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Começa na medula óssea vermelha com o proeritroblasto - se divide várias vezes, produzindo células que começam a sintetizar hemoglobina. Por fim, perto do final da sequência de desenvolvimento o núcleo é ejetado e se torna umreticulócito. A perda do núcleo faz com que o centro da célula sofra uma endentação, produzindo o formato bicôncavo diferencial das hemácias. Os reticulócitos retêm algumas mitocôndrias, ribossomos e retículo endoplasmático. Os reticulócitos passam da medula óssea vermelha para a corrente sanguínea se espremendo entre as células endoteliais dos capilares sanguíneos. Os reticulócitos se tornam hemácias maduras no período de 1 a 2 dias depois da sua liberação da medula óssea vermelha A anemia pode decorrer da diminuição na produção de hemácias na medula óssea. Uma deficiência de nutrientes para a síntese de hemoglobina (ferro) ou para a síntese de DNA (cobalamina ou ácido fólico) pode reduzir a produção de hemácias pela medula óssea. A deficiência de hemácias também resulta de uma falha da própria medula ou quando é substituída por tecido não funcional. carência de elementos fundamentais para a eritropoiese: ferro, vitamina B12 ou folato. Pode ser consequência de deficiência alimentar, perda de ferro mediante sangramento ou aumento na demanda. O ferro é um componente do heme, a deficiência leva a uma diminuição da síntese de hemoglobina e, consequentemente, à redução no aporte de oxigênio aos tecidos. Etiologia Quando as hemácias entram em processo de senescência e são degradadas, o ferro é liberado e reutilizado na produção de novas hemácias. Pequenas quantidades de ferro são perdidas nas fezes e precisam ser repostas por meio da dieta. A quantidade de ferro absorvida é mais do que adequada para suprir as necessidades da maioria das pessoas, mas pode ser apenas suficiente para crianças em idade pré- escolar, adolescentes e mulheres em idade fértil. A maior parte do ferro é derivada da carne e, quando não existe disponibilidade desse alimento, como no caso de populações menos favorecidas, ou por não ser um componente alimentar, como para os vegetarianos, pode ocorrer uma deficiência de ferro. A razão usual para a deficiência de ferro em adultos no mundo ocidental é a perda crônica de sangue, porque há ferro inadequado disponível para reciclagem. Em homens e mulheres na pós-menopausa, a perda de sangue pode ocorrer a partir de sangramento gastrintestinal resultante de úlcera péptica, lesões vasculares, pólipos intestinais, hemorroidas ou câncer. Nas mulheres em idade fértil, a demanda de ferro é maior por causa das perdas menstruais. Além disso, nas gestantes, o desenvolvimento fetal aumenta a demanda por ferro para eritropoese. As necessidades de ferro são proporcionalmente mais altas na primeira infância (3 a 24 meses) do que em qualquer outra idade, embora também sejam maiores por toda a infância e adolescência. Na infância, as duas principais causas de anemia ferropriva são baixos níveis de ferro ao nascimento devido a uma deficiência materna e uma dieta que consiste principalmente em leite de vaca, que é pobre em ferro absorvível. Fisiopatologia • Absorção do ferro O ferro é absorvido no duodeno e na parte superior do jejuno. A absorção de ferro é determinada pelo tipo de molécula de ferro e de quais outras substâncias são ingeridas. O ferro não heme na dieta costuma estar na forma férrica e precisa ser reduzido para a forma ferrosa e liberado dos aglutinantes alimentares pelas secreções gástricas. Na depleção de ferro, a absorção aumenta por supressão da hepcidina, regulador fundamental do metabolismo do ferro. • Transporte e uso do ferro O ferro das células da mucosa intestinal é transferido para a transferrina, uma proteína transportadora de ferro sintetizada no fígado; a transferrina pode transportar o ferro das células (intestinal, macrófagos) aos receptores específicos em eritroblastos, células da placenta e células do fígado. Para a síntese de heme, a transferrina transporta ferro para as mitocôndrias do eritroblasto, que inserem o ferro na protoporfirina IX, para que esta se transforme em heme. A transferrina (meia-vida plasmática de 8 dias) é expelida para reutilização. A síntese de transferrina aumenta com a deficiência de ferro, mas diminui com qualquer tipo de doença crônica. • Armazenamento e reciclagem de ferro O ferro não utilizado na eritropoiese é transferido pela transferrina para ser reservado; o ferro é armazenado de 2 formas: . Ferritina; . Hemossiderina. A mais importante é a ferritina (um grupo heterogêneo de proteínas em torno de um núcleo de ferro), que é uma fração de armazenamento ativo e solúvel localizada no fígado (nos hepatócitos), na medula óssea e no baço (nos macrófagos); nos eritrócitos; e no soro. O ferro armazenado na ferritina está prontamente disponível para qualquer necessidade do corpo. O segundo depósito de ferro está na hemossiderina, que é relativamente insolúvel e é armazenada principalmente no fígado (nas células de Kupffer) e na medula óssea (nos macrófagos). Como a absorção de ferro é muito limitada, o corpo recicla e conserva o ferro. A transferrina segura e recicla o ferro disponível dos eritrócitos senescentes, sujeitando- os à fagocitose pelos fagócitos mononucleares. Esse mecanismo fornece cerca de 97% do ferro diário necessário (em torno de 25 mg de ferro). • Se desenvolve em estágios: No primeiro estádio, a necessidade de ferro excede sua ingestão, causando depleção progressiva dos depósitos de ferro da medula óssea. À medida que os estoques diminuem, há elevação da absorção dietética de ferro. Durante os estádios tardios, a deficiência é grave o suficiente para ocasionar insuficiência na síntese de eritrócitos, gerando anemia. › estágio 1: caracteriza-se pela depleção dos depósitos de ferro na medula óssea; a hemoglobina e o ferro sérico permanecem normais, mas a concentração de ferritina sérica cai para < 20 ng/mL. O aumento compensatório da absorção do ferro causa elevação da capacidade de ligação do ferro (nível de transferrina). › estádio 2: a eritropoiese é insuficiente. Embora o nível de transferrina seja aumentado, a concentração do ferro sérico diminui; a saturação da transferrina reduz. A eritropoiese é insuficiente quando o ferro sérico cai para abaixo de 50 mcg/dL e a saturação de transferrina para < 16%. Os níveis do receptor de transferrina sérica aumenta (> 8,5) › estádio 3: a anemia com aparecimento de eritrócitos normais e índices normais se desenvolvem. › estádio 4: desenvolve-se microcitose e, em seguida, hipocromia. › estádio 5: a deficiência de ferro afeta os tecidos, resultando em sinais e sintomas. Manifestações clínicas Relacionadas com prejuízo no transporte de oxigênio e falta de hemoglobina - fadiga, palpitações, dispneia, angina e taquicardia. A pessoa pode apresentar alotriofagia (pica), que consiste em ânsia por ingerir substâncias sem valor nutricional como argila ou gelo. Outras manifestações clínicas podem incluir coiloníquia (deformidade em formato de colher das unhas dos dedos das mãos), língua lisa, feridas nos cantos da boca e, às vezes, disfagia. Diagnóstico Baixo nível de hemoglobina e hematócrito, diminuição das reservas de ferro e baixo teor de ferro sérico e ferritina. Existe uma quantidade menor de hemácias, e estas são microcíticas e hipocrômica. Também ocorrem poiquilocitose (formato irregular) e anisocitose (tamanho irregular). Os testes laboratoriais indicam menores valores de CHCM (pouco corada) e VCM (volume corpuscular médio – pequena) RDW(variações de tamanho – alto) TIBC alto – sitio de ligação da transferina Saturação de transferria baixa São causadas pelo comprometimento na síntese de DNA, que resulta em hemácias aumentadas de tamanho (VCM > 100 fℓ), devido à maturação e divisão deficientes.A deficiência de vitamina B12 e ácido fólico são as condições mais comumente associadas a casos de anemia megaloblástica Desenvolve lentamente, muitas vezes poucos sintomas se manifestam até que a condição já esteja muito avançada. Os estados megaloblásticos resultam da síntese defeituosa de DNA. A síntese de RNA continua, resultando em uma célula maior com núcleo maior. Todas as linhagens celulares têm dispoiese, em que a maturidade citoplasmática é maior do que a maturidade nuclear; isso produz megaloblastos na medula antes que apareçam no sangue periférico. A dispoiese resulta na morte celular no interior da medula, tornando a eritropoiese ineficaz. Como a dispoiese atinge todas as linhagens celulares, ocorre reticulocitopenia e, na fase tardia, leucopenia e trombocitopenia . Macro-ovalócitos entram na circulação. Se há presença simultânea de deficiência de ferro ou utilização prejudicada de ferro, a macrocitose pode não se desenvolver. B12/cobalamina, funciona como cofator para duas reações importantes no organismo de seres humanos. É essencial para a síntese do DNA e para a maturação nuclear, que, por sua vez, conduz à maturação e divisão normal das hemácias. Também está envolvida com a reação que impede as moléculas anormais de ácidos graxos de serem incorporadas aos lipídios neuronais. Essa anomalia pode predispor à decomposição da mielina e produzir algumas complicações neurológicas causadas por deficiência de vitamina B12. Atualmente, cerca de 5 a 20% dos adultos mais velhos apresentam deficiência de vitamina B12 por causa de má absorção. Os fatores de risco dessa deficiência incluem o uso prolongado de fármacos como inibidores da bomba de prótons, doenças gastrintestinais como espru ou ileíte, cirurgias como gastrectomia ou bypass gástrico e parasitoses. Etiologia e patogênese A vitamina B12 é encontrada em todos os alimentos de origem animal. A deficiência alimentar é rara e geralmente é encontrada apenas em vegetarianos estritos, que evitam todos os produtos lácteos, bem como carne e peixe. As reservas orgânicas usuais de 1 mil a 5 mil microgramas (mg) supre as necessidades diárias de 1 mg por vários anos. Portanto, a deficiência de vitamina B12 se desenvolve lentamente. A vitamina B12 é absorvida por um processo especial. Depois de liberada da proteína animal, ela se liga a um fator intrínseco, uma proteína secretada pelas células parietais gástricas. O complexo fator intrínseco–vitamina B12 protege a molécula de vitamina contra a digestão por enzimas intestinais. O complexo viaja até o íleo, onde se liga a receptores de membrana nas células epiteliais. A vitamina B12 então se separa do fator intrínseco e é transportada através da membrana para a circulação. Na corrente sanguínea, ela se liga à proteína transportadora, a transcobalamina II, que transporta a vitamina B12 até os locais de armazenamento e os tecidos. Qualquer defeito nessa via é capaz de causar uma deficiência. **Anemia perniciosa é uma forma específica de anemia megaloblástica causada por gastrite atrófica e incapacidade de produção de fator intrínseco, o que resulta na incapacidade de absorção de vitamina B12. Acredita-se que a anemia perniciosa seja o resultado de uma destruição da mucosa gástrica mediada imunologicamente, possivelmente autoimune. Caracteriza por perda de células parietais e produção de anticorpos que interferem na ligação da vitamina B12 ao fator intrínseco. Outras causas de anemia pela deficiência de vitamina B12 incluem gastrectomia, ressecção ileal, inflamação ou neoplasias no íleo terminal e síndromes de má absorção. A principal característica da deficiência de vitamina B12 é a anemia megaloblástica. Quando a quantidade de vitamina B12 não é suficiente, as hemácias produzidas são anormalmente grandes devido ao excesso de crescimento citoplasmático e produção de proteínas estruturais. As células têm núcleos imaturos e mostram sinais de destruição celular. Elas apresentam membranas frágeis e formato oval, em vez de bicôncavo. Essas células de formato estranho têm um curto tempo de vida que pode ser medido em semanas, em vez de meses. Manifestações clínicas A perda de hemácias resulta em um quadro entre moderado e grave de anemia e icterícia. O VCM é elevado, uma vez que as células são maiores do que o normal, e o valor de CHCM é normal. As alterações neurológicas que acompanham a doença são causadas por desarranjos na metilação da proteína mielina. A desmielinização das colunas dorsal e lateral da medula espinal causa parestesia simétrica dos pés e dedos, perda da sensação vibratória e de propriocepção, bem como eventual ataxia espástica. Em casos mais avançados, a função cerebral pode ser alterada. Em alguns casos, sintomas de confusão mental, demência e outras alterações neuropsiquiátricas podem preceder alterações hematológicas. Diagnóstico Nível sérico anormalmente baixo de vitamina B12. O diagnóstico de anemia perniciosa, como causa da deficiência, é geralmente feito pela detecção de anticorpos contra as células parietais e contra o fator intrínseco. Tratamento vitalício é, com frequência, necessário para má absorção. Visto que não ocorre absorção adequada com doses padronizadas de vitamina B12, o tratamento consiste em injeções intramusculares, sprays nasais ou doses orais altas de vitamina B12 para reverter a anemia e melhorar as alterações neurológicas. O ácido fólico também é necessário para a síntese de DNA e a maturação das hemácias; sua deficiência produz o mesmo tipo de alterações megaloblásticas ocorridas na anemia por deficiência de vitamina B12 (p. ex., aumento de VCM e CHCM normal). Os sintomas também são semelhantes, mas sem manifestações neurológicas. O ácido fólico é facilmente absorvido pelo intestino. Pode ser encontrado em vegetais (especialmente os tipos de folhas verdes), frutas e carnes. Grande parte da vitamina, contudo, é perdida no cozimento. Nos EUA é obrigatória a suplementação de ácido fólico em produtos com farinha e grãos, como cereais. Todavia, essa suplementação é pouco benéfica quando a pessoa segue dietas pobre em carboidratos (low carb) porque há restrição desses alimentos. A deficiência dietética pode resultar em anemia em alguns meses. As causas mais comuns de deficiência de ácido fólico são desnutrição ou ausência de consumo de ácido fólico, sobretudo em adultos mais velhos. O álcool etílico suprime a absorção de ácido fólico e compromete a recirculação entero-hepática, portanto, etilistas crônicos correm maior risco Problemas relacionados com a má absorção de ácido fólico podem decorrer de síndromes como a doença celíaca ou outros distúrbios intestinais. É comum a observação de deficiência de ácido fólico em casos de doença neoplásica, nos quais células tumorais competem pelo folato. O metotrexato, que é um análogo do ácido fólico utilizado no tratamento de câncer, também pode prejudicar a ação de ácido fólico, bloqueando a conversão para a forma ativa. Como a gestação aumenta a necessidade de ácido fólico em 5 a 10 vezes, comumente se manifesta uma deficiência. Maus hábitos alimentares, anorexia e náuseas são outras razões para a deficiência de ácido fólico durante esse período. É um fato bem conhecido que existe uma associação entre deficiência de ácido fólico e defeitos do tubo neural (p. ex., espinha bífida, anencefalia) no feto em crescimento. Portanto, todas as mulheres em idade fértil com parceiros sexuais do sexo masculino são aconselhadas a ingerir 0,4 mg de ácido fólico para manter níveis séricos adequados para evitar defeitos do tubo neural na sua progênie Prevenção Em lactentes ecomenda-se evitar o uso de leite de vaca, a suplementação de ferro em crianças amamentadas com leite materno com idades entre 4 e 6 meses e o uso de fórmulas e cereais enriquecidos com ferro paracrianças com menos de 1 ano de vida. Durante o segundo ano, uma dieta contendo alimentos ricos em ferro e o uso de vitaminas enriquecidas com ferro ajudam a evitar a deficiência desse nutriente. O tratamento da anemia ferropriva em crianças e adultos é direcionado ao controle de perda crônica de sangue, aumento na ingestão de ferro e administração de suplementos. A suplementação com sulfato ferroso, que é a terapia de reposição oral rotineiramente empregada, repõe as reservas de ferro em um intervalo de meses. NORRIS, Tommie L. Porth. Fisiopatologia. Editora Guanabara Koogan, 10ª Ed. 2021. BOGLIOLO, L.; BRASILEIRO FILHO, G. Patologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 10ªed. 2021.
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