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Resumo de direito penal

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Resumo de direito penal: Dos 
crimes contra o patrimônio 
Furto, furto de coisa comum, roubo, extorsão, extorsão 
mediante sequestro (sequestro relâmpago), extorsão 
Indireta 
 
Furto 
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado 
durante o repouso noturno. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa 
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de 
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a 
pena de multa. 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer 
outra que tenha valor econômico. 
Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o 
crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da 
coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou 
destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a 
subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído 
pela Lei nº 9.426, de 1996) 
1. Classificação Doutrinária 
Crime comum, material, doloso, de dano, de forma livre, 
comissivo em regra, instantâneo ou permanente, unissubjetivo, 
plurrisubsistente, não transeunte e admite tentativa. 
Entendemos exequível o cometimento de furto por omissão. 
2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, salvo o proprietário ou 
possuidor da coisa. 
3. Sujeito Passivo: É a pessoa física ou jurídica que detenha a 
posse ou propriedade da coisa. 
4. Objeto Material 
A conduta criminosa recai sobre a coisa alheia móvel, que são 
considerados os animais, aeronaves, os navios, os títulos de 
crédito, os talões de cheques, os frutos, as árvores, etc. O furto de 
gado é conhecido como abigeato. As coisas de uso comum 
também podem ser objeto de furto como a água e luz. A coisa 
abandonada (rês derelicta) e a coisa de ninguém (rês 
nullius) não podem ser objeto material de furto, pois não são 
coisas alheias. Se o agente pensou que se tratava de coisa 
abandonada e dela se apoderou haverá erro de tipo que excluirá o 
dolo. 
Quanto a cadáver, se a subtração for com intuito de lucro haverá 
caso de furto, caso contrário, o crime será de subtração de 
cadáver, previsto no art. 211 do CP. Quem subtrair cadáver de 
faculdade de medicina com o fim de retirar o ouro existente na 
arcada dentaria incorrerá em crime de furto. 
5. Objeto Jurídico: Tutela-se a posse e a propriedade. 
6. Tipo objetivo 
Subtrair significa retirar, pegar coisa alheia móvel, ou seja, 
qualquer objeto ou substância corpórea que tenha valor 
econômico e que possa ser removida, destacada ou deslocada de 
um lugar para o outro. 
Coisa alheia para os juristas não é só a pertencente a outrem, 
mas também a que se acha legitimamente na posse de terceiro. 
O tipo exige o ânimo do agente em assenhorar-se da coisa alheia. 
Doutrina e jurisprudência admitem o furto cometido por ladrão 
contra outro ladrão, reconhecendo, contudo, como sujeito 
passivo, o proprietário original da coisa. 
7. Tipo Subjetivo 
O tipo requer dois elementos subjetivos: o primeiro dolo do 
agente é genérico, a vontade livre e consciente de subtrair coisa 
alheia móvel. O segundo exige uma finalidade especial, o dolo 
específico, o fim de assenhorar-se da coisa em definitivo, contido 
na expressão "para si ou para outrem" (animus furandi) 
O furto de uso, ou seja, a fruição da coisa momentaneamente sem 
efetivo prejuízo ao ofendido, com restituição da coisa no estado 
em que antes se encontrava não é contemplado pela norma penal 
em estudo. O furto de uso somente será reconhecido se não era 
exigível outra conduta do agente a não ser sacrificar direito 
alheio, como subtrair o veículo da vítima para socorrer o filho ao 
hospital, por exemplo. 
Será excluído o dolo e, consequentemente, o fato será 
considerado atípico se o agente subtrair coisa alheia pensando 
ser própria (erro de tipo). 
É pacifico na jurisprudência o reconhecimento do estado de 
necessidade em caso de furto famélico. É imperativo que a 
conduta do agente se realize com o único objetivo de saciar a 
fome, num estado de extrema penúria, não podendo esperar 
mais, por ser a situação insuportável e que somente por meio do 
ato ilícito consiga resolver o problema de falta de alimentação. 
8. Consumação 
Ocorre no momento em que o agente tem a posse tranquila da 
coisa, ainda que por pouco tempo. Consuma-se quando a coisa 
sai da esfera de disponibilidade e de proteção da vítima e 
ingressa na disponibilidade do sujeito ativo. 
Para a jurisprudência do STF, para a consumação dos crimes de 
furto e de roubo basta a posse do bem em poder do agente, 
independentemente de vigilância da vítima ou posse tranquila, 
de modo que a fuga logo após o furto caracteriza a inversão da 
posse, e o furto está consumado mesmo havendo perseguição 
imediata e consequente retomada do objeto (teoria do amotio). 
Sendo crime instantâneo, a consumação se verifica no exato 
instante em que o delito é cometido. O crime também restará 
consumado quando a coisa estiver ocultada, mesmo 
encontrando-se perto da vítima. 
