Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CiênciaCiência e e TecnologiaTecnologia dos dos MateriaisMateriais aula 2 – Estrutura Cristalina Prof. Dr. Norberto Aranha 2 ESTRUTURA CRISTALINA 3 Características dos Metais • Bons condutores de calor e de eletricidade: devido aos elétrons livres. • Opacos à luz visível: a luz, ao atingir uma superfície metálica, “empurra” os elétrons móveis fazendo com que estes oscilem em sincronismo. Com isto a luz é refletida (as cores são mantidas). • Têm aparência lustrosa quando polidos • Geralmente são deformáveis: devido a mobilidade dos elétrons de valência. • São muito utilizados para aplicações estruturais: são resistentes devido à ligação metálica ser relativamente forte. 4 O Modelo • Materiais metálicos possuem 1, 2 ou, no máximo, 3 elétrons de valências. • Os átomos ficam imersos num “mar” de elétrons 5 Ligação Metálica • Forma-se com átomos de baixa eletronegatividade. • Os elétrons de valência são compartilhados com todos os átomos (não estão ligados a nenhum átomo em particular) e assim eles estão livres para conduzir. • A ligação metálica é não-direcional (os elétrons livres protegem o átomo carregado positivamente das forças eletrostáticas repulsivas). • A ligação metálica é relativamente forte. • As energias de ligação variam na faixa de 68 kJ/mol (0,7 eV/átomo), para o mercúrio, e 850 kJ/mol (8,8 eV/átomo), para o tungstênio. 6 Ligação Atômica • A distância entre 2 átomos é determinada pela relação entre as forças atrativas e repulsivas FRepulsão a -10 FAtração a -2 • Quanto mais próximos os átomos, maiores as forças atrativas e repulsivas • Quando: FR + FA = 0 distância de equilíbrio entre os átomos. Forças de Ligação Quando os átomos se aproximam as forças de atração e repulsão aumentam (sendo que as forças de repulsão aumentam bem mais) 8 Forças de Ligação A inclinação da curva no ponto de equilíbrio corresponde à força necessária para separar os átomos, ou seja. Está relacionado com o módulo de elasticidade (E), que é a inclinação da curva tensão x deformação. 9 Energia de Ligação • A Energia (E) e Força de Ligações (F) estão relacionadas da seguinte forma: E = F.dr • A menor energia corresponde ao “ponto de equilíbrio” • Quanto mais profundo o poço de potencial maior a temperatura de fusão do material • Devido as forcas de repulsão aumentarem muito mais com a aproximação dos átomos a curva não é simétrica. Por isso, a maioria dos materiais tendem a se expandir quando aquecidos R ep u ls ão A tr aç ão 10 Ao fornecer energia a um material a vibração térmica faz com que os átomos oscilem próximos ao estado de equilíbrio. • Devido a assimetria da curva de energia de ligação x distância interatômica, a distância média entre os átomos aumenta com o aumento da temperatura. • Então, quanto mais estreito o mínimo de potencial menor é o coeficiente de expansão térmica do material Energia de Ligação 11 • Materiais sólidos: podem ser classificados de acordo com a regularidade na qual os átomos (ou íons) se dispõem em relação à seus vizinhos. • Material cristalino: é aquele no qual os átomos estão situados num arranjo que se repete ao longo de grandes distâncias atômicas, formando uma estrutura tridimensional denominada “rede cristalina”. • Todos os metais, muitas cerâmicas e alguns polímeros formam estruturas cristalinas sob condições normais de solidificação Materiais 12 Materiais # As propriedades dos materiais sólidos cristalinos depende da sua estrutura cristalina, ou seja, da maneira como os átomos, moléculas ou íons estão espacialmente distribuídos. 13 Célula Unitária • Definição: são pequenos grupos de átomos que formam um modelo repetitivo ao longo da estrutura tridimensional. A célula unitária é escolhida para representar a simetria da estrutura cristalina. 14 Célula Unitária • Os átomos na célula unitária são representados como esferas rígidas, distribuídas ordenadamente ao longo do volume do material. 15 Metais Como a ligação metálica é não-direcional não há restrições quanto ao número e posições dos vizinhos mais próximos. A estrutura cristalina dos metais têm geralmente um número grande de vizinhos e alto empacotamento atômico. 16 Estruturas Cristalinas • Tipos de estruturas cristalinas mais comuns em metais: Cúbica de corpo centrado Cúbica de face centrada Hexagonal compacta. 17 Sistema Cúbico • No sistema cúbico, os átomos podem ser agrupados em 3 diferentes tipos de repetição: Cúbico de corpo centrado Cúbico de face centrada Cúbico simples 18 Sistema Cúbico • Apenas 1/8 de cada átomo está dentro da célula unitária, de modo que a célula unitária contém apenas 1 átomo. “Essa é a razão pela qual os metais não cristalizam na estrutura cúbica simples (devido ao baixo empacotamento atômico)” A distância “a”, é denominada de parâmetro de rêde. 19 Número de Coordenação Definição: corresponde ao número de átomos vizinhos mais próximos que um determinado átomo tem. Exemplo: Cúbica Simples: “6” . Cúbica de Face Centrada - CFC: “12” 20 Raio Atômico e Parâmetro de Rêde • No sistema cúbico simples, por exemplo, os átomos se tocam na face, deste modo temos: • Existe uma relação entre o Raio Atômico (R) e o parâmetro de rede (a): a = 2R a R 21 Fator de Empacotamento Atômico: “FEA” Fator de empacotamento atômico = Número de Átomos x Volume dos átomos Volume da célula unitária • Exemplo: Para o sistema cúbico simples temos: Número de Átomos = 1 Volume do Átomo = Volume da Esfera = 4R3/3 Volume da Célula unitária = Volume do Cubo = a3 FEA = 1 x (4R3/3) / (2R)3 = 0,52 22 Estrutura Cúbica de Corpo Centrado - CCC • Para este sistema, o parâmetro de rede (a) e o raio atômico (R) estão relacionados da seguinte forma: • Nesta estrutura cada átomo posicionado nos vértices do cubo é dividido com outras 8 células unitárias. • O átomo posicionado no centro pertence apenas a sua célula unitária. • Cada átomo de uma estrutura CCC é cercado por 8 átomos adjacentes • Há 2 átomos por célula unitária na estrutura CCC • Fe, Cr, W cristalizam em CCC 23 Estrutura Cúbica de Corpo Centrado - CCC • No sistema CCC os átomos se tocam ao longo da diagonal do cubo. aCCC = 4R/ (3) 1/2 a R 24 Número de coordenação 1/8 de átomo 1 átomo inteiro Para a estrutura CCC o número de coordenação é “ 8 “. Fator de Empacotamento Atômico = “ 0,68 “. 25 Estrutura Cúbica de Face Centrada - CFC • Há 4 átomos por célula unitária na estrutura CFC • Cada átomo dos vértices do cubo é dividido com 8 células unitárias • Os átomos das faces pertencem somente a duas células unitárias • É o sistema mais comum encontrado nos metais (Al, Fe, Cu, Pb, Ag, Ni,...) aCFC = 4R/(2) 1/2 =2R . (2)1/2 • Relação entre o parâmetro de rede (a) e o raio atômico (R): 26 Estrutura Cúbica de Face Centrada: CFC Número de átomo/célula unitária: (6 x 1/2) + 8 x 1/8) = 4 Cada átomo dos vértices do cubo é dividido com 8 células unitárias. 27 Demonstração: aCFC a2 + a2 = (4R)22 a2 = 16 R2 a2 = 16/2 R2 a2 = 8 R2 aCFC = 2R (2)1/2 (Obs.: no desenho: d = a; r = R) 28 Demonstração: FEACFC • Número de átomos: 4 • Volume dos átomos = Volume da Esfera = 4R3/3 • Volume da célula unitária = Volume do Cubo = a3 onde: a = 2R (2)1/2 FEA = 4 X 4R3/3 = 16R3/3 (2R (2)1/2)3 16R3(2)1/2 FEA = 0,74 FEA = Número de átomos x Volume dos átomos Volume da célula unitária 29 Densidade Linear n = número de átomos de cada célula unitária A = peso atômico Vc = volume da célula unitária NA = número de Avogadro (6,02 x 10 23 átomos/mol) = nA/VcNA 30 Densidade Linear: Exemplo • Exemplo: Cobre têm raio atômico de 0,128nm, uma estrutura CFC e um peso atômico de 63,5 g/mol. Estrutura CFC n = 4 átomos/célula unitária A = 63,5 g/mol NA = 6,023 x 10 23 átomos/mol VC = a 3 = 16R3(2)1/2 = nA/VcNA = 8,89 g/cm 3 (valor experimental = 8,94 g/cm3) 31 Átomos Número de Parâmetro Fator de por célula coordenação de rede empacotamento CS 1 6 2R 0,52 CCC 2 8 4R/(3)1/2 0,68 CFC 4 12 4R/(2)1/2 0,74 Sistema Cúbico: Resumo 32 Sistema Hexagonal Simples Os metais, em particular, não cristalizam no sistema hexagonal simples porque o fator de empacotamento atômico é muito baixo. Por outro lado, cristais com mais de um tipo de átomo cristalizam neste sistema. 33 Sistema Hexagonal Compacto - HC A estrutura cristalina Hexagonal Compacta é mais comum nos metais (ex: Mg, Zn, Cd). Nesta estrutura, cada átomo de uma dada camada está diretamente abaixo ou acima dos interstícios formados entre as camadas adjacentes. 34 Estrutura Hexagonal Compacta - HC No de coordenação = 12 FEA = 0,74. Cada átomo tangencia 3 átomos da camada de cima, 6 átomos no seu próprio plano e 3 na camada de baixo do seu plano 35 • Há 2 parâmetros de rede representando os parâmetros basais e de altura. Estrutura Hexagonal Compacta 36 Raio Atômico x Estrutura Cristalina 37 Sistemas Cristalinos Os sistemas cristalinos correspondem a todos os arranjos geométricos possíveis dos cristais, com relação às diferentes combinações dos parâmetros (também denominados de parâmetros de rede): a, b, c, , , 38 Redes de “Bravais” O sistema cúbico, onde a = b = c e = = = 90o, possui o maior grau de simetria. Já a menor simetria é encontrada no sistema triclínico, onde a b c e . 39 Polimorfismo: Diz respeito ao fenômeno que ocorre com alguns metais (e alguns não-metais) de apresentar mais de uma estrutura cristalina dependendo da temperatura e pressão. Alotropia: É o nome dado ao Polimorfismo encontrado em sólidos elementares. Polimorfismo e Alotropia Obs.: Geralmente as transformações polimorfas são acompanhadas de mudanças na densidade e mudanças de outras propriedades físicas. “A grafita é o polimorfo estável nas condições ambientais, enquanto o diamante forma-se à pressões extremamente elevadas.” 40 Exemplos de Materiais Polimorfos Ferro Titânio Carbono (grafite e diamante) SiC (chega ter 20 modificações cristalinas) • Diamante • Grafite 41 Alotropia do Ferro • Na temperatura ambiente, o ferro têm estrutura CCC, no de coordenação 8, FEA de 0,68 e um raio atômico de 1,241Å. • A 910°C, o ferro passa para estrutura CFC, com no de coordenação 12, FEA de 0,74 e um raio atômico de 1,292Å. • A 1390°C o ferro retorna para a estrutura CCC. 42 Alotropia do Ferro: Exercício VCCC = 2a 3 aCCC = 4R/(3) 1/2 VCCC = 0,0493 nm 3 VCFC = a 3 aCFC = 2R (2) 1/2 VCFC = 0,0486 nm 3 O ferro passa de CCC para CFC a 912 ºC. Nesta temperatura, os raios atômicos nas duas estruturas são respectivamente, 0,126nm e 0,129nm. Qual a percentagem de variação volumétrica provocada pela mudança de estrutura? “Para este cálculo foi tomado como base 4 átomos de ferro, ou seja, 2 células unitárias CCC (por isso Vccc= 2a3, uma vez que na passagem do sistema CCC para CFC há uma contração de volume) e 1 célula unitária CFC.” V/V = (0,0486 - 0,0493)/0,0493 = - 0,014 V% = 1,4% 43 Alotropia do Titânio FASE : Existe a partir de 883ºC Apresenta estrutura CCC É dura FASE : Existe até 883ºC Apresenta estrutura hexagonal compacta É mole 44 As letras a, b e c definem os eixos de um sistema de coordenadas em 3D. Qualquer linha (ou direção) do sistema de coordenadas pode ser especificada através de dois pontos: um deles sempre é tomado como sendo a origem do sistema de coordenadas, geralmente (0,0,0) por convenção; Direções Cristalográficas As direções cristalográficas são representadas entre colchetes [hkl] Família de direções: <hkl> 45 • As direções na célula unitária são representadas por três números inteiros, na forma: [x,y,z]. Quando temos coeficientes (índices) negativos, estes são representados com uma barra sobre o respectivo número (índice). Direções Cristalográficas “Os resultados [hkl] devem ser multiplicados (ou divididos) por um fator comum para resultar em números inteiros” 46 Direções Cristalográficas: Sistema Cúbico A simetria desta estrutura permite que as direções equivalentes sejam agrupadas para formar uma família de direções: <100> para as faces <110> para as diagonais das faces <111> para a diagonal do cubo 47 Direções Cristalográficas: Sistema CCC No sistema CCC os átomos se tocam ao longo da diagonal do cubo, que corresponde a família de direções <111>. Neste caso, a direção [111] é a de maior empacotamento atômico para este sistema. [111] [111] 48 Direções Cristalográficas: Sistema CFC No sistema CFC os átomos se tocam ao longo da diagonal da face, que corresponde a família de direções <110>. Portanto, a direção [110] é a de maior empacotamento atômico para este sistema. [110] [011] 49 Planos Cristalográficos São representados de maneira similar às direções cristalográficas. São representados pelos índices de Miller = (hkl) Planos paralelos são equivalentes tendo os os mesmos índices 50 Planos Cristalográficos Planos (010): • São paralelos aos eixos x e z (paralelo à face) • Neste exemplo, cortam os eixos x, y, z, respectivamente em: Plano (010) 1/, 1/1 e 1/ 51 Planos Cristalográficos Planos (110): São paralelos a um eixo (z), e cortam os eixos x, y e z em: 1/1, 1/1, 1/ Plano (110) 52 Planos Cristalográficos Planos (111): Cortam os 3 eixos cristalográficos 1/1, 1/1, 1/1 Plano (111) 53 FAMÍLIA DE PLANOS {110} A característica desta família é o plano estar paralelo à um eixo. 54 FAMÍLIA DE PLANOS {111} A característica desta família é o plano interceptar três eixos. 55 Planos do Sistema Cúbico A simetria do sistema cúbico faz com que a família de planos tenham o mesmo arranjo e densidade. Deformação em metais envolve deslizamento de planos atômicos. O deslizamento ocorre com maior facilidade nos planos e direções que apresentam maior densidade atômica. 56 Planos do Sistema Cúbico: CCC A família de planos{110}, no sistema CCC, é o de maior densidade atômica. 57 Planos do Sistema Cúbico: CFC A família de planos {111}, no sistema CFC, é a de maior densidade atômica 58 Densidades Atômicas Densidade Atômica Linear = dada por “átomos/cm” (igual ao fator de empacotamento em uma dimensão). Densidade Atômica Planar = dada por “átomos/unidade de área” (equivalente ao fator de empacotamento em duas dimensões). 59 Determinação da Estrutura Cristalina Pela Técnica de Difratometria de raios-X 60 Raios-x tem comprimento de onda () similar à distância interplanar (0,1nm). O Fenômeno da Difração: “Quando um feixe de raios-x incide sobre um material cristalino, esses raios são difratados pelos planos dos átomos ou íons que formam o o cristal.” 61 62 Lei de Bragg n = 2 dhkl.sen Lei de Bragg = comprimento de onda n = número inteiro de ondas dhkl = distância interplanar = ângulo de incidência dhkl = a (h2+k2+l2)1/2 63 Difração de Raios-X Técnica do pó: É uma técnica bastante comum, onde o material a ser analisado encontra-se na forma de pó (partículas finas orientadas ao acaso) que são expostas aos raios-X. O grande número de partículas com orientação diferente assegura que a lei de Bragg seja satisfeita para alguns planos cristalográficos. 64 • T= fonte de raio X • S= amostra • C= detector • O= eixo no qual a amostra e o detector giram detetor Fonte de raios-X Amostra Difratômetro de Raios-X 65 Difratograma 66 Estruturas Cristalinas: Exemplos
Compartilhar