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EA D Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas 3 1. OBJETIVOS • Compreender e demonstrar a origem das cruzadas e seu caráter de "guerra santa”. • Conhecer e caracterizar a organização militar das cruza- das. • Identificar a influência da Igreja papal na organização das cruzadas. 2. CONTEÚDOS • Abordagens historiográficas sobre as cruzadas. • A Ideologia da guerra santa e a origem das cruzadas. • A Primeira Cruzada e suas conquistas. © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 92 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Para aprofundar seus estudos sobre as análises do histo- riador Carl Erdmann, veja: • ERDMANN, Carl. The Origin of the Idea of Crusade. Oxford: Oxford University Press, 1977. 2) A reconquista foi um empreendimento cristão do final do século 10 que tinha por objetivo retomar os territó- rios hispânicos que estavam sob o controle muçulmano desde a Alta Idade Média. Para conhecer um pouco mais sobre esse movimento, leia: • VALVERDE, M. C. Terra da Fronteira: a Espanha do sé- culo XII ao XIII. In: MONGELLI, L. (Coord.). Mudanças e rumos. O Ocidente medieval do século XI ao XIII. Cotia: Editora Íbis, 1997, p. 149-183. 3) Para aprofundar seus estudos sobre Delaruelle, consul- te a obra: DELARUELLE, Étienne. L’idée de croisade au Moyên Âge. Torino: Bottega d’Erasmo, 1980. 4) Algumas informações preliminares importantes: • No século 11, Santiago de Compostela e Jerusalém foram importantes locais de peregrinação. Essas duas cidades eram celebradas como destino para peregri- nos e desempenharam papel central nas lutas de "re- conquista" dos territórios ocupados pelos árabes. • O encontro entre Oriente e Ocidente é de suma im- portância para o entendimento do “nascimento” da ciência, que aconteceria alguns séculos depois, na Europa. 5) Como suplemento a nossos estudos, sugerimos a seguir três produções cinematográficas cujas temáticas se re- lacionam aos assuntos analisados nesta unidade. Lem- bre-se de que assistir a filmes pode ser uma experiência muito enriquecedora, desde que se mantenha sempre 93© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas o olhar crítico. A postura crítica deve acompanhar um pesquisador durante toda a sua vida acadêmica e pro- fissional. • El Cid. Estados Unidos, 1961. Direção: Anthony Mann. • O senhor da guerra (The War Lord). Estados Unidos, 1965. Direção: Franklin J. Schaffner. • Cruzada (Kingdom of Heaven). Estados Unidos, 2005. Direção: Ridley Scott. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE O tema das cruzadas desperta grande interesse nas pessoas dentro e fora das universidades. Normalmente, esse interesse é suscitado pela “romantização” da atividade guerreira e da figura do cavaleiro medieval. Nesta unidade, não pretendemos abordar o tema da guer- ra tomando-a como um espetáculo medieval, ritualizado e cheio de simbolismos. Ao contrário: nossa intenção é aproximar você de uma problemática pertinente ao período: o papel da guerra no sistema feudal. Pretendemos analisar o processo de “externalização” da guerra, considerado por Alain Guerreau como um momento ca- pital para a hegemonia da instituição cristã no Ocidente. Isso por- que, ao adentrar o universo administrativo dos conflitos, reconhe- cendo-os como justos e necessários, a Igreja passa a dividir com os poderes laicos a influência sobre a legitimação da guerra. Dando continuidade ao estudo da formação da cristandade Ocidental, acompanharemos seu processo de expansão. Tal pro- cesso ocorreu por meio da interferência eclesiástica nos assuntos bélicos, bem como das conquistas territoriais e comerciais advin- das dessa empreitada em busca dos lugares considerados sagra- dos para o cristianismo. Está pronto para começar? Vamos lá! © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 94 5. ABORDAGENS HISTORIOGRÁFICAS SOBRE AS CRU- ZADAS Para Jean Flori, o tema das cruzadas é muito rico, especial- mente devido à grande diversidade de abordagens que acompa- nha suas pesquisas. Há perspectivas que encararam as cruzadas como um pro- cesso providencial de difusão do cristianismo europeu. Outras centraram-se no caráter material das cruzadas, vislumbrando ne- las apenas a expansão de rotas comerciais para o Oriente. Há tam- bém pesquisas que buscam situar em um contexto mais amplo os conflitos que ocorreram no século 11, concebendo-os como movi- mentos “protocruzadísticos” (trata-se de movimentos que antece- deram e prepararam as cruzadas). Qual dessas abordagens seria a mais adequada? Para conhecermos a resposta, retomamos o estudo de Flori (2001, p. 21) sobre a historiografia das cruzadas. Flori destaca qua- tro autores que despontaram ao longo do século 20, cujos pontos de vistas sobre a origem, as causas e as consequências das cruza- das ele considera relevantes. Vamos analisar as ideias de cada um deles. Carl Erdmann Em 1935, foi lançada a célebre obra do historiador alemão Carl Erdmann, Die Enstehung des Kreuzzugsgedanken (a edição em inglês, de 1977, foi intitulada The Origin of the Idea of Crusade). Erdmann teve grande influência sobre a historiografia, e seu livro permanece ainda hoje como uma obra fundamental sobre o tema das cruzadas. Para esse autor, as cruzadas (que ele também nomeava, sem fazer distinção entre os termos, de "guerra santa") fariam parte de um movimento muito mais vasto. 95© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas Segundo ele, esse movimento englobava outros conflitos im- buídos da mesma ideologia de “guerra santa”, como as expedições de reconquista (final do século 10) nos territórios hispânicos. De acordo com Flori (2001), Erdmann atribuía ao papado re- formador da segunda metade do século 11 a sacralização da guer- ra conduzida pela fé. Do mesmo modo, o papado seria responsável pela recorrência desse processo sacralizador, não só em territórios hispânicos, mas também na Itália e na Sicília, entre outros luga- res. Para esse autor, o grande senão da obra de Erdmann reside em seu descaso com o papel de Jerusalém entre os motivos que levaram às cruzadas. Erdmann considerava a cruzada como uma expedição guerreira que primava pela segurança dos peregrinos que se dirigiram ao império e às igrejas do Oriente. Aos seus olhos, Jerusalém era apenas o destino final de uma peregrinação e sua retomada não representava o objetivo final das expedições. Étienne Delaruelle Contrariamente a Erdmann, o especialista em Direito Canô- nico Étienne Delaruelle não acreditava que houvesse ocorrido uma mudança de postura da Igreja Reformadora em relação ao tema da guerra e dos guerreiros. Para esse autor, os papas dos séculos 8 e 9 já tinham posturas positivas em relação ao uso das armas e já teriam sacralizado os guerreiros que combatiam em nome da Igreja. Assim, o século 11 teria dado continuidade à noção de guer- ra santa, sendo esta bem anterior à reforma gregoriana. Para Delaruelle, a inovação presente no evento da cruzada não se situaria no tipo de guerra que ela professava, mas na proe- minência da figura de Urbano II e no que ele construiu sob a mís- tica da cruz. © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 96 Como primeiro crítico de Erdmann, Delaruelle fixou o estudo das cruzadas no desenvolvimento do Direito Canônico, abordagem que seu par não privilegiou. H. E. Cowdrey Outra forma de crítica, que, segundo as palavras de Flori, era "sólida e equilibrada", veio dos trabalhos de H. E. J. Cowdrey. Em vários artigos publicados entre 1966 e 1970, Cowdrey, assim como Erdmann, sublinhou o papel importante dos papas gregorianos na sacralizaçãoda guerra conduzida pela Igreja e a in- fluência da Paz de Deus na preparação para o conflito. No entanto, esses autores divergiam no que diz respeito à centralidade do papel de Jerusalém na motivação do conflito. Para Cowdrey, tanto no pensamento do papa quanto no dos cruzados, Jerusalém destacava-se entre as motivações da cruzada. Segundo Flori (2001, p. 23): Esta demonstração da importância primordial de Jerusalém na ori- gem da Cruzada não impediu Cowdrey de sublinhar o papel impor- tante e anunciador da sacralização da guerra. Guerra santa vislum- brada em certa medida já por Gregório VII. Foi a preponderância do tema de Jerusalém que conduziu vários outros historiadores a deixar a tese de Erdmann. Riley-Smith Já Riley-Smith, em sua obra The First Crusade and the Idea of Crusading, atenuou a dimensão de guerra santa da Primeira Cruza- da, destacando, em contrapartida, as suas motivações materiais. Para Flori, Smith deu muita atenção às recompensas ligadas à guerra e aos privilégios materiais e espirituais prometidos aos cruzados. Na abordagem de Riley-Smith, o tema da guerra santa, que até então associava à cruzada os movimentos de Paz de Deus e da Reconquista, passava a ser isolado da interpretação. A cruzada era 97© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas encarada como uma peregrinação armada conduzida pela Igreja, mas indiferente às influências dos movimentos de cunho religio- so. Ao contrário dessa perspectiva, Flori (2001) sublinha as liga- ções estreitas que uniam a cruzada ao ideal de guerra santa, reto- mando em vários pontos as conclusões de Cowdrey. Segundo Flori (2001, p. 26), é importante insistir sobre o sen- tido fundamental, embora limitado, da sacralização da cavalaria conduzida pela Igreja no decurso dos séculos 11 e 12. Além disso, ele considera que é preciso dimensionar a imagem do Islã popula- rizada pela mentalidade cavaleiresca e, consequentemente, a in- fluência dessa imagem sobre a ideia de guerra santa e de cruzada. Vejamos o que diz esse autor: Todos os historiadores concordam que a Igreja, durante a reforma gregoriana, não era nem pacifista nem indiferente à sacralização da guerra. Mas na falta de uma ruptura, a reforma gregoriana ao me- nos provocou uma aceleração, uma intensificação e uma mudança na natureza da atitude da Igreja com a guerra. 