Buscar

Apostila_dir_fin

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�PAGE �
�PAGE �1�
UNIVERSIDADE DE UBERABA
PROGRAMA DE AULA DE DIREITO FINANCEIRO
INTRODUÇÃO
 Importância da Disciplina
O Direito tem a finalidade de ordenar situações conflitivas por interesses idênticos sobre bens limitados.
Ao Direito se liga a figura do Estado, como instituição dotada de poder, seja o poder pessoal do governante, em determinadas épocas, seja o poder de uma pequena classe, seja o poder de todos na democracia.
Como organização, o Estado necessita de recursos para satisfazer suas atividades. Se é certo que, em certa época, as atividades do Estado confundiam-se com as necessidades e desejos do soberano, vive-se hoje num tempo em que as necessidades estatais não podem se distanciar dos interesses coletivos e isso faz com que a figura estatal se comprometa a realizar algumas obras e serviços em prol do desenvolvimento. O entendimento dessa evolução torna-se facilitado com um breve relato sobre o Estado:
- Grécia
 - Roma
 - Idade Média (poder fragmentado/feudal/início da consolidação do poder religioso católico, coletor de tributos, possibilidade de invasão da propriedade para o bem do Estado)
 - Renascimento (cidades, descobertas, mercantilismo) e Estado unificado (noção moderna: Portugal, Espanha, Reino Unido. Fragmentos de Estados regionais, porém soberanos na figura do governante – Maquiavel): recursos voltados para a expansão territorial – navegação, colônias, comércio ultramarino
 - Estado liberal (Estado como agente do poder de polícia, ou seja, que não garante qualquer tipo de assistência ao cidadão. Pergunta-se, pois: para que os tributos, já que os direitos eram somente declarados e formais ?)
 - Estado social (Estado como único protetor dos direitos de todos e, para tanto, precisava de poder e, logicamente, de recursos máximos): promotor do bem-estar social
 - Estado “neoliberal” (mescla do liberalismo praticado e dos ideais sociais – Estado intervencionista, mas não socialista. Pergunta atual: para que a arrecadação, frente às misérias de uma sociedade altamente tributada? Qual a destinação dos tributos na era “globalizada”?) 
 - Paradigma democrático (tributação e destinação como meio de se efetivar e aperfeiçoar os direitos necessários à realização do processo democrático – Habermas).
Assim, para a concretização dos objetivos econômico-constitucionais, o Estado necessita de captar recursos, que vêm tanto do seu patrimônio como e, principalmente, da arrecadação tributária.
A concretização de tais objetivos se faz pela possibilidade de tornarem efetivos os direitos fundamentais, o desenvolvimento e a democracia, o que, no Brasil, necessariamente, insta observar os artigos 1°, 3°, 170 a 192 da Constituição de 1988, que norteiam toda a política do País, pois dão as bases para o planejamento.
FAZENDA PÚBLICA
O Estado e as necessidades públicas
O Estado, na atualidade, tem o dever de instituir políticas de forma a promover o bem comum.
Não se confunde, no Estado sob o paradigma democrático, bem comum com a doação de recursos materiais aos cidadãos pelo Estado, tampouco a completa ausência estatal dos anseios sociais sob o discurso liberal, mas sim a oportunidade que se confere aos cidadãos para que estes exercitem seus direitos fundamentais.
Entende-se, pois, por necessidades públicas, não somente a atividade operacional do Estado, mas também e, principalmente, a concretização dos fins estatais colimados pela constituição, o que se permite a partir da viabilização do exercício dos direitos fundamentais pelos cidadãos.
1.2- Fazenda Pública: conceitos
De forma ampla, pode-se entender por Fazenda Pública todos os órgãos, entes e atividades financeiras.
Compreende-se, então, que se incluem nas atividades das instituições fazendárias a arrecadação, a fiscalização e a distribuição de receitas.
No Brasil, a Fazenda Pública engloba secretarias, receitas (federal, estadual), dentre outros órgãos destinados a realizar as atividades acima apontadas. Como expressão da forma federativa, a Fazenda Pública se distribui nos três entes federados (art. 201 do CTN), com o organismo máximo dessa atividade o Ministério da Fazenda, no âmbito federal, e as Secretarias da Fazenda e das Finanças nos níveis estadual e municipal.
Estritamente, Fazenda Pública pode ser entendida como Fisco Erário, Tesouro Público, ao administrar bens e haveres do Estado.
O interesse público na atualidade
Obviamente, para ser operada, a máquina estatal precisa efetuar pagamentos a seus funcionários, que devem velar pela qualidade do serviço público, cujo objetivo e motivo de existência, mesmo que mediatos, são o que se costuma denominar de “bem público”, “interesse público” �.
Tais sentidos, no entanto, pela noção tradicional que se tem do termo Estado, têm gerado uma conseqüente confusão a respeito do que configura o “interesse público” ou o “bem público”, o que geralmente é notado pelas expressões equivocadas de que “o Estado nunca perde ou nunca pode perder”, “deve haver privilégios para o Estado”, “Tributos não pagos podem ensejar a execução até de bem de família”, “o interesse do Estado deve pairar acima do interesse do cidadão”, dentre tantas outras.
Deve-se lembrar que o Estado atual é para o cidadão e não o contrário�. Ele é meio e não fim em si mesmo. Acreditar que os interesses do Estado são maiores que o interesse coletivo, como a conquista dos direitos fundamentais e a dignidade de vida é afastar o Estado da sociedade, incentivando um estado de superioridade inadmissível na democracia da atualidade, pois se o indivíduo torna-se espoliado pelo Estado, jamais conseguirá a dignidade mínima que lhe confere a cidadania e a democracia passa a símbolo,� tal como proclamada por líderes populistas, que incluem os religiosos, fundamentalistas, fascistas, nazistas, golpistas, socialistas e falsos comunistas.
Por tal razão, é de se lembrar que necessidade pública não quer dizer a primazia do pagamento de servidores sobre a qualidade do serviço público; não quer dizer pagamento de dívidas ou juros estatais com bancos em detrimento da concretização dos direitos fundamentais, do desenvolvimento e da democracia através do plano consoante com a Constituição.
DIREITO FINANCEIRO
2.1- Conceito
Ramo jurídico que estuda o ordenamento das finanças e as relações decorrentes da atividade financeira do Estado em relação ao particular. 
Segundo José Cretella Júnior�: “Direito Financeiro é o ramo do direito público interno, que estuda a atividade do Estado, destinada a proporcionar-lhe os meios econômicos para a consecução dos serviços públicos. Quem diz meios econômicos diz receita; quem diz aplicação desses meios para a consecução dos serviços públicos diz despesa.”�
Relaciona-se, por certo, com a ciência das finanças, utilizando-se de dados matemáticos e estatísticos para operacionalizar os programas inseridos no plano público.
O fato, no entanto, de estar inserido na esfera administrativa, não o coloca como parte do Direito Administrativo, vez que é ramo específico a cuidar das finanças públicas, do orçamento, em forma de receita e despesa. Ainda, no que concerne a sua autonomia, dispõe o artigo 24, incisos I e II da Constituição de 1988 que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; orçamento.
2.2- Relações com os demais ramos jurídicos: a tênue relação com o Direito Tributário
Os tempos modernos impõem uma constante ligação entre temas, o que torna a interdisciplinaridade indispensável à melhor compreensão dos conteúdos jurídicos. Eis uma pequena lista das disciplinas que se relacionam com o Direito Financeiro:
- Direito Constitucional: além dos direitos fundamentais, que não podem ser preteridos ao poder de tributar, quase toda fonte do Direito Financeiro e Tributário encontra-se na Constituição de 1988, estabelecendo competências,limitando o poder de tributar, zelando pelos princípios, estabelecendo competências para o orçamento e para o planejamento.
- Direito Administrativo: a forma de operacionalização do Direito Financeiro dá-se pela ação de agentes públicos, cuja atividade é regulada por atos da Administração.
- Direito Tributário: como o Estado necessita de ingressos para efetivar seus programas, necessita da arrecadação tributária, daí acreditando-se que o Direito Tributário foi instituído a partir do Direito Financeiro. 
Embora os dois ramos sejam diversos, complementam-se. Enquanto o primeiro cuida da arrecadação, o segundo cuida da destinação. Isto, no entanto, não quer dizer que, após arrecadado, o Estado destina como quiser os recursos captados. Para isto devem ser observados os princípios, a Constituição e, principalmente, se os direitos e a democracia estão sendo viabilizados por meio das políticas implementadas pelo Estado. Este é o pensamento de Werther Botelho Spagnol�. 
Relaciona-se, por certo, com a ciência das finanças, utilizando-se de dados matemáticos e estatísticos para operacionalizar os programas inseridos no plano público.
O fato, no entanto, de estar inserido na esfera administrativa, não o coloca como parte do Direito Administrativo, vez que é ramo específico a cuidar das finanças públicas, do orçamento, em forma de receita e despesa. Ainda, no que concerne a sua autonomia, dispõe o artigo 24, incisos I e II da Constituição de 1988 que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; orçamento..
