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Sumário ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO .............................................................................................. 2 O ESTADO BRASILEIRO ............................................................................................................................ 2 ELEMENTOS DO ESTADO ..................................................................................................................... 2 FORMA DE ESTADO ............................................................................................................................... 2 Federalismo ............................................................................................................................................. 2 CARACTERÍSTICAS DO FEDERALISMO BRASILEIRO: ........................................................................................................................................ 3 TIPOS DE FEDERALISMO: ................................................................................................................. 3 VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS .......................................................................................................... 3 UNIÃO ....................................................................................................................................................... 3 CAPITAL FEDERAL - BRASÍLIA .......................................................................................................... 4 BENS DA UNIÃO .................................................................................................................................. 4 ESTADOS .................................................................................................................................................. 5 AUTO-ORGANIZAÇÃO ....................................................................................................................... 5 AUTOGOVERNO .................................................................................................................................. 5 REGIÕES METROPOLITANAS .......................................................................................................... 6 FUSÃO – INCORPORAÇÃO – SUBDIVISÃO – DESMEMBRAMENTO – CRIAÇÃO DE NOVOS ESTADOS ...................................................................................................... 6 BENS DOS ESTADOS .......................................................................................................................... 6 MUNICÍPIOS ............................................................................................................................................. 7 AUTO-ORGANIZAÇÃO ....................................................................................................................... 7 AUTOGOVERNO .................................................................................................................................. 7 FUSÃO – INCORPORAÇÃO – SUBDIVISÃO – DESMEMBRAMENTO – CRIAÇÃO DE NOVOS MUNICÍPIOS ................................................................................................. 7 FISCALIZAÇÃO DAS CONTAS DOS MUNICÍPIOS ......................................................................................................................................... 8 DISTRITO FEDERAL ............................................................................................................................... 8 AUTO-ORGANIZAÇÃO ....................................................................................................................... 8 AUTOGOVERNO: ................................................................................................................................. 9 AUTOADMINISTRAÇÃO .................................................................................................................... 9 AUTOLEGISLAÇÃO ............................................................................................................................ 9 TERRITÓRIOS ........................................................................................................................................ 10 CRIAÇÃO............................................................................................................................................. 10 ORGANIZAÇÃO ................................................................................................................................. 10 DIVISÃO EM MUNICÍPIOS ............................................................................................................... 10 EXECUTIVO ........................................................................................................................................ 10 LEGISLATIVO .................................................................................................................................... 11 Territórios com mais de 100.000 habitantes ........................................................................................ 11 COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS .............................................................................................. 11 Noções introdutórias .............................................................................................................................. 11 CLASSIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS .............................................................................................................................. 11 QUANTO A NATUREZA ................................................................................................................... 11 QUANTO A FORMA: ......................................................................................................................... 12 QUANTO A EXTENSÃO ................................................................................................................... 12 Exclusiva: ............................................................................................................................................. 12 Privativa................................................................................................................................................ 13 COMUM .............................................................................................................................................. 