9. Tentativa 
Crime material, exigindo assim o resultado naturalístico, a 
tentativa é perfeitamente admissível na hipótese de o agente não 
conseguir subtrair a coisa por circunstâncias alheias à sua 
vontade. Também caracteriza a tentativa na hipótese de ser 
perseguido pela polícia e preso logo após a subtração, pois a coisa 
não saiu da esfera de proteção e disponibilidade da vítima. 
10. Furto e a desistência voluntária, arrependimento eficaz, 
arrependimento posterior e crime impossível 
Diferentemente da tentativa em que a não consumação ocorre 
por circunstâncias alheias à vontade do agente, na desistência 
voluntária e no arrependimento eficaz (art. 15), a execução é 
interrompida pela própria vontade do agente (medo, remorso, 
baixa qualidade do objeto material, dor de barriga). Ocorre 
desistência voluntária, por exemplo, se A ingressa na residência 
de B, mas por qualquer motivo, desde que voluntário, desiste de 
prosseguir e foge sem nada levar. Responde por invasão de 
domicílio. Arrependimento é considerado eficaz se A subtrai um 
livro de B e antes de ter sua posse tranquila devolve o objeto. Sua 
conduta foi de encontro com à continuidade do processo de 
execução de uma típica iniciada. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na 
execução ou impede que o resultado se produza, só responde 
pelos atos já praticados. 
Arrependimento posterior 
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à 
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento 
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena 
será reduzida de um a dois terços. 
O arrependimento posterior é uma causa especial de diminuição 
de pena e só tem aplicação nos crimes materiais, pois seu 
reconhecimento se verifica com a reparação do dano ou a 
restituição da coisa. O indivíduo que, voluntariamente, decorrido 
de alguns dias após o furto de um veículo, arrepende-se e 
comunica à vítima o local onde o mesmo se encontra será 
beneficiado por esta entidade criminal. 
11. Repouso Noturno 
É o período em que as pessoas descansam de acordo com os 
costumes de cada região do País, a vítima encontra-se mais 
vulnerável e por isso a pena será aumentada de um terço. 
Doutrina e jurisprudência são pacíficas ao admitirem sua 
aplicação apenas ao furto simples. 
12. Furto de Pequeno Valor e Criminoso Primário 
Se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada o 
juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, 
diminuí-la de um adois terços ou aplicar somente a pena de 
multa. Primário é o sujeito que não é reincidente, isto é, aquele 
que mesmo cometendo outros crimes ainda não foi 
definitivamente condenando. Pequeno valor é aquele em que a 
coisa furtada não ultrapassa o valor equivalente ao salário 
mínimo vigente à época do fato criminoso. 
13. O Privilégio e o Furto Qualificado 
Segundo reiterada jurisprudência do STJ, não se aplica ao crime 
de furto qualificado o beneficio previsto no parágrafo 2º do 
art. 155 do CP, uma vez que a existência da qualificadora inibe a 
aplicação do privilégio, não obstante a primariedade e o pequeno 
valor ou pequeno prejuízo, em razão da flagrante 
incompatibilidade. 
14. Furto de Energia Elétrica 
Equipara-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra 
que tenha valor econômico. 
Captar energia antes de sua passagem pelo aparelho medidor 
configura o delito, considerado permanente, possibilitando, 
assim, a prisão em flagrante do agente enquanto perdurar seu 
efeito. Se o agente, porém, alegrar o relógio de luz e passar a 
pagar metade da energia elétrica consumida, o crime será de 
estelionato. 
A ligação clandestina para a utilização de TV por assinatura, 
conhecida como "gato", para nós, não pode se equiparada a furto 
de energia elétrica. O fato é ilícito, mas não chega a ser típico. A 
conduta deve ser apurada na esfera cível. A energia elétrica 
quando subtraída depois e armazenada, causa perda patrimonial, 
diferentemente do sinal de TV a cabo, em que sua utilização não 
gera dano, isto é, não há perda de energia de valor econômico, 
mas ausência de ganho por parte da empresa. 
15. Furto Qualificado 
A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é 
cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à 
subtração da coisa; 
A violência aqui é empregada contra obstáculo que está 
impedindo a subtração da coisa. 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, 
escalada ou destreza; 
Abuso de confiança é a quebra da fidelidade, do vínculo de 
amizade existente entre algumas pessoas. Emerge de uma 
condição particular de lealdade. É preciso gozar absolutamente 
de confiança para incidir na qualificadora. 
Fraude é o ardil na prática do crime, o engodo, a mentira, o 
embuste, utilizados para facilitar a subtração da coisa. A conduta 
do agente nesta espécie de furto é no sentido de subtrair os bens 
da vítima iludindo-a momentaneamente, o delito é cometido 
sempre sobre a vigilância da vítima. A qualificadora também se 
aplica quando a vítima não tem capacidade de entender o caráter 
ilícito do fato, como o doente mental ou uma criança. 
