Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LESÃO E MORTE CELULAR VISÃO GERAL DAS RESPOSTAS CELULARES AO ESTRESSE E AOS ESTÍMULOS NOCIVOS • Normalmente, as células mantêm um estado normal chamado homeostasia . • Quando encontram um estresse fisiológico ou um estímulo patológico, podem sofrer uma adaptação, alcançando um novo estado cons- tante, preservando sua viabilidade e função. ADAPTAÇÕES CELULARES AO ESTRESSE • As adaptações são alterações reversíveis em: - número, - tamanho, - fenótipo, - atividade metabólica ou das funções celulares em resposta às alterações no seu ambiente. • Existem 2 tipos de adaptações celulares ao estresse: Fisiológicas e Patológicas • As adaptações fisiológicas normalmente representam respostas celulares à estimulação normal pelos hormônios ou mediadores químicos endógenos (histaminas, serotoninas, etc.) Ex.: o aumento da mama e do útero, induzido por hormônio, durante a gravidez. • As adaptações patológicas são respostas ao estresse que permitem às células modularem sua estrutura e função escapando, assim, da lesão. • Tais adaptações podem ter várias formas distintas: a) hipertrofia, b) hiperplasia, c) atrofia, e d) metaplasia. HIPERTROFIA • A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. • Não existem células novas, apenas células maiores, contendo quantidade aumentada de proteínas estruturais e de organelas. • Na hipertrofia as células possuem capacidade limitada de se dividir. • Há 2 tipos de hipertrofia: a) Fisiológicas b) Patológicas • É causada pelo aumento da demanda funcional ou por fatores de crescimento ou estimulação hormonal específica. • Exemplo de hipertrofia fisiológica: Durante a gravidez, o aumento fisiológico maciço do útero ocorre como consequência da hipertrofia e hiperplasia do músculo liso estimulado pelo estrogênio. Aparência macroscópica do útero normal (direita) e do útero grávido removido por hemorragia pós-parto (esquerda). B. Células musculares lisas uterinas, pequenas e fusiformes de útero normal. C, Células musculares lisas de útero grávido, roliças, grandes e hipertrofiadas, comparadas com B. (B e C no mesmo aumento.) • Exemplo de hipertrofia patológica: aumento cardíaco que ocorre com hipertensão ou doença de valva aórtica O paciente tem hipertensão arterial (pressão alta) Coração trabalha sob maior pressão (sob maior resistência) Quanto maior a pressão arterial, maior a resistência periférica O coração tem que vencer uma resistência do sangue, para bombear o sangue adequadamente Para isso ocorrer, o coração tem que fazer mais força para bombear o sangue Com o passar do tempo, as células miocárdicas, vent. esquerdo, vão aumentando de tamanho HIPERPLASIA • É caracterizada por aumento do número de células devido à proliferação de células diferenciadas e substituição por células-tronco do tecido. • É uma resposta adaptativa em células capazes de replicação • A hipertrofia e a hiperplasia podem também ocorrer juntas e, obviamente, ambas resultam em órgão aumentado (hipertrófico); • ocorre se o tecido contém populações celulares capazes de se dividir; • ocorre simultaneamente com a hipertrofia e sempre em resposta ao mesmo estímulo. • A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica. • Em ambas as situações, a proliferação celular é estimulada por fatores de crescimento que são produzidos por vários tipos celulares. • Os dois tipos de hiperplasia fisiológica são: 1) hiperplasia hormonal, exemplificada pela proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez; 2) hiperplasia compensatória, na qual cresce tecido residual após a remoção ou perda da porção de um órgão. • A maioria das formas de hiperplasia patológica é causada por estimulação excessiva hormonal ou por fatores do crescimento. • Exemplo: Causas da hiperplasia do endométrio • A hiperplasia do endométrio é causada pela exposição excessiva ao hormônio estrogênio e isto pode ocorrer nos seguintes casos: - Não ovular todos os meses devido a síndrome dos ovários policísticos; - Realizar a terapia de reposição hormonal utilizando somente o hormônio estrogênio; - Diagnóstico anterior de tumor no ovário. • É importante notar que, em todas essas situações, o processo hiperplásico permanece controlado; • Se os sinais que a iniciam cessam, a hiperplasia desaparece. • É essa sensibilidade aos mecanismos de controle de regulação normal que diferencia as hiperplasias patológicas benignas das do câncer, no qual os mecanismos de controle do crescimento tornam-se desregulados ou ineficazes. • Contudo, em muitos casos, a hiperplasia patológica constitui um solo fértil no qual o câncer pode surgir posteriormente. • Por exemplo, pacientes com hiperplasia do endométrio têm risco aumentado de desenvolver câncer endometrial ATROFIA • É a diminuição do tamanho da célula, pela perda de substância celular. • Quando um número suficiente de células está envolvido, todo o tecido ou órgão diminui em tamanho, tornando-se atrófico. • Deve ser enfatizado que, embora as células atróficas tenham sua função diminuída, elas não estão mortas. Exemplo de Atrofia • As causas da atrofia incluem: 1. a diminuição da carga de trabalho (p. ex., a imobilização de um membro para permitir o reparo de uma fratura), 2. a perda da inervação, 3. a diminuição do suprimento sanguíneo, 4. a nutrição inadequada, 5. a perda da estimulação endócrina, e 6. o envelhecimento (atrofia senil). • Elas representam uma retração da célula para um tamanho menor, no qual a sobrevivência seja ainda possível; • Um novo equilíbrio é adquirido entre o tamanho da célula e a diminuição do suprimento sanguíneo, da nutrição ou da estimulação trófica. METAPLASIA • Metaplasia é uma alteração reversível na qual um tipo celular adulto (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular adulto. • Nesse tipo de adaptação celular, uma célula sensível a determinado estresse é substituída por outro tipo celular mais capaz de suportar o ambiente hostil. • Acredita-se que a metaplasia surja por uma reprogramação de células-tronco que se diferenciam ao longo de outra via, em vez de uma alteração fenotípica (transdiferenciação) de células já diferenciadas. Transforma um tipo celular em outro • A metaplasia epitelial é exemplificada pela mudança escamosa que ocorre no epitélio respiratório em fumantes habituais de cigarros RESUMO E se os limites da resposta adaptativa forem ultrapassados ? LESÃO E MORTE CELULAR • Ocorre quando as células são estressadas tão excessivamente que não são mais capazes de se adaptar ou quando são expostas a agentes lesivos ou são prejudicadas por anomalias intrínsecas (ex., no DNA ou nas proteínas). • Os diferentes estímulos lesivos afetam muitas vias metabólicas e organelas celulares. A lesão pode progredir de um estágio reversível e culminar em morte celular. Lesão celular reversível • Nos estágios iniciais ou nas formas leves de lesão, as alterações morfológicas e funcionais são reversíveis se o estímulo nocivo for removido. • Nesse estágio, embora existam anomalias estruturais e funcionais significativas, a lesão ainda não progrediu para um dano severo à membrana e dissolução nuclear.Causas da lesão celular • Agentes físicos • Trauma mecânico • Variação extrema de temperatura • Variação de pressão atmosférica • Radiações • Choques elétricos Causas da lesão celular • Agentes químicos • Glicose ou sal em soluções hipertônicas • Venenos • Poluentes do ar • Drogas • Privação de oxigênio A hipóxia, ou deficiência de oxigênio, interfere com a respiração oxidativa aeróbica e constitui uma causa comum e extremamente importante de lesão e morte celulares. Causas da lesão celular • A hipoventilação leva a insuficiência de oxigênio inadequada pelos pulmões e um acúmulo de dióxido de carbono no sangue, ambos que contribuem para hipoxemia. • A hipoventilação pode ocorrer por muitas razões, incluindo: - supressão respiratória de sinalização do cérebro devido à toxicidade de drogas ou álcool, ou uma lesão cerebral - condições do sistema nervoso que interferem com sinais respiratórios do cérebro. - impedimentos físicos à respiração normal, como a obesidade extrema, um pulmão em colapso ou várias costelas quebradas. • Agentes infecciosos Esses agentes variam desde vírus submicroscópicos a tênias grandes; entre eles estão as riquétsias, as bactérias, os fungos e os protozoários. Causas da lesão celular • Reações Imunológicas