15 CONCORRENTE ................................................................................................................................ 16 Competência reservada, residual ou remanescente dos Estados .................................................................................................................... 16 Competência dos Municípios ............................................................................................................... 17 INTERVENÇÃO ..........................................................................................................................................18 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ................................................................................................................... 18 Tipos de intervenção: ........................................................................................................................... 18 Competência para determinar a intervenção ........................................................................................ 18 INTERVENÇÃO FEDERAL .................................................................................................................. 18 PRESSUPOSTOS MATERIAIS – HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL ............................................................................................................................................ 18 ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO FEDERAL .........................................................................................19 ESPONTÂNEA OU DISCRICIONÁRIA: .......................................................................................... 19 PROVOCADA ..................................................................................................................................... 19 O decreto interventivo .............................................................................................................................. 22 Controle Político do Congresso Nacional ................................................................................................ 22 Dispensa de controle político ............................................................................................................... 22 Suspensão da tramitação das emendas constitucionais ...................................................................................................................................... 23 INTERVENÇÃO ESTADUAL ............................................................................................................... 23 PRESSUPOSTOS MATERIAIS – HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO ESTADUAL ......................................................................................................................................... 23 Decreto e execução ............................................................................................................................... 23 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO O ESTADO BRASILEIRO ELEMENTOS DO ESTADO Estado é uma sociedade política dotada de características próprias, elementos essenciais, que as diferenciam das demais sociedades, quais sejam: POVO: é o elemento humano do Estado e se refere as pessoas que mantém vínculo jurídico-político com o Estado, se tornando parte dele, em outras palavras, integra o conceito de povo aqueles indivíduos que possuem a nacionalidade, trata-se de um conceito jurídico- político. O conceito de povo não se confunde com o conceito de população, nem com o conceito de nação. População é um conceito numérico e engloba o conjunto de pessoas que se encontram em determinado território de um Estado, aqui incluídos não apenas os nacionais de um estado, mas também os estrangeiros ali residentes. Nação por sua vez é um conceito sociológico e se refere ao conjunto de pessoas ligadas que formam uma comunidade unida por laços históricos, culturais, linguísticos. TERRITÓRIO: é o elemento material do Estado e refere-se ao espaço território sobre o qual o Estado exerce de modo efetivo e exclusivo o seu poder de império, sua supremacia sobre pessoas e bens, trata-se de um conceito jurídico e não meramente geográfico. SOBERANIA ou Governo Soberano: é o elemento formal do Estado e refere-se ao poder de autodeterminação plena, não condicionado a nenhum outro poder, externo ou interno. FORMA DE ESTADO Por forma de Estado entende-se o modo de exercício do poder político em função do território de um dado Estado, ou seja, a existência, ou não, de repartição de poderes autônomos, leva em consideração ainda a composição geral do Estado, a estrutura do poder, sua unidade, distribuição e competências no território do Estado. Existem duas formas de Estado relevantes: Simples ou Unitário: nessa forma de Estado um Poder único e centralizado é exercido sobre todo o território sem as limitações impostas por outra fonte de poder. De forma geral, Estados com menor extensão territorial costumam adotar esse modelo de Estado, no qual existe uma unidade de poder político interno, com exercício centralizado. Ex: França, Paraguai, Uruguai. Composto ou Federação: Essa forma de Estado é organizada por mais de um poder político, existe uma pluralidade de poderes políticos internos, ou seja, ocorre uma repartição de poderes autônomos. Ex: Brasil, EUA. CONFEDERAÇÃO segundo a doutrina atual majoritária não é considerada uma forma de Estado, mas tão somente uma reunião de entes soberanos, para tanto o vínculo confederativo é definido através de Tratado Internacional, sendo esse vínculo dissolúvel. O BRASIL adota a forma de Estado Federativa! Federalismo Federalismo é uma aliança (união) entre estados- membros para a formação de um Estado Federal, em que as unidades federadas (os estados) preservam autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o Estado Federal. O Federalismo nasceu com a Constituição norte- americana de 1787. No Brasil a forma federal de Estado foi adotada provisoriamente em 1889, junto com a proclamação da República, mas foi consolidada com a Constituição Republicana de 1891. O pacto federativo é CLÁUSULA PÉTREA, ou seja, não pode haver propostos de Emenda Constitucional para extinguir, abolir a Federação. O art. 18 da CF define a Organização Político- administrativa do Estado brasileiro: Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. República Federativa do Brasil: é o nome do