Difere do estelionato, pois neste a vítima é enganada, seu 
consentimento é viciado pelo erro. A própria vítima faz a entrega 
da vantagem ilícita ao agente. O sujeito, mediante fraude, cria no 
espírito da vítima um sentimento distorcido da realidade. No 
furto com fraude haverá sempre subtração como a ladra 
profissional que se finge de doméstica para furtar a casa que se 
empregou. 
Escalada é a qualificadora que se caracteriza pelo ingresso no 
local pretendido por via anormal demandando um esforço 
incomum do agente para vencer o obstáculo existente, como 
numa residência subindo uma árvore ou um muro alto, ou ainda 
escavando um túnel etc. 
Destreza é a habilidade manual do agente, por exemplo, o 
batedor de carteira. 
III - com emprego de chave falsa; 
Considera-se chave falsa todo e qualquer instrumento, com ou 
sem forma de chave como a gazua, moca, alfinete, arame etc. 
Capaz de abrir fechadura ou dispositivo análogo. Se a verdadeira 
chave encontra-se na fechadura haverá o furto simples, pois 
"porta fechada com chave na fechadura é porta aberta", mas se 
for conseguida ardilosamente para o cometimento do delito, 
como, por exemplo, subtraí-la da bolsa da vítima para depois 
adentrar sua residência, qualificadora será fraude. 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
A norma busca impedir a somatória de forças para o 
cometimento do crime, enfraquecendo, assim, a resistência do 
ofendido. Basta que apenas um dos agentes seja culpável. Desse 
modo, nada impede para a sua configuração a participação de 
inimputáveis. 
16. Furto e o Concurso de Crimes: Ao furto nos demais crimes 
contra o patrimônio aplicam-se as regras do concurso material, 
formal e do crime continuado. 
17. Parágrafo 5º do art. 155 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for 
de veículo automotor que venha a ser transportado para outro 
Estado ou para o exterior. 
Requer o tipo penal o elemento subjetivo especial (dolo 
específico), ou seja, deve o agente ter consciência de que está 
ultrapassando os limites de um Estado ou país com o objeto 
material. É necessário, portanto, para a consumação do delito, 
que o veículo tenha transportado as fronteiras do Estado ou do 
território nacional. 
O crime de subtração de veículo que venha a ser transportado 
para outro Estado ou para o exterior só se consuma após o seu 
exaurimento. 
18. Concurso de Qualificadoras 
Incidindo duas ou mais qualificadoras no furto o entendimento 
prevalente é de que apenas uma será aplicada, servindo aos 
demais como agravantes genéricas. Há, todavia, quem entenda 
que a pluralidade de qualificadoras interfere na dosagem da pena 
como circunstância judicial. 
FURTO DE COISA COMUM 
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou 
para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo 
valor não excede a quota a que tem direito o agente. 
1. Classificação Doutrinária 
Crime próprio, de dano, material, não transeunte, instantâneo, 
comissivo ou omissão impróprio, unissubjetivo, 
plurissubsistente, de forma livre e admite tentativa. 
2. Sujeito Ativo: É somente o condômino, coerdeiro ou sócio. 
Trata-se de crime próprio que se comunica em caso de concurso 
de pessoas. 
3. Sujeito Passivo: Pode ser o condômino, o coerdeiro, o sócio, 
ou ainda um terceiro quem detém legitimamente a coisa 
4. Objeto Material: 
A conduta recai sobre a coisa subtraída. É o que incide, por 
exemplo, o proprietário de um apartamento que subtrai da área 
comum de um prédio um relógio de parede. 
5. Objeto Jurídico: Tutela-se a propriedade ou a posse legítima. 
6. Tipo Objetivo 
A conduta consiste em subtrair, que tem o significado de retirar, 
pegar coisa comum de quem legitimamente a detém, isto é, a 
coisa que pertence não apenas ao agente, mas também a outras 
pessoas. Condômino é o proprietário que divide o domínio da 
mesma coisa com outras pessoas. Herdeiro é o sucessor que 
concorre a uma herança (patrimônio falecido que transmite aos 
herdeiros) deixada pelo de cujus. Sócio é o membro de uma 
sociedade (reunião de duas ou mais pessoas que mediante 
contrato se obriga, a combinar seus esforços ou bens para a 
consecução de fins comuns). 
7. Tipo Subjetivo 
É o elemento específico do tipo, dolo específico dos clássicos, 
consubstanciado na expressão para si ou para outrem, qual seja, 
a finalidade de assenhoraremos da coisa comum. 
