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1 Algumas Func¸o˜es Elementares Diz-se que as func¸o˜es: constante, exponencial, poteˆncia, logaritmo, trigonome´tricas e tri- gonome´tricas inversas sa˜o func¸o˜es elementares. 1. Polinoˆmios e Func¸o˜es Racionais Uma func¸a˜o polinomial de grau n e´ uma func¸a˜o f : R→ R do tipo f(x) = anx n + an−1xn−1 + · · ·+ a1x+ ao, an 6= 0, onde os coeficientes ao, a1, · · · , an sa˜o constantes reais, com n ∈ N, chamado de grau do polinoˆmio quando an 6= 0. Esta func¸a˜o goza das seguintes propriedades: (a) Domı´nio: (−∞,+∞); (b) Imagem: pode ser (−∞,+∞) ou uma parte de R. Por exemplo, a imagem da func¸a˜o x2 + 3 e´ o intervalo [3,+∞); (c) A func¸a˜o se anula no ma´ximo em n pontos; (d) A func¸a˜o na˜o e´ limitada nem inferior, nem superiormente, se n e´ ı´mpar, pois lim x→∞ anx n = ±∞. Se n e´ par, a func¸a˜o pode ser limitado superiormente ou limitado inferiormente. Por exemplo a func¸a˜o f(x) = 2x4 − 3x3 + 5x + 8 e´ limitada inferiormente, mas na˜o e´ limitada superiormente, pois lim x→±∞ (2x4 − 3x3 + 5x+ 8) =∞. Em particular se n = 1, obtemos o polinoˆmio de grau 1 chamado de func¸a˜o afim: f(x) = ax+ b, a 6= 0, se n = 2, obtemos o polinoˆmio de grau 2 chamado de func¸a˜o quadra´tica: f(x) = ax2 + bx+ c, a 6= 0. Exemplo 0.1 Encontre a func¸a˜o afim f(x), se f(−2) = 6 e f(6) = 14. Seja f(x) = ax+ b a func¸a˜o afim. Enta˜o de acordo com as condic¸o˜es do problema, temos{ f(−2) = 6 = a(−2) + b f(6) = 14 = a(6) + b. Subtraindo a primeira equac¸a˜o da segunda equac¸a˜o, obtemos 8a = 8, donde a = 1. Substituindo este valor, em qualquer uma das equac¸o˜es, encontramos b = 8. Desta forma, f(x) = x+ 8. 2 Exemplo 0.2 Encontre a func¸a˜o quadra´tica f(x), se f(2) = 3, f(0) = 5 e f(1) = 3. Seja f(x) = ax2 + bx + c a func¸a˜o quadra´tica. Enta˜o de acordo com as condic¸o˜es do problema, temos f(2) = 3 = a(2)2 + b(2) + c f(0) = 5 = a(0)2 + b(0) + c f(1) = 3 = a(1)2 + b(1) + c, isto e´, 3 = 4a+ 2b+ c 5 = c 3 = a+ b+ c, donde, da segunda equac¸a˜o obtemos c = 5. Substituindo o valor de c na primeira e terceira equac¸a˜o do sistema e efetuando as simplificac¸o˜es correspondentes, obtemos o seguinte sistema; { 1 = −2a− b −2 = a+ b. Resolvendo este sistema simples, obtemos, a = 1 e b = −3. Desta forma, a func¸a˜o quadra´tica requerida e´; f(x) = x2 − 3x+ 5. Definic¸a˜o 0.1 A raza˜o entre dois polinoˆmios, isto e´, uma func¸a˜o do tipo f(x) = anx n + an−1xn−1 + · · ·+ a1x+ ao bmxm + bm−1xm−1 + · · ·+ b1x+ bo , an, bm 6= 0, chama-se func¸a˜o racional. Esta func¸a˜o goza das seguintes propriedades, (a) Domı´nio: R\{x ∈ R; bmxm + bm−1xm−1 + · · ·+ b1x+ bo = 0}; (b) Imagem: pode ser (−∞,+∞) ou uma parte de R; (c) A func¸a˜o se anula nos pontos onde anx n + an−1xn−1 + · · ·+ a1x+ ao = 0; (d) A func¸a˜o pode ou na˜o ser limitada. Assim por exemplo, as func¸o˜es f(x) = x+ √ 5, f(x) = x3 + 5x, f(x) = x− 2 3x2 + 4x , f(x) = x7 − 2x5 + 6x 3x8 + 4x3 + 2x− 5 sa˜o exemplos de func¸o˜es racionais. 