- Direito Penal: alguns ilícitos cometidos pelo cidadão na forma de contribuinte podem ser tipificados. Também são considerados crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal, principalmente contra a lei orçamentária (artigo 85, VI, CF/88). Modalidades novas são encontradas na recente “Lei de Responsabilidade Fiscal.” Cominações legais no controle externo, exercido pelo tribunal de Contas da União, art. 71, VIII, CF/88 e, no controle interno (Executivo, Legislativo e Judiciário), art. 74, § 1°, CF/88. 
- Direito Processual: a cobrança de crédito é feita através de um procedimento que, em dado momento, toma o caráter de processo, no âmbito administrativo. Deve-se lembrar que, no Judiciário, o processo, desde o início, para que assim seja considerado, demanda o contraditório.
- Direito Internacional: embora cada Estado seja responsável pelo controle das próprias contas e de suas políticas, o fato é que o intercâmbio entre os países remonta há velhos tempos. A partir dos colapsos militares no século XX e da instituição dos organismos econômico-financeiros internacionais, em 1944 (FMI e BIRD), e, em especial, após a globalização, que é mais firmemente demarcada pela queda do “socialismo”, a dependência do capital interno e do ajuste de contas tornou-se uma constante.
- Direito Econômico: ao mesmo tempo em que a atividade orçamentária torna-se imprescindível para a efetivação dos programas contidos no planejamento estatal, o orçamento não pode ser elaborado à parte do plano (observância da cronologia dos incisos I a III do art. 165 da CF/88). Ainda, é de se destacar a influência das políticas dos agentes financeiros oficiais no empreendimento privado, como a modificação das taxas de juros, dos impostos de produção, importação e exportação, dentre outros.
- Direito Comunitário: os países integrantes da União Européia estão conectados a um sistema de bancos centrais, integrados, de forma a estabilizar a moeda em relação às demais divisas fortes internacionais.
- Direito Previdenciário: uma parte do orçamento é legada à seguridade social. Portanto, de acordo com a arrecadação, a seguridade social será financiada pelo Estado. De outra parte, há que se fiscalizar a exata destinação dos respectivos recursos, pois, pela Constituição, são vinculados.
- Direito Privado: os contratos terminam por ser influenciados pela manipulação das variáveis econômicas e dos elementos da política econômica pelos agentes financeiros, modificando relações que, sob a ótica liberal do Código Civil, eram interpretados restritivamente à luz do pacta sunt servanda.
2.3- Fontes
Onde se busca todo o arcabouço da atividade financeira do Estado.
Primeiramente, os princípios jurídicos, como norte geral para o Direito. Mais especificamente, as leis e atos administrativos necessários para a concretização das metas dos planos.
Assim têm-se como fontes a Constituição Federal, leis complementares, ordinárias, delegadas, resoluções do Senado Federal, decretos Legislativos, tratados internacionais. Há reservas quanto à constitucionalidade de medidas provisórias nessa seara.�
Como fontes derivadas, secundárias, complementares, já que dependem das principais, têm-se, pelo Código Tributário Nacional, os atos administrativos normativos, a jurisprudência administrativa, que, juntamente com os denominados “costumes”, são de constitucionalidade questionável.
FINANÇAS PÚBLICAS
Conjunto de recursos e meios do Estado ou dos quais ele pode dispor para a satisfação das suas necessidades e para a consecução dos fins que tem a cumprir.
Têm relação com as atividades norteadas para obter, utilizar e distribuir recursos econômicos essenciais à satisfação das necessidades públicas. Então, não é somente para manter as necessidades operacionais do Estado como viabilizador do interesse público.
As leis concernentes às finanças devem ter o caráter complementar, aplicando-se a todo o território nacional. Assim, no que toca ao planejamento nacional todos os entes federativos devem–lhe observância, o que não impede, dentro da autonomia de cada um, em sua esfera específica e no âmbito de sua competência e capacidade, a disposição dos respectivos recursos, de acordo com as normas de cada um e o respeito à Constituição e aos direitos fundamentais.
3.1- Moeda 
Primeiramente, é de se ressaltar que a competência para a emissão da moeda no País é do Banco Central do Brasil, que se encontra na esfera da União na Federação Brasileira.
Como primeira função, a moeda tem o valor de troca, a substituir o antigo regime de escambo, o que possibilita a satisfação das necessidades mais imediatas. Já sua função de entesouramento, permitindo o pagamento de débitos passados e futuros, liga-se à possibilidade do crédito. É emitida sob a forma metálica e em cédulas de papel, não sendo a única forma de pagamento existente nas transações internas e externas (já que títulos da dívida pública também podem ser emitidos a valerem como forma de pagamento), embora seja a mais difundida.
Respeitando o princípio da unidade, somente a moeda nacional é de circulação oficial (curso forçado ou obrigatório da moeda) no País, sendo vedadas transações em moedas estrangeiras, o que é possível em negociações relativas ao câmbio. 
Sua circulação em excesso pode levar a surtos inflacionários e sua contenção extrema pode conduzir à recessão. No primeiro caso, o BaCen controla a emissão da moeda e, se necessário, negocia com títulos do Tesouro Nacional, já que a este é proibida a concessão de créditos pelo BaCen, em razão de manter a estabilidade de caixa.
3.2- Dívida pública interna e externa
Num primeiro momento, é mister esclarecer que a dívida pública é decorrente do que se denomina de crédito público, ou seja, a faculdade de os governos contraírem empréstimos para saldar os gastos públicos já efetuados ou na forma de antecipação de receita. 
Assim, a dívida pública consiste na totalidade das obrigações contraídas pelo Estado em decorrência de compromissos por ele assumidos. O motivo de tais compromissos se deve tanto à cobertura de déficits orçamentários como para a sanar problemas de interesse público urgentes.
 Como a fonte de arrecadação maior de um país são os tributos, presume-se que, para a amortização da dívida e o pagamento dos juros,as futuras receitas sejam suficientes para garanti-la,. Isso requer efetivo planejamento prévio.
A dívida pública é interna, o que inclui todas as obrigações estatais perante organismos e entes internos. É externa quando as obrigações estatais são assumidas perante credores estrangeiros, sejam públicos ou privados. 
União, Estados, Distrito Federal, Municípios, fundações, autarquias e entidades da administração indireta poderão contrair débitos em face de um empréstimo junto a instituições financeiras, inclusive internacionais (competência privativa do Senado Federal para autorizar as operações de natureza financeira – art. 52, V, CF/88). Como as operações de crédito, que geram débito a ser pago no futuro (art. 48, II, CF/88 – competência do Congresso Nacional para dispor sobre tais assuntos) (em caso de tratado internacional), podem trazer prejuízos ao patrimônio nacional, devem ser aprovadas pelo Congresso Nacional, conforme o art. 49, I da CF/88. 
Embora a dívida externa represente parte dos problemas de um país, a dívida interna contribui para o agravamento de situações que levam o Estado a renegociar suas dívidas com os credores internacionais. Isto porque Municípios, Estados e Distrito Federal podem, além de assumir débitos em relação a instituições financeiras, contraí-los em relação à União e os Municípios em relação aos Estados-membros. Se a dívida não é paga, o ente financiador acaba por necessitar de buscar recursos em outras fontes, não raro os credores internacionais. Isto provoca um clima de desconfiança internacional, que pode desmotivar investidores, dificultando ainda mais a situação de um país (não é por acaso que cabe ao Senado Federal autorizar o montante, os limites das concessões de garantias para a efetivação de empréstimos internos e externos dos entes federativos – art. 52, V, VI, VII e VIII, CF/88).
Embora a dívida externa represente parte dos problemas de um país, a dívida interna contribui para o agravamento de situações que levam o Estado a renegociar suas dívidas com os credores internacionais. Isto porque Municípios, Estados e Distrito Federal podem, além de assumir débitos em relação a instituições financeiras, contraí-los em relação à União e os Municípios em relação aos Estados-membros. Se a dívida não é paga, o ente financiador acaba por necessitar de buscar recursos em outras fontes, não raro os credores internacionais. Isto provoca um clima de desconfiança internacional, que pode desmotivar investidores, dificultando ainda mais a situação de um país (não é por acaso que cabe ao Senado Federal autorizar o montante, os limites das concessões de garantias para a efetivação de empréstimos internos e externos dos entes federativos – art. 52, V, VI, VII e VIII, CF/88).
3.3- Concessão de garantias
Como toda obrigação, a dívida pública requer do tomador uma garantia de que haverá pagamento. Assim, ao contrair obrigações financeiras, o Estado deve garantir seu cumprimento. 
No Brasil, a CF/88 não dispõe especificamente as garantias a serem dadas pelo Estado aos seus respectivos credores. O que se tem em conta é o fato de sermos uma república, o que torna o Estado mero gestor da coisa de todos. Ainda, o sistema federativo exige que entes da federação participem de decisões que venham a afetar a vida do País. Não é à toa, pois, que a Constituição, no seu artigo 52, VII, dispõe que compete privativamente ao senado Federal decidir acerca dos limites das garantias oferecidas em face dos débitos estatais. No entanto, entende-se que melhor seria se tal competência fosse das duas Casas do Congresso Nacional, até mesmo porque não existe representação federal dos Municípios, sendo que a dos Estados-membros pelo Senado não traduz efetiva participação.
