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TECNOLOGIA E REPRODUÇÃO ANIMAL 1. Fisiologia Reprodutiva de Machos Os órgãos genitais masculinos são condutores e produtores de células sexuais e possuem órgãos externos e internos, os externos são o escroto e o pênis; e os internos são os testículos, os epidídimos, os ductos deferentes e as glândulas acessórias. a) ESCROTO: É uma evaginação da pele da parede abdominal, em forma de bolsa, que aloja e protege os dois testículos, os epidídimos e as porções iniciais dos ductos deferentes. A parede do escroto é formada por pele e por uma porção muscular (feixes de fibras musculares lisas, algumas fibras elásticas e tecido conjuntivo frouxo), a túnica dartos que tem uma importante função na termorregulação testicular, a contração de suas fibras musculares lisas provoca o pregueamento da pele do escroto, diminuindo a superfície exposta à temperatura ambiente, quando esta está mais baixa. O músculo cremáster é de controle involuntário e participa da termorregulação testicular, sua contração processa-se quando a temperatura ambiente se abaixa. b) TESTÍCULOS: São órgãos pares, situados no escroto. Os testículos estão funcionalmente inativos até a puberdade, época em que se inicia a produção de espermatozóides e a secreção de um hormônio responsável pelos caracteres sexuais secundários masculinos (testosterona), portanto, os testículos combinam elementos endócrinos (produção hormonal) e exócrinos (produção de gametas), o primeiro funciona normalmente à temperatura básica do corpo, mas o segundo requer uma temperatura poucos graus inferior à do abdome. Por essa razão, embora os testículos se desenvolvam no interior do abdome, mais tarde migram, descendo através do canal inguinal e passando a se situar no escroto, no entanto, este processo não ocorre em todos os animais, nos elefantes os testículos permanecem no interior do abdome durante toda a vida; já em pequenos mamíferos (principalmente roedores, insetívoros e morcegos) os testículos descem para o escroto apenas durante a época da reprodução, e depois voltam ao abdome. O conhecimento do tamanho normal dos testículos é um dado importante na clínica veterinária. A hipoplasia, isto é, o desenvolvimento subnormal dos testículos, é uma ocorrência relativamente frequente no Brasil. Os testículos hipoplásicos, além de terem tamanho menor que o normal, apresentam graves distúrbios em sua fisiologia e essa característica normalmente é herdada pelos descendentes. � Garanhão ≅ 10-12 cm de comprimento; 6-7 cm de altura; 5 cm de largura; 225-300g � Touro ≅ 10-12cm de comprimento; 6-8 cm de largura; 300g � Cão ≅ 2,8-3,1 cm de comprimento; 2-2,2 cm de altura; 1,8-2 cm de largura; 7,8-8,2g � Cachaço ≅ 400g Os testículos são envolvidos diretamente pela túnica albugínea (tecido conjuntivo denso, bastante resistente, de cor esbranquiçada). Túnicas que revestem os testículos, de fora para dentro: Pele → túnica dartos → fáscia espermática externa → fáscia cremastérica → músculo cremáster → fáscia espermática interna → lâmina parietal da túnica vaginal → cavidade vaginal → lâmina visceral da túnica vaginal → túnica albugínea (recobre diretamente o testículo). São suspensos através do canal inguinal pelo funículo espermático, o parênquima testicular é dividido em lóbulos e formado pelos túbulos seminíferos e túbulos retos. Anexo ao testículo, localizado em um de seus bordos, está o epidídimo. A localização dos testículos pode ser: • Sub-inguinal (Ruminantes, Equinos e Cães); • Perineal (Gatos e Suínos); • Intra-abdominal (criptorquídico). E a posição pode ser vertical, horizontal ou oblíqua. • Funículo Espermático: Local através do qual vasos e nervos são conduzidos para dentro e para fora dos testículos. Por ele também passa o ducto deferente. Situa-se ao longo do canal inguinal, estendendo-se desde o ângulo inguinal profundo (proximalmente) até a borda epididimária (distalmente). Também conhecido como cordão espermático, é formado por diversas estruturas. Assim, fazem parte do funículo: o ducto deferente, a artéria testicular, a veia testicular (plexo pampiniforme), os vasos linfáticos, e os feixes nervosos. O plexo pampiniforme é o enovelamento da veia testicular em torno da artéria testicular ao nível do funículo espermático e constitui mais uma estrutura responsável pela termorregulação testicular. • Túbulos Seminíferos: local de produção dos espermatozoides, são alças contorcidas dispostas em lóbulos e circundadas por tecido conjuntivo. O epitélio que reveste os túbulos seminíferos consiste em três tipos celulares: − Espermatogônias: são as células tronco. − Espermatócitos: são as células em processo de tornarem-se espermatozoides. − Células de Sertoli (sustentação): são sustentadoras dos espermatozoides em desenvolvimento. As células de Sertoli têm três funções importantes: (1) Fornecem nutrientes aos espermatozoides que estão se diferenciando; (2) Formam junções comunicantes entre si, criando uma barreira hematotesticular, essa barreira produz permeabilidade seletiva, “permitindo” que substancias como a testosterona a cruzem. (3) Secretam solução aquosa no lúmen dos túbulos seminíferos, que ajuda a transportar os espermatozoides dos túbulos para o epidídimo. • Células de Leydg (intersticiais): se situam entre os túbulos seminíferos, a função dessas células é a síntese e secreção de testosterona, secretam nas veias testiculares e nos vasos linfáticos. • Epidídimo: É um órgão firme, formado principalmente pelas numerosas circunvoluções do único canal do epidídimo numa matriz de tecido conjuntivo. Sua forma geral assemelha-se a um “C”, e está preso ao longo de uma das margens do testículo (borda epididimária do testículo). É o local principal de maturação e de armazenamento dos espermatozoides, que permanecem viáveis no epidídimo por vários meses. O epidídimo consta de três partes: cabeça, corpo e cauda. Cabeça do epidídimo → Local de maturação dos espermatozoides. Nesta região localizam-se os túbulos do epidídimo. Corpo do epidídimo → Local de maturação dos espermatozoides. Seu principal conteúdo é o ducto do epidídimo, formado pela união dos vários túbulos. Cauda do epidídimo → Local de armazenamento dos espermatozoides. Está firmemente ligada ao testículo por um ligamento, denominado ligamento próprio do testículo, e também à lâmina parietal da túnica vaginal pelo ligamento da cauda do epidídimo. Até 24 horas após a morte de um animal, é possível coletar o sêmen do epidídimo. Também é possível fazer coleta do epidídimo em animais sub-férteis. • Ducto Deferente: Surge da cauda do epidídimo, é a continuação do ducto do epidídimo em direção à cavidade pélvica, indo desembocar na uretra prostática. Na ejaculação, os espermatozoides são lançados para o ducto deferente, e daí, para a uretra. c) Glândulas Anexas O conjunto completo compreende as glândulas ampulares (ampola do ducto deferente), vesiculares, próstata e bulbouretrais. Têm a função de fornecer veículo líquido para o transporte de espermatozoides. • Vesículas Seminais: Estão presentes em todas as espécies domésticas, exceto no cão e no gato. Estão localizadas dorso-lateralmente na transição da bexiga urinária com a uretra. São duas massas grandes e alongadas, são lisas e piriformes nos equinos e lobadas em ruminantes e suínos. O ducto das vesículas seminais e o ducto deferente podem compartilhar um ducto ejaculatório comum que se abre na uretra. A vesícula seminal contribui com suas secreções que, também, são nutritivas para os espermatozoides ejaculados. • Próstata: Está presente em todas as espécies domésticas,em algumas é constituída de duas partes. A próstata adiciona sua própria secreção ao ejaculado, uma solução leitosa rica em citrato, cálcio e enzimas. A secreção prostática é ligeiramente alcalina, o que aumenta a mobilidade dos espermatozoides e ajuda na fertilização. • Glândulas Bulbouretrais: Localizam-se na porção caudal da uretra, são pares. São encontradas em todas as espécies, exceto no cão e são vestigiais