Embora o sistema imune defenda o corpo contra micróbios patogênicos, as reações imunes podem também resultar em lesão à célula ou ao tecido. Os exemplos incluem as reações autoimunes contra os próprios tecidos e as reações alérgicas contra substâncias ambientais, em indivíduos geneticamente suscetíveis. Causas da lesão celular • Agentes Químicos Enorme número de substâncias químicas que podem lesar as células é amplamente conhecido; Mesmo substâncias inócuas, como glicose, o sal ou mesmo água, se absorvidas ou administradas em excesso podem perturbar o ambiente osmótico, resultando em lesão ou morte celular. Causas da lesão celular • Fatores genéticos - As anomalias genéticas resultam em alterações patológicas como nas malformações congênitas. - Estas anomalias causam deficiência de proteínas funcionais (Catálise enzimática; transporte, defesa, etc.) Causas da lesão celular . • Desequilíbrios Nutricionais As deficiências protéico-calórica ou excesso nutricionais são as principais causas de lesões celulares. Causas da lesão celular • Envelhecimento A senescência celular leva a alterações nas habilidades replicativas e de reparo das células e tecidos. Essas alterações levam à diminuição da capacidade de responder ao dano e, finalmente, à morte das células e do organismo. Causas da lesão celular PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA LESÃO REVERSÍVEL As duas principais características morfológicas da lesão celular reversível são a tumefação celular e a degeneração gordurosa. • Tumefação: falha da bomba de íons dependente de energia. Acúmulo intracelular de água. • Degeneração gordurosa: surgimento de vacúolos lipídicos grandes no citoplasma. Tumefação • É a primeira manifestação de quase todas as formas de lesão celular. • É uma alteração morfológica reversível, de difícil observação na microscopia óptica, podendo ser mais visível ao nível do órgão inteiro. • Quando afeta muitas células em um órgão, causa alguma palidez (resultante da compressão dos capilares), aumento do turgor e aumento do peso do órgão. • O exame microscópico pode revelar pequenos vacúolos claros dentro do citoplasma que representam segmentos distendidos e separados do retículo endoplasmático. • Esse padrão de lesão não letal às vezes é chamado de alteração hidrópica ou degeneração vacuolar. Exemplo de Tumefação • Acúmulo de água nos hepatócitos. • Citoplasma claro. Hepatócitos normais Hepatócitos em choque Degeneração Gordurosa • é manifestada pela presença de vacúolos lipídicos no citoplasma. Ela é encontrada principalmente em células que participam do metabolismo da gordura (p. ex., hepatócitos e células miocárdicas) e também é reversível. MORTE CELULAR • Quando uma célula é exposta a um estresse muito grande, pode-se desenvolver nela algum tipo de lesão irreversível. • Através de: - Danos diretos na membrana plasmática e/ou estruturas celulares - Estresse oxidativo provocando danos irreversíveis na célula - Perda da homeostasia do Ca++ • Essas lesões, por não serem reparáveis pelos mecanismos celulares acarretam em isquemia, infecções, reações imunes e outras situações que levam, por fim, a morte celular. • Existem 2 tipos de morte celular, a NECROSE e a APOPTOSE, que são diferentes entre si em diversos aspectos. MORTE CELULAR NECROSE MORTE AUTOFÁGICA APOPTOSE ACIDENTAL PROGRAMADA NECROSE • É o tipo de morte celular que está associado à perda da integridade da membrana e extravasamento dos conteúdos celulares, culminando na dissolução das células, resultante da ação degradativa de enzimas nas células lesadas letalmente. Necrosis, do grego Nekros = morte; Osis = estado alterado de saúde "Morte de uma célula ou de parte de um tecido em um organismo vivo". – INCAPAZES DE MANTER A INTEGRIDADE DA MEMBRANA – EXTRAVASSAMENTO DO CONTEÚDO – ENZIMAS DERIVADAS DOS LISOSSOMOS OU DOS LEUCÓCITOS Necrose AUTOFAGIA • A autofagia (“comer a si próprio”) refere-se à digestão lisossômica dos próprios componentes da célula. • Constitui mecanismo de sobrevivência, em períodos de privação de nutrientes, de tal modo que a célula privada de alimento sobrevive ingerindo seu próprio conteúdo e recicla os conteúdos ingeridos para fornecer