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Contestação em Ação de Despejo

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MM. JUÍZO DA 1ª VARA CÍVEL DE JUIZ DE FORA-MG
Processo nº __________
ERNESTO GONÇALVES, (nacionalidade), (estado civil), (ocupação), (portador da carteira de identidade nº..., expedida pelo...), (inscrito no CPF/MF sob o nº...), (endereço eletrônico), (residente e domiciliado), Juiz de Fora-MG, por seu advogado, com endereço profissional na Rua A, 111, Bairro Ponta Verde, Maceió-AL, onde deverá ser intimado para dar andamento aos atos processuais, nos autos da presente ação, pelo procedimento comum, movida por MARIANA PONTES, já devidamente qualificada na inicial, vem a este juízo apresentar,
CONTESTAÇÃO
para expor e requerer o que segue:
I – PRELIMINARES
DA AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE
	O artigo 17 do Código de Processo Civil – CPC vigente exige interesse e legitimidade para se invocar a tutela jurisdicional, pois afirma: Art. 17.  Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
	Corrobora tal entendimento o artigo 18 do mesmo código, que apresenta vedação à postulação de direito alheio em nome próprio: Art. 18.  Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
	É imperioso mencionar que sobre os imóveis doados não se constituiu qualquer ônus, desta forma os mesmos não figuravam como bens garantidores da possível satisfação da obrigação afiançada.
	Tem-se, assim, como evidente que a autora não guarda qualquer relação, benéfica ou prejudicial, com a doação realizada, portanto, não sendo parte legítima para a presente demanda, já que esta não abrange de qualquer forma direito da mesma. 
	Nestes termos, requer o reconhecimento da ilegitimidade ativa e, por conseguinte, a extinção da ação sem resolução do mérito, conforme reza o artigo 485, VI do CPC.
II - DOS FATOS
	O requerido efetuou doação de dois imóveis, localizados em Campo Grande-MT, aos seus dois filhos, João Mendes Gonçalves e José Mendes Gonçalves, com a devida anuência de ambos, em 06/01/2011, data esta do registro no cartório competente.
	O mesmo assumiu a posição de fiador de contrato de locação, ainda vigente, entre o Sr. Mauro Canteiros e a requerente, havendo inadimplência daquele desde 06/04/2014 e tal fato sendo objeto de ação de despejo que tramita na 1ª Vara Cível da Comarca de Juiz de Fora desde 09/07/2014.
III - DOS FUNDAMENTOS
Inicialmente, convém salientar que a doação é negócio jurídico caracterizado pela transferência voluntária de bens ou vantagens de uma pessoa a outra, consoante artigo 538 do CC/02: Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
	O requerido realizou doação de imóveis de sua propriedade aos seus dois filhos através de escritura pública, conforme preceitua o artigo 541 do CC/02, onde temos: Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. (grifo nosso)
	Destaque-se que o supracitado documento translativo de propriedade foi levado ao registro cartorário competente em 06/01/2011, assim, atentando-se para o que exige o artigo 1.227 do CC/02, in verbis:
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
	Merece destaque, também, a atuação em conformidade com o artigo 1.245 do mesmo diploma cível, onde se afirma pela necessidade do registro do título translativo de propriedade para que se efetive a modificação pretendida: Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
	Assim, não há outra conclusão senão a concordância quanto ao aspecto regular e legal do negócio jurídico efetuado, qual seja a doação.
De outra banda, aceito como fiador do contrato de locação entre a autora da presente ação e o Sr. Mauro Canteiros, aquela locadora e este locatário, assumindo, assim, a qualidade de fiador voluntariamente e, portanto, a condição posta no artigo 818 do CC/02, que dispõe: Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.
	Impende frisar que a aceitação do fiador superou as condições de possível negativa por parte do credor, estas constantes do artigo 825 do diploma cível vigente, onde merece destaque a suficiência de bens para fazer face à obrigação afiançada:
Art. 825. Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode ser obrigado a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para cumprir a obrigação. (grifo nosso)
	
O patrimônio de uma pessoa não se restringe aos imóveis de que é proprietário, mas sim à totalidade dos bens, direitos e obrigações que possui, logo, os imóveis doados são somente um dos componentes do patrimônio do fiador, aqui requerido, não havendo qualquer demonstração de sua insolvência que, comprovada, poderia acarretar a exigência de sua substituição, nos termos do artigo 826 do CC/02, que afirma Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja substituído.
De tal modo não é razoável o pleito autoral, pois a obrigação afiançada pode ser satisfeita sobre o patrimônio remanescente do réu através dos meios jurídicos instituídos para tanto.
IV - DA OPÇÃO AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO
	Nos termos do artigo 319, VII do CPC, o requerido opta pela NÃO REALIZAÇÃO de audiência de conciliação ou mediação.
V - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, o demandado requer a esse juízo:
O reconhecimento da ilegitimidade ativa, com a consequente extinção do processo sem resolução de mérito;
O reconhecimento da improcedência do pedido autoral no mérito;
A condenação da autora aos ônus de sucumbência. 
VI - DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial a prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o depoimento pessoal do Réu. 
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Maceió-AL, 17 de Novembro de 2017
Nome do Advogado
OAB/AL XXX

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