8. Consumação 
Ocorre quando a coisa comum sai da esfera de proteção do 
sujeito passivo. Passa o agente a ter posse tranquila da coisa 
comum, ainda que por pouco tempo. 
9. Tentativa 
Quando a coisa comum não sai da esfera de disponibilidade do 
ofendido por circunstâncias alheias à vontade do condômino, 
herdeiro ou sócio. 
10. Coisa Fungível 
Não é punível a subtração de coisa fungível, cujo valor não 
excede a quota que tem direito o agente, coisa fungível é aquela 
que pode ser substituída por outra da mesma espécie, qualidade 
e quantidade. Trata-se de causa excludente de ilicitude. Por outro 
lado, haverá o delitoem estudo se a coisa foi infungível, qual 
seja, a que não por ser substituída por outra. 
11. Ação Penal 
O crime é de ação pública condicionada. Somente se procede 
mediante representação do ofendido. Infração de menor 
potencial ofensivo sujeita as normas da Lei nº 9.099/1995. 
ROUBO 
Art. 157. 
Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante 
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por 
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a 
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim 
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa 
para si ou para terceiro. 
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o 
agente conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua 
liberdade. 
§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de 
reclusão, de sete a quinze anos, além de multa; se resulta morte, 
a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
1. Classificação Doutrinária 
Crime comum, material, instantâneo, de forma livre, de dano, 
unissubjetivo, comissivo ou omissivo impróprio, 
plurissubsistente, complexo e admite tentativa. 
2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
3. Sujeito Passivo 
Pode ser qualquer pessoa, mas sendo crime que tem tutelados 
vários objetos jurídicos, nada impede o surgimento de dois ou 
mais ofendidos, como ocorre, por exemplo, com aquele que sofre 
violência e o outro que tem o bem subtraído durante a ação 
criminosa. 
Em regra, porém, sujeito passivo é o titular do direito da 
propriedade ou da posse. 
4. Objeto Material: A conduta criminosa recai sobre a pessoa e 
coisa alheia móvel. 
5. Objeto Jurídico 
A lei tutela o patrimônio (posse e propriedade), a vida, a 
integridade física, a saúde e a liberdade pessoal, daí ser 
considerado crime complexo em que são conjugados emprego de 
violência ou ameaça e a subtração patrimonial. 
6. Tipo Objetivo 
O tipo refere-se à subtração de coisa móvel alheia, mas é 
acrescido pelo emprego de violência, grave ameaça ou qualquer 
outro meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima. A 
violência pode ser: 
A) física (vis absoluta) que compreende as vias de fato, lesão 
corporal leve, grave ou morte (essas duas últimas qualificam o 
delito); 
B) moral (vis compulsiva) que se constata em atemorizar ou 
amedrontar a vítima com ameaças, gestos ou simulações, como a 
de portar arma, por exemplo. A ameaça pode ser dirigida à vítima 
ou a terceiro; 
C) imprópria é a que reduz a capacidade de resistir, como a 
superioridade física do agente, colocar droga na bebida da 
vítima, jogar areia nos seus olhos, hipnotizá-la, induzi-la a 
ingerir bebida alcoólica até a embriaguez etc. 
O roubo difere do furto qualificado pelo rompimento de 
obstáculo porque neste a violência é exercida contra a coisa, 
naquele, contra a pessoa. Em outras palavras, roubo nada mais é 
que um furto cometido com violência ou grave ameaça contra a 
pessoa. 
Objetos que estão presos ao corpo como brinco, corrente, relógio, 
pulseira etc., e que são arrancados pelo ladrão caracterizam o 
roubo. Quando soltos como boné, óculos, bolsa, celular etc., o 
crime é de furto. 
Não se aplica no furto o princípio da insignificância, haja vista 
que a conduta do agente revela maior periculosidade e atinge não 
apenas o patrimônio do ofendido, mas também a sua integridade 
física, sua saúde e até sua vida em caso de latrocínio. 
Institutos como o crime impossível, o roubo de uso, o pequeno 
valor da coisa, o estado de necessidade etc., que podem ser 
admitidos no furto não o são no roubo por tutelar outros bem 
jurídicos e não apenas o patrimônio do ofendido. 
7. Tipo Subjetivo 
O tipo requer dolo duplo: o primeiro, genérico, consistente na 
vontade livre e consciente de subtrair coisa móvel alheia 
mediante violência ou grave ameaça; o segundo, elemento 
subjetivo especial do tipo, exige que a subtração seja para o 
agente ou para terceiro. É o dolo específico dos clássicos contido 
na expressão "para si ou para outrem". 
