Buscar

PODER CONSTITUINTE

Prévia do material em texto

PODER CONSTITUINTE
É aquele poder que constitui, que faz e que elabora uma Constituição, altera ou reforma uma Constituição e complementa uma Constituição. Desta monta surge os termos Poder Constituinte Originário (criar), Poder Constituinte Derivado (alterar), Poder Constituinte Decorrente (complementar). 
Poder Constituinte Originário (de 1º grau, genuíno ou primário):
É um poder extraordinário, que surge em um momento extraordinário e que objetiva desconstituir uma ordem anterior e constituir uma nova ordem constitucional. O PCO é um poder que ao mesmo tempo despositiva e positiva uma ordem constitucional, ele é desconstitutivo-constitutivo. 
* Natureza Jurídica:
 É um Poder de fato (corrente majoritária) – Os autores Carre de Balberg, Celso Ribeiro Bastos, Raul Machado Horta entendem que a expressão jurídica máxima é a Constituição, portanto, o poder constituinte só pode ser de fato e não jurídico. O Poder Constituinte Originário é um poder de fato que surge através de uma imposição político-social. Ele não pode ser um poder de direito, pois a Constituição é a lei máxima do país. Portanto, não há como um poder de direito desconstituir a constituição. Assim, a única forma de desconstituir a constituição é através da força dos fatos (por uma revolução ou por um golpe). Assim, decorre da própria realidade do povo, não vem de norma anterior. 
Para autores de vertentes jus naturalista: Emmanuel Sieyès, Manuel Gonçalves Ferreira Filho, Afonso Arinos): o Poder Constituinte Originário é um poder de direito, pois possui uma estrutura jurídica que respeita cânones do direito natural.
E para autores como José Joaquim Gomes Canotilho, Paulo Bonavides o PCO tem natureza híbrida – mista. Eles dizem que há no Poder Constituinte um viés de direito (quando a Constituição antiga é renovada pela nova) e um viés de fato (quando há a ruptura que envolve ilegalidade na Constituição anterior), ao mesmo tempo. Como ruptura ele é um poder de fato. Porém, ele não só desconstitui, mas também constitui, positiva, e nesse momento ele é um poder de direito.
* Características:
- Inicial: A Constituição cria o Estado. Toda vez que surge uma nova Constituição, temos um Estado novo;
- Ilimitado: É o ponto zero, ou marco inicial para a criação de uma nova ordem jurídica;
- Incondicionado: não há qualquer condição para seu exercício;
Poder Constituinte Derivado (de 2º grau, de mudança, secundário):
* Características:
- Secundário – porque deriva do PCO;
- Limitado – cláusulas pétreas;
- Condicionado – não possui autonomia.
* Divide-se em:
a) Poder Constituinte Derivado Revisor ou Revisional (ou Reformador de Revisão) - Reforma geral do texto (art. 3º do ADCT): Era o poder do Congresso Nacional de revisar a CF após 5 anos da sua promulgação (limite temporal), em sessão unicameral (limite formal). Resultou em 6 Emendas Constitucionais de Revisão em 1994.
b) Poder Constituinte Derivado de Reforma (ou Reformador ou Reformador de Emendas) - Reforma pontual do texto: O art.60 da CF/88 prevê as emendas constitucionais.
c) Poder Constituinte Derivado Decorrente (ou secundário federativo): É o poder constituinte dos Entes Federados (Estados-membros e Municípios). É um Poder exclusivo do sistema federativo, não implicando, todavia, em soberania desses Entes já que esta é privativa da Federação. As Assembleias Legislativas dos Estados tiveram 1 ano para elaborar suas Constituições Estaduais (art. 11 do ADCT), atendidos os princípios estabelecidos na CF.
* Limites ao Poder Constituinte Reformador:
a) Temporais:
A Constituição somente poderá ser reformada depois de transcorrido certo prazo. A Constituição não apresenta limitações temporais ao poder de emenda, apenas prevê esse tipo de limitação ao exercício do poder constituinte revisional (após 5 anos da vigência da CF);
b) Circunstanciais:
Não pode acontecer a reforma constitucional em certas ocasiões. Nenhuma proposta de emenda pode ser votada ou promulgada no estado de defesa (art. 136), de sítio (art. 137) ou intervenção federal (art. 34). As propostas podem ser apenas apresentadas e discutidas.
c) Materiais expressos:
São referentes a determinadas matérias, as quais não podem ser objeto de emenda. São aquelas previstas no art. 60, § 4º da CF, as ditas cláusulas pétreas, núcleo pétreo ou núcleo imodificável (1-Forma Federativa; 2- separação de poderes; 3- voto direto, secreto, universal e periódico; e 4- direitos e garantias individuais). Obs.: Uma emenda que toque em alguma dessas matérias não para aboli-la, mas para dar-lhe novo tratamento, não será, em princípio, inconstitucional.
d) Materiais implícitos:
Impedem que sejam alterados: o titular do poder constituinte (CN); as prescrições sobre o processo de elaboração de emenda à Constituição e; o próprio processo legislativo.
e) Processuais (ou Formais):
São as limitações representadas pelo processo mais difícil de alteração da Constituição, se comparado com o de produção de legislação ordinária. Materializam-se pelas: restrições ao poder de iniciativa; pela tramitação diferenciada; pela previsão de 4 votações; pelo quorum especial; pela solenidade especial de promulgação; pela impossibilidade da matéria constante de proposta de emenda rejeitada retornar para ser votada na mesma sessão legislativa ordinária.

Continue navegando