6. A IDEOLOGIA DA GUERRA SANTA E A ORIGEM DAS CRUZADAS Embora o termo cruzada tenha sido incorporado pela histo- riografia como conceito referente aos eventos que ocorreram no final do século 11 e durante os séculos 12 e 13, a palavra só apa- receu de fato após 1250, designando as expedições dos “soldados de Cristo” a Jerusalém. Como afirma Balard (2002), durante os séculos 11 e 12, tais eventos eram designados como “viagem”, “peregrinação” ou “ex- pedição" a Jerusalém. Não havia um termo que contemplasse, com precisão, a especificidade daquelas jornadas. Segundo Paul Rousset (1990), a origem e a causa das cruza- das dialogaram com vários elementos. Entre eles estavam espe- cialmente a ideia de guerra justa e pia, a noção de peregrinação, a © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 98 luta contra a expansão do Islã e, finalmente, a influência crescente do papado na configuração da ideia de cristandade. Dentre esses elementos, algumas noções não podem esca- par à nossa percepção. Particularmente a transformação da noção de guerra justa e pia em guerra santa, durante o século 11. De acordo com Rousset, a concepção de “guerra justa” (Bellum Iustam) nasceu na Antiguidade romana (à época de Cons- tantino) e tinha como premissa a ideia da vitória como manifesta- ção da eleição dos deuses. A guerra justa realizava-se dentro da lei romana e o seu re- sultado seria o puro reflexo da vontade divina. Naquela sociedade, a guerra era tida como uma maneira indispensável de garantir o ordenamento e o reordenamento social. Ao longo do século 11, com os movimentos de paz e a refor- ma eclesiástica, a Igreja passou a reivindicar a definição do campo da guerra. A guerra tornou-se um elemento de coesão entre os cris- tãos. Ela se apresentava de acordo com a lei de Deus, para defen- der a vontade Dele. Nesse processo de reivindicação do caráter sacramental da guerra, a Igreja tinha um papel fundamental: Deus delegara a ela a possibilidade de reconhecer a legitimidade dos conflitos e de assegurar a Pax Dei (Paz de Deus). Assim, a guerra, para ser legítima, deveria ser sacralizada – reconhecida, assim, como a defesa clara da providência divina anunciada pela Igreja. A guerra santa, em sua condição de defensora da verdade cristã revelada, deixava para trás a incerteza que pairava sobre a vitória. Já que não existia mais a ideia da disputa entre as vontades dos vários deuses, como ocorrera na Antiguidade greco-romana, o conhecimento da vontade divina era certo e justo: todo cristão que defendesse o cristianismo em meio aos conflitos seria sempre vitorioso. 99© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas Foi nessa perspectiva que a Reconquista e os concílios de paz do final do século 10 cristalizaram a ideia de uma guerra em nome de Deus. A noção de peregrinação em armas passava a fundamen- tar os referenciais ideológicos da organização e da multiplicação dos conflitos contra os não cristãos. O conceito de peregrinação estava amplamente ancorado na ideia de sofrimento físico durante a viagem, em busca de um esta- do de graça em território sagrado. A peregrinação aos lugares santos do cristianismo era uma prática recorrente na Idade Média e foi bastante valorizada ao lon- go do século 11, principalmente por ser encarada como uma for- ma de penitência e exercício individual de purificação. O objetivo principal das peregrinações do século 11 era al- cançar Jerusalém, lugar eminentemente santo. A rota difícil e cheia de perigos até Jerusalém representava uma forma de se unir a Cristo no sofrimento. A ameaça a essa prática colaborou para o início do conflito com os muçulmanos. Em especial, o ataque aos peregrinos que eram conduzidos pelo abade Géraud Saint-Florent de Saumur, en- tre 1064 e 1065, fez com que surgissem reivindicações, tanto de laicos quanto do próprio papado. Esses protestos consubstancia- ram a ideia de uma guerra a favor do direito cristão de conhecer e visitar seus lugares santos. Embora seja o papa Urbano II o responsável pela convocação da primeira cruzada, no Concílio de Clermont, de 1095, a ideia de estabelecer conflitos a favor dos cristãos já aparecera no papado de Alexandre II e de Gregório VII. E quais teriam sido as intenções de Urbano II com a convocação da cruzada? O principal objetivo de Urbano II era promover uma peregri- nação em armas que libertasse os cristãos oprimidos do Oriente. Diante de um contexto em que os turcos se expandiam em territórios orientais, o auxílio aos cristãos do Oriente apresentava- © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 100 se como uma forma de efetivar o discurso reformador cristão da