nutrientes e energia. Com o tempo, a célula privada de nutrientes não perdurará canibalizando a si mesma • Os conteúdos celulares que escapam sempre iniciam uma reação local do hospedeiro, conhecida como inflamação, no intuito de eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo subsequente. Necrose • As enzimas responsáveis pela digestão da célula são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória às células mortas. Necrose Padrões de Necrose Tecidual • A necrose de um conjunto de células, em um tecido ou órgão, resulta em morte de todo o tecido e, algumas vezes, do órgão inteiro. • Existem vários padrões morfológicos distintos de necrose tecidual, os quais podem fornecer pistas sobre a causa básica. Necrose Tipos de Necrose Tecidual - COAGULATIVA - LIQUEFATIVA - GANGRENOSA - CASEOSA - GORDUROSA - FIBRINÓIDE Necrose Necrose de Coagulação • É a forma de necrose tecidual na qual a arquitetura básica dos tecidos mortos é preservada por, pelo menos, alguns dias. • Também conhecida como Necrose Isquêmica. • Os tecidos afetados adquirem textura firme. • Causada por isquemia do local. • É frequentemente observada nos infartos isquêmicos. Necrose • Há perda da nitidez dos elementos nucleares e manutenção do contorno celular devido à permanência de proteínas coaguladas no citoplasma, sem haver rompimento da membrana celular. Necrose • A lesão desnatura não apenas as proteínas estruturais, como também as enzimas, bloqueando assim a proteólise das células mortas; • como resultado, células anucleadas e eosinofílicas persistem por dias ou semanas. • Os leucócitos são recrutados para o sítio da necrose e suas enzimas lisossômicas digerem as células mortas. • A necrosede coagulação é característica de infartos (áreas de necrose isquêmica) em todos os órgãos sólidos, exceto o cérebro. Necrose Necrose por Liquefação • É observada em infecções bacterianas focais ou, ocasionalmente, nas infecções fúngicas, porque • os micróbios estimulam o acúmulo de células inflamatórias e as enzimas dos leucócitos a digerirem (“liquefazer”) o tecido. Necrose • Seja qual for a patogenia, a liquefação digere completamente as células mortas, resultando em transformação do tecido em uma massa viscosa líquida. Necrose • Finalmente, o tecido digerido é removido por fagocitose. Se o processo foi iniciado por inflamação aguda, como na infecção bacteriana, o material é frequentemente amarelo cremoso e é chamado de pus. Necrose Necrose Grangrenosa • Em geral, é aplicado a um membro, comumente a perna, que tenha perdido seu suprimento sanguíneo e que sofreu necrose de coagulação, envolvendo várias camadas de tecido. Necrose • Quando uma infecção bacteriana se superpõe, a necrose de coagulação é modificada pela ação liquefativa das bactérias e dos leucócitos atraídos (resultando na chamada gangrena úmida). Necrose Necrose Caseosa • É encontrada mais frequentemente em focos de infecção tuberculosa. • O termo caseoso (semelhante a queijo) é derivado da aparência friável branco-amarelada da área de necrose. Necrose • Diferentemente da necrose de coagulação, a arquitetura do tecido é completamente obliterada, e os contornos celulares não podem ser distinguidos. Necrose • A área de necrose caseosa é frequentemente encerrada dentro de uma borda inflamatória nítida; essa aparência é característica de um foco de inflamação conhecido como granuloma. Necrose Necrose Gordurosa • Refere-se a áreas focais de destruição gordurosa; • Necrose do tecido adiposo, mais comum na pele (hipoderme), mama, retroperitônio e epíploo (alça do peritônio). • Lesões traumáticas, isquêmicas ou químicas podem levar à ruptura de células adiposas. Necrose • O exemplo mais observado é na pancreatite aguda. - A ação de lipases pancreáticas libera ácidos graxos dos triglicérides e estes reagem com íons Ca++ dos líquidos intersticiais formando sabões insolúveis de cálcio, que têm aspecto semelhante a cera de vela (saponificação da gordura). Necrose Necrose Frimbrinoide • É uma forma especial de necrose, visível à microscopia óptica, geralmente observada nas reações imunes, nas quais complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes das artérias. Necrose