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Resumo SISTEMA IMUNE / imunologia Abbas cap 1 2 3


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SISTEMA IMUNE 
O sistema imunológico, também conhecido como sistema imunitário, compreende todos os mecanismos 
pelos quais um organismo multicelular se defende de invasores externos, como bactérias, vírus, 
protozoários, fungos. É composto por células que se dividem em duas classes: 
-Linfóides: Linfócitos T e B 
-Mielóides: são todas as outras células que não são linfóides. Desenvolvem-se principalmente na 
medula óssea. 
ANATOMIA DO SISTEMA IMUNOLÓGICO 
ÓRGÃOS LINFÓIDES CENTRAIS: Nestes órgãos ocorre a linfopoese, ou seja, as células se diferenciam das 
células troncos, proliferam e amadurecem em linfócitos funcionais. 
-Timo: local de diferenciação dos linfócitos T. É localizado próximo ao coração. Tem pico de crescimento 
dos 4-6 anos, mas cresce até os 15 anos quando, então, involui. Secreta a timosina, que promove a 
maturação dos linfócitos e dos órgãos linfóides, como linfonodos e baço. 
-Medula Óssea: local de diferenciação de linfócitos B e geração de monócitos, granulócitos, hemácias e 
plaquetas. 
ÓRGÃOS LINFÓIDES PERIFÉRICOS: Organizados de forma a concentrar os antígenos, APC e linfócitos, 
para otimizar a interação entre essas células e o desenvolvimento da imunidade adquirida. São locais 
onde a resposta imunológica é iniciada. Enquanto os linfócitos T ao se diferenciarem em T efetores 
precisam se dirigir ao local de infecção, os linfócitos B efetores permanecem nos órgãos linfóides 
secretando anticorpos que entram na circulação e identificam os patógenos. 
-Linfonodo: agregados nodulares de tecido linfóide, localizados ao longo dos canais linfáticos de todo o 
corpo. Recebem os líquidos dos epitélios, tecido conjuntivo e da maioria dos órgãos parenquimatosos, 
chamados de linfa. Neste local, há vários linfócitos filtrando a linfa para identificar APC ou mesmo 
patógenos. 
-Baço: órgão abdominal com função de combater organismos que chegam ao sangue. Contém uma 
polpa vermelha, responsável pela remoção de eritrócitos envelhecidos, e uma polpa branca, 
preferencialmente composta por macrófagos e APC, aprisionando patógenos encontrados. 
 
-Tecidos linfoides associados à mucosa (MALT): pequenas concentrações de tecido linfoide 
encontrados em várias partes do corpo, como pele, TGI e respiratório. Inclui as tonsilas palatinas, as 
placas de Peyer do intestino, as adenoides faríngeas e o apêndice intestinal. Tem função semelhante aos 
linfonodos. 
 
ANTÍGENO: Partícula ou molécula capaz de desencadear uma resposta imune. Pode ser self ou não-self. 
Se o organismo desencadeia uma resposta contra eles, pode ser chamado de imunógeno, sendo então 
T-dependentes (precisam do estímulo de T para a produção de Ig) ou T-independentes (estimulam 
diretamente a cél. B a produzir Ig). Epítopo: é a área do antígeno que se liga à Ig ou ao TCR, capaz de 
desencadear uma resposta imune. Hapteno: moléculas não-protéicas que não podem por si só 
desencadear uma resposta imune. 
 
 
 
SISTEMA IMUNE INATO 
Nome dado ao conjunto de formas de imunidade que nasce com o indivíduo, sem necessidade de 
introdução de substâncias ou estruturas exteriores ao organismo. 
 
Barreira contra a infecção 
-Mecânicas: células epiteliais justapostas queratinizadas; fluxo longitudinal de ar ou de fluídos através 
do epitélio, como o espirro; movimento de muco pelos cílios do epitélio respiratório. 
-Química: ácidos graxos (pele); enzimas (lisozina – secreções; pepsina – intestino); pH baixo (estômago). 
-Microbiológicas: a flora natural que compete por nutrientes com a flora patogênica. 
 
 
Células 
- Células dendríticas: funcionam como APC (Antígen Presenting Cells – Células Apresentadoras de 
Antígenos), fazendo a integração entre o sistema imune inato e os linfócitos do sistema imune 
adquirido, principalmente nos linfonodos. Estão presentes no baço (capturando antígenos do sangue), 
pele (onde se chamam células de Langerhans) e linfonodos (capturando antígenos que entrem pela 
linfa). Como as outras APC fornecem o segundo sinal (ver adiante) para que as células T se ativem, 
ativando a resposta imunológica. 
- Natural Killers (NK): são um tipo de linfócito T. Têm um papel importante no combate a infecções 
virais e células tumorais, através de sua ação citotóxica, semelhante ao mecanismo citotóxico das 
células T CD8 +. Além disso, em resposta à IL-12 dos macrófagos, secretam a citocina IFN-γ ativadora dos 
macrófagos para que destruam os patógenos fagocitados. Localizam-se no sangue, baço e no útero de 
fêmeas grávidas. 
- Monócitos: São células mononucleares encontradas no sangue, totalizando 500 a 1.000 células/mm³. 
São responsáveis pela fagocitose e lise dos patógenos fagocitados, além da função de APC. Possuem os 
mesmos grânulos que os granulócitos e, em conjunto com eles, denominam-se Fagócitos. Quando estão 
nos tecidos recebem o nome de macrófagos. Nos ossos os macrófagos são chamados de osteoclastos; 
nos pulmões de macrófago alveolar; no fígado de células de Kupfer; no tecido conjuntivo de histiócitos; 
e no cérebro de micróglia. Os monócitos sanguíneos e os macrófagos teciduais representam dois 
estágios de uma mesma linhagem celular, geralmente chamada de Sistema Mononuclear Fagocitário 
(SMF). Além disso, secretam outras citocinas como o fator de crescimento derivado das plaquetas, que 
estimula o crescimento e atividade dos fibroblastos e das células endoteliais, auxiliando no reparo 
tecidual após a infecção ter sido removida. 
Neutrófilos x macrófagos: Embora ambas sejam células fagocíticas, possuem características 
bem diferentes. Enquanto os neutrófilos têm vida curta tanto no sangue como nos tecidos, os 
macrófagos têm sobrevida prolongada. Os neutrófilos só são encontrados nos tecidos inflamados, 
enquanto os macrófagos concentram-se tanto em tecidos inflamados como em tecido sadio. Durante a 
reação inflamatória os neutrófilos produzem secreção purulenta, enquanto os macrófagos formam o 
granuloma. Os neutrófilos defendem principalmente contra as bactérias extracelulares enquanto os 
macrófagos são fundamentais para a eliminação dos agentes intracelulares que albergam. 
-Granulócitos: Também denominados Leucócitos Polimorfonucleares ou PMNs. São provenientes da 
medula óssea ecirculam no sangue. Possuem muitos grânulos no citoplasma. Classificam-se em três 
tipos, dependendo da coloração: 
---Neutrófilos: não se coram. São os mais numerosos e importantes elementos encontrados na 
imunidade inata e tem ainda a função de fagocitar patógenos. É o primeiro tipo celular a 
responder às infecções, principalmente bacterianas e fúngicas. Representam 90-95% dos 
granulócitos, traduzindo 4-10 mil/mm³. 
---Eosinófilos: se coram de vermelho. Seus grânulos contem histamina (mediador inflamatório); 
tem ação contra parasitas e vermes e são as células marcantes (infiltração eosinofílica) na 
fisiopatologia das doenças alérgicas. 
---Basófilos: se coram de azul. Seus grânulos possuem diversos mediadores inflamatórios, 
dentre eles, histamina e derivados do ácido araquidônico. Também participam dos processos 
alérgicos. Representam a menor porcentagem de leucócitos encontrados no sangue, cerca de 
1% dos granulócitos. 
-Mastócitos: É uma célula do tecido conjuntivo. Contém grânulos de histamina e heparina no 
citoplasma. O seu papel mais conhecido é na reação alérgica. Diferentemente do basófilo, não tem 
origem na medula óssea. Presentes no intestino e nos pulmões contém respostas específicas para IgE, 
como ocorre na asma. 
-Sistema Complemento: coleção de proteínas presentes na circulação e ligadas à membrana, na maioria 
das vezes proteolíticas, importantes na defesa contra microrganismos. A cascata do complemento, 
apesar de ser ativada por três vias, resulta em: fixação da proteína C3b aos microrganismos, sinalizando 
às células fagocitárias; produtos da degradação de suas proteínas são quimioatrativos para fagócitos e, 
por fim, formação de um complexo pela C9 que se insere na membranacelular microbiana, formando 
poros que levam à lise. Vias: 
-alternativa: as proteínas são ativadas na superfície dos microrganismos e não podem ser 
controladas pois as proteínas reguladoras do complemento não estão presentes no patógeno; 
-clássica: ocorre depois que os anticorpos se ligam aos microrganismos; 
-lectina: ocorre quando a lectina, ligante da manose, se liga à manose nas glicoproteínas da 
superfície dos microrganismos. 
 
