Buscar

TIPOS DE ARGUMENTOS

Prévia do material em texto

Universidade Estácio de Sá
Teoria da Argumentação
Professor Luiz Carlos Sá
Tipos de argumentos
1 – Argumento de autoridade:
A conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém, uma autoridade no assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente a tese.
Não se esqueça de que a frase citada deve vir entre aspas.
Ex.: Com efeito, Damásio E. de Jesus também reputa à determinação que manda arquivar os autos de inquérito policial a condição de decisão.
Perceba que nesse caso não se trouxe a fala de Damásio ao texto, mas o simples fato de citar este grande criminalista já dá importância à fala apresentada.
As citações de doutrina são os exemplos mais claros do argumento de autoridade, que tem duplo efeito: primeiro, de fazer presumir-se certa a conclusão, porque emanada de alguém de notório conhecimento; segundo, de revelar que a conclusão é isenta de parcialidade.
Quando se faz citação doutrinária, deve-se:
- colocar o excerto entre aspas;
- destacar a citação do restante da argumentação (alteração da fonte ou da paragrafação, por exemplo);
- indicar as alterações feitas no trecho (sublinhamos, negritamos, etc.). E, quando for pular determinada parte, inserir reticências entre parênteses (...) ou escrever omissis;
- nunca inserir ou alterar palavras da transcrição. Se houver erros no excerto copiado, acrescentar (sic), logo depois do engano, para que se perceba que o erro está no original;
- indicar a fonte de onde foi extraído o trecho. Podem-se utilizar as normas acadêmicas, ou qualquer outro modelo, desde que a indicação fique precisa, a ponto de facilitar a localização da obra, por quem quiser conferi-la.
Para combater o argumento de autoridade deve-se, sempre, buscar o local de onde foi extraída a transcrição, para ver se é exata e se o autor, em outro trecho, não desdiz aquela afirmação ou ameniza o seu conteúdo. Também se deve procurar outros autores, de igual renome, para contrapor citação oposta.
2 - Argumento por Causa e Conseqüência:
Para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de conseqüência (os efeitos). 
O argumento de causa e conseqüência pode ser de três tipos:
A posteriori 
A priori
Por absurdo
A posteriori:
A idéia deste argumento é destacar todos os eventos que levaram à lide. É buscar na causa próxima, no fato gerador, os elementos que justificam a tese.
Ele danificou o carro	
					(Causa)
 logo...
					deve pagar os prejuízos
						(conseqüência)
A priori
Neste tipo de argumento, faz-se uma previsão daquilo que pode vir a acontecer, em virtude da tese apresentada.
Eles foram presos preventivamente
			(causa)
				Porque podem vir a matar mais alguém.
						(conseqüência)
Apagógico (ao absurdo):
É o argumento que procura demonstrar a falsidade de uma proposição, levando-a ao extremo, superdimensionando as conseqüências.
Na época do referendo sobre o desarmamento foram veiculados muitos argumentos por absurdo, um deles dizia que se disséssemos não às armas, estaríamos convidando o assaltante a entrar em nossa casa...
3 - Argumento de Exemplificação ou Ilustração:
A exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos. 
4 - Argumento de Provas Concretas ou Princípio:
Ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio público).
Quando se utiliza argumento retirado da prova testemunhal, é importante lembrar que se deve:
- nomear a testemunha a cujo depoimento se está referindo;
- indicar a folha dos autos onde se encontra o depoimento;
- não alterar nenhuma palavra do depoimento;
- o trecho copiado deve vir entre aspas e, se possível, destacado;
- indicar se foi feito algum realce no texto (negrito, sublinhado, etc.);
- não deixar a transcrição solta, na petição. Deve-se explicar as razões pelas quais foi destacado o depoimento, as conclusões que dele devem ser tiradas;
- evitar transcrições de trechos muito longos, para que não torne a leitura aborrecida.
No que diz respeito à prova técnica, deve-se ter em mente que é, apenas, o ponto de partida do raciocínio jurídico. Do resultado do exame técnico devem nascer as conclusões jurídicas, e não o contrário. Ao criticar trabalho pericial, deve-se ser objetivo, evitando atingir o profissional, ao invés do resultado do seu lavor. Sempre que possível, valer-se do assistente técnico, cuidando de ter acesso à manifestação dele, antes do protocolo.
São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que questionar...
No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes. (Folha de S. Paulo. 14/04/2004)
5 - Contra a Pessoa (Argumentum ad Hominem):
Coloca-se em causa a credibilidade do oponente, de forma a desvalorizar a importância dos seus argumentos. 
 
O ataque à pessoa trata-se de um ataque direto a pessoa contra quem se argumenta, colocando em dúvida suas circunstâncias pessoais, seu caráter ou sua confiabilidade.
Como afirma D. N. Walton, “o perigo é que o emprego excessivo de ataques pessoais pode resultar numa mudança dialéctica, baixando o nível da discussão critica para o da altercação pessoal, com resultados desastrosos para a lógica da argumentação” .
Há três tipos de ataques ad hominem que são normalmente relacionados a falácias:
a) Argumento ad hominem abusivo: é o ataque direto a pessoa, colocando seu caráter em dúvida e portanto, a validade de sua argumentação.
Considere-se, a título de exemplo, o caso do julgamento de um assassinato, em que o advogado de acusação chamou a depor uma testemunha que afirma ter visto um alegado homicídio. O advogado de defesa perguntou o seguinte: “Sendo que o senhor é um conhecido toxicodependente, não é possível que estivesse sob a influência de drogas quando alegadamente presenciou o homicídio?”. 
b) Argumento ad hominem circunstancial: É baseado na alegação de que as circunstâncias da pessoa são incoerentes com a posição que defende na argumentação. 
Há pouco tempo divulgaram o comentário de Lula em seu gabinete, quando, fumando, disse que na sala dele ele fumava e ninguém podia impedi-lo, mas não se deixava fotografar assim. A veiculação desta informação queria indicar a idéia deste tipo de argumento.
Diz D. N. Walton que esta forma de ataque “é extremamente eficaz no debate político porque sugere que a pessoa atacada não segue, na própria conduta, os princípios que defende para os outros. Ou seja, quem não pratica o que prega não é uma pessoa digna de atenção e não pode ser levada a sério”.
c) Argumento ad hominem “poço envenenado”: Coloca em foco a validade do argumento e a imparcialidade do adversário, sugerindo que o último tem algo a ganhar com a defesa daquele ponto de vista. 
Exemplo:
A) Fumar não causa nenhum tipo de mal.
B) És dono de uma grande empresa de cigarros, é claro que dirá isso.
6 - Senso comum:
Diz respeito àquele argumento que não precisa de muito esforço para convencer por ser naturalmente aceito.
Como exemplo, podemos citar a idéia de que o homem é mais forte que a mulher, que uma mãe faria qualquer coisa pela dignidade e vida de seu filho.
�PAGE �
�PAGE �3�

Continue navegando