no gato. São de tamanho pequeno nos ruminantes, moderado nos equinos e bem desenvolvidas nos suínos, nos quais se apresentam como cilindros alongados a cada lado da uretra. Sua secreção neutraliza o pH uretral. d) PÊNIS É o órgão masculino da cópula, seu contorno é mais ou menos cilíndrico e é constituído de raiz e corpo. A raiz do pênis compõe-se de dois ramos e do bulbo do pênis. O corpo do pênis constitui a sua maior porção, e apresenta dorso, faces laterais e face uretral. Os corpos cavernoso e esponjoso constituem a massa do corpo do pênis. A extremidade livre do pênis, ou ápice, apresenta uma dilatação discreta ou não, que se denomina glande do pênis. Há dois tipos de pênis: • Fibro-elástico: em que o tecido conjuntivo predomina sobre o tecido erétil, formando uma consistência compacta (ruminantes e suínos). • Vascular: em que o tecido erétil predomina (equino e canino), formando um órgão macio e compressível no estado de repouso. Particularidades nas espécies domésticas: • Corpo do pênis → apresenta a flexura sigmóide em ruminantes e suínos, sendo que esta flexura é pré-escrotal em suínos e pós-escrotal em ruminantes. • Processo uretral → prolongamento da uretra além da glande do pênis, exteriorizando-se, está presente em equinos e pequenos ruminantes. • Glande do pênis → fina e espiralada em suínos, globosa em equinos, afilada e torcida em ruminantes, com espículas e voltada caudalmente no gato. • Osso peniano → presente em carnívoros. 2. Eixo Hipotálamo Hipofisário Gonadal (HHG) Controla ambas as funções dos testículos, a espermatogênese e a secreção de testosterona. Sistema formado por três glândulas: • Hipotálamo: O hipotálamo ocupa apenas uma porção do cérebro. Ele consiste da região do terceiro ventrículo, estendendo-se do quiasma óptico aos corpos mamilares. O hormônio hipotalâmico é o hormônio liberador de gonadotropina (GnRH). • Hipófise: A hipófise está localizada na sela túrcica, uma depressão óssea localizada na base do cérebro. A glândula está dividida em três partes anatômicas distintas: os lobos anterior, intermediário e posterior. Os hormônios da hipófise anterior são hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). • Gônadas: testículos ou ovários. As gônadas desempenham um papel duplo, a produção das células germinativas (gametogênese) e a secreção dos hormônios gonadais. Hormônios do eixo HHG: • GnRH: é secretado no sangue porta hipotalâmico-hipofisário e, a seguir, levado em altas concentrações diretamente ao lobo anterior da hipófise. • FSH: estimula a espermatogênese e a função das células de Sertoli. • LH: estimula as células de Leydg a sintetizar testosterona • Esteróides (progesterona, testosterona e estradiol): a testosterona secretada pelas células de Leydg, tem funções tanto nos testiculos (efeito parácrino) quanto em outros tecidos-alvo (efeito endócrino). Nos testículos a testosterona se difunde das células de Leydig para as células de Sertoli próximas, onde reforca a ação espermatogenica do FSH. Fora dos testículos, a testosterona é secretada para a circulação geral e levada ate seus tecidos-alvo. O eixo HHG funciona da seguinte maneira: (1) O Hipotálamo secreta GnRH; (2) O GnRH estimula a Hipófise a secretar FSH e LH; (3) O FSH age na gônada (testículos), nas células de Sertoli, que fazem a regulação dos níveis de testosterona, pois produzem inibina, que faz feedback negativo com a hipófise. Também fazem uma barreira hematotesticular, evitando o contato do espermatozoide com o sangue; (4) O LH atua nas células de Leydg, que produz testosterona, que é responsável pela espermatogênese e características masculinas. a) Feedback Negativo O eixo HHG é controlado por feedback negativo, que tem duas vias: (1) A própria testosterona forma feedback com o hipotálamo e com o lobo anterior, inibindo a secreção de GnRH e de LH; (2) As células de Sertoli secretam uma substância chamada inibina, que inibe a secreção de FSH pela hipófise anterior.
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