libertas ecclesia. Além disso, as cruzadas garantiam aos peregrinos rotas se- guras para o exercício de sua penitência e também evitavam a pro- liferação dos conflitos internos ao Ocidente, com a criação de um inimigo externo à cristandade. Temos na Figura 1 a ilustração do papa Urbano II chegando à França, para pregar a cruzada. Figura 1 Papa Urbano II chegando à França. Miniatura do Roman de Godofredo de Bouillon, século 14, Bibliothèque Nationale de Paris. Leia a seguir as palavras do papa Urbano II (apud Chartres, 2000, p. 83), conclamando o povo à cruzada: Considerando as exigências do tempo presente, eu, Urbano, tendo, pela misericórdia de Deus a tiara pontifical, pontífice de toda a ter- ra,venho até vós, servidores de Deus, como mensageiro para des- vendar-vos o mandato divino [...] é urgente levar com diligência aos nossos irmãos do Oriente a ajuda prometida e tão necessária no momento presente. Os turcos e os árabes atacaram e avançaram pelo território da România até a parte do Mediterrâneo chamada o Braço de São Jorge, e penetram mais a cada dia nos países dos cristãos; eles os venceram sete vezes em batalha, matando e fazen- do grande número de cativos, destruindo as igrejas e devastando 101© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas o reino. Se vós deixardes isto sem resistência, estenderão os seus exércitos ainda mais sobre os fiéis servidores de Deus. Por isso eu vos apregôo e exorto, tanto aos pobres como aos ricos – e não eu, mas o Senhor vos apregoa e exorta – que como arautos de Cristo vos apresseis a expulsar esta vil ralé das regiões habitadas por nos- sos irmãos, levando uma ajuda oportuna aos adoradores de Cristo. Eu falo aos que estão aqui presentes e o proclamo aos ausentes, mas é Cristo quem convoca. 7. A PRIMEIRA CRUZADA E SUAS CONQUISTAS Inicialmente, estejamos atentos para um fato que será de- terminante para a boa compreensão deste tópico: a denominação "Primeira Cruzada" não se limita a um evento isolado. Na verdade, compreende diversos eventos que, juntos, marcaram essa primei- ra empreitada militar apoiada pelo papado. Dado isso, prossigamos. O apelo feito por Urbano II em Cler- mont, na França, teve repercussão considerável. Tanto que, apesar da convocação se dirigir aos homens de guerra, um grupo de não combatentes e peregrinos integrou o projeto. Cruzada Popular Urbano II fez de tudo para impedir que homens que não eram guerreiros se interessassem por seu chamado. Assim, sua carta en- dereçada ao povo da Bolonha desconsiderava a possibilidade de participação na peregrinação armada de pessoas idosas, pessoas inaptas para o combate, mulheres, clérigos que não tivessem per- missão de seus superiores e laicos sem a benção clerical. Apesar disso, em 1096, sob o comando de Pedro Eremita (Fi- gura 2), um número considerável de homens e mulheres (aproxi- madamente 150.000) o seguiu pelos caminhos da Europa central, na cruzada que ficou conhecida como Cruzada Popular. Sem armas adequadas e sem o hábito da guerra, o grupo foi massacrado pelo exército turco no final de setembro do mesmo ano. © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 102 Figura 2 Pedro Eremita orando no Santo Sepulcro. Miniatura da Histoire d’Outremer de Guillaume de Tyr, século 13, Bibliothèque Nationale de Paris. Com base no que estudamos até aqui, podemos nos pergun- tar: quais eram as características que definiam uma guerra ou pe- regrinação como uma “cruzada”? Rousset, Flori e Balard defendem que só pode ser considera- da como “cruzada” a guerra ou expedição militar que tenha aten- dido aos seguintes requisitos: 1) ter sido convocada ou legitimada pelo papado; 2) haver tido claramente como objetivo a liberação dos lu- gares considerados santos pelo cristianismo em Jerusa- lém; 3) ter oferecido a indulgência como contrapartida à partici- pação de seus convocados; 4) haver ostentado a cruz como seu símbolo maior. Primeira cruzada em armas sacramentada pelo papa No mesmo momento em que o grupo liderado por Pedro Ere- mita reunia mais forças populares em Constantinopla, as primeiras tropas de cruzados colocaram-se a caminho da capital Bizantina. 103© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas Nesse caso, profissionais combatentes convocados e liderados por seus senhores receberam o estandarte de São Pedro, em Roma, e dirigiram-se à libertação de Jerusalém. Essa cruzada foi considerada a primeira expedição em armas convocada e sacramentada pelo papado. Conhecida como Cruzada dos Barões, ela teve início em ou- tubro de 1096. Hugo, conde de Vermandois, irmão caçula do rei Filipe I da França, dirigiu-se à Itália para se juntar aos barões Gui- lherme le Charpentier e Drogon de Nesle. Além deles, Godofredo de Bouillon, senhor de Bouillon e du- que da Baixa Lorena, deixou sua região com uma armada de aproxi- madamente 10.000 homens em direção a Jerusalém. Raimundo de Saint-Guilles, conde de Toulouse, Roberto, duque da Normandia, e Estevão, conde de Blois, juntaram-se às outras armadas em Cons- tantinopla (1097). Conquistaram Niceia (junho 1097), Antióquia (1098) e finalmente dominaram Jerusalém, em julho de 1099. Observe as Figuras 3 e 4, que retratam essa cruzada. Figura 3 Godofredo de Bouillon conduzindo seus homens à cruzada. © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 104 Figura 4 Assalto dos cruzados a Jerusalém. Miniatura de Sebastien Mamerot, 1490, Bibliothèque Nationale de Paris. Apesar das dificuldades e entraves em mais de três anos de peregrinação armada, os cruzados alcançaram êxito em sua em- preitada, assegurando a posse da Palestina aos cristãos. A Terra Santa tornara-se cristã. O novo problema que se apresentava era o modo de conservá-la e governá-la. Resultados e consequências das cruzadas Com a conquista de Jerusalém, o primeiro passo dos coman- dantes cruzados foi criar os estados francos do Oriente. Como resultado dessa Primeira Cruzada, surgiram quatro es- tados: 1) Principado de Antióquia, que permaneceu sob controle cristão até 1268. 2) Condado de Edessa, que ficou sob domínio cristão até 1144. 105© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas 3) Condado de Toulouse, que sobreviveu até 1289. 4) Reino de Jerusalém, que esteve integralmente sob o go- verno cristão até 1244, e manteve-se até 1291 sob a for- ma de um pequeno reino chamado São João D’Acre. Com a ocorrência de mais oito cruzadas, os cristãos passa- ram a dominar economicamente o Mediterrâneo, impulsionando as trocas entre o Oriente e o Ocidente. Esse desenvolvimento será analisado na próxima unidade de estudo. Além disso, a expansão marítima garantiu às cidades italia- nas de Veneza e Gênova o controle sobre rotas comerciais e sobre os transportes. Culturalmente, o contato entre Ocidente e Oriente permitiu à Igreja latina se estabelecer em terreno oriental, especialmente a partir da ação evangelizadora das ordens militares (no século 12) e dos mendicantes (no século 13). Frutos preciosos nasceram desse contato entre Oriente e Ocidente: por exemplo, o movimento de traduções dos textos ára- bes de Medicina, de Filosofia, bem como das obras de Aristóteles. Isso permitiu, já no século 12, o contato mais integral do Ocidente com a herança escrita oriunda da Grécia antiga. Outra conquista das cruzadas foi a valorização dos servido- res das armas. Se antes eles eram os representantes de um mal, encarados como homicidas e saqueadores, a partir das cruzadas os cavaleiros passaram a servir também em nome de Cristo. Flori (2005, p. 136) mostra que Urbano II propôs aos cavalei- ros abandonarem a milícia secular, para entrar na milícia de Cris- to: A cruzada marca assim o fim de uma revolução doutrinária reali- zada em um milênio: o uso das armas, de início rejeitado, depois admitido como na pior das hipóteses maculado pela culpa e neces- sitando de purificação e penitência, torna-se, por sua vez, penitên- cia. [...] A exemplo dos antigos hebreus, conquistadores da terra prometida depois do êxodo do Egito, os cruzados, abandonando um mundo de pecado, tornam-se o povo eleito de Deus, o exército de Cristo, milites Christi. © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 106 Até o final do século 12, o objetivo das cruzadas era con- quistar Jerusalém ou mantê-la sob o domínio cristão. No século 13, maculadas por uma série de ganhos econômicos, as cruzadas transformam-se em um negócio político, que agregavacada vez mais poder e mais ganhos a algumas famílias aristocráticas e aos eclesiásticos mais próximos. Observe a seguir um resumo cronológico das cruzadas: Cronologia das cruzadas –––––––––––––––––––––––––––––– 1096-1099 – Primeira Cruzada. “Cruzada dos Barões”: conquista da Terra San- ta. 1147 – Segunda Cruzada: derrotada pelos muçulmanos. 1187 – Saladino conquista Jerusalém. 1189-1191 – Terceira Cruzada. “Cruzada dos Reis”: rendição de Jerusalém pelos cristãos. 1202-1204 – Quarta Cruzada. “Cruzada de Constantinopla”, ou “Cruzada Comer- cial”: saque de Constantinopla empreendido pelos cristãos. 1212 – “Cruzada das Crianças”. 1217-1221 – Quinta Cruzada: fracasso na conquista do Egito. 1228-1229 – Sexta Cruzada: acordo de paz e controle das cidades de Jerusalém, Belém e Nazaré. 1244 – Expulsão dos cristãos de Jerusalém. 1248-1254 – Sétima Cruzada: fracasso do rei Luiz IX da França na reconquista de Jerusalém. 1270 – Oitava Cruzada: segunda expedição do rei Luiz IX para conquistar Jeru- salém, também fracassada. 1271-1272 – Nona Cruzada: Perda de São João D’Acre para os muçulmanos. (Fonte: Acervo pessoal dos autores) –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8. LEITURA COMPLEMENTAR A leitura complementar desta unidade segue com a série de análises sobre gêneros documentais e temas presentes no estudo e na produção da História Medieval. 107© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas Agora, você terá a oportunidade de ler o texto do historiador Lucas Bittencourt a respeito da Chanson de Roland, uma das can- ções de gesta do século 12. Vamos lá? A Chanson de Roland como documento histórico ––––––––– Lucas Bittencourt Mestrando em História na USP Em agosto de 778, Carlos recebeu a notícia de uma rebelião na Saxônia e que seu líder, o saxão Widuking, aproximava-se do Reno. Os saxões, cuja submissão ao rei era recente, ofereciam um perigo real, devido a sua proximidade da capital franca. Carlos, que ainda não era Magno, decidiu retornar a Aix-la-Chapelle e lidar com a ameaça saxã. Estava então em campanha no nordeste da Península Ibérica, no território que posteriormente formaria a Marcha da Espanha. Os Annales Mettenses priores, que registram os fatos ocorridos desde a ascen- são de Pepino de Herstal (c. 675) até o ano de 805, nos informam sobre a sub- missão dos povos do que futuramente seria Navarra, de alguns muçulmanos recebidos como reféns e da destruição de Pamplona pelos francos e do vitorioso retorno do rei. Outros Reichsannalen repetem as mesmas informações. Apenas os Anais Régios até 829 trazem detalhes sobre a campanha na Espanha. Primei- ro apresentam os adversários wascones, em seguida falam do assalto e conse- qüente tomada de Pamplona, assim como da sua posterior destruição, além da entrega dos reféns muçulmanos. A principal informação, completamente ausente nos outros Anais, é a destruição da retaguarda do exército de Carlos, na passa- gem pelos Pirineus, no desfiladeiro de Roncevaux. Informam também da morte de membros da corte que compunham a retaguarda, mas não nos fornecem nenhum nome. A Vita Hludovici, cuja redação é atribuída a 829, confirma a morte de membros da corte, e afirma que não os menciona por serem publicamente conhecidos. A batalha de Roncevaux também é citada por Eginhard, em sua Vita Karoli, pro- vavelmente escrita entre 829 e 836. Em todos seus manuscritos, Eginhard no- meia dois dos altos personagens mortos no combate: Anselme, conde-paladino, posto mais alto na hierarquia dos funcionários do Império, cujo nome consta em três diplomas imperiais; sobre Eggihard, resta um epitáfio, através do qual pode- mos saber a data da batalha: 15 de agosto. Sabemos também que sua morte fora chorada por todo o Império, o que indica que possuía uma alta posição dentro da organização imperial. Há ainda um terceiro nome, presente em vários manus- critos. Diferentemente de Anselme e de Eggihard, sua posição é informada pelo texto: Hruoldlandus Britannici limitis praefectus. Sobre este Hruoldlandus nada sabemos além do que afirma o texto Britannici limitis praefectus, e mesmo sua existência histórica foi posta em dúvida. Com certeza não era alguém notório como Anselme ou Eggihard, já que dos três é o único cuja posição é explicitada, geograficamente periférica, eminentemente militar. O fato de o seu nome estar ausente de alguns manuscritos da Vita Karoli © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 108 não é negligenciável, pode indicar uma inserção posterior, inexistente no original. A despeito de todas as dúvidas sobre Hruoldlandus, inclusive a de sua real exis- tência, seu nome foi difundido por quase toda a cristandade latina, graças a uma obra épica, escrita (ou transcrita) por volta do ano 1100. Presente num manuscrito sem título, cuja datação aponta, aproximadamente, para o final do primeiro quartel do século XII, a obra foi nomeada por um bibliote- cário responsável por sua conservação, e o título dado nunca foi contestado pe- los numerosos estudiosos que por ela se interessaram: La Chanson de Roland. Fato de simples compreensão, uma vez a canção lida: apesar da sua prematura morte, no laisse, pouco após a primeira metade da história, dificilmente alguém não considerará Roland como protagonista. Ele é freqüentemente citado, mesmo após sua morte. Mas, afinal, o que narra a Chanson de Roland? Por que seu protagonista é associado ao Hruoldlandus da Vita Karoli? Uma só resposta satisfaz as duas perguntas. A Chanson de Roland narra a des- truição da retaguarda do exército de Carlos Magno, numa emboscada preparada entre o padrasto de Roland, Ganelon, e o rei de Zaragoza, Marsile, no desfiladei- ro de Roncevaux, em seguida o retorno do exército de Carlos Magno, que vence o exército sarraceno e toma Zaragoza, que segundo a canção era a única cidade que ainda estava em posse dos sarracenos. Ora, a associação se faz óbvia. A canção narra à batalha de Roncevaux, anteriormente registrada pelos anais reais carolíngios. A morte do conde Hruoldlandus é associada à morte do conde Roland, protagonista da narrativa, e nesta associação a similitude entre o nome do primeiro, em latim, e do segundo, em langue d’oil, tem um papel essencial. Partindo desta associação, outra questão se faz quase inevitável ao historiador: qual a relação entre a narrativa e a história? Responder a essa questão é apenas uma das diversas oportunidades de trabalho que a obra nos oferece. Mas antes de prosseguirmos é importante melhor apresentar o gênero em destaque. Os diversos autores que se dedicam à literatura medieval são convergentes quanto à definição da chanson de geste. Baumgartner a define sinteticamente assim: “Chama-se chanson de geste os longos poemas que celebram de for- ma épica as façanhas guerreiras de heróis – cavaleiros franceses na maioria – tornados muito cedo personagens lendários”. A definição dada por Zink não é muito diferente: “As chansons de geste são poemas épicos. [...] São poemas narrativos cantados – como o seu nome indica – que tratam de altos feitos do passado – como o seu nome indica igualmente”. O próprio nome deste gênero literário medieval o define: chanson, canção; geste, nominativo feminino singular de gestus, que significa “grandes feitos, feitos ilustres”. Por mais válida que seja esta definição, ela é incompleta. Outros elementos podem ser identificados como definidores da chanson de geste, sobretudo do ponto de vista literário, mas não exclusivamente. Uma definição mais completa poderia ser a seguinte: a chanson de geste é um gênero literário medieval desenvolvido na França do fim do sé- culo XI, até o século XV. A Chanson de Roland é a primeira dentre elas. O auge deste gênero pode ser localizado nos séculos XII e XIII, nos quais a maior parte da quase centena de obras conhecidas, completas ou através de fragmentos,foi escrita. Como visto anteriormente, são longos poemas épicos cantados e/ou recitados, divididos em vários laisses, a métrica é de decassílabos (geralmente de cesura menor, com poucos casos em cesura maior) ou versos alexandrinos (aparecendo pela primeira vez com Le Roman d’Alexandre, no século xii, do qual recebeu o nome) assonados, respondendo à necessidade da recitação. As histó- rias narradas são variadas, mas com um grande número ambientado no período carolíngio e, em menor número nas cruzadas. Tratam dos feitos de cavaleiros 109© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas franceses, são compostas de motivos bem definidos, como as cortes, as bata- lhas, as embaixadas, as armas, a morte ou feitos de heróis, a traição, etc. Tentar responder à nossa pergunta, “qual a relação entre a narrativa e a histó- ria?”, é buscar compreender se as gestas contam fatos que realmente acontece- ram. Este é um trabalho que se pauta numa vasta comparação entre o conteúdo da gesta e fontes de outras naturezas que de alguma forma tratam sobre os mes- mos eventos. Mas no caso da quase inexistência de outras fontes que permitam este trabalho, que como vimos é o caso da Chanson de Roland, significa que estas obras não encontrariam uso na mão do historiador, apenas nas do literato? Não. Tal visão está fortemente ancorada no conceito de literatura que o século XIX nos deixou, que encara a literatura como ficcional, gratuita e que projeta para os textos do passado tais disposições, de forma arbitrária e anacrônica. A forma como o século XIX concebia a literatura não corresponde a como a sociedade do século XI ou do XII compreendia estas obras. As canções de gesta são obras narrativas que podem ser utilizadas como fonte histórica, afinal o trabalho do historiador começa com a escolha das suas fontes. Escolha constituidora de dados, que dá aos objetos o valor de documento. Uma crônica por si só não é uma fonte mais confiável ou legítima do que a arquitetura de uma catedral, os desenhos dos seus vitrais, textos literários ou as iluminuras que por vezes os acompanham. Todos estes são vestígios de uma realidade his- tórica, como peças de um grande quebra-cabeça, no qual os espaços em branco são maiores do que as peças que nos restam. Diante desta imagem, descartar parte dos fragmentos que nos restam não parece sensato, nem condizente com o desejo de compreender e/ou analisar qualquer sociedade. Podemos buscar nessas o verídico, o real. Mesmo porque ele “não é (ou não é apenas) a realidade visada pelo texto, mas a própria maneira como ele a cria, na historicidade da sua produção e na intencionalidade da sua escrita” (CHARTIER, 2002, p. 63). Este real está presente nas canções de gesta a partir das repre- sentações por elas difundidas. Representações que são também definidoras da realidade na qual estão inseridas. O conceito de representação tem em Chartier uma definição tripla: “primeiro, as representações coletivas que incorporam nos indivíduos as divi- sões do mundo social e estruturam os esquemas de percepção e de apreciação a partir dos quais estes classificam, julgam e agem; em seguida, as formas de exibição do ser social ou do poder político tais como as revelam signos e “per- formances” simbólicas