Estado Federal brasileiro, do país Brasil e representa o todo, esse ente é dotado de soberania. Classifica-se como pessoa jurídica de direito público internacional. União, Estados, municípios e o DF: são os entes federativos dotados de AUTONOMIA POLÍTICA, “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 3 que significa a capacidade de: auto-organização, autoadministração, autogoverno, autolegislação e autonomia financeira. Classifica-se como pessoa jurídica de direito público interno. Observe que os TERRITÓRIOS não integram a organização político- administrativa do Estado brasileiro. Como frisado essa organização é baseada na Autonomia Política desses entes federativos, que permite que esses possam ter: Auto-organização: que é a capacidade dos entes criarem suas próprias constituições ou no caso dos Municípios e do DF de se auto organizam através de lei orgânica; Autonomia legislativa, que é a capacidade dos entes terem competências legislativas próprias; Autoadministração, que é a capacidade dos entes terem competências administrativas próprias, servidores próprios; Autogoverno, que é a capacidade dos entes elegerem seus próprios representantes. Autonomia financeira, que é a capacidade dos entes terem competências tributárias próprias, recursos próprios para manterem a sua estrutura. CARACTERÍSTICAS DO FEDERALISMO BRASILEIRO: Soberania do Estado federal: Autonomia dos entes federativos: Caráter indissolúvel do vínculo federativo: não há direito de secessão. Formalização por meio de uma constituição rígida e escrita. Repartição de competências entre o poder central e os entes parciais: Direito de participação das vontades parciais na vontade central (bicameralismo do Poder Legislativo da União). Possibilidade de intervenção federal. Controle Jurisdicional de Constitucionalidade. TIPOS DE FEDERALISMO: Federalismo por AGREGAÇÃO ou por DESAGREGAÇÃO Federalismo DUAL ou COOPERATIVO Federalismo SIMÉTRICO ou ASSIMÉTRICO VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS A CF em seu artigo 19 estabelece proibições destinadas aos Entes da Federação, vejamos: Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entresi. O inciso I consagra o Princípio da Laicidade do Estado Brasileiro, ou seja, o Brasil não adota uma religião oficial, na medida em que afasta a relação entre Estado e Igreja, com exceção da colaboração de interesse público (ex: distribuição de cestas básicas). O inciso III estabelece o Princípio da Isonomia Federativa, na medida em que não se pode estabelecer tratamento diferenciado entre brasileiros, nem entre os entes da Federação. UNIÃO A União ente federativo que compõe a República Federativa do Brasil possui competência tanto para atuar em nome próprio como para atuar em nome da Federação. Assim, podemos afirmar ainda que a União possui um duplo papel, um interno e um externo ou internacional: No plano interno atua como entidade Federativa dotada de autonomia – Pessoa jurídica de direito público interno, podendo agir em nome da Federação (ex. Intervenção) ou podendo agir em nome próprio (ex. Organiza a Justiça Federal) No plano externo ou internacional a União é órgão de representação da República Federativa do Brasil– pessoa jurídica de direito público externo, exercendo competências de natureza internacional, “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 4 em nome de toda a Federação. Por exemplo: art. 21, I e II CF. Art. 21. Compete à União: I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; II - declarar a guerra e celebrar a paz; CAPITAL FEDERAL - BRASÍLIA A Capital Federal é BRASÍLIA, que também é sede do Governo do Distrito Federal. Art. 18 § 1º - Brasília é a Capital Federal. Brasília é a Capital Federal, mas não goza de autonomia, pois não é um município, é uma região administrativa que fica dentro do ente federativo Distrito Federal, mas não se confunde com o DF. O DF, por outro lado, possui autonomia. Destaca-se inclusive que Brasília não possui prefeito, mas sim um Administrador Regional. A CF prevê a possibilidade de transferência temporária da sede do Governo Federal para outra cidade, se a situação assim o exigir, cabendo esta decisão ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, conforme art. 48, VII da CF: Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; BENS DA UNIÃO Os bens da União estão previstos no art. 20 da CF, em rol exemplificativo, sendo que para as provas é necessária a memorização: Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. TERRAS DEVOLUTAS: são terras públicas sem destinação pelo Poder Público e que em nenhum momento integraram o patrimônio de um particular, ainda que estejam irregularmente sob sua posse. O termo "devoluta" relaciona-se ao conceito de terra devolvida ou a ser devolvida ao Estado. Será da União apenas se essas terras forem indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e defesas militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, as demais pertencem, em regra, aos ESTADOS. “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 5 Destaca-se a decisão do STF que entendeu que os terrenos de marinha, mesmo que localizados em ilha com sede de município, são bens da União. ESTADOS Os Estados-membros são entes federativos dotados de autonomia política, podendo-se destacar: AUTO-ORGANIZAÇÃO Quanto a auto-organização os estados regem-se por suas Constituições Estaduais, nos termos do art. 25 da CF: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem- se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. A organização dos estados nas suas Constituições deve observar os princípios estabelecidos na CF, ou seja, encontram-se limitadas aos princípios constitucionais. Essas Princípios Constitucionais são classificadas em três espécies: (i) princípios constitucionais sensíveis, previstos no art. 34 da CF; (ii) princípios constitucionais extensíveis que consagram normas de organização da União que devem obrigatoriamente serem aplicadas nos estados Ex. Sistema eleitoral, composição e organização dos Tribunais de Contas, processo legislativo; (iii) princípios constitucionais estabelecidos: estabelecem preceitos centrais de observância obrigatório pelos estados. Por ex. Art. 37 da CF ou as competências dos estados e municípios. Desse modo, as Constituições Estaduais devem adotar um modelo simétrico ao estabelecido na CF – esse é o chamado princípio da simetria, que estabelece algumas normas de observância e reprodução obrigatória pelos estados nas CE. Hierarquicamente podemos