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13/05/2012 1 CAPÍTULO 3 – DINÂMICA DOS FLUIDOS ELEMENTAR – EQUAÇÃO DE BERNOULLI – 3ª PARTE UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ENGENHARIA CIVIL E DE MINAS Prof. Eliane Justino 3.7 – A LINHA DE ENERGIA (OU DE CARGA TOTAL) E A LINHA PIEZOMÉTRICA � A equação de Bernoulli é a Equação de Conservação da Energia Mecânica. � Também mostra qual é a partição desta energia nos escoamentos invíscidos , incompressíveis e em regime permanente e estabelece que a soma das várias energias do fluido permanece constante no escoamento de uma seção para outra. � Uma interpretação útil da Equação de Bernoulli pode ser obtido através da utilização dos conceitos da Linha Piezométrica e da Linha de Energia. � Estes conceitos nos permitem realizar uma interpretação geométrica do escoamento e podem ser utilizados para propiciar um melhor entendimento dos escoamentos. 13/05/2012 2 3.7 – A LINHA DE ENERGIA (OU DE CARGA TOTAL) E A LINHA PIEZOMÉTRICA � A energia total permanece constante ao longo da linha de corrente nos escoamento incompressíveis, invíscidos e que ocorre em regime permanente. � O conceito de carga foi introduzido dividindo os termos da Equação de Bernoulli pelo peso específico do fluido, γ = ρ.g, ou seja: � H – é uma constante denominada Carga Total. � A linha de energia representa a carga total disponível no fluido, como mostra a Figura a seguir 3.7 – A LINHA DE ENERGIA (OU DE CARGA TOTALA) E A LINHA PIEZOMÉTRICA � Representação da Linha de Energia e da Linha Piezométrica. 13/05/2012 3 3.7 – A LINHA DE ENERGIA (OU DE CARGA TOTALA) E A LINHA PIEZOMÉTRICA � Como mostra na Figura anterior, a elevação da Linha de energia pode ser obtida a partir da pressão de estagnação medida com um tubo de Pitot, pois esta fornece uma medida da carga (ou energia) total do escoamento. � A pressão estática, medida pelos tubos piezométricos, por outro lado, mede a soma das carga de pressão e de elevação, p/γ + z, e esta soma é denominada Carga Piezométrica. � O lugar geométrico das elevações obtidas com um tubo de Pitot num escoamento é denominado Linha de Energia. � A linha formada pela série de medições piezométricas num escoamento é denominada Linha Piezométrica. 3.7 – A LINHA DE ENERGIA (OU DE CARGA TOTALA) E A LINHA PIEZOMÉTRICA � Note que, a linha de energia será horizontal se o escoamento não violar as hipóteses utilizadas na obtenção da Equação de Bernoulli. � Se a velocidade do fluido aumenta ao longo da Linha de Corrente a Linha Piezométrica não será horizontal. � Se os efeitos viscosos forem importantes (como nos escoamentos em tubos) a carga total não permanece constante devido as perdas de energia mecânica ao longo da Linha de Corrente, o que significa que a Linha de Energia não é mais horizontal. � A Figura a seguir mostra a Linha de Energia e Piezométrica relativa ao escoamento de um grande tanque. 13/05/2012 4 3.7 – A LINHA DE ENERGIA (OU DE CARGA TOTALA) E A LINHA PIEZOMÉTRICA � As Linhas de Energia e piezométrica no Escoamento Efluente de um Grande Tanque: 3.7 – A LINHA DE ENERGIA (OU DE CARGA TOTALA) E A LINHA PIEZOMÉTRICA � A Linha de energia é horizontal e passa pela superfície livre do líquido do tanque, porque a velocidade e a pressão relativa na superfície livre do tanque são nulas. � A linha Piezométrica dista V2 / 2g da Linha de Energia, assim uma mudança na velocidade do fluido provocada por uma variação no diâmetro da tubulação, resulta numa mudança da altura da Linha Piezométrica. � A Carga de pressão é nula na seção de descarga da tubulação e, deste modo, a altura da tubulação coincide com a linha piezométrica. 13/05/2012 5 3.7 – A LINHA DE ENERGIA (OU DE CARGA TOTALA) E A LINHA PIEZOMÉTRICA � A Figura abaixo mostra que a distância entre a tubulação e a Linha Piezométrica indica qual é a pressão no escoamento. 3.7 – A LINHA DE ENERGIA (OU DE CARGA TOTALA) E A LINHA PIEZOMÉTRICA � Se o trecho de tubulação se encontra abaixo da linha piezométrica a pressão no escoamento é positiva (acima da atmosférica). � Se o trecho de tubulação está acima da linha piezométrica a pressão negativa (abaixo da atmosférica) 13/05/2012 6 EXEMPLO 3.14 – pág. 122 � A Figura abaixo mostra água sendo retirado de um tanque através de uma mangueira que apresenta diâmetro constante. Um pequeno furo é encontrado no ponto (1) da mangueira. Nós identificaremos um vazamento de água ou sucção de ar para mangueira no furo? EXEMPLO 3.14 – pág. 122 � SOLUÇÃO: � Se a pressão no ponto (1) for menor do que a atmosférica nós detectaremos sucção de ar para o escoamento de água e se a pressão em (1) for maior do que a atmosférica nós identificaremos um vazamento de água da mangueira. � Nós podemos determinar o valor da pressão neste ponto se utilizarmos as linhas de energia e piezométrica. � Primeiramente nós vamos admitir que o escoamento ocorre em regime permanente, é incompressível e invíscido. Nestas condições a carga total é constante, ou seja, a linha de energia é horizontal. 13/05/2012 7 EXEMPLO 3.14 – pág. 122 � A Equação da continuidade (A.V = constante) estabelece que a velocidade do escoamento na mangueira é constante porque o diâmetro da mangueira não varia. � Assim, a linha piezométrica está localizada a V2/2g abaixo da linha de energia (veja a Figura do Exercício). � Como a pressão na seção de descarga da mangueira é igual a atmosférica, segue que a linha piezométrica apresenta a mesma altura da seção de carga da mangueira. � O Fluido contido na mangueira está acima da linha piezométrica e, assim, a pressão em toda a mangueira é menor do que a pressão atmosférica. � Isto mostra que terá sucção de ar para escoamento de água através do furo localizado no ponto (1). EXEMPLO 3.14 – pág. 122 � Note que efeitos viscosos podem tornar esta análise mais complexa, já que adotar a linha de energia como horizontal incorreto. � Entretanto, se a velocidade do escoamento não for alta, se o diâmetro da mangueira não for muito pequeno e seu comprimento não for longo, o escoamento pode ser modelado como não viscoso e os resultados desta análise são muito próximo dos experimentais. � Será necessário realizar uma análise mais detalhada deste escoamento se qualquer uma das hipóteses utilizadas for relaxada. � Se a válvula localizada na seção de descarga da mangueira for fechada, de modo que a vazão em volume se torna nula, a linha piezométrica coincidirá com a linha de energia (V2/2g = 0 ) em toda a mangueira) e a pressão no ponto (1) será maior que a atmosférica. 13/05/2012 8 EXEMPLO 3.14 – pág. 122 � Neste caso, nós identificaremos um vazamento de água pelo furo localizado no ponto (1). � A discussão anterior sobre a linha de energia e piezométrica é restrita a escoamento invíscidos, incompressível e que ocorrem em regime permanente e outra restrição é que não existem “fontes” ou “sorvedouros” de energia no escoamento, ou seja, o escoamento não é afetado por bombas ou turbinas. 3.8 3.8 3.8 3.8 –––– RESTRIÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DA RESTRIÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DA RESTRIÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DA RESTRIÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DA EQUAÇÃO DE EQUAÇÃO DE EQUAÇÃO DE EQUAÇÃO DE BERNOULLIBERNOULLIBERNOULLIBERNOULLI � Vamos considerar as conseqüências da utilização incorreta da Equação de Bernoulli. 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � A utilização da Equação de Bernoulli pra análise de escoamento de gases, pode levar a sérios erros. � Se a massa específica permanecer constante tem se que a diferença entre pressão de estagnação e a pressão estática é igual a ρV2/2. � Se a pressão dinâmica não é alta, quando comparada com a pressão estática, a variação da massa específica entre dois pontos do escoamento não é muito grande e o fluido pode ser considerado incompressível. 13/05/2012 9 3.8.1 – EFEITOSDA COMPRESSIBILIDADE � Entretanto, como a pressão dinâmica varia com V2, o erro associado com a hipótese de incompressibilidade do fluido aumenta com o quadrado da velocidade do escoamento. � Tendo: � Integrando adequadamente: e levando em consideração a variação da massa específica do fluido. � Tomando um escoamento isotérmico de um gás perfeito: 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � Assim, se o escoamento ocorre em regime permanente, é isotérmico e invíscido, a Equação se torna: � Onde se tem ρ = p/RT. O termo de pressão é facilmente integrável e a constante de integração avaliada se z1, p1 e V1 são conhecidos em algum ponto da linha de corrente. Assim: 13/05/2012 10 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � Na situação limite em que p1/p2 = 1 + ((p1 – p2)/p2) = 1 + ε com ε << 1, a Equação se reduz a Equação de Bernoulli Padrão. � Isto pode ser mostrado utilizando a aproximação ln(1 + ε ) = ε , quando ε é pequeno. � A utilização da Equação é muito restrita porque os efeitos viscosos são importante na maioria dos escoamentos. � O escoamento compressível mais usual é o isoentrópico (entropia constante) de um gás perfeito, estes escoamentos são adiabáticos reversíveis, sem a presença de atrito e transferência de calor e são boas aproximações em muitas situações. 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � Como já vimos no Capítulo 01, a massa específica e a pressão estão relacionados por: � Onde ´k é a relação entre os calores específico e C é constante nos escoamentos isoentrópicos de Gases Perfeitos. � Assim, pode ser avaliado do seguinte modo; 13/05/2012 11 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � O termo de pressão pode ser integrado entre os pontos (1) e (2) da linha de corrente e a constante C avaliada em um dos pontos C+1/k = p11/k/ρ1 ou C+1/k = p21/k/ρ2 para fornecer: � Assim tem-se: 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � A Equação pra fluidos compressíveis isoentrópicos e a Equação de Bernoulli fornecem os mesmos resultados quando aplicada a escoamentos com velocidade baixa. � A Equação para fluido compressível isoentrópico pode ser escrita de forma adimensional: � Onde (1) denota as condições a montante e (2) as condições de estagnação. Foi admitido que z1 = z2 e Ma = V1/C1 é o número de Mach a montante, sendo a velocidade do som, C1 = (kRT1)1/2. COMPRESSÍVELCOMPRESSÍVELCOMPRESSÍVELCOMPRESSÍVEL 13/05/2012 12 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � A comparação entre estes resultados compressível e incompressível é mais facilmente visualizada se escrever o resultado incompressível em função da relação entre as pressões e o número de Mach. � Dividindo todos os termos da Equação de Bernoulli: � Por p1 e utilizando a Equação dos gases perfeitos, p1 = ρRT1, para obter: 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � Como , pode-se reescrever: � A Figura a seguir mostra a relação de pressão em função do número de Mach para escoamentos isoentrópicos compressível e incompressível: INCOMPRESSÍVELINCOMPRESSÍVELINCOMPRESSÍVELINCOMPRESSÍVEL 13/05/2012 13 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � Observe que no limite onde as velocidades são baixas, Ma → 0, os resultados obtidos com as duas Equações são iguais. 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � Isto pode ser visto escrevendo: � E utilizando a expressão binomial: � Onde n = k/(k-1), para reescrever a equação do fluido compressível: COMPRESSÍVELCOMPRESSÍVELCOMPRESSÍVELCOMPRESSÍVEL 13/05/2012 14 3.8.1 – EFEITOS DA COMPRESSIBILIDADE � Se o número de Mach é muito menor do que 1, os resultados obtidos nesta última equação (compressível) são equivalente ao obtido na Equação Incompressível. A diferença máxima entre os resultados compressível e incompressível é menor do que aproximadamente 2% para o número de Mach menores do que 0,3. � Assim, um escoamento de gás perfeito pode ser considerado incompressível desde que o número de Mach seja menor do que 0,3. � Para T1 = 15º C, C1 = (kRT)1/2 = 332 m/s, V1 = C1 . Ma = 0,3 x 332 = 99,5 m/s ainda pode ser considerado incompressível. EXEMPLO 3.15 – pág. 125 � Um Boeing 777 voa, com Ma = 0,82, numa altitude de 10000 m. Admitindo que a atmosfera se comporta como a padrão, determine a pressão de estagnação no bordo de ataque de suas asas modelando o escoamento como incompressível e, também como compressível. � SOLUÇÃO; � Nós podemos encontrar as propriedades da atmosfera padrão na Tab. C.1. Assim, p1 = 26,5 kPa (abs), T1 = - 49,9ºC = 223,3 K, ρ = 0,414 kg/m3 e k = 1,4. Se nós modelarmos ρ escoamento como incompressível. A Eq. para fluidos incompressíveis, fornece: 13/05/2012 15 EXEMPLO 3.15 – pág. 125 � De outro modo se admitirmos o escoamento isoentrópcio e compressível, tem-se: � Note que os efeitos de compressibilidade são importantes quando o número de Mach é igual a 0,82. � A pressão (e como uma primeira aproximação a sustentação e o arrasto no avião é aproximadamente 14,7/12/5 = 1,18 vezes maior no caso compressível do que no incompressível. Isto pode ser muito significativo. � Para número de Mach maiores do que 1 (escoamento supersônico), as diferenças entre os resultados compressíveis e incompressíveis não são apenas quantitativas mas também qualitativas. 3.8.2 – EFEITOS TRANSITÓRIOS � Numa das hipóteses adotada para a derivação da Equação de Bernoulli é de que o escoamento ocorre em regime permanente. � Portanto a velocidade em uma linha de corrente V = V(s), porém em regime transitório V = V(s,t), portanto é necessário levar em consideração, a derivada temporal da velocidade, para obter a aceleração ao longo da linha de corrente. � Assim, tem-se: � Em vez de; 13/05/2012 16 3.8.2 – EFEITOS TRANSITÓRIOS � A inclinação do temo transitório na Equação do Movimento não permite que esta possa ser integrada facilmente e por isso é necessário induzirmos outras hipóteses adicionais. � Se integrarmos a Equação do Movimento incluindo o termo transitório tem-se: � Esta Equação pode ser facilmente integrada entre os pontos (1) e (2) do escoamento se o mesmo for incompressível: 3.8.2 – EFEITOS TRANSITÓRIOS � Esta equação é a Equação de Bernoulli pra Escoamento Invíscidos, Incompressíveis e em Regime Transitório. 13/05/2012 17 EXEMPLO 3.16 – pág. 126 � Um escoamento simples aonde os efeitos transitórios são dominante é aquele da oscilação de uma coluna de líquido no tudo em U (veja a figura abaixo). Quando a coluna é liberada de uma posição de não equilíbrio, ela oscilará numa freqüência definida. Determine esta freqüência admitindo que os efeitos viscosos não são importantes. EXEMPLO 3.16 – pág. 126 � SOLUÇÃO: � A freqüência da oscilação pode ser calculada pela equação: � (1) � Admita que os pontos (1) e (2) estão localizados nas interfaces ar-água das duas colunas do tubo e que z = 0 corresponde a posição de equilíbrio das interfaces. � Assim, p1 = p2 = 0 e se z1 = z temos que z2 = - z. Note que z é uma função do tempo, z = z(t). � Para um tubo em U com diâmetro constante, a velocidade do fluido no tubo é constante V1 = V2 = V em qualquer instante e a integral que representa o efeito transitório da Equação anterior pode ser escrita como: 13/05/2012 18 EXEMPLO 3.16 – pág. 126 � Onde l é o comprimento total da coluna e líquido (veja a figura deste exemplo). Assim, a Equação (1) pode ser transformada em: � Como V = dz/dt e γ = ρ.g, esta equação pode ser escrita como uma equação diferencial de segunda ordem ( igual àquela que descreve os movimentos harmônicos simples da mecânica), ou seja: (2) EXEMPLO 3.16 – pág. 126 � Cuja solução é z(t) = C1 sen ((2g / l)1/2 t) + C2 cos ((2g / l)1/2 t). � Os valores das constantes C1 e C2 dependem do estado inicial(velocidade e posição) do líquido no instante t = 0. Assim, o líquido oscila no tubo com uma freqüência ω =(2 g / l)1/2. � Observe que esta freqüência é função do comprimento da coluna e da aceleração da gravidade (de modo similar as oscilações em um pêndulo). � O período desta oscilação ( o tempo necessário para completar uma oscilação é) t0 = 2pi (l / 2g)1/2. � Nós podemos retirar o caráter transitório de alguns escoamentos com a adoção de um sistema de coordenada adequado. Como será mostrado no exemplo a seguir. 13/05/2012 19 EXEMPLO 3.17 – pág. 127 � A Figura abaixo mostra um submarino navegando numa profundidade de 50 m e com velocidade, V0 igual a 5,0 m/s. considerando que a densidade (SG) da água do mar é 1,03, determine a pressão de estagnação no ponto (2). EXEMPLO 3.17 – pág. 127 � SOLUÇÃO: � O escoamento em torno do submarino é transitório para um sistema de coordenada solidário ao fundo do oceano. Por exemplo, a velocidade no ponto (1) é nula se o submarino está em sua posição inicial mas no instante em que o nariz do submarino, no ponto (2), alcança o ponto (1) a velocidade se torna igual a V1 = - V0 i. Assim, ∂V1 / ∂ t ≠ 0 e o escoamento é transitório. � Se aplicarmos a Equação de Bernoulli para escoamento em regime permanente entre os pontos (1) e (2) nós obteríamos “p1 = p2 + ρV2/ 2”. � Este resultado está errado porque a pressão estática é sempre menor do que a pressão de estagnação. Note que este resultado absurdo é uma decorrência da aplicação inadequada da Equação de Bernoulli. 13/05/2012 20 EXEMPLO 3.17 – pág. 127 � Nós podemos analisar o escoamento em regime transitório (o que está fora do escopo deste texto) ou redefinir o sistema de coordenadas para que o escoamento perca seu caráter transitório. � Se tomarmos um sistema de coordenada solidário ao submarino, o escoamento em torno do submarino ocorre em regime permanente. Aplicando a Equação de Bernoulli, temos: � Note que este resultado é similar aquele do Exemplo 3.2. � Se o submarino estivesse acelerado, ∂V0 / ∂t ≠ 0, o escoamento seria transitório nos dois sistemas de coordenadas apresentados e nós seríamos obrigados a utilizar a forma da equação de Bernoulli adequada a escoamento transitórios. EXEMPLO 3.17 – pág. 127 � Alguns escoamentos transitórios podem ser modelados como “quase permanentes” e resolvidos utilizando a equação de Bernoulli referente a escoamentos em regime permanente. � Nestes casos, os efeitos transitórios “não são muito grandes” e os resultados para regime permanente podem ser aplicados em cada instante do tempo como se o regime do escoamento fosse permanente. � O esvaziamento de um tanque que contém um líquido é um exemplo deste tipo de escoamento. 13/05/2012 21 3.8.5 – EFEITOS ROTACIONAIS � Outra restrição da utilização da Equação de Bernoulli é que esta só pode ser aplicada ao longo de uma linha de corrente. � A aplicação da Equação de Bernoulli entre linhas de correntes pode levar a erros consideráveis, dependendo das condições do escoamento que está sendo analisada. � Porque a constante de Bernoulli varia de uma linha de corrente para outra. � Entretanto sob certas restrições, estas constantes são iguais em todo o escoamento. � O Exemplo a seguir ilustra este fato. EXEMPLO 3.18 – pág. 128 � Considere o escoamento uniforme no canal mostrado na Figura abaixo. Discuta a utilização da Equação de Bernoulli entre os pontos (1) e (2), (3) e (4) e os pontos (4) e (5). Admita que o líquido contido no tubo piezométrico está imóvel. 13/05/2012 22 EXEMPLO 3.18 – pág. 128 � SOLUÇÃO: � Se o escoamento é invíscido, incompressível e ocorre em regime permanente, a aplicação da Equação de Bernoulli entre os pontos (1) e (2), fornece: � Como V1 = V2 = V0 e z1 = z2 = 0 segue que p1 = p2 = p0 e a constante da Equação de Bernoulli para esta linha de corrente, C12 é dado por: EXEMPLO 3.18 – pág. 128 � Analisando a linha de corrente que passa por (3) e (4) nós notamos que V3 = V4 = V0 e z3 = z4 = h. � Como foi mostrado no Exemplo 3.5, a aplicação de F = m.a na direção normal à linha de corrente, fornece que p3 = p1 - γh porque as linhas de corrente são retilíneas e horizontais. � Estes fatos combinados com a Equação de Bernoulli aplicada entre os pontos (3) e (4) mostram que p3 = p4 e que a constante de Bernoulli ao longo desta linha de corrente é igual àquela da linha de corrente entre os pontos (1) e (2). Ou seja, C34 = C12, ou: 13/05/2012 23 EXEMPLO 3.18 – pág. 128 � Argumentos similares podem ser utilizadas para mostrar que a constante de Bernoulli é a mesma para qualquer linha de corrente do escoamento mostrado na Figura deste Exemplo. Assim: � No Exemplo 3.5 nós mostramos que p4 = p5 + γH = γH . Se nós aplicarmos a Equação de Bernoulli entre os pontos (4) e (5) nós obteríamos o resultado “H = p4 / γH + V42 / 2g” que é incorreto pois o resultado correto é H = p4 / γ. � A solução deste exemplo mostra que nós podemos aplicar a Equação de Bernoulli na direção normal a linhas de correntes (1) – (2) e (3) – (4) (i.e. C12 = C34) mas não entre as linhas de correntes (por exemplo, entre os pontos (4) para (5)). EXEMPLO 3.18 – pág. 128 � A razão para isto é que o escoamento é rotacional. Como o perfil de velocidade do escoamento no canal é uniforme as partículas de fluido não giram ou “rodam” quando elas se movem e por isso o escoamento é denominado irrotacional. � Entretanto como podemos ver na Figura abaixo; 13/05/2012 24 EXEMPLO 3.18 – pág. 128 � Existe uma região muito fina entre os pontos (4) e (5) em que as partículas de fluido interagem e isto as faz girar. Isto produz o escoamento rotacional. Uma análise mais complexa mostra que a Equação de Bernoulli não pode ser aplicada entre as linhas de corrente se o escoamento é rotacional. � Foi mostrado neste exemplo que é válido aplicar a Equação de Bernoulli entre linhas de corrente se o escoamento for irrotacional (i.e. as partículas de fluido não giram durante seu movimento) e que a aplicação desta Equação está restrita a linha de corrente se o escoamento não for rotacional. � A distinção entre escoamento irrotacionais e rotacionais as vezes é sutil e estes tópicos serão analisados novamente no Cap. 6. 3.8.4 – OUTRAS RESTRIÇÕES � Para aplicar a Equação de Bernoulli, o escoamento deve ser invíscido. � Porque na ausência de efeitos viscosos, o sistema fluido considerado conservativo (a energia mecânica total do sistema permanece constante. Se isso não ocorre o sistema não é conservativo e ocorre perda de energia mecânica. � Outras restrição é que entre dois pontos da mesma linha de corrente não pode existir dispositivos mecânicos, tipo bombas ou turbinas. � Bombas – Fontes de Energia. � Turbinas – Sumidouros de Energia. � Portanto, quando há presença de um destes dispositivos a Equação de Bernoulli deve ser alterada.
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