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UNIDADE 1
cIDADANIA E SOcIEDADE
ObjEtIvOS DE AprENDIzAgEm
 Esta unidade tem por objetivos:
	compreender diferentes conceitos de democracia, ética, cidadania 
e sociodiversidade;
	verificar a evolução da conduta moral e do multiculturalismo ao 
longo dos anos;
	identificar a importância da responsabilidade social e os três 
setores: público, privado e terceiro setor para uma sociedade 
equânime;
	entender a importância da cultura e da arte no desenvolvimento 
da sociedade.
TÓPICO 1 – DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
TÓPICO 2 – SOCIODIVERSIDADE E INCLUSÃO 
TÓPICO 3 – MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, 
TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E 
RELAÇÕES DE GÊNERO
TÓPICO 4 – RESPONSABILIDADE SOCIAL: 
SETOR PÚBLICO, SETOR PRIVADO E 
TERCEIRO SETOR
TÓPICO 5 – CULTURA E ARTE
pLANO DE EStUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada 
um deles você encontrará um resumo e atividades que reforçarão o 
seu aprendizado.
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DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
Entraremos no mundo intrínseco do comportamento humano em sociedade e suas 
regras de conduta e participação social, política e econômica, no qual trabalharemos a questão 
da formação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em sociedade, 
além de abordarmos questões pertinentes à democracia e à cidadania. 
Para tanto, abordaremos a compreensão dos significados dos princípios norteadores 
da democracia, ética e cidadania, além de realizar uma reflexão e uma discussão sobre as 
questões ético-morais, na relação indivíduo e sociedade.
UNIDADE 1
2 A DEMOCRACIA EM PAUTA
Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Mas, será que todos 
nós compreendemos o sentido real da democracia e seus reflexos na sociedade brasileira? 
Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático de Direito em que vivemos?
Neste sentido, Moisés (2010, p. 277) expõe que “o significado mais usual da democracia 
se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de escolha de governos através de 
eleições”. Ou seja, a democracia é compreendida habitualmente somente como um processo de 
escolha dos nossos representantes legais em todas as esferas, tanto local, municipal, estadual 
e federal, no qual a população destas esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu 
representante para legislar em nome desta mesma população.
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Assim, “podemos considerar que a democracia nada mais é do que um sistema de 
governo, no qual o povo governa para sua própria sociedade”. (PIERITZ, 2013, p.133) Deste 
modo, pode-se observar que a democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois 
ela pode ser direta ou indireta. 
QUADRO 1 – FORMAS DE DEMOCRACIA
FORMAS DE DEMOCRACIA
D e m o c r a c i a 
direta
Na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/plebiscito, se 
aceita ou não determinadas questões políticas e administrativas de sua 
localidade, Estado ou país.
D e m o c r a c i a 
indireta
Nesta, o povo participa democraticamente, por meio do voto, elegendo 
seu representante político, ou seja, uma pessoa que o represente nas 
diversas esferas governamentais, para tomar decisões cabíveis em nome 
do povo que o elegeu.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133)
Este conceito de democracia é notoriamente o entendimento de toda massa populacional 
brasileira nos dias de hoje, pois quando se indaga às pessoas com relação ao conceito de 
democracia, é este conceito de escolha de nossos representantes legais, por intermédio do 
voto popular, que aparece nos discursos da população de nosso país.
Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como “método 
de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e da igualdade. É um 
Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, no interesse de todos”.
Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia, também 
falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), o “Estado de 
direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa Carta Magna de 1988, 
já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de Direito, ou seja, a Constituição da 
República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas normativas em prol de um Estado 
Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa 
do Brasil.
Assim sendo, segundo Pieritz (2013, p. 133), “este sistema de governo democrático 
possui formatos diferentes nas diversas sociedades, pois em cada uma existem regras e 
normas diferentes, e isto acontece por causa da constituição dos princípios ético-morais de 
cada localidade”. 
Resumidamente, a Figura 1, a seguir, apresenta o primeiro entendimento da definição 
e o significado da democracia e o Estado Democrático de Direito:
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FIGURA 1 - DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
FONTE: Os autores
Vale salientar que a democracia vai muito além deste discurso sintético de representação 
e de voto, pois Moisés (2010, p. 277, grifos nossos) coloca-nos que:
existem outras perspectivas que ampliam a compreensão do conceito, incluin-
do tanto as dimensões que se referem aos conteúdos da democracia, como 
também os seus resultados práticos esperados no terreno da economia e 
da sociedade. Por uma parte, acompanhando a abordagem minimalista de 
Schumpeter (1950) e a procedimentalista de Dahl (1971), vários autores defi-
niram a democracia em termos de competição, participação e contestação 
pacífica do poder. 
Neste sentido, no que tange a esta conotação que a democracia tem de competição, 
participação e contestação pacífica do poder, pode-se expor que falar de democracia também 
está atrelado ao conceito do “jogo de poderes”, principalmente a disputa e concorrência de 
cargos em todas as esferas governamentais ou não, além da competição entre partidos políticos 
e outros grupos econômicos, políticos, culturais e sociais. 
Além disso, não podemos esquecer um elemento fundamental da democracia, que é a 
questão da “participação do povo”, no qual cada cidadão brasileiro é elemento fundamental no 
processo democrático do Brasil, pois direta ou indiretamente é parte do processo democrático 
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instaurado neste país. Ao preferir sua escolha, independentemente do que for ou de que escolha 
fora feita, torna-se automaticamente parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao 
sistema vigente de democracia daquele determinado Estado.
Maciel (2012, p. 73, grifos do autor) complementa expondo que a democracia “tornou-
se uma aspiração universal, por ser o regime de governo mais propenso a garantir os direitos 
individuais, porém não se resume simplesmente ao ato de votar, sendo que o direito à 
participação tornou-se uma atividade importante diante da constituição da cidadania”.
Por conseguinte, pode-se expor que democracia denota participação direta ou indireta 
da população em todos os espaços que necessitem do veredito do povo em prol de objetivos 
comuns a ele mesmo. Assim, Beethan apud Maciel (2012, p. 73, grifos nossos) complementa 
expondo que: 
o direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em sua forma 
reativa, a participação consiste na articulação coletiva de respostas a polí-
ticas de desenvolvimento. Na forma proativa, ela invoca a responsabilidade 
popular no desencadeamento daarticulação de políticas de desenvolvimento. 
No primeiro caso, os governos propõem e os cidadãos reagem; no segundo, 
os cidadãos propõem e os governos reagem. Em ambas as formas, o direito 
de participação assume a lógica de colaborar com o desenvolvimento. 
No coração da democracia repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos 
assuntos públicos e de exercer controle sobre o governo, em pé de igualdade 
com os demais.
Deste modo, pode-se expor que um dos elementos da democracia é a articulação coletiva 
do povo em prol de uma determinada demanda social, política, cultural ou econômica. Para 
que se possa debater coletivamente os prós e contras, no que tange aos assuntos pertinentes 
ao interesse coletivo, dando assim respostas a esta mesma demanda.
Vale salientar que a não participação e a omissão também são formas de participação, 
pois retratam a sua alienação, indiferença, contestação ou o seu descontentamento com 
relação ao sistema vigente. Então, isto não quer dizer que aquele cidadão que se omitiu ou 
apenas não quis participar não fez parte do processo democrático de um país, pelo contrário, 
todo cidadão tem o direito de participar ou não, mesmo que o voto no Brasil seja obrigatório, 
pois ao votar ele exprime a sua vontade, ou o seu desejo.
Aqui fica claro que a população, ao exercer seu direito de participação de forma proativa, 
demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da decisão coletiva.
Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa instaurar 
um regime governamental pautado na democracia, estas serão vistas no Quadro 2, disposto 
a seguir.
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QUADRO 2 - CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO
 
Disponível em: <http://
rafaelsilva.over-blog.es/
article-objetivo-demo-
cracia-iv-124370354.
html>
1. Direito dos cidadãos de ESCOLHEREM GOVERNOS por 
meio de eleições com a participação de todos os membros 
adultos da comunidade política.
2. ELEIÇÕES regulares, livres, competitivas, abertas e significa-
tivas.
3. GARANTIA DE DIREITOS de expressão, reunião e organiza-
ção, em especial, de partidos políticos para competir pelo poder.
4. Acesso a fontes alternativas de INFORMAÇÃO sobre a 
ação de governos e a política em geral. 
FONTE: Adaptado de Moisés (2010, p. 277)
Estas quatro condições mínimas para implantar um regime democrático são de 
fundamental importância para que haja a participação democrática de um povo em prol dos 
objetivos comuns do próprio povo, uma vez que a democracia vai muito além da simples 
representação e de voto, ela se efetiva e concretiza-se com a participação, com a competição 
e a contestação dos processos pacíficos da busca do poder no Estado Democrático de Direito.
Sucintamente, a Figura 2 apresenta a ampliação da compreensão do entendimento do 
significado da democracia, ou seja, o seu conceito ampliado:
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FIGURA 2 - CONCEITO AMPLIADO DE DEMOCRACIA 
FONTE: Os autores
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Caro aluno, para colaborar com seus estudos, veja que a junção 
das Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do que é 
democracia.
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3 A QUESTÃO DA ÉTICA
O tema que abordaremos neste momento é relativo à questão da ética, a qual permeia 
constantemente nosso dia a dia, seja no âmbito familiar, social ou profissional. Aparentemente 
compreendemos o seu significado e seus efeitos, mas será que realmente compreendemos o 
seu sentido real? Será que sabemos o que é certo ou errado para nós na sociedade em que 
vivemos? 
Neste sentido, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) expõem que “a ética é uma das áreas 
da filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. Em outros 
termos, as nossas ações perante a sociedade em que vivemos são orientadas por princípios 
éticos e morais, e esta própria sociedade é que forma esta consciência moral do certo e do 
errado, do bem e do mal.
Assim, no que tange a esta problemática relativa à ética, Pieritz (2013, p. 3) expõe que 
“a ética não é facilmente explicável, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente 
relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, 
ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade”. E que estes 
valores éticos são construídos historicamente pelos povos, de geração em geração.
Mas, o que são valores?
Paulo Netto expõe que Agnes Heller cita que “VALOR é tudo aquilo que contribui para 
explicar e para enriquecer o ser genérico do homem, entendendo como ser genérico um 
conjunto de atributos que constituiriam a essência humana”. (PAULO NETTO apud BONETTI 
et al., 2010, p. 22-23, grifos do autor).
Deste modo, vejamos no Quadro 3 quais são estes atributos na perspectiva de Heller:
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QUADRO 3 - ATRIBUTOS DOS VALORES HUMANOS
OBJETIVAÇÃO
- que se expressa prioritariamente por intermédio do trabalho;
- que proporciona sair do subjetivo e passar para o real e concre-
to.
SOCIALIDADE
- que se expressa com a convivência com o outro, em grupo;
- aprendizagem com o outro;
- assimilação de normas sociais.
CONSCIÊNCIA
- tomar ciência dos fatos ou de alguma coisa;
- reconhecimento da realidade;
- descoberta de algo;
- capacidade de perceber as coisas.
UNIVERSALIDADE
- universal;
- o todo;
- fazer parte de um determinado grupo.
LIBERDADE - livre-arbítrio. 
FONTE: Adaptado de Paulo Netto (apud BONETTI et al., 2010, p. 23)
Então, os atributos dos valores humanos apresentados no Quadro 3 são os elementos 
constitutivos do ser humano, do ser social, que formam os nossos valores morais.
Complementando, no Quadro 4 apresentamos mais exemplos dos valores e virtudes 
do ser humano, que vive e convive em sociedade.
QUADRO 4 - EXEMPLOS DOS VALORES E VIRTUDES HUMANOS
AMIZADE JUSTIÇA OBEDIÊNCIA RESPEITO SIMPLICIDADE
LEALDADE COMPREENSÃO SINCERIDADE PUDOR GENEROSIDADE
PACIÊNCIA ORDEM HUMILDADE AUTOESTIMA LIBERDADE
FONTE: Os autores
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Deste modo, podemos expor que “todos nós possuímos princípios e valores que foram 
e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui 
uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal.” (PIERITZ, 2012, p. 57)
Não podemos nos esquecer de que “esta consciência moral é determinada por um 
consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas 
de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras 
e normas de nossa sociedade”. (PIERITZ, 2013, p. 4) 
São estas regras e normativas jurídicas e sociais que determinam o nosso agir em 
sociedade, e cada grupo social possui suas características, ou seja, não se pode dizer que 
todos nós somos iguais, que todas as nações e Estados são iguais, porque não somos, pois, 
independentemente do Estado, do país ou grupo social, fomos moldando nossos valores e 
princípios de forma diferente ao longo de nossa existência.
Segundo Valls (2003, p. 8), 
costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois campos: num, os 
problemas gerais e fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, 
lei e outros); e no segundo, os problemas específicos, de aplicação concreta, 
como os problemas da ética profissional, de ética política, de ética sexual, de 
ética matrimonial, de bioética etc.
Em outros termos, os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em 
sociedade. Nestesentido, vale salientar que “cada sociedade possui suas normas de conduta 
comportamental e seus princípios morais, ou seja, cada grupo social constituiu o que é certo e 
errado, o que é o bem e o mal para o seu povo, portanto, nem sempre o que é certo para nós 
pode ser certo para um outro grupo social e vice-versa”. (PIERITZ, 2013, p. 4)
Então, como desvelar esta situação? Ou seja, como saber se estamos no caminho 
certo? Se estamos fazendo certo ou errado? Ou se realmente estamos fazendo o bem ou o 
mal a alguém? São muitas indagações!
Neste sentido, podemos observar que:
os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica genérica, 
enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da vida cotidiana. O que 
há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade 
das consequências de suas ações. A ética faz pensar sobre as consequências 
universais, sempre priorizando a vida presente e futura, local e global. A moral 
faz pensar as consequências grupais, adverte para normas culturalmente for-
muladas ou pode estar fundamentada num princípio ético. A ética pode, desta 
forma, pautar o comportamento moral. (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90)
 
Então, podemos expor que existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que 
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a ética regula a moral, a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente 
construído e legitimado pelo seu povo.
Enfim, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89, grifos do autor) complementam expondo que “a 
palavra ética provém do grego ethos e significa hábitos, costumes, e se refere à morada de 
um povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim moralis e significa costume, conduta”.
 
Logo, conforme Pieritz (2012, p. 58, grifo nosso): 
A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada 
pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, 
o que é bom ou mal. Porém, este comportamento sempre partirá do ponto de 
vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social. A 
ética auxilia no esclarecimento e na explicação da realidade cotidiana de cada 
povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento 
correspondente de cada grupo social.
 Por conseguinte, “o ético transforma-se assim numa espécie de legislador do 
comportamento moral dos indivíduos ou da comunidade”. (VÁZQUEZ, 2005, p. 20), ou seja, a 
ética está para regular o nosso comportamento em sociedade.
