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Arquimedes teve grande importância também na física, em especial na Mecânica. Dentre suas contribuições destacamos o Princípio da Alavanca, contido em sua obra "Sobre o Equilíbrio dos Planos" A alavanca é uma das máquinas simples estudadas na Grécia antiga. Ela é constituída de um corpo rígido, normalmente linear, denominado de haste ou travessão da alavanca. Esta haste é capaz de girar ao redor de um eixo horizontal que é fixo em relação ao solo. Este eixo é ortogonal à haste da alavanca, sendo denominado de fulcro ou de ponto de suspensão da alavanca. É como se fosse uma balança de braços iguais, só que com a possibilidade de colocar os pesos a distâncias diferentes do fulcro. Na obra citada acima Arquimedes demonstra o princípio da alavanca nas proposições 6 e 7: Proposição 6: Grandezas comensuráveis se equilibram em distâncias inversamente proporcionais a seus pesos. Proposição 7: Da mesma maneira, mesmo se as grandezas são incomensuráveis elas se equilibrarão em distâncias inversamente proporcionais às grandezas. Nesta mesma obra arquimedes trata de temas essenciais nos dias de hoje, como o conceito de centro de gravidade de figuras e objetos, como encontrá-los e como se dá o equilíbrio de dois corpos a partir de seus centros de gravidade. Voltando ao princípio da alavanca, existe uma passagem famosa em que Arquimedes diz a Hieron: "Qualquer peso dado pode ser movido por qualquer força dada". E ainda completa: "Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei a Terra". Plutarco conta que Hieron ficou espantado com tal frase e que pediu para Arquimedes reduzir o problema pra alguma coisa prática. Arquimedes disse que então que se escolhessem um navio de três mastros do arsenal do rei e carregasse-o completamente com pessoas e carga, ele poderia ficar longe do navio segurando apenas um "pulley" e assim conseguiria, sem grande esforço, fazer o navio se mover suavemente e de forma segura como se estivesse no oceano. Mas o princípio da alavanca não é importante apenas na mecânica. Ele tem uma importância geométrica muito grande. Arquimedes escreveu uma obra genial chama "O Método". Nessa obra ele faz demonstrações de resultados geométricos utilizando o princípio da alavanca. Ele enunciou diversas proposições antes de mostrar os principais resultados. Algumas delas são: O centro de gravidade de qualquer linha reta é o ponto de bissecção da linha reta. O centro de gravidade de qualquer triângulo é o ponto no qual se cortam as linhas retas traçadas a partir dos pontos angulares até os pontos médios dos lados (opostos). O centro de gravidade do círculo é o ponto que também é o seu centro. O centro de gravidade de qualquer cilindo é o ponto de bissecção do seu eixo. O primeiro grande resultado mostrado mecanicamente por Arquimedes foi: A área de um segmento parabólico é igual a 4/3 a área do triângulo inscrito nesta parábola. Ele faz uma construção como a da figura abaixo: E fazendo manipulações geométricas o que ele enxerga e conclui é: As figuras estão em equilíbrio e κχ = κγ/3. Portanto, a área do segmento parabólico é igual a 1/3 da área desse triângulo. A partir daí ele conclui que a área do segmento parabólico será 4/3 da área do triângulo inscrito. Esse resultado foi mostrado geometricamente também (sem o uso da alavanca) e se encontra na obra "Quadratura da Parábola" de Arquimedes. O segundo resultado mostrado mecanicamente por Arquimedes foi o seguinte: "O volume de qualquer esfera é igual a quatro vezes o cone que tem sua base igual ao círculo máximo da esfera e sua altura igual ao raio da esfera, enquanto que o volume do cilindro com base igual a um círculo máximo da esfera e altura igual ao diâmetro é uma vez e meia o volume da esfera. " Esse resultado é importante porque é a primeira vez na história que se tem calculado o volume da esfera. Além disso, a partir desse teorema, Arquimedes expressa também a área da esfera. Para Arquimedes, esse teorema foi a sua maior descoberta. Ele solicitou a seus familiares que fosse colocado em seu túmulo uma representação de um cilindro circunscrevendo uma esfera dentro dele, juntamente com uma inscrição fornecendo a razão que o volume do cilindro tem em relação ao volume da esfera. Cícero (106 – 43 a.E.C) mencionou o seguinte em uma de suas obras: "Mas da própria cidade Siracusa de Dionísio vou levantar da poeira — onde seu bastão traçava suas linhas — um homem obscuro que viveu muitos anos mais tarde, Arquimedes. Quando fui questor na Sicília consegui descobrir seu túmulo. Os habitantes de Siracusa não sabiam nada sobre ele e chegavam mesmo a afirmar que não existia. Mas lá estava ele, completamente cercado e escondido por galhos de arbustos e espinheiros. Me lembrei de ter ouvido algumas linhas de verso que haviam sido inscritos em seu túmulo, referindo-se a uma esfera e um cilindro modelados em pedra no topo da sepultura. E assim dei uma boa olhada ao redor dos numerosos túmulos que estavam ao lado do Portão de Agrigentino. Finalmente percebi uma pequena coluna pouco visível sobre os arbustos. Em cima dela havia uma esfera e um cilindro. Disse imediatamente aos principais habitantes de Siracusa que estavam comigo na ocasião, que acreditava que este era o túmulo que estava procurando. Foram enviados homens com foices para limpar o local e quando foi aberto um caminho até o monumento fomos até ele. E os versos ainda estavam visíveis, embora aproximadamente a segunda metade de cada linha estivesse gasta. "
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