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12/04/2015 1 DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIAS ANEMIAS – Parte II Produção Deficitária – Deficiência de Ferro • O ferro é um componente essencial da hemoglobina, mioglobina e de determinadas enzimas. • O grande reservatório de ferro corporal encontra-se nas células vermelhas do sangue. Chegando a 2/3 ou mais do ferro corporal. • O ferro de reserva está presente nos macrófagos e no sistema reticuloendotelial sob duas formas: Ferritina e hemossiderina. – A ferritina é um complexo hidrossolúvel de sal férrico e uma proteína, apoferritina. – A hemossiderina é insolúvel em água e consiste principalmente em agregados de um núcleo de cristais de oxiidróxido de ferro III. • Muito pouco ferro é perdido pelo organismo. As mulheres perdem, em média, mais ferro do que os homens em função da perda sanguinea na menstruação. 1 mg/dia contra 2 mg/dia. • O controle é mantido devido a absorção da mulher ser maior. 7% contra 13%. • No plasma, o ferro total é em média 110 g/dL. • A maior parte deste ferro está ligada à transferrina, que tem a capacidade de ligar 330 g/dL • Uma quantidade muito pequena do ferro no plasma está na ferritina. ANEMIA FERROPRIVA • Quando a perda de ferro excede a incorporação por um período suficientemente longo para depletar as reservas corporais, uma quantidade insuficiente de ferro estará disponível para a produção norma de hemoglobina. • Quando da carência de ferro? – Necessidade aumentada deste elemento (rápido crescimento na fase lactente, infância ou gravidez) – Perda excessiva de sangue que reduz as reservas corporais (hemorragias sucessivas, menstruação excessiva ou gestações múltiplas) • A deficiência de ferro é, provavelmente, a causa mais comum de anemia no planeta. Crianças entre as idades de 6 e 24 meses são particularmente suscetíveis. • A dieta deficiente de ferro causa a queda nas reservas. Após os primeiros quatro a seis meses de vida, as reservas de ferro presentes desde o nascimento se exauriram e o bebê depende do ferro da dieta. 12/04/2015 2 • A sequencia de eventos no desenvolvimento de anemia ferropriva geralmente é a seguinte: – Quando a perda de sangue excede a absorção, ocorre um balanço negativo do ferro. – O ferro é mobilizado das reservas, estas se reduzem. – A ferritina plasmática diminui, a absorção do ferro aumenta. – A capacidade de ligação do ferro (transferrina) aumenta. • Esta fase é conhecida como depleção de ferro. – Após a depleção das reservas de ferro, a concentração plasmática do ferro declina, a saturação da transferrina cai para menos de 15%. • No primeiro momento a anemia é normocrômica e normocítica e gradualmente torna-se microcítica e hipocrômica. Achados Laboratoriais • Células: – Nos estágios tardios, o quadro é de microcitose, anisocitose, poiquilocitose (com células elípticas e alongadas) e graus variáveis de hipocromia. – O número de reticulócitos geralmente estão reduzidos, exceto após a terapia com ferro. – O VCM está baixo, assim como a Hb e o HCT. • Ferro Sérico: – A amplitude de referência é de 50 a 160 g/dL em adultos. • Capacidade de Ligação do Ferro Sérico: – A amplitude de referência para adulto é de 250 a 400 g/dL. Na anemia ferropriva, a CLFT sérica está aumentada. Normal ou reduzida na anemia crônica. • Porcentagem de Saturação da CLFT (índice de saturação da transferrina) – É a razão entre ferro sérico e CLFT. Normalmente este é de 20 a 55%. – Valores menores que 15% indicam eritropoese deficiente de ferro (ferropriva) – Normalmente existe uma variação diurna marcante no ferro sérico de até 30%, com valores mais elevados pela manhã e mais baixos no final do dia. Ou seja, as amostras em jejum pela manhã são mais melhores para o diagnóstico. – A CLFT se mantém relativamente constante em um indivíduo normal. Gravidez e contraceptivos orais podem aumentar a CLFT. • Ferritina Sérica – Os valores de referência são de 12 a 300 g/dL, com valores mais elevados em homens do que em mulheres. • Diagnostico Diferencial – A anemia ferropriva deve ser diferenciada de outras anemias microcíticas ou hipocrômicas. Entre estas estão as talassemias, anemia persistente da doença crônica e as anemias sideroblástica. – O ferro de reserva e a ferritina sérica estão reduzidos na ferropriva e normais ou elevados em todas as outras. 12/04/2015 3 Anemia microcítica hipocrômica Ferro sérico Baixo Anemia ferropriva Anemia de doença crônica Normal b-talassemia Alto Anemia sideroblástica Anemia microcítica hipocrômica Ferro sérico Capacidade de ligação de ferro Ferritina Ferro e ferritina baixos Anemia ferropriva Ferro baixo Ferritina normal Anemia de doença crônica Ferro e ferritina normais b-talassemia Ferro e ferritina aumentados Anemia sideroblástica 12/04/2015 4 • O primeiro princípio da terapia da anemia ferropriva deve ser a identificação e a correção da causa de base. • Ferro na forma ferrosa deve ser administrado oralmente, na dose de 200mg/dia, em 3 doses entre as refeições. • O monitoramento da taxa de hemoglobina é a melhor maneira de controle. • A hemoglobina deve subir 0,1 a 0,2g/dl após o quinto dia e 2g/dl a cada 3 semanas. • Após o retorno dos níveis de hemoglobina aos valores normais, a terapia com ferro deve ser continuada por, pelo menos, 2 meses para que os estoques de ferro sejam refeitos. Tratamento ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • As anemias macrocíticas que não são megaloblástica podem ser resultantes da liberação prematura de eritrócitos no sangue – denominado de desvio de reticulócitos. • Isto pode ocorrer em resposta à perda sanguínea aguda, hemólise, infiltração da medula óssea e concentrações elevadas de eritropoetina associadas com doenças de falência da medula óssea como anemia aplásica, anemia refratária e síndrome de Diamond- Blackfan. • Também encontrada em hipotireoidismo, em indivíduos com ingestão excessiva de álcool e na doença hepática. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • Sangue – As anemias macrocíticas associada com megaloblastose diferem da anemia macrocítica não megaloblástica no sentido que macro-ovalócitos e neutrófilos hipersegmentados gigantes estão presentes no sangue. – Caracteriza-se por macrocitose com VCM elevado por presença de macro- ovalócitos e frequentemente graus extremos de anisocitose e poiquilocitose. – Podem ocorrer micrócitos e dacrócitos. – Leucopenia esta presente. – A trompocitopenia pode estar presente. – Pontilhados basofílicos, corpúsculos de Howel-Jolly e eritrócitos nucleados podem ser encontrados. – A anemia megaloblástica quase sempre resulta da deficiência de cobalamina ou ácido fólico. 12/04/2015 5 • Vitamina B12 – Ou cianocobalamina é a única vitamina sintetizada exclusivamente por microrganismos, e é encontrada em praticamente todos os tecidos. – 90% da cobalamina absorvida é transportada no plasma pela transcobalamina II (TCII). A importância da TC é ilustrada pelos efeitos clínicos da deficiência congênita. A ausência da TC II resulta em anemia megaloblástica grave na infância mesmo com níveis normais de cobalamina sérica. – As necessidades diárias de cobalamina encontram-se na faixa de 2 a 5 µg/dia. As reservas corporais de 2 a 5 mg persistem por muito tempo chegando a vários anos, mesmo que a ingesta seja interrompida, como ocorre em gastrectomia total. Deficiência de Cobalamina A deficiência é produzida por vários mecanismos: • Ingestão inadequada: Na dieta é uma causa extremamente rara. Porém é encontrada em pessoas que se abstêm completamente de produtos de origem animal, incluindo leite e ovos. • Produção deficitáriado fator Intrínseco: o fator intrínseco gástrico é uma glicoproteína produzida nas células parietais do estomago. O complexo cobalamina-FI então adere aos sítios receptores específicos nas células epiteliais do íleo, onde é absorvido. • Anemia Perniciosa: A AP é uma deficiência nutricional condicionada de cobalamina que é causada pela incapacidade da mucosa gástrica em secretar o FI. • Síndrome de Má absorção: Doença celíaca, espru tropical, ressecção do intestino delgado (ID) ou doença inflamatória do ID. Metabolismo do Ácido Fólico • Ácido fólico ou ácido pteroilmonoglutâmico. • Está presente em ampla variedade de alimentos, como ovos, leite, vegetais folhosos, leveduras, fígado e frutas, e também é formado pelas bactérias da flora intestinal. • O fígado é o principal sítio de reserva. Deficiência de Ácido Fólico • Ingestão Inadequada de Folato: Após uma dieta com deficiência de folato, as várias alterações foram estabelecidas conforme o passar do tempo de forma que em três semanas o folato sérico já se encontra baixo; cinco a sete semanas, neutrófilos hipersegmentados na medula e sangue periférico; 18 semanas temos macro-ovalócitos e com 20 semanas a anemia plenamente estabelecida. Terapia da Anemia Megaloblástica • A terapia pode envolver as carências nutricionais ou tratar somente a deficiência envolvida. • A resposta é rápida e ocorre em cinco a sete dias, com resposta reticulocitária máxima . • As anormalidades granulocíticas voltam ao normal mais lentamente, e os neutrófilos hipersegmentados desaparecem do sangue apenas depois de 12 a 14 dias. • A AP é tratada por via parenteral com 1000 g de cianocobalamina diariamente na semana 1 e 1000 g por semana por quatro semanas, e então mensalmente pelo resto da vida do paciente. • Na deficiência de folato, a terapia oral é utilizada de 1 a 2 mg/dia. 12/04/2015 6 Anemia macrocítica Dosagem de B12 e/ou folato Níveis reduzidos Condição megaloblástica Anemia perniciosa Deficiência de vitamina B12 (cobalamina) Deficiência de folato Níveis normais Condição não megaloblástica Avaliação da função medular (reticulócitos) Contagem normal: hepatopatia Contagem aumentada: anemia hemolítica Correlações dos níveis de cobalamina e folato com o estado clínico Quadro clínico Cobalamina sérica (ng/L) Folato sérico (g/L) Folato eritrocitário (g/L) Normal Normal (200-900) Normal (5-16) Indeterminado (3-5) Baixo (< 3) Normal (> 150) Deficiência de cobalamina Baixa (< 100) Normal (5-16) Alto (> 16) Baixo (< 150) Deficiência de folato Normal (200-900) Baixo (< 3) Baixo (< 150) Deficiência de ambos Baixo (< 100) Baixo (< 3) Baixo (< 150) 12/04/2015 7
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