através da imagem, do rito ou daquilo que Weber chama- va de “estilização da vida”; finalmente, a “presentificação” em um representante (individual ou coletivo, concreto ou abstrato) de uma identidade ou de um poder, dotado assim de continuidade e estabilidade” (CHARTIER, 1994, p. 104). As canções de gesta podem ser analisadas a partir desta definição plural de representação, quebrando com uma divisão na qual se opõem os textos docu- mentais aos textos literários, creditando aos primeiros o valor de instrumentos legítimos da investigação histórica, e aos últimos o status de ficção; entretanto, os textos literários, quando utilizados com cuidado crítico (essencial para qual- quer texto) “perdem sua natureza literária para serem reconduzidos ao estatuto de documento, válidos porque mostrando, de um outro modo, o que a análise social estabeleceu pelos seus próprios processos” (CHARTIER, 2002, p. 62). (adaptado de BITTENCOURT, 2010). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © História Medieval II Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 110 9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Quais são as principais teses historiográficas sobre o surgimento das cruza- das? 2) Por que se associa o conceito de “cruzada” ao conceito de “guerra santa”? 3) Quais são as principais características da Primeira Cruzada? 4) Pesquise sobre as demais cruzadas e responda: quais são os pontos em co- mum e os pontos divergentes entre as cruzadas? 5) Quais foram as principais consequências do movimento cruzadístico? 6) Quais seriam as prováveis consequências para o nascimento da Ciência no Ocidente se não houvesse ocorrido o contato com o conhecimento do Oriente? Para responder a essa pergunta, procure pesquisar sobre os co- nhecimentos que a civilização ocidental buscou no Oriente no período que está sendo estudado. 10. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, você viu como as cruzadas colaboraram para o fortalecimento da cristandade e para sua expansão rumo ao Oriente. De maneira geral, elas expandiram uma experiência de mundo cristã e possibilitaram ao Ocidente o contato com a cultura oriental e o controle de zonas comerciais muito importantes. Ao longo dos séculos 12 e 13, essa expansão convocada pelo papado se transformou em uma empreitada secular que buscava muito mais do que o domínio sobre os lugares considerados san- tos pelo cristianismo. Na próxima unidade, você terá a oportunidade de acompa- nhar um pouco mais os resultados positivos desse contato econô- mico com o Oriente, além de estudar o próprio desenvolvimento comercial interno do Ocidente cristão. 111© Expansão da Cristandade Ocidental: As Cruzadas 11. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 – O papa Urbano II chegando à França. Miniatura do Roman de Godofredo de Bouillon, século 14, Bibliothèque Nationale de Paris. Disponível em: <http://pages. usherbrooke.ca/croisades/croisade1.htm#populaire>. Acesso em: 15 mar. 2011. Figura 2 – Pedro Eremita orando no Santo Sepulcro. Miniatura da Histoire d’Outremer de Guillaume de Tyr, século 13, Bibliothèque Nationale de Paris. Disponível em: <http:// pages.usherbrooke.ca/croisades/croisade1.htm#populaire>. Acesso em: 15 mar. 2011. Figura 3 - Godofredo de Bouillon conduzindo seus homens à cruzada. Disponível em: <http://pages.usherbrooke.ca/croisades/croisade1.htm#populaire>. Acesso em: 15 mar. 2011. Figura 4 - Assalto dos cruzados à Jerusalém. Miniatura de Sebastien Mamerot, 1490, Bibliothèque Nationale de Paris. Disponível em: <http://pages.usherbrooke.ca/croisades/ croisade1.htm#populaire>. Acesso em: 15 mar. 2011. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALARD, M.; GENET, J.; ROUCHE, M. Le Moyen Âge en Occident. Paris: Hachette, 2002. BASCHET, J. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. BITTENCOURT, Par penitence les cumandet a ferir: a legitimação do combate contra os pagãos na Chanson de Roland e na Chanson de Guillaume. 2010. Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade de São Paulo, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, São Paulo. 2010. CHARTRES, F. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da idade média. Textos e testemunhas. São Paulo: Editora Unesp, 2000. DUBY, G. A sociedade cavaleiresca. São Paulo: Martins Fontes, 1992. FLORI, J. A cavalaria: a origem dos nobres guerreiros da idade média. São Paulo: Madras, 2005. ______. La Guerre Sainte. La formation de l'idée de croisade dans l'Occident chrétien.Paris: Aubier, 2001. MORNET, E. L'Expansion de L'Occident Du X au XIII siècle. In: KAPLAN, M. (Dir.). Le Moyen Âge XI-XV siècle. Paris: Bréal, 1994. RILEY-SMITH, J. The First Crusade and the Idea of Crusading. Londres: The Anthlone Press, 1986. ROUSSET, P. A história das cruzadas. Rio de Janeiro: Zahar, 1990. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO