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Métodos e Técnicas de Estudo 182Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 O constante avanço tecnológico, a construção de novas mídias e o advento da Internet nos situa no que muitos passaram a chamar de “sociedade da informação” ou “sociedade do conhecimento”. Segundo Takahashi (2000) esta nova realidade consiste em uma “nova era em que a informação flui a velocidades surpreendentes e em grandes quantidades, transformando profundamente a sociedade e a economia”. Você mesmo, aluno da UNIGRANRIO, ao acompanhar nosso módulo disciplinar on-line faz uso desta revolução. Em contraponto a liberdade para o compartilhamento de informações que os novos meios de comunicação possibilitam, temos uma série de regulamentações, leis e interesses que interferem na dinâmica de diferentes atores: empresas, governos, autores, artistas, estudantes, cidadãos, entre outros. Daí a importância de entendermos o direito autoral como um fenômeno multidisciplinar, em que se correlacionam aspectos jurídicos, econômicos, políticos e culturais. Nesta unidade, abordaremos a temática dos direitos autorais dando enfoque a natureza do copyright (direito de cópia) e copyleft (trocadilho com a palavra copyright, representando sua subversão). Ao estudar esta unidade de aprendizagem, você poderá: ● Compreender o conceito de copyright, direitos autorais, copyleft, creative commons e domínio público; ● Entender as diferenças básicas entre as formas de proteção e o que pode ser protegido na forma da lei; ● Identificar as vantagens e desvantages dos modelos de licenciamento de sua produção e a relação com o meio onde esta será distribuída. No decorrer deste material você conhecerá diferentes temas. Confira abaixo: ● Direito Autoral e o Copyright ● Legislação Brasileira de Direitos Autorais ● Propriedade Intelectual ● Direitos Morais ● Copyleft Introdução Objetivo Tópicos Abordados Métodos e Técnicas de Estudo 183Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 Direito Autoral e o Copyright O termo copyright, palavra de origem inglesa, significa direitos de reprodução ou cópia e refere-se diretamente aos meios de proteção de uma determinada obra em si. Determina que pertence aos autores ou aos seus representantes o direito exclusivo para publicar suas obras. É importante observar que é comum a confusão entre copyright e direito autoral (direito do autor), sendo utilizados muitas vezes como sinônimos, embora não sejam necessariamente a mesma coisa. Para tratarmos desta distinção é interessante citarmos o desenvolvimento histórico dos sistemas anglo- saxão/anglo-americano e o sistema franco-romano-germânico. Símbolo do copyright “©” é usado para indicar que a obra preserva todos direitos do autor. Métodos e Técnicas de Estudo 184Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 O sistema de proteção anglo-americano de copyright teve respaldo na Common Law (“direito comum”), onde o direito é desenvolvido mediante a decisões dos tribunais e não por meio de atos legislativos ou executivos. Desta forma, podemos elucidar que o intuito do copyright é defender a obra em si, posto que o próprio nome traz esta referência (direito a cópia), sendo este o objeto do direito (a obra) na prerrogativa patrimonial do autor de se poder copiar, caracterizando este direito limitado a um período de tempo, depois do qual a publicação passa a ser de domínio público. Neste sistema, quando não existe um precedente, os juízes possuem a autoridade para criar o direito (Marbury v Madison, 5 U.S. 137, 1803). Este sistema foi adotado por vários países ao redor do mundo, especialmente os de herança inglesa, como o Reino Unido, boa parte dos Estados Unidos e Canadá e as ex-colônias do Império Britânico. Métodos e Técnicas de Estudo 185Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 Segundo Vieira (2003), o aspecto econômico é particularmente realçado nas legislações imbuídas da concepção do copyright — porque não reconhece um direito moral dos autores, e porque não concebe a proteção ao autor como um direito, inerente ao ato de autoria, mas como um “privilégio” instituído pelo Estado, com uma finalidade específica. O sistema de direito autoral originado principalmente na França, Alemanha e Itália (droit d’auteur), trata do campo do direito que lida com a proteção ao autor e de suas obras ou, ainda, direito que é atribuído a um autor em relação às obras que produz. Por ser um sistema que tende a ter uma abordagem mais individualista do que social, argumenta-se que o direito do autor seja mais apto para defender o autor ante a empresas e distribuidoras (Vieira, 2003). É este o sistema vigente no Brasil e na maior parte do mundo. Manso (1987) argumenta que o direito autoral regula as relações jurídicas entre um autor e outras pessoas, que podem tirar proveito cultural ou econômico de uma obra intelectual. Entretanto, o requisito essencial para que a obra seja protegida é que ela seja original, ou seja, que tenha origem na pessoa que a criou. Podemos complementar este aspecto dizendo que ela precisa ser original ou criativa. Desta forma, o direito autoral ou comumente visto no plural, direitos autorais, são expressões utilizadas em referência ao conjunto de direitos dos autores e de suas obras intelectuais que podem ter naturezas diversas. As obras intelectuais têm como meta satisfazer necessidades intelectuais de seu próprio autor e dos homens de maneira geral. Coube a doutrina jurídica clássica a categorização de acordo com a utilização da obra, que pode ser somente intelectual (direito moral) ou pode se dar pela sua exploração comercial (direito patrimonial). O direito moral é inalienável e irrenunciável, características, entretanto, inadequadas ao direito patrimonial (Manso, 1987). Comprendemos como obra intelectual protegida pelo direito autoral como aquela que tem por objetivo a comunicação pública, que contribui para a função intelectual, não dependendo da modalidade da forma de expressão (literária, plástica, artística, audiovisual etc.) e nem de seu valor ou de seu objetivo. Segundo Manso (1987) a criatividade, como o próprio nome parece indicar, diz respeito à intimidade da obra, embora não exija ser absoluta, podendo ser relativa, tendo em vista que um autor pode inovar tomando como ponto de partida um conhecimento já existente. Métodos e Técnicas de Estudo 186Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 Os direitos morais relacionam-se ao reconhecimento da autoria, isto é, que o criador de uma obra tem o direito de ser reconhecido pelo seu mérito de criação, proteção à intergridade da obra, que é o direito de impedir que modificações sejam feitas de forma a restringir o mau uso e que este venha a prejudicar a reputação do autor, além da entrada ou retirada de circulação da obra. Os direitos de natureza patrimonial, por outro lado, relacionam-se à utilização da obra no que consiste ao direito exclusivo do autor de autorizar, ou não, qualquer forma de exploração de sua obra, e de receber o benefício econômico-financeiro decorrente de tal utilização. A legislação brasileira de direito autorais Art.41 - Conforme a legislação brasileira, lei no 9610, de 19 de fevereiro de 1998, Art. 41, os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil, caindo então em domínio público. Art. 29 - Ainda, conforme Art. 29, as formas de exploração compreendem, por exemplo, a reprodução parcial ou integral; a edição; a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; a tradução para qualquer idioma; o armazenamento em computador e “quaisquer outras modalidadesde utilização existentes ou que venham a ser inventadas”. (Brasil, Lei no 9610). Art. 7 - Ainda no âmbito das obras intelectuais protegidas, temos as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro (Art. 7), tais como, as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; as obras dramáticas e dramático-musicais; as obras coreográficas; as composições musicais, tenham ou não letra; os programas de computador, dentre outros, sendo este último objeto de legislação específica, observadas as disposições da lei que lhes sejam aplicáveis. Fica entendido, desta forma, que só se pode utilizar a obra de outros autores com a permissão ou citação, dando-lhes o devido “crédito”. Métodos e Técnicas de Estudo 187Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 É interessante ressaltar que embora qualquer produção ao intelecto humano seja passível de reprodução, nem todas são protegidas pelos direitos autorais. Em seu Art. 8o, a Lei 9610 dispõe dos objetos que não são protegidos ou abrangidos por ela. Dentre eles podemos citar: as idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais; os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios; os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais; os nomes e títulos isolados; o aproveitamento industrial ou comercial das idéias contidas nas obras. Contrato de Cessão - O contrato de cessão dos direitos de autor sobre obras futuras abrangerá, no máximo, o período de cinco anos. Contrato de Edição - No contrato de edição, o editor obriga-se a reproduzir e divulgar a obra literária, artística ou científica e fica autorizado, em caráter de exclusividade, a publicá-la e a explorá-la pelo prazo e nas condições pactuadas com o autor. Para que um autor seja indentificável, poderá o criador da obra usar seu próprio nome (nome civil), completo o abraviado até por suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional. Uma receita médica, por exemplo, é ao mesmo tempo, obra literária e científica, sendo, sem nenhuma dúvida produto do intelecto do seu autor (Manso,1987). Entretanto, não é protegida por nenhum direito intelectual ou autoral. Em outras palavras, é a pessoa física criadora de uma obra, seja esta literária, artística ou científica. Conforme parágrafo único do Art. 11, Lei 9610, a proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas nos casos previstos em que o autor firma contratos, podendo ser de cessão ou de edição. Propriedade intelectual O sujeito do direito autoral é o autor, aquele que cria, adapta, traduz, arranja ou orquestra. Métodos e Técnicas de Estudo 188Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 É interessante ressaltar que a proteção da obra pelos direitos autorais independe de registro prévio ou indicação, estando protegida tão logo de sua criação. A Constituição Federal, em seu Art. 5o. (Direitos e garantias fundamentais), prevê que a educação é direito social, … e sua qualificação para o trabalho. Entretanto, concede ao autor o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras.” No brasil, além da lei 9610/98 (Direitos Autorais), a propriedade intelectual também é disciplinada pelas leis 9.279/96 (Marcas e Patentes), 9.456/97 (Cultivares), 9.609/98 (Software), contando ainda com tratados internacionais, como as Convenções de Berna, sobre Direitos Autorais, e de Paris, sobre Propriedade Industrial, e outros acordos como o TRIPs (Trade Related Intelectual Property Rights) (Propriedade intelectual, Wikipedia, 2010). Métodos e Técnicas de Estudo 189Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 Direitos morais O reconhecimento pelo mérito de criação de uma obra intelectual, como o direito de paternidade de um autor sobre sua obra, é tratado no primeiro ponto do Capítulo II da Lei no 9610, que trata das disposições dos Direitos Morais do autor. O Art. 24, I, trata como direitos morais do autor o ato de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra. Copyleft Em contraponto ao sistema de copyright, que sempre possuiu como característica intrínseca uma vertente econômica (relativa ao direito de natureza patrimonial expressado através do direito de reprodução), o copyleft surge como um tipo de licença para publicação de documentos que permite a reprodução livre (o que não significa necessariamente grátis) e, ao mesmo tempo, garante ao criador o devido reconhecimento da obra. Este conceito está atrelado a forma de disiminação do tipo “viral”, dada a liberdade de reprodução, conseguindo abranger um enorme número de leitores. O símbolo de copyleft é um “c revertido”. (um © invertido) Como existem várias licenças de copyleft, as implicações do símbolo de copyleft não são tão precisas como as do símbolo de copyright, a não ser que se indique também qual a licença aplicável (por GNU FDL). Métodos e Técnicas de Estudo 190Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 O copyleft pode ser considerado uma licença para conteúdos abertos, muito útil nos meios de publicação que primam pela colaboração dos autores como a Internet, por exemplo. Contrapondo à de copyright, Zanaga (2006) travalha a idéia de copyleft. Podemos entender então que as licenças copyleft se utilizam da própria legislação de de copyright internacionalmente e dos direitos autorais especificamente e no caso brasileiro para garantir que, pelo menos, algumas barreiras sejam liberadas para a utilização ou alteração de uma obra intelectual. Métodos e Técnicas de Estudo 191Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 Avaliação a Distância 1 . Marque a opção correta. Respostas - 1 (C, D e A) A A A C C C B B B D D D Todas as alternativas sobre o termo copyright estão corretas, EXCETO: O sistema de direito autoral: São características do copyleft , EXCETO: É uma palavra de origem inglesa. Teve sua origem nos Estados Unidos. É uma licença gratuita para publicação. Refere-se especificamente à comercialização de uma obra. Tende a ter mais uma abordagem social que individualista. É um tipo de licença para a publicação de documentos, mas não é necessariamente grátis. Significa direitos de reprodução ou cópia. Lida com a divulgação e comercialização de obras. Garante ao criador o devido reconhecimento da obra. Refere-se diretamente aos meios de proteção de uma determinada obra em si. Lida com a proteção do autor e suas obras. Permite a reprodução livre, mas protege o direito autoral. Métodos e Técnicas de Estudo 192Copyright e Copyleft U N ID A D E 14 Atividade Obrigatória Leitura Complementar: ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito autoral. São Paulo: Ed. Renovar, 2007. SANTOS, Manuella. Direito autoral na era digital. São Paulo: Saraiva, 2009. Síntese Nesta unidade você aprendeu diversas formas de proteção de uma obra. Aprendeu sobre a origem e o funcionamento do copyright, que surgiu para proteger os direitos dos autores. Assim como aprendeu sobre leis de direitos autorais e domínio público. Além disso conheceu o sistema copyleft, que é o contraponto do sistema copyright. Ou seja, esta unidade abordou uma análise geral das formas de proteção de conteúdos e direitos dos autores dos mesmos. ● MANSO, O que é direito autoral? São Paulo: Brasiliense, 1987. ● TAKAHASHI, Sociedade da informação no Brasil. Livro Verde: Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. Bibliografia Recomendada
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