2. Func¸a˜o Exponencial A func¸a˜o do tipo f(x) = ax, onde a e´ uma constante real positiva e a 6= 1, chama-se func¸a˜o exponencial, e possue as seguintes propriedades, 3 (a) Domı´nio: (−∞,+∞); (b) Imagem: (0,+∞); (c) A func¸a˜o na˜o se anula em qualquer ponto do domı´nio, mas os gra´ficos de todas as func¸o˜es exponenciais passam pelo ponto (0, 1); (d) A func¸a˜o na˜o e´ limitada superiormente. (e) ax+y = ax.ay, a−x = 1 ax , (ax)y = axy. (f) Para x < y, temos ax > ay, se a < 1, e ax < ay, se a > 1. Assim por exemplo, as func¸o˜es f(x) = 4x, f(x) = ex, f(x) = ( 1 2 )x , sa˜o exemplos de func¸o˜es exponenciais. Figura 1: Todos os gra´ficos da func¸a˜o ax cortam o eixo 0y no ponto y = 1 3. Func¸a˜o Logar´ıtmica A func¸a˜o do tipo f(x) = loga x, onde a e´ uma constante positiva e a 6= 1 e´ a func¸a˜o inversa da func¸a˜o exponencial y = ax, chama-se func¸a˜o logar´ıtmica. Em caso de a = e (nu´mero neperiano1), usamos a seguinte notac¸a˜o: lnx = loge x e chama-se logaritmo natural ou logaritmo neperiano. A func¸a˜o logaritmo goza das seguintes propriedades, 1John Neper (1550-1617), matema´tico escoceˆs 4 (a) Domı´nio: (0,+∞); (b) Imagem: (−∞,+∞); (c) A func¸a˜o se anula em um u´nico ponto, quando x = 1; (d) A func¸a˜o na˜o e´ limitada. Assim por exemplo, as func¸o˜es f(x) = loge x = lnx, f(x) = log1/2 x, sa˜o func¸o˜es logar´ıtmicas. Usando as propriedades das func¸o˜es exponenciais, facilmente podemos mostrar: Figura 2: Todos os gra´ficos da func¸a˜o loga x cortam o eixo 0x no ponto x = 1 • loga xα = α loga x, x > 0, α ∈ R; • loga xy = loga x+ loga y, x, y > 0; • loga yx = loga y − loga x; • loga b. logb a = 1, a, b > 0, a 6= 1, b 6= 1. 4. Func¸a˜o Poteˆncia A func¸a˜o do tipo f(x) = xα, onde α e´ uma constante real, chama-se func¸a˜o poteˆncia. Dependendo do valor da constante α temos va´rios casos para ser analisados. Examinemos somente treˆs casos particulares: (a) α = 2n, n ∈ N i. Domı´nio: (−∞,+∞); 5 ii. Imagem: [0,+∞); iii. A func¸a˜o se anula em um u´nico ponto, x = 0; iv. A func¸a˜o na˜o e´ limitada superiormente. (b) α = 2n+ 1, n ∈ N i. Domı´nio: (−∞,+∞); ii. Imagem: (−∞,+∞); iii. A func¸a˜o se anula em um u´nico ponto, x = 0; iv. A func¸a˜o na˜o e´ limitada nem inferiormente e nem superiormente. (c) α = −(2n), n ∈ N i. Domı´nio: (−∞, 0) ∪ (0 +∞); ii. Imagem: (0,+∞); iii. A func¸a˜o na˜o se anula em nenhum ponto; iv. A func¸a˜o e´ limitada inferiormente, mas na˜o e´ limitada superiormente. Figura 3: Todos os gra´ficos da func¸a˜o poteˆncia com α ∈ N passam pela origem de coordenadas Assim por exemplo, as func¸o˜es f(x) = x−1/2, f(x) = x1/3, f(x) = x7/4, sa˜o func¸o˜es poteˆncia. A func¸ao poteˆncia pode ser escrito como: ax = eln a x = ex ln a, x > 0. 6 5. Func¸o˜es Trigonome´tricas As func¸o˜es do tipo f(x) = cos x, f(x) = sen x, f(x) = tan x = senx cosx , f(x) = cot x = cosx senx , sa˜o func¸o˜es trigonome´tricas. Func¸o˜es seno e Cosseno Para as func¸o˜es seno e cosseno, temos (a) Domı´nio: (−∞,+∞); (b) Imagem: [−1,+1]; (c) As func¸o˜es seno e cosseno se anulam em infinitos pontos; a func¸a˜o seno se anula nos pontos da forma kpi, e a func¸a˜o cosseno se anula nos pontos da forma pi 2 +kpi, k ∈ Z; (d) As func¸o˜es seno e cosseno sa˜o limitadas. Figura 4: Gra´fico da func¸a˜o seno Usando a fo´rmula cosx = sen(x+ pi 2 ), na˜o e´ dif´ıcil obter o gra´fico da func¸a˜o y = cosx a partir do gra´fico da func¸a˜o y = senx, com uma simples translac¸a˜o ao longo do eixo 0x a esquerda um comprimento de pi 2 . Quando movimentamos os gra´ficos das func¸o˜es y = senx e y = cosx ao longo do eixo 0x a direita ou esquerda num intervalo de comprimento 2pi, estes gra´ficos coincidem, o que corresponde com o fato, das func¸o˜es sen x e cosx serem perio´dicas de per´ıodo 2pi, isto e´, sen(x± 2pi) = sen x, e cos(x± 2pi) = cos x, para qualquer x ∈ R. Func¸a˜o Tangente Para a func¸a˜o tangente, y = tanx = senx cosx , temos 7 Figura 5: Gra´fico da func¸a˜o cosseno Figura 6: Gra´fico da func¸a˜o seno e cosseno 8 (a) Domı´nio: (−∞,+∞) \ {pi 2 + kpi, k ∈ Z}; (b) Imagem: (−∞,+∞); (c) A func¸a˜o tangente se anula em infinitos pontos da forma kpi, k ∈ Z; (d) A func¸a˜o tangente e´ ilimitada. Quando movimentamos o gra´fico da func¸a˜o y = tanx ao longo do eixo 0x a direita ou esquerda num intervalo de comprimento pi, este gra´fico coincide com o gra´fico da func¸a˜o y = tan(x± pi), isto significa que a func¸a˜o tanx possue per´ıodo pi. O gra´fico da func¸a˜o y = tanx e´ mostrado na seguinte figura. Figura 7: Gra´fico da func¸a˜o y = tanx. A = −pi/2, B = pi/2, C = pi, D = 3pi/2 Func¸a˜o Cotangente Para a func¸a˜o cotangente, y = cotx = cosx senx , temos (a) Domı´nio:(−∞,+∞) \ {kpi, k ∈ Z}; (b) Imagem: (−∞,+∞); (c) A func¸a˜o cotangente se anula em infinitos pontos da forma pi 2 + kpi, k ∈ Z; (d) A func¸a˜o cotangente e´ ilimitada. Tambe´m observa-se que a func¸a˜o y = cotx possui per´ıodo pi, isto e´, cot(x± pi) = cot x, para qualquer x. Os gra´ficos das func¸o˜es: y = A sen ax, y = A cos ax (A > 0, a > 0) (1) 9 Figura 8: Gra´fico da func¸a˜o y = cotx. A = −pi, B = −pi/2, C = pi/2, D = pi sa˜o muito parecidos com os gra´ficos das func¸o˜es y = senx e y = cosx. Para obter por exemplo o gra´fico da func¸a˜o y = Asen ax de (1) a partir do gra´fico de y = sen x, e´ necessa´rio multiplicar o comprimento de todas as ordenadas da func¸a˜o y = senx por A e mudar no eixo 0x a absic¸a do ponto x pela abscissa com ponto x a . A func¸a˜o y = A sen ax e´ perio´dica de per´ıodo 2pi a . Os gra´ficos das func¸o˜es: y = A sen(ax+ b), y = A cos(ax+ b), (2) chamadas de curvas harmoˆnicas simples podem ser obtidos a partir dos gra´ficos das func¸o˜es (1) fazendo uma translac¸a˜o ao longo do eixo 0x de comprimento b a a es- querda(considerando b > 0). As func¸o˜es (2) possuem per´ıodos 2pi a . Observamos que os gra´ficos das func¸o˜es y = A1 sen a1x+ A2 sen a2x+B1 cos a1x+B2 sen a2x, que sa˜o combinac¸o˜es de func¸o˜es do tipo (1), podem ser construidos somando as ordenadas dos gra´ficos de cada um dos termos separados. As curvas assim obtidas tambe´m chamam- se curvas harmoˆnicas. Por exemplo o gra´fico da func¸a˜o y = 3 sen x+ 2 cos 2x apresenta-se na seguinte figura Notamos que a func¸a˜o y = A1 sen a1x+B1 cos a1x (3) pode ser escrita na forma de (2) e apresenta-se como um movimento harmoˆnico simples. De fato, escrevemos, m = A1√ A21 +B 2 1 , n = B1√ A21 +B 2 1 , 10 Figura 9: Gra´fico da func¸a˜o y = 3 sen x+ 2 cos 2x A = √ A21 +B 2 1 . temos, obviamente A1 = mA, B1 = nA, (4) m2 + n2 = 1, e |m| ≤ 1, |n| ≤ 1. Segue daqui que sempre e´ poss´ıvel encontrar um valor b1, tal que, cos b1 = m, sen b1 = n. (5) Substituindo em (3) as expresso˜es obtidas em (4) e (5), obtemos y = A(cos b1. sen a1x+ sen b1. cos a1x), isto e´, y = A sen(a1x+ b1).