MECANISMOS DA LESÃO CELULAR • Os mecanismos biológicos que ligam determinada lesão com as manifestações celulares e tissulares resultantes são complexos, interconectados e intimamente intercombinados com muitas vias metabólicas intracelulares. a) A resposta celular ao estímulo nocivo depende do tipo de lesão, sua duração e sua gravidade. • Pequenas doses de toxina ou breves períodos de isquemia podem levar a lesão celular reversível, enquanto altas doses de toxina ou isquemia mais prolongada podem resultar em lesão celular irreversível e morte celular. b) As consequências de um estímulo nocivo dependem do tipo, status, adaptabilidade e fenótipo genético da célula lesada. • A mesma lesão gera diferentes resultados dependendo do tipo celular; Ex.: o músculo estriado esquelético da perna se acomoda à isquemia completa por 2-3 horas sem lesão irreversível, ao passo que o músculo cardíaco morre depois de apenas 20-30 minutos. • O estado nutricional ou hormonal também pode ser importante; Ex.: um hepatócito repleto de glicogênio poderá tolerar a isquemia muito melhor do que um hepatócito que tenha acabado de consumir sua última molécula de glicose. A lesão celular resulta de alterações bioquímicas e funcionais em um ou mais dos vários componentes celulares essenciais • Os alvos mais importantes dos estímulos nocivos são: (1) as mitocôndrias e sua habilidade em gerar ATP e ERO em condições patológicas; (2) desequilíbrio na homeostasia do cálcio; (3) danos às membranas celulares (plasmática e lisossômica); (4) danos ao DNA e ao dobramento das proteínas. a) Depleção de ATP As principais causas de depleção de ATP são: - a redução do suprimento de oxigênio e nutrientes, - o dano mitocondrial e - as ações de algumas toxinas (ex., cianeto). Principais mecanismos de lesão celular . • A depleção significativa de ATP tem amplos efeitos em muitos sistemas celulares críticos: - bomba de sódio na membrana plasmática dependente de ATP é reduzida; - aumento compensatório na glicólise anaeróbica, na tentativa de manter as fontes de energia celular; - A falência na bomba de Ca2+ leva ao influxo de Ca2+, com efei- tos danosos em vários componentes celulares; b) Danos e Disfunções Mitocondriais •As mitocôndrias podem ser vistas como “minifábricas” que produzem energia de sustentação da vida, na forma de ATP, mas são também componentes críticos da lesão e morte celular. • As mitocôndrias são sensíveis a vários tipos de estímulos nocivos, incluindo hipóxia, toxinas químicas e radiação. Influxo de Cálcio (isquemia e certas toxinas) Acúmulo de Radicais Livres Derivados do Oxigênio (Estresse Oxidativo) • Os radicais livres são espécies químicas que possuem um único elétron não pareado em órbita externa. • Tais estados químicos são extremamente instáveis e reagem prontamente com químicos orgânicos e inorgânicos; • quando gerados nas células, atacam avidamente os ácidos nucleicos, assim como uma variedade de proteínas e lipídios celulares. • Em muitas circunstâncias, a lesão celular envolve danos causados pelos radicais livres; essas situações incluem: - a lesão de isquemia-reperfusão, - a lesão química e por radiação, - a toxicidade do oxigênio e outros gases, - o envelhecimento celular, - a destruição dos micróbios pelas células fagocíticas, - a lesão tecidual causada por células inflamatórias. APOPTOSE A apoptose é uma via de morte celular, induzida por um programa de suicídio estritamente regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu próprio DNA e as proteínas nucleares e citoplasmáticas. • A membrana plasmática da célula apoptótica permanece intacta, mas é alterada de tal maneira que a célula e seus fragmentos tornam- se alvos atraentes para os fagócitos. • Rapidamente, as células mortas e seus fragmentos são removidos antes que seus conteúdos extravasem e, por isso, a morte celular por essa via NÃO induz uma reação inflamatória no hospedeiro. Apoptose Causas da Apoptose • A apoptose ocorre normalmente em muitas situações e funciona para eliminar células potencialmente prejudiciais e células que tenham sobrevivido mais que sua utilidade. • Pode ocorrer em virtude de estímulos fisiológicos normais, quando então é útil para manter o equilíbrio interno do organismo, ou por causas patológicas. Apoptose Eliminação de membranas interdigitais • EM MAMÍFEROS, CERCA DE 100.000 CÉLULAS SÃO PRODUZIDAS A CADA SEGUNDO ATRAVÉS DE MITOSE E UM NÚMERO SIMILAR MORRE POR APOPTOSE (VAUX AND KORSMEYER, 1999, CELL) Apoptose em Situações Fisiológica • A morte por apoptose é um fenômeno normal que funciona para eliminar as células que não são mais necessárias e para manter, nos tecidos, um número constante das várias populações celulares. ApoptoseDestruição programada de células durante a embriogênese. Todo o mecanismo de transformação no embrião humano, como o desaparecimento de membranas interdigitais, fendas faríngeas e tubulização do intestino deve-se à apoptose Apoptose Involução de tecidos hormônios-dependentes sob privação de hormônio •Exemplo: célula endometrial, que se desprende durante o ciclo menstrual, e a regressão da mama após o desmame. Apoptose Perda celular em populações celulares proliferativas •Exemplo: o epitélio de cripta intestinal, mantendo assim um número constante Apoptose Morte de células que já tenham cumprido seu papel •Exemplo: os neutrófilos na resposta inflamatória aguda e os linfócitos, ao término da resposta imune. •Nessas situações, as células sofrem apoptose porque estão privadas dos sinais de sobrevivência necessários, como os fatores de crescimento. Eliminação de linfócitos autorreativos potencialmente nocivos •antes ou depois de eles terem completado sua maturação, para impedir reações contra os tecidos da própria pessoa Morte celular induzida por linfócitos T citotóxicos um mecanismo de defesa contra viroses e tumores que mata e elimina células neoplásicas e infectadas por vírus. Apoptose em Condições Patológicas • A apoptose elimina células que estão geneticamente alteradas ou lesadas de modo irreparável, sem iniciar uma reação severa no hospedeiro, mantendo mínima a lesão tecidual. Lesão de DNA A radiação, as drogas citotóxicas anticâncer, os extremos de temperatura e mesmo a hipóxia podem lesar o DNA diretamente ou através da produção de radicais livres. Acúmulo de proteínas anormalmente dobradas •As proteínas impropriamente dobradas podem surgir de mutações nos genes que codificam essas proteínas ou devido a fatores extrínsecos, como a lesão causada por radicais livres. •O acúmulo excessivo dessas proteínas no RE leva a uma condição conhecida como estresse do RE, que culmina em morte apoptótica das células. Lesão celular em certas infecções •particularmente as infecções virais, nas quais a perda de células infectadas é devida em grande parte à morte apoptótica que pode ser induzida pelo vírus (como nas infecções por adenovírus e vírus da imunodeficiência humana) ou pela resposta imune do hospedeiro (como na hepatite viral). Atrofia patológica no parênquima de órgãos após obstrução de ducto •como ocorre no pâncreas, na parótida e no rim. VIAS DE INDUÇÃO DE APOPTOSE VIA INTRÍSECA DE INDUÇÃO DE APOPTOSE VIA EXTRÍNSECA DE INDUÇÃO DE APOPTOSE DURAÇÃO da LESÃO CELULAR • Todos os estresses e influências nocivas exercem seus efeitos, primeiro, em nível molecular ou bioquímico. • A função celular pode ser perdida antes que ocorra a morte celular, e as alterações morfológicas na lesão (ou morte) celular surgem mais tarde. • Os desarranjos celulares da lesão reversível podem ser reparados e, se o estímulo nocivo cessa, a célula retorna à sua normalidade. • Os eventos que determinam quando a lesão reversível torna-se irreversível e progride para a morte celular permanecem pouco compreendidos. • Se as alterações bioquímicas e moleculares que antecipam a morte celular puderem ser identificadas com precisão, é possível traçar estratégias para prevenir a transição de lesão celular reversível para irreversível. • Dois fenômenos caracterizam consistentemente a irreversibilidade: 1- a incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (perda da fosforilação oxidativa e geração de ATP) mesmo depois da resolução da lesão original; e 2- os profundos distúrbios na função da membrana. • A lesão nas membranas lisossômicas leva à dis- solução enzimática da célula lesada, que é a característica da necrose.
Compartilhar