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32 Correlações clínicas Berne Secreções gastrintestinais

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Secreções gastrintestinais
Correlações clínicas
Berne
	 Em pessoas que não possuem glândulas salivarem funcionantes, xerostomia (boca seca), cáries dentárias e infecções da mucosa bucal são comuns. A saliva contém imunoglobulinas secretórias (anticorpos) contra os microrganismos na boca, e a lisozima, que hidrolisa um componente importante das membranas externas bacterianas. Na ausência de anticorpos e lisozima, os organismos causam a infecção bucal e cáries dentárias proliferam. O pH básico da saliva também ajuda a prevenir as cáries dentárias. 
	 A elevada acidez do suco gástrico mata a maior parte dos microrganismos ingeridos. Os indivíduos que têm baixas taxas de secreção do ácido gástrico, ou por doença ou por estarem tomando mediações que suprimem a secreção do HCl, são mais suscetíveis a infecções pelos patógenos ingeridos e podem ter um crescimento bacteriano exagerado no estômago ou na parte superior do intestino delgado. 
	 Drogas que especificamente inibem a H+/K+ ATPase estão disponíveis. Os benzimidazoles modificados, como o omeprazol, são inativos em pH neutro. No entanto, a um pH baixo eles são convertidos a uma forma que reage com os grupos sulfidrilas da H+/K+ATPase. Essa reação inativa as suas atividades enzimáticas e de bombeamento iônico. Pelo fato de a inativação da H+/K+ATPase pelo omeprazol ser irreversível, a droga é geralmente administrada apenas uma vez ao dia. 
	 A barreira mucosa gástrica de um indivíduo normal pode proteger o estômago mesmo quando as taxas de secreção do HCl e das pepsinas estão elevadas. Se, no entanto, a secreção de HCO3- ou de muco for suprimida, a barreira mucosa gástrica fica comprometida, e as ações do ácido e da pepsina na superfície do estômago podem produzir úlceras gástricas.
	 A aspirina e outros agentes anti-inflamatórios não-esteroidais inibem a secreção tanto do muco quanto do HCO3-; o uso prolongado dessas drogas pode danificar a superfície mucosa e produzir gastrite ou até mesmo úlceras gástricas. Os agonistas alfa-adrenérgicos diminuem a produção de HCO3-. Esse efeito pode exercer um papel na patogênese das úlceras de estresse; níveis cronicamente elevados de adrenalina circulante podem suprimir a secreção de HCO3- suficientemente para diminuir a proteção da superfície celular epitelial. 
	 Antes da disponibilidade da cimetidina e de outros bloqueadores dos receptores H2, as úlceras gástricas e duodenais eram resistentes à terapia medicamentosa. Consequentemente, os tratamentos cirúrgicos das úlceras estavam entre as cirurgias mais comumente realizadas. Os bloqueadores dos receptores H2 revolucionaram a terapia para a doença ulcerativa gástrica e duodenal e para a maioria dos outros distúrbios relacionados com a hipersecreção do ácido gástrico. Mais recentemente, drogas que inibem diretamente a H+/K+ ATPase foram desenvolvidas. Essas drogas inibem a secreção do HCl ainda mais profundamente do que os antagonistas dos receptores H2. As intervenções cirúrgicas agora raramente são necessárias. Essas drogas podem reduzir dramaticamente a secreção do HCl com poucos efeitos colaterais. 
	
	 A infecção pelo Helicobacter pylori é responsável por quase todos os casos de úlcera gástricas e duodenais que não estão relacionados com medicações. O H. pylori tem a capacidade altamente incomum de se desenvolver em um ambiente ácido. As bactérias contém grandes quantidades de urease, uma enzima que catalisa a conversão da ureia a amônia e CO2. A amônia ajuda a tamponar o ácido nas proximidades da bactérias. O H. pylori coloniza a camada mucosa do estômago e do duodeno. Ele não invade de fato a mucosa; em vez disso, ele causa danos pela secreção de proteínas que evocam respostas imunes celulares e humorais. A invasão da mucosa por macrófagos e outros imunócitos resulta em uma gastrite superficial crônica, que pode levar à doença ulcerativa. 
	 Os estômagos de aproximadamente 40% de todos os indivíduos estão infectados por H. pylori! A maioria dessas pessoas tem uma gastrite superficial crônica que não causa nenhum sintoma intolerável. Em outros indivíduos, o H. pylori causa gastrite ou ulcerações mais severas. A gastrite crônica severa causada pelo H. pylori foi implicada em muitos cânceres gástricos. 
	 A maioria das úlceras duodenais também estão associadas à infecções por H. pylori no estômago. Os pacientes com úlcera duodenal frequentemente são hipersecretores de HCl: essa hipersecreção pode ser parcialmente atribuída a uma sensibilidade diminuída à inibição da secreção do HCl pela secretina, liberada pelo duodeno.
	 A terapia antibiótica é parte do tratamento recomendado da doença ulcerosa gástrica ou duodenal nos pacientes infectados pelo H. pylori. Além disso, drogas que suprimam a secreção do HCl são administradas, pois a supressão do HCl torna o H. pylori mais sensível aos antibióticos. O tratamento com omeprazol ou com os antagonistas do receptor H2, sem antibióticos, reduz a população do H. pylori e promove a cicatrização das úlceras. Quando a administração dos bloqueadores da secreção ácida é suspensa, no entanto, o H. pylori novamente cresce e as úlceras recorrem na maioria dos casos. 
	 O Cl- entra no lúmen acinar via canais para para Cl- nas membranas plasmáticas apicais das células acinares e das células epiteliais ductulares. O defeito molecular primário na fibrose cística é uma mutação no gene que codifica esse canal para Cl-. Como resultado dessa mutação, o número de canais para Cl- inseridos na membrana plasmática é drasticamente reduzido. O transporte diminuído de Cl- para os lúmens acinares e ductais prejudica o transporte de água e eletrólitos. Consequentemente, na fibrose cística, os ácinos e os ductos pancreáticos e as pequenas vias aéreas dos pulmões ficam obstruídos pelo muco. Como resultado, as células acinares e o sistema ductal do pâncreas são destruídos, e infecções crônicas dos pulmões podem ocorrer. Em muitos bebês com fibrose cística, a função exócrina do pâncreas pode ser irreversivelmente comprometida no útero. Devido à quase completa ausência de enzimas pancreáticas, bebês com fibrose cística frequentemente têm severas dificuldades digestivas, especialmente na digestão e absorção de gorduras. 
	 Pelo fato de a utilização de carboidrato estar prejudicada na diabetes mellitus, a beta-oxidação dos ácidos graxos é uma fonte importante de energia para o corpo. No fígado, a oxidação dos ácidos graxos produz o acetoacetato, o beta-hidroxibutirato e a acetona. Esses três compostos são chamados corpos cetônicos. Os corpos cetônicos são liberados dos hepatócitos e carregados pela circulação para outros tecidos, onde são metabolizados. Os níveis de corpos cetônicos na urina e no sangue podem indicar a severidade da acidose diabética. 
	 Os ácidos biliares perdidos nas fezes são o único mecanismo significativo de excreção do colesterol. O tratamento com drogas que bloqueiam a reabsorção dos ácidos biliares no íleo promove a síntese de novos ácidos biliares a partir do colesterol. Essas drogas podem ser usadas para reduzir o nível de colesterol no sangue.
	 Se mais colesterol estiver presente na bile do que a capacidade de solubilização pelas micelas, diz-se que a bile está supersaturada com colesterol e os cristais de colesterol tendem a formar-se na bile. Os cristais de colesterol na bile ajudam na formação de cálculos biliares de colesterol (a variedade mais comum) no sistema de ducto do fígado ou (mais frequentemente) na vesícula biliar. Os indivíduos normais tendem a secretar bile supersaturada em colesterol apenas à noite; a bile dos indivíduos com cálculos biliares de colesterol tende a ser supersaturada com colesterol durante todo o dia. 
	 Os cálculos biliares pigmentares são outra importante classe de cálculos biliares; o seu constituinte principal é o sal de cálcio da bilirrubina não-conjugada. A bilirrubina conjugada é bastante solúvel e não forma sais de cálcio insolúveis na bile. Na doença hepática, a bile pode conterníveis elevados de bilirrubina não-conjugada, pois os hepatócitos são deficientes na formação dos glicuronídeos da bilirrubina. Indivíduos com doença hepática apresentam uma maior probabilidade de formarem cálculos de pigmento biliar.

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