8. Consumação do roubo impróprio 
Predomina na doutrina o entendimento de que o crime consuma-
se quando o agente tem a posse tranquila da coisa, ainda que por 
pouco tempo ou quando a coisa subtraída sai da esfera de 
proteção, de disponibilidade da vítima. Também se diz 
consumado o delito quando a vítima não recupera os objetos 
subtraídos, mesmo em casos de prisão em flagrante. Restará 
consumado ainda quando a vítima permanece dominada pelo 
autor do roubo no interior do veículo, perdendo a 
disponibilidade do bem. 
Na jurisprudência, porém, tem-se entendido como consumado o 
delito quando ocorre a subtração dos bens da vítima, mediante 
violência ou grave ameaça, ainda que, em seguida, o próprio 
ofendido detenha o agente e recupere a res. 
9. Tentativa 
No roubo próprio o entendimento é pacífico no sentido de sua 
admissibilidade. Ocorre quando o agente após o emprego de 
violência ou grave ameaça não consegue efetivar a subtração da 
coisa por circunstâncias alheias à sua vontade nem tem a posse 
tranquila da coisa, ainda que por breve tempo. 
10. Roubo impróprio 
É aquele em que o agente logo depois de subtraída a coisa 
emprega violência contra a pessoa ou grave ameaça a fim de 
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si 
ou para terceiro. 
No roubo próprio a violência ou grave ameaça é praticada antes 
ou durante a subtração da coisa. No impróprio ela é cometida 
logo depois de subtraída a coisa para assegurar a impunidade do 
crime ou a detenção da coisa. 
Na hipótese de o agente ser surpreendido pela vítima em sua 
residência e abandonar o objeto material empregando violência 
para a fuga, o crime a ser reconhecido é o de tentativa de furto 
em concurso material com lesão corporal. 
11. Tentativa de roubo impróprio 
Entendemos não ser possível a tentativa de roubo impróprio. Ou 
o agente emprega a violência ou a grave ameaça, logo depois de 
subtraída a coisa e o crime se consuma, ou não subtrai a coisa, 
mas emprega violência para fugir e, então, o crime será de 
tentativa de furto em concurso material de lesão corporal. 
E outra partem deve-se reconhecer o furto e não o roubo 
impróprio na ação do agente que após a subtração se desvencilha 
do ofendido que o agarra, sem contudo, ameaçá-lo ou agredi-lo e 
foge com a res. 
12. Causas de aumento de pena 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de 
arma; 
O fundamento da agravante reside no maior perigo que o 
emprego da arma envolve motivo pelo qual é indispensável que o 
instrumento usado pelo agente (arma própria ou imprópria), 
tenha idoneidade para ofender a incolumidade física. 
Com o cancelamento da Súmula 174 do STJ que autorizava o 
aumento de pena quando o agente utilizava arma de brinquedo 
para cometer o crime, esta conduta passou a ser considerada 
uma grave ameaça relacionada ao roubo simples. 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
A doutrina prevalente assevera que não há necessidade de 
estarem todos os agentes presentes no local do crime, basta haver 
o concurso de duas ou mais pessoas. 
III - se a vítima está em serviço de transporte de 
valores e o agente conhece tal circunstância. 
A norma tutela aqueles que transportam valores. Qualquer tipo 
de valor como ouro, dinheiro, pedras preciosas etc. O agente deve 
saber que a vítima está a transportar valores, dolo direto, 
portanto. 
IV - se a subtraçãofor de veículo automotor que venha 
a ser transportado para outro Estado ou para o 
exterior; 
Para a consumação do delito é necessário que o veículo seja 
levado para outro Estado ou país, não havendo, assim, 
possibilidade de ocorrer tentativa. Ou leva e ingressa com o 
veículo em outro Estado ou país e o crime está consumado, ou 
não ingressa e o crime será de furto ou roubo conforme a 
circunstância. 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, 
restringindo sua liberdade. 
objeto do agente, após o emprego da violência ou grave ameaça, é 
manter a vítima em seu poder e assim facilitar a subtração. A 
restrição de liberdade da vítima deve ser por tempo razoável, 
suficiente para que o agente consuma o delito sem ser descoberto 
pela polícia. 
13. Pluralidade de causas de aumento de pena 
Muito comum na prática a incidência de mais de uma majorante 
no roubo. Diverge a doutrina quanto à aplicação da pena. A 
primeira corrente entende que o juiz aplicará apenas uma 
majorante e a outra funcionará como circunstância judicial na 
fixação da pena-base. A segunda assevera que o número de 
majorantes deve ser proporcional ao número de causas 
presentes. Duas ou mais permitem ao juiz aumento a pena de 
dois quintos até a metade. 
14. Qualificadoras do roubo 
Se a violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, 
de 7 a 15 anos, além de multa; se resulta morte, a reclusão é de 
20 a 30 anos, sem prejuízo de multa. Trata-se de crime 
considerado qualificado pelo resultado em que as lesões graves 
ou morte podem advir de dolo ou culpa. 
O tipo fala em violência que deve ser entendida como física e não 
moral, logo se a vítima num roubo, mediante grave ameaça, vier 
a morrer em virtude de uma parada cardíaca, o crime será de 
roubo em concurso material com homicídio e não de latrocínio. 
15. Homicídio consumado e roubo consumado: Haverá 
latrocínio. 
16. Homicídio tentado e roubo tentado: Haverá tentativa de 
latrocínio. 
17. Tentativa de homicídio e roubo consumado: Haverá 
tentativa de latrocínio. 
18. Homicídio consumado e roubo tentado 
Haverá latrocínio. Doutrina e jurisprudência têm considerado 
consumado o latrocínio quando ocorre a morte da vítima, ainda 
que o agente não tenha logrado apossar-se da coisa que pretendia 
subtrair. 
19. Roubo com pluralidade de vítimas 
Doutrina e jurisprudência são unanimes em reconhecer o 
concurso formal quando o delito é cometido contra várias vítimas 
num mesmo contexto. Assim, lesionou o patrimônio de duas 
vítimas, aplica-se o concurso formal. 
De outra parte, quando o agente mediante mais de uma ação ou 
omissão, praticar vários roubos (crimes considerados da mesma 
espécie) e pelas condições de tempo (nao pode ultrapassar 30 
dias), lugar (devem ser próximos), maneira de execução (modus 
operandi) e outras semelhantes, devem os subsequentes ser 
havidos como continuação do primeiro, poderá se reconhecer o 
crime continuado. Isto é uma ficção jurídica, pois há uma 
pluralidade de delitos, mãos legislador presume que eles 
constituem um só crime, apenas para efeito de sanção penal. 
Nesses casos, aplica-se a regra do art. 71, ou seja, dependendo 
das circunstâncias jurídicas, a pena de um só dos crimes poderá 
ser aumentada até o triplo. 
EXTORSÃO 
Art. 158. 
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e 
com o intuito de obter para si ou para outrem indevida 
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar 
fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com 
emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o 
disposto no § 3º do artigo anterior. 
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da 
vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da 
vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou 
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, 
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) 
1. Classificação doutrinária 
Crime comum, formal ou material, de forma livre, instantâneo, 
unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, doloso, de dano, 
complexo e admite tentativa. 
2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa 
3. Sujeito passivo 
Qualquer pessoa. É possível a existência de dois sujeitos passivos 
ao mesmo tempo; o que sofre a lesão patrimonial e o que sofre o 
constrangimento. A pessoa jurídica tambem pode ser sujeito 
passivo do crime. 
4. Objeto material: A condita delitiva recai sobre a pessoa 
humana e a coisa móvel ou imóvel. 
5. Objeto jurídico 
Tutela-se não apenas a inviolabilidade do patrimônio, mas 
também a vida, a liberdade pessoal e a integridade física e 
psíquica da pessoa humana. 
6. Tipo objetivo 
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, coagir), 
mediante violência (física: vias de fato ou lesão corporal) ou 
grave ameaça (moral: intimidação idônea explicita ou explicita 
que incute medo no ofendido) com o objetivo de obter para si ou 
para outrem indevida (injusta, ilícita) vantagem econômica 
(qualquer vantagem seja de coisa móvel ou imóvel). 
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for econômica 
e exercício arbitrário das próprias razoes se a vantagem for 
devida. 
7. Tipo subjetivo 
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído pela 
vontade livre e consciente de constranger alguém mediante 
violência ou grave ameaça, dolo genérico; o segundo exige o 
elemento subjetivo do tipo específico na expressão "com intuito 
de". 
8. Consumação 
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal ou 
material. Para os que o consideram formal, a consumação ocorre 
independentemente do resultado. Basta ser idôneo ao 
constrangimento imposto à vítima, sendo irrelevante a enfeitava 
obtenção da vantagem econômica indevida. 
O comportamento da vítima nesse caso é fundamental para a 
consumação do delito. É a indispensabilidade da conduta do 
sujeito passivo para a consumação do crime, se o 
constrangimento for sério, idôneo o suficiente para ensejar a 
ação ou omissão da vítima em detrimento do seu patrimônio, 
perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP. 
Da outra parte, se entendido como crime material, a consumação 
se dará com obtenção de indevida vantagem econômica. 
Seguimos esse entendimento, para nós o crime de extorsão é 
material consumando-se com a efetiva obtenção indevida 
vantagem econômica. 
9. Tentativa 
Admite-se quer considerando o crime formal ou material. Surge 
quando a vítima mesmo constrangida, mediante violência ou 
grave ameaça, não realiza a condita por circunstâncias alheias à 
vontade do agente. A vítima, então não se intimida, vence o medo 
e denuncia o fato a polícia. 
A tentativa, portanto, ocorrerá quando praticada a violência ou 
grave ameaça com o intuito de obter vantagem econômica 
indevida e a vítima não cumpre o exigido pelo agente. 
10. Diferença entre extorsão e roubo 
Para os clássicos a distinção infalível é a de que no roubo o 
agente toma a coisa por sim mesmo; na extorsão faz com que lhe 
seja entregue. Embora a extorsão se assemelhe ao roubo em face 
da pena, dos meios de execução, da natureza e da objetividade 
jurídica, com ele não se confunde. Ademais, não são 
considerados crimes da mesma espécie. No roubo o agente 
subtrai a coisa e na extorsão a vítima é quem lhe entrega; no 
roubam o comportamento da vítima não é imprescindível para a 
sua realização (nao é necessário que colabore com o agente); na 
extorsão, ele é fundamental (há a necessidade de colaboração da 
vítima); no roubo o mal é iminente; na extorsão o roubo é futuro. 
11. Causas de aumento de pena 
Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com 
emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço atéa metade. 
Há necessidade das duas pessoas estarem presentes no local dos 
fatos para incidir na majorante, assim como o emprego efetivo da 
arma quando da realização do delito. 
No caso de ocorrer morte ou lesão corporal grave, o fato de o 
coautor não haver disparado a arma, não afasta a sua 
responsabilidade pela extorsão qualificada. 
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (SEQUESTRO 
RELÂMPAGO) 
Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para 
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do 
resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o 
seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) 
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
§ 3º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o 
denunciar à autoridade, facilitando a libertação do 
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. 
1. Classificação doutrinaria 
Crime comum, doloso, formal, permanente, de dano, 
plurisubsistente, de forma livre, comissivo, não transeunte, 
unissubjetivo, hediondo e admite tentativa. 
2. Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Sujeito ativo do crime é todo aquele que pratica 
qualquer conduta necessária para a obtenção do resultado 
almejado durante o período consumativo do crime, exemplo, o 
vigia do cativeiro, o mensageiro, o seqüestrador, o mentor do 
plano. 
3. Sujeito passivo 
Qualquer pessoa, consignando que, na maioria das vezes, 
figuram no polo passivo o sequestrado e quem sofre a lesão 
patrimônios, geralmente membro da família. A pessoa jurídica 
pode ser sujeito passivo quando compelida a pagar o valor do 
resgate. 
 
4. Objeto material 
A conduta criminosa recai sobre a pessoa humana privada de 
liberdade bem como aquele que tem diminuído o seu patrimônio. 
5. Objeto jurídico 
Tutela-se, pelo rigor falena cominada, não apenas o patrimônio e 
a liberdade de locomoção do ofendido, mas também a sua vida e 
a integridade física. 
6. Tipo objetivo 
A conduta gira em torno de sequestrar pessoa, isto é, privá-la de 
liberdade de locomoção, arrebatá-la, com o fim de obter 
vantagem de natureza econômica ou patrimonial. A posição 
dominante da doutrina crê a vantagem econômica deve ser 
indevida, pois do contrário haveria sequestro em concurso 
formal com exercício arbitrário das próprias razoes. 
7. Tipo subjetivo 
O tipo requer além do dolo genérico, definido como a vontade 
livre e consciente de seqüestrar pessoa, o elemento específico do 
tipo, o denominado dolo específico, contido na expressão "com o 
fim de obter para si ou para outrem", qualquer vantagem como 
condição ou preço do resgate. 
8. Consumação 
Por tratar-se de crime formal, consuma-se com o sequestro 
independentemente da vantagem patrimonial, isto é, a 
consumação opera-se no momento em que ocorre a privação da 
liberdade da vítima independentemente do efetivo recebimento 
do resgate. Suprimida a liberdade de locomoção da vítima por 
um período relevante, além do intuito de obter, por esse meio, 
qualquer vantagem econômica, o crime está consumado. 
Na jurisprudência predominante o entendimento de que o crime 
se configura mesmo quando os criminosos não conseguem obter 
o resgate e ainda que não tenham tido tempo pedi-lo. 
9. Tentativa 
Possível somente se o item criminis for interrompido no início da 
execução do delito por circunstâncias alheias à vontade do 
agente, bem como se comprovar a real intenção dos 
delinquentes, qual seja, a de sequestrar com a finalidade de obter 
vantagem como condição ou preço do resgate. 
Assim, pode-se reconhecer, na prática, a extorsão mediante 
sequestro tentada nos seguintes casos: 
A) Prisão em flagrante; 
B) Fuga dos sequestradores quando interceptados pela polícia; 
C) Conseguir a vítima desvencilhar-se do sequestrador. 
10. Extorsão mediante sequestro qualificada 
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é menor de 18 
e maior que 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou 
quadrilha a pena será de reclusão de 12 a 20 anos. Quanto maior 
o tempo em que a vítima estiver em poder do criminoso, maior 
será o dano à saúde e integridade física. 
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, entende-se 
como a reunião permanente de mais de três pessoas para 
cometer e não uma reunião ocasional para cometer o sequestro. 
Predomina na doutrina e jurisprudência o entendimento de que 
se o crime for praticado por mais de três pessoas que se reuniram 
especificamente para tal desiderato, sem associarem-se de forma 
estável e permanente, haverá concurso de pessoas, não incidindo 
a qualificadora. 
11. Extorsão mediante sequestro com lesão corporal grave 
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena será de 
reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a pena será de 
reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a diferença 
deste delito com o de roubo qualificado pelo resultado. No 
art. 157 do CP a lei diz: "se da violência resultar lesão grave ou 
morte"; logo, num roubo em que vítima cardíaca diante de uma 
ameaça vem a falecer, haverá roubo em concurso material com 
homicídio e não latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. 
Na extorsão mediante sequestro a lei menciona: "se dos ato 
resultar lesão grave ou morte", pouco importando para qualificar 
o delito que a lesão grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, 
se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou força maior, 
o resultado agravados não poderá ser imputado ao agente. 
A qualificadora somente atinge o sequestrado e não terceira 
pessoa. 
12. Extorsão mediante sequestro e tortura 
Entendemos que os institutos possuem objetividades jurídicas 
distintas e autônomas. Na extorsão são mediante sequestro 
ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e a vida. Na tortura 
atinge-se a dignidade humana, consubstanciada na integridade 
física e mental. Cm efeito, a nosso, juízo, nada impede o 
reconhecimento do concurso material de infrações. 
13. Delação premiada 
O benefício somente se aplica quando o crime for cometido em 
concurso de pessoas, devendo o acusado fornecer às autoridades 
elementos capazes de facilitar a resolução do crime. Causa 
obrigatória de diminuição de pena se preenchidos os requisitos 
estabelecidos pelo parágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à 
autoridade (juiz, delegado ou promotor) feita por um dos 
concorrentes, e esta facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister 
salientar que, se não houver a libertação do seqüestrado, mesmo 
havendo delação do coautor, não haverá diminuição de pena. 
Não se confunde com a confissão espontânea, pois nesta o agente 
garante confessa sua participação no crime, sem incriminar 
outrem. 
EXTORSÃO INDIRETA 
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando 
da situação de alguém, documento que pode dar causa a 
procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
1. Classificação doutrinária 
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material 
(receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, 
unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente 
(receber) e admite tentativa. 
2. Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. 
3. Sujeito passivo 
Qualquer pessoa. Em regra é o devedor que entrega o documento 
ao extorcionário e que pode lhe dar causa a um procedimento 
criminal. Nada impede, todavia, o surgimento de dois sujeitos 
passivos: o que entrega o documento e aquele contra quem pode 
ser iniciado o processo. 
4. Objeto material 
A conduta recai sobre o documento que pode dar causa a umprocedimento criminal contra o devedor, como a confissão de um 
crime, a falsificação de um título de crédito, uma duplicata fria 
etc. 
5. Objeto jurídico 
Tutela-se o patrimônio e a liberdade individual do ofendido. 
6. Tipo objetivo 
A conduta consiste em exigir (obrigar, ordenar) ou receber 
(aceitar) um documento que pode dar causa a procedimento 
criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar da situação 
daquele que necessita urgentemente de auxílio financeiro. 
Necessário para a configuração do delito que o documento 
exigido ou recebido pelo agente, que pode ser público ou 
particular, se preste a instauração de inquérito policial contra o 
ofendido. Não se exige a instauração do procedimento criminal, 
basta que o documento em poder do credor seja potencialmente 
apto a iniciar o processo. 
7. Tipo subjetivo 
O tipo requer não apenas o dolo genérico, vontade livre e 
consciente de exigir ou receber como garantia de dívida 
determinado documento, mas também o dolo específico 
constituído pela finalidade de abusar da aflitiva situação de 
alguém. É o que a doutrina de denomina dolo de aproveitamento. 
8. Consumação 
Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre com a 
simples exigência do documento pelo extorcionário. A iniciativa 
aqui é do agente, na conduta de receber, crime material, a 
consumação ocorre com o efetivo recebimento do documento. 
Nesse caso a iniciativas provém da vítima. 
9. Tentativa 
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua 
configuração, embora uma parcela da doutrina a admita com o 
sovado exemplo, também oferecido nos crimes contra a honra, de 
a exigência ser reduzida por escrito, mas não chegar ao 
conhecimento do ofendido. Na de receber, no entanto, é 
perfeitamente possível, podendo o iter criminis ser interrompido 
por circunstâncias alheias à vontade do agente.

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