dizer que as Constituições Estaduais estão abaixo da Constituição Federal e acima das leis estaduais e municipais do respectivo Estado. AUTOGOVERNO O autogoverno está relacionado com a capacidade dos entes elegerem seus representantes nos poderes executivo e legislativo. Poder Executivo Estadual é exercido pelo Governador do Estado auxiliado pelos Secretários de Estado. O processo eleitoral do Governador é idêntico ao do Presidente em virtude do principio da simetria, ou seja, o Governador é eleito pelo sistema majoritário absoluto (segundo turno). Especialmente para concursos estaduais a leitura dos artigos seguintes é fundamental Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno,se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77. § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V. § 2º Os subsídios do Governador, do Vice- Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. Poder Legislativo Estadual, é exercido pela Assembleia Legislativa que é composta por Deputados Estaduais, eleitos segundo o sistema proporcional, de forma idêntica aos deputados federais. Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 6 triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. § 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos. § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual. Poder Judiciário Estadual, é formado pelos Tribunais de Justiça e juízes estaduais e a sua organização e composição será melhor estudada na nossa aula sobre Poder Judiciário. REGIÕES METROPOLITANAS Os Estados poderão criar regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões visando melhorar as questões envolvendo a política urbana, através de lei complementar. Art.25 CF § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. FUSÃO – INCORPORAÇÃO – SUBDIVISÃO – DESMEMBRAMENTO – CRIAÇÃO DE NOVOS ESTADOS A CF estabelece dois requisitos para incorporação, fusão, subdivisão, desmembramento e criação de novos Estados. ART. 18, § 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Requisitos: Plebiscito da população diretamente interessada, deve ser entendida como a população tanto da área desmembrada do Estado-membro como a da área remanescente, de acordo com a interpretação do STF1. Oitiva das Assembleias Legislativas, sem caráter vinculativo. (art. 48, VI) Lei Complementar Federal. BENS DOS ESTADOS Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 1 ADI 2650, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 24/08/2011, DJe-218 DIVULG 16-11-2011 PUBLIC 17-11-2011 EMENT VOL-02627-01 PP-00001 RTJ VOL-00220-01 PP-00089 RT v. 101, n. 916, 2012, p. 465-508 “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 7 INICIATIVA POPULAR NOS ESTADOS: Art. 27 § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual. MUNICÍPIOS A figura dos Municípios como entes federativos dotados de autonomia é uma criação brasileira não existindo em outros Estados. Inclusive a autonomia municipal é principio constitucional sensível. (art. 34, VII, c) AUTO-ORGANIZAÇÃO Os municípios se auto-organizam não através de Constituições, mas sim de Lei Orgânica, nos termos do art. 29 da CF e deve observar tanto os princípios estabelecidos na Constituição Federal quanto na Constituição dos Estados Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: AUTOGOVERNO Poder Executivo Municipal é exercido pelo Prefeito auxiliado pelos Secretários Municipais, atendidas as regras do art. 29 CF. O sistema eleitoral é majoritário simples (único turno), como regra, podendo ser majoritário absoluto (segundo turno) nos municípios que tenham mais de duzentos mil eleitores. Art. 29. (...) I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País; II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores; III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição; Foro Prefeito: Merece destaque o art. 29, X que vai determinar que os Prefeitos devem ser julgados perante o TJ do Estado, essa regra só vale para as infrações penais comuns, não se aplicando para ações de natureza cível etc: X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; Entretanto, merece destaque a Súmula 702 do STF: “A competência do tribunal de justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.” Poder Legislativo Municipal é exercido pela Câmara Municipal composta por vereadores, eleitos pelo sistema proporcional. Ressalta-se que o número de Vereadores é estabelecido pela CF de acordo com o número de habitantes do Município variando de 9 a 55 vereadores, nos termos do art. 25, IV da CF. Poder Judiciário Municipal não existe. INICIATIVA POPULAR NOS MUNICÍPIOS: Art. 29. XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; FUSÃO – INCORPORAÇÃO – SUBDIVISÃO – DESMEMBRAMENTO – CRIAÇÃO DE NOVOS MUNICÍPIOS “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 8 A CF estabelece QUATRO requisitos para incorporação, fusão, subdivisão, desmembramentoe criação de novos Municípios. Art. 18 § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. O desmembramento de município ocorre quando esse ente cede parte do seu território para formação de um outro Município. A CF estabelece quatro requisitos para o desmembramento de Municípios, quais sejam: a) edição de lei complementar federal definindo o período em que o desmembramento poderá ocorrer; b) a realização de estudo de viabilidade municipal; c) plebiscito a população diretamente interessada; d) edição de lei estadual. Quanto a realização do plebiscito no caso de desmembramento, entende o STF que a consulta popular deve ser feita a toda a população do Município, tanto da área destacada – desmembrada quanto da área remanescente. Requisitos: Lei complementar Federal: período. Estudo de Viabilidade Municipal. Plebiscito; Lei Ordinária Estadual; Não deixe de ler os artigos 29, 29-A, 30 e 31 CF. FISCALIZAÇÃO DAS CONTAS DOS MUNICÍPIOS Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal. § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais. DISTRITO FEDERAL O Distrito federal é ente federativo dotado de autonomia, não é nem Município e nem um estado-membro, (sui generis), foi criado para ser um espaço neutro onde pudesse abrigar a sede do Governo Federal que é Brasília (art. 18 § 1o). AUTO-ORGANIZAÇÃO O DF reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição, nos termos do art. 32 da CF: Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. É vedada a divisão do Distrito Federal em Municípios. Entretanto, isso não impede que ele seja dividido em regiões administrativas com vistas à descentralização administrativa, à utilização racional de recursos para o desenvolvimento socioeconômico e à melhoria da qualidade de vida. “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 9 AUTOGOVERNO: Poder Executivo Distrital é exercido pelo Governador do Distrito Federal auxiliado pelos Secretários de Estado. O processo eleitoral do Governador é idêntico ao do Presidente em virtude do principio da simetria, ou seja, o Governador é eleito pelo sistema majoritário absoluto (segundo turno). Art. 32. § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração. Poder Legislativo Distrital, é exercido por uma Câmara Legislativa e elege Deputados Distritais, eleitos segundo o sistema proporcional, de forma idêntica aos deputados estaduais. Art. 32. § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27. Poder Judiciário Distrital, é formado pelos Tribunais de Justiça e juízes distritais e a sua organização e composição será melhor estudada na nossa aula sobre Poder Judiciário. AUTOADMINISTRAÇÃO Compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. O DF possui autonomia assim como os demais entes federativos, contudo algumas instituições são organizadas e mantidas pela União, como se observa no art. 21, XIII da CF, são elas: Poder Judiciário; Ministério Público; Polícia Civil; Policia Militar; Corpo de Bombeiros; Prestar assistência para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. Art. 21. Compete a União: XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; A EC 69/2012 transferiu da União para o Distrito Federal as atribuições de organizar e manter a Defensoria Pública do Distrito Federal. Com isso, a competência para organizar e manter a Defensoria Pública do DF é do próprio distrito federal (competência concorrente – art. 24, XIII) AUTOLEGISLAÇÃO As competências legislativas do DF serão as mesmas dos Estados e dos Municípios. Art. 32. § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. Entretanto, algumas matérias que seriam de competência do DF legislar são de competência privativa da União, vejamos: É competência privativa da União: Legislar sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar. Art. 32. § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar. Legislar sobre a organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes; Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 10 dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; Legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal. Súmula vinculante 39. Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. TERRITÓRIOS Os Territórios NÃO são entes federativos e, portanto, não integrarem a organização político administrativa do Estado Brasileiro e por isso não possuem autonomia política. Os Territórios são descentralizações administrativas da União, possuem natureza jurídica de autarquias territoriaise, como se vê no art. 18 § 2º da CF: Art. 18. § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. CRIAÇÃO Atualmente não existem Territórios criados no Brasil, com a CF/88 os Territórios de Roraima e Amapá foram transformados em estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao estado de Pernambuco. Apesar de não existirem a CF permite a sua criação, que deve ser realizado por LEI COMPLEMENTAR nos termos do art. 18 § 2º e 3o § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. ORGANIZAÇÃO A Organização administrativa e judiciária do Território que não se confunde com a sua criação deve ser feita através de Lei Ordinária, como destacado no caput do art. 33. Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios. DIVISÃO EM MUNICÍPIOS Curiosamente a CF autorizou a criação de Municípios nos Territórios Federais, aqueles, os Municípios, com autonomia política. Art. 33. § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste Título. EXECUTIVO A direção do Território será exercida por um Governador, nomeado pelo Presidente, após a aprovação do nome pelo Senado Federal, ou seja, não haverá eleição para Governador, nos termos do art. 84, XIV da CF Art. 84. XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; Inclusive as contas do Governo do Território devem ser submetidas ao Congresso nacional após parecer do TCU: Art. 33. § 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 11 Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da União. LEGISLATIVO Os Territórios terão uma Câmara Territorial que funcionará como espécie de “Poder Legislativo” com competência deliberativa e os seus membros deverão ser eleitos. Art. 33. § 3º (...) a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa. Os Território por possuírem povo podem eleger Deputados Federais, em um número fixo de 4, mas atenção eles não elegem senadores justamente porque os Territórios não possuem autonomia política. Territórios com mais de 100.000 habitantes Os Territórios com mais de cem mil habitantes deverão instituir: Poder Judiciário de primeira e segunda instância; Ministério Público; Defensoria Pública Logicamente que todos mantidos pela União uma vez que inexiste autonomia financeira dos territórios. Art. 33. § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa. COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS Noções introdutórias É característica indispensável para caracterização de um Estado Federativo a repartição constitucional de competências. É o ponto Central da noção de Estado Federal. Competência é uma faculdade juridicamente atribuída a uma entidade. Essa distribuição de atribuições é norteada pelo princípio da predominância do interesse. Desse modo, assuntos de interesse nacional ou predominantemente geral são atribuídos à União (ex: atividades nucleares de qualquer natureza, art. 22, XXVI; emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros, art. 22, XV), já os assuntos de interesse local são atribuídos aos Municípios (art. 30, I), restando aos Estados as competências que sobram para tratar de assuntos de interesse regional. E o Distrito Federal? O DF em virtude de sua natureza híbrida deve tratar, no que tange as competências legislativas, de assuntos de interesse local e regional, ou seja, ele cumula as competências dos estados e dos municípios (art. 32, § 1º). Importante ressaltar que não existe hierarquia entre as leis, sejam elas federais, estaduais ou municipais, de modo que eventual conflito entre elas deverá ser resolvido através da repartição constitucional de competência. As competências são repartidas adotando-se dois critérios: Repartição HORIZONTAL: atribuídas competências exclusivas ou privativas – reserva de campos específicos. Repartição VERTICAL: atribuídas competências para diversas entidades, estabelecendo regras para o seu exercício simultâneo. Ex: comum, concorrentes e suplementares. É objeto certo de prova a repartição das competências constitucionais, especialmente as previstas nos artigos: 21-24; 25 e 30 da CF. Para auxiliar na sua memorização vamos estudar a classificação dessas competências e como elas aparecem no texto constitucional. CLASSIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS QUANTO A NATUREZA “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 12 Podemos classificar as competências quanto a sua natureza, em: Competência material ou administrativa: são atribuições para elaboração de políticas públicas, atos administrativos, atos de gestão, atividade predominante do Poder Executivo. No texto constitucional aparecem como verbos. Competência legislativa: são atribuições para legislar sobre o tema, atividade predominante do Poder Legislativo. No texto constitucional aparecem como substantivos. QUANTO A FORMA: Podemos classificar as competências quanto a forma, ou seja, como aparecem na CF Enumerada ou expressa – CF atribui expressamente as competências para cada entidade. Reservada ou remanescente: são aquelas que não estão expressas, as não previstas no texto constitucional. No BRASIL essa competência é exercida pelos ESTADOS. Para as bancas e alguns doutrinadores a competência reservada ou remanescente também é chamada de residual. Art. 25. (...) § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. QUANTO A EXTENSÃO Podemos classificar as competências quanto a sua extensão, ou seja, quanto ao alcance das atribuições, a quais entes federativos destinam- se. Exclusiva: Competência de natureza material é atribuída com exclusividade a apenas um Ente da Federação – não admite delegação, nem competência suplementar (que outro ente legisle sobre aquelas matérias). Ex: art. 21 CF: Art. 21. Compete à União: I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; II - declarar a guerra e celebrar a paz; III - assegurar a defesa nacional; IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comérciode material bélico; VII - emitir moeda; VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada; IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra- estrutura aeroportuária; d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 13 próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão; XVII - conceder anistia; XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa. Destaques: Quanto a competência do inciso VI – “autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico” – entendeu o STF ser inconstitucional lei estadual que autoriza a utilização, pelas polícias civil e militar de armas de fogo apreendidas, entendendo que essa atribuição seria apenas da União. Privativa São competências de natureza legislativa, atribuídas a uma entidade, mas não de forma exclusiva, pois admite a delegação, ou seja, a transferência da competência para outro ente federativo para tratar de questões especificas. Art. 22 da CF: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V - serviço postal; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII - comércio exterior e interestadual; IX - diretrizes da política nacional de transportes; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; XI - trânsito e transporte; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; XIV - populações indígenas; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 14 XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; XX - sistemas de consórcios e sorteios; XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; XXIII - seguridade social; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; XXV - registros públicos; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; XXIX - propaganda comercial. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Mnemônica art. 22, I, CF - CAPACETE DE PM: C= civil A= agrário P= penal A= aeronáutico C= comercial E= eleitoral T= trabalho E= espacial DE = desapropriação P= processualM= marítimo Como mencionado, as competências privativas se destacam nas exclusivas porque permitem a delegação, veja o que diz o Parágrafo único do art. 22: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Sobre o exercício dessa competência algumas observações são importantes: A delegação é de competência legislativa; A União delega através de lei complementar, não pode ser lei ordinária ou medida provisória; A União delega questões específicas, não sendo possível delegações genéricas; Apesar de não constar no texto expresso a delegação também pode ser dada ao DF, pois ele cumula as competências legislativas dos Estados e dos Municípios em virtude de sua natureza híbrida. A delegação deve ser feita a todos os Estados e DF, e não apenas para um ou outro, isso porque a CF veda à União, Estados, Municípios e DF instituírem preferencias entre si (art. 19, III) – princípio da isonomia federativa. DESTAQUES: Apesar de não elencada no art. 22 da CF a competência para legislar sobre normas de processo e julgamento de crimes de responsabilidade é privativa da União, ou seja, os estados e municípios não poderão dispor a respeito de crimes de responsabilidade, é o que dispõe a súmula vinculante n° 46 do STF: Súmula Vinculante 46 A definição dos CRIMES DE RESPONSABILIDADE e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da União. A competência para legislar sobre DESAPROPRIAÇÃO é uma competência privativa da União, elencada no art. 22, II, da Constituição Federal, ou seja, apenas a União pode criar uma lei sobre desapropriação, entretanto, isso não impede que os outros entes federados realizem o ato administrativo de desapropriar. A temática envolvendo o PISO SALARIAL refere-se a competência sobre direito do trabalho. De acordo com o art. 22, I da “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 15 CF/88 a competência para legislar sobre direito do trabalho é uma competência privativa da União, logo apenas a União poderia legislar sobre esse tema, entretanto, as competências privativas (ao contrário das exclusivas) permitem a sua delegação, ou seja, as matérias de competência privativa da União podem ser delegadas – transferidas – para outros entes federativos, a saber: para os Estados e para o DF através de lei complementar, conforme art. 22, parágrafo único da CF/88. Dessa forma, a União, valendo-se do disposto no art. 22, inciso I e parágrafo único, da CF/88, delegou aos Estados e ao Distrito Federal a competência para instituir piso salarial para os empregados que não tenham esse mínimo definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho, nos termos da Lei complementar 103/2000. Súmula vinculante 2 sobre a competência para legislar sobre sistema de consórcios e sorteios: É inconstitucional a lei ou ato normativo Estadual ou Distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. Fixar o horário de funcionamento de expediente bancário é competência privativa da União, contudo o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais é de competência dos Municípios por ser de interesse local. "A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é de competência da União" (Súmula nº 19, STJ). COMUM A competência Comum, cumulativa ou paralela é uma competência de natureza MATERIAL, e é atribuída a todas as entidades – União, Estados, Municípios e DF, em pé de igualdade, é dizer, o exercício dessa competência por um ente federativo não exclui o exercício dessa mesma competência por outro ente. É o que dispõe o art. 23: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito. Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- estar em âmbito nacional. Por ser competência de natureza material, não autoriza de imediato os entes a legislarem sobre o assunto. Palavra chave do exercício dessa competência é a palavra COOPERAÇÃO, que caracteriza a Federação Brasileira como um federalismo cooperativo. As Leis complementares mencionadas no parágrafo único devem ser elaboradas apenas pela União. “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 16 CONCORRENTE A competência Concorrente é competência de natureza legislativa atribuída a diversos entes federativos, a saber: União, Estados e o DF. Observe que a CF não atribuiu essa competência legislativa aos Municípios. Desse modo, de forma expressa o município não tem competência concorrente. Está prevista no art. 24: Mnemônica – PUTO FÉ Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV - proteção à infância e à juventude; XVI - organização, garantias, direitos e deveresdas polícias civis. Apesar da atribuição das competências legislativas terem sido dadas a diversos entes, a CF optou que essas não fossem cumulativas, estabelecendo algumas regras para o exercício dessa competência, que podemos encontrar nos parágrafos do art. 24, vejamos: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Como regra geral, a União deverá criar normas gerais2, enquanto que os estados e DF devem legislar criando as suas normas específicas, por meio da chamada competência suplementar. § 1º e § 2º. A inexistência de lei Federal (ou nacional) sobre norma geral em matéria de competência concorrente, autoriza os Estados e o DF a legislarem sobre o tema de forma PLENA para atender suas peculiaridades. § 3º. Alguns doutrinadores chamam essa competência de competência supletiva. A superveniência de Legislação Federal contendo normas gerais SUSPENDE A EFICÁCIA da Lei Estadual naquilo que lhe for contrária, ou seja, não ocorre a revogação da lei estadual ou distrital, isso porque não poderia uma lei federal revogar uma lei estadual. Dessa forma a lei estadual permanece existente e válida, apenas não produzindo seus efeitos. Outra observação importante é a de que os MUNICÍPIOS mesmo não possuindo competência concorrente poderão legislar sobre algumas matérias previstas no art. 24 desde que para suplementar legislação federal ou estadual, como autoriza o art. 30, II da CF. Competência reservada, residual ou remanescente dos Estados Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. 2 Por normas gerais defende a doutrina serem: princípios, diretrizes, regras jurídicas gerais. “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 17 § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. Competência dos Municípios O art. 30 estabelece competências dos Municipios que podem ser materiais ou legislativas Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico- cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. DESTAQUES: De fato em razão das peculiaridades de cada Município – interesse local, é atribuição desse ente fixar o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais (Súmula vinculante 38), entretanto, de acordo com a jurisprudência tanto do STF quanto do STJ a fixação do horário de atendimento bancário é uma atribuição da União, isso porque a disciplina do serviço bancário transcende o 'peculiar interesse' do município, e sua disciplina há de ser nacional e não local (Súmula 19 STJ). Veja as súmulas: Súmula Vinculante 38 É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. Súmula 19 STJ A fixação do horário bancário, para atendimento ao publico, e da competência da união. Definição do tempo máximo de espera de clientes em filas de instituições bancárias. Competência do Município para legislar. Assunto de interesse local. [RE 610.221 RG, rel. min. Ellen Gracie, j. 29-4-2010, P, DJE de 20-8-2010, Tema 272.] Os Municípios podem legislar sobre direito ambiental, desde que o façam fundamentadamente. (...) A Turma afirmou que os Municípios podem adotar legislação ambiental mais restritiva em relação aos Estados-membros e à União. No entanto, é necessário que a norma tenha a devida motivação. [ARE 748.206 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 14-3-2017, 2ª T, Informativo 857.] Competência do Município para legislar em matéria de segurança em estabelecimentos financeiros. Terminais de autoatendimento. [ARE 784.981 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 17-3- 2015, 1ª T, DJE de 7-4-2015.] CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR!!!!! 1) A competência para legislar sobre direito processual é competência privativa da União, mas a competência para legislar sobre procedimentos em matéria PROCESSUAL é competência CONCORRENTE. 2) Seguridade social é competência privativa da União, já legislar sobre previdência social; proteção e defesa da saúde; e, proteção e integração social das pessoas PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA são competências CONCORRENTES. 3) Diretrizes e bases da educação é competência privativa da União, porém, em se tratando simplesmente de EDUCAÇÃO a competência será CONCORRENTE. 4) O mesmo vale para direito comercial e propaganda comercial (ambas competências “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 18 privativas) e juntas comerciais (competência concorrente). 5) Política de Educação para segurança do Trânsito – COMUM; Legislar sobre Trânsito e Transporte – PRIVATIVA DA UNIÃO. INTERVENÇÃO NOÇÕES INTRODUTÓRIAS É fundamento do modelo de Estado Federativo a existência de autonomia dos entes que compõe a federação. Essa autonomia pressupõe que não existe hierarquia entre os entes federados e que um ente não se intromete nos assuntos de competência de outro ente, desse modo cada um manterá sua autonomia, podendo se autoorganizar, autogovernar, autoadministrar, autolegislar, bem como ter receitas próprias. Contudo, em situações excepcionais a CF permite, como forma de manter a unidade federativa, que um ente federado se intrometa, intervenha na esfera de autonomia de outro ente federativo, isso é o que se chama de Intervenção. É um dos requisitos da Manutenção da Federação. Dessa forma, podemos dizer que Intervenção é o contrário de autonomia, pois permite-se que, em caráter temporário, a autonomia de um ente seja afastada. A intervenção é medida excepcional pois a regra é a autonomia, logo, a não intervenção. As hipóteses de Intervenção estão previstas de forma TAXATIVA nos artigos 34 e 35 da CF (“numerus clausus”) e por se tratar de uma limitação negativanão se admite interpretação extensiva, mas tão somente restritiva. Tipos de intervenção: Existem dois tipos de intervenção: Federal e a Estadual, sempre de um ente mais amplo sobre outro imediatamente menos amplo. Federal: União nos Estados, DF e nos municípios localizados nos Territórios Federais. Estadual: Estados intervém apenas nos municípios localizados em seus territórios. Dessa forma, podemos afirmar que a União nunca intervirá em Municípios localizados nos estados membros. Competência para determinar a intervenção A Competência para decretar a intervenção é exclusiva do Chefe do Executivo: Federal - Presidente da República (Art. 84, X). Intervenção Estadual – Governador. No caso do Presidente da República ressalta-se que a CF prevê a oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional, sem vincular a decisão do Presidente, ou seja, o pronunciamento a opinião desses órgãos não tem caráter vinculativo, mas meramente opinativo: Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre: I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; Art. 91. § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal; INTERVENÇÃO FEDERAL PRESSUPOSTOS MATERIAIS – HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL Situações criticas que põem em risco a segurança do Estado, o equilíbrio Federativo, as finanças estaduais e a estabilidade da ordem constitucional, são causas de Intervenção federal. Desse modo, podemos afirmar que a intervenção funciona inclusive como um meio de controle de constitucionalidade, pois visa manter a ordem e a estabilidade constitucional. Como visto, as hipóteses de intervenção federal estão previstas em rol taxativo no art. 34 da CF: Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 19 III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Entende-se como dívida fundada aquele montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de Lei, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses. Trata-se de um passivo financeiro. É o que dispõe o art. 98 da Lei 4.320/1964: Art. 98. A divida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos. Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com individuação e especificações que permitam verificar, a qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e juros. ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO FEDERAL A intervenção federal pode se dar de forma espontânea (discricionária) ou de forma provocada, que pode ser: por solicitação, por requisição ou por provimento de representação. ESPONTÂNEA OU DISCRICIONÁRIA: A intervenção será espontânea, também chamada de oficio ou discricionária quando o Chefe do Executivo puder decretar a intervenção independentemente de solicitação ou requisição de outro órgão, dentro do seu juízo de conveniência e oportunidade, são as hipóteses elencadas nos incisos I, II, III e V, do art. 34: Manter a integridade nacional; Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; Reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; Destaca-se que tivemos no dia 16/02/2018 a decretação da Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro (decreto n. 9288/2018)3, na área de segurança pública, com fundamento para por termo a grave comprometimento de ordem pública. O Presidente na ocasião nomeou o Interventor: general do Exército Walter Souza Braga Netto. PROVOCADA A intervenção provocada pode ser: por solicitação, por requisição ou por provimento de representação. 3 Decreto em anexo como material complementar. “Mesmo que a vida pareça difícil, há sempre algo que você pode fazer para ter sucesso nela.” Stephen Hawking Página 20 POR SOLICITAÇÃO: (art. 34, IV c/c art. 36, I – 1a parte). É hipótese de intervenção provocada por solicitação a prevista no art. 34, IV, ou seja, quando for para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação. Nesse caso será solicitação quando for para garantir o livre exercício dos poderes executivo e legislativo, apenas. Isso porque quando for contra o Poder Judiciário será hipótese de requisição. Nesse caso, o Poder Executivo ou legislativo que se sentir impedido ou coagido no exercício das suas funções poderá solicitar intervenção federal. O Poder legislativo pode ser a Assembleia Legislativa estadual ou a Câmara legislativa do Distrito Federal e o Poder Executivo será o Governador do Estado ou do DF. Por se tratar de solicitação, o Chefe do executivo não estará obrigado a decretar a intervenção, tratando-se aqui também de ato discricionário. Veja os dispositivos pertinentes da CF: Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; POR REQUISIÇÃO: Nessa modalidade de intervenção temos dois casos distintos: a) requisição do STF; b) requisição do STF, STJ ou TSE. REQUISIÇÃO DO STF (art. 34, IV c/c 36, I) É hipótese de intervenção provocada por requisição do STF a prevista no art. 34, IV, ou seja, quando for para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação, quando o impedimento ou a coação for contra o Poder Judiciário. Caso, por exemplo, o Poder Judiciário local – Tribunal de Justiça - esteja sendo coagido ou impedido no exercício de suas atribuições, ele poderá solicitar ao STF que requisite a intervenção Federal. Se o STF
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