Complementando, Vázquez (2005, p. 21) coloca-nos que “a ética é teoria, investigação 
ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens [...]”, 
ou seja, “o valor de ética está naquilo que ela explica – o fato real daquilo que foi ou é –, e não 
no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral”. (PIERITZ, 2013, p. 7, grifo nosso)
Devemos compreender as diferenças conceituais de ética e moral, pois “podemos 
afirmar que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta 
moral é constituída pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que 
é formada por suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos 
tempos”. (PIERITZ, 2013, p. 19)
Porém, o que é a moral?
Segundo Aranha e Martins (2003, p. 301, grifos das autoras), “a MORAL vem do 
latim mos, moris, que significa ‘costume’, ‘maneira de se comportar regulada pelo uso’, e de 
moralis, morale, adjetivo referente ao que é ‘relativo aos costumes’”. Assim sendo, a moral é 
compreendida como um conjunto de regras de condutas socialmente admitidas em determinadas 
épocas ou por um grupo de pessoas. Ou seja, “a moralidade dos homens é um reflexo direto 
do modo de ser e conviver em sociedade, no qual o caráter, os sentimentos e os costumes 
determinam o seu comportamento individual e social, que foi ou está sendo perpetuado num 
espaço de tempo”. (PIERITZ, 2013, p. 35) 
Ainda de acordo com Pieritz (2013, p. 38), 
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A moral sugere, constantemente, a valorização de nossas ações e de nossos 
comportamentos em sociedade, mas é a moral que determina quais são os 
nossos direitos e deveres perante a sociedade em que vivemos. Estes deve-
res são conectados ao nosso modo de ser e conviver em sociedade, gerando 
certas responsabilidades com relação a si próprio e aos outros, tais como: 
• sentimentos;
• escolhas; 
• desejos; 
• atitudes; 
• posicionamentos diante da realidade; 
• juízo de valor; 
• senso moral;
• consciência moral. 
Sob estas concepções de ética e moral, apresentamos as suas principais diferenças 
na figura abaixo:
FIGURA 3 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90)
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Assim, podemos observar que existem diferenças concretas entre estes dois conceitos, 
no entanto ainda devemos compreender as diferenças apontadas na figura a seguir:
FIGURA 4 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
FONTE: Adaptado de Paulo Netto (apud BONETTI et al., 2010, p. 23)
Assim sendo, podemos concluir que a moral
Vem se constituindo historicamente, mudando no decorrer da própria evolução 
do homem em sociedade. Em que seus hábitos e costumes são constituídos 
por esta relação social, em que a essência humana é pautada por estes prin-
cípios morais. E estes, por sua vez, constituem o ser social que somos. E a 
ética nesta questão chega para simplesmente regular e analisar estes preceitos 
morais. (PIERITZ, 2013, p. 21)
Por conseguinte, segundo Pieritz (2013, p. 21, grifo nosso), “a ética é precursora da 
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que 
imprimiam suas mudanças sociais, tais como: Capitalismo e Socialismo”.
Por fim, Pieritz (2013, p. 21) expõe que “quando é constituída uma nova estrutura social, a 
ética, os valores e princípios morais são modificados para constituir assim esta nova concepção 
de sociedade”. Ou seja, historicamente, com as transformações sociais, políticas e econômicas 
de um povo, automaticamente o sistema de valores morais e éticos se transforma, para que 
assim seja possível constituir um novo padrão sócio-histórico daquele determinado grupo.
Salientando ainda que neste processo de transformação social devemos respeitar a 
permanência de alguns valores socialmente construídos, como, por exemplo, a solidariedade, 
a igualdade e a fraternidade, para que todos possamos construir uma sociedade mais justa, 
ética, democrática e cidadã.
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4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL 
DA CIDADANIA
No que tange às questões pertinentes à cidadania, partiremos de sua concepção advinda 
do Título I – “Dos Princípios Fundamentais” da Constituição da República Federativa do Brasil 
de 1988, a qual assim expressa:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático 
de direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Neste sentido, podemos observar que um dos princípios fundamentais da Carta Magna 
brasileira é a cidadania. Mas você sabe o seu significado?
Vejamos: cidadania “é um conjunto de direitos e deveres que denotam e fundamentam 
as condições do comportamento de cada indivíduo em relação à sociedade, ou seja, a cidadania 
designa normasde conduta para o convívio social, determinando nossas obrigações e direitos 
perante os outros integrantes da nossa sociedade”. (PIERITZ, 2013, p. 132)
Neste sentido, 
Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade, para melhorar 
suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca esquecer das pessoas 
que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições 
de ensino e meios de comunicação, para o bem-estar e desenvolvimento da 
nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não 
pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim 
como todas as outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer 
obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário [...], até saber 
lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das 
crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso 
país. ‘A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir 
os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos 
aos cidadãos’. Juarez Távora - Militar e político brasileiro. (WEB CIÊNCIA, 
2009, apud PIERITZ, 2013, p. 132)
Então, podemos observar que a cidadania possui três dimensões, que estão descritas 
no Quadro 5.
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QUADRO 5 - DIMENSÕES DA CIDADANIA
 DIMENSÕES DA CIDADANIA
Cidadania 
civil
São aqueles direitos advindos da LIBERDADE de cada indiví-
duo, como, por exemplo: 
•	 o livre-arbítrio para expressar nossos pensamentos; 
•	 o direito de propriedade (venda e compra de um imóvel, 
um bem ou serviço); 
•	 entre outros.
Cidadania 
política
Podemos considerar que a cidadania política se legitima quan-
do os homens exercem seu poder político de ELEGER e SER 
ELEITOS para o exercício do poder político, independentemente 
da instituição pública ou privada na qual venham exercer suas 
atribuições.
Cidadania 
social
Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao 
CONFORTO de cada cidadão, no que tange à sua vida econômi-
ca e social, ou seja, do seu bem-estar social.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 132-133)
Assim, podemos observar que a cidadania expressa os direitos e deveres de todas as 
pessoas que vivem e convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que 
tange ao respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público e privado. Além de que a cidadania 
é participação nos espaços públicos de discussão, a qual permeia as questões de democracia 
e ética de toda a população daquele determinado grupo social, político ou econômico.
Deste modo, Maciel (2012, p. 29) expõe que hoje em dia a cidadania é “sinônimo 
de participação que remete ao exercício da democracia para além das eleições. Somos 
‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, das ações do Estado como um todo”. Ou 
seja, cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do 
seu município, Estado ou Federação.
Neste sentido, tem-se a participação como um mecanismo do exercício da cidadania, 
ou seja, “O conceito contemporâneo de cidadania transcende à simples lógica da garantia de 
direitos legais. Segundo a concepção de Dallari (2004), a cidadania expressa um conjunto 
de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo”. 
(MACIEL, 2012, p. 31). Portanto, a palavra de ordem é “participar”, fazer parte do processo 
democrático, pois, de acordo com Maciel (2012, p. 32), quem não exerce sua cidadania “está 
excluído da vida social e da tomada de decisões. A cidadania não significa apenas uma conquista 
legal de alguns direitos, mas sim a realização destes direitos. Ela é construída e conquistada 
a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social”.
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Vale salientar que a cidadania é conquistada pela nossa participação nos momentos 
das discussões e decisões coletivas, portanto a cidadania se dá pela participação ativa de 
nossa vida em sociedade e na vida pública.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos:
• A compreensão do significado mais usual da democracia denota que a democracia é com-
preendida como um sistema de governo, no qual o povo governa para sua própria socie-
dade.
• Vimos que a democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois ela pode ser 
direta ou indireta.
• Observamos que a democracia é compreendida popularmente como a escolha de nossos 
representantes legais, por intermédio do voto popular.
• Estudamos sobre o Estado Democrático de direito, que é aquele Estado que se organiza e 
opera democraticamente.
• Vimos que a Constituição da República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas 
normativas em prol de um Estado Democrático, no qual a democracia deverá ser a base 
fundamental da República Federativa do Brasil.
• Falamos que a democracia também está atrelada ao conceito do “jogo de poderes”, princi-
palmente a disputa e concorrência de cargos em todas as esferas governamentais ou não. 
• É importante relembrar que o elemento fundamental da democracia, é a “participação do 
povo”. 
• Verificamos que a ética é uma das áreas da filosofia que investiga o agir humano na convi-
vência com os outros.
• Vimos que a ética está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em so-
ciedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com 
os outros integrantes da sociedade.
• Estudamos que todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por 
nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui uma visão do 
que é certo e errado, do que é o bem e o mal.
• Vimos que a consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja, 
o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem. 
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• Vimos que os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em sociedade.
 
• Estudamos que existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que a ética regula a 
moral, a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente construído e 
legitimado pelo seu povo.
• A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou 
grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mal. 
• O valor de ética está naquilo que ela explica, o fato real daquilo que foi ou é, e não no fato 
de recomendar uma ação ou uma atitude moral.
• Vimos que um dos princípios fundamentais da Carta Magna brasileira é a cidadania.
• Estudamos que a cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determi-
nando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade.
• Vimos que a cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e 
convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que tange o respeito a 
si, ao próximo e ao patrimônio público e privado. 
• A cidadania é sinônimo de participação. 
• Vimos que cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços demo-
cráticos do seu município, Estado ou Federação.
• A participação é compreendida como um mecanismo do exercício da cidadania.
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1 (ENADE 2010, Formação Geral, Questão 09) As seguintes acepções dos termos 
democracia e ética foram extraídas do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
democracia. POL. 1 governo do povo; governo em que o povo exerce 
a soberania 2 sistema políticocujas ações atendem aos interesses 
populares 3 governo no qual o povo toma as decisões importantes a 
respeito das políticas públicas, não de forma ocasional ou circunstan-
cial, mas segundo princípios permanentes de legalidade 4 sistema 
político comprometido com a igualdade ou com a distribuição equita-
tiva de poder entre todos os cidadãos 5 governo que acata a vontade 
da maioria da população, embora respeitando os direitos e a livre 
expressão das minorias.
ética. 1 parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios 
que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento 
humano, refletindo especialmente a respeito da essência das normas, 
valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade 
social. 2 p.ext. conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa 
e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 
2001.
Considerando as acepções acima, elabore um texto dissertativo, com até 15 linhas, 
acerca do seguinte tema: Comportamento ético nas sociedades democráticas
Em seu texto, aborde os seguintes aspectos:
a) conceito de sociedade democrática; 
b) evidências de um comportamento não ético de um indivíduo; 
c) exemplo de um comportamento ético de um futuro profissional comprometido com 
a cidadania. 
2 (ENADE 2010, Formação Geral, Questão 02)
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A charge acima representa um grupo de cidadãos pensando e agindo de modo 
diferenciado, frente a uma decisão cujo caminho exige um percurso ético. Considerando 
a imagem e as ideias que ela transmite, avalie as alternativas que se seguem.
I- A ética não se impõe imperativamente nem universalmente a cada cidadão; cada um 
terá que escolher por si mesmo os seus valores e ideias, isto é, praticar a autoética.
II- A ética política supõe sujeito responsável por suas ações e pelo seu modo de agir 
na sociedade.
III- A ética pode se reduzir ao político, do mesmo modo que o político pode se reduzir 
à ética, em um processo a serviço do sujeito responsável.
IV- A ética prescinde de condições históricas e sociais, pois é no homem que se situa 
a decisão ética, quando ele escolhe os seus valores e as suas afinidades.
V- A ética se dá de fora para dentro, como compreensão do mundo, na perspectiva do 
fortalecimento dos valores pessoais.
Estão corretas:
a) ( ) I e II. 
b) ( ) I e V. 
c) ( ) II e IV. 
d) ( ) III e IV. 
e) ( ) III e V.
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SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 2
Vamos iniciar o nosso tópico apresentando algumas definições e conceitos a respeito 
dos problemas sociais ocasionados pela diversidade que gera diferenças entre coisas e seres, 
que por consequência geram os mais diversos preconceitos, desigualdades e conflitos sociais.
Vamos reconhecer a necessidade e a essencialidade da inclusão como uma forma de 
democratização das relações sociais, principalmente na emancipação e na sutileza do trato 
com o outro, seja em relação aos “iguais” ou entre iguais e diferentes, o que significa apenas 
uma concepção criada para diferenciar pessoas ou grupos sociais que, de alguma forma, ainda 
não foram incluídos no contexto social.
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2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE CULTURAL 
E DESIGUALDADE SOCIAL
A diversidade cultural e a desigualdade social, apesar de terem conceitos distintos, 
desempenham uma ampla relação entre seus termos, isto é, quanto maior for a diversidade 
cultural, maior será a desigualdade social. 
A diversidade cultural brasileira se deu pelo processo de miscigenação entre brancos, 
índios e negros e foi marcada por uma série de crenças, hábitos, costumes e conceitos 
contraditórios, alimentando assim uma discussão permanente a respeito dos direitos e deveres 
dos seres humanos. Principalmente no combate aos preconceitos remanescentes e oriundos 
dessa relação, que perdurou por séculos, trazendo sérias consequências a uma imensa 
população de oprimidos, incluindo-se aí os negros, os índios, os pobres, os portadores de algum 
tipo de deficiência, tipos de preferências, relações e diferenças sexuais, doenças crônicas, 
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dentre outras formas de relações consideradas por uma boa parte da sociedade como algo 
fora da normalidade e, por esse motivo, não aceitável.
3 DIVERSIDADE CULTURAL E
DESIGUALDADE SOCIAL
A diversidade no contexto cultural significa uma grande quantidade de coisas, ações, 
pensamentos, ideias e pessoas que se diferenciam entre si dentro de grupos sociais ou dentro de 
uma mesma sociedade, e os mesmos são passíveis de discussão, apelos, protestos, discórdia 
e geralmente acabam em conflitos, chegando até às desigualdades sociais. 
Por isso, a presença da diversidade no acontecer humano nem sempre garante 
um trato positivo dessa diversidade. Os diferentes contextos históricos, sociais 
e culturais, permeados por relações de poder e dominação, são acompanhados 
de uma maneira tensa e, por vezes, ambígua de lidar com o diverso. Nessa 
tensão, a diversidade pode ser tratada de maneira desigual e naturalizada 
(GOMES, 2007, p. 19).
No entanto, existem pontos de vista convergentes e pontos de vista divergentes, ambos 
discriminatórios, um no sentido positivo e outro no sentido negativo, isto é, no primeiro caso, 
trata-se daquilo que já foi estipulado pela sociedade como regras relacionadas com bom senso; 
já no segundo caso, são ações que não condizem com a ordem preestabelecida através 
das leis, normas e regras que regulam e inibem o que podemos definir como procedimentos 
absurdos. Portanto, a desigualdade social tem os seus princípios pautados nas tendências e 
nas diferenças de cada indivíduo. Vejamos:
A pobreza: é uma condição que faz parte de um determinado grupo de pessoas que 
vivem à margem da sociedade, que são carentes dos recursos existentes, como moradia, 
alimentação, situação financeira etc. O que, na visão de alguns autores, é a condição que 
mais degrada o ser humano e a que mais se aproxima e se identifica como um fator ou um 
elemento causal do desequilíbrio econômico e da desigualdade social.
Raça: trata-se da discriminação social, o que é muito presente nos dias de hoje por 
alguns grupos inescrupulosos que agridem com palavras ou pela violência física pessoas que 
não são da mesma etnia, não têm a mesma cor da pele, ou são de diferentes religiões ou, até 
mesmo, por causa de seu comportamento sexual. 
Esses indivíduos, apesar de viverem no século XXI, onde existe um processo de 
evolução tecnológica e humana, mesmo assim são discriminados e violentados por sua maneira 
de ser, principalmente por grupos radicais. Podemos citar como exemplo o que aconteceu com 
os judeus, conhecido como o holocausto, ou o caso da África do Sul, que teve repercussão 
mundial, também conhecido como segregação racial (Apartheid), o que significa separação 
entre negros e os brancos das classes dominantes.
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Sugerimos que você assista ao filme Mandela, que fala sobre a 
vida do ex-presidente da África do Sul e líder da luta contra o 
Apartheid. O filme tem como diretor Justin Chadwick.
Como podemos perceber, o preconceito, a discriminação e o descaso com algumas 
pessoas têm ocasionado uma série de sofrimento e dor, principalmente para aquelas que são 
rejeitadas por uma grande parte da sociedade, onde as mesmas são julgadas e condenadas 
ao mesmo tempo, após serem classificadas como diferentes, porém, diferentes no sentido 
tendencioso e pejorativo, e muitasvezes essas pessoas são taxadas e rotuladas como 
pervertidas, no caso dos homossexuais, e frágeis, no caso das mulheres. Vejamos:
Mulher: infelizmente, as estatísticas comprovam que apesar das várias leis existentes, 
no caso específico da Lei Maria da Penha, instituída para a proteção da integridade da mulher 
brasileira contra casos de violências domésticas, ainda existem casos absurdos de desrespeito 
à dignidade humana, não discriminando raça, religião ou posição social.
Homossexualidade: é o comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo, e para 
alguns indivíduos esse tipo de comportamento fere as normas de conduta universal. No entanto, 
já existem projetos no Congresso Nacional que criminalizam certas atitudes discriminatórias 
contra essa parcela da sociedade, o que significa um avanço na busca de um espaço alternativo, 
o que é perfeitamente compreensivo em uma sociedade cultural democrática.
De acordo com Silva (2007, p. 133), “[...] os diferentes grupos sociais, situados em 
posições diferenciadas de poder, lutam pela imposição de seus significados à sociedade mais 
ampla”.
Assim, é fundamental que percebamos as diferenças e desigualdades não de forma 
natural, mas como uma construção histórica possível de ser desestabilizada em sua forma 
rígida, para ser transformada em algo que possa ser identificado e reconhecido como base 
para a construção de relações interpessoais mais democráticas dentro da sociedade, isto é, 
devemos pensar e repensar o seu conceito histórico e a sua trajetória futura, pois, de acordo 
com Gomes (2007, p. 22): 
A diversidade cultural varia de contexto para contexto. Nem sempre aquilo que julgamos 
como diferença social, histórica e culturalmente construída recebe a mesma interpretação nas 
diferentes sociedades. Além disso, o modo de ser e de interpretar o mundo também é variado e 
diverso. Por isso, a diversidade precisa ser entendida em uma perspectiva relacional. Ou seja, 
as características, os atributos ou as formas ‘inventadas’ pela cultura para distinguir tanto o 
sujeito quanto o grupo a que ele pertence dependem do lugar por eles ocupado na sociedade 
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e da relação que mantêm entre si e com os outros. 
Portanto, o caráter multicultural de nossas sociedades revela-se hoje temática quase 
obrigatória nas discussões sobre sociedade e sobre educação. Porém, refletir sobre a 
diversidade exige um posicionamento crítico diante de uma realidade cultural e racialmente 
miscigenada, assunto que, apesar de já ter sido discutido anteriormente, achamos prudente e 
viável inserir neste parágrafo outra opinião, que confirma as anteriores a respeito do processo 
de miscigenação. 
Não podemos esquecer que essa sociedade é construída em contextos históricos, 
socioeconômicos e políticos tensos, marcados por processos de colonização e dominação. 
Estamos, portanto, no terreno das desigualdades, das identidades e das diferenças (GOMES, 
2007, p. 22).
E ainda segundo Gomes (2003, p. 73):
O reconhecimento dos diversos recortes dentro da ampla temática da diversidade cultural 
(negros, índios, mulheres, portadores de necessidades especiais, homossexuais, entre outros) 
coloca-nos frente a frente com a luta desses e outros grupos em prol do respeito à diferença. 
Coloca-nos também diante do desafio de implementar políticas públicas em que a história e a 
diferença de cada grupo social e cultural sejam respeitadas dentro das suas especificidades, 
sem perder o rumo do diálogo, da troca de experiências e da garantia dos direitos sociais. A 
luta pelo direito e pelo reconhecimento das diferenças não pode se dar de forma separada e 
isolada e nem resultar em práticas culturais, políticas e pedagógicas solidárias e excludentes.
No entanto, a diversidade e a diferença dizem respeito não somente aos sinais que 
podem ser vistos a olho nu, mas também aquelas que são construídas socialmente ao longo 
de um processo histórico, tendo as mesmas os seus pontos divergentes e convergentes, que 
são construídos através das relações sociais e, principalmente, nas relações de poder e de 
submissão, e para algumas pessoas, nem sempre esse posicionamento é entendido dessa 
forma. 
Como nos diz Carlos Rodrigues Brandão (1986 apud GOMES, 2007, p. 25), “por diversas 
vezes, os grupos humanos tornam o outro diferente para fazê-lo inimigo”. 
Pensar na diversidade cultural é pensar em sociedade, que envolve pensamento, 
ideia, ação e mudanças, isto é, significa pensar não apenas no reconhecimento do outro, mas 
pensar na relação entre o eu e o outro, pois, quando consideramos o outro estamos também 
considerando a nossa história, o nosso grupo e o nosso povo, mas não apenas como um 
simples padrão de comparação, e sim em sua totalidade.
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FIGURA 5 - DIVERSIDADE CULTURAL
FONTE: Disponível em: <http://
educacaobilingue.com/2010/01/17/
indigena/>. Acesso em: 12 fev. 2014.
Nesta perspectiva, percebemos que “somos todos iguais como seres humanos. Por isso 
devemos combater qualquer forma de discriminação e de arrogância, agindo solidariamente uns 
com os outros”. (AQUINO et al., 2002, p. 16). O ser humano veio ao mundo não somente para 
compor ou contribuir para o povoamento da Terra, mas para ser útil, participativo, democrático, 
ético, moral e solidário para com os seus semelhantes. 
Essas são as diversas opções existentes, que além de motivadoras, também servem 
como estímulo na adaptação do ser humano, bem como no seu processo de desenvolvimento 
pessoal frente às diversidades existentes no universo, que poderíamos denominá-las de um 
conjunto de atos e fatos diferentes entre si que formam a sociedade como um todo. Para Saji 
(2005, p. 13), “o tema diversidade é bastante amplo. Sua abordagem vai desde definições 
restritas às questões de raça, etnia e gênero, até as mais abrangentes, que consideram como 
diversidade qualquer diferença individual entre as pessoas”.
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Chegou sua vez!
Escreva o seu conceito para Diversidade.
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Assim, a diversidade faz parte da natureza das coisas existenciais, sendo elas a 
diversidade relacionada com a situação socioeconômica, com a diversidade cultural, onde as 
mesmas foram se transformando em essência no decorrer dos tempos, principalmente em 
se tratando das diferenças relacionadas às diferentes raças e suas manifestações culturais, 
incluindo-se aí a sua descendência, que, por consequência, deixam de fazer parte da cultura 
original e passam a fazer parte de outra cultura produzida para atender a uma demanda 
econômica. 
Como foi o caso da cultura da cana-de-açúcar, explorada pelos grandes latifundiários, 
gerando um longo período de uma relação conflitante e tumultuada entre o poder destes 
grupos de exploradores e a submissão dos negros, dos índios, das mulheres, das crianças e 
adolescentes. 
Nenhum povo que passasse por isso como sua rotina de vida, através de séculos, 
sairia dela sem ficar marcado indelevelmente.Todos nós, brasileiros, somos carne da carne 
daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa 
que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer 
de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. 
Descendentes de escravos e de senhores de escravos, seremos sempre servos da malignidade 
destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para 
doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças 
convertidas em pasto de nossa fúria (RIBEIRO, 1995, p. 120).
Então, caro acadêmico! Existe uma diversidade de coisas diferentes e uma diversidade 
de pessoas diferentes em todos os seus aspectos. A esse tipo de diversidade denominamos 
de diversidade cultural, o que significa na prática o relacionamento comunitário, ou melhor, 
o relacionamento em diferentes comunidades, podendo este relacionamento contribuir 
significativamente no sentido cooperativo ou na geração de conflitos, que são chamados de 
conflitos sociais. 
Portanto, são essas diferenças que geram o princípio da desigualdade social, que vão 
além das características humanas, ultrapassando o bom senso, descaracterizando o princípio 
da igualdade e do amor ao próximo, modificando ou alterando outros princípios considerados de 
grande importância para as questões relacionadas com o respeito, a dignidade, a reciprocidade 
e as boas práticas das relações humanas no contexto social. 
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Qual o seu conceito para desigualdade social?
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Acadêmicos! É preciso que haja um basta nesta triste trajetória de descaso e 
discriminação entre os seres humanos, principalmente frear os impulsos daqueles mais 
exaltados, que ferem com palavras e atos e cada vez mais maculam a imagem e obscurecem 
a identidade do indivíduo, como pessoa e como cidadão com direitos e deveres. Dessa forma, 
contribuindo para o desenvolvimento econômico e social. Isso é cidadania, isso é respeito e é 
também uma forma de inclusão social.
Sendo assim, a desigualdade significa não só a diferença existente entre pessoas ou 
coisas que compõem o universo, mas significa também a diferença no tratamento e no respeito 
para com o outro. Nesse caso, estamos nos referindo à desigualdade humana, que na maioria 
das vezes está caracterizada pelo preconceito e pelos diversos tipos de violências e pelas suas 
relações conflitantes dentro do contexto social. Exemplo: a desigualdade socioeconômica, as 
desigualdades raciais, a falta de segurança, a falta de acesso à moradia, ao saneamento básico, 
dentre outras formas de exclusão social. Muitas vezes, essas diferenças são ocasionadas pela 
falta de oportunidade, excluindo até o mais digno do ser humano, o que não deixa de ser uma 
forma preconceituosa de relação e convivência social.
Aquino et al. (2002, p.34-35) afirmam que:
Toda vez que julgamos uma pessoa, um grupo ou mesmo um povo sem co-
nhecê-los, estamos usando de preconceito. [...]. O termo preconceito significa 
o conjunto de opiniões formadas antecipadamente sobre o outro, sem levar em 
conta suas qualidades ou suas capacidades. Os preconceituosos têm atitudes 
intolerantes com as pessoas que são diferentes deles. Julgam-se superiores 
e, por isso, desvalorizam e desrespeitam outras pessoas. Preconceito e into-
lerância andam sempre juntos.
São atitudes que acontecem no dia a dia, por meio de atos, gestos ou pala-
vras que tentam diminuir, rebaixar os modos de ser, agir e sentir dos outros. 
E, algumas vezes, elas ocorrem sem que as percebamos com clareza, até 
senti-las na própria pele – por exemplo, quando não somos aceitos por alguém 
ou por um grupo. Neste caso, somos vítimas de um preconceito aberto, direto 
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e explícito. E isso já aconteceu com todos nós, de um modo ou de outro. Mas 
há também o preconceito indireto, implícito, como as piadas de mau gosto, 
que ofendem as pessoas só por causa de sua raça, nacionalidade, sexo e 
outras características.
Ainda com relação aos preconceitos, segundo a denominação de inclusão e exclusão 
social, estas são pautadas e divididas em grupos ou classes sociais, que, por sua vez, são 
classificadas hierarquicamente de acordo com o seu poder aquisitivo, sua relação social, 
diferenças culturais, a cor da pele, sexualidade, etnia, deficiências físicas, idade, crenças etc. 
Portanto, a diversidade humana (pessoas diferentes) deveria ser um instrumento de 
unificação dos seres, diferentemente das desigualdades sociais, que significam que nem 
todos têm as mesmas oportunidades, o que em grande parte se deve às diversas formas de 
preconceito. Alguns deles, no modo de ver do seu praticante, lhe soam como se isso fosse uma 
espécie de elogio ao próximo. Exemplo: E aí, negão!? Essa expressão, que parece simples, é 
uma forma disfarçada de discriminação. “Algumas expressões corriqueiras que falamos sem 
pensar são carregadas de preconceito”. (AQUINO et al., 2002, p. 44).
Aquino et al. (2002, p. 44) trazem mais exemplos: “é o caso de determinadas expressões 
preconceituosas, como: os negros que têm ‘almas brancas’, os homossexuais que parecem 
‘pessoas normais’, os idosos que parecem ‘jovens’, os obesos que são ‘engraçados’, as pessoas 
pobres que são ‘limpas’. E assim por diante”.
 
Como sabemos, o descaso e as práticas discriminatórias em relação a essas pessoas, 
que fazem parte, assim como todos nós, de um mesmo espaço planetário, não deveriam 
existir, mesmo porque a diferença existente entre os seres de todas as espécies faz parte 
de um processo natural, ou melhor, da natureza das coisas existentes. E os seres humanos 
vão além das diferenças, pois nós somos dotados de raciocínio e discernimento para avaliar 
e distinguir o certo do errado, comportamento esse que deveria ser institucionalizado pelas 
tradições, pelos valores éticos e morais, sem a necessidade de uma imposição legal, como é 
o caso da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
No entanto, parece que pouco têm efeito as leis que reprimem essas práticas 
discriminatórias, preconceituosas e racistas, visto que, infelizmente, parece existir uma 
autorrejeição por parte de algumas pessoas ou grupos que ainda mantêm certos padrões de 
comportamento que não mais condizem com a realidade dos padrões atuais e universais, dos 
direitos constituídos e com o processo democrático, com as leis de proteção às crianças, aos 
idosos, aos negros, às mulheres, aos indígenas, aos deficientes físicos, entre outros. São seres 
humanos que sofrem discriminação e negação de direitos que estão incluídos na Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, conforme citado no parágrafo acima.
 
Nesta perspectiva, não se desconsidera que as diferenças existam e estejam 
colocadas socialmente, porém, elas não significam, necessariamente, exclusão 
social. Por exemplo, a condição de raça, gênero, religião, entre outras, não 
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seria elemento de exclusão, mas de diferenciação entre as pessoas, não as 
tornando ‘desiguais’. As pessoas são diferentes umas das outras e isto nada 
tem a ver com privilégios. Assim, racismos e preconceitos se fundamentam no 
entendimento da diferença/diversidade como desigualdade. Nestes termos, as 
pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quando a diferença os 
inferioriza e o direito a ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza. 
(SANTOS apud MARQUES, 2009, p. 68).
 
Portanto, para que possamos entender e discursar sobre o conceito de diversidade, não 
é tão fácil como parece, pois é preciso nos aprofundarmos sobre o seu real significado e a sua 
real importância no equilíbrio natural e social, na relação homem-natureza, e principalmente 
na relação entre seres humanos, tanto no que diz respeito à tolerância e ao respeito mútuo 
entre seres da mesma espécie, bem como a compreensão e o sentimento solidário, que são 
a base do princípio da igualdade.
Sem diversidade, não há estímulos para pensar diferente, não há estímulos para pensar 
no princípio da igualdade. Portanto, pensar diferente é o caminho para viver e compreender 
o sentimento solidário que devemos ter. Apesar de que, no dia a dia, relacionar-se com as 
inúmeras diferenças humanas e sociais do mundo atual nem sempre traz harmonia.
Assim, seguindo o raciocínio de Aquino (2002) o problema é o seguinte: se todas as 
pessoas são únicas e especiais a seu modo, quem haveria de ser “mais” ou “melhor” do que o 
outro? Em outras palavras, somos únicos como indivíduos, e por isso somos diferentes, somos 
iguais como seres humanos. A isso se dá o nome de equidade. Convém lembrar que ser igual 
não é ser idêntico. Ao contrário, somos semelhantes, embora diversos.
Afinal de contas, em que nos diferenciamos uns dos outros? A resposta é obvia: em 
praticamente tudo. A começar pela nossa história de vida, passando pelas características 
biológicas (raça, cor, sexo), até as de cunho social (escolaridade, condição econômica, opções 
políticas etc.). Mas, mesmo sendo únicos, continuamos a pertencer à mesma espécie, a raça 
humana. Por essa razão, não há seres humanos “superiores” ou “inferiores”. Cada um é especial 
a seu modo. Só teremos um convívio democrático e pacífico se tratarmos o outro da mesma 
forma que gostaríamos de ser tratados.
FONTE: Aquino et al. (2002) 
Todos esses conceitos fazem parte de uma cultura geral, ou seja, da construção e da 
desconstrução do processo de desenvolvimento humano, e da sua própria sobrevivência. 
A cultura é, pois “o conteúdo da construção histórica da humanidade dos seres humanos, 
humanizando-os ou desumanizando-os” (SOUZA, 2002, p.53). Mas o principal objetivo do 
nosso estudo é justamente conscientizar os nossos acadêmicos rumo a uma reflexão mais 
humanista a respeito das nossas ações e na superação definitiva da desigualdade social, o 
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que diz respeito ao cidadão e à sua relação com o meio em que ele vive, onde o respeito pelas 
diferenças forma o espírito da academia e a humanização social. 
Com base no que foi dito e analisado até aqui, nos parece que o ponto de partida 
para a solução, pelo menos de parte dos problemas raciais, das diferenças, da exclusão e 
da inclusão social, pode estar na educação de base, ou seja, se o aluno tiver uma educação 
inicial que possa motivá-lo a ultrapassar essas barreiras. A partir daí, ele poderia formar uma 
base sólida para que pudesse ingressar na faculdade melhor preparado, o que sem dúvida é 
parte integrante para o seu desenvolvimento profissional e pessoal. 
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Sinopse: Walter, solitário 
professor universitário, 
tem 62 anos e já não 
encontra prazer na vida. 
Ao viajar a Nova York 
para uma conferência, 
encontra o casal Tarek e 
Zainab, imigrantes sem 
documentos, morando 
em seu apartamento. Eles 
não têm para onde ir, e 
Walter acaba deixando 
que fiquem. Para retribuir, 
o talentoso Tarek ensina 
Walter a tocar o tambor 
africano e os dois ficam 
amigos. Quando a polícia prende o jovem e decide deportá-lo, 
Walter faz de tudo para ajudá-lo, com uma garra que há muito 
não sentia. Surge então a mãe de Tarek em busca do filho e um 
improvável romance tem início.
FONTE: Disponível em: <http://www.interfilmes.com/filme_21106_o.
visitante.html>. Acesso em: 10 mar. 2014.
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4 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIAL
DA DIVERSIDADE
Acadêmicos! Já compreendemos o caráter plural de nossas sociedades e as complexas 
relações estabelecidas socialmente. Diante disso, percebemos que vivemos em uma sociedade 
dividida em classes, onde a luta pela manutenção ou superação das divisões sociais é constante.
Nesse sentido, lutamos em favor da inclusão escolar, em favor de currículos mais 
inclusivos, abertos às diferenças sociais, psíquicas, físicas, culturais, religiosas, raciais e 
ideológicas, no intuito de respeitar o caráter plural da nossa sociedade, contribuindo para 
formar sujeitos autônomos, críticos e criativos, aptos a compreender como as coisas são e 
por que são assim. 
O principal objetivo é a possibilidade da mudança, da construção de uma ordem social 
mais justa e menos excludente. Sendo isto um legado do presente para as gerações futuras, o 
que pode ser uma prática aprendida e reproduzida a partir da família e da escola, que são os 
agentes formadores de opinião, e que juntamente com a sociedade, esses mesmos agentes 
irão definir o sucesso ou o fracasso no contexto social. 
5 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIAL
DA DIVERSIDADE HUMANA
Acadêmico! A inclusão escolar tem sido mal interpretada tanto por parte da escola, 
seja ela comum ou especial, quanto dos profissionais da educação. “O certo, porém, é que 
os alunos jamais deverão ser desvalorizados e inferiorizados pelas suas diferenças, seja nas 
escolas comuns, seja nas especiais” (MANTOAN, 2006, p. 190).
Ainda com base neste raciocínio, “[...] a educação escolar não pode ser pensada nem 
realizada senão a partir da ideia de uma formação integral do aluno – segundo suas capacidades 
e seus talentos – e de um ensino participativo, solidário, acolhedor”. (MANTOAN, 2006a, p. 9). 
Mas, reverter o que historicamente foi construído é difícil, implica em construir alternativas que 
possibilitem a emancipação social dos diferentes sujeitos, fazendo uma clara opção política 
por um compromisso contra as discriminações, as desigualdades e o respeito à diversidade 
cultural. O que, de acordo com Mantoan (2006a, p. 9, grifo da autora), trata-se de um trabalho 
de ‘ressignificação’ do papel da escola com professores, pais e comunidades interessadas, 
bem como de adoção de formas mais solidárias e plurais de convivência. Para terem direito à 
escola, não são os alunos que devem mudar, mas a própria escola!”. E a autora continua: “O 
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direito à educação é natural e indisponível. Por isso, não faço acordos quando me proponho a 
lutar por uma escola para todos, sem discriminações, sem ensino à parte para os mais e para 
os menos privilegiados”. (MANTOAN, 2006a, p. 9)
Dessa forma, a escola pode fazer o anúncio da construção de novos tempos na 
educação, contribuindo para formar alunos não conformistas, e sim, questionadores, reagentes 
e competentes, aptos a rejeitar valores celebrados pela nova ordem mundial, como o egoísmo 
e o individualismo. Mantoan (2006a, p. 14) nos coloca que, seja ou não “uma mudança radical, 
toda crise de paradigma é cercadade muita incerteza e insegurança, mas também de muita 
liberdade e ousadia para buscar outras alternativas, novas formas de interpretação e de 
conhecimento [...] para realizar a mudança”.
Mudança essa que é direito expresso na Constituição Federal de 1988. A Constituição 
respalda em seu artigo 206, inciso I, que o ensino será ministrado em “igualdade de condições 
para o acesso e permanência na escola”. Portanto, temos que entender que: 
Ao garantir a todos o direito à educação e ao acesso à escola, a Constituição 
Federal não usa adjetivos. Por essa razão, toda escola deve atender aos 
princípios constitucionais sem excluir nenhuma pessoa em decorrência de 
sua origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência. Apenas esses dispositivos 
já bastariam para que não se negasse a qualquer pessoa, com ou sem defici-
ência, o acesso à mesma sala de aula que qualquer outro aluno (MANTOAN, 
2006a, p. 26-27).
Percebe-se então que os discursos precisam ser revistos, compreendendo a diversidade 
humana como algo positivo, liberto de olhares preconceituosos, possibilitando a valorização 
pela cultura do outro. Portanto, a inclusão 
[...] exige uma mudança de mentalidade e de valores nos modos de vida e é 
algo mais profundo do que simples recomendações técnicas, como se fos-
sem receitas. Requer complexas reflexões de toda a comunidade escolar e 
humana para admitir que o princípio fundamental da educação inclusiva é a 
valorização da diversidade, presente numa comunidade humana. (STRIEDER; 
ZIMMERMANN, 2014, p. 146)
E na sequência os autores continuam afirmando que a escola: 
Foi e continua sendo um espaço de padronizações ao promover a construção 
de conhecimentos com pouco significado, formalizado, pronto, sem relação 
e sentido com a vida dos seres humanos que lá estão, sejam alunos ou do-
centes. Ela é construtora de pensamentos, ações e movimentos que denotam 
igualdade e repetição. 
É importante a escola oportunizar vivências capazes de desconstruir a realidade 
do igual, da repetição, para valorizar a diferença, acreditando na diversidade 
da vida, das cores, sabores e movimentos. (STRIEDER; ZIMMERMANN, 
2014, p. 148)
Assim, falar sobre inclusão escolar e/ou social é falar sobre a conscientização humana 
na democratização das relações entre os povos e os demais indivíduos que fazem parte 
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do contexto social como um todo, independentemente de credo, raça, poder aquisitivo ou 
posição social, visto que fazemos parte de uma mesma sociedade e as diferenças fazem parte 
integrante do equilíbrio social e da própria espécie humana. No entanto, fica aqui a indagação: 
quais as oportunidades que estão sendo oferecidas pelos agentes sociais a essa massa de 
desamparados e excluídos do sistema social?
De acordo com texto publicado no livro “Ética e cidadania: construindo valores na escola 
e na sociedade”, desenvolvido pelo Ministério da Educação, a escola pode e deve ser um ponto 
de partida na formação de cidadão e cidadã comprometidos com a construção dos valores 
éticos e morais, tanto no contexto escolar, como no âmbito das relações sociais.
Aprender a ser cidadão e cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com 
respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência; aprender a 
usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que 
acontece na vida da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes 
precisam ser aprendidos e desenvolvidos pelos estudantes e, portanto, podem 
e devem ser ensinados na escola.
Para que o(a)s estudantes possam assumir os princípios éticos, são neces-
sários pelo menos dois fatores:
- que os princípios se expressem em situações reais, nas quais o(a)s estudantes 
possam ter experiências e conviver com a sua prática; 
- que haja um desenvolvimento da sua capacidade de autonomia moral, isto 
é, da capacidade de analisar e eleger valores para si, consciente e livremente.
Outro aspecto importante desse processo é o papel ativo dos sujeitos da 
aprendizagem, estudantes e docentes, que interpretam e conferem sentido aos 
conteúdos com que convivem na escola, a partir de seus valores previamente 
construídos e de seus sentimentos e emoções (LODI; ARAÚJO, 2006, p. 69)
Com relação aos agentes citados nos parágrafos anteriores, também concordamos 
que a partir da inclusão escolar, principalmente no tocante à educação básica, ela deveria ser 
um espaço voltado para a harmonização da convivência social e não simplesmente uma mera 
reprodução de saberes. Onde, na maioria das vezes, esses saberes são direcionados apenas 
para produzir agentes econômicos, dando pouca ou quase nenhuma ênfase às questões 
relacionadas com a ética e as características comportamentais do ser humano, como uma 
forma de equilíbrio no convívio das relações sociais, o que já é um processo discriminatório e de 
exclusão, ou, no mínimo, uma forma de omissão do próprio sistema de ensino, principalmente 
com relação aos índios e negros.
A luta travada em torno da educação do campo, indígena, do negro, das co-
munidades remanescentes de quilombos, das pessoas com deficiência, tem 
desencadeado mudanças na legislação e na política educacional, revisão de 
propostas curriculares e dos processos de formação de professores. Também 
tem indagado a relação entre conhecimento escolar e o conhecimento produ-
zido pelos movimentos sociais. (GOMES, 2007, p. 32)
E na continuação o autor chega às seguintes conclusões:
A diversidade é muito mais do que o conjunto das diferenças. Ao entrarmos 
nesse campo, estamos lidando com a construção histórica, social e cultural 
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das diferenças a qual está ligada às relações de poder, aos processos de co-
lonização e dominação. Portanto, ao falarmos sobre a diversidade (biológica e 
cultural) não podemos desconsiderar a construção das identidades, o contexto 
das desigualdades e das lutas sociais. 
A diversidade indaga o currículo, a escola, as suas lógicas, a sua organização 
espacial e temporal. No entanto, é importante destacar que as indagações 
aqui apresentadas e discutidas não são produtos de uma discussão interna à 
escola. São frutos da inter-relação entre escola, sociedade e cultura e, mais 
precisamente, da relação entre escola e movimentos sociais. Assumir a diver-
sidade é posicionar-se contra as diversas formas de dominação, exclusão e 
discriminação. É entender a educação como um direito social e o respeito à 
diversidade no interior de um campo político. (GOMES, 2007, p. 41)
Assim, é através dos movimentos sociais que podemos melhorar o sistema educacional 
e corrigir as distorções sociais, que são frutos de um processo longo que vem se arrastando 
através dos tempos, onde pouco ou quase nada tem sido feito como forma de reparar ou pelo 
menos minimizar os seus efeitos negativos e na reparação dos erros cometidos. Portanto, é 
de extrema necessidade a inserção e a interação de todos os seres humanos, independente 
de suas características ou condições sociais.
Para Stainback (1999), a total inclusão de todos os membros da humanidade, 
de quaisquer raças, religiões, nacionalidades, classes socioeconômicas, cul-
turas ou capacidades, em ambientes de aprendizagem e comunidade, pode 
facilitar o desenvolvimento do respeito mútuo, do apoio mútuo e do aprovei-
tamento dessas diferenças para melhorar nossa sociedade. É durante seus 
anos de formação que as crianças adquirem o entendimento das diferenças, 
o respeito e o apoio mútuos em ambientes educacionais que promovem e 
celebram a diversidade humana.
A construção de sociedades e escolas inclusivas, abertas às diferenças e à 
igualdade de oportunidades para todas as pessoas, é um objetivo prioritário 
da educação nos dias atuais. Nesse sentido, o trabalhocom as diversas 
formas de deficiências e uma ampla discussão sobre as exclusões geradas 
pelas diferenças social, econômica, psíquica, física, cultural, racial, de gênero 
e ideológica, devem ser foco de ação das escolas. Buscar estratégias que se 
traduzam em melhores condições de vida para a população, na igualdade de 
oportunidades para todos os seres humanos e na construção de valores éticos 
socialmente desejáveis por parte dos membros das comunidades escolares é 
uma maneira de enfrentar essas exclusões e um bom caminho para um trabalho 
que visa à democracia e à cidadania (ARAÚJO, 2007, p. 16-17).
Portanto, as mudanças comportