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GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 1 CIRURGIA LÍVIO CIRURGIA LÍVIO • AVALIAÇÃO CLÍNICA PRÉ-OPERATÓRIA E PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO • CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS • HIDRATAÇÃO VENOSA AVALIAÇÃO CLÍNICA PRÉ-OPERATÓRIA Na indicação da cirurgia, inicia-se o pré-operatório com a avaliação de risco cirúrgico, que determinará a possibilidade ou não do procedimento. Evitando desta forma que a operação, a depender das condições clínicas para o procedimento, aumente a morbimortalidade. • Decisão cirúrgica: preparo pré-operatório; • Período peroperatório (TRANS); • Período pós-operatório: imediato (dentro de 24 horas – intrahospitalar) ou tardio (após a alta hospitalar). INDICAÇÕES CIRÚRGICAS • Tratamento cirúrgico x tratamento não cirúrgico: sempre verificar as vantagens entre o tratamento cirúrgico e o tratamento medicamentoso. Pois em alguns casos, como os dos refluxos gastroesofágicos, apenas 30% têm indicação cirúrgica. A tendência atual é ser menos invasivo o possível. • Conhecer a via de acesso e a técnica proposta. • Padrão-ouro: o médico precisa estar apto a realizar o procedimento padrão ouro, caso contrário o mais indicado é que se encaminhe para um centro de referência em tal procedimento. • O médico é o responsável pela indicação. • O médico deve dividir e transferir as responsabilidades. OBJETIVOS Os principais objetivos dessa avaliação incluem: • Diagnóstico com a antecedência necessária: diagnosticar condições clínicas que aumentam o risco cirúrgico. • Reduzir a morbimortalidade: preparo adequado e o planejamento da condução do ato cirúrgico. • Diagnosticar outras afecções de tratamento cirúrgico: essas podem tornar-se prioridade ou podem ser feitas duas cirurgias concomitantes. • Conhecer a função básica do pré-operatório do paciente. • Edificar a relação médico-paciente e com familiares, de modo que estes manifestem segurança no cirurgião. • Sempre fazer uma boa anamnese, averiguar o perfil psicológico do paciente, percebendo seus medos, angústias, inseguranças e ansiedade. • Avaliar a indicação cirúrgica e discutir os riscos. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 2 CIRURGIA LÍVIO • Favorecer a educação e a orientação do paciente em relação aos acontecimentos perioperatórios. A AVALIAÇÃO CLÍNICA PRÉ-OPERATÓRIA O exame clínico (anamnese e exame físico) pré- operatório constitui a melhor forma de se diagnosticarem condições clínicas que possam influenciar os resultados do procedimento cirúrgico. • Deve compreender a avaliação de todos os sistemas orgânicos, particularmente aqueles que possam interferir significativamente na ação dos anestésicos (pulmonar, renal e hepático) e dos que possam ser afetados de forma significativa por essas drogas (cardiovascular e nervoso). • A anamnese e o exame físico devem ser feitos de forma objetiva, de forma mais completa possível, mesmo quando realizado no pré-operatório de procedimentos de menor porte. • O exame clínico deve incluir a avaliação do estado nutricional, a pesquisa de sinais de doenças hemorrágicas, antecedentes alérgicos e o diagnóstico de lesões cutâneas. Anamnese: Verificar prática de atividade física, presença de dispneia, alterações de hábito intestinal, perda de peso (se o paciente está em dieta líquida ou se a perda de peso foi maior que 10%), averiguar problemas hematológicos (questiona-se sobre problemas de coagulação em cirurgias anteriores ou história familiar positiva). Se o paciente é alcoolista, pois isso é capaz de gerar síndrome de abstinência no pré-operatório, sendo necessário prevenir com uso de medicamentos. Hábito de tabagismo, devendo-se interrompe-lo para procedimento cirúrgico. Presença de comorbidades: Questiona-se sobre a presença de comorbidades como: • Diabetes Mellitus. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 3 CIRURGIA LÍVIO • Hipertensão Arterial Sistêmica: sendo que a HAS isolada não altera o risco cirúrgico, mas o ideal é que os níveis pressóricos se encontrem <160/110 mmHg. • Insuficiência Cardíaca Congestiva: se descompensada contraindica cirurgia eletiva. Em pacientes com formas leves de ICC, procedimentos cirúrgicos de pequeno e médio porte poderiam ser realizados com razoável segurança. É importante salientar que a menos que não haja tempo hábil, em decorrência da indicação cirúrgica priorizada ou de urgência, o paciente com ICC, independente do grau deveria ser bem compensando antes do ato operatório. • Angina instável e IAM: IAM < 3 meses e a angina instável contraindicam ou adiam a cirurgia e determina grande risco em pacientes que necessitam de tratamento cirúrgico de urgência. Ao contrário, a angina estável não representa contraindicação à realização de procedimento cirúrgico. • Valvulopatias: devendo o paciente receber ATB, antes da cirurgia. Pacientes com lesões valvares leves a moderadas tem risco cirúrgico aumentado apenas se ICC concomitante. Em pacientes com lesões valvares graves, especialmente as estenosantes há de se questionar a necessidade da operação cardíaca antes do paciente ser submetido a outro tipo de intervenção. • Asma: prevenir broncoespasmo perioperatório, porque ele pode precipitar tosse, hipoxemia e ICC. • DPOC: PO2 < 60 mmHg e PCO2 > 50 mmHg = prognóstico ruim. • Infecções pulmonares: contraindicado para cirurgia, mesmo que leves. • Doenças da tireoide. Obs: Sabe-se que 60% dos pacientes cirúrgicos apresentam comorbidades, sendo as doenças cardiovasculares, respiratórias e os distúrbios metabólicos as afecções mais comuns. Medicamentos em uso: Possibilidade de ocorrer interação medicamentosa potencialmente grave, em especial com anti-hipertensivos, anticoagulantes e corticosteroides aumentando o risco de desenvolver insuficiência suprarrenal aguda no pós-operatório, hiperglicemia e retenção de água e sódio. • Saber sobre o uso de hipoglicemiantes orais, insulina, anti-inflamatórios não- esteroidais, AAS, anticonvulsivantes e psicotrópicos, uso de drogas, antecedentes cirúrgicos e anestésicos, assim como alergias. o Pesquisar sobre antecedentes alérgicos por anestésicos e antibióticos, antissépticos e látex. EXAME FÍSICO • Avaliar funções: cardiorrespiratórias, digestivas, estado nutricional, funções renais (pois IR piora o prognóstico), funções endócrinas (todas as doenças GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 4 CIRURGIA LÍVIO endócrinas devem ser compensadas no pré-operatório) e funções neuropsiquiátricas. • Averiguar presença de lesões cutâneas (pois elas podem levar a infecções secundárias); cicatrizes e herniações (se há presença de aderências que podem prejudicar a cirurgia, como perfuração da alça intestinal). • Presença de púrpuras ou equimoses indicando coagulopatias. • Estado nutricional: seus dois extremos influem negativamente na evolução pós- operatória. • Processos infecciosos sistêmicos ou focais, pois esses contraindicam a cirurgia eletiva. Portanto, a avaliação clínica visa averiguar três condições básicas de saúde: capacidade de cicatrização; estado de coagulação; e condições imunológicas (doença anti-infecciosa). • Incluem atitudes do exame físico importantes no pré-operatório: EXAMES COMPLEMENTARES • Motivados pela afecção e técnica operatória; • Motivados pela avaliação clínica: presença de comorbidades, uso de medicamentos (diuréticos requerem cuidados), risco de hipovolemia, hiponatremia e hipopotassemia, anticoagulantes, digitálicos e corticoides e possibilidade de gravidez. • Rotina pacientes sem comorbidades. o Depende do sexo, idade e tipo de cirurgia cirurgias de grande porte e procedimentos de urgênciae emergência requerem maior número de exames. Paciente, homem, menor de 35 anos e cirurgia de médio porte: não solicita exames. Na mulher verificar possibilidade de bacteremia assintomática, anemia e gravidez. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 5 CIRURGIA LÍVIO • Hemograma – eritrograma realizado para mulheres de todas as idades e para homens nos extremos de idade (RN e > 60 anos): Hemoglobina > 10 g/dl é considerada segura, exceto em idosos, cardiopatas ou quando há grande risco de sangramento. Em caso de anemia, essa deve ser corrigida com antecedência. • Leucograma deve ser solicitado apenas na suspeita de infecção, doença mielo ou linfoproliferativa, história patológica pregressa recente de radio/quimioterapia e uso de corticoides. Neutropenia ao exame demonstra um alto risco de infecção e perturbação na cicatrização, não devendo proceder o procedimento cirúrgico. • Avaliar distúrbio de coagulação pacientes com suspeita de distúrbios da coagulação deve ser feita prova de coagulação: PTTa, atividade de protrombina e plaquetas. • Urina pesquisa de glicosúria e proteinúria. Feito em pacientes sintomáticos e naqueles com risco de bacteriúria assintomática que serão submetidos a instrumentação urinária. • Bioquímica solicitação desnecessária em pacientes hígidos menores 40 ou 50 anos. o Dosagem de eletrólitos quando em uso de diuréticos. o Glicemia em jejum indicado sistematicamente para pacientes obesos maiores de 40 anos, com HF de DM, em uso de nutrição parenteral ou fármacos hiperglicemiantes (corticoides e tiazídicos). o Ureia e creatinina em pacientes com IR, DM ou HAS, HF ou pessoal de doença renal e em uso de diuréticos – provas de função renal e dosagem sérica de Na e K. o Cirurgia de vesícula biliar: sempre solicitar gama-GT, BI e BD. o Indivíduos de baixa renda social: solicitar parasitologia, ainda mais quando se tratar de cirurgia gastrointestinal. • Anti-HIV possibilidade de diagnóstico de casos assintomáticos. Geralmente não é solicitado de rotina. • ECG indicado rotineiramente em homens maiores de 40 anos e em mulheres maiores de 50 anos, porém não tem alterado a conduta diante de achados como pulso arrítmico e pacientes com fatores de risco para doença arterial coronariana (HF +, DM, tabagismo, HAS e hiperlipidemia). GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 6 CIRURGIA LÍVIO • Rx de tórax maiores de 60 anos, ou àqueles que apresentem como principais critérios para indicação de radiografia de tórax: história ou exame clínico, presença de sintomas respiratórios agudos, doença maligna conhecida com a possibilidade de metástases pulmonares, emergências cirúrgicas, tabagismo pesado (mais de 20 maços/ano) e/ou tabagismo em paciente com mais de 50 anos, imunossupressão, e falta de controle radiológico, nos últimos 12 meses, em pacientes com qualquer afecção cardiorrespiratória ou com risco epidemiológico de tuberculose. O pedido de exames segue CRITÉRIOS! o Desvantagens: solicitações indiscriminadas; menos de 2% dos exames rotineiros auxiliam a detectar alterações que modifiquem a conduta terapêutica; resultados falso-positivos; problemas médico-legais; elevado custo; e resultados lentos (SUS: demora 3 meses para exames laboratoriais e 6 meses para RX). Condições clínicas passíveis de serem diagnosticadas por meio de exames complementares e que poderiam interferir no diagnóstico cirúrgico: anemia, trombocitopenia, distúrbios de coagulação, DM, DPOC, cardiopatia isquêmica, arritmias, nefrite, síndrome nefrótica, glaucoma, ITU, gravidez, TBC, gonorreia, sífilis e hepatite. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 7 CIRURGIA LÍVIO RISCO CIRÚRGICO Avaliação pré-operatório: ASA 1. Paciente normal e saudável; 2. Paciente com doença sistêmica leve; 3. Paciente com doença sistêmica grave; 4. Paciente com doença sistêmica grave que apresenta constante ameaça de vida; 5. Paciente moribundo sem expectativa de vida a menos que seja operado; 6. Paciente com morte cerebral no qual os órgãos serão removidos para transplante. GOLDMAN Tabela A – Escala de Goldman: avaliação de risco de complicações cardíacas Tabela B – Estimativa de risco cardiológico para cirurgia, segundo a escala de Goldman Risco (pontos) Sem risco de complicações Com risco de complicações Risco de Óbito Classe I ou 0-5 99 0,7 0,2 Classe II ou 6-12 93 5,0 2,0 Classe II ou 13-24 86 11,0 2,0 Classe IV ou > 25 22 22.0 56,0 GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 8 CIRURGIA LÍVIO CHILD-PUGH Pacientes hepatopatas graves, principalmente cirróticos, devem ser submetidos ao risco cirúrgico, baseado na classificação de Child-Pugh: A, B e C avaliando-se os níveis de bilirrubina e albuminas séricas; presença e gravidade da ascite e da encefalopatia; e aumento do tempo de protrombina. • Classe A – pequeno aumento do risco operatório; • Classe B – risco operatório significativo, merece avaliação cuidadosa e esmero no pré-operatório; • Classe C – risco cirúrgico proibitivo, operados apenas em situações excepcionais. AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO HEMATOLÓGICA Pacientes com anemia ferropriva: devem ter seus índices hematológicos aferidos e corrigidos no pré-operatório. Sendo que existem evidências de que transfusões de derivados de sangue realizadas próximo ao dia da operação acarretam aumento significativo das infecções cirúrgicas e em pacientes oncológicos, das recidivas tumorais. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDIOVASCULAR • O ato anestésico-operatório é em si, hipotensor. Atualmente, tem se considerado níveis pré-operatórios aceitáveis de PA < 160/110 mmHg. Os medicamentos hipotensores devem ser mantidos até no dia do procedimento e reintroduzidos no pós operatório tão logo o paciente volte a receber dieta por VO. • Todas as arritmias graves devem ser controladas antes do ato cirúrgico. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA • Uma preocupação significativa no perioperatório é a manutenção de uma via aérea livre capaz de responder rapidamente às necessidades metabólicas do paciente. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO DIGESTIVA E ESTADO NUTRICIONAL • A obstrução digestiva alta acarreta repercussões clínicas e riscos importantes à saúde do doente, considerando tanto a especificidade do tratamento da doença de base, quanto a necessidade de prevenir as complicações, por meio do preparo pré-operatório adequado. Os riscos mais importantes estão relacionados à consequente desnutrição que esses pacientes apresentam e o risco de aspiração. • A úlcera péptica em atividade pode ser agravada pelo estresse cirúrgico. Nessas condições, o paciente não deveria ser operado, a menos é claro, que a indicação cirúrgica seja a própria úlcera ou que o procedimento seja de urgência/emergência. • A insuficiência hepática, em qualquer grau, compromete seriamente a estabilidade homeostática do paciente durante procedimentos cirúrgicos e afeta de forma muito negativa o prognóstico. Assim sendo, o acompanhamento das GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 9 CIRURGIA LÍVIO condições metabólicas, do estado nutricional e dos processos hemostáticos e cicatriciais em pacientes com insuficiência hepática deve ser muito cuidadoso. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL • Os pacientes com IR podem apresentar anemia, HAS e dificuldade de eliminar inúmeros medicamentos, além de serem mais propensos à infecções. Por isso, a insuficiência renal em qualquer grau torna pior o prognóstico e justifica o controle rigoroso do paciente. AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO ENDÓCRINA • Os fatores que aumentam a morbimortalidade de paciente com DM incluem alteraçõessecundárias à descompensação metabólica – hiperglicemia levando a cetoacidose, distúrbios hidroeletrolíticos, resposta inadequada à infecções e alterações cicatriciais e risco relacionado a presença de complicações crônicas, especialmente lesões vasculares ateroscleróticas, neuropatia autonômica e infecções. Todas as doenças endócrinas devem ser compensadas no pré- operatório e especial atenção deve ser dada ao DM, ao hipo e hipertireoidismo e aos quadros de insuficiência da suprarrenal. AVALIAÇÃO NEUROPSIQUIÁTRICA • Doenças neurológicas crônicas acarretam sempre risco de problemas respiratórios no pós-operatório e exigem atenção especial neste aspecto. Pacientes com sequelas de AVE tem risco aumentado de recidiva de quadros isquêmicos cerebrais e devem ser alertados em relação a essa possibilidade. A manutenção da oxigenação e da pressão arterial deve ser a mais cuidadosa possível nestes pacientes, com o objetivo de reduzir ao máximo a contribuição desses fatores no aparecimento da isquemia cerebral. • O risco que pacientes com distúrbios psiquiátricos graves sofrem em um ato cirúrgico está relacionado especialmente ao seu comportamento no pós operatório: pouco colaborativos ou inadequados. USO DE DROGAS • Considerando a possibilidade de ocorrer interação medicamentosa grave é essencial conhecer os medicamentos que o pacientes está usando. A maioria dos medicamentos não necessita ser suspensa no pré-operatório. Exceção deve ser feita para: IMAO, ADT, anticoagulantes orais, amiodarona e ACO. O uso de diuréticos requer cuidados especiais no sentido de minimizar o risco de hipovolemia, hiponatremia e hipopotassemia, mas eles não precisam ser suspensos. PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO • Preparo psicológico: fundamental ao equilíbrio físico e emocional do paciente cirúrgico e só é possível com uma boa relação médico-paciente. É preciso ouvir GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 10 CIRURGIA LÍVIO o paciente, em particular pela necessidade de conhecer suas dúvidas e angústias. Recomenda-se explicar, de forma concisa e didática, os principais aspectos da afecção, principalmente aqueles que motivaram a indicação cirúrgica, e do procedimento proposto, incluindo as possíveis sequelas, limitações e os principais cuidados pós-operatórios. Medo, ansiedade e dúvidas são normais. Deve-se informar ao paciente, em linguagem acessível, a necessidade da realização de exames complementares pré-operatórios, da confecção de ostomias, da utilização de drenos e cateteres no pós-operatório e da possibilidade de realizar o pós-operatório imediato em centro de tratamento intensivo. O paciente bem orientado aceitará melhor cada um destes procedimentos e tornar-se-á mais colaborativo. Na eventualidade de se realizar procedimento não-planejado ou de se tomar conduta não-prevista antes da operação, esses devem ser justificados aos familiares no pós-operatório imediato e ao paciente, assim que o mesmo estiver consciente. O paciente pode optar pela não realização do ato cirúrgico, devendo o cirurgião ser compreensivo e orientar o paciente. o Preparo psicológico sobre anestesia: O médico deve tranquilizar o paciente, informando-o dos avanços da anestesiologia e da competência e seriedade da equipe de anestesiologistas do serviço. Porém, não se deve jamais minimizar os riscos relacionados ao procedimento anestésico. o Preparo psicológico sobre a dor: cabe ao cirurgião orientar o paciente em relação à existência de medicamentos potentes no controle da dor e ao fato de que estes estarão previamente prescritos e disponíveis para uso contínuo ou em caso de necessidade, e da existência de equipe médica de plantão que estará acessível para reavaliações necessárias. o Preparo psicológico com relação as sequelas: É essencial que o paciente seja adequadamente informado em relação às atuais opções para minimizar as sequelas e limitações impostas pelo procedimento e favorecer sua adaptação a esta nova realidade. • Educação do paciente para o pós-operatório: GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 11 CIRURGIA LÍVIO • Preparo pré-operatório imediato: conduzido com o paciente já internado. Este deve ser submetido a novo exame clínico, com registro dessa avaliação em nota de admissão hospitalar. o Visita e medicação pré-anestésica: A visita pré-anestésica, habitualmente realizada na véspera da operação, é muito importante para garantir adequada avaliação anestesiológica e para prever eventuais dificuldades técnicas com o procedimento anestésico, como alergia a drogas, dificuldades com a intubação etc. Nesse momento, o anestesiologista deve avaliar o grau de ansiedade pré-operatória do paciente, procurando tranquilizá-lo em relação à anestesia, e definir a necessidade de empregar medicação pré-anestésica. Quando se emprega anestesia geral, o uso de medicamentos pré-anestésicos favorece indução suave e rápida, além de aliviar a dor pré e pós-operatória quando presentes, minimizando ainda alguns dos efeitos colaterais dos agentes anestésicos, como salivação, bradicardia e vômitos. o Jejum: líquidos claros 2h, outros líquidos 4h e alimentos sólidos de 6-8h. Porém a orientação deve seguir a lógica dos anestesistas que acreditam que os jejuns sejam realmente de 6-8h. Em pacientes que serão submetidos a procedimentos de emergência: opta-se pela intubação orotraqueal com o paciente acordado, ou pela intubação em sequência rápida, associada a compressão da cartilagem cricoide sobre o esôfago cervical. o Banho no dia anterior: não é muito feito na realidade. Quando laparoscopia, orientar o paciente a lavar o umbigo. o Tricotomia: tonsura elétrica; o ideal é só abaixar os pelos. A remoção dos pelos no pré-operatório por meio de tricotomia ou, preferencialmente, de tonsura com tesoura deve ser realizada apenas quando a incisão estiver prevista para região rica em pelos que podem interferir na adequada visibilização do campo operatório, ou dificultar a aproximação das bordas da ferida e a aplicação de curativo. A remoção dos pelos deve ser feita, no máximo, uma a duas horas antes da operação, aplicada à menor área possível e, quando a tonsura não for viável, deve-se preferir a tricotomia elétrica. o Lavagem intestinal (clister): não é indicado sempre. Indicações: pacientes constipados, com incontinência fecal, operações abdominais sob anestesia geral com risco significativo de íleo pós-operatório prolongado e operações colônicas e anorretais. Objetivos: evitar a expulsão involuntária de fezes durante o ato cirúrgico; contaminação do campo cirúrgico; prevenir vontade de evacuar no pós-operatório imediato; e evitar constipação e formação de fezes endurecidas. o Profilaxia de tromboembolismo: Em pacientes com fatores de risco para doenças tromboembólicas, para os quais está indicada a heparinoprofilaxia, esta prevenção deve iniciar no pré-operatório. Profilaxia deverá ser mantida nos pacientes que venham a permanecer imobilizados no pós-operatório, naqueles submetidos à colocação de próteses ósseas, nas operações pélvicas extensas (especialmente oncológicas), em obesos classe III e nos pacientes com história pregressa GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 12 CIRURGIA LÍVIO de evento tromboembólico. As demais condutas preventivas envolvem medidas que aumentam o retorno venoso, que previnem a acidose e que favorecem a hidratação adequada. o Hidratação. • Cateterismo venoso: Dependendo do calibre do cateter, de seu funcionamento e do local puncionado, pode ser necessário trocá-lo antes mesmo de se iniciar a anestesia. Caso indicado, o cateterismo venoso central (veias subclávia e jugular interna) deve ser feito no dia anterior do procedimento, seguido de controle radiológico. A radiografia de tórax permite verificar a posição do catetere diagnosticar eventual pneumotórax que pode interferir com a dinâmica ventilatória no peroperatório. • Esvaziamento vesical: paciente deve urinar antes de ser encaminhado para a sala de operação. Previne distensão exagerada de bexiga e retenção urinária pós- operatória. • Reservas pré-operatórias: Cabe à equipe cirúrgica reservar hemoderivados, vaga no centro de tratamento intensivo, órteses e próteses e exame peroperatório por corte de congelação ou radiológico, caso necessários. Equipamentos de uso comum e materiais ou medicamentos não-padronizados pela instituição também precisam ser reservados com antecedência. • Preparos especiais: o Megaesôfago: deve ser classificado pelo grau de disfagia e deve ser feita lavagem esofagiana, pelo risco de aspiração. Fazer hidratação e avaliação da terapia nutricional (devido a disfagia e regurgitação). o Preparo de pacientes com estenose pilórica: na avaliação pré-operatória deve incluir exame clínico cuidadoso; avaliação nutricional; dosagem de eletrólitos, ureia e creatinina; gasometria arterial e medida da atividade de protrombina e RNI, entre outros. Os cuidados pré-operatórios específicos visam, sobretudo, à descompressão gástrica para correção da atonia e da dilatação do estômago e de eventuais distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, em particular da alcalose metabólica. No pré-operatório imediato, deve-se solicitar avaliação laboratorial recente. Com o objetivo de diminuir o risco de infecção do sítio cirúrgico, estão indicadas lavagem gástrica e antibioticoprofilaxia cirúrgica. Deve- GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 13 CIRURGIA LÍVIO se esvaziar o estômago através de cateter nasogástrico calibroso, na véspera da operação e, mesmo tendo sido feita lavagem gástrica, deve ser tomado todo o cuidado na indução anestésica para evitar aspiração. PREPARO DE CÓLON É um conjunto de medidas que visa diminuir tanto o conteúdo fecaloide quanto bacteriano na luz do cólon, preparando-o para procedimentos. Preparo químico: utilização de agentes antimicrobianos profiláticos orais, pouco absorvíveis no intestino, que vão agir na luz diminuindo a flora ali existente. E por via venosa durante o ato cirúrgico. 1g de Neomicina + 1g de Eritromicina na véspera a cada 8h. No ato uma cefalosporina de 2ª geração (Cefoxitina 2g) ou Metronidazol 500mg + Cyprofloxacina 400mg; repetidos a cada 3h de cirurgia. Ultimamente a EV isolada é preferível. Mecânico: inclui controle dietético e limpeza do cólon por meio catártico. O preparo intestinal mecânico ainda é procedimento padrão em todo o mundo, apesar de já haver alguns guidelines chamando a atenção para a necessidade de revisão deste tópico. Tem a vantagem de permitir visualização da superfície luminal colônico, facilitando a realização dos procedimentos. Porém, é contraindicado nos portadores de quadro de obstrução do trânsito colônico. Via anterógrada (oral): utiliza o sentido natural do trânsito intestinal. Manitol a 10% (1000 ml) na véspera, mas causa grande formação de gases e distensão das alças. São inflamáveis e podem estourar na presença do eletrocautério. Fosfossoda 60 ml, menor volume, mas contraindicada em portadores de ICC, IRC e cirrose hepática. O melhor é o Picolax (picossulfato sódico) diluído em 240 ml de soro; menos volume e não acarreta distensão das alças. Utilizado em 4 ou 6 tomadas. Via retrógrada: feita por meio de lavagens via retal (enemas). As principais substâncias utilizadas são: o enema de solução glicerinada ou água morna, no volume de 700ml a 2000 ml, considerando aceitável quando o retorno estiver limpo. Contraindicações absolutas: abdome agudo, obstrução parcial do intestino, comorbidades e idade avançada. CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS Fases do pós-operatório: • Evolução pós-operatória: o tipo de cirurgia que o paciente foi submetido, e por qual motivo, quais os materiais que foram necessários que o paciente saísse da cirurgia com eles (ex.: cateter e acessos venosos), informar sobre uso de antibióticos, assim como se houve necessidade de transfusão sanguínea e o volume urinário do paciente. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 14 CIRURGIA LÍVIO • Descrição da cirurgia: antissepsia, anestesia, colocação de campo cirúrgico, incisão, descrição detalhada do ato cirúrgico. • Anatomopatológico. • Prescrição. Pós-operatório imediato: primeiras 24 horas após o ato cirúrgico; Pós-operatório mediato: ponto de vista prático o dia seguinte ao procedimento, mesmo que não se tenha 24 horas do ato cirúrgico (1º DPO). Tardio: mais de duas a três semanas da cirurgia que originou a descrição. Objetivos da assistência medica pós-operatória: • Nutrição (como ela deve ocorrer); • Reposição hidroeletrolítica (quando se deve ficar em jejum, principalmente); • Tratamento da dor e outros sintomas (medicações sintomáticas e terapêutica); • Cuidados com a ferida cirúrgica; • Apoio psicológico; • Evitar complicações (profilaxia de possíveis situações); • Diagnóstico precoce e tratamento das complicações. Todos os pacientes internados devem ser examinados por seu médico pelo menos duas vezes ao dia. Pacientes no pós-operatório imediato ou que estejam evoluindo com instabilidade clínica ou com complicações precisam ser avaliados várias vezes ao dia. Uma dessas avaliações deve ser feita pela manhã. Importância da evolução médica no prontuário: MODELO DE EVOLUÇÃO: • Data. • Hora: momento em que o paciente foi evoluído. • DPO (dia pós-operatório) + cirurgia realizada: exemplo 8º DPO de duodenopancreatectomia cefálica para tratamento de carcinoma pancreático. • Evolução: questionar o paciente se ele está se sentindo bem, se está tendo enjoo (para saber se pode ou não liberar a dieta), saber se urinou (para saber sobre hidratação), saber se andou, saber sobre evacuação (para saber se o peristaltismo retornou e pode liberar dieta), saber se vomitou, se estiver com GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 15 CIRURGIA LÍVIO dieta se a tolerou (podendo assim retirar a soroterapia). Exame físico: hidratação do paciente (mucosas), avaliação dos pulsos (avaliar taquicardia ou bradicardia), coração (BNRNF, ausência de sopros), abdome (inspeção – olhar como está a ferida, distensão, palpação – presença de massa, ausculta – silêncio abdominal). o Ou seja, devem ser notificadas as queixas atuais do paciente, as ocorrências entre as evoluções (relatadas pelo paciente, observadas nas anotações de enfermagem e outros profissionais) e as variações dos dados vitais observadas (pulso, frequência respiratória, pressão arterial e temperatura). O exame físico deve ser descrito sistematicamente. Resultados de exames complementares deve ser sumariado. • Diagnóstico: paciente com evolução habitual ou dar um diagnóstico de acordo com o quadro clínico que o paciente apresentou na evolução, podendo ser escrito também que o paciente apresenta evolução arrastada. • Conduta: o que foi pedido ou realizado de acordo com a impressão diagnóstica. • Assinatura, CRM ou carimbo profissional. PRESCRIÇÃO MÉDICA Como o médico não permanece durante todo o tempo com o paciente, torna-se imperativo que ele determine e delegue quais os cuidados devem ser tomados e quais medicamentos devem ser ministrados. • Nome do paciente: nome completo do paciente, seu leito, registro hospitalar, unidade hospitalar (serviço ou clínica, incluindo seu centro de custo); • Data; • Hora. Dieta • O período de jejum e, em consequência, o momento ideal de realimentar o paciente, varia na dependência do tipo de anestesia e da natureza do procedimento cirúrgico realizado, do estado de consciência eda evolução pós-operatória do paciente. • Jejum >>> Dieta livre (passando por líquida restrita, líquida completa, pastosa, branda e dieta sólida – dieta livre); • Vias de administração o Oral; o SNE (sonda nasoentérica); o Gastrostomia/jejunostomia; GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 16 CIRURGIA LÍVIO o NPT (nutrição parenteral total) • É importante registrar, por exemplo: “dieta via oral suspensa”. E colocar a via de acesso correta, é via oral ou é sonda, por exemplo. Dados vitais • Pulso; • PA; • FR; • Temperatura; • Intervalo de tempo (relacionado ao que se está querendo investigar ou monitorar no paciente). Balanço hídrico (BH) Obs.: averiguar se há necessidade de hidratação, e pensar se há necessidade de soroterapia. Verificar também se há equilíbrio entre perdas e ganhos. Muito comum de se fazer quando o paciente está em terapia intensiva. • Perdas: o Diurese; o Perdas insensíveis (respiração e transpiração); o Perdas adicionais (febre, vômito e diarreia). • Ganhos: o Ingesta oral; o Hidratação venosa; o Água endógena. Cuidados gerais • Posição do paciente no leito: no pós-operatório de procedimentos realizados sob raquianestesia, há uma preocupação com a possibilidade de o paciente apresentar perda liquórica e consequente cefaleia pós-raqui. Daí a orientação para que, durante as primeiras horas, o paciente permaneça em decúbito dorsal horizontal sem travesseiro; • Repouso e mobilização do paciente; • Cuidados com drenos: material com objetivo de drenar ar ou fluidos de cavidades ou espaços, importante fixar a saída por contra abertura, avaliar o aspecto e o volume da secreção exteriorizada, avaliar necessidade de dreno profilático e verificar o local de fixação do dreno. • Cuidados com sondas: cabeceira elevada, evitar necrose de asa de nariz, cuidado para não obstruir – lavagem de SNE, não manipular, prescrição de bloqueador de canal de cálcio, avaliar o local de fixação e controle radiológico; • Cuidados com cateteres: são tubos colocados em espaços reais ou anatômicos para drenar secreções fisiológicas ou para infundir soluções e medicamentos. Deve-se ter cuidado para não manipular, não retirá-lo, e saber onde o mesmo foi colocado, avaliar se o local está endurecido para verificar flebites, verificar GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 17 CIRURGIA LÍVIO necessidade de troca de curativos (sujidade e umidade), observando possíveis complicações; • Cuidados com ostomias: gastrostomia, jejunostomia, colostomia e traqueostomia: importante que haja limpeza e proteção da pele, aspiração das secreções, troca de curativo das bolsas e avaliação da característica da secreção, manutenção de cabeceira elevada durante infusão de dieta que deve ser administrada de forma contínua, rever fixação de cateter, e não removê-lo antes da terceira semana de pós-operatório para permitir aderências. • Cuidados com a ferida cirúrgica: Em geral, a ferida deve ser examinada pelo menos uma vez ao dia e, quando indicada realização de curativos, a troca de pelo menos um deles deve ser feita diariamente pelo cirurgião. Para manter a umidade e a temperatura no leito da ferida, tem sido sugerido o uso de curativos oclusivos impermeáveis, que favorecem a cicatrização e evitam a contaminação bacteriana. A cobertura da ferida cirúrgica com fita microporosa também tem sido realizada com o objetivo de imobilizar a ferida e melhorar o resultado estético. Cabe ao cirurgião, juntamente com enfermeiros especializados nesta área, definir para cada caso o tipo ideal de curativo, a periodicidade de sua troca, o eventual uso de antissépticos tópicos, desbridantes químicos, açúcar cristal etc. Oxigenoterapia A oxigenioterapia é a administração de oxigênio medicinal com finalidade terapêutica e está indicada nos casos de hipoxemia de qualquer origem. Medicação O médico, ao prescrever um medicamento no pós-operatório, deve estar atento aos efeitos da droga (incluindo as reações adversas) e ao risco de interação medicamentosa, em particular com os anestésicos. É essencial ainda conhecer a absorção, a biodisponibilidade, o metabolismo e a eliminação da droga a ser empregada. Cada prescrição deve incluir nome do medicamento, dosagem, via de administração, quantidade prescrita, velocidade de administração, etc. De forma ideal, a administração das drogas deveria ser feita pela via oral, mas frequentemente, no pós-operatório, o emprego da via parenteral é necessário. A administração parenteral pode ser feita pelas vias intradérmica (ID), subcutânea (SC), intramuscular (IM) ou endovenosa (EV). • Sintomáticos: o Antieméticos; o Antitérmicos; o Analgésicos (os narcóticos, morfina e meperidina são os medicamentos mais empregados no controle da dor pós-operatória e geralmente são administrados por via parenteral. Inicialmente, o medicamento deve ser fornecido de forma fixa, mas, à medida que a dor fica menos intensa, é possível optar por sua administração apenas quando necessário, desde GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 18 CIRURGIA LÍVIO que o paciente solicite a nova dose tão logo cesse o efeito da dose anterior). • Profiláticos: o Bloqueador de bomba: nos casos de refluxo ou úlcera pós-operatório para àqueles pacientes que são muito estressados; o Heparina para os pacientes que apresentarem fatores de risco para TVP; o ATB. • Terapêutico: o Depende da doença de base. Hidratação venosa A hidratação venosa correta do paciente no pós-operatório, em particular na fase em que ele se encontra em jejum, visa atingir e manter a composição corporal fisiológica, prevenir a desidratação, os desequilíbrios eletrolíticos e a cetose, corrigir os desequilíbrios potencialmente fatais (p. ex., hipovolemia e hipercalemia), manter adequada diurese e reduzir o risco de complicações cardiocirculatórias e renais. A terapia hidroeletrolítica deve estar integrada à nutrição parenteral, quando indicada. Comunicação de anormalidades e intercorrências Motivo que o médico deseja ser comunicado de acordo com o quadro do paciente ou não melhora em caso de algum medicamento que o mesma tenha deixado ao paciente. MODELO DE PRESCRIÇÃO: nome do paciente, data, hora, dieta, dados vitais, balanço hídrico, cuidados gerais, medicação, hidratação venosa, comunicação de anormalidades e assinatura. O QUE FOI DISCUTIDO NA AULA BILLROTH I: anastomose gastroduodenal 1) Retira-se a pequena curvatura do estômago; 2) Secciona o duodeno; 3) Realiza anastomose gastroduodenal T-T. BILLROTH II: anastomose gastrojejunal 1) Retira-se o antro e o corpo do estômago, permanecendo apenas o fundo. Importante! Ao remover o antro não há produção gástrica. 2) Fechamento do piloro e reparo do duodeno. 3) Anastomose gastrojejunal látero-lateral isoperistáltica. Em Y de ROUX: gastrojejunostomia padrão-ouro para tumor no antro. 1) Reparo do colo duodenal; 2) Secção do estômago mantendo apenas o fundo; 3) Secção do jejuno; GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 19 CIRURGIA LÍVIO 4) Anastomose em Y de Roux (alça em forma de “C”). Gastrojejunostomia e Jejunojejunostomia. Importante! O jejuno responsável pela anastomose estará em contato com o fundo do estômago, mas também com a outra porção do jejuno que deve necessariamente conter secreção biliopancreática para realizar a digestão. Isso também evita o refluxo alcalino. GASTROSTOMIAS (TÉCNICAS) - STAMM: 3 suturas em bolsas de tabaco para a invaginação da sonda. - WITZEL: 1 sutura em bolsa de tabaco, seguida da formação de um túnel com a própria mucosa do estômagopara “canalizar” a sonda. DUODENOPANCREATECTOMIA CEFÁLICA - Anastomoses com pâncreas, com estômago e com a via biliar; - Pancreatoenterostomia, gastroenterostomia, colecistojejunostomia. - Quem faz a transição do corpo para a cabeça do pâncreas? Vasos mesentéricos, pois a esquerda deles tem-se a cabeça do pâncreas e a sua direita o corpo. Para a retirada da cabeça do pâncreas é preciso que se retire também o duodeno. HIDRATAÇÃO VENOSA PÓS-OPERATÓRIA Importância: manter o equilíbrio, homeostase de líquidos e eletrólitos em paciente sem ingesta oral adequada. Erros podem ocorrer para mais ou para menos, sendo que administração inadequada pode levar o paciente à um quadro de edema (anasarca). Não é matematicamente exata (baseia-se mais na condição do paciente), necessitando de avaliação periódica (visitas diárias, de acordo com o comportamento do paciente) e conhecimento das necessidades de água, eletrólitos e calorias. Obs.: A hidratação venosa não é uma forma de nutrição, pois o soro não contém proteínas, lipídeos e outros macronutrientes. Ele contém apenas água, glicose, sódio, potássio e cloro; fato é que a manutenção de um paciente apenas em soroterapia, leva a desnutrição. Contudo é possível manter um paciente por um período em soroterapia em equilíbrio hidroeletrolítico, mas se isso não for acompanhado do fornecimento de outros elementos o paciente pode desnutrir. No caso de ofertar apenas soro para um paciente desnutrido o que pode acontecer é que o paciente por não ter proteínas no meio vascular, todo o líquido ofertado irá para o terceiro espaço, levando o paciente a ficar edemaciado – anasarca (edema generalizado). • A hidratação venosa pós-operatória deve ser a mais fisiológica possível, devendo ser avaliadas as necessidades diárias de água, caloria e eletrólitos, avaliação hídrica periódica, balanço hídrico, peso do paciente e exames laboratoriais, eventualmente, para verificar o aporte de água, glicose, sódio, potássio e cloro. • Necessário na prescrição ter conhecimento sobre a composição do soro e a posologia. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 20 CIRURGIA LÍVIO • Exame clínico + dosagem de glicemia + ionograma, a cada 2 ou 3 dias: prevenção de distúrbios metabólicos graves. • Exame físico diário (avaliação de umidade de mucosa, turgor da pele, FC, peso e diurese) e laboratorial quando necessário (verificar eletrólitos). RESPOSTA ENDÓCRINO-METABÓLICA • Retenção de água e de sódio na fase inicial; • Trauma e o catabolismo celular: aumenta K+ (hipercalemia); o Por mais que aumente a excreção, não é recomendado que se forneça muito potássio no pós-operatório imediato. Mas isso depende da dimensão da cirurgia, pois o porte da cirurgia se relaciona diretamente com o grau da resposta; a idade do paciente e presença de comorbidades. • Aldosterona: retém Na+ em troca de K+; o Todavia, essa troca, na vigência de diurese diminuída pela ação do hormônio antidiurético, não é suficiente para contrabalançar a tendência à hipercalemia secundária: ao trauma e ao catabolismo (liberação do potássio intracelular); ao aumento da resistência à insulina; ao transporte de potássio para dentro da célula; e à acidose (geralmente discreta) decorrente da resposta orgânica ao trauma. Daí a conveniência de evitar a administração de potássio nas primeiras horas após o procedimento cirúrgico ou o trauma. • Aumento da resistência periférica à insulina e liberação de glicose pelo fígado: aumentando a hiperglicemia. o Considerando que, no pós-operatório imediato, a hiperglicemia tende a ser maior, a administração de 100g de glicose é suficiente. Com isso, será prevenido tanto o aparecimento de diurese osmótica (hiperglicemia), quanto o catabolismo exagerado de gorduras (cetose). No primeiro e segundo dias pós-operatórios, a intensidade da resposta orgânica ao trauma diminui, permitindo a infusão, respectivamente, de 150g/dia e 200g/dia de glicose. Nos casos dos pacientes diabéticos, o ideal é que se opere os mesmos no período da manhã, porque é o período que se está em jejum e, portanto, não existe necessidade de se administrar hipoglicemiantes orais e nem insulina. o Cirurgias eletivas não devem ser realizadas em pacientes diabéticos com a glicemia descontrolada, pois no pós-operatório a resposta ao trauma cursa com hiperglicemia e o paciente pode fazer uma cetoacidose. Se a operação destes pacientes for a tarde o paciente come pela manhã e aplica apenas parte da insulina. o Os hipoglicemiantes orais (metformina e glibenclamida, por exemplo), de certa forma provocam uma acidose no pós-operatório, então é indicado suspender cerca de 24 a 48 horas antes da cirurgia. Com isso o paciente chegará para o procedimento mais hiperglicêmico. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 21 CIRURGIA LÍVIO Não necessariamente a resposta endócrino-metabólica significa que não se pode administrar potássio, devendo esse ser avaliado sob critério clínico. O parâmetro clínico para administrar o potássio é a diurese. Etapas na prescrição da hidratação venosa a) Necessidades diárias básicas de água, eletrólitos e calorias; b) Balanço hídrico (zerado, + ou -); c) Redefinição das necessidades diárias: balanço hídrico, ganhos e perdas adicionais de eletrólitos; d) Prescrição (líquido endovenoso a ser prescrito = necessidade diária de água +/- balanço hídrico). Nos casos dos pacientes com balanço hídrico positivo, deve-se estimular a diurese do paciente, por meio de uso de diuréticos, e eventualmente fazer uso de albumina, quando a função renal estiver adequada. Exemplo: Paciente desnutrido ou em insuficiência renal, todo líquido fornecido se dirigia ao 3º espaço, sendo assim o balanço hídrico estava positivo pelo acúmulo de líquido, em razão da não excreção. No dia seguinte deve-se procurar zerar esse balanço. E quando o paciente começar a melhorar o estado nutricional ou da insuficiência renal, proceder a retirada do excesso de líquido. Para isso, usa-se mão da diurese, podendo oferecer um diurético ou albumina. O balanço após correção pode permanecer negativo a fim de resolver o problema. NECESSIDADES DIÁRIAS • Baseiam-se no peso corporal atual, no sexo do paciente e na distribuição dos eletrólitos nos diferentes compartimentos. • Apenas água, K, Na, Cl e glicose (caloria). Acima de seis dias, outros elementos, como proteínas, lipídios, magnésio, fosfato e vitaminas se fazem necessários. • Em quanto tempo (gotas por minuto)? Habitualmente o tempo máximo da prescrição é de 24 horas. o Se paciente está desidratado são possibilidades de resolução: correr mais rápido o soro (aumentando a velocidade de infusão), aumentar o volume, ou aumentar tanto o volume quanto a velocidade de infusão. o A definição da velocidade de infusão é a última coisa a se fazer. Ao final da prescrição, coloca-se: EV à X gotas/min ou EV 50mL/h na bomba de infusão ou EV à X microgotas/min. a) Água • 30-55 mL/Kg/dia. o 40 mL/Kg (homem). o 35 mL/Kg (mulher). o 30 mL/Kg/dia: idosos (acima de 65 anos), desnutridos, com doença cardiovascular, doença hepática ou renal. Paciente obeso (IMC > 25) deve-se considerar a necessidade com base no peso ideal. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 22 CIRURGIA LÍVIO o 55 ml/Kg/dia: atleta, pacientes com maior porte físico (maior massa magra maior quantidade de água necessária). b) Calorias Solução glicosada: • Normal/ dia: 30-35 Kcal/dia. • Pós-operatório: 340-680 Kcal/dia. • 1 g = 3,4 Kcal, então, 100-200 g/dia. Pós-operatório imediato 100 g (resposta orgânica ao trauma hiperglicemia) 1º dia de pós-operatório 150 g 2º dia de pós-operatório 200 g c) Sódio • Mais importante íon no movimentoda água entre os compartimentos orgânicos. • Idoso, hipertenso, cardiopata, IR: 1 mEq/Kg/dia. • Média (maioria dos adultos): 1,5 mEq/Kg/dia. d) Cloro • Acompanha Na e K na solução. • Necessidade diária de 1,5-2 mEq/Kg. e) Potássio • A necessidade diária é 1 mEq/Kg/dia. • O potássio utiliza a relação insulina:glicose para o seu transporte para dentro da célula, e esse transporte encontra-se prejudicado pela diminuição da ação periférica da insulina, aumentando ainda mais a concentração do potássio no extracelular. A oligúria causada pelo hormônio antidiurético e a acidose metabólica que se instala durante a fase catabólica da resposta orgânica ao trauma também contribuem para o aumento do potássio sérico. • Administrar após as primeiras 24 h (pois ainda está sob resposta metabólica ao trauma) ou, quando diurese maior que 600 ml/dia (25mL/hora). Mas esta avaliação depende do exame físico, de modo que paciente hígido que tem diurese menor pode receber, dependendo da causa que diminuiu a diurese; e também pode sofrer influência a depender do porte da cirurgia. BALANÇO HÍDRICO Balanço hídrico (BH): diferença entre o que o organismo ganha e o que ele perde. É fechado normalmente de 12/12 h. Obs.: não é necessário realizar balaço hídrico de todos os pacientes operados, pois pacientes hígidos e com boa função renal, um balanço hídrico positivo é capaz de ser eliminado pela diurese. Da mesma forma não preciso monitorar a diurese de todo paciente. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 23 CIRURGIA LÍVIO Ganhos: • Hidratação venosa real: a que foi efetivamente administrada, e não o prescrito (útil para se fazer um balanço hídrico mais preciso). • Hidratação oral: normalmente suspende o soro que, por sua vez, só é usado quando não está sendo suficiente só por via oral ou nos casos em que ingesta não está adequada. • Água endógena: 400-600 ml/dia (média: 500 ml/dia) água produzida pelo metabolismo basal. Perdas: • Diurese: diurese ideal 0,5 – 1ml/Kg/h. • Perdas insensíveis: 800 – 1200 ml/dia (média: 1000 ml) respiração e transpiração (o suor é registrado em cruz e pode sofrer influência da temperatura ambiente). • Perdas adicionais (extraordinárias) febre, taquicardia, fístula, vômitos, diarreias, ostomias (íleostomia é a ostomia que mais perde líquido, pois sai alto volume de líquido entérico – os pacientes que tem ileostomia definitiva existem técnicas cirúrgicas para minimizar a perda), laparostomia (manutenção do abdome aberto), catéter e drenos. Temperatura Corporal Temperatura Ambiente FR Reposição Hídrica Adicional < 38,4 < 30 < 35 Nenhuma 38,4 -39,4 30-35 > 35 500 ml/24 h > 39,5 > 35 ----------- 1000 ml/24 h Se as perdas do paciente forem constantes, mantendo um balanço hídrico negativo, faz-se um aumento dos ganhos. Podendo-se prever também um balanço negativo pela condição clínica do paciente e previamente já propondo uma administração com maior ganho. A administração de soro em casos de febre é subjetivo, dependendo da condição que o paciente se encontrar e sempre lembrando que é necessário a compreensão que em casos de perda é necessário a reposição. o Apenas um pico febril não se faz necessário a reposição. Muitos picos febris, recomenda-se reposição de +/- 500ml. É necessário manipular a prescrição de modo que o balanço fique favorável a situação do paciente, mesmo que o balanço hídrico por um tempo fique – ou +. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 24 CIRURGIA LÍVIO Obs.: Não precisa decorar, esses dados serão informados na prova. Balanço Hídrico + • Excesso de líquidos; • Administração aumentada p. ex. quando o paciente está sob hidratações oral e venosa e a oral for muito maior; • Retenção edema, crepitação; • Falta de eliminação (oligúria). Balanço Hídrico – • Reposição inadequada; • Perdas extraordinárias; • Aumento da diurese (retorno do líquido sequestrado); o Por exemplo administração de albumina que levará ao retorno do líquido para a circulação aumento da diurese. Em ambiente de CTI, isso nos diz que o paciente está melhorando da desnutrição. REDEFINIÇÃO DAS NECESSIDADES • BH + ou – em 300 ml/24h (equilibrado/zerado): não mexer. o Mas se o BH deu – 400 ml/24h, repõe 400 ml/24h. • Repor antecipadamente quando prevê grande perda (por exemplo em caso de fístula e diarreia). • Eletrólitos e água: na diluição de medicamentos, ATB (penicilina G cristalina), por exemplo. o Penicilina G cristalina potássica: 1.000.000 U = 1,7 mEq de K; deve ser diluída em solução salina 0,9% (20 mL para cada 1.000.000 U). Se eu forneço 5.000.000 de 6 em 6 horas, a cada 6h eu estou fornecendo 100 GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 25 CIRURGIA LÍVIO mL, em 24 horas eu forneço 400 mL. Se ao invés de 20 eu diluir em 25 mL, em 24h eu forneço 500 mL de soro para diluir a penicilina cristalina. 500 mL de soro fisiológico tem 77 mEq de Na+. Se eu forneci 500 mL de soro fisiológico para diluir a penicilina e a necessidade diária é de 1,5 mEq/Kg e o paciente pesa 70Kg, a necessidade diária básica é 105 então eu irei apenas completar isso. o Cetoprofeno tem que ser diluído em 250 mL de soro fisiológico 0,9%. Se fixo de 12/12h, você fornecerá 500 mL por dia de soro (77 mEq de Na+). Se você deu o cetoprofeno + penicilina só para a diluição, você forneceu 1.000 mL de soro fisiológico. Assim no momento que for calcular a necessidade diária, de cara já tem que diminuir o tanto que foi fornecido, no caso: 77 x 2 = 144 mEq de sódio, mas o paciente pesa 70Kg e a necessidade é 105 mEq, essa pequena quantidade que você fornecerá a mais não fará diferença. o Faz diferença se um paciente de 70Kg com necessidade diária básica de 2800 mL/dia de água, arredonda-se a prescrição para 3.000 mL, que serão 6 frascos de soro, 480 mEq de sódio para uma necessidade de 105 mEq. Se o paciente não for hígido, pode-se leva-lo ao óbito. Por isso em caso de necessidade de reposição de água, dá-se soro glicosado e não soro fisiológico. Se paciente hipotenso, pode-se prescrever soro fisiológico. • Trauma: o Mínimo: 6 ml/kg/h o Moderado: 8 ml/Kg/h o Intenso: 10 ml/Kg/h o Média: 500 ml/h PRESCRIÇÃO • Necessário sempre fazer um padrão: o SGI 5% (soro glicosado isotônico): normalmente disponível em frascos de 500ml. o SGH 50% (soro glicosado hipertônico). o SF 0,9% (soro fisiológico) (sódio e cloro 77 mEq/500ml). Soluções disponíveis (apresentações): • SGI 5%: 500 mL 25 g de glicose; • SGH 50%: 20 mL 10 g de glicose; • SF 0,9%: 500 mL 77 mEq Na+; • NaCl 20%: 10 mL 34 mEq Na+; • NaCl 10%: 10 mL 17 mEq Na+; • KCl 10%: 10 mL 13,4 de mEq K+; • NaHCO3 5%: 250 mL 0,6 mEq/ml (não precisa saber) • NaHCO3 8,4%: 10 mL 1 mEq/ml (não precisa saber) GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 26 CIRURGIA LÍVIO Exemplo: necessidade de administrar 2000mL. Esquemas de soro I II III IV SGI 5% (caloria + hidratação) 500 500 500 500 SGH 50% (caloria) 10 10 10 10 NaCl 10% ou 20% 10 10 0 10 KCl 10% 10 10 0 10 SGI 5% 500 + 500 + 500 + 500 mL SGH 50% 10 + 10 + 10 + 10 mL NaCl 10% 10 + 10 + 0 + 10 mL KCl 10% 10 + 10 + 0 + 10 mL E.V. na velocidade 40 gotas/min. Velocidade de gotejamento: A hidratação venosa pós-operatória, calculada com base nas necessidades diárias do paciente, deve ser prescrita para correr em 24 horas. Dessa forma, utiliza-se o cálculo: EXERCÍCIO 1. Paciente, sexo masculino, 60 anos, 70 Kg, hígido, submetido a uma gastrectomia parcial com uma reconstrução em alça exclusa em Y de Roux, devido a câncer gástrico, no pré-operatório foi posicionado uma sonda nasogástrica,um cateter vesica de demora e um dreno no flanco esquerdo. O Balanço hídrico foi zerado pelo anestesista. A cirurgia terminou às 12 horas do mesmo dia. E você faz a prescrição todo dia as 7 horas da manhã. Sabendo que 1 litro de suco gástrico tem 20 mEq de sódio e 30 mEq de potássio, faça a prescrição do pós-operatório. a) Prescrição do pós-operatório imediato b) No pós-operatório imediato, paciente apresentou uma diurese de 700 ml e 800 ml de drenagem pela SNG. Faça a prescrição do 1º DPO. c) No 1º DPO paciente apresentou 600 ml de diurese e 500 ml de drenagem de SNG. Apresentou 3 picos febris de 38,2, por esse motivo você resolveu medicá- GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 27 CIRURGIA LÍVIO lo com penicilina cristalina 4.000.000 de 6/6h. Sabendo que a penicilina deve ser diluída em 25 ml a cada 1.000.000. Prescrição do 2º DPO. Prescrição: 1. Dieta oral suspensa. 2. Dados Vitais: PA, FC e FR de 6/6 horas. 3. Balanço Hídrico de 12/12h ou anotar débito de SNG e aspecto da secreção, medir diurese de 12 em 12 horas. 4. Cuidados gerais: cabeceira elevada 30 graus. 5. Medicamentos: antitérmico (dipirona, 1 ampola EV de 6/6 horas, em caso de dor ou Tax > 37,8ᵒC), analgésico e antieméticos (metoclopramida, 1 amp. EV, em caso de vômito em até 6/6h), inibidor de bomba (omeprazol, 40mg, 1 amp, 1 vez ao dia) e heparina. 6. Hidratação. 2. Paciente masculino, 60 anos, 70 kg, hipertenso controlado. Submetido a duodenopancreatectomia cefálica devido a neoplasia de pâncreas. A cirurgia terminou as 13 horas e o anestesista disse que o balanço ficou positivo em 400 ml. Faça a prescrição da hidratação do pós operatório imediato. a. No pós operatório imediato paciente apresentou diurese de 800 ml e drenagem de 800 ml pela SNG. Cada 1 litro de suco gástrico tem drenagem pela sonda de 20mEq de sódio e 16 mEq de potássio. Faça a hidratação venosa do 1º DPO. b. No 1º DPO teve diurese de 500ml e 500 ml de drenagem pela SNG. Começou a ter febre de 38,5 em 3 períodos. Faça a hidratação venosa do 2º DPO. c. No 2º DPO foi feito diagnostico de infecção urinaria e iniciado ciprofloxacino de 8/8hs. Esta medicação deve ser diluída em 150 ml de SF a 0,9 %. Faça a hidratação do 3º DPO. 3. Paciente de 48 anos, sexo feminino, 60kg, submetida a tratamento cirúrgico de estenose pilórica, sem intercorrências anestésico-cirúrgicas. Calcular as necessidades diárias da paciente e prescrever a hidratação venosa para o pós- operatório imediato. 1º DPO: No pós-operatório imediato, essa paciente apresentou diurese de 900mL. Considerar, a título de exercício, que o volume prescrito no pós-operatório imediato foi o realmente infundido. Iniciam-se, novamente, as quatro etapas da hidratação venosa: 2º DPO: No 1º DPO, a paciente apresentou diurese de 1.200mL e dois episódios de vômitos de aproximadamente 300mL cada um. 3º DPO: No 2º DPO, a paciente evoluiu com crepitações no terço inferior de ambos os hemitóraces, tosse produtiva e temperatura axilar de 38,5ºC. Em decorrência dos vômitos do dia anterior, foi cuidadosamente posicionado cateter nasogástrico, que GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEAM p. 28 CIRURGIA LÍVIO drenou 900mL nesse período. A paciente apresentou diurese de 1.200mL. Na manhã do 3º DPO, iniciou-se esquema antimicrobiano que incluía penicilina cristalina 4.000.000U de 4/4 horas. A bacterioscopia do escarro evidenciou a presença de Streptococcus pneumoniae. 4º DPO: No 3º DPO, a paciente apresentou temperatura axilar máxima de 37,8ºC. Foi mantido o uso da penicilina cristalina e retirado o cateter nasogástrico. A paciente apresentou diurese de 1.100mL e vômitos de 500mL. A temperatura ambiente permaneceu na faixa de 33ºC. 4. Paciente do sexo masculino, 52 anos, 67kg, carpinteiro, leucodérmico admitido em serviço de urgência com úlcera duodenal perfurada e ferimento na perna direita com objeto enferrujado (suspeita de contaminação por tétano), 48 horas após o início dos sintomas. Após a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, foi feita a prescrição de 5.000.000U de penicilina cristalina G potássica de 4/4h (30.000.000U), gentamicina (240mg, 24/24h), metronidazol (500mg, 8/8h) e o paciente foi encaminhado à operação. Nesse procedimento, que durou três horas e meia (três horas de cavidade aberta), foram feitos desbridamento das bordas da úlcera, duodenorrafia, omentoplastia, lavagem da cavidade e colocação de dreno sub-hepático. Apesar de não ser mais conduta habitual, optou-se, nesse caso, por manter cateter nasogástrico (CNG) para descompressão. No peroperatório, foram administrados 1.000mL de Ringer e 500mL de SGI5%. 1º DPO: O paciente recebeu nas últimas 24horas 2.600mL de líquido endovenoso (2.000mL de soroterapia e 600mL da solução salina para diluição da penicilina cristalina), apresentou diurese de 1200mL e drenagem pelo CNG de 1.000mL. Iniciam-se, novamente as quatro etapas da hidratação venosa: 2º DPO: O paciente recebeu, nas últimas 24horas, 2.600mL de líquido endovenoso (2.000mL de soroterapia e 600mL da solução salina para diluição da penicilina cristalina), apresentou diurese de 1200mL e drenagem pelo CNG de 1.500mL. Iniciam-se, novamente, as quatro etapas da hidratação venosa:
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