves; (2) sustentação do peso do membro superior como um todo. A articulação funcional estabelecida entre o corpo da escápula e os músculos que a revestem garante uma ampla mobilidade ao membro. ESCÁPULA A escápula é classificada como um osso plano, cujo corpo apresenta um formato triangular, repousada na face póstero-lateral do tórax, mais especificamente entre as segunda e sétima costelas. Posição Anatômica. Para obter a posição anatômica deste referido osso, posiciona-se para adiante a face que apresenta uma ampla fossa (fossa subescapular); para o plano lateral, o ângulo que apresenta uma depressão articular (cavidade glenoidal da escápula); de forma que duas fossas de aspecto convexo, divididas entre si por uma crista óssea de aspecto rugoso (a crista ou espinha da escápula), fiquem voltadas posteriormente. Divisão anatômica. Para estudo anatômico, a escápula está dividida em duas faces (costal e dorsal), três margens (superior, medial e lateral) e três ângulos (superior, inferior e lateral). A face costal (ou anterior) apresenta uma ampla depressão, a fossa subescapular, a qual presta inserção ao M. Subescapular e por onde percorre o N. tóraco-dorsal (originário do fascículo posterior do plexo braquial, destinado a inervação do M. latíssimo do dorso), de forma tal que, em momento oportuno, pode-se fazer correlações clínicas baseadas no comprometimento desta estrutura nervosa em casos de fratura desta região. Por estar em íntimo contato com as costelas torácicas, a face costal torna-se de fácil percepção por apresentar sulcos e impressões costais. Na face dorsal (ou posterior) encontramos duas fossas separadas entre si por uma saliência óssea em forma de espinha (a espinha da escápula). As fossas são denominadas de acordo com sua situação anatômica em relação à referida espinha: a fossa supra-espinhal está localizada acima da espinha da escápula; a fossa infra-espinhal, abaixo da mesma espinha. Estas duas fossas prestam inserção a Mm. homônimos (Mm. supra-espinhal e infra-espinhal, respectivamente), sendo que, na fossa infra-espinhal encontramos ainda a inserção de outros dois músculos, os Mm. redondo maior e redondo menor. A espinha da escápula, na medida em que se aproxima do ângulo lateral do osso, vai Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 3 aumentando seu volume e adquirindo um aspecto achatado, originando uma saliência articular, o acrômio da escápula, responsável por articular a escápula à clavícula através da articulação acrômioclavicular.O acrômio é um importante ponto de referência óssea, principalmente utilizada como limite para traços de incisões para dissecação do membro assim como na aplicação de injeções deltóideas (no intuito de desviar estruturas que provavelmente possam ser lesadas se não obedecidas os critérios de segurança a partir da referência óssea estabelecida pelo acrômio). A espinha e o acrômio prestam inserção ao M. Deltóide. O tubérculo deltóide da espinha da escápula marca o ponto medial da fixação do M. Deltóide na espinha deste osso. A espinha e o acrômio da escápula servem ainda como alavancas para músculos neles fixados, particularmente o M. trapézio. Na margem superior do osso encontram-se dois acidentes anatômicos: uma incisura, a incisura da escápula, e uma saliência em forma de bico de corvo, o processo coracóide. Pela incisura, percorre o N. supraescapular, oriundo do tronco superior do plexo braquial e destinado a inervação dos Mm. supra-espinhal e infra-espinhal. O processo coracóide presta inserção ao M. Peitoral Menor, ao tendão comum para o M. córacobraquial e para a porção curta do M. Bíceps Braquial, além de prestar fixação para o ligamento córacoclavicular (constituído pelos ligamentos trapezóide e conóide, responsáveis por fixar a clavícula ao acrômio da escápula). Em uma visão lateral da escápula, observa-se a presença de uma fossa particular, localizada entre a espinha e a cabeça da escápula, constituindo a fossa espino-glenoidal, por onde percorre o componente infra-espinhal do nervo supra-escapular, ou seja, o componente nervoso responsável por inervar apenas o M. infra-espinhal. O ângulo superior corresponde ao ponto de encontro das margens superior e medial da escápula. O ângulo lateral representa o mais importante dos ângulos encontrados no osso, parte mais espessa do osso que possui a cabeça da escápula, onde se encontra uma depressão articular, a cavidade glenoidal da escápula, que se articula com a cabeça do Úmero. A rasa constrição entre a cabeça e o corpo define o colo da escápula. Acima dessa cavidade, encontramos uma saliência, o tubérculo supraglenoidal, que presta inserção à porção longa do M. Bíceps Braquial. Abaixo da cavidade glenoidal encontraremos o tubérculo infraglenoidal, onde se insere a porção longa do M. Tríceps Braquial. O ângulo inferior da escápula, local de encontro das margens lateral e medial do referido osso, serve como um dos pontos de inserção dos Mm. Redondos Maior e Menor, assim como ao M. Subescapular. A partir do momento em que a escápula é amplamente revestida por músculos, faz com que fraturas desse osso raramente ocorram. Esse tipo de lesão, contudo, geralmente é causada por traumatismos graves, como atropelamentos. A parte do osso mais sujeita a fraturas é o acrômio, por se tratar de uma região subcutânea protrusa. Quando o corpo da escápula é comprometido (como por golpes diretos nessa região), o nervo toracodorsal geralmente é acometido, sendo ele o responsável por inervar o M. latíssimo do dorso. Quando apresenta inervação insuficiente, o músculo deixa de funcionar adequadamente. Uma vez que este músculo está envolvido com a adução, rotação medial e extensão do braço, todos estes movimentos estariam comprometidos. Além disso, fraturas da escápula geralmente são acompanhadas de fraturas nas costelas. Fraturas na margem superior da escápula, a partir do momento em que há lesão do nervo supra-escapular (que cruza esta margem por meio da incisura da escápula), podem trazer um comprometimento nos movimentos de abdução e rotação lateral do mesmo, uma vez que estes movimentos são responsabilidades dos Mm. supra-espinhal e infra-espinhal, respectivamente, os quais estariam comprometidos por esta lesão. Compressão da fossa espino-glenoidal (como por um cisto sinovial), gera o comprometimento de apenas o componente infra-espinhal do N. supraescapular, fazendo com que haja limitação da rotação lateral do MS acometido (por paralisia do M. infra-espinhal), mas preservando a abdução realizada pelo M. supraespinhal (inervado pelo N. supraescapular antes que este se divida e passe pela fossa espino-glenoidal). A correção cirúrgica para este quadro se dar por acesso à região através do sulco deltopeitoral (local de encontro das fibras do M. deltóide e peitoral maior). A escápula normalmente é mantida projetada contra as costelas na face posterior do tórax devido à ação do músculo serrátil anterior. Este músculo é o principal responsável por protrair a escápula contra a parede do tórax bem como rotacionar este osso, de forma que a cavidade glenoidal seja voltada para cima, permitindo assim, uma maior capacidade de abdução do membro. Sua inervação é estabelecida pelo N. torácico longo. Este, após um percurso na região lateral do tórax (onde por ser lesionado), parte para inervar o músculo serrátil anterior. Uma vez paralisado (por lesões do nervo pertinente), o paciente pode apresentar um quadro conhecido por escápula alada. Para o diagnóstico, pede-se ao paciente para que o mesmo faça força, utilizado os dois MS, contra uma parede. No lado comprometido, nota-se que a escápula faz projeção para fora, de forma que o ângulo inferior e a sua margem medial fiquem notadamente retraídas (o que lembra um aspecto de asa, dando a designação clássica ao quadro clínico). Além disso, o paciente apresentará dificuldades de elevar o membro além dos 90º, relatando uma incapacidade de pentear o cabelo, por exemplo. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 4 CLAVÍCULA A clavícula, por apresentar comprimento predominante com relação as suas demais dimensões, é classificada como um osso longo, muito embora não apresente canal medular, consistindo, portanto, em um osso esponjoso (trabecular) com revestimento de osso compacto. Este osso é o real responsável por ligar o membro superior ao tronco, por meio de duas articulações do tipo plana: a articulação acromioclavicular e a articulação esternoclavicular. Este osso, entre outras funções, serve como um verdadeiro guindaste, no qual está suspensa a escápula e o membro livre, de modo que quase todo o peso do membro é sustentado por este único osso. Os impactos traumáticos recebidos nas regiões mais distais do MS são, de forma gradativa, transmitidas para este osso. O formato da clavícula lembra a forma de uma letra S, sendo dividida em três terços: um terço lateral (extremidade acromial), um terço medial (extremidade esternal) e um terço médio. Posição anatômica. Para por o osso em posição anatômica de estudo, observa-se, primeiramente, a face mais rugosa do mesmo, a qual deverá se voltar para baixo, compondo a face inferior do osso. Esta região é mais rugosa por prestar inserção a ligamentos densos, sendo ela a região onde principalmente se localizam os seus elementos descritivos. Deve-se voltar a extremidade mais volumosa do osso para o plano mediano; para diante, a margem do osso que apresenta a maior convexidade do osso (sendo esta convexidade encontrada no terço medial do osso). Divisão anatômica. Para estudo anatômico, a clavícula apresenta uma divisão em duas faces (superior e inferior), duas margens (anterior e posterior) e duas extremidades (esternal e acromial). Em seu terço medial a clavícula presta inserção ao M. Esternocleidomastóideo, enquanto que em seu terço distal se insere o M. Deltóide. Encontramos ainda o M. subclávio inserido na face inferior do osso. Na face inferior do osso encontramos a maioria de seus elementos descritivos: na extremidade acromial, encontramos dois elementos anatômicos que servem de fixação dos componentes do ligamento coracoclavicular: linha trapezóide (onde se insere o ligamento trapezóide, parte lateral do ligamento coracoclavicular) e o tubérculo conóide (onde se insere o ligamento conóide, parte medial do ligamento coracoclavicular); no terço médio, encontramos apenas uma depressão longitudinal,o sulco para o M. Subclávio, que presta inserção a um músculo homônimo; na extremidade esternal, encontramos a impressão do ligamento costoclavicular, uma área áspera e de aspecto oval que marca o local de fixação do ligamento que une a 1ª costela á clavícula, limitando a elevação do membro superior. A clavícula é um dos ossos mais frequentemente fraturados. Esta fratura ocorre, de uma forma geral, ou por um impacto direto sobre o osso ou por resultado de uma queda apoiada pela mão em que haja transmissão do impacto até este osso. A parte mais delicada e mais facilmente rompida deste osso é o ponto da junção de seus terços lateral e médio entre si. Após uma fratura nessa região, o M. esternocleidomastóideo eleva o fragmento medial do osso, passando a ser facilmente palpável na região da raiz do pescoço. O músculo trapézio, por sua vez, é incapaz de elevar o outro fragmento do osso, fazendo com que, devido ao seu próprio peso, o ombro e o membro acometidos caiam. A presença do ligamento coracoclavicular geralmente impede a luxação da articulação acromioclavicular. Devido à queda do membro, de modo instintivo, o indivíduo tende a segurar o membro acometido com o membro oposto, provocando a avulsão do fragmento medial do osso para cima, em direção à raiz do pescoço. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 5 ÚMERO O úmero forma o único arcabouço do segmento braço do membro superior. É o maior osso do membro superior. Como tal, é classificado como um osso longo, uma vez que o seu comprimento prevalece com relação as suas demais dimensões. Posição anatômica. A posição anatômica do osso é obtida ao se observar as suas extremidades. Para cima e voltado para o plano mediano, volta-se a extremidade do osso que apresenta uma saliência articular em forma de esfera (a cabeça do úmero); para trás, a face da extremidade inferior que apresenta uma ampla depressão articular (a fossa do olécrano). Divisão anatômica. Como quase todo osso longo, o úmero é dividido para estudo anatômico em três regiões: uma epífise proximal (mais superior e em relação direta com a cintura escapular), uma epífise distal (articulada aos ossos do antebraço) e um corpo, unindo as duas extremidades do osso. A diáfise apresenta uma forma triangular, com três faces, sendo elas: ântero-lateral; ântero-medial; e posterior. Suas faces estão separadas através de três margen: anterior, medial e lateral. A epífise proximal apresenta, de forma proeminente, uma saliência articular de forma esférica, a cabeça do Úmero, limitada por um estrangulamento pouco profundo, o colo anatômico do úmero. Este colo separa a cabeça de úmero de duas outras saliências ósseas, os tubérculos maior e menor. Estes tubérculos prestam inserção aos quatro músculos do chamado manguito rotador (Mm. supra-espinhal, infra-espinhal, redondo menor e subescapular), responsáveis por estabilizar a articulação do ombro, uma vez que há uma grande desproporção entre a cabeça do úmero e a cavidade glenoidal da escápula. Os tubérculos estão separados entre si por um sulco, o sulco inter-tubercular, por onde corre o tendão da porção longa do M. Bíceps Braquial. A epífise proximal do úmero está ligada ao corpo por uma linha imaginária que passa abaixo das referidas saliências, denominada colo cirúrgico. O colo cirúrgico do úmero é assim denominado por ser um dos principais alvos de fraturas do osso, principalmente se tratando de indivíduos idosos com osteoporose. A principal complicação dessa fratura envolve estruturas vásculo-nervosas que nesta região se relacionam: o N. axilar, oriundo do fascículo posterior do plexo braquail logo ao se formar, se relaciona diretamente com o referido colo. Lesões deste nervo, resultam em paralisia dos Mm. Deltóide e Redondo menor, responsáveis, respectivamente, pela abdução e rotação lateral do braço. Além disso, o N. axilar é responsável pela inervação cutânea da pele sobre a região do ombro (por meio do N. cutâneo lateral superior do braço) e, uma vez comprometido, o paciente relataria parestesia na região pertinente ao ombro. Além desses comprometimentos nervosos, é possível observar, em alguns casos, necrose da cabeça do úmero, uma vez que, no colo cirúrgico do úmero, estão presentes as artérias circunflexas do úmero, ramos da terceira porção da artéria axilar, responsáveis por irrigar a epífise proximal do referido osso. Os tubérculos maior e menor se continuam em direção ao corpo do osso através de duas cristas, a crista do tubérculo maior (presta inserção ao M. Peitoral Maior) e a crista do tubérculo menor (presta inserção aos Mm. Latíssimo do Dorso e Redondo Maior). Como já foi visto, o corpo do úmero apresenta um caráter prismático, ou seja, três faces. A face ântero-lateral apresenta uma rugosidade em forma de V, a tuberosidade deltóidea, que presta inserção ao M. Deltóide. No terço médio da face ântero-medial, encontra-se inserido o M. coracobraquial. Já na face posterior do úmero, encontramos uma rasa depressão oblíqua de trajeto lateral e inferior, em forma de sulco para alojar o N. radial (oriundo do fascículo posterior do plexo braquial) e a artéria braquial profunda, sendo denominado de sulco do N. Radial. Este sulco, por apresenta um caráter obliquo, propicia à face posterior do úmero um aspecto de torção, ou seja, como se o osso tivesse sido torcido, justificando a sua antiga denominação de sulco espiral. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 6 Fraturas do corpo do mero, frequentemente derivadas de um golpe direto no brao, podem levar ao comprometimento de estruturas que se relacionam intimamente com o mero nesta regio, como caso do N. radial e da artria braquial profunda. A leso do N. radial neste nvel poder trazer prejuzos aos movimentos de extenso do antebrao e da mo (como veremos em captulos posteriores), o que gera um quadro de “mo cada”. A epfise distal ligeiramente achatada no sentido antero-posterior. Nela encontraremos duas superfcies articulares, a tróclea (se articula com a incisura troclear da ulna), medialmente, e lateralmente, o capítulo (se articula com a fvea articular da cabea do r dio). Tambm encontramos duas salincias sseas: os epicôndilos lateral e medial (este marca a passagem de um importante nervo para o antebrao e para a mo: o N. ulnar). Alm dos acidentes anatmicos supracitados, vamos encontrar trs depresses articulares: duas anteriores, as fossas coronóidea (que se articula com o processo coronide da ulna) e radial (se articula com a circunferncia articular do r dio) e uma posterior, a fossa do olecrano (aloja o bico do olecrano do O. ulna). Os epicndilos se projetam para o corpo do mero na forma de cristas: a crista supra-epicondilar lateral e a crista supra-epicondilar medial, a partir de seus respectivos epicndilos. Fraturas na extremidade distal do mero podem estar associadas a leses do nervo mediano, importante nervo para o antebrao e mo, oriundo de dos fascculos medial e lateral do plexo braquial. Fraturas especficas no epicndilo medial do mero podem estar associadas a leses do N. ulnar, tambm respons vel por inervar estruturas no antebrao e na mo. Todas essas leses sero melhor discutidas mais adiante neste captulo. ULNA Juntamente ao osso r dio, a ulna estabelece o suporte sseo mvel e articulado do antebrao. A ulna, principalmente, o osso que estabiliza este segmento do MS. Ela o osso mais longo e medial do antebrao, se unindo com o mero por meio da articulao do cotovelo e com o r dio e os ossos do carpo por meio da articulao do punho. Posição anatômica. A posio anatmica da ulna obtida quando se posiciona a extremidade mais volumosa do osso para cima, de forma que uma grande incisura encontrada nesta extremidade (incisura troclear) fique voltada para diante,e uma incisura de menor dimenso (incisura radial da ulna) voltada para o plano lateral. Como um legtimo osso longo, a ulna dividida para o estudo anatmico em duas epfises, proximal e distal, unidas pela di fise. Divisão anatômica. Na epfise proximal do osso, encontram-se duas incisuras: a incisura troclear e a incisura radial. A mais ampla e voltada para diante, a incisura troclear, delimitada por dois processos, o olecrano (acima, presta insero aos Mm. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 7 Trceps Braquial e Ancneo) e o processo coronóide da Ulna (abaixo, presta insero ao M. Braquial). A incisura troclear articula-se com a trclea umeral. A segunda incisura apresenta menor dimenso e est voltada para o plano lateral, sendo denominada de incisura radial (articula-se com a circunferncia articular do r dio). O corpo do osso apresenta para estudo anatmico trs faces: anterior, posterior, e medial; separadas atravs de trs margens, anterior, posterior e lateral. A margem lateral tambm conhecida com a denominao de margem interssea, por prestar insero membrana de mesmo nome, respons vel por ligar esta margem margem medial do O. R dio. Na face anterior do osso, possvel encontrar ainda uma regio rugosa, a tuberosidade da ulna, local de insero do M. braquial. A epfise distal representada pela cabeça da ulna (mais lateral, se articula com a incisura ulnar do R dio) e pelo processo estilóide (mais medial, presta insero ao ligamento lateral interno da articulao do pulso). RÁDIO Dentro os dois ossos que constituem o arcabouo sseo do antebrao, o r dio o mais lateral e mais curto. Seu nome deriva do latim, sendo uma referncia ao seu aspecto de um “raio de uma roda” (do latim, radius). Posição anatômica. A posio anatmica do osso obtida voltando-se a extremidade achatada e em forma de disco do mesmo para cima (circunferência articular da cabeça do rádio); a extremidade cncava para baixo, com salincia em forma de processo encontrada nessa extremidade voltada para o plano lateral (processo estilóide do rádio). Divisão anatômica. O osso est dividido em duas epfises, proximal e distal, unidas pela di fise. A epfise proximal representada pela cabeça do rádio, constituda por uma circunferência articular (articula-se com a incisura radial da ulna, estabelecendo a articulao radioulnar proximal); e por uma depresso articular, a fóvea articular do rádio (ou cavidade glenoidal da cabeça do rádio, articula-se com o captulo do O. mero). A cabea do r dio separada do corpo por meio do colo do rádio, regio relacionada com o N. radial (ramo profundo) no antebrao. O corpo apresenta para estudo anatmico trs faces: anterior, posterior e lateral; separadas por trs margens: anterior, posterior e medial. A face anterior apresenta uma salincia, a tuberosidade do rádio que presta insero ao M. Bceps Braquial. Na face lateral, verificamos a insero do M. pronador redondo no local designado como impressão do M. pronador redondo. A margem medial do r dio (margem interóssea) unida atravs da membrana interssea margem lateral da ulna. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 8 A epfise distal do r dio apresenta duas faces articulares, a incisura ulnar (mais medial, pois une-se cabea da ulna na articulao radioulnar distal), e a face articular carpal (inferior, articula-se com os Oo. Escafide e Semi-lunar). Lateralmente identificamos uma salincia ssea, o processo estilóide do rádio (presta insero ao ligamento lateral externo da articulao do pulso). OSSOS DA MÃO O carpo formado por oito ossos curtos distribudos igualmente em uma fileira proximal e outra distal, de forma que esses ossos representam o assoalho de um importante canal de passagem de estruturas para a mo, o tnel do carpo. Este limitado superiormente pelo retin culo dos flexores, que est fixado ao escafide e ao trapzio, lateralmente, e ao pisiforme e hmulo do osso hamato, medialmente. A importncia do tnel do carpo advm da passagem do nervo mediano em seu interior. Da regio lateral para a medial da fileira proximal dos ossos do carpo, encontramos, nesta ordem, os seguintes ossos: Escafóide (do grego, skaphé = barco): pequeno osso em forma de barco que se articula com o r dio na sua parte proximal. Apresenta como principal elemento descritivo o tubrculo do escafide. Este osso, com relao aos demais da regio, mais comumente fraturado. Semilunar (do latim, luna = lua): apresenta forma de meia lua e, assim como o escafide, tambm estabelece articulao com o r dio. Piramidal (do latim, triquetrus = trs ngulos): apresenta formato piramidal e se articula na regio proximal com o disco articular da articulao radioulnar distal. Pisiforme (do latim, pisum = ervilha): pequeno osso em forma de ervilha localizado na face palmar do piramidal. Da regio lateral para a medial, os quatro ossos da fileira distal so: Trapézio (do grego, trapeze = mesa): osso com quatro faces que se articula com o 1 e 2 metacarpais, escafide e trapezide. Trapezóide: osso de formato cuneiforme que se articula com o 2 metacarpal, capitato e escafide. Capitato (do latim, caput = cabea): osso em forma de cabea, de extremidade arredondada. Se articula com o 3 metacarpal. Hamato (do latim, hamulus = pequeno gancho): osso de formato cuneiforme que se articula com o 4 e 5 metacarpal. Apresenta um processo em forma de gancho, o hámulo do hamato. O metacarpo constitui o arcabouo sseo da palma da mo entre o carpo e as falanges. formado por ossos longos – os cinco metacarpais – de modo que cada um deles apresenta base, corpo e cabea. So designados, de lateral para medial, os I, II, III, IV e V metacarpais. O arcabouo sseo dos dedos constitudo por trs falanges (proximal, mdia e distal), exceto o polegar (primeiro), que apresenta apenas duas (proximal e distal). As falanges terminais so achatadas e expandidas em suas extremidades distais na regio dos leitos ungueais. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 9 MSCULOS DO MEMBRO SUPERIOR Os músculos do membro superior são estruturas extremamente funcionais, de inervação precisa e delicada, representando bem mais que meras estruturas destinadas à confecção de movimentos, mas são importantes também por estabilizar as articulações diretamente envolvidas no processo motor deste segmento do corpo. O estudo dos músculos que agem sobre o membro superior será feito por divisão de grupos: músculos toracoapendiculares (aqueles que têm origem no esqueleto axial, mas de uma forma direta ou indireta, apresenta funções sobre o membro), músculos escapuloumerais (são músculos que se originam da escápula e se inserem no úmero, constituindo músculos intrínsecos do ombro, assim como o próprio grupo do manguito rotador), músculos do braço (são músculos que, localizados nos compartimentos do braço, agem diretamente sobre este segmento), músculos do antebraço (são músculos que não só agem no antebraço, mas que também exercem funções na mão, funcionando como músculos extrínsecos da mão) e músculos da mão (músculos que se originam e se inserem na mão, agindo, portanto, apenas neste segmento). MÚSCULOS TORACOAPENDICULARES ANTERIORES São quatro os músculos toracoapendiculares anteriores, sendo eles responsáveis por mover o cíngulo do MS e, consequentemente, a própria parte livre do membro. 1. Músculo Peitoral Maior É um músculo cujas fibras apresentam trajetória oblíqua, sendo ele largo e em forma de leque, que recobre quase toda a parede anterior do tórax. Possui uma porção clavicular e outra esternocostal. Sua margem inferior forma a prega axilar anterior. Os Mm. peitoral maior e deltóide delimitam o estreitosulco deltopeitoral onde irá passar a veia cefálica. Juntamente com a clavícula, forma o trígono clavipeitoral. É responsável por realizar forte adução e rotação medial do braço as duas partes agem juntas. Atuando isoladamente, a cabeça clavicular flete o úmero e a esternocostal estende-o. 2. Músculo Peitoral Menor É um músculo situado na parte anterior da axila, quase todo recoberto pelo M. peitoral maior. Tem formato triangular, com espessura bastante delgada. É responsável principalmente por estabilizar a escápula e ajudar na inspiração profunda no processo de elevação da costela. Músculo Peitoral Maior Ponto Fixo: (1) Cabeça clavicular: Face anterior da clavícula (metade medial). (2) Cabeça esternocostal: Face anterior do esterno, seis cartilagens costais superiores, aponeurose do músculo obliquo externo. Ponto móvel: Crista do tubérculo maior do Úmero. Ação: As duas cabeças atuando em conjunto aduzem e rodam medialmente o úmero, e movem a escápula ântero-inferiormente. Agindo sozinha, a cabeça clavicular flete o úmero, enquanto que a cabeça esternocostal estende, a partir da posição fletida. Inervação: (1) N. peitoral lateral C5, C6 (cabeça clavicular) (2) N. peitoral medial C7, C8 e T1 (cabeça esternocostal) Músculo Peitoral Menor Ponto fixo: 3ª a 5ª costelas, próximo a região de suas cartilagens costais Ponto móvel: Processo coracóide da escápula Ação: Estabiliza a escápula, deslocando-a ínfero- lateralmente sobre a parede torácica Inervação: N. peitoral medial (C8 e T1) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 10 3. Músculo Serrátil Anterior O msculo serr til anterior (do latim, serratus = serra) situa-se sobre a parede lateral do trax, entrando na composio da parede medial da axila. comumente chamado de msculo do boxeador, por ser um forte extensor da esc pula, usado ao socar ou estender o brao anteriormente. Tambm fixa a escapula, mantendo-a bem junto parede tor cica, permitindo que outros msculos a utilizem como um osso fixo para movimentos do mero. O msculo serr til anterior, juntamente com o msculo trapzio, ajuda o msculo deltide a realizar a abduo do brao alm de 90, j que as suas trs ltimas digitaes se inserem no ngulo inferior da esc pula e a puxam lateralmente, fazendo com que a cavidade glenoidal se volte para cima. A leso do nervo tor cico longo paralisa o msculo serr til anterior do mesmo lado, provocando a chamada “escápula alada”, uma vez que este msculo respons vel por manter a esc pula justaposta s costelas e, sendo assim, a sua paralisao provoca a retrao da esc pula, principalmente quando o indivduo faz fora para empurrar algo (colando as mos contra a parede, por exemplo). Alm disso no possvel abduzir o membro superior alm da posio horizontal, porqu o serr til anterior incapaz de girar a cavidade glenoidal da esc pula. 4. Músculo subclávio O msculo subcl vio um pequeno e delgado msculo situado entre a clavcula e a primeira costela que apresenta, como uma de suas principais funes, a capacidade de amortecer os movimentos da clavcula para que esta no lesione estruturas que transitam do pescoo a axila. MÚSCULO TORACOAPENDICULARES POSTERIORES Toracoapendiculares posteriores superficiais (extrínsecos do ombro). Os msculos toracoapendiculares posteriores representam msculos do prprio dorso, sendo eles divididos em trs grandes grupos: os músculos toracoapendiculares posteriores superficiais (trapzio e latssimo do dorso); os músculos toracoapendiculares posteriores profundos (levantador da esc pula e rombides); e os músculos escapuloumerais (deltide, redondo maior e os quatro msculos do manguito rotador: supra-espinhal, infra-espinhal, redondo menor e subescapular). 5. Músculo Trapézio Este msculo representa um elo direto entre o esqueleto axial e o cngulo do MS, cobrindo o pescoo posteriormente e a metade superior do tronco. Sua designao relativa a sua forma (do grego, trapezium = figura geomtrica irregular com quatro lados). Sua inervao derivada do XI par de nervos cranianos (N. acessrio). Músculo Serrátil Anterior Ponto fixo: Oito primeiras costelas Ponto móvel: Face anterior da margem medial da esc pula Ação: Protrai a esc pula e a mantm contra a parede tor cica; roda a esc pula. Inervação: N. Tor cico Longo (C5, C6 e C7) Músculo subclávio Ponto fixo: Poro medial da primeira costela. Ponto móvel: Sulco do M. subcl vio (tero mdio da clavcula) Ação: Ancora e abaixa a clavcula Inervação: N. para o msculo subcl vio (tronco superior do plexo braquial) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 11 6. Músculo Latíssimo do dorso O músculo latíssimo do dorso (antigamente chamado de M. grande dorsal) recobre uma grande área na região posterior e inferior do dorso. Por ser responsável por aduzir, estender e rotacionar medialmente o úmero, sendo conhecido como o músculo da escalada. Este músculo é, portanto, muito importante para os esportistas, em especial para os nadadores (por realizar a extensão do braço antes de dar a braçada) e remadores (por realizar a extensão do braço antes da remada), tanto é que, nestes tipos de esporte, o músculo se hipertrofia. 7. Músculo Levantador da Escápula Profundamente ao músculo esternocleidomastóideo e ao trapézio, encontramos um músculo em forma de fita cuja função é a de elevar a escápula, voltando a cavidade glenoidal para baixo. Esta função lhe rendeu a denominação de M. levantador da escápula. Agindo bilateralmente, os levantadores estendem o pescoço; agindo unilateralmente, o músculo pode contribuir para a flexão lateral do pescoço (em direção ao músculo contraído). Músculo Trapézio Ponto fixo: Terço medial da linha nucal superior, ligamento nucal, protuberância occipital externa, processos espinhosos das vértebras C7-C12 Ponto móvel: Terço lateral da clavícula, espinha e acrômio da escápula. Ação: Traciona a escápula em direção à coluna vertebral, ou seja, faz a adução da escápula em direção à coluna vertebral e este movimento é realizado, por exemplo, no ato de espreguiçar-se para trás. As fibras superiores elevam a escápula; as fibras inferiores e superiores, quando atuam em conjunto, agem na rotação da escápula. Inervação: N. Acessório (XI par de nervos cranianos) Músculo Latíssimo do dorso Ponto fixo: Processos espinhosos das 6 vértebras torácicas inferiores; fáscia tóraco-lombar; crista ilíaca e 3-4 costelas inferiores. Ponto móvel: Algumas fibras se inserem na crista do tubérculo menor do úmero, mas outras se inserem também no assoalho do sulco intertubercular do úmero. Ação: Extensão (para trás), rotação medial e adução do braço; Inervação: N.Tóracodorsal (Fascículo posterior do plexo braquial) Músculo Levantador da Escápula Ponto fixo: Processos transversos das vértebras C1 a C4. Ponto móvel: Margem medial da escápula Ação: Levanta a escápula e inclina a cavidade glenoidal inferiormente Inervação: N. Dorsal da Escápula (Raiz C5) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 12 8. Mm. Rombóides (Maior e Menor) So dois msculos, dificilmente individualizados um do outro, em forma de fita, que esto fixados entre a margem medial da esc pula e os processos espinhosos de algumas vrtebras. Anatomicamente, o rombide menor est em situao mais superior ao maior. Os rombides retraem e giram a esc pula, deprimindo sua cavidade glenoidal. Músculos intrínsecos do ombro (escapuloumerais). So seis os msculos considerados intrnsecos do ombro: deltide, redondo maior, supra-espinhal, infra- espinhal, redondo menor e subescapular, sendo estes quatro ltimos tambm enquadrados no grupo dos msculos do manguito rotador. 9. Músculo Deltóide Por ter uma forma ligeiramente parecida com a letra grega delta(Δ), rendeu-lhe a denominao de deltide. Suas fibras so divididas em trs grupos: semipeniforme anterior, multipeniforme mdia e semipeniforme posterior. Quando as trs partes se contraem, o brao abduzido, sendo auxiliado, nos 15 de abduo, pelo msculo supra- espinhal. As partes anterior e posterior so respons veis pela flexo e extenso do brao, respectivamente, de forma que so elas as respons veis pelo balano dos membros durante a marcha. O msculo deltide o respons vel por conferir o formato arredondado caracterstico do ombro e, devido ao seu espessamento e intensa vascularizao, nele onde as injees intramusculares (deltdeias) so administradas. Uma leso no nervo axilar atinge o msculo deltide quase que exclusivamente, de modo que o paciente apresente atrofia do msculo, perdendo o formato normal do ombro e deixando as salincias sseas da regio mais evidentes (como o acrmio). O indivduo, neste caso, apresenta o brao aduzido ao lado do corpo, tal qual um pndulo. 10. Músculo Redondo Maior um msculo espesso e de car ter arredondado, que serve como um forte rotador medial, sendo de f cil individualizao quando comparado ao M. redondo menor. Músculos Rombóides Maior e Menor Ponto fixo: (MAIOR) Processos espinhosos das vrtebras T2 – T5. (MENOR) Ligamento nucal e processo espinhoso das vrtebras C7 e T1. Ponto móvel: Margem medial da esc pula. Ação: Retrai a esc pula, gira a cavidade glenoidal para baixo e fixa a esc pula parede tor cica. Inervação: N. dorsal da esc pula (C4 e C5). Músculo Deltóide Ponto fixo: Espinha da esc pula, acrmio e tero lateral da clavcula. Ponto móvel: Tuberosidade deltidea, na face anterolateral do mero. Ação: abduo do brao, flexo do brao (poro clavicular); extenso do brao (poro escapular). Inervação: N. axilar (fascculo posterior do plexo braquial) Músculo Redondo Maior Ponto fixo: Margem lateral da esc pula. Ponto móvel: Crista do tubrculo menor do mero. Ação: Rotao medial do brao. Inervação: N. subescapular inferior (fascculo posterior do plexo braquial) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 13 Músculos do manguito rotador. Os músculos do manguito rotador são um conjunto de quatro músculos (supra-espinha, infra-espinhal, redondo menor e subescapular) que, ao inserirem suas fibras nos tubérculos do úmero, abraçam e estabilizam a articulação glenoumeral, visto que esta envolve duas faces articulares incongruentes. Os tendões destes músculos fundem-se na região da epífise proximal do úmero, reforçando a cápsula articular da articulação do ombro, conferindo estabilidade e proteção a mesma. Todos, com exceção do supra-espinhal, são rotadores do úmero. Ele, além de ser parte do manguito rotador, auxilia o deltóide, realizando os primeiros 15º da abdução do braço. A porção mais frágil do manguito rotador é a porção inferior, por ser mais desprotegida anatomicamente. 11. Músculo supra-espinhal O músculo supra-espinhal está alojado, na maioria de sua massa, na fossa de mesmo nome na escápula. Este músculo é responsável por auxiliar o deltóide no inicio da abdução do braço, além de desempenhar seu papel essencial que o inclui no seleto grupo dos músculos do manguito rotador: estabilizar a articulação glenoumeral superiormente. 12. Músculo infra-espinhal O músculo infra-espinhal ocupa a fossa infra-espinhal da escápula, sendo parcialmente coberto pelos músculos trapézio e deltóide. Além de auxiliar na estabilização da articulação glenoumeral, este músculo funciona como um potente rotador lateral do úmero, agindo auxiliado pelo M. redondo menor. 13. Músculo redondo menor O músculo redondo menor apresenta uma conformação delgada e alongada. É muitas vezes confundido com fibras do M. infra-espinhal por ser de difícil separação do mesmo. O redondo menor apresenta ainda a mesma função do M. infra-espinhal, diferenciando-se do mesmo apenas pela inervação: enquanto que o primeiro é inervado pelo nervo axilar (assim como do deltóide), o M. infra-espinhal é inervado pelo nervo supra-escapular (quando este nervo passa pela fossa espino-glenoidal). Músculo supra-espinhal Ponto fixo: Fossa supra-espinhal da escápula Ponto móvel: Tubérculo Maior do úmero. Ação: Abdutor do braço (os primeiros 15º). Inervação: N. Supra-escapular (Tronco Superior) Músculo infra-espinhal Ponto fixo: Fossa infra-espinhal da escápula. Ponto móvel: Tubérculo maior do úmero. Ação: Rotação lateral do braço. Inervação: N. Supra-escapular (Tronco Superior) Músculo redondo menor Ponto fixo: Margem lateral da escápula Ponto móvel: Tubérculo maior do úmero. Ação: Rotação lateral do braço. Inervação: N. Axilar (Fascículo posterior) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 14 14. Msculo subescapular O msculo subescapular consiste no msculo mais anterior do manguito rotador, estendendo-se da fossa subescapular ao tubrculo menor do mero ( o nico msculo que neste local se insere). Alm de aduzir o brao, o msculo subescapular um importante rotador medial do mesmo, representando, talvez, o principal rotador medial que o MS possui. Este msculo possui ainda dupla inervao, sendo que o nervo subescapular superior o inerva com exclusividade e o nervo subescapular inferior alm de inerv -lo, supre o msculo redondo maior. Na leso denominada como “mo de gorjeta para garom”, provocada pela leso da parte superior do plexo braquial (rompimento das razes C5 e C6 do plexo braquial ou leso do tronco superior, formado por essas razes), o brao do indivduo permanece em aduo, rotacionado medialmente e o antebrao fica estendido e pronado. Esse movimento lembra quele que os garons antigamente faziam para receber gorjeta de maneira discreta. A aduo do brao ocorre porque lesando o nervo axilar, formado por fibras de C5 e C6, o msculo deltide fica paralisado e no faz abduo do brao, alm do supra-espinhal (nervo supraescapular). A rotao medial ocorre porque ao lesar os nervos: axilar e supra-escapular, tambm formado por fibras de C5 e C6, os msculos rotadores laterais – redondo menor e infra-espinhal –, ficam paralisados, impossibilitando a rotao lateral do brao. J o antebrao fica estendido porque lesando o nervo musculocutneo, formado por fibras de C5 e C6, a musculatura anterior do brao, que flexora do antebrao, fica paralisada e a extenso do antebrao prevalece sobre a flexo. O antebrao fica pronado porque a leso do nervo musculocutneo paralisa o msculo bceps, que o principal supinador de fora do pulso. M SCULOS DO BRAO Os msculos do brao aqui descritos so aqueles que se localizam em um dos compartimentos musculares apresentados por este segmento: o compartimento anterior ou flexor; e o compartimento posterior ou extensor. Essa ressalva importante pois h aqueles msculos conhecidos como toracoapendiculares, que mesmo se inserindo no mero, no participam da composio de nenhum dos compartimentos prprios do brao. Compartimento muscular anterior do brao – Flexores. O compartimento anterior do brao apresenta msculos com duas importantes caractersticas em comum: (1) so, em sua essncia, msculos flexores do antebrao; (2) so todos inervados pelo N. msculo-cutneo (nervo misto oriundo do fascculo lateral do plexo braquial que, ao servir para a estimulao motora dos msculos deste compartimento, emerge no antebrao para exercer funo puramente sensitiva). 15. Msculos Bceps Braquial O bceps braquial um msculo fusiforme de duas cabeas, ambas originadas na esc pula e inseridas no r dio. Por atravessar as duas articulaes anatmicas que envolvem o brao (a do ombro e a do cotovelo), capaz de agir em ambas: fletindo o brao ou o antebrao, alm de ter uma terceira funo agindo na articulao radioulnar: quandoo antebrao est em pronao, o bceps o mais forte supinador do antebrao. O tendo da cabea longa do bceps, como j foi explanado, percorre o sulco intertubercular (sulco este cerrado pelo ligamento transverso do mero, o qual forma um verdadeiro canal que protege este tendo contra atritos. Distalmente, o bceps se fixa na tuberosidade do O. r dio e em uma faixa membran cea triangular denominada aponeurose do msculo bceps braquial, que forma o teto da fossa cubital (parte anterior do cotovelo). Msculo subescapular Ponto fixo: Fossa subescapular Ponto mvel: Tubrculo menor do mero e crista do tubrculo menor do mero. Ao: Aduo e Rotao medial do brao. Inervao: N. Subescapular superior e inferior (Fascculo posterior) Msculo Bceps Braquial Ponto fixo: (CABEA LONGA) Tubrculo supra-glenoidal da esc pula. (CABEA CURTA) Processo coracide da esc pula. Ponto mvel: Tuberosidade do r dio e aponeurose bicipital. Ao: Flexo do brao e do antebrao; supinao do antebrao. Inervao: N. msculo-cutneo (Fascculo lateral do plexo braquial). Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 15 16. Msculo Coracobraquial o msculo localizado na parte mais superior e medial do compartimento anterior do brao, servindo de referncia para localizar o N. msculo-cutneo que o perfura evidentemente, sendo ainda respons vel por sua inervao. O nervo mediano e a artria braquial seguem profundamente a este msculo, sendo facilmente identificados neste ponto. 17. Msculo Braquial Msculo de formato fusiforme, o msculo braquial est situado profundamente ao bceps, na parte mais inferior do compartimento anterior do brao. Este msculo representa o principal flexor do antebrao, muitas vezes comparado como um “burro de carga” da flexo da articulao do cotovelo por ser esta sua nica ao. Compartimento muscular posterior do brao – Extensores. O compartimento muscular posterior do brao ocupado basicamente por um msculo – o trceps braquial. Alguns autores, porm, descrevem este compartimento somando ainda um pequeno msculo cuja ao de auxiliar a extenso realizada pelo trceps – o ancneo. Como particularidade comum, todos estes msculos so inervados pelo N. radial (principal ramo terminal do fascculo posterior). 18. Msculo Trceps Braquial O Trceps braquial um grande msculo fusiforme que ocupa quase que toda a totalidade do compartimento posterior do brao, sendo dotado de trs pores (ou vastos), das quais apenas a poro longa cruza a articulao do ombro (fixa-se no tubrculo infra-glenoidal da esc pula), sendo, portanto, a nica capaz de agir nesta articulao, embora seja a poro menos ativa do msculo. O nervo radial passa entre as pores lateral e medial do msculo trceps braquial, inervando-as, antes de atingir o antebrao. Msculo Coracobraquial Ponto fixo: Ponta do processo coracide da esc pula. Ponto mvel: Face antero-medial do tero mdio do mero. Ao: do brao (por ser o nico msculo que liga mero e esc pula) e ao adutora. Inervao: N. msculo-cutneo (Fascculo lateral do plexo braquial) Msculo Braquial Ponto fixo: 2/3 distais da face antero-medial do mero. Ponto mvel: Tuberosidade da ulna Ao: flexo do antebrao. Inervao: N. msculo-cutneo (Fascculo lateral do plexo braquial) Msculo Trceps Braquial Ponto fixo: (PORO LONGA) Tubrculo infra-glenoidal da esc pula (VASTO LATERAL) Face posterior do mero, acima do sulco para o N. radial (VASTO MEDIAL) Face posterior do mero, abaixo do sulco para o N. radial Ponto mvel: Face posterior do olecrano Ao: (PORO LONGA) Extensor do antebrao e brao (por ser a nica poro em contato com a esc pula, uma vez que as outras pores se originam no corpo do mero). (VASTOS LATERAL E MEDIAL) Extensor do brao Inervao: N. radial (Fascculo posterior do plexo braquial) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 16 19. Músculo ancôneo um pequeno msculo includo no compartimento posterior do brao por alguns autores ou no antebrao por outros. de difcil individualizao, exceto em indivduos com excessiva massa muscular. Localizado na face pstero- lateral do brao, este msculo auxilia o trceps a realizar a sua funo de extenso do antebrao, alm de abduzir a ulna durante a pronao do antebrao. MÚSCULOS DO ANTEBRAÇO O antebrao – segmento mdio do membro superior – apresenta msculos que cruzam a articulao do cotovelo e do punho, agindo, deste modo, na mo ou nos dedos. Cabe a ns descrevermos os msculos deste segmento do membro superior dividindo-os, para um estudo mais did tico, em trs compartimentos: anterior, lateral e posterior. Compartimento anterior do antebraço. O compartimento anterior do antebrao abriga os msculos flexores e pronadores do antebrao. Neste compartimento, so encontrados apenas msculos que sejam inervados seja pelo N. mediano (a maioria deles) ou N. ulna (apenas um msculo e metade de outro). Para o estudo deste compartimento, faremos uma diviso em planos, agrupando os msculos na ordem descrita logo abaixo, sempre no sentido lateral-medial: 1 Plano: Mm. pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo e flexor ulnar do carpo. 2 Plano: M. flexor superficial dos dedos 3 Plano: Mm. flexor longo do polegar e flexor profundo dos dedos 4 Plano: M. pronador quadrado 20. Músculo Pronador Redondo Msculo fusiforme que cruza, desde o epicndilo medial, o radio em direo a ulna, representando o mais lateral dos msculos do 1 plano do compartimento anterior do antebrao. Este msculo entra na composio do limite medial da fossa cubital. um importante ponto de referncia para o encontro do N. mediano, uma vez que perfurado por ele quando este nervo transita em direo ao antebrao. 21. Músculo Flexor Radial do Carpo O msculo flexor radial do carpo (FRC) um msculo fusiforme longo, situado medialmente ao pronador redondo. O FRC, ao agir com o M. flexor ulnar do carpo, realiza a flexo do punho, e ao agir com os extensores radial longo e curto, realizam a abduo do punho. Quando age individualmente tem como principal funo a flexo e a abduo, quase que simultaneamente do punho de forma que a mo se movimente ntero-lateralmente. Músculo Ancôneo Ponto fixo: Epicndilo lateral do mero Ponto móvel: Olcrano e parte mais alta da face posterior da ulna Ação: Auxilia o msculo trceps, iniciando o movimento de extenso do antebrao, j que ele est junto da articulao do cotovelo. Alm de ser o iniciador da extenso do antebrao, este msculo possui mais duas funes: estabiliza a articulao do cotovelo por tr s quando o antebrao flexionado e, durante a pronao do antebrao, traciona a ulna lateralmente, facilitando o giro do r dio sobre a ulna. Inervação: N. radial (Fascculo posterior do plexo braquial) Músculo Pronador Redondo Ponto fixo: (CABEA UMERAL) Epicndilo Medial; (CABEA ULNAR) face medial da ulna distal ao processo coronide. Ponto móvel: Tero mdio da face lateral do r dio. Ação: (CABEA UMERAL) pronao, flexo; (CABEA ULNAR) pronao. Inervação: N. mediano (Fascculo lateral e medial do plexo braquial) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 17 22. Músculo Palmar Longo Pequeno msculo fusiforme, de ventre curto, facilmente identificado por apresentar um longo tendo em forma de fita. um msculo inconstante na populao e no apresenta funo relevante, embora auxilie, em certo grau, a flexo do punho. principalmente utilizado como enxerto msculo-tendinoso para correo de alguns danos no prprio antebrao (como para a correo da “mo cada”, fruto da leso do nervo radial que ser discutida futuramente neste captulo). 23. Músculo Flexor Ulnar do Carpo Msculo respons vel por fletire aduzir a mo no punho quando age sozinho; flete o punho quando associado com o flexor radial do carpo. Uma importante particularidade deste msculo o fato de ser inervado pelo N. ulnar, diferentemente dos demais msculos deste compartimento que o contm. O nervo ulnar entra no antebrao, passando entre as cabeas umeral e ulnar do M. flexor ulnar do carpo. Em nvel do punho, a artria ulnar e o nervo ulnar esto situados lateralmente a este msculo. 24. Músculo Flexor Superficial dos dedos o maior msculo superficial do antebrao. O nervo mediano e a artria ulnar entram no antebrao passando entre suas cabeas mero-ulnar e radial. Perto do punho o M. flexor superficial dos dedos d origem a quatro tendes, que passam profundamente ao retin culo dos Mm. flexores atravs do tnel do carpo at os dedos. Este msculo inervado pelo N. mediano. O nervo mediano, aps transitar por entre as fibras do pronador redondo, aprofunda-se e percorre o antebrao entre os msculos flexores superficial e profundo dos dedos. No punho que o nervo mediano se torna mais superficial, passando para a mo entre os tendes dos msculos flexor radial do carpo e flexor superficial dos dedos, coberto anteriormente pelo tendo do msculo palmar longo. Músculo Flexor Radial do Carpo Ponto fixo: Epicndilo medial e f scia do antebrao Ponto móvel: Face palmar da base do 2 metacarpal Ação: Flexo da Mo Inervação: N. mediano (Fascculo lateral e medial do plexo braquial) Músculo Palmar Longo Ponto fixo: Epicndilo medial e f scia do antebrao Ponto móvel: Aponeurose palmar Ação: flexo na articulao do cotovelo, flexo palmar Inervação: N. mediano (Fascculo lateral e medial do plexo braquial) Músculo Flexor Ulnar do Carpo Ponto fixo: Medial (tendo flexor comum – CABEA UMERAL); olecrano (CABEA ULNAR) Ponto móvel: Base do V metacarpal, pisiforme e hamato. Ação: flexor e adutor da mo Inervação: N. Ulnar (Fascculo Medial do plexo braquial) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 18 25. Músculo Flexor Profundo dos Dedos É o único músculo capaz de fletir as articulações interfalângeas distais. Este músculo apresenta inervação dupla, de modo que sua metade medial (ulnar) é inervada pelo N. ulnar e a metade lateral (radial) é inervada pelo N. mediano. 26. Músculo Flexor Longo do Polegar O músculo flexor longo do polegar situa-se lateralmente ao flexor profundo dos dedos e segue até a falange distal do polegar para agir neste dedo. 27. Músculo Pronador Quadrado É o músculo mais profundo do antebraço, tendo a função de ser o agonista da pronação do antebraço e iniciar a pronação, sendo auxiliado pelo M. pronador redondo (quando há necessidade de mais velocidade e força). O N. mediano, em nível de fossa cubital, envia um pequeno ramo denominado de nervo interósseo anterior, que percorre toda a membrana interóssea até atingir este músculo no terço distal do antebraço. Músculo Flexor Superficial dos Dedos Ponto fixo: Porção úmero-ulnar: epicôndilo medial (tendão flexor comum) e face medial do processo coronóide; porção radial: parte proximal da face anterior do rádio. Ponto móvel: 4 tendões na base da falange media dos dedos II, III, IV e V. Ação: Principal: flexão da falange média; Secundária: flexão da falange proximal. Inervação: N. mediano (Fascículo lateral e medial do plexo braquial) Músculo Flexor Profundo dos Dedos Ponto fixo: 2/3 proximais da face anterior da ulna e membrana interóssea. Ponto móvel: 4 tendões da base da falange distal dos dedos II, III, IV e V. Ação: Principal: flexão das falanges distal; secundária: flexão das falanges média e proximal. Inervação: Nn. Ulnar (metade medial) e Mediano (metade lateral). Músculo Flexor Longo do Polegar Ponto fixo: (CABEÇA RADIAL) 1/3 médio da face anterior do rádio; (CABEÇA UMERAL) epicôndilo medial (cabeça umeral) Ponto móvel: Falange distal do polegar Ação: Flexão do polegar (fletindo a falange distal) Inervação: N. Mediano. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 19 Compartimento lateral do antebraço. O compartimento lateral do antebraço é dotado de apenas três músculos sobrepostos, de modo que a ordem do mais superficial para o mais profundo é: Mm. braquioradial, extensor radial longo do carpo e extensor radial curto do carpo. Todos estes três músculos são inervados pelo N. radial, porém dois deles (os últimos citados) realizam extensão, ao passo em que o braquioradial realiza flexão do antebraço quando este se encontra em semi-pronação. Este fato também representa uma exceção para os músculos inervados pelo N. radial, uma vez que, como veremos, este nervo é destinado à inervação da maioria dos músculos extensores do antebraço, porém, o M. braquioradial é um forte flexor deste segmento. 28. Músculo Braquioradial Este músculo, de formato fusiforme, situa-se superficialmente na face ântero-lateral do antebraço, sendo facilmente encontrado quando observado em seu ponto fixo ainda no braço e seguindo suas fibras até a inserção de seu ponto fixo no processo estilóide do rádio. Este fato é importante pois determina que o M. braquioradial não seja classificado como um músculo extrínseco da mão por não cruzar a articulação do punho e, portanto, não agir neste segmento mais distal do MS. Outra exceção importante é o fato de este músculo ser um flexor do antebraço (quando este segmento encontra-se em semipronação), mesmo sendo inervado pelo N. radial (principal nervo para a motricidade de músculos extensores). Este músculo é visivelmente exigido nos movimentos de cortas legumes, por exemplo. Profundamente a este músculo, encontramos o ramo superficial do N. radial, nervo cutâneo para a região da pele lateral do dorso da mão. 29. Músculo Extensor Radial Longo do Carpo É um músculo fusiforme, parcialmente sobreposto pelo M. braquioradial. Músculo Pronador Quadrado Ponto fixo: 1/3 distais da margem anterior da ulna Ponto móvel: 1/3 distais da margem e face anterior do rádio. Ação: Pronação do antebraço. Inervação: N. Mediano Músculo Braquioradial Ponto fixo: Margem lateral do úmero (crista supra-epicondilar lateral do úmero) Ponto móvel: extremidade distal do processo estilóide do rádio. Ação: Flexão do antebraço. Inervação: N. Radial (Fascículo posterior do plexo braquial) Músculo Extensor Radial Longo do Carpo Ponto fixo: Margem lateral do úmero e epicôndilo lateral Ponto móvel: Base do 2º metacarpal Ação: Extensão e abdução da mão Inervação: N. Radial (Fascículo posterior do plexo braquial) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 20 30. Músculo Extensor Radial Curto do Carpo Em um plano mais profundo ao extensor radial longo do carpo, encontramos o extensor radial curto do carpo. Embora seja relativamente longo, este músculo corresponde ao mais curto do compartimento lateral do antebraço quando comparado aos demais componentes do compartimento que o contém. Compartimento posterior do antebraço. Para o estudo dos músculos do compartimento posterior do antebraço (compartimento extensor-supinador), dividiremos, assim como foi feito com o compartimento anterior do antebraço, em dois planos: um mais superficial e outro mais profundo. 1º Plano: Mm. extensor dos dedos, extensor do dedo mínimo, extensor ulnar do carpo, supinador. 2º Plano: Mm. abdutor longo do polegar,extensor curto do polegar, extensor longo do polegar, extensor do dedo indicador. 31. Músculo Extensor dos Dedos Representa o principal músculo extensor dos quatro dedos mediais, ocupando uma grande parte da face posterior do antebraço. Para os dedos indicador e mínimo, a extensão é auxiliada por músculos extensores próprios (Mm. extensor do dedo indicador e extensor do dedo mínimo, respectivamente). Já para os dedos médio e anular,apenas este músculo confere a sua extensão. 32. Músculo Extensor do dedo Mínimo É um músculo que faz parte do grupo funcional responsável pela extensão do dedo mínimo, sendo esta função realizada com auxílio do M. extensor dos dedos. Após exercer sua função, basicamente no 5º dedo, contribui para extensão da mão. Músculo Extensor Radial Curto do Carpo Ponto fixo: Epicôndilo lateral do úmero (tendão extensor comum) Ponto móvel: Base do 3º metacarpal Ação: Extensão e abdução da mão Inervação: N. Radial (Fascículo posterior do plexo braquial) Músculo Extensor dos Dedos Ponto fixo: Epicôndilo lateral do úmero (tendão extensor comum) Ponto móvel: Aponeurose dorsal do 2º ao 4º dedo Ação: Extensão e abdução para o lado ulnar (articulação radial cárpica), extensão (articulação metacarpofalangica), extensão (articulação interfângica V) Inervação: N. Radial (Fascículo posterior do plexo braquial) Músculo Extensor do dedo Mínimo Ponto fixo: Epicôndilo lateral do úmero (tendão extensor comum) Ponto móvel: Aponeurose dorsal do dedo mínimo Ação: Estende o dedo mínimo na articulação metacarpofalângica . Inervação: N. interósseo posterior (continuação do ramo profundo do nervo radial) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 21 33. Músculo Extensor Ulnar do Carpo O músculo extensor ulnar do carpo, com formato de uma alça de músculo fusiforme, é responsável não só pela extensão do carpo, mas também pela adução da mão, ao agir isoladamente na articulação do punho. 34. Músculo Supinador O supinador é um pequeno músculo situado profundamente na fossa cubital, formando seu assoalho juntamente com o M. braquial. O ramo profundo do N. radial segue perfurando suas fibras e se aprofunda, para alcançar o colo do rádio (local onde pode ser lesionado). O supinador é considerado o agonista primário para supinação lenta, principalmente quando o antebraço está estendido. Já o bíceps braquial funciona como agonista primário durante a supinação rápida e forçada contra resistência quando o antebraço é fletido (no ato de girar um parafuso, por exemplo). 35. Músculo Abdutor Longo do Polegar Músculo fusiforme e, como o próprio nome já indica, age na mão, sendo portanto, assim como muitos músculos do antebraço, classificado como músculo extrínseco da mão. Está situado imediatamente distal ao M. supinador, intimamente relacionado ao M. extensor curto do polegar. 36. Músculo Extensor Longo e Curto do Polegar Os músculos extensor longo e curto do polegar são músculos do antebraço que agem estendendo a articulação interfalangeana do polegar. Além disso, os tendões dos Mm. extensor longo do polegar, extensor curto do polegar e abdutor longo do polegar formam uma importante fossa situada na região póstero-lateral da mão, denominada tabaqueira anatômica (mais evidente quando o polegar está em extensão). A tabaqueira serve como ponto de Músculo Extensor Ulnar do Carpo Ponto fixo: (CABEÇA UMERAL) epicôndilo lateral; (CABEÇA ULNAR) face posterior da ulna. Ponto móvel: Face dorsal da base do 5º metacarpal Ação: extensão e abdução radioulnar (articulação radial cárpica) Inervação: N. Radial Músculo Supinador Ponto fixo: (1) Epicôndilo lateral do úmero; (2) Ligamento colateral e anular do radio; (3) Crista da ulna; (4) Fossa do músculo supinador. Ponto móvel: Face anterior do rádio Ação: Supinação junto ao bíceps braquial. Inervação: Ramo profundo do N. Radial (N. interósseo posterior) Músculo Abdutor Longo do Polegar Ponto fixo: Face posterior da ulna, rádio e membrana interóssea (½ proximais) Ponto móvel: Base do 1º metacarpal Ação: Abduz o polegar e estende-o na articulação carpometacarpal Inervação: Ramo profundo do N. Radial (N. interósseo posterior) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 22 referência para aferir a pulsação da artéria radial na mão, importante pois esta aferência reflete a pulsação da própria artéria braquial do paciente, servindo como um ótimo indicador de sinais vitais. 37. Músculo Extensor do Dedo Indicador Apresenta um ventre estreito e alongado, situando-se medialmente ao extensor longo do polegar. Este músculo confere certa independência à extensão do dedo indicador, ajudando ainda a estender a mão. O fato dos dedos indicador e mínimo apresentarem músculos extensores próprios, garante maior independência a estes dois dedos quando em relação ao M. extensor dos dedos. Este fato é provado em casos de facadas no terço posterior mais distal do antebraço, por exemplo, quando o elemento cortante atinge apenas as fibras do M. extensor dos dedos. Nota-se, com isso, que o indivíduo torna-se incapaz de estender os dedos médio e anular, mas ainda consegue, de maneira limitada, estender o dedo indicador e mínimo. Não se pode explicar este fato por lesão nervosa uma vez que todos estes músculos envolvidos são inervados pelo mesmo nervo (o N. radial) e uma vez lesado, todos estes movimentos estariam prejudicados. MÚSCULOS DA MÃO Cada eminência da mão corresponde a um grupo muscular recoberto por sua respectiva fáscia. As eminências são: a eminência tenar, onde há os músculos curtos ou pequenos do polegar; a eminência hipotenar, onde há os músculos curtos do dedo mínimo; e uma região intermédia, a região palmar (compartimento central e inter-ósseo), onde estão localizados os chamados músculos curtos da mão. Assim como foi feito até então, o estudo do componente muscular da mão será dividido por tais compartimentos na forma de eminências. MÚSCULOS DA EMINÊNCIA TENAR Os músculos localizados na eminência tenar são: o abdutor curto do polegar, o flexor curto do polegar (dotados de duas cabeças sobrepostas) e, profundamente a estes, o oponente do polegar. O músculo adutor do polegar, de formato triangular, não está propriamente localizado na eminência tenar, mas está associado funcionalmente a ela. Todos os músculos do compartimento tenar têm origem no retináculo dos músculos flexores e nos tubérculos do escafóide e trapézio. Músculos Extensor Curto do Polegar e Extensor Longo do Polegar Ponto fixo: (EXTENSOR CURTO) Face posterior do rádio, membrana inter-óssea; (EXTENSOR LONGO) 1/3 medial da face posterior da ulna, membrana inter-óssea. Ponto móvel: (EXTENSOR CURTO) Falange proximal do polegar; (EXTENSOR LONGO) Falange distal do polegar Ação: (EXTENSOR CURTO) extensão da falange proximal do polegar; (EXTENSOR LONGO) extensão da falange distal do polegar. Inervação: Ramo profundo do N. Radial (N. inter-ósseo posterior) Músculo Extensor do Dedo Indicador Ponto fixo: Face posterior da ulna(terço distal) e membrana inter-óssea Ponto móvel: Aponeurose dorsal do indicador Ação: Extensão do 2º dedo e ajuda a estender a mão no punho. Inervação: Ramo profundo do N. Radial (N. inter-ósseo posterior) Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 23 38. Músculo Palmar Curto É um pequeno e delgado músculo presente no tecido subcutâneo da região hipotênar. Este músculo é importante por encobrir e proteger o nervo e a artéria ulnares. Além de ser um músculo inconstante na população, pode ser facilmente retirado durante a dissecação da mão. 39. Músculo Abdutor Curto do Polegar É o mais lateral dos músculos na região tênar, quando comparado, inclusive, ao flexor curto do polegar. Logo rente às suas fibras mais laterais, é fácil de encontrar o tendão do músculo abdutor longo do polegar, músculo do antebraço que, como já vimos, entra na composição da tabaqueira anatômica. 40. Músculo Flexor Curto do Polegar Assim como o M. abdutor curto do polegar, o flexor curto do polegar é um músculo da camada superficial da região tênar da mão, estando localizado medialmente ao primeiro. Tem como função a flexão do polegar nas articulações carpometacarpais e metacarpofalângeanas. Apresenta ainda duas cabeçassobrepostas: sua cabeça mais superficial é inervada pelo ramo recorrente do nervo mediano e a sua cabeça mais profunda por um ramo palmar profundo do nervo ulnar. 41. Músculo Oponente do Polegar O M. oponente do polegar apresenta um formato achatado e quadrangular, localizado na camada mais profunda da região tênar, abaixo mesmo dos dois músculos pré-citados. É responsável por realizar a oposição do polegar, o movimento mais importante deste dedo, de cunho exclusivo da raça humana. Músculo Palmar Curto Ponto fixo: Aponeurose palmar Ponto móvel: Camada profunda da derme da eminência hipotenar Ação: Pregas transversais na região hipotenar Inervação: N. ulnar. Músculo Abdutor Curto do Polegar Ponto fixo: Retináculo dos mm. flexores e tubérculos do escafóide e trapézio Ponto móvel: Face lateral da base da falange proximal do polegar Ação: Abduz o polegar e ajuda à opô-lo. Inervação: N. mediano Músculo Flexor Curto do Polegar Ponto fixo: Retináculo dos Mm. flexores e tubérculos do escafóide e trapézio. Ponto móvel: Face lateral da base da falange proximal do polegar Ação: Flete o polegar Inervação: (PARTE SUPERFICIAL) ramo recorrente do nervo mediano; (PARTE PROFUNDA) ramo profundo do nervo ulnar. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 24 42. Músculo Adutor do Polegar É um músculo profundo, triangular, que lembra o formato de um leque. Este músculo apresenta duas cabeças com pontos fixos separados pela artéria radial quando esta deixa a tabaqueira anatômica para se aprofundar e formar o arco palmar profundo, junto ao ramo palmar profundo (oriundo da artéria ulnar). Músculos da eminência hipotênar. Na eminência hipotênar da mão, encontramos músculos relacionados com o dedo mínimo, que são eles: abdutor do dedo mínimo, flexor do dedo mínimo e oponente do dedo mínimo, os quais são todos inervados pelo nervo ulnar. 43. Músculo Abdutor do Dedo Mínimo É o músculo mais superficial e lateral dos três que formam a eminência hipotênar. É responsável por abduzir o dedo mínimo além de ajudar a fletir sua falange proximal. 44. Músculo Flexor Curto do Dedo Mínimo É um músculo delgado de tamanho variável que situa-se medialmente ao músculo abdutor do dedo mínimo. Flete a falange proximal do 5º dedo na articulação metacarpofalângea. Músculo Oponente do Polegar Ponto fixo: Retináculo dos Mm. flexores e tubérculos do escafóide e trapézio. Ponto móvel: Face lateral do 1º metacarpal Ação: Leva o 1º metacarpal medialmente até o centro da palma e gira-o medialmente Inervação: ramo recorrente do nervo mediano Músculo Adutor do Polegar Ponto fixo: Bases do 2º e 3º metacarpais, capitato e carpais adjacantes. Ponto móvel: Face medial da base da falange proximal do polegar Ação: Aduz o polegar em direção à região mais lateral da palma da mão. Inervação: ramo profundo do nervo ulnar. Músculo Abdutor do Dedo Mínimo Ponto fixo: Pisiforme. Ponto móvel: Face medial da base da falange proximal do dedo mínimo. Ação: Abduz o dedo mínimo e ajuda na flexão. Inervação: N. ulnar. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 25 45. Músculo Oponente do Dedo Mínimo Situado profundamente aos outros msculos do compartimento hipotnar, este msculo gira o 5 metacarpal lateralmente colocando o dedo mnimo em oposio ao polegar. Compartimento central e interósseo da mão. No compartimento central da mo localizam-se os chamados msculos curtos da mo, que so eles: msculos lumbricais e os intersseos. 46. Músculos Lumbricais So quatro os chamados músculos lumbricais, assim denominados por sua forma comprida, semelhante ao helminto da espcie Ascaris lumbricoides. Estes msculos esto fixados aos tendes do msculo flexor profundo dos dedos. O nervo mediano inerva o 1 e o 2 lumbricais ao passo em que o nervo ulnar inerva o 3 e o 4 lumbricais (importante para entender a leso da “mo em garra” e “mo em beno”, explanadas no captulo de inervao do MS). A ao destes msculos a de flexo das falanges proximais e extenso das falanges mdias e distais, porque o tendo destes msculos vai se espiralizando pelos dedos. 47. Músculos Interósseos Palmares So trs msculos intersseos localizados nas superfcies palmares dos metacarpais, no compartimento inter- sseo da mo. Os trs intersseos palmares realizam a aduo dos dedos (para melhor memorizao: Palmares realizam Aduo PAD). Músculo Flexor Curto do Dedo Mínimo Ponto fixo: hmulo do hamato e retin culo dos msculos flexores. Ponto móvel: Face medial da base da falange proximal do dedo mnimo. Ação: flete o dedo mnimo (falange proximal). Inervação: N. ulnar. Músculo Oponente do Dedo Mínimo Ponto fixo: hmulo do hamato e retin culo dos msculos flexores. Ponto móvel: margem medial do 5 metacarpal. Ação: desloca o 5 metacarpal anteriormente, girando-o lateralmente colocando em oposio com o polegar. Inervação: N. ulnar. Músculos Lumbricais (1º ao 4º) Ponto fixo: (1 e 2) dois tendes laterais do flexor profundo dos dedos; (3 e 4) trs tendes mediais do flexor profundo dos dedos. Ponto móvel: Faces laterais das expanses extensoras dos 2 - 5 dedos. Ação: Fletem as articulaes metacarpofalngicas; estendem as articulaes interfalngicas dos 2 - 5 dedos. Inervação: (1 e 2) N. mediano; (2 e 4) Ramo profundo do nervo ulnar. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 26 48. Músculos Interósseos Dorsais São quatro os músculos interósseos localizados nas profundidades do compartimento interósseo da mão. Os quatro interósseos dorsais realizam a abdução dos dedos (para melhor memorização: Dorsais realizam Abdução DAB). INERVAO DO MEMBRO SUPERIOR Toda inervação dos segmentos do membro superior é derivada de uma complexa formação nervosa denominada plexo braquial. O plexo braquial consiste em uma ampla rede nervosa que brota no íntimo de dois músculos do pescoço (Mm. escaleno anterior e escaleno médio), se estendendo do pescoço à axila. Este plexo é formado por quatro segmentos medulares cervicais inferiores e um torácico alto. Para ser mais específico, o plexo braquial brota dos ramos anteriores dos nervos espinhais correspondentes aos segmentos C5, C6, C7, C8 e T1 da medula espinhal. Os ramos terminais que brotam do plexo braquial podem ser classificados como nervos multisegmentares por possuírem axônios originados de múltiplos segmentos medulares que, uma vez reunidos, irão constituir plexos. Estes nervos carregam, portanto, axônios de neurônios cujos corpos estão localizados em vários segmentos da medula espinhal. Para entender melhor esta classificação, lembremos a classificação dos nervos intercostais, que diferentemente dos nervos originados do plexo braquial, são classificados como ramos unisegmentares, pois são ramos com origem em um único segmento da medula espinal. O plexo braquial, por ser responsável por formar nervos multisegmentares e mistos, apresenta componentes que se anastomosam e se dividem entre si para tal feito. Porém, antes de iniciar o estudo mais minucioso sobre a formação do plexo braquial, devemos relembrar a definição e formação de um nervo espinhal. Existem 31 pares de nervos espinhais (há autores que defendem a existência de 33 pares), cada par correspondendo a um segmento medular. Cada nervo espinhal é formado por duas raízes: uma raiz ventral (anterior), composta por axônios de neurônios eferentes (motores); e uma raiz dorsal (posterior), composta por axônios de Músculos Interósseos Palmares Ponto fixo: Faces palmares do 2º, 4º e 5º metacarpais Ponto móvel: Bases das falanges proximais; expansões extensoras do 2º, 4º e 5º dedos. Ação: aduzem o 2º, 4º e 5º dedos em direção a linha axial; ajudam os lumbricais na flexão das articulaçõesmetacarpofalângeas e extensão das articulações interfalângeas; expansões extensoras dos 2º - 4º dedos. Inervação: Ramo profundo do nervo ulnar. Músculos Interósseos Dorsais Ponto fixo: Faces adjacentes de dois metacarpais (como músculos peniformes) Ponto móvel: Bases das falanges proximais; expansões extensoras dos 2º - 4º dedos. Ação: abduzem 2º - 4º dedos em relação à linha axial; atuam com os lumbricais na flexão das articulações metacarpofalângeas e extensão das articulações interfalângeas. Inervação: Ramo profundo do nervo ulnar. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 27 neurônios aferentes (sensitivos). Portanto, do sulco ântero-lateral da medula espinhal parte uma raiz ventral motora e do sulco póstero-lateral da medula, chega uma raiz dorsal sensitiva, de forma tal que ambas as raízes entram na composição de um nervo espinhal, o que significa dizer que cada nervo espinhal apresenta um caráter misto (ou seja, é composto por axônios tanto motores quanto sensitivos). O nervo espinhal, uma vez formado, se divide em um ramo ventral (mais calibroso, sendo este responsável direto pela formação do plexo braquial) e um ramo dorsal (menos calibroso, destinado à inervação de estruturas do dorso). As raízes do plexo braquial (primeiro elemento que participa da construção do plexo), nada mais são que as divisões anteriores dos nervos espinhais correspondentes aos segmentos medulares C5, C6, C7, C8 e T1. A questão que agora pode surgir é: como referir-se a um segmento C8 se só existem 7 vértebras cervicais? A resposta se dá pela formação do primeiro par de nervos espinhais: este tem origem entre a primeira vértebra cervical (atlas) e o osso occipital (do crânio), de forma que, abaixo de C1, teremos o par de nervos espinhais correspondentes ao segmento C2; abaixo de C2, teremos o par de nervos espinhais correspondentes ao segmento medular C3; e assim por diante, até que, abaixo de C7, teremos o par de nervos espinhais correspondentes ao segmento C8. FORMAÇÃO DO PLEXO BRAQUIAL Como vimos, as raízes que compõem o plexo braquial correspondem às divisões anteriores dos nervos espinhais correspondentes aos segmentos medulares de C5 a T1. Estas raízes se unirão para formar os troncos do plexo braquial. Estes, por sua vez, se bifurcarão em duas divisões cada: uma divisão anterior e outra posterior. Estas divisões estão diretamente relacionadas com a clavícula, sendo este osso, portanto, o divisor de duas porções do plexo: uma porção supra-clavicular e uma porção infra-clavicular do plexo braquial. As divisões, na sua maioria, sofrerão novas anastomoses para compor os fascículos. Destes fascículos, surgem nervos que se destacam e nervos que os encerram, sendo o primeiro grupo chamado de nervos colaterais infra-claviculares do plexo braquial e o segundo grupo chamado de nervos terminais do plexo braquial, compondo o principal conjunto de nervos desta rede nervosa. Em resumo, podemos sintetizar a formação do plexo por meio do seguinte esquema: Raízes do Plexo Troncos Divisões Fascículos Ramos Terminais Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 28 Formação dos troncos. A raiz C5 e a raiz C6, correspondentes aos segmentos C5 e C6 da medula espinhal, unem-se para formar o tronco superior do plexo braquial. A raiz C7, correspondente ao segmento C7 da medula espinhal, se continua sem unir-se a nenhuma outra raiz, constituindo, por si só, o tronco médio do plexo braquial. Por fim, a raiz C8 e a raiz T1 se anastomosam para compor o tronco inferior do plexo braquial. Percebe-se nas peças anatômicas que a denominação dos troncos se dá pela própria relação anatômica entre eles, ou seja, o tronco superior é o mais cranial dos troncos ao passo em que o tronco inferior é o mais caudal, de forma que o tronco médio seja intermediário entre ambos. Formação das divisões. Cada tronco passa a se dividir em dois ramos terminais: o tronco superior se divide em divisão anterior do tronco superior e divisão posterior do tronco superior; o tronco médio se divide em divisão anterior do tronco médio e divisão posterior do tronco médio; e o tronco inferior se divide em divisão anterior do tronco inferior e divisão posterior do tronco inferior. Estas divisões entrarão na formação dos fascículos, componentes do plexo de onde se originam, de uma forma mais frequente, os nervos que partirão para o membro como um todo. Formação dos fascículos. As divisões anteriores do tronco superior e do tronco médio se unem para formar o fascículo lateral. A divisão anterior do tronco inferior, de maneira isolada, se continua para formar o fascículo medial. As três divisões posteriores dos três troncos se unem para compor o fascículo posterior. Dos fascículos partem dois grupos de nervos, ambos classificados como infra-claviculares: os nervos colaterais (que se destacam dos fascículos, mas não os encerram, sendo destinados, principalmente, para inervação de músculos toracoapendiculares) e os nervos terminais ou principais (sendo estes terminações dos próprios fascículos, ganhando, propriamente, a parte livre do membro superior). Note que a denominação dos fascículos não acontece de forma similar a dos troncos. Isso ocorre porque a designação de cada fascículo se dá a partir da relação anatômica de cada um deles com a A. axilar, estrutura vascular responsável pela irrigação do membro superior que cruza esta região cervical relacionando-se, diretamente, com estas estruturas. Ramos terminais. Os fascículos se bifurcam para compor os ramos terminais e principais do plexo braquial, sendo estes os responsáveis pela inervação de um maior grupo de músculos do membro superior. São eles: nervo músculo-cutâneo, nervo mediano, nervo ulnar, nervo axilar e nervo radial, sendo todos eles de caráter misto e multisegmentar. O estudo dos ramos terminais, assim como dos nervos colaterais (sejam eles infra ou supra-claviculares), será feito agora, enfatizando a origem, o trajeto e o destino de cada um deles, destacando as suas mais importantes relações anatômicas. RAMOS SUPRA-CLAVICULARES São quatro os ramos que se originam na porção supra-clavicular do plexo braquial, sendo eles formados nas raízes ou nos troncos do plexo: nervo dorsal da escápula, nervo torácico longo, nervo supraescapular e nervo para o músculo subclávio. Além deles, alguns ramos musculares sem nome oficial originam-se das cinco raízes do plexo. Há ainda a raiz C5 do nervo frênico, que ascende para se unir com os componentes C3 e C4 do mesmo nervo na superfície anterior do músculo escaleno anterior. Nervo dorsal da escápula. Mm. Rombóides (maior e menor): [tóraco apendicular posterior] retraem a escápula; gira a cavidade glenóidea para baixo e fixa à escápula a parede torácica. M. Levantador da Escápula: [tóraco apendicular posterior] eleva a escápula e inclinam a cavidade glenoidal inferiormente. O nervo dorsal da escápula se origina na face posterior da raiz C5 do plexo braquial, recebendo uma contribuição frequente do segmento C4 (que por esta razão, é didaticamente descrito, por alguns autores, como parte do plexo braquial). Este nervo, ao se formar, perfura o músculo escaleno médio alcançando camadas mais profundas do pescoço. Após perfurar o músculo, o nervo dorsal da escápula desce profundamente para alcançar os músculos rombóides e levantador da escápula, inervando-os. É responsável por inervar os Mm. Rombóides maior e menor e o M. Levantador da Escápula (músculos tóraco- apendiculares posteriores). Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 29 Nervo torácico longo. M. Serrátil Anterior: [tóraco apendicular anterior] protrai a escápula e mantém contra a parede torácica; gira a escápula lateralmente. O nervo torácico longo brota da face posterior das raízes C5, C6 e C7 do plexo braquial,adotando um trajeto descendente e posterior às demais raízes do plexo. Após ser formado, este nervo atravessa o canal cervicoaxilar, percorre a face lateral da caixa torácica (onde por ser lesado), até atingir o músculo serrátil anterior (tóraco-apendicular anterior), inervando-o. Lesões por arma branca na região lateral do tórax, ou mesmo como resultado de uma mastectomia ou retirada de linfonodos axilares, pode gerar danos ao nervo torácico longo durante o seu percurso até o M. serrátil anterior. Este tipo de lesão leva a uma paralisia deste músculo, o que ocasiona uma retração da escápula, fazendo com que a sua margem medial mova-se lateralmente e posteriormente, afastando-se da parede torácica posterior, conferindo-lhe a aparência de uma asa (sendo mais evidente quando o indivíduo faz esforço contra uma parede com os membros), redendo, a este caso clínico, a designação de escápula alada. Nervo supraescapular. M. Supra-espinhal: [manguito rotador] abdução dos primeiros 15º do braço. M. Infra-espinhal: [manguito rotador] rotação lateral do braço. O nervo supraescapular se origina do tronco superior, recebendo fibras de C5 e C6 (e frequentemente de C4). Ao se formar, este nervo segue lateralmente através da região cervical lateral, ganhando o trígono posterior do pescoço (região cervical posterior ao músculo esternocleidomastóideo). Ao alcançar a margem superior da escápula, o nervo supraescapular atravessa a incisura da escápula, inferiormente ao ligamento cervical transverso superior (a artéria supraescapular, ramo indireto da artéria subclávia, passa superiormente a este ligamento). Alcançando a face posterior da escápula, o nervo supraescapula inerva o músculo supra-espinhal e, após percorrer a fossa espino-glenoidal, envia fibras nervosas para o músculo infra-espinhal. Ambos são músculos do manguito rotador. Fraturas na margem superior da escápula ou até mesmo aneurismas da artéria supraescapular podem gerar danos ao nervo supra-escapular. Neste nível, o quadro clínico reflete em paralisia de ambos os músculos inervados por este componente nervoso: os Mm. supra-espinhal e infra-espinhal, resultando em dificuldades na abdução do braço (principalmente nos 15 primeiros graus de abdução) e rotação lateral do mesmo, respectivamente. A presença de um cisto sinovial na fossa espino-glenoidal da escápula gera uma compressão crônica no ramo infra-espinhal do nervo supra-escapular, resultando perdas motoras apenas para o músculo infra-espinhal (refletindo em dificuldades na rotação lateral do úmero). A correção se baseia na retirada ou diminuição do cisto sinovial. O melhor acesso cirúrgico para alcançar a região se faz pelo sulco deltopeitoral. Nervo para o músculo subclávio. M. Subclávio: [tóraco apendicular anterior] ancora e abaixa a clavícula. O nervo para o M. subclávio se origina a partir do tronco superior, recebe fibras de C5, C6 e frequentemente de C4. Ao se formar, adota um trajeto descendente, passando posteriormente à clavícula e anterior ao plexo braquial e à artéria subclávia, até atingir o músculo subclávio, localizado entre a clavícula e a primeira costela. É responsável, portanto, pela inervação do músculo homônimo. RAMOS INFRA-CLAVICULARES COLATERAIS Os ramos infra-claviculares colaterais são aqueles que se destacam dos fascículos, mas não encerram esta estrutura, a qual só deixará de existir ao se bifurcar nas terminações que darão origem aos ramos terminais. São sete os nervos colaterais: nervo peitoral lateral, nervo peitoral medial, nervo cutâneo medial do braço, nervo cutâneo medial do antebraço, nervo subescapular superior, nervo toracodorsal e o nervo subescapular inferior. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 30 Nervo peitoral lateral. M. Peitoral Maior: [tóraco apendicular anterior] aduz e gira medialmente o úmero. Emite fibras para o M. Peitoral Menor: [tóraco apendicular anterior] estabiliza a escápula, puxando-a anteriormente para baixo. O nervo peitoral lateral é um ramo que brota da face lateral do fascículo lateral, recebendo fibras oriundas de C5, C6 e C7. Este nervo, após breve percurso, perfura a membrana costocoracóide para alcançar as fibras profundas dos músculos peitorais. Este nervo envia ainda um ramo comunicante para o nervo peitoral medial, contribuindo, portanto, na inervação do M. peitoral menor. Nervo peitoral medial. M. Peitoral Menor e parte esternocostal do M. Peitoral Maior. O nervo peitoral medial é um dos três ramos colaterais do fascículo medial, recebendo fibras de C8 e T1. Apresenta um breve trajeto entre a artéria e veia axilares, perfurando, logo em seguida, o M. peitoral menor, inervando-o, para depois alcançar o M. peitoral maior, auxiliando, diretamente, na sua inervação (enviando fibras para a parte esterno-costal deste músculo). Embora seja denominado por medial (em alusão a sua origem no fascículo medial), este nervo situa-se lateralmente ao nervo peitoral lateral. Nervo cutâneo medial do braço. Função sensitiva na pele da face medial do braço. Considerado o menor nervo do plexo, o N. cutâneo medial do braço brota do fascículo medial, recebendo fibras de C8 e T1.Tem um trajeto curto, ao longo da face medial das veia axilar, até atingir, superficialmente, a pele do lado medial do braço. Como veremos, todos os nervos intitulados como cutâneo (seguidos de uma referência anatômica e um segmento do membro superior), estaremos nos referindo a um nervo exclusivamente sensitivo, cujos axônios aferentes fazem sinapses com receptores sensitivos. O nervo cutâneo medial do braço, constantemente, comunica-se com o nervo intercostobraquial, nervo que traz aferências de dor correspondente ao coração. Por este motivo, a dor cardíaca é geralmente refletida como uma dor no braço (esquerdo, na maioria das vezes). Nervo cutâneo medial do antebraço. Função sensitiva na pele da face medial do antebraço. É originado do fascículo medial, recebendo fibras de C8 e T1. Inicialmente, segue um trajeto semelhante ao do nervo ulnar (com o qual é frequentemente confundido). Porém, perfura a fáscia muscular e se superficializa para entrar no tecido celular subcutâneo, inervando a pele medial do antebraço, até a região do punho. Nervo subescapular superior. Porção superior do M. Subescapular: [manguito rotador] roda medialmente e aduz o braço; ajuda a manter a cabeça do úmero na cavidade glenoidal. É um ramo lateral do fascículo posterior, recebendo fibras de C5 e, ocasionalmente, de C4. Como o fascículo posterior é localizado próximo à fossa subescapular, este nervo adota um curto trajeto para atingir as fibras superiores do M. subescapular, inervando-as. Nervo toracodorsal. M. Latíssimo do Dorso: estende, aduz e gira medialmente o úmero; é o músculo da escalada: eleva o corpo em direção aos braços durante a escalada. É um ramo lateral do fascículo posterior, recebendo fibras de C6, C7 e C8. Sua origem se dá entre os nervos subescapulares superior e inferior; apresenta um trajeto ao longo da parede axilar posterior, descendo intimamente ao longo da fossa subescapular, até atingir a parte apical do M. latíssimo do dorso. Lesões ocasionadas com arma branca ou por atropelamentos que atinjam diretamente a parede posterior do tórax, na região da escápula, podem gerar, além de fraturas nas costelas, uma fratura cominutiva no corpo da escápula. Esta lesão, por muitas vezes, pode atingir o N. toracodorsal. Nestes casos, o indivíduo pode apresentar dificuldades para realizar os movimentos produzidos pela ativação do M. latíssimo do dorso: adução, extensão e rotação medial do braço. Devido a isso, o indivíduo é incapaz de praticar qualquer tipo de esporte que envolva esses movimentos do braço, como a escalada ou a natação, por exemplo. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 31 Nervo subescapularinferior. Porção inferior do M. Subescapular M. Redondo Maior: aduz e roda medialmente o braço. É mais um ramo lateral do fascículo posterior, que recebe fibras apenas do segmento C6. Ao ser formado, segue ínfero-lateralmente em direção do local em que as fibras do M. subescapular encontram as fibras do M. redondo maior, inervando estes dois grupos de fibras. RAMOS INFRA-CLAVICULARES PRINCIPAIS Os ramos infra-claviculares principais são também considerados terminais pois são formados a partir da bifurcação dos fascículos, de modo que, ao originarem os nervos terminais, os fascículos encerram. Estes ramos seguem em direção à parte livre do membro superior, sendo eles os responsáveis por inervar um maior conjunto de músculos e uma maior porção de pele deste membro. Os principais nervos do plexo braquial são os seguintes: nervo musculocutâneo, nervo ulnar, nervo mediano, nervo axilar e nervo radial. Nervo musculocutâneo. Função motora: Mm. Bíceps braquial, coracobraquial e braquial: flexores do antebraço. Função sensitiva: continua no antebraço como Nervo Cutâneo Lateral do Antebraço. Ramo terminal do fascículo lateral do plexo braquial (recebendo fibras oriundas de C5 a C7), o nervo musculocutâneo, ao se formar, sai da axila e perfura imediatamente o M. coracobraquial para adentrar no segmento braço. Após isso, adota um trajeto descendente, profundamente às duas cabeças do M. bíceps braquial, até alcançar a fossa cubital. Neste ponto, o nervo músculocutâneo emerge entre os Mm. Bíceps braquial e braquial, atingindo o antebraço na forma de nervo cutâneo lateral do antebraço. O N. musculocutâneo é, portanto, o nervo motor exclusivo para o compartimento anterior do braço, inervando os Mm. Bíceps braquial, coracobraquial e braquial. Em nível do antebraço, este nervo emerge para suprir, de forma sensitiva, a pele lateral do antebraço na forma de Nervo Cutâneo Lateral do Antebraço. Nervo mediano. Função motora: não apresente função motora no braço; no antebraço, inerva a maioria: Mm. pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor superficial dos dedos, metade lateral do flexor profundo dos dedos, flexor longo do polegar e pronador quadrado; na mão, inerva todos os músculos da região tênar, excetuando-se apenas a cabeça profunda do M. flexor curto do polegar e adutor do polegar: Mm. abdutor curto do polegar, cabeça superficial do flexor curto do polegar, oponente do polegar, além dos 1º e 2º Mm. lumbricais. Sensibilidade: Torna-se sensitivo em quase toda região palmar (a partir da metade lateral do dedo anular, dedo médio, indicador e polegar; além leito ungueal das falanges distais do polegar, dedo indicador, médio e metade do anelar). O nervo mediano é o único ramo principal do plexo que recebe axônios oriundos de dois fascículos diferentes: o N. mediano é formado por uma raiz lateral (oriunda do fascículo lateral) e por uma raiz medial (oriunda do fascículo medial), lateralmente à artéria axilar. Recebe, portanto, fibras oriundas de C6, C7, C8 e T1. No braço, segue junto a artéria braquial, cruzando-a gradativamente antes de chegar a fossa cubital, de modo que nesta fossa, o N. mediano esteja medial à artéria braquial. O nervo, neste nível, localiza-se profundamente a aponeurose biccipital e a veia intermédia do cotovelo. No antebraço, o nervo perfura a cabeça ulnar do M. pronador redondo e segue pela fáscia entre dos músculos flexor superficial dos dedos e flexor profundo dos dedos, situando-se profundamente M. palmar longo. Em nível do punho, penetra no túnel do carpo junto aos tendões dos Mm. flexores dos dedos. O N. mediano não apresenta nenhuma função no braço. No antebraço, tem função motora para os músculos do compartimento anterior do antebraço, com exceção de um músculo e meio: o M. flexor ulnar do carpo e metade medial do M. flexor profundo dos dedos, ambos inervados pelo nervo ulnar. Inerva, portanto, os Mm. pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor superficial dos dedos, metade lateral do flexor profundo dos dedos, flexor longo do Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 32 polegar e pronador quadrado. Na mo, inerva todos os msculos da regio tnar, excetuando-se apenas a cabea profunda do M. flexor curto do polegar e adutor do polegar: Mm. abdutor curto do polegar, cabea superficial do flexor curto do polegar, oponente do polegar, alm dos 1 e 2 Mm. lumbricais. Torna-se sensitivo em quase toda regio palmar (a partir da metade lateral do dedo anular, dedo mdio, indicador e polegar; alm leito ungueal das falanges distais do polegar, dedo indicador, mdio e metade do anelar). O nervo origina ainda, em nvel distal da fossa cubital, um ramo profundo, que o nervo inter-sseo anterior que desce com a artria interssea anterior, entre o flexor profundo dos dedos e flexor longo do polegar, para suprir profundamente o M. pronador quadrado. O nervo mediano pode ser lesionado tanto em casos de fraturas da epfise distal do mero (onde pode ser inclusive atingido em caso de punes venosas da veia intermdia do cotovelo) ou por leses perfuro-cortantes no pulso (na regio onde o nervo transita pelo tnel do carpo). O nervo pode ainda ser comprimido no prprio tnel do carpo (canal de passagem dos tendes dos Mm. flexores dos dedos e do N. mediano, cujo assoalho formado pelos ossos do carpo e o teto formado pelo retin culo dos Mm. flexores) por um processo denominado sndrome do tnel do carpo, caracterizado por compresso do nervo mediano neste referido local. Leses do nervo mediano ainda no brao, alm da paralisia dos msculos do antebrao por ele inervados, refletem ainda prejuzos motores para a mo, similares as leses deste nervo em nvel da epfise distal do mero. Lesionando-se o nervo mediano, a paralisia dos msculos da regio tnar originam um caso clnico conhecido como “mo em beno” ou “mo de pregador”: a paralisia dos 1 e 2 lumbricais impede que o indivduo, ao cerrar o punho, flexione os dedos indicador e mdio, sem conseguir estender as falanges mdias e distais dos mesmos dedos, gerando um sinal parecido com o realizado por padres e pregadores quando estes realizam o sinal da cruz. Neste tipo de leso, o indivduo incapaz ainda de opor o polegar. Nervo ulnar. Funo motora: no inerva nenhuma estrutura no brao; no antebrao, inerva apenas o Msculo Flexor ulnar do carpo e a metade ulnar do msculo flexor profundo dos dedos; importante por inervar a maioria dos msculos intrnsecos da mo: na regio tnar, inerva o M. adutor do polegar e a cabea profunda do flexor curto do polegar (a superficial n. mediano). Inerva todos os msculos da regio hipotnar (Mm. flexor curto do dedo mnimo, abdutor do dedo mnimo, oponente do dedo mnimo e palmar curto). Na regio mdia da mo, inerva os 3 e 4 Mm. lumbricais, intersseos palmares e dorsais. Sensibilidade: inerva pele palmar da mo medial a linha axial (metade) do dedo anular. O nervo ulnar originado do fascculo medial (recebendo fibras de C8 e T1, frequentemente, tambm de C7), adotando um trajeto medial no brao, onde perfura o septo intermuscular medial, juntamente A. colateral ulnar superior, passando, logo em seguida, em nvel da face posterior do epicndilo medial. No antebrao, o nervo passa entre as cabeas dos Mm. flexor ulnar do carpo e desce entre os msculos flexor ulnar do carpo e o flexor profundo dos dedos, tornado-se superficial na regio distal do antebrao. Para alcanar a mo, segue superficialmente ao retin culo dos msculos flexores (ligamento carpal transverso) para entrar neste segmento. O nervo ulnar no inerva nenhuma estrutura no brao. No antebrao, inerva apenas o Msculo Flexor ulnar do carpo e a metade ulnar do msculo flexor profundo dos dedos. importante por inervar a maioria dos msculosintrnsecos da mo: na regio tnar, inerva o M. adutor do polegar e a cabea profunda do flexor curto do polegar (a superficial n. mediano). Inerva todos os msculos da regio hipotnar (Mm. flexor curto do dedo mnimo, abdutor do dedo mnimo, oponente do dedo mnimo e palmar curto). Na regio mdia da mo, inerva os 3 e 4 Mm. lumbricais, intersseos palmares e dorsais. Sua funo sensitiva est restrita pele palmar da mo medial a linha axial (metade) do dedo anular. Leses do nervo ulnar ocorrem geralmente em fraturas do epicndilo medial, local por onde transita este nervo. A simples compresso corriqueira deste nervo gera uma dor aguda por muitos chamados “choque de viva”, em aluso ao nevralgia que acomete o nervo aps uma sbita compresso. A leso do nervo ulnar traz um quadro conhecido como “mo em garra”, em que o indivduo tenta cerrar o punho, mas no consegue fletir os dedos mnimo, anular e nem aduzir o polegar, deixando a mo em um formato semelhante a uma garra. As caractersticas clnicas da leso so tambm explicadas pela paralisia dos Mm. lumbricais: uma vez paralisados o 3 e 4 lumbricais, o indivduo incapaz de fletir a articulao metacarpofalgea destes dedos, bem como incapaz de estender a articulao interfalngea destes mesmos dedos. A incapacidade de aduo do polegar explicada pela paralisia do M. adutor do polegar, tambm inervado por este nervo. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 33 Nervo axilar. Função motora: Músculo Deltóide: abdução do braço, flexão e extensão do braço; Músculo Redondo Menor: rotação lateral do braço. Função sensitiva: Nervo cutâneo lateral superior do braço, inervando a pele sobre o ombro. O nervo axilar, menor ramo terminal do fascículo posterior, recebe apenas fibras de C5 e C6. Ao se formar, deixa a fossa axilar posteriormente para adentrar no espaço quadrangular (espaço compreendido entre o úmero, a cabeça longa do tríceps, o redondo menor e o redondo maior) para se relacionar com o colo cirúrgico do úmero, profundamente ao M. deltóide, juntamente à artéria circunflexa posterior do úmero. Neste nível, o N. axilar inerva os Mm. deltóide e redondo maior. Origina ainda o nervo cutâneo lateral superior do braço, inervando a pele sobre o ombro. Fraturas do colo cirúrgico do úmero, que geralmente acometem idosos que sofrem de osteoporose, frequentemente lesionam o nervo axilar e as estruturas vasculares com ele relacionadas (como a artéria circunflexa posterior e, por muitas vezes, a anterior). O quadro clínico é caracterizado por incapacidade da abdução do braço (devido à paralisia do M. deltóide), dificuldades de rotação lateral do membro (devido à paralisia do M. redondo menor) além de uma parestesia na região da pele que encobre o ombro (devido o rompimento das fibras do N. cutâneo lateral superior do braço). Alem disso, pode-se notar por radiografias, a necrose da cabeça do úmero, uma vez que as artérias circunflexas (ramos da terceira porção da artéria axilar) são a principal fonte de nutrição desta estrutura. Nervo radial. Função motora: inerva todos os músculos extensores do braço (tríceps braquial, ancônio e braquial) e antebraço, inclusive o M. braquioradial que é considerado músculo de ação flexora. Função sensitiva: região cutânea do braço, antebraço e mão posteriormente. No braço, inerva a região ínfero-lateral (nervo cutâneo lateral inferior do braço); no antebraço, toda sua porção posterior (N. cutâneo posterior do antebraço); e na mão, dorso lateral à linha axial do 3º dedo (por meio do ramo superficial do N. radial). O nervo radial, maior ramo do fascículo posterior, recebe fibras de C5 a T1, sendo caracterizado por ser o maior cordão nervoso do plexo braquial. Ele deixa a fossa axilar posteriormente à artéria axilar. No braço, aprofunda-se para se situar posteriormente ao úmero, onde corre no sulco para o nervo radial, na face posterior deste osso, juntamente à artéria braquial profunda. Ao perfurar o septo intermuscular lateral, emerge entre os Mm. braquioradial e braquial para entrar na fossa cubital, onde divide-se em nervo radial superficial (que segue, profundamente ao M. braquioradial, para inervar a região cutânea, para a pele lateral do dorso da mão) e nervo radial profundo (também chamado de N. interósseo posterior, que segue um trajeto descendente no antebraço, se relacionando com o colo do rádio), sendo este o componente motor propriamente dito do nervo radial. O nervo radial inerva, pois, os músculos extensores do braço e do antebraço (tríceps braquial e ancônio) e um flexor (o M. braquioradial). Na mão, não inerva nenhum músculo intrínseco, mas sim, extrínsecos, ou seja, músculos do antebraço que agem na mão (como os músculos extensores do carpo e dos dedos). Sua função sensitiva é extensa, sendo representada pela região cutânea do braço, antebraço e mão posteriormente. No braço, inerva a região ínfero-lateral (nervo cutâneo lateral inferior do braço); no antebraço, toda sua porção posterior (N. cutâneo posterior do antebraço); e na mão, dorso lateral à linha axial do 3º dedo (por meio do ramo superficial do N. radial). Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 34 O nervo radial pode ser lesionado em casos de fraturas do corpo do úmero (teço médio do osso). O fato do nervo passar rente à face posterior deste osso, pode facilitar a sua lesão por fragmentos ósseos. Lesões do nervo radial geram um quadro clínico conhecido como “mo cada” em alusão à incapacidade de extensão do punho e dos dedos devido a paralisia da musculatura competente, fazendo com que a flexão prevaleça. Caso a restauração cirúrgica do nervo não seja possível, pode-se realizar transplantes de tendões para tracionar os músculos paralisados, aliviando o sinal característico da flexão do punho. A recuperação da extensão do punho é obtida por transferência do tendão do M. pronador redondo para o M. extensor radial curto do carpo; a recuperação da extensão dos dedos é feita por transferência do M. flexor ulnar do carpo para o M. extensor dos dedos; para corrigir a perda da extensão do polegar; faz-se a transferência do tendão do M. palmar longo para o M. extensor longo do polegar. RESUMO DA INERVAO CUTNEA DO MEMBRO SUPERIOR A sensibilidade do membro superior é conferida por nervos cutâneos que se destacam diretamente do plexo braquial ou por nervos cutâneos que são ramos diretos dos nervos terminais deste plexo. A pele mais proximal do ombro e da raiz do pescoço é inervada pelos Nn. supraclaviculares (segmentos C3 e C4 do plexo cervical). Já a pele que encobre a área distal sobre o ombro é competência do N. cutneo lateral superior do brao, que é ramo do N. axilar quando este volta-se em torno do colo cirúrgico do úmero. A pele medial do braço é inervada pelo N. cutneo medial do brao, ramo direto do fascículo medial do plexo braquial. A pele lateral do braço é dividida, então, em duas partes: uma superior, inervada pelo N. cutâneo lateral superior do braço (ramo do N. axilar); e uma inferior, inervada pelo N. cutneo lateral inferior do brao, ramo do N. radial. A pele posterior do braço é inervada pelo N. cutneo posterior do brao, ramo do N. radial que brota antes que este transite o sulco do nervo radial. A inervação sensitiva da pele medial do antebraço é derivada do N. cutneo medial do antebrao, ramo direto do fascículo medial do plexo braquial. A pele lateral do antebraço é inervada pelo N. cutneo lateral do antebrao, continuação do N. musculocutâneo quando este chega ao antebraço, ao emergir entre os Mm. braquial e bíceps braquial. A pele posterior do antebraço é inervada pelo N. cutneo posterior do antebrao, que é ramo do N. radial quando este ainda cruza o sulco para o nervo radial, ou seja, ainda brota no trajeto braquialdo N. radial. A inervação da mão se dá por ramos cutâneos dos Nn. mediano, ulnar e radial. A pele lateral da palma da mão, tomando como base uma linha axilar que corta o dedo anular ao meio (a posição desta linha pode variar de anatomicamente, podendo se situar no eixo do dedo médio), é inervada pelo N. mediano. Este inerva ainda o dorso das falanges distais do polegar, do indicador, do dedo médio e da metade lateral do anular. A pele palmar medial à linha axial do dedo anular (pele sobre a região hipotênar) é inervada pelo N. ulnar. A pele lateral do dorso da mão (sobre a tabaqueira anatômica) é inervada pelo N. radial superficial, que é ramo do N. radial quando este passa pela fossa cubital. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 35 IRRIGAO ARTERIAL DO MEMBRO SUPERIOR A irrigao arterial dos dois membros superiores, salvo em casos de variaes anatmicas de ramificao de vasos ou de seus calibres, difere apenas com relao origem: enquanto que no MS direito, a primeira artria a ser descrita – a artria subcl via – originada do tronco br quio-cef lico (que por sua vez, ramo do arco artico), no MS esquerdo, ela originada diretamente do arco artico. Fora essa diferena, os trajetos, limites e ramificaes dos principais vasos que compem o circuito arterial para o MS bastante semelhante. Para o estudo da irrigao arterial do membro superior, sero feitas agora aluso ao trajeto, limites, ramos e referncias anatmicas das principais artrias que se localizam neste membro, destacando as principais correlaes clnicas relacionadas a elas. Alm disso, daremos nfase s vastas redes de anastomoses existentes nas regies articulares, uma vez que, por se tratarem de articulaes sinoviais (onde o movimento intenso e complexo), exigida uma eficaz e abundante irrigao arterial. ARTÉRIA SUBCLÁVIA As artrias Subcl vias so respons veis por suprir o pescoo, o membro superior e o encfalo. Apresenta um trajeto inicial ascendente, posteriormente articulao esternoclavicular de cada lado, na raiz do pescoo. Sobre a 1 costela, curvam-se lateralmente e passam a ter trajeto descendente em direo ao tero mdio da clavcula, para Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 36 penetrar no canal cérvico-axilar, adotando o nome de artéria axilar (passa a chamar-se artéria axilar após ultrapassar a margem externa da 1ª costela). A artéria subclávia está dividia em três porções em relação ao M. escaleno anterior, pelo qual passa posteriormente. Quanto aos seus principais ramos, para interesse de estudo do membro superior, nos cabe descrever apenas o tronco tireocervical, que se origina da primeira porção da A. subclávia, ou seja, medialmente ao músculo escaleno anterior. Este tronco dá origem a três ramos: artéria tireóide inferior, artéria supra-escapular e artéria cervical ascendente. A artéria supra-escapular, como já vimos, atravessa a incisura da escápula, sobre a margem superior para suprir músculos da face posterior deste osso. ARTÉRIA AXILAR A artéria axilar nada mais é que a continuação da artéria subclávia quando esta passa da margem lateral da 1ª costela, terminando em nível da margem inferior do M. redondo maior, quando esta artéria passa a receber o nome de artéria braquial e supre estruturas do segmento braço. Durante seu trajeto, a artéria axilar se relaciona por entre os fascículos do plexo braquial, dando as suas respectivas designações. Esta artéria segue profundamente ao músculo peitoral menor, sendo dividida, por critérios didáticos, em três porções de acordo com a sua relação com o músculo: A primeira porção da artéria axilar está situada entre a margem lateral da primeira costela e a margem medial do M. peitoral menor. Como ramo, apresenta a artéria torácica superior. A segunda porção da artéria axilar situa-se posteriormente ás fibras do M. peitoral menor e apresenta dois ramos: as artérias toracoacromial e torácica lateral, que suprem a articulação do ombro e a parede torácica, respectivamente. A terceira porção estende-se da margem lateral do M. peitoral menor até a margem inferior do M. redondo maior e possui três ramos: A. subescapular (que se bifurca em Aa. circunflexa da escápula e toracodorsal), A. circunflexa anterior (menos calibrosa) do úmero e A. circunflexa posterior do úmero (maior e mais calibrosa). Estas duas últimas, muito frequentemente, se originam de um tronco comum. Elas se relacionam, assim como o N. axilar, com o colo cirúrgico do úmero, suprindo estruturas do ombro, assim como a cabeça do úmero. ARTÉRIA BRAQUIAL Ao passar pelo nível marcado pela margem inferior do M. redondo maior, a artéria axilar recebe o nome de A. braquial, principal responsável pelo suprimento arterial do braço. Esta artéria termina na região da fossa cubital, bem em nível do colo do rádio, onde se divide em artérias radial e ulnar. A artéria braquial adota um trajeto relativamente superficial, sendo facilmente palpável na face medial e superior do braço, ou seja, no sulco bicipital medial. A artéria braquial acompanha, em todo seu trajeto no braço, o N. mediano, o qual se localiza lateralmente a ela em grande parte deste percurso, mas cruza-a anteriormente de maneira gradativa. Além dos ramos principais que serão descritos agora, a artéria braquial emite pequenos ramos musculares e a artéria nutrícea do úmero. Os principais ramos da artéria braquial são as artérias braquial profunda e colaterais ulnares superior e inferior. Estes ramos estão diretamente envolvidos nas anastomoses que formão a rede arterial da articulação do cotovelo, juntamente às artérias recorrentes, que se originam das Aa. radial e ulnar e retornam ao cotovelo para construir anastomoses. Artéria braquial profunda: é o maior e principal ramo da artéria braquial, que surge, na maioria das vezes, 3 cm abaixo do início de seu trajeto braquial. Esta artéria segue posteriormente ao úmero, no sulco para o nervo radial juntamente com este. Ela termina se dividindo em dois ramos, um ascendente (que segue para se anastomosar com as Aa. circunflexas do úmero) e um descendente (que se bifurca nas Aa. colaterais média e radial, que também formam a rede arterial do cotovelo). Artéria colateral ulnar superior: origina-se da face medial da A. braquial bem no terço médio do braço e acompanha o N. ulnar no seu trajeto posterior ao epicôndilo medial. Se anastomosa com a recorrente ulnar posterior para formar as anastomoses do cotovelo. Artéria colateral ulnar inferior: origina-se da face medial da A. braquial próximo à fossa cubital. Segue medialmente e anteriormente ao epicôndilo medial para se anastomosar com a A. recorrente ulnar anterior. ARTÉRIAS RADIAL E ULNAR As artérias radial e ulnar são as principais artérias do antebraço que se originam, na maioria das vezes, na região do colo do rádio, parte inferior da fossa cubital, sendo elas ramos terminais da A. braquial. Artéria ulnar. A artéria ulnar é a mais medial das artérias do antebraço, seguindo trajeto profundo ao M. flexor ulnar do carpo, onde sua pulsação pode ser aferida. Seus ramos, além de suprir músculos do antebraço, entram na formação da rede arterial do cotovelo: artérias recorrentes ulnares anterior e posterior (anastomosam-se com as artérias colaterais ulnares inferior e superior, respectivamente), artéria interóssea comum (curto ramo da A. ulnar, pois se divide em A. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 37 interóssea anterior, que segue junto ao nervo interósseo anterior; e A. interóssea posterior, que segue junto ao N. radial profundo ou N. interósseo posterior) e ramos musculares da A. ulnar (sem denominações específicas). Artéria radial. Das artérias principais do antebraço, a A. radial é a mais lateral, podendo ter asua pulsação aferida tanto na região lateral do pulso quanto na tabaqueira anatômica, onde a artéria segue em seu assoalho para formar o arco palmar profundo. Os principais ramos desta artéria são: artéria recorrente radial (que participa das anastomoses arteriais do cotovelo, junto aos ramos originados do ramo descendente da A. braquial profunda) e ramos musculares da artéria radial (sem denominações específicas). ARCOS ARTERIAIS PALMARES SUPERFICIAL E PROFUNDO As artérias radial e ulnar, bem como alguns de seus ramos que brotam da região mais distal desses vasos, entram na formação de anastomoses de grande importância para irrigação das articulações presentes no punho. A anastomose feita para a irrigação da mão e da articulação do punho tem como base os arcos palmares da mão. A artéria ulnar, ao entrar na mão (por entre um canal formado entre o O. pisiforme e o hámulo do O. hamato, denominado loja de Guyon), dá origem a um delgado ramo denominado ramo palmar profundo e se continua, ainda como A. ulnar, para compor (juntamente ao ramo palmar superficial, oriundo da artéria radial), o arco palmar superficial. A artéria radial, antes de cruzar o assoalho da tabaqueira anatômica, envia o ramo palmar superficial que, juntamente à A. ulnar, formará o arco palmar superficial. Ela então se continua, cruza a tabaqueira, perfura o M. adutor do polegar e se aprofunda, ainda como A. radial, para formar o arco palmar profundo juntamente ao ramo palmar profundo (ramo da artéria ulnar). A artéria radial dá origem ainda à artéria principal do polegar, que fornece ao polegar uma pulsação própria muito intensa (por isso que os dedos utilizados para aferir pulsações são dos dedos indicador e médio, e não o polegar, como é comum ser visto). Arco palmar superficial e a irrigação dos dedos. O arco palmar superficial é formado, portanto, pela anastomose da artéria ulnar com o ramo palmar superficial, que é ramo da artéria radial. Ambas constroem um arco em forma de semi- círculo, profundamente à aponeurose palmar, de onde partem as artérias digitais comuns, que se bifurcam, de modo que cada artéria digital comum dá origem a duas artérias digitais próprias em que uma irriga a metade de um dedo e a outra, a metade de outro dedo. Arco palmar profundo e a irrigação do carpo. O arco palmar profundo é formado, por sua vez, pela anastomose da artéria radial (que se aprofunda ao perfurar o M. adutor do polegar) e o ramo palmar profundo, que é ramo da artéria ulnar. Ambas constroem um arco arterial, que em contato com a base dos ossos metacarpais, encontra-se profundo tanto à aponeurose palmar quanto ao arco palmar superficial. Deste arco, partem as artérias metacarpais, responsáveis por irrigar o metacarpo e suas estruturas adjacentes. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 38 DRENAGEM VENOSA DO MEMBRO SUPERIOR A drenagem venosa do membro superior é feita por veias profundas e por veias superficiais. As profundas acompanham as artérias de mesmo nome, assim como fazem veias satélites, sendo elas: duas veias radiais, duas veias ulnares e duas veias braquiais. As superficiais são aquelas que, em certo ponto, recebem a desembocadura das veias profundas, sendo elas: veia cefálica e veia basílica. Estas, quando chegam em nível do ombro, dão origem a veia axilar e, por fim, a veia subclávia. Nos cabe agora descrever todo o trajeto do sangue venoso do MS até o coração. Uma vez que o sangue venoso adota uma trajetória centrípeta, será descrito agora a drenagem desde a parte mais distal a mais proximal do membro. DRENAGEM VENOSA DA MÃO Há dois tipos de estruturas venosas na mão que drenam para as demais veias do membro superior: os arcos venosos (superficiais e profundos) e a rede venosa dorsal. Os arcos venosos superficiais e profundos estão associados com o respectivo arco palmar arterial superficial e profundo, e drenam sangue para as veias profundas do antebraço, ou seja, as veias radiais, ulnares e suas tributárias. A rede venosa dorsal da mão, por sua vez, drena sua área lateral para a veia cefálica e sua área medial para a veia basílica. DRENAGEM VENOSA NO ANTEBRAÇO Após a sua formação na rede venosa dorsal da mão, as veias superficiais do membro superior (veia cefálica e veia basílica) seguem um trajeto ascendente rente ao tecido subcutâneo deste segmento. A veia cefálica ascende a partir da face lateral da rede venosa dorsal, seguindo todo um trajeto no compartimento lateral do antebraço até atingir a face anterior do membro. A veia basílica, por sua vez, ao se formar na face medial da rede venosa dorsal, adota um trajeto ascendente ao longo da face medial do antebraço até o cotovelo. Neste ponto, as duas veias pré-citadas são interligadas por meio da veia intermédia do cotovelo. As veias que se formar nos arcos venosos profundos da mão acompanham, aos pares, as principais artérias existentes no antebraço. Estas veias recebem, então, a mesma denominação das artérias: as veias radiais, originadas da área lateral dos arcos venosos, acompanham a A. radial; as veias ulnares, originadas da área medial destes arcos, acompanham a A. ulnar em todo se trajeto. Estas veias recebem tributárias ao longo de todo seu trajeto. Entre elas, existe as veias interósseas profundas, que seguem as artérias inter-ósseas para se unir às veias acompanhantes das artérias radial e ulnar. DRENAGEM VENOSA NO BRAÇO E NO OMBRO No braço, a veia cefálica mantém seu trajeto ascendente, passando no sulco bicipital (entre as cabeças do M. bíceps braquial) e depois no sulco deltopeitoral (entre os músculos deltóide e peitoral maior) para entrar no trígono clavipeitoral. Depois disso, perfura a membrana costocoracóide (parte da fáscia clavipeitoral) para se unir à parte terminal da veia axilar. A veia basílica também mantém seu trajeto ascendente. No limite entre os terços médio e inferior do braço, esta veia perfura a fáscia do braço e segue superiormente, paralelamente à artéria braquial. Superiormente, a veia basílica recebe as veias braquiais profundas (estas, que seguem como satélites da A. braquial, se formam pelas anastomoses das veias radiais e ulnares), formando assim a veia axilar. A veia axilar, por sua vez, recebe a veia cefálica quando esta perfura a membrana costocoracóide. Após atravessar o limite da margem lateral da primeira costela, passa a receber a designação de veia subclávia. Esta segue juntamente à artéria de mesmo nome, porém passando anteriormente ao M. escaleno anterior. Ela se une a veia jugular interna de mesmo lado para formar a veia braquiocefálica, que se une a outra veia braquiocefálica do lado oposto para compor a veia cava superior, que por sua vez, desemboca toda a drenagem venosa do membro superior e da cabeça no átrio direito do coração. Arlindo Ugulino Netto – ANATOMIA HUMANA I – MEDICINA P1 – 2007.2 39 REFERNCIAS 1. Material baseado nas aulas ministradas pelo Professor Roberto Guimarães Maia na FAMENE, durante o período letivo de 2007.2. 2. MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a clínica. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 3. DANGELO, J.G.; FATTINI, C.A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar para o Estudante de Medicina. 2.ed. Belo Horizonte: Atheneu,1998. 4. MOORE, K. L.; PERSAUD, T.V.N.. Embriologia Clínica. 7.ed. Rio de Janeiro: Elservier, 2004. 5. NETTER, F.H. Atlas interativo de anatomia humana.