Interação patógeno/receptor: Diferente dos linfócitos que possuem receptores específicos clonais para 
um patógeno, os fagócitos possuem receptores não-clonais, ou seja, receptores idênticos em todas as 
células da mesma linhagem, que identificam os Padrões Moleculares Associados ao Patógeno (PAMP), 
que são componentes comuns a classes inteiras de patógenos (bactérias, vírus e fungos). 
 
 
SISTEMA IMUNE ADQUIRIDO 
Também chamado de adaptativo ou específico. É a imunidade que um indivíduo recebe após ter tido 
contato com certo agente invasor. Nosso sistema imune possui células de memória que memorizam o 
contato com o determinado invasor e adquire mecanismos de defesa contra ele nos possíveis contatos 
posteriores. Essas reações serão mais rápidas, eficientes e específicas. Essas células chamam-se 
linfócitos e sua maturação, estimulada pela IL-7, a partir das células-tronco da medula óssea, consiste 
em três processos: proliferação das células imaturas, expressão do gene do receptor de antígenos 
(célula pré-B/T) e seleção dos linfócitos que expressam receptores de antígenos funcionais. Caso os 
linfócitos expressem receptores funcionais com fraco reconhecimento do self, a seleção é dita positiva e 
gera uma célula B/T madura. Caso expressem receptores não-funcionais, ou seja, com forte 
reconhecimento ou ausência de qualquer reconhecimento de antígenos self, os linfócitos morrem por 
apoptose, e a seleção é dita negativa ou houve falha, respectivamente. 
 
IMUNIDADE HUMORAL 
Subdivisão da imunidade adquirida onde a resposta imunológica é realizada por anticorpos 
(imunoglobulinas), que são produzidos pelos linfócitos B, diferente da imunidade mediada por células, 
que são realizadas pelos linfócitos T. É importante no combate a organismos extracelulares e pode ainda 
haver participação de fagócitos, com eliminação de grânulos contendo substâncias com atividade 
microbicida. 
-Linfócitos B: originados na medula óssea, os linfócitos B concentram-se nos gânglios linfáticos, onde 
filtram a linfa, à espera de uma molécula que seja não-self e reaja especificamente com o seu receptor 
aleatório (BCR- B Cell Receptor), que é um anticorpo de membrana (IgM e IgD). Cada linfócito que vai 
para a corrente sanguínea ou linfa e que ainda não teve uma ligação a um antígeno é denominado 
linfócito virgem. Para cada molécula possível, que pode ser macromolécula (proteínas, lipídios, 
carboidratos, ácidos nucléicos) ou apenas pequenas micromoléculas, há vários linfócitos específicos. 
Logo, assim que haja uma ligação específica antígeno-receptor e se o linfócito for estimulado 
simultaneamente por citocinas produzidas pelos linfócitos TCD4+ (Helper) ou por proteínas do 
complemento, eles multiplicam-se (os linfócitos que surgem a partir de um linfócito virgem que teve 
uma ligação com um antígeno são denominados “clones”) e diferenciam-se em células B efetoras 
(plasmócitos - produtores de anticorpos) e em células B de memória (capazes de uma vidalonga, podem 
responder rapidamente a uma segunda exposição ao mesmo antígeno, diferenciando-se em 
plasmócitos). É importante ressaltar que o estímulo dos T helper só é dado frente a antígenos protéicos; 
os antígenos não-protéicos estimulam produção de anticorpos independente de T, configurando 
respostas não tão eficientes. Lembrar também que as células B servem de APC para as T. 
-Imunoglobulinas (anticorpos ou ainda gamaglobulinas): são glicoproteínas sintetizadas e excretadas 
por células plasmáticas derivadas dos linfócitos B, os plasmócitos, presentes no plasma, tecidos e 
secreções que atacam proteínas estranhas ao corpo. São proteínas receptoras livres no sangue, que são 
especificas e se ligam à molécula não-self e possivelmente invasora, podendo assim ligar-se a antígenos 
na superfície de bactérias, vírus ou parasitas. Podem neutralizar o invasor de várias formas: 
diretamente, à exemplo das toxinas, cobrindo sua superfície e impedindo-as de se ligarem às células; 
pela opsonização de antígenos, atraindo fagócitos; por ativação do sistema complemento de forma a 
lisá-los; ou ainda estimulando as células citotóxicas a destruírem as células identificadas pelo anticorpo. 
São ainda os receptores dos linfócitos B. Anticorpos produzidos contra um antígeno podem ligar-se a 
outros antígenos semelhantes, o que se denomina reação cruzada. Cada Ig é constituído por 4 cadeias 
polipeptídicas, sendo duas leves (L) e duas pesadas (H). Ig que contém diferentes cadeias pesadas 
pertencem a diferentes classes, sendo denominados de acordo com a cadeia pesada: 
 
---IgA: Representa 15-20% das imunoglobulinas do soro humano. É a imunoglobulina predominante em 
secreções: saliva, lágrima, leite, mucosas do trato gastrointestinal, trato respiratório e TGU. Suas 
principais funções são a imunidade da mucosa e a imunidade passiva neonatal. 
---IgD: Está presente no soro em concentrações muito baixas. É um receptor de antígeno em células B 
virgens. 
---IgE: É encontrada na membrana de superfície de basófilos e mastócitos. Tem um papel importante na 
imunidade ativa contra parasitas helmintos, pois como são muito grandes para serem fagocitados, as IgE 
opsonizam-os atraindo os eosinófilos que os destroem. A interação entre o antígeno e a IgE ligada no 
mastócito resulta em liberação de histamina, leucotrieno, proteases, fatores quimiotáxicos e citocinas; 
sendo assim, são responsáveis pelos fenômenos alérgicos e anafiláticos, chamados de hipersensibilidade 
imediata, através da ativação dos mastócitos. 50% dos pacientes com doenças alérgicas tem altos níveis 
de IgE. 
---IgG: É a única que atravessa a placenta, sendo também responsável pela imunidade neonatal. É o 
anticorpo principal nas respostas imunes secundárias. Realiza ativação de complemento (quando unida 
ao antígeno), auxilia a fagocitose por opsonização do patógeno e a citotoxicidade mediada por célula 
dependente de anticorpo. Com a ativação do complemento, há geração de quimiotaxia de neutrófilos, 
aumento da permeabilidade vascular e amplificação da resposta inflamatória. Aparecem mais tarde que 
os IgM. 
---IgM: encontrada principalmente no intravascular, pois é muito grande. Juntamente com as IgD 
constituem os receptores de membrana dos linfócitos B virgens; logo, quando houver interação com um 
antígeno e estímulo paralelo pelos T helper, serão a 1ª classe de Ig secretada, sendo uma classe de 
anticorpos "precoces", ou seja, produzidas agudamente nas fases iniciais das doenças que 
desencadeiam resposta humoral. 
 
IMUNIDADE CELULAR 
A imunidade mediada por célula consiste na ativação de macrófagos por meio de linfócitos T auxiliares 
para eliminar microrganismos fagocitados. Pode também se referir à ativação de linfócitos T citotóxicos 
para eliminar as células infectadas, em conjunto com os reservatórios da infecção. É um mecanismo 
eficiente para eliminar-se organismos intracelulares. Células APC (macrófagos e células dendríticas) 
circulam pelo corpo fagocitando e digerindo os patógenos encontrados, fragmentando-os em peptídeos 
antigênicos. Parte desses peptídeos se ligam a moléculas do complexo de histocompatibilidade maior 
(MHC) e são transportados para a membrana das células APC. Os linfócitos T possuem o receptor de 
células T (TCR) e o co-receptor CD4 ou CD8 que, juntos, reconhecem, o complexo formado pelo antígeno 
e pelas moléculas do MHC, respectivamente, que se encontra na superfície da APC, sendo este o 1° sinal 
para a sua ativação, emitido paradentro da célula pelo CD3. Nos linfócitos T há ainda os receptores 
CD28 para co-estimuladores, que reconhecem o 2° sinal emitido pelas APC ou, no caso dos T CD8+, pelo 
T helper 1. Ao receberem os 2° sinais são então ativados e secretam linfocinas mobilizando outros 
componentes do sistema imune, inclusive os linfócitos B. O MHC é de dois tipos, variando conforme a 
APC: MHC-1 (ativa LT CD8+) e MHC-2 (ativa LT CD4+). O MHC-2 predomina nos fagócitos, células 
dendríticas e linfócitos B, otimizando a resposta para agentes extracelulares. Já o MHC-1 está presente 
em todas as células, otimizando a resposta para agentes intracelulares. Enquanto os TCR reconhecem 
antígenos processados e ligados ao MHC, os BCR podem interagir com moléculas livres em solução 
(sangue e linfa). 
-Linfócitos T: são sintetizados no Timo a partir de precursores indiferenciados da medula óssea. Há 
vários sub-grupos de linfócitos T, nomeadamente os Linfócitos T Auxiliares CD4+ (Helper), Citotóxicos 
CD8+, Memória, Reguladores, Natural Killer. 
-Linfócitos T Auxiliares CD4+ (LT helper): recebem esse nome porque ajudam os linfócitos B a produzir 
anticorpos e os macrófagos a fagocitar. Têm a função de coordenar a defesa imunológica contra vírus, 
bactérias e fungos, através da produção e liberação de citocinas. Após a fagocitose realizada pelas APC 
identificam, na membrana dessas células, o antígeno; podem dessa maneira ativar ou não a defesa 
específica do corpo através da liberação de citocinas. Na Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, sua 
destruição pelo vírus HIV dá início à deficiência imunológica. Quando ativadas, diferenciam-se em dois 
tipos, a depender da citocina envolvida (IL-12 → Th1; IL-4 → Th2): 
---LT helper 1: caracteriza-se por produção de citocinas como IL-2,ITF-γ e TNF-β. A IL-2 promove 
a rápida proliferação de linfócitos. O TNF aumenta as moléculas de adesão no endotélio, 
aumentando a infiltração leucocitária. O ITF-γ é potente ativador dos macrófagos e dos 
mecanismos citotóxicos (T CD8+), levando a extensa destruição das zonas infectadas, eficaz na 
eliminação dos patógenos dentro das vesículas dos fagócitos. Essa imunidade é importante 
quando os macrófagos fagocitam, mas não são ativados e quando os microrganismos resistem 
aos mecanismos de defesa da imunidade inata; nestas situações, a ativação adicional dos 
macrófagos pelos linfócitos T altera o equilíbrio entre patógeno e defesa a favor dos 
macrófagos, erradicando a infecção. 
---LT helper 2: há secreção de IL-4 e IL-5. A IL-4 estimula a produção de anticorpos, 
principalmente IgE, pelos linfócitos B. A IL-5 ativa os eosinófilos. É eficaz contra organismos que 
circulem no sangue, como bactérias extracelulares e parasitas. Secreta ainda IL-10 que inibe a 
ativação de macrófagos, limitando a lesão tecidual, e IL-13 que, semelhante a IL-4, tem 
importante função na defesa contra parasitas helmintos e nas alergias (ex. asma), pelo estímulo 
à IgE. 
-Linfócitos T Citotóxicos/Citolíticos CD8+: é um importante leucócito que ataca qualquer tipo celular 
que se torna anormal, geralmente tumoral ou infectado por vírus citoplasmáticos ou patógenos que 
escapam dos fagócitos e vão para o citoplasma. Quando o linfócito T CD8+ reconhece um antígeno não-
self com o seu receptor numa molécula MHC de uma célula do organismo e, em alguns tipos de vírus, 
recebe um 2° sinal proveniente dos T helper 1 (aos quais a célula infectada foi apresentada pelas APC), 
ele liberta seus grânulos que contém perforina que cria um poro na membrana, causando a lise da 
célula, e granzima que induz a célula a iniciar a apoptose. Secreta ainda ITF-γ, contribuindo para 
eliminação de microrganismos fagocitados pelos macrófagos. 
 
RESPOSTA IMUNE 
 
Propriedades da resposta imune adquirida 
 
RESPOSTA IMUNE INATA 
Após passagem de um patógeno pelo epitélio indo para o espaço sub-epitelial, ocorre a interação de um 
PAMP com o receptor que estimula os macrófagos teciduais a responder imediatamente: produção de 
citocinas pró-inflamatórias, principalmente TNF-alfa e IL-1, que provocam a expressão de moléculas de 
adesão (E- e P-selectina) para os leucócitos no endotélio, ocorrendo o “rolamento”, e essas mesmas 
citocinas promovem a ativação das células dendríticas que perdem sua adesividade ao epitélio e passam 
a expressar receptores de superfície para quimiocinas (citocinas quimioatrativas) produzidas nos 
linfonodos. Conforme os leucócitos (de todos os tipos: neutrófilos, monócitos, linfócitos) rolam no 
endotélio, os macrófagos teciduais que se encontram com o patógeno produzem quimiocinas, que vão 
para a superfície luminal das células endoteliais, estimulando o aumento da afinidade das integrinas do 
leucócito aos ligantes endoteliais (p. ex.: ICAM-1), interrompendo o rolamento. Com isso, os leucócitos 
começam a migrar através da parede do vaso, seguindo o gradiente de concentração das quimiocinas 
até o local de infecção. Ao chegar ao local, receptores dos fagócitos interagem com o patógeno, 
ocorrendo a fagocitose e formação do fagossoma. Os grânulos do fagócito se unem com o fagossoma e 
formam o fagolisossoma, degradando a partícula. Nos grânulos se encontram proteases lisossômicas, 
intermediários reativos do oxigênio (catalizado pela oxidase fagocitária) e óxido nítrico, todas 
microbicidas. Em reações mais fortes essas enzimas podem ser liberadas no extracelular, causando lesão 
tecidual no hospedeiro. É importante lembrar que os fagócitos têm receptores para produtos da 
ativação do complemento e para anticorpos e que estes dois últimos revestem microrganismos para o 
reconhecimento eficiente pelos fagócitos, processo denominado opsonização. Se o patógeno é um 
agente intracelular, a resposta pode ser preferencialmente mediada pelas células NK, que agem 
secretando proteínas que aumentam a permeabilidade da membrana e proteínas que entram na célula 
infectada e induzem a apoptose. Podem agir ainda pela secreção da citocina IFN-γ, em resposta à IL-12 
dos macrófagos, ativadora dos macrófagos para que destruam os patógenos fagocitados. Considerar 
ainda que todas essas respostas podem ser iniciadas, potencializadas ou auxiliadas pela ativação do 
sistema de complemento, principalmente em agentes extracelulares presentes no sangue, que resulta 
em: opsonização, quimiotaxia e lise por osmose. 
 
RESPOSTA IMUNE: INTEGRAÇÃO ENTRE A INATA E A ESPECÍFICA 
Há uma constante interação bidirecional: o sistema imune inato, além da defesa inicial, instrui o sistema 
imune adquirido a fornecer uma resposta; em contrapartida, o sistema imune adquirido utiliza de 
mecanismos do sistema imune inato para erradicar as infecções. O inato incita o adquirido através da 
emissão do 2° sinal pelas APC (estimuladas pelo microrganismo ou pelo IFN-γ das NK) para os linfócitos T 
e pela via alternativa do sistema de complemento para os linfócitos B (que reconhecem ao mesmo 
tempo os antígenos do microrganismo circulante e uma proteína C3d ligada ao patógeno, iniciando a 
diferenciação). Ou seja, além de estimular, o inato direciona a resposta: caso um microrganismo 
intracelular ou que foi fagocitado, há o estímulo à resposta mediada pelas células T; caso o patógeno 
esteja no sangue, estes precisam ser eliminados pela resposta mediada pelas células B. 
 
RESPOSTA IMUNE ESPECÍFICA 
Fases da resposta imune específica: 
Reconhecimento do antígeno → ativação dos linfócitos→ eliminação do antígeno → declínio → 
memória. 
No reconhecimento, linfócitos virgens localizam e reconhecem os antígenos dos patógenos; é 
necessária a ligação do antígeno ao receptor dos linfócitos (sinal 1) para que haja resposta. É necessário 
ainda um 2° sinal para que haja ativação dos linfócitos na resposta imune específica primária: linfócitos 
T → as APC expostas aos microrganismos expressam proteínas de membrana, chamadas de co-
estimuladoras, principalmente a B7, ou secretam citocinas, a IL-12; linfócitosB → linfocinas 
provenientes dos T CD4+ ou por proteínas do complemento. Esse segundo sinal garante que a resposta 
adquirida só será gerada contra patógenos e não contra substâncias não-infecciosas inofensivas, mesmo 
que haja linfócitos capazes de reconhecê-las. 
Na fase de ativação, os linfócitos que reconheceram o antígeno se multiplicam rapidamente, processo 
este chamado de expansão clonal; durante a expansão, algumas células virgens passam a serem células 
efetoras (linfócitos B → plasmócitos; linfócitos T CD8+→ T citotóxicos; linfócitos TCD4+ -> helper 1 ou 2), 
capazes de secretar substâncias que eliminam os antígenos. 
Essas substâncias associadas aos componentes do sistema imune inato eliminam o patógeno, sendo 
chamada esta fase de fase efetora. 
Após a morte do patógeno, a maioria das células que foram ativadas pelo antígeno morre por apoptose 
(declínio). 
 As células que sobrevivem são os linfócitos B de memória e linfócitos T de memória, que se ativam mais 
rapidamente e sem a necessidade de um 2° sinal caso haja uma 2ª exposição ao antígeno. 
 
MHC/HLA 
O Complexo de Histocompatibilidade Maior ou MHC (do inglês major histocompatibility complex) é uma 
região do genoma das células nucleadas, principalmente leucócitos, que sintetiza proteínas que são 
expressas na superfície das células de todos os animais com mandíbula; essas proteínas têm a função de 
apresentar tanto antígenos próprios (fragmentos de peptídeos da própria célula) e antígenos externos 
(fragmentos de microrganismos invasores) para a célula T que tem a capacidade de matar ou coordenar 
a morte de patógenos, células infectadas ou com função prejudicada. No ser humano, as proteínas do 
MHC chamam-se de Antígeno Leucocitário Humano (HLA). Existem três grupos de HLA provenientes do 
MHC-1 que são: HLA-A, HLA-B e HLA-C. Em cada um desses grupos existem muitas proteínas HLA 
específicas e diferentes. Como o HLA é único por pessoa, quando ocorre um transplante, por exemplo, 
deve ser feita imunossupressão pra que o organismo, ao identificar um HLA diferente do seu no tecido 
transplantado, não rejeite o órgão; no entanto, quanto mais compatibilidade houver entre o HLA do 
transplantado e da pessoa, menos será a carga de imunossupressão. Participam ainda dos episódios 
auto-imunes. 
 
RECONHECIMENTO DO PRÓPRIO E DO NÃO-PRÓPRIO (SELF E NÃO-SELF) 
O sistema imunológico em sua capacidade de reconhecer antígenos é completo. Quando falamos em 
sistema imune inato, as células do hospedeiro não são reconhecidas ou podem expressar moléculas que 
evitam reações imunológicas inatas. Entretanto, as moléculas de anticorpo e os receptores de linfócitos 
T, pertencentes à imunidade específica, podem, em essência, reconhecer qualquer molécula própria ou 
não-própria, até mesmo aquelas artificialmente sintetizadas. A completude do repertório linfocitário 
representa um paradoxo, pois qualquer molécula pode ser reconhecida, inclusive as próprias, que 
também passam a ser vistas como antígenos, ou antígenos próprios. Para que o sistema imunológico 
adquirido funcione apropriadamente, é preciso que ele seja capaz de distinguir as células e moléculas do 
próprio organismo, chamadas de próprio (self), e moléculas estranhas, chamadas não-próprio (não-
self), que são, em princípio, indistinguíveis. Se o sistema imunológico adquirido não for capaz de fazer 
esta distinção, então uma resposta imunológica será desencadeada contra os antígenos próprios, 
causando doenças auto-imunes. A ausência de resposta contra um antígeno próprio é chamada de 
tolerância ao próprio. Para que isso ocorra, há a seleção clonal. 
 
SELEÇÃO CLONAL 
A seleção clonal consiste em: eliminação (lise) ou inativação (anergia) dos novos linfócitos diferenciados 
capazes de reagir com padrões antigênicos expressos por elementos do próprio organismo, 
denominados antígenos próprios. Esta característica assegura uma tolerância, ou ausência de resposta, 
ao próprio. 
Auto-Anticorpo: É um anticorpo produzido pelo sistema imune que atua contra uma ou mais proteínas 
do próprio indivíduo que o produziu. Os auto-anticorpos têm as mesmas propriedades bioquímicas e 
físico-químicas dos outros anticorpos. A grande diferença está em suas propriedades imunológicas, ou 
seja, os auto-anticorpos estão relacionados com as doenças auto-imunes.