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RENATA AZEVEDO 1 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar VESÍCULA E VIAS BILIARES Falando que médicos não sabem passar o caso (ignorado) A anatomia da vesícula é a anatomia mais variada que temos no corpo (quanto mais variado o lugar, mais risco de iatrogenia; Ex: você pode ligar o colédoco, uma a hepática etc ANATOMIA DA VESÍCULA E VIAS BILIARES Vesícula em um corte transversal tem um fundo,corpo, um infundíbulo com colo e o ducto. Pra que saber disso? Porque em cada porção pode-se apresentar um tipo de calculo. Por exemplo: um cálculo no infundíbulo, tem muito mais chance de obstruir do que um calculo no fundo, levando a um processo inflamatório e gerar doenças. O ducto cístico caminha para formação do ducto colédoco. A vesícula em um corte transversal com a camada mucosa, a lamina própria, a camada muscular e a serosa. Sendo a vesícula uma pertencente do TGI. Dados importantes: diâmetro (5 cm – vesícula maior que 5 cm é uma vesícula doente) e comprimento (normal 7-10 cm, na idropica, por exemplo, a vesícula chega a 15 cm) . Outra coisa importante é a capacidade da vesícula – normal é até 60 mL em uma doente tem ate 150 mL, mas isso você não identifica em exame como USG. Você identifica na hora - perioperatório. Boa questão de prova: As válvulas de Heister evitam o colabamento do cístico (porque se colabar→ vai obstruir) e evita a passagem de cálculo (evitando a distensão excessiva do cistico) Vascularização: Artéria abdominal →tronco celíaco que dará três ramos esplênica, gástrica esquerda e hepática comum. A hepática comum dará um ramo que será o gastroduodenal. A hepática comum RENATA AZEVEDO 2 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar continuará como hepática própria que bifurca em artéria hepática esquerda e hepática direita. A artéria hepática direita dará ramo da artéria cística. Inervação: Posso colocar substancias que irão atuar :A inervação da vesícula e de todo o fígado na verdade, via 3 estímulos: humorais, neurogênicos e quimicos. Há dois estímulos humorais principais: Secretina (produção de bile) e CCK (secreção de bile) → ambas produzidas no intestino O que estimula a produção da CCK e consequentemente a contração da vesícula e relaxamento do esfíncter de Oddi? A alimentação. E o que inibe? A bile. A CCK está relacionada a dois feedback’s, um positivo: quando você come uma comida gordurosa → seu cérebro é estimulado a mandar estimulo para o intestino delgado a produzir CCK → produzindo CCK . Quanto mais comida → mais CCK. E um negativo: intestino percebe a bile → ele entende que tem muita bile → então para de produzir a CCK (Simpático) Estímulo Vagal: contração da vesícula biliar Parassimpático Estimulo neuronal: os neurônios pré-ganglionares que promove a distende da via biliar Anatatomia Cirurgica Cuidado porque se eu lesar um vasinho errado, esse paciente ficará indo no seu consultório para o resto da vida Limites da vesícula biliar: Superior: fígado Inferior: cólon transverso RENATA AZEVEDO 3 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar Anterior: fígado e parede abdominal Posterior: duodeno Alem das estruturas do hilo hepático, você pode lesar todas essas estruturas adjacentes á vesícula biliar. Ligamento hepatoduodenal: abaixo desse ligamento estão todas as estruturas da do hilo hepatico. O ligamento é meio transparente e fácil de ser rasgado para se atingir as estruturas. Se você não tem referência anatômica, você liga as coisas achando que fez certo e fez tudo errado. Implante do Ducto Cístico Prova disso são as variações anatômicas que existem na implantação do ducto cistico. Isso é algo que você descobre na hora. Nunca acontece comigo, mas pode acontecer, pode acontecer comigo, com você. Canais de Luschka: Outra variação anatômica são os canais de luschka. Você operou o paciente da vesícula, ai ele volta no outro dia com uma dor abdominal enorme (porque a bile é a coisa que mais irrita o peritônio, irrita mais que sangue, ar, xixi. Paciente ate soa) é um canalzinho atrás da vesícula, ai você esta fazendo a cirurgia e lesa ele sem perceber e nem lembra depois, ate porque nem percebeu, ai o paciente chega com essa dor e você acha que lesou o ducto colédoco. 1)Mas como diferenciar a dor de lesão do colédoco de uma lesão dos canais de luschka? RENATA AZEVEDO 4 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar R= # Se você gerar uma obstrução ou seja lá o que for e como consequência houver uma estenose do colédoco → rapidamente o paciente chegará ictérico #Se você cortar ou fazer uma lesão por ligadura o paciente vai ter extravasamento de bile e ele chegará com irritação peritônial # Lesão de canais de luschka leva ao extravasamento de bile e o paciente tem peritonite. Ai, você não vai saber onde houve lesão, mas saberá que algum lugar foi lesado e a bile foi extravasado, assim muito cirurgião abre tudo porque acha que lesou o colédoco. A dor do pós-operatatório é uma dor local e a de peritonite é difusa. GOOGLE: Ele citou coleperitônio mas não deu pra entender, então pesquisei. Coleperitônio é a peritonite causada pelo extravasamento da bile e sua reversão exige a reoperação. Triangulo de Calot ou hepatocistico ( para maioria dos artigos são a mesma coisa esses dois triângulos): principal referencia anatomia Limites: Se eu for cobrar na prova eu não vou cobrar o que é medialmente, lateralmente, porque cobraram isso período passado e erraram. Perderam nota e achei sacanagem. Medialmente: ducto hepático comum Lateralmente: ducto cistico Anteriormente: borda inferior do fígado Arteria cistica não compõe o triangulo, ela pertence ao triangulo (passa dentro) Um linfonodo muito importante, tudo que eu ligar acima dele dificilmente te fará lesar alguma coisa. É um dos poucos linfonodos que possui nome, mas isso ocorre porque ele é um ponto show de referência porque qualquer coisa acima dele é sem risco de lesar. Ele fica ou anterior ou lateral a artéria cistica. Acho o linfonodo? Ótimo, a artéria estará atrás ou medial a ele e você pode pegar tudo acima dele. O linfonodo chama-se Mascagni. Variações da artéria cistica RENATA AZEVEDO 5 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar A)A mais comum é se comunicando com o hepático comum para formar o colédoco, mas há variações. E quando você pegar essas variações tente ligar tudo para o mais perto da vesícula possível para não lesar nada. O colédoco é a via principal. Vai ser muito difícil hoje em dia você ver alguém operar o colédoco (risco de lesar estruturas adjacentes), hoje em dia quem opera mais colédoco é médico que faz transplante. Os canalículos hepáticos convergem e formam o ducto hepático direito e ducto hepático esquerdo que irão convergir → formando ducto hepático comum → que irá convergir com o ducto cístico (que sai da vesícula biliar) para formarem → ducto colédoco (ou seja, ele surge depois do implante do cístico. Há uma divisão do ducto colédoco em 3 porções: supraduodenal, retroduodenal e intra- pancreático. Ducto hepático comum + ducto cístico • Extensão 8 cm • Diâmetro: 6 mm Pra que saber isso? Se tiver um calculo aqui, vai mudar o tamanho. Serve como referencia tambem. Outra coisa importante: O colédoco você não disseca, porque ele é muito vascularizado. Então quanto mais você dissecar, mais necrose irá gerar. E a necrose surge no dia seguinte. Os vasos são tao pequenos que opera-se com lupa. RENATA AZEVEDO 6 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar Esfincter de oddi: No esfíncter de oddi aonde o conteúdo cairá no intestino. Na ponta do esfíncter há um musculo de oddi que serve para contrair e ou relaxar para reter ou liberar a bile. A CCKatua relaxando o esfíncter para permitir a saída da bile. Papila de Vater: formada pela união do ducto pancreático com o ducto colédoco (informação do google porque ele só cita, mas não define a papila) PATOLOGIA DA VESÍCULA BILIAR 1) COLELÍTIASE Definição:Doença calculosa que mais acomete a vesícula biliar. Ela não é a inflamação, nem edema, nem distenção, nem pus na vesícula. Ela é a presença de calculo na vesícula. RENATA AZEVEDO 7 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar Manifestação Clínica: dor (principal sintoma) . Pode apresentar vômitos e empachamento. Tem paciente que nem dor apresenta, e que o paciente descobre em exames de rotina a presença do cálculo. Etiologia/Fatores de Risco: Mulheres> homens; Pós-operatório, principalemnte de bartiátrica; Hist familiar; Obesidade; Anemia Falciforme Cálculos de colesterol (Principal tipo – 90%) • supersaturação de colesterol na bile (isso leva a desidratação a bile; acumulando a gordura formando a lama biliar que forma os cristais que forma os cálculos) • nucleação de cristais • crescimento de cálculos obs: a bile leva a uma desidratação enorme do paciente. Cálculos pigmentares (não são fáceis de ver) • Pretos (aquela paciente era compatível): condições hemolíticas, anemia falciforme ou cirrose ( aumento de bilirrubina não conjugada ). Possuem como caracteristicas duros e pequenos • Marrons: associado com distúrbio de motilidade e infecção bacteriana ( bilirrubina conjugada ). Formados mais na via biliar principal, dificilmente na vesícula. 2) COLECISTITE CALCULOSA AGUDA Dificilmente a colelitiase, geralmente, não vem sozinha. Inflamação da vesícula. Mas, se é inflamação, por quê eu passo antibiótico? R= profilático Relacionada com cálculos em 90 % Tenho uma obstrução ducto cístico, que inflama a parede da vesícula. Leva a uma alteração vascular. Evolução hidropsia / empiema / necrose 3) COLECISTITE CALCULOSA CRÔNICA RENATA AZEVEDO 8 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar Cólicas biliares repetidas Fibrose subserosa Teve uma colecistite → melhorou pronto → colecistite de novo → melhorou, pronto→ colecistite . . . . . assim o paciente tem uma outra doença Colecistite Calculosa Crônica 4) COLECISTITE ACALCULOSA ou ALITIÁSICA AGUDA Corresponde em torno de 5 à 10% Evolui para complicações Ligação com trauma, queimaduras, idosos, parenteral prolongada Estase biliar ( colonização da bile ) Colecistectomia de urgência →Tratamento: sempre cirúrgico, porque esse paciente tende sempre a piorar. Colecistotomia percutânea Paciente com vesícula distendida (maior que 5 cm de diamentro e também há aumento em diâmetro – do tamanho de uma pera para o tamanho de um abacate-- abacatão). A gente não vê necorese, mas se esta distendida e não há calculo... se ainda não há necrose, logo, logo irá necrosar. Obs: você tem que saber quando operar de urgência, agora se vai operar ou não ai depende. Se o paciente tem uma sepse, tem que analisar o caso, porque a maioria das vezes você trata e depois opera. Você pode passar sonda – como a piquiteio (não achei nada sobre isso na net, então provavelmente esta escrito errado o nome dessa sonda; ela não tem no SUS) 5) NEOPLASIA DE VESÍCULA BILIAR Prognóstico ruim Sobrevida de 5 à 38 % em 5 anos 3 VEZES mais comum em mulheres 5º processo maligno gastrointestinal mais comum Etiologia – Processo inflamatório crônico (Ex: um calculo ali inflamando, inflamando e ai neoplasia) Como que descobre? Muitas vezes em exame de rotina. PATOLOGIAS DA VIA BILIAR RENATA AZEVEDO 9 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar 1) COLEDOCOLITÍASE Definição: cálculo no ducto colédoco 6 à 12% das colecistectomias pode evoluir para coledocolitíase. Porque, é muito pequenininho, então um calculo pode passar. E se passar, passou. Calculos podem ser primários e secundários: (informação do livro) Primarios: formados no ducto colédoco; Secundarios: formados na vesícula, e por meio do ducto cístico, chegam até o ducto colédoco. Cálculos residuais ( menos de 2 anos após a colecistectomia ) → veio da vesícula; você fez a cirurgia e um calculozinho passou. Cálculos recorrentes ( mais de 2 anos após a colecistecomia ) → propavelmente NÃO veio da vesícula O cálculo grande tem chances maiores de formar um tumor na vesícula de uma forma superior aos cálculos pequenos, tanto os cálculos na vesícula quanto os cálculos no ducto. Associação com estase biliar devido :estenose biliar, estenose papilar, tumores ou outros cálculos. #Pancreatite biliar: Estase biliar e pancreática → calculo na ampola de vater. Está doendo assim(barra) e estou vomitando → pancreatite 2) COLANGITE (DEVIDO Á CÁLCULO) Quadro de inflamação + infecção Surge um processo inflamatório que gera uma estase biliar e esse liquido no quadro inflamado gera um ambiente propicio para desenvolvimento da infecção. Infecção do trato biliar principal Bacterias: E. coli (principal), Klebisiella penumoniae, S. faecalis, Bacterioides Tríade de Charcot Dor abdominal, febre e icterícia Pentad de Reynold Tríade de Charcot + confusão mental + hipotensão Com certeza irei cobrar de vocês: paciente típico → tem tríade de charcot → COLANGITE Se você não drena esse paciente?! Ele MORRE, MORRE mesmo. 3) COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA RENATA AZEVEDO 1 0 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar Paciente tem uma predisposição para formar a inflamação que leva a uma estase da bile → que predispõe a infecção. Forma-se uma fibrose da “árvore biliar “. O paciente não tem um cálculo para formar essa estase, mas uma outra causa como por exemplo: DII e RCU. Essa patologia pode evoluir para cirrose biliar e insuficiência hepática. Maior risco de colangiocarcinoma Tratamento: Transplante hepático 4) COLANGIOCARCINOMA (TUMOR DE KLATSKIN) Tumor péssimo, péssimo mesmo. O principio desse tumor é um processo inflamatório do ducto biliar. #Classificação de Bismuth Tipo I: ducto hepático comum (< ruim) Tipo II: confluência dos ductos Tipo III: confluência dos ductos com invasão do ducto direito ou esquerdo Tipo IV: ductos intra-hepáticos (pior de todos) Obs: o prognostico dos cálculos de vesícula ficou melhor devido a facilidade ao acesso ao USG. DIAGNÓSTICO Anamnese e Exame físico (90% do seu diagnóstico) • Dor abdominal ( sinal de Murphy ) • Vômitos • Empachamento • Icterícia • Febre Dor abd + vômito + empachamento → colelitíase Dor abdominal da colelitiase NÃO gera sinal de Murphy positivo. Colecistite GERA sinal de Murphy positivo Paciente com colicistite não apresenta ictericia. RENATA AZEVEDO 1 1 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar Exames laboratoriais Hemograma Completo (p/ver leucócitos) EAS (para confirmação de diagnóstico diferencial. Porque poderia ser uma infecção urinaria, por exemplo PCR Exames de imagem USG Colangioressonância (Melhor exame para ver vias biliares) CPRE (colangiopancreatografia retrógrada) → diagnóstico e tratamento para colangite → desvantagem: não se faz pelo sus Obs: VESÍCULA Em USG de colelitiase: Como ter certeza que é calculo? Quando tem calculo a frequência bate no calculo e forma atraz do calculo a sombra acústiva (porque o som não atravessa o calculo, assim tudo que esta atrás do calculo não é formado). Colecistite alitiásica USG: Quais os sinais no exame de imagem que indica inflamação vesicular: distensão espessamento da parede e liquido perivesicular. Os alitiásicos são sempre cirurgicos. DUCTOCOLÉDOCO Na USG é muito difícil de ver. TRATAMENTO Conservador X cirúrgico Analgésicos e anti-inflamatórios Antibióticos Colecistectomia aberta X videolaparoscopica Vantagens e desvantagens Obs.: Doença de vesícula biliar → o tratamento é sempre cirúrgico. Agora se será eletivo, de urgência ou emergência ai depende do caso e do paciente Colelitiase →trata a dor e depois cirurgia eletiva Colecistite → trata a inflamação e opera depois RENATA AZEVEDO 1 2 Aula do Abel – Vesícula e Via Biliar Colangite → tem que operar Necrose de vesícula → tem que operar Vesícula Hidrópica → tem que operar Se é de urgência ou não → depende da situação Técnica aberta Indicações, apesar de que pra paciente do SUS não tem outra opção: Não tolerância do pneumoperitôneo (doenças cardio-pulmonares) Conversão cirurgia vídeo (se acontecer algo, como lesar o colédoco, a a hepática, a cistica, acabar o gás→ no meio da cirurgia por vídeo) Laparotomias prévias (pra evitar formação aderência) Suspeita de câncer de vesícula Técnica videolaparoscópica Principal (é melhor, porem muito mais cara) • Contra-indicação Doença pulmonar e cardíaca grave Coagulopatia Doença hepática terminal Por vídeo é muito melhor, mas não há ninguém que faça isso pelo SUS.
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