3.4- Emissão e resgate de títulos da dívida pública
Cabe ao legislativo, por meio de lei complementar, definir sobre a utilização da emissão de títulos da dívida pública e seu resgate.
Isso se dá pela lei de diretrizes orçamentárias, a nortear o orçamento vigente no exercício financeiro seguinte. Em geral, há a necessidade do financiamento do déficit público, da garantia da estabilidade monetária, a amortização das dívidas (vide Lei nº 4.320/64).
3.5- Fiscalização das instituições financeiras
É feita pelo Banco Central do Brasil, no sentido de manter um ambiente econômico digno da confiança dos investidores e poupadores, o que viabiliza a circulação econômica e o desenvolvimento do Estado.
Somente com a autorização do BaCen podem ser abertas instituições financeiras no País e filiais no exterior. Depende ainda daquele ente a intervenção nas instituições financeiras e sua liquidação extrajudicial. É certo que o BaCen se torna subsidiariamente responsável pela quebra de instituições por falta de efetiva fiscalização, o que também e, inclusive, é da sua alçada.
3.6- Operações de câmbio
Consistem na conversão de valor em moeda nacional para a aquisição de moeda estrangeira (compra e venda de moeda estrangeira, segundo Arnoldo Wald)�, que também é regulado pelo Banco Central (art. 22, VII, CF/88), podendo o Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre o assunto (art. 48, XIII). 
São essenciais para a economia dos Estados, posto que grande parte do comércio e dos serviços oferecidos na atualidade depende de insumos e mercadorias de fora e pagamentos de royalties, que se convertem na cotação de moeda estrangeira. 
As cotações das taxas de câmbio constituem ainda forte meio de controle pelo Estado da produção e da balança comercial do País, pois podem influir no estímulo à produção interna. Como os impostos de característica extrafiscal, têm por objetivo equilibrar as contas do país, o emprego, dentre outros.
3.7- Compatibilidade das funções das instituições financeiras
Muitas são as instituições financeiras existentes. Algumas têm por fim o crédito e podem ser oficiais. Não se pode, entretanto, legar quantia de tais instituições para onde se lhe aprouver. É mister que o desenvolvimento seja buscado tanto para as instituições privadas como públicas, de acordo com o que haja sido previamente delineado pela lei de diretrizes orçamentárias, que, por sua vez, não pode se distanciar dos objetivos do plano plurianual (art. 165, §§ 2° e 4° da CF/88).
O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
4.1- Definição
Constitui o conjunto de normas que dispõe acerca das instituições e agentes financeiros, bem como das políticas exercidas por estes, o que abrange a política monetária, cambial, além das atividades relacionadas ao mercado de valores mobiliários e de capitais e as sociedades por ações.
4.2- O posicionamento estratégico do Sistema Financeiro Nacional na Constituição de 1988
Está inserido no Título VII (Da Ordem Econômica e Financeira) , Capítulo IV (Do Sistema Financeiro Nacional), no artigo 192 da CF/88, que dispõe que sua estrutura será disciplinada por lei complementar. Como lei complementar nunca foi editada sobre o assunto, a Lei n° 4.595/64 passou de ordinária ao patamar complementar, tal como ocorreu com o Código Tributário Nacional a partir da CF/88.
Segundo o caput do artigo supra-referido, o sistema financeiro “será estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade”. Isto pressupõe que toda a estrutura deve permitir a criação de trabalho, a melhoria da qualidade de vida, o aumento da riqueza e sua distribuição, a formação de poupança, a estabilização dos preços, enfim, possibilitar a concretização dos objetivos econômico-constitucionais.
Não é por acaso que se insere entre a ordem econômica e a social, já que as finanças e a economia não constituem um fim em si mesmas. Devem servir como meios para a consecução dos fins do Estado.
Segundo a Lei nº 4.595/64, o SFN está assim composto: CMN, BaCen, BB/SA, BNDES e demais instituições financeiras.
4.3- Composição: Conselho Monetário Nacional, Banco Central do Brasil, Banco do Brasil S/A e Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social
Conselho Monetário Nacional: é integrado por várias comissões consultivas, dentre a quais estão a de Normas e Organização do Sistema Financeiro, a de Mercado de Valores Mobiliários e de Futuros, as de Crédito Rural, Industrial, Crédito Habitacional, Saneamento e Infra-Estrutura Urbana, a de Endividamento Público e a de Política Monetária e Cambial.
Para propor a regulação das matérias tratadas na lei que dispõe acerca do sistema financeiro, dentre outras atribuições conferidas pelo Conselho Monetário Nacional, existe a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito, composta pelo presidente e quatro diretores do Banco Central, presidente da Comissão de Valores Mobiliários, secretário executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento e secretário executivo e secretários do Tesouro Nacional e de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
De acordo com o artigo 2° da Lei n. 4.595/64, cabe ao Conselho Monetário Nacional “formular a política da moeda e do crédito (...) objetivando o progresso econômico e social do País”. Já o artigo 3° dispõe que esta política consiste na adaptação do volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e no processo de desenvolvimento; na regulação do valor interno e externo da moeda e do equilíbrio do balanço de pagamento do País, tendo em vista a melhor utilização dos recursos em moeda estrangeira; na orientação da aplicação dos recursos das instituições financeiras, públicas ou privadas; no aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; no zelo pela liquidez e solvência das instituições financeiras; na coordenação das políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e.externa.
Composto de trinta e dois incisos, do artigo 4° da referida lei, pode-se extrair algumas atribuições do Conselho Monetário Nacional, segundo diretrizes estabelecidas pelo Presidente da República:
“V- fixar as diretrizes e normas da política cambial, inclusive quanto à compra e venda de ouro e quaisquer operações em direitos especiais de saque e em moeda estrangeira; 
“VI- disciplinar o crédito em todas as suas modalidades, bem como as operações creditícias;
“VII- coordenar sua política com a de investimentos do Governo Federal;
(...)
“IX- limitar, sempre que necessário, as taxas de juros, descontos, comissões e qualquer outra forma de remuneração de operações e serviços bancários e financeiros, assegurando taxas subordinadas para financiamentos que se destinam a benefício de zona rural;
(...)
“”XVII- regulamentar, fixando limites, prazos e outras condições, as operações de redesconto e de empréstimo, efetuadas com quaisquer instituições financeiras públicas e privadas de natureza bancária;
“XVIII- outorgar ao Banco Central o monopólio das operações de câmbio quando ocorrer grave desequilíbrio no balanço de pagamentos ou houver sérias razões para prever a iminência de tal situação.
(...)
“XIX- estabelecer normas a serem observadas pelo Banco Central em suas transações com títulos públicos e de entidades de que participe o Estado;
(...)
“XXII- estatuir normas para as operações das instituições financeiras públicas;
“XXXI- baixar normas que regulem as operações de câmbio, inclusive swaps, fixando limites, prazos, taxas e outras condições”.
	Pelas atribuições citadas e composição do Conselho e sua Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (secretários do Planejamento e Orçamento, Comissão de Crédito rural, Habitacional e Industrial e Infra-Estrutura Urbana) nota-se a integração do setor financeiro com os setores de planejamento econômico e desenvolvimento, até mesmo pela sua inevitabilidade,� devido às metas constitucionalmente estabelecidas, a serem seguidas pelo Estado, independentemente do Governo.�
	O Banco Central do Brasil: trata-se de autarquia federal, com personalidade jurídica e patrimônio próprio. É administrado por um presidente e quatro diretores, escolhidos pelo Conselho Monetário Nacional, todos nomeados pelo Presidente da República, após a aprovação do Senado Federal, conforme o artigo 84, inciso XIV da Constituição, sendo demissíveis ad nutum.
	Ao Banco Central cabe cumprir as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional em relação à política financeira.
	Segundo José Afonso da Silva,� o Banco Central, como instituição financeira, consiste num elo entre a ordem financeira pública e a privada, considerando o autor que há dois sistemas financeiros estabelecidos na Constituição:	
“o público, que envolve os problemas das finanças públicas e os orçamentos públicos, constantes dos arts. 163 a 169; o parapúblico, que ela denomina sistema financeiro nacional, que cuida das instituições financeiras creditícias, públicas ou privadas, de seguro, previdência (privada) e capitalização, todas sob estrito controle do Poder Público (art. 192)”.� 
Várias são as competências do Banco Central, destacando-se a emissão de moeda e moeda metálica, nas condições e limites autorizados pelo Conselho Monetário Nacional; a determinação do recolhimento de até 100% (cem por cento) do total dos títulos contábeis das instituições financeiras, na forma de Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou compra de títulos da dívida pública federal, através do recolhimento em espécie, entregues ao Banco Central, a forma e condições por ele determinadas, com a possibilidade de adoção de diferentes percentagens tendo em vista as regiões geoeconômicas, das prioridades que atribuir às aplicações ou da natureza das instituições financeiras e determinar percentuais que não serão recolhidos, desde que sua reaplicação se tenha dado em financiamentos à agricultura, sob juros favorecidos e outras condições por ele fixadas;� a realização de operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras bancárias; o exercício do controle de crédito sob todas as formas; a fiscalização das instituições financeiras e a aplicação das penalidades previstas em lei; a concessão de autorização para funcionamento de instituições
 financeiras no País e suas filiais no exterior; o estabelecimento das condições para posse e exercício de quaisquer cargos de administração de instituições financeiras privadas, como para qualquer órgão consultivo, fiscal ou similar, segundo as normas do Conselho Monetário Nacional; efetuar operações de compra e venda de títulos federais; determinar que as matrizes das instituições financeiras registrem os cadastros das firmas que operem em suas agências há mais de um ano (grifo nosso).
