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Estefânia Pereira Diniz, 2018. PRESSÃO ARTERIAL Pressão arterial é força exercida pelo sangue sobre as paredes do vaso, sofre variações contínuas dependendo da posição do paciente. Sua função é promover uma boa perfusão dos tecidos e possibilitar as trocas metabólicas e relaciona-se como trabalho do coração. A pressão arterial pode ser influenciada por mecanismos reguladores capazes de integrar e harmonizar a atuação dos vários elementos que surgem por via neurológica ou humoral. Dentre estes mecanismos existe a regulação feita pelo hipotálamo em seus centros vasomotores, o sistema nervoso autônomo através do simpático e parassimpático, pelas suprarrenais, rins barorreceptores. Aparelhos para aferição de PA O esfigmomanômetro é formado por um manguito constituído por uma tira de tecido que será fixada no braço ou na coxa do paciente, e um manguito, que é conectado a um dispositivo valvar e ao manômetro. A circunferência do braço do paciente, e não simplesmente sua idade, determinará a largura do manguito, que deverá ser 20% mais largo que o diâmetro do braço. O manguito de tamanho adequado deve cobrir 2/3 do comprimento do braço, que correspondem a 80% do comprimento e 40% da circunferência. O manguito padrão possui de 12-14 cm de largura por 23 de cumprimento, o manguito para coxa tem de 14- 20 cm de largura e 35-40 cm de comprimento. Para paciente obesos, deve-se fazer a aferição da PA com manguito específico ou com um manguito padrão, contudo, fixado no antebraço, mas, neste caso, avalia-se apenas a pressão sistólica pelo método palpatório, utilizando-se a palpação da radial. Normalmente utiliza-se três tipos de manômetros para aferir a pressão arterial, o mais comum é de coluna de mercúrio, que é o padrão ouro, mas o mais usado é o aneroide, que é bem preciso e fácil de carregar. Existe três tipos básicos de manômetros, que tem suas vantagens e desvantagens: Tipo de manômetro Vantagens Desvantagens Coluna de Mercúrio Grande precisão Não requer calibração Fácil manutenção Muito grande Peças frágeis Deve ser mantido na vertical Aneroide Fácil transporte Requer calibração frequente Eletrônico Fácil manuseio Elimina o erro do observador Reparos na fábrica Dificuldade de manter calibração Estefânia Pereira Diniz, 2018. Tipo de monitoramento da Pressão Arterial A PA pode ser monitorada de três maneiras diferentes: • Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) – é feito através de um equipamento que permite medidas da PA por 24 horas com o paciente realizando suas atividades habituais. O uso do MAPA está especialmente indicado em situações que incluem: hipertensão do jaleco branco, hipertensão limítrofe ou lábil, hipertensão resistente, hipotensão ortostática, avaliação terapêutica e em pesquisas. Considera-se valores alterados quando a PA de 24 horas é maior que: 125/75 mmHg em 24horas 130/85 mmHg em vigília 110/70 mmHg durante o sono • Auto medida da Pressão Arterial (AMPA) – é feita em domicílio pelo paciente ou algum familiar através de aparelhos aneroides ou eletrônicos calibrados. Esse método é útil para confirmação/refutação de suspeita de HAS e tem-se resultado positivo quando os valores são maiores que 130/85 mmHg. • Monitoramento Residencial da Pressão Arterial (MRPA) – é o registro da pressão durante a vigília em domicilio ou no trabalho pelo próprio paciente, se difere do AMPA por seguir um padrão de horários de medidas. Geralmente, pede-se ao paciente para medir 3 vezes pela manhã antes do café e 3 vezes à noite antes de jantar durante 5-7 dias. São considerados anormais medidas acima de 130/85 mmHg. Semiotécnica para aferir a Pressão Arterial Existem dois métodos para a aferição da PA, o método direto e o indireto. O método direto ou intra-arterial é um método invasivo que exige um equipamento sofisticado que é reservado para pesquisa. O método indireto é o mais rotineiramente utilizado e a técnica requer um esfigmomanômetro e um estetoscópio. A técnica consiste em: Paciente deve estar em repouso por no mínimo 1-3 minutos. O local deve ser tranquilo e sem ruídos interferentes na ausculta Posição: o paciente pode estar sentado ou deitado ou de pé, e qualquer posição a artéria braquial deve estar ao nível do coração, que corresponde ao 4º espaço intercostal. O braço deve estar ligeiramente flexionado e apoiado em uma superfície firme, com a palma da mão em supinação. Estefânia Pereira Diniz, 2018. Aparelho: deve estar calibrado e em plano perpendicular ao plano visual Observador: a pessoa deve ser treinada e estar em uma posição confortável, evitando abaixar a cabeça. O diafragma deve ser colocado exatamente sobre a artéria braquial. Procedimento: • Localizar a pulsação da artéria braquial; • Colocar o manguito 2 cm acima da fossa cubital, • Palpar o pulso radial, inflar o manguito até o desaparecimento do pulso radial • Desinsuflar o manguito lentamente até o reaparecimento do pulso, obtendo o valor da pressão sistólica. • Posicionar o estetoscópio sobre a artéria braquial • Insuflar o manguito 30 mmHg acima do valor da sistólica • Soltar o ar continuamente em uma velocidade de 2-3 mmHg até esvaziar completamente a câmara. Classificação da PA após aferição contínua: Fases de Korotkoff A medida em que se desinsufla o manguito, volta a ocorrer a passagem de sangue sobre a artéria colabada pela compressão. Surge então os chamados sons de Korotkoff, que são classificados em 5 fases: Fase 1 – corresponde ao surgimento de sons claros e parecidos com uma pancada, referem-se ao peso da onda sistólico, maior que a compressão do manguito e o sangue na artéria. Fase 2 – os sons são acompanhados por um sopro, pois a dilatação da artéria pressionada gera uma contracorrente que reverbera e cria sons. Fase 3 – os sopros desaparecem e o sons passam a ser audíveis e acentuados, pois a artéria, que sofreu constrição, continua a se dilatar e o sangue para de reverberar criando os sopros. Estefânia Pereira Diniz, 2018. Fase 4 – os sons começam a se abafar, os batimentos se tornam menos acentuados e por isso o som gradativamente abaixa. Fase 5 – os sons desaparecem, pois ocorre o reestabelecimento do calibre normal da artéria e o sangue para de provocar ruídos na parede arterial. O desaparecimento do som na fase 5 corresponde à pressão sistólica, enquanto que o aparecimento do primeiro ruído corresponde à pressão diastólica. Problemas comuns na medida da Pressão Arterial Podem ocorrer problemas que levem à superestimação ou subestimação da PA. Esses problemas estão relacionados, na maioria das vezes, com: Observador – pode ter pouca acuidade visual e auditiva, pode fazer a aferição por cima da roupa produzindo uma dupla câmara pneumática, pode arredonda valores de PA, colocar o manguito de forma errada ou pode não saber o método palpatório e nem reconhecer o a fase 1 de Korotkoff. Paciente – posição desconfortável, obesidade, dor, atividade física recente, estresses, consumo de álcool/fumo/café na última hora ou estar com bexiga cheia. Aparelho – pode não estar calibrado ou ter deficiência no sistema de ar, o estetoscópio pode ser colocado em um lugar errado e inadequação do manguito à circunferência do braço. Pressão Diferencial Corresponde à diferença observada entre a pressão sistólica e diastólica. Na maioria das vezes os valores estão entre 30-60 mmHg, durante o sono há um pequeno decréscimo dessa pressão, mas em estados mórbidos este fato se torna evidente como hipotensão arterial aguda, estenose aórtica, derrame pericárdico e insuficiência cardíacagrave. Hipertensão Arterial Quando os níveis tensionais ultrapassam os valores considerados normais, fala-se em hipertensão arterial (HAS). Considera-se atualmente como portadores de HAS, indivíduos cuja PA é maior ou igual a 140/90 mmHg. A principal causa de HAS isolada é a fibrose senil da aorta, mas pode ser encontrada também insuficiência aórtica, bloqueio AV de 3º Grau, hipertireoidismo e fístula arteriovenosa. A HAS pode ser classificada como: Estefânia Pereira Diniz, 2018. Essencial ou primária – assim chamada quando não se consegue fazer sua classificação etiológica, estando relacionada como diversos fatores, como traços hereditários, ingesta aumenta de sódio, obesidade, estresse e alcoolismo, sendo responsável por 95% de todos os casos. Secundária – representa 5% dos casos e está relacionada com diferentes afecções, como aquelas que acometem o funcionamento hormonal, a gestação, os rins, a interferência do metabolismo normal pelo uso de drogas e medicamentos. Hipotensão Arterial Não existem níveis de PA mínimos considerados normais, a hipotensão só caracteriza um problema clínico quando há diminuição do débito cardíaco, da volemia e/ou da resistência vascular periférica. Essas alterações podem ocorrer em diversas situações, como na insuficiência cardíaca, síndrome do baixo débito, hemorragias, septicemias e desidratação. O envelhecimento pode alterar mecanismos de controle de homeostase, o que pode predispor os indivíduos à hipotensão postural, causada por: Diminuição da sensibilidade dos barorreceptores; Diminuição da capacidade renal de conservar o sódio; Baixos níveis de renina, angiotensina e aldosterona Aumento dos níveis do Peptídeo Natriurético Atrial Diminuição dos níveis da resposta de elevação cardíaca com queda de PA Diminuição do enchimento ventricular A hipotensão postural é diagnosticada quando ocorre uma queda de 20 mmHg ou mais na pressão sistólica e/ou 10 mmHg ou mais na diastólica ao passar da posição de decúbito para a ortostática. Para ser detectada deve-se determinar a PA do paciente em decúbito dorsal depois de 5 minutos de repouso, para depois refazer medida do paciente de pé após 3 minutos. Todo o processo deve ser acompanhado da palpação da frequência do pulso radial, tanto de pé, quanto deitado. Em indivíduos normais, ao se aplicar esta técnica, os batimentos se elevam de 6- 12 bpm, já a falta de elevação do pulso, indica falha no sistema nervoso autônomo e o acentuado sugere hipovolemia. Em climas quentes, a probabilidade de ocorrer hipotensão postural é maior, principalmente em idosos, pois ocorre maior represamento de sangue no sistema venoso dos membros inferiores.
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