Em concorrência com outras instituições públicas, ao Banco Central são atribuídas competências descritas no artigo 11 da Lei n. 4.595/64, mas, de acordo com Nusdeo,� das funções básicas daquele ente, destacam-se as que seguem:
“a) emissor da moeda;
 	b) banqueiro do governo;
 	c) emprestador de última instância do setor privado;
 	d) regulador da liquidez do sistema financeiro;
 	e) detentor das reservas bancárias do mesmo sistema;
 	f) detentor das reservas cambiais;
 	g) regulador das atividades financeiras e cambiais”.
Ainda, segundo o mesmo autor, os bancos centrais possuem intensa atividade normativa, no concernente aos “mínimos detalhes” das instituições sob sua disciplina, voltando-se principalmente para a oferta da moeda, a taxa básica de juros e a liquidez geral do sistema. A atividade normativa do Banco Central do Brasil realiza-se através de resoluções, circulares e cartas circulares, consolidando-se em quatro conjuntos normativos: Manual de Normas e Instruções, Consolidação das Normas Cambiais, Plano de Contas do sistema Financeiro e Catálogo de Documentos.�
Esta competência para emitir diretrizes a um sistema integrado à política econômica tendo em vista o desenvolvimento, indubitavelmente, confere certa autonomia ao Banco Central, o que difere de independência. 
Banco do Brasil S/A: sociedade de economia mista, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, autonomia administrativa,técnica, econômica e financeira.
É considerado o maior conglomerado financeiro do País, porque é constituído por subsidiários como cartões de crédito, leasing, investimentos, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, financeiras.
Detém o controle acionário de empresas nacionais e ainda é responsável pela aplicação do Fundo de Financiamento do Centro-Oeste, bem como pela execução da política de comércio exterior no âmbito federal, pelo agenciamento financeiro das operações com recursos fiscais e executor da política de financiamento ao setor primário (agropecuária), através da política de preços mínimos, pagando e recebendo fora do País.
Executa também a compensação de cheques e outros papéis, recepciona depósitos dos bancos, executa operações cambiais
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): empresa pública, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, com autonomia administrativa, financeira, econômica e técnica, voltada para executar a política de financiamento de programas de desenvolvimento econômico.
Funções: - administrar fundos e programas;
- executar o orçamento das operações fiscais de créditos;
 - receber a aplicação de diversos órgãos estatais;
 - realizar operações ativas subsidiadas de acordo com a lei de prioridades e metas.
Como é responsável pelo financiamento de projetos de desenvolvimento (financia investimentos, aquisição de leasing de máquinas e equipamentos, exportação de bens e serviços, operações de prestação de garantias financeiras, programas de financiamento setoriais, regionais e sociais), está vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.
Há duas subsidiárias participantes: Finame e Bndespar. Este último opera de forma participativa e societária junto às empresas executoras de projetos e a primeira opera com o aporte de recursos para o projeto de modernização do parque industrial nacional. Ainda, o BNDES atua como executor do programa de privatização.
4.4- Demais instituições financeiras
 Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, Comissão de Valores Mobiliários, fundos mútuos de investimentos, sociedade de crédito mobiliário, bancos de investimentos, sociedades distribuidoras, bolsas de valores, sociedades cooperativas 
Além das instituições financeiras, como bancos em geral, ficam sujeitas à disciplina do sistema financeiro as bolsas de valores, as companhias de seguros, de previdência e capitalização, as sociedades que atuam na distribuição de prêmios em imóveis, mercadorias ou dinheiro, mediante sorteio de títulos de sua emissão ou por qualquer outra forma, e as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam, por conta própria ou de terceiros, atividade relacionada com a compra e venda de ações e outros títulos, realizando operações ou serviços de natureza daqueles efetivados pelas instituições financeiras nos mercados financeiros e de capitais.�
Caixa Econômica Federal (CEF): é empresa pública, considerado o maior estabelecimento bancário em ativos do País.
Executa e coordena da política de financiamento da infra-estrutura urbana, através de programas para a habitação, agencia as operações do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), administra o PIS (Programa de Integração Social), a FAS (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Social), o salário desemprego, o crédito educativo, detendo ainda o monopólio das loterias federais.
Banco do Nordeste do Brasil (BNB): sociedade de economia mista vinculada ao Ministério da Fazenda. Gestor do Fundo de Financiamento do Nordeste para a concretização dos programas de desenvolvimento, implementando o Fundo de Investimento do Nordeste.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM): disciplina e fiscaliza as atividades dos intermediários financeiros no mercado de emissão, colocação, intermediação, custódia e administração de títulos e valores mobiliários e contratos a termo, de opções de futuros, com mercadorias.
Constituem-se maiores exemplos de valores mobiliários: debêntures, títulos emitidos por sociedades anônimas, certificados de depósitos de valores mobiliários, excluindo-se do regime da lei que os disciplina os títulos da dívida pública federal, estadual e municipal bem como os títulos cambiais de responsabilidade de instituições financeiras.
Fundos Mútuos de Investimento: comunhão de recursos constituída sob a forma de condomínio aberto, destinados à aplicação em títulos e valores mobiliários, gerida por bancos de investimentos, sociedades corretoras ou distribuidoras. Há categorias como Fundos Mútuos de Ações, Fundos Mútuos de Renda Fixa. Diferem-se pelo percentual de resgate num determinado tempo e pela rentabilidade ligada ao risco do investimento.
Sociedades de Crédito Imobiliário: juntamente com o sistema financeiro de habitação e caixas econômicas tais sociedades atuam para a incorporação de edificações, sendo constituídas na forma de sociedade anônima, com ações, até o limite do capital social, sem direito a voto.
Bancos de Investimentos: financiam a médio e longo prazo operações de capital fixo, matérias-primas, equipamentos, subscrição e colocação d ações e debêntures ou constituição de fundos de investimentos.
Sociedades Distribuidoras: colocam e distribuem títulos ou valores mobiliários nos mercados financeiro e de capitais.
Bolsas de valores: embora possam se constituir em associações civis, sem fins lucrativos, é de se ressaltar que a BOVESPA e a BM&F, hoje, emitem papéis seus com retorno para investidores. Têm autonomia administrativa, patrimonial e financeira, sendo supervisionadas pela CVM.
Sociedades Cooperativas: com funcionamento autorizado pelo BaCen, são sociedades de pessoas, sem a finalidade de lucro, com o objetivo de desenvolver e facilitar determinadas atividades econômicas. É importante ressaltar sua natureza antimonopolista.
4.5- Crimes contra a ordem financeira
Sendo o sistema financeiro extremamente importante para a economia, ilícitos cometidos contra sua organização podem tomar grandes proporções na sociedade. 
Além da responsabilidade civil, consideram-se crimes contra o sistema financeiro, pela Lei n° 7.492/82: imprimir ou reproduzir títulos sem autorização das sociedades emissora, divulgar falsas informações sobre o andamento das instituições financeiras, sonegar informações e documentos ao interventor ou liquidante, evadir divisas do País através de operações cambiais.
A instauração de processo para a apuração desses atos ocorre perante o Judiciário Federal e sua promoção é da competência do Ministério Público Federal.
4.6- Relações da ordem financeira com a economia mundial
Embora os agentes responsáveis pela política monetária devam cuidar pela saúde financeira e, de alguma forma, econômica do país, todas as manipulações das variáveis econômicas estão relacionadas às flutuações do mercado internacional, o que dificulta, por vezes, a concretização dos direitos.
Taxas de juros, câmbio, concessão de créditos, quotas de produção, importação e exportação, bem como as alíquotas incidentes sobre a base de cálculo relativas aos impostos de produção, importação e exportação são fortemente influenciadas pelas ações dos investidores mundiais. Isso ocorre devido a inúmeros fatores, dentre os quais pode-se destacar: 
a vinculação a moedas fortes e, em especial, ao dólar, como ativo de trocas internacionais;
o “patrocínio” de instituições financeiras internacionais por bancos privados;
 a necessidade do ajuste de contas para o pagamento dos credores internacionais.
Os desequilíbrios provocados no mercado externo podem desencadear situações inflacionárias, recessivas e de desvalorização da moeda interna em relação às divisas fortes.
Intervêm com auxílios para amenizar situações conjunturais os organismos monetário-financeiro internacionais, cujas condições para empréstimo não raras vezes impossibilitam a viabilização dos programas de desenvolvimento.
4.6.1- Discussões acerca da independênciados bancos centrais
Não se deve ignorar os discursos a favor da independência dos bancos centrais, o que possibilita, num primeiro momento, a estabilidade monetária de países em transição governamental, trazendo menores riscos aos investidores.
No Brasil, o BaCen possui autonomia administrativa, financeira e ainda emite regulamentos e circulares para todo o sistema a ele subordinado.
Faz parte, portanto, da administração do Estado e, como todos os demais entes, está sujeito a um tipo de fiscalização. Vigora, no entanto, mundialmente, o pensamento de independência dos bancos centrais, os tornando instituições completamente fora da visão estatal, e, para tanto, muitas vantagens são levantadas, tais como a não vinculação do banco às vontades da política mutável e o controle maior de surtos inflacionários. 
Pergunta-se, no entanto, se tal independência não iria transformar os bancos centrais em Estado dentro do Estado, às suas leis não submetido.�
Caso os bancos centrais consigam a independência de qualquer interferência do estado por meio dos agentes da administração, corre-se o risco de as metas dos planos, que devem ser de acordo com os objetivos de um Estado, colocados na sua Constituição, ficarem sem ter como serem operacionalizadas. Isso porque cabe aos bancos centrais estipular taxas de juros, regular as operações de câmbio, bem como interferir nos impostos de natureza extrafiscal, o que, por conseqüência, gera reflexos na produção, no emprego e no consumo. 
Em época globalizada, cada vez mais os bancos centrais vivem à mercê do poder privado especulativo, o que determina acudir primeiramente os surtos de inflação, que não propiciam, por si só, o desenvolvimento, o que impediria a concretização dos fins econômico-constitucionais, levando a Constituição a texto utópico e não colocado em prática. 
4.6.2- A Emenda Constitucional n° 40, de 29 de maio de 2003: oportunidade para conferir independência ao Banco Central 
Com a mencionada Emenda, o artigo 192 da Constituição de 1988 ficou resumido ao caput, com a seguinte modificação: ao invés de se dizer que o sistema financeiro nacional será estruturado por lei, coloca que tal regulação far-se-á pó leiS. Isso possibilita a edição de lei que possa conduzir a maior independência do BaCen. 
Ainda, a referida Emenda retirou a velha controvérsia sobre a porcentagem das taxas de juros anuais, que, desde a edição da CF, era de 12% ao ano, pelo §3° do artigo 192.
 5- DESPESA PÚBLICA
5.1- Conceito
Dispêndio de recursos para a aquisição ou para o pagamento de um serviço ou obra. Assim, as despesas referem-se tanto ao pagamento dos serviços públicos (vinculadas à Administração, com as respectivas funções legislativa, executiva e judiciária, fundos, entes, órgãos, fundações) como aos contratos que a Administração firma com particulares para a execução de obra ou serviço, não se excluindo os gastos que o Estado suporta com a atividade econômica, em caso de estatais.
5.2- Justificativa da arrecadação
É exatamente na relação receita/despesa que Direito Tributário e Direito Financeiro se complementam, pois somente os gastos com o interesse e a necessidade pública justificam a cobrança de tributos.
Por tal motivo existe a fiscalização das despesas do Estado, pois devem condizer com os meios para garantir a efetivação dos direitos pelos cidadãos e, para tanto, o Estado deve estar bem aparelhado, porém, não “inflado”, o que aumentaria as despesas do Estado de forma excessiva e desnecessária.
5.3- Especulações sobre o incremento das despesas: a imposição de limites pelo processamento da despesa 
Diz-se que as despesas têm aumentado em virtude do crescimento populacional e do aumento dos gastos do Estado com serviços que não lhe são próprios, como a atividade econômica, por exemplo. Entretanto, à medida que a população aumenta, deveria crescer a possibilidade de arrecadar mais tributos. No entanto, a concentração de riqueza faz com que pessoas trabalhem na informalidade, não gerando receitas ao Estado, bem como o fato de o sistema tributário vigente favorecer o acúmulo de renda, o que, ao final, acarreta enormes prejuízos sociais, achatando a qualidade de vida da classe média, muitas vezes, geradora de emprego e tributo.
Nesse ponto, mostra-se importante classificar o gênero tributo, segundo a legislação nacional vigente.
Os tributos se classificam em: impostos (não vinculados a nenhuma despesa específica), taxas (vinculadas a uma prestação, pelo Estado, de atividade específica e mensurável, ou mesmo à disponibilização, pelo Estado, de alguma atividade), contribuição de melhoria (vinculada a uma prestação, pelo Estado, que leva à valorização de uma propriedade), contribuições especiais (entre elas: sociais [todos os trabalhadores formais, empresas e empregadores devem contribuir – art. 195- CF, enquanto todos, mesmo os que não contribuem, devem usufruir seus benefícios – arts. 203 e 204- CF] de interesse de classes profissionais e econômicas, de intervenção no domínio econômico – vinculadas), empréstimo compulsório (vinculado, pois exclusivo em caso de calamidade pública ou situação equiparada). 
Pergunta-se: quem paga a maior fatia de impostos no País? Para isso, deve ser feita uma breve divisão sobre a incidência da modalidade imposto no Brasil: 
impostos sobre a renda: IR (o problema da alíquota máxima sobre a “proporcionalidade” e a gradação da tabela – quem pode usar o planejamento tributário)
impostos sobre a propriedade: IPTU, ITR, IPVA
impostos sobre o consumo: ISS, ICMS
Obviamente, o peso da carga de IMPOSTOS recai excessivamente sobre a classe média, que, a cada dia, diminui, fazendo com que, gradativamente, o ‘bolo” de despesa pública a dividir seja rateado pelos restantes daquela classe.
A limitação de despesas, então, é fator relevante para que o Estado consiga promover suas políticas e manter sua máquina operacional. As despesas públicas devem estar consignadas no orçamento. Ora, se a despesa engloba todas as obrigações do Estado, inclusive o pagamento de indenizações judiciais, e o Estado trabalha com dinheiro, recurso escasso, deve racionalizar e prever a despesa para que os meios de pagamento sejam arrecadados de acordo. Se a receita é presumida, entende-se que seu desvio ou sua má utilização podem acarretar um déficit nas contas estatais, levando ao inadimplemento de obrigações que deveriam ser saldadas naquele exercício financeiro. Portanto, o Estado deve ater-se ao orçamento e ao plano plurianual, tendo em vista que as metas escolhidas como prioritárias devem se alcançadas.
Um dos instrumentos que se possui para o controle da despesa é o seu processamento, a ser emanado pela autoridade competente, após sua regular liquidação nos termos dos artigos 58 a 70 da Lei 4.320/64, o que pressupõe a emissão de nota de empenho (com o nome do credor, a especificação e a importância da despesa e a dedução desta do saldo da dotação própria) pela autoridade competente para a efetivação de despesa dentro dos limites dos créditos concedidos, com a devida verificação do serviço e/ou da obra efetuado(a), e, principalmente, da importância a ser paga, que se dá através dos estabelecimentos bancários credenciados, lembrando-se que as obrigações advindas de sentenças judiciais deverão ser pagas na forma de precatórios, por ordem de precedência.
Despesas Públicas:	Correntes:- Pagamento de pessoal, de material de consumo.
				De Capital:- Investimentos em obras públicas
5.4- Crédito orçamentário
Dotação prevista no orçamento anual ou plurianual, a fim de que sejam cobertas as despesas correntes naquele período. Relaciona-se às despesas de cunho normal mais as previsões de algumas despesas extras, dentro da normalidade da previsão.
Crédito adicional: autorização de despesas não previstas no orçamento. Divide-se em: 
 - Crédito suplementar: deve atender a dotações orçamentárias não suficientes;
- Crédito especial: deve atender a despesas para as quaisnão foram destinados recursos no orçamento.
Tanto o crédito especial como o suplementar devem ser autorizados por meio de lei e abertos por decreto executivo, devendo ainda haver recursos disponíveis para a efetivação da despesa a partir de exposição fundamentada que a justifique.
 - Crédito extraordinário: tem por base a urgência. Geralmente é satisfeito a partir da arrecadação de impostos extraordinários, que se extinguem com a cessação da causa que os justifica, como, por exemplo, caso de calamidade pública. Será aberto por meio de decreto do executivo, com imediato conhecimento ao legislativo.
RECEITAS PÚBLICAS
6.1- Conceito
Consistem em recursos relativos ao recebimento de dinheiro ou outras formas de pagamento das quais o Estado pode dispor sem que, no futuro, tenha que devolver a credores em forma de dívida. Nesse último caso, o que se dá são ingressos públicos.� Eles podem se constituir de negociação de títulos públicos, pedido de empréstimos. 
6.2- Classificação:
 	As receitas públicas, pela Lei nº 4.320/64, se classificam em correntes e de capital, mas, grosso modo, podem ser classificadas da seguinte forma:
- Originárias: vêm do patrimônio próprio do Estado. Além do que o Estado pode adquirir com terras devolutas, rios, lagos, ilhas, oceano, mar territorial, terrenos da marinha, em geral, os bens da União, estabelecidos no art. 20, I a XI e §§ 1° e 2° da CF/88, há ainda os aluguéis, as custas processuais, os preços, indenizações, as multas, os contratos, bem como os possíveis lucros provenientes das estatais.
- Derivadas: vêm do público contribuinte, a partir da arrecadação das espécies tributárias previstas. 
-Extraordinárias: advêm do que se conhece por empréstimos compulsórios ou “impostos extraordinários”, em virtude de situação inesperada, que custe aos cofres públicos quantias que não podem ser suprimidas por empréstimos regulares. Terminada a situação geradora da instituição dessas receitas a cobrança dos recursos que as geram deve ser eliminada (art. 148, I e II, CF/88).
Ainda:
Receita Originária :- Oriunda do próprio Patrimônio Público
 Derivada 	Contrato:- Com particulares
				
Soberania:- No patrimônio dos Particulares (tributo)
2- Receita Pública		Corrente:- Tributos, recebimento de dividendos de empresas
				De capital:- Empréstimos, alienação de bens (venda de controle acionário)
6.3- Federalismo fiscal como divisão da arrecadação de receitas
Não obstante haver a necessidade de se separar a competência de cada ente federado para instituir impostos, o fato é que, tanto os entes “maiores” da federação como os “menores” dependem uns dos outros. Estando inserido num Estado que ultrapassa as fronteiras da localidade onde se vive, é certo que se deve contribuir para a melhoria do todo, por exemplo, a utilização de rodovias federais, cortando diversas áreas de um país. De outro lado, se parte da receita que é recolhida com exclusividade por um ente, como, por exemplo, o imposto de renda, que tem sua fonte na contribuição de indivíduos de comunidades diversas, não parece eficiente, pois, a participação única da União como todo na alocação deste recurso.
Não se deve confundir federalismo fiscal com divisão constitucional de tributos. Esta se dá com a repartição, pela CF/88, de competências, para cada ente, para ARRECADAR impostos. Já pelo federalismo fiscal, a repartição ocorre APÓS A ARRECADAÇÃO pelo ente “maior” ao ente “menor”.
 Segundo Sacha Calmon, há duas formas de participação de uma pessoa política, no caso, o ente federado, no produto da arrecadação de outra: a direta e a indireta:�
“A forma direta impõe uma relação simples. Exemplo: os Municípios fazem juz a 25% (vinte e cinco por cento) do ICMS do Estado arrecadado em seus territórios. A forma indireta põe uma relação complexa: são formados fundos� aos quais afluem parcela de receitas de dados impostos. Depois, são rateados entre partícipes beneficiários segundo critérios legais preestabelecidos.”
Como bem salienta o autor citado, as transferências, direta e indireta, ambas adotadas pelo constituinte de 1988, têm mais relação com as finanças públicas, num arranjo intergovernamental, do que com o Direito Tributário. Entende-se que seria uma forma de alocar recursos arrecadados, principalmente no que concerne aos fundos, o que é pertinente ao Direito Financeiro.
Pelo Texto Constitucional Brasileiro vigente (artigos 157 e seguintes), assim está disposto o sistema de repasses na arrecadação:
Participação direta dos Estados-membros e do Distrito Federal no produto da arrecadação de impostos federais: 20% (vinte por cento) do produto da arrecadação dos impostos eventualmente criados pela União, baseados na competência residual; imposto de renda retido na fonte sobre vencimentos e proventos dos funcionários respectivos (da administração direta e indireta), bem como ao imposto de renda federal arrecadado na fonte sobre os rendimentos pagos pelo Estado (autarquias, fundações e administração direta), a qualquer título.
Participação direta dos Municípios no produto da arrecadação dos Estados-membros e da União: ao imposto de renda retido na fonte, como ocorre para os Estados-menbros; 50% (cinqüenta por cento) do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, em relação aos imóveis situados em seu território; 25% (vinte e cinco por cento) do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços estadual, arrecadado em seus respectivos territórios, na proporção de, no mínimo, ¼ (um quarto) ou de ¾ (três quartos), como lei estadual dispuser; 50% (cinqüenta por cento) do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores em relação aos veículos licenciados em seus respectivos territórios.
Tanto os Estados-membros como os Municípios têm direito, respectivamente, a 30 (trinta) e 70% (setenta por cento) do Imposto sobre Operações Financeiras, em sua definição de ativo financeiro.
Sobre as participações indiretas, há três fundos:
Fundo de Participação dos Estados: (vinte inteiros e cinco décimos por cento);
Fundo de Participação dos Municípios: (vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento);
Fundo para Programas de Financiamento das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste: (três por cento). 
Como os impostos não são vinculados a nenhuma específica prestação estatal, são levados ao vulgarmente conhecido como “bolo fiscal” para a posterior repartição de receitas, excluídas as participações diretas dos Estados-membros e Municípios no Imposto de Renda federal. Quarenta e sete por cento da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados estão comprometidos com os fundos.
d) Fundo Ouro: a partir do IOF cobrado sobre o ouro como ativo financeiro.
CRÉDITO PÚBLICO
7.1- Conceito
Consiste nas várias formas através das quais o Estado obtém recursos para satisfazer suas necessidades e cumprir compromissos já formalizados, sob a obrigação de pagar juros durante o período em que fizer uso da quantia tomada.
7.2- Competência para a efetivação de operações de crédito e para sua autorização
São efetivadas por todos os entes da federação, que assumem o compromisso de quitarem as dívidas no futuro. Sua autorização cabe ao legislativo, através de previsão orçamentária.
7.3- Financiamentos
Podem ser internos e externos. Podem servir para antecipar receitas, cobrir déficits do orçamento, bem como para investir em área específica. 
Internamente, quando a garantia conferida se dá por aval de instituição financeira, deve haver a autorização do BaCen.
Para os financiamentos externos, deve haver a autorização do Senado Federal, como previsto no art. 52, VII da CF/88.
7.4- Crédito e empréstimo público
Não é pelo fato de o Poder Público estar contratando que lhe é eximida a obrigação de pagar. Sabe-se que empréstimo advém de crédito e este existe justamente pelo fato de o tomador possuir meios de garantir a dívida. Assim, a cada operação de crédito, élançado um débito, a ser pago num determinado termo.
7.5- Crédito e dívida pública: dívida flutuante e consolidada
Como já foi colocado, o crédito conduz à dívida pública. Esta se classifica em: flutuante (obrigação de curto prazo. Objetivo: suprir receitas insuficientes perante os compromissos assumidos ao longo do exercício financeiro. Deve ser resgatada quando o Estado possuir fundos para faze-lo) fundada, inscrita ou consolidada (compromissos exigíveis em prazo superior a doze meses. Objetiva equilibrar o orçamento ou o financiamento de obras e serviços públicos. Não é variável como a flutuante. Por isso, não há preocupação de resgate como na flutuante, justamente por ser mais estável).� 
RECEITAS EM FACE DOS CONDICIONAMENTOS INTERNACIONAIS
A cada problema orçamentário, inclusive de déficit na balança de pagamentos, os países são obrigados a recorrer aos organismos de financiamento internacional, do contrário, os investidores não são pagos, o que provoca uma evasão dos capitais investidos e a conseqüente perda de importante fonte de divisas internacionais, necessárias ao pagamento dos insumos estrangeiros para a produção interna, dentre outras dívidas assumidas. Isto quer dizer que nem sempre as receitas existem no sentido de se vincular a arrecadação e os lucros do Estado ao interesse público imediato, vez que as economias internas encontram-se atadas à globalização econômica e ao poder das moedas fortes. 
8.1- A Lei de Responsabilidade Fiscal 
A Lei Complementar 101/2000 foi editada no sentido de impedir gastos que ultrapassem as previsões orçamentárias. Portanto, a renúncia de receita, através da extinção de tributos sem justificativa ou compensação é proibida (artigo 14), havendo ainda limitações com despesas destinadas ao setor privado, ao número e ao aumento dos vencimentos dos funcionários, com a seguridade social e com o rolamento das dívidas.
Ora, se assim o é, como adquirir crédito além do que haja sido previsto no orçamento? Como efetuar despesas não previstas? Presume-se que no orçamento devam ser consideradas despesas de ordem acidental, advindas de indenizações e algumas situações de crise, o que, num primeiro momento, impediria a concessão de crédito suplementar e especial:
 “Artigo 16: A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e dois subseqüentes;
declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.”
Como somente os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios são sujeitos a sanções administrativas e os agentes executivos responsáveis pelo aumento da despesa a sanções civis, administrativas e penais, questiona-se se a despesa da União poderia ser aumentada sem qualquer imputação de responsabilidade dos agentes competentes para a manipulação e a fiscalização do orçamento.
8.2- Impactos da Lei de Responsabilidade Fiscal no federalismo e no desenvolvimento: questionamento acerca do Sistema Financeiro Nacional como parte integrante da Ordem Econômica e dos fins da República Federativa do Brasil
A racionalização da despesa é necessária, uma vez que o Estado lida com recursos escassos e que, ressalte-se, não lhe pertencem. Na sua tarefa de gerenciador da coisa pública, o Estado deve velar para a melhor alocação dos recursos arrecadados, de forma a preservar os objetivos constitucionais de dignidade de vida, desenvolvimento e democracia. 
Não só pela atividade orçamentária se faz o controle das contas públicas. O sistema financeiro, seja em sua função de regulador dos elementos da política econômica, seja como agente operador no mercado de capitais e valores mobiliários, contribui para o saneamento das contas públicas e para o desenvolvimento do País.
Portanto, a previsão orçamentária é de essencial importância, mas a ela deve preceder o planejamento, já que é através deste que as metas prioritárias do governo para o alcance dos fins sociais são jurídica e politicamente implantadas. A responsabilidade para com o planejamento é fundamental, pois norteia o orçamento e se neste faltar qualquer previsão de despesa, pela Lei de Responsabilidade Fiscal fica inviável a concessão de despesa especial e suplementar, atravancando o desenvolvimento, objetivo da República Federativa do Brasil, estabelecido no artigo 3°, II da CF/88. 
O maior questionamento que se põe à frente da Lei Complementar 101/200 tem relação com a observância da forma federativa, adotada no Brasil. O art. 70 da referida Lei determina que o ente ou órgão citado no art. 20 que não diminuir sua despesa com pessoal num período determinado, será passível das sanções do art. 23, § 3°. As sanções ali colocadas podem impedir o recebimento de transferências voluntárias pelos entes citados no art. 20 (inclusive da federação), a obtenção de garantia direta ou indireta de outro ente e a contratação de operações de crédito que não as destinadas à diminuição de pessoal e ao refinanciamento da dívida mobiliária. Ora, se as transferências voluntárias, bem como a obtenção de garantia partem do ente “maior” da federação para o ente “menor”, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios ficam sujeitos a tais penalidades, mas o que se pode dizer quanto à sanção das ações da União se, eventualmente, esta não cumprir as mesmas metas?
ORÇAMENTO PÚBLICO
9.1- Definição
O orçamento é documento que expressa a expressa a vida de um país, estado-membro ou município em determinado espaço de tempo, pois nele está contido o cálculo das receitas e despesas autorizadas para o funcionamento dos serviços públicos como também para os demais fins projetados, como a execução de certos serviços e obras.
Segundo Baleeiro,� nos países que adotam a democracia, considera-se o orçamento “o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim com a arrecadação das receitas já criadas em lei.”
9.2- Extensão do plano plurianual
O plano plurianual constitui lei que, pela racionalização dos gastos, possibilita a efetivação dos objetivos econômico-constitucionais, através da programação de atividades que viabilizem o desenvolvimento e a concretização dos direitos pelos cidadãos, pelo impulso público.
O plano, para chegar ao estágio de lei, necessita de prévia elaboração, o que requer o conhecimento de técnicas específicas, não só de caráter jurídico, mas também político e financeiro. Para isso, é mister haver integração entre os responsáveis pela elaboração do plano na esfera governamental, pois, se não se pode prever programas em virtude da carência de recursos, de outro lado, não se pode deixar de priorizar os fins constitucionais para atender a objetivos meramente operacionais.
Assim, é preciso que: se conheça a Constituição e, no Brasil, dentro dos objetivos estampados no artigo 3º, tentar lançar programas que atendam a todos os objetivos da República Federativa, devido aos problemas detectados. Logo, prever a receita, a partir do quanto se tem para arrecadar no próximo exercício financeiro, o que pressupõe uma estimativa de inadimplência, possíveis indenizações, isenções, subsídios, investimentos. Após, como as receitas, deduzidos o déficit de arrecadação e o pagamento. Ainda, especificar os programas, sua duração, a região e o setor a contemplar, para, logo, serem efetivados os gastos. 
É relevante a observância do plano plurianual, de caráter governamental, geral e nacional, para a elaboração de planos regionais e setoriais, como dispõe o artigo 165, §4º, CF/88, e, evitando que o contrário aconteça, cabe ao Congresso Nacional apreciá-los. 
Noorçamento estão estabelecidas as despesas e receitas para os programas já definidos no plano governamental, que sintetiza as ações destinadas à consecução dos objetivos do Estado num mandato, que não podem, por sua vez, se distanciar dos objetivos do Estado estabelecidos constitucionalmente.
Assim, compreende-se que os incisos I, II e III do artigo 165 da CF/88 seguem uma ordem lógica, sem a qual o orçamento não cumpriria seu papel complementar de viabilizador do cumprimento dos objetivos do plano.
9.3- Observância às diretrizes orçamentárias
A Lei n° 4.320, de 1964, dispõe sobre as normas que devem nortear a confecção das diretrizes para a posterior elaboração dos orçamentos anuais.
Na lei de diretrizes orçamentárias deve conter a possibilidade da modificação das formas de arrecadação de receitas, como o aumento de alíquota de tributo que deve ser estabelecido em lei específica, despesas de capital, política de fomento pelas instituições financeiras oficiais (art. 165, III, § 2°, CF/88).
9.4- Aspectos técnico, político e jurídico
Como o orçamento não tem como fonte unicamente a ação de um dos poderes do Estado e como não se vincula somente ao âmbito jurídico, posto que necessita de organizar tecnicamente dados econômicos, administrando ingressos e gastos, em seu estudo, há que se focar para os aspectos político, jurídico, econômico e técnico.
Aspecto político: tendo em vista que o orçamento viabiliza as ações governamentais para atingir os objetivos do Estado colocados na Constituição, deve revelar de maneira transparente a execução dos planos que tornarão possíveis os objetivos de diminuição das desigualdades sociais e regionais, de desenvolvimento, de diminuição da pobreza e da desigualdade (artigos 3º, II e III e 170 da Constituição de 1988).
Aspecto jurídico: é de se relembrar que o Estado de Direito impõe que somente aquilo que estiver consagrado em lei obriga sua respectiva execução. Se isto vale para o particular, é mais do que necessário para o Estado, cuja função é garantir os meios para que sejam efetivados os objetivos constitucionais , ainda mais porque o Estado, para tanto, gerencia recursos públicos, cuja destinação deve ser estritamente observada, sob pena de lesar direitos. É por esse motivo que o orçamento só passa a ter validade no País, bem como nas demais esferas da federação, após ser aprovado pelo Legislativo em forma de LEI.
Aspecto técnico: para a elaboração da política fiscal, a partir da qual o Estado receberá recursos para alocá-los, deve-se observar as necessidades e prioridades tanto da conjuntura econômica quanto da modificação da estrutura econômica, pois se todos os recursos forem destinados a cobrir despesas de ordem emergencial, tornar-se-á difícil a concretização do desenvolvimento, que, no Brasil, é objetivo da República Federativa (artigo 3º, II da Constituição de 1988). 
Para a elaboração e execução do orçamento, o Estado lida com variáveis econômicas, para cuja manipulação a técnica econômico-financeira é indispensável. Além da atenção dispensada às rápidas modificações no cenário internacional, os técnicos e aplicadores dos recursos devem observar a racionalização e possibilidade dos gastos, considerando débitos vincendos, vencidos, juros e indenizações a pagar e créditos a receber, para, só depois, iniciar a previsão do que pode ser expendido em programas.
Embora o orçamento abarque todos esses aspectos, não se esgota, pela própria característica de complexidade, na elaboração de um único documento. Como o Estado está lidando, na prática, com o que pressupõe ser o interesse público, deve, ao final de cada exercício fiscal, avaliar os resultados de suas projeções iniciais, pelo que se conhece por prestação de contas. Isso se dá através de:
Balanço de execução: mostra a eficiência das previsões e se as autorizações de gasto foram utilizada. É por esse motivo que o orçamento não é considerado impositivo no que diz respeito aos gastos, pois os objetivos podem ser cumpridos sem que toda a receita seja gasta, mesmo que autorizada, o que seria grande vantagem para a alocação em novos programas.
Balanço patrimonial: juntamente com outros documentos, demonstra o que o Estado gastou e o que sobrou da receita arrecadada.
Deve-se ressaltar que o orçamento não é o único instrumento utilizado para autorizar receitas e despesas dentro de um período de tempo, pois, embora previsíveis, pode haver uma quebra de continuidade tanto nos ingressos do Estado como em seus gastos, como, por exemplo, a ocorrência de uma situação de calamidade não prevista, que obriga o Estado a investir em determinado setor em caráter de urgência, sob pena de prejuízos sociais e isso poderia resultar tanto na arrecadação de impostos extraordinários, como na impossibilidade de se diminuir alíquotas para os anos posteriores (caso do leste e do centro da Europa em 2002, com as enchentes que arrasaram com Praga e parte da Alemanha) como também pela necessidade de se recorrer de empréstimos externos e internos, tanto a organismos e entes públicos e/ou privados. 
9.5- Princípios norteadores do orçamento
Considera-se o orçamento um instituto, uma vez que possui regras e princípios próprios, como os que se seguem e merecem observância: princípio da exclusividade, da unidade, da anualidade, da universalidade e da legalidade.
Princípio da exclusividade: no sentido de evitar que se criem tributos ou sejam aumentadas ou diminuídas bases de cálculo ou alíquotas de tributos, na lei do orçamento deve conter somente matéria referente a aquisição de receita e alocação de despesa. A história tornou necessária tal restrição,� o que tem sido mais conhecido como causas orçamentárias, na Constituição de 1988 expressa no artigo 165, § 8º.
Princípio da unidade: sabe-se que o Estado, para que consiga promover os fins que justificam sua existência, deve efetuar gastos com seus funcionários para a manutenção da máquina administrativa, bem como com as empresas estatais que porventura existam e, ainda, com obras e serviços contratados, além do pagamento de determinados benefícios, tais como a seguridade social. Embora cada uma dessas despesas se encontre em apartado de outra, ainda mais porque tratam-se de órgãos e instituições distintas, o fato é que todas as expensas devem estar contidas no mesmo documento legal que institui o orçamento, dando-lhe a característica de documento único, mesmo que, para sua operacionalização, sejam necessários documentos extras, mas cujas receitas e despesas se incluam no documento originário. 
Princípio da anualidade: primeiramente, há de se diferenciar anterioridade com anualidade. O princípio da anterioridade, aplicado ao Direito Tributário, o que quer dizer que a criação ou o aumento de tributo por lei só pode valer para o exercício financeiro seguinte, que coincide com o ano civil. Se o fato gerador do tributo, por exemplo, é anual, a cobrança só poderá ser feita nos termos da lei nova após o ano do fato gerador, que, por si só, já é posterior à lei que criou ou aumentou tal tributo. O princípio da anualidade, embora esteja inserido no princípio da anterioridade, é mais específico, atuando no âmbito do Direito Financeiro, ou seja, o orçamento deve vigorar para o ano, que, pela Constituição de 1988, coincide com o ano civil (artigo 34 da Lei 4.320/64), portanto, de janeiro a dezembro, podendo ser modificado por lei complementar, como disposto no artigo165, § 9º da Constituição de 1988. Mesmo que o plano plurianual, por seu próprio nome, seja instituído para vigorar por mais de um exercício fiscal, novo orçamento deve ser votado a cada ano, até o dia 15 de dezembro do ano anterior de sua entrada em vigor. Isto seria impossível pelo princípio da anterioridade no Direito Tributário, uma vez que afrontaria o princípio da não surpresa do contribuinte.
Princípio da universalidade: é complementado pelo que se conhece por “orçamento bruto”, que significa que, no orçamento, a receita e a despesa devem estar consideradas sem qualquerdedução. Isto traduz que o total da receita que se arrecada deve ser totalmente recolhido ao Tesouro, para que, após, ser repassado para seus respectivos organismos de alocação. Esse princípio, embora tenha tido sua utilidade na França do século XIX, mostra-se altamente centralizador nos dias atuais. Está expresso no artigo 165, § 5º, I. II e III da Constituição de 1988, ao dizer que quaisquer fins que sejam dados às receitas, devem estar contidos no orçamento.
Princípio da legalidade: de extrema importância, a legalidade é a segurança maior da coletividade contra possíveis abusos administrativos em relação ao dinheiro público, e, por isso, um ato de iniciativa do Presidente da República (artigo 84, XXIII da Constituição de 198), como a elaboração de proposta orçamentária, deve passar pelo Legislativo, de forma a verificar os interesses dos representados.
9.6- Aspectos constitucionais
9.6.1- Iniciativa do projeto de lei
As leis do plano plurianual, de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual são de iniciativa do Poder Executivo (art. 165, I, II e III, c/c 84, XXIII, CF/88).
9.6.2- Competência para apreciação
Os projetos destas leis serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional (art. 166, caput, CF/88). Para tanto, cabe ao Presidente da República enviar o projeto, obedecendo o seguinte (art. 166, § 6º, CF/88): a disposição sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias, bem como da lei do orçamento e ainda o estabelecimento de normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta e as condições para a instituição e o financiamento de fundos (art. 165, § 9º, I e II, CF/88).
É uma forma de se democratizar a elaboração orçamentária.
Fiscalização: Como os gastos não constituem ato discricionário do Executivo, deve este publicar, até 30 dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária (art. 165, § 3º, CF/88). Ainda, as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República e os programas e planos devem ser examinadas por uma comissão mista permanente de Deputados e Senadores, sobre as quais emitirá parecer (art. 166, § I, CF/88). 
Compatibilidade com o plano: As despesas com programas e planos de âmbito regional, por setor, ou mesmo nacionais devem estar previstas no plano plurianual (art. 165, § 4º, CF/88), que devem compreender as metas e prioridades da administração (art. 165, §§ 1º e 2º, CF/88).
9.6.3- Emendas
Compatibilidade com as receitas: Emendas ao projeto de lei do orçamento relativas à majoração dos gastos, além de serem apresentadas para apreciação na comissão mista, devem ser aprovadas pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional (art. 166, § 2º, CF/88), que somente poderá aprová-las se não conflitarem com o plano plurianual (art. 166, § 3º, I e § 4º, CF/88), sendo vedado o aumento com pagamento de servidores, serviço da dívida, transferências voluntárias (art. 166, § 3º, II, “a”, “b” e “c”, CF/88).
9.6.4- Divisão do orçamento: fiscal, de investimentos, de seguridade social
Orçamento fiscal- contido no art. 165, § 5º, I, Cf/88. Engloba todas as despesas com a União, tanto no que concerne aos seus Poderes, como no serviço público em geral, a manutenção de programas e obras, a administração indireta, inclusive, as sociedades públicas e as sociedades de economias mista (quando recebem recursos do Tesouro Nacional). Para tanto, a previsão orçamentária deve conter os recursos advindos de tributos, do patrimônio do Estado, de operações creditícias, bem como contar com as isenções, os subsídios, ou seja, os supostos “passivos” do Estado, no sentido de que, para que seja efetivado o planejado, haja recursos compatíveis. 
Orçamento de investimentos- (art. 165, § 5º, II, CF/88): excluídas as despesas do Tesouro com as empresas estatais (o que exclui os investimentos advindos da participação acionária da União), abrange os investimentos nas empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito a voto.
Orçamento da seguridade social- inclui todas as previsões de receitas (advindas da arrecadação das contribuições especiais) e despesas relativas à manutenção da seguridade social. Isso abrange todos os entes e órgãos da administração, fundos e fundações mantidos pelo Poder Público direta ou indiretamente vinculados à seguridade social (art. 165, § 5º, III, CF/88). 
9.7- Vedações
Não pode haver o início de programas não previstos no orçamento, nem qualquer despesa excedente e, especialmente, a vinculação de impostos a fundos, a não ser os constitucionalmente destinados pelo que se conhece por federalismo fiscal (art. 167, CF/88).
A regulamentação dessa matéria é encontrada na Lei Complementar 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Tal fato mostra que a matéria tratada na Constituição Federal vale para todos os entes da federação (observância daquelas disposições tanto nas Constituições estaduais quanto nas Leis Orgânicas).
Para a assunção de dotação orçamentária para a complementação de despesas previstas no orçamento, mas que não foram devidamente contabilizadas, é necessária autorização de abertura de crédito adicional (suplementar, especial e extraordinário). Isso decorre do fato de haverem sido efetuadas despesas não previstas executadas durante o exercício financeiro em que o crédito foi aberto. As despesas excedentes aos créditos só podem ocorrer quando forem autorizadas pelo Legislativo. Caso a despesa não seja autorizada, o que está diretamente ligado às vedações constitucionais e à Lei Complementar n° 101/2000, não pode haver a abertura de crédito adicional.
9.8- Condicionamentos para a transferência de recursos, para a abertura e concessão de alguns créditos: a previsão de uma lei para os gastos públicos
Os créditos suplementares e especiais não podem exceder a quantia fixada na Lei do Orçamento. Assim, como reforço ao orçamento, ficam condicionados à existência de recursos disponíveis, que compreendam superávit financeiro do exercício anterior, recursos provenientes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias (autorizados em lei), recursos advindos do excesso de arrecadação, recursos provenientes de créditos autorizados e com possibilidade de execução pelo executivo.
O artigo 167, VI da CF/88 veda a transferência/transposição/remanejamento de recursos de uma categoria de programação para outra, de um órgão para outro sem prévia autorização legislativa.
É prudente ressaltar que os orçamentos fiscal e da seguridade social não podem ser utilizados para cobrir déficits do orçamento de investimentos das empresas estatais. Somente específica autorização do Congresso nacional pode permitir que recursos daqueles orçamentos sejam voltados para suprir deficiências de empresas, fundações e fundos estatais.
No sentido de evitar a instituição indiscriminada de fundos, o artigo 165, §9°, II da CF/88 reza que estes só poderão ser criados mediante lei complementar.
Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no mesmo exercício financeiro em que forem autorizados. O contrário ocorre se a autorização for promulgada nos últimos quatro meses daquele exercício financeiro, quando deverá ser reaberto nos limites de seus saldos e incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.
No que concerne aos créditos orçamentários, vide artigos 148, I (empréstimos compulsórios) e 167, § 1° da CF/88 (impostos extraordinários).
10- FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Em se tratando de recursos públicos, não há lugar para gastos sem qualquer tipo de fiscalização. Além dos cuidados que são tomados para a destinação dos recursos (através da apreciação e votação legislativa para a lei do orçamento), a execução das despesas também deve ser avaliada, não unicamente para efeitos de detecção de irregularidades, mas também para a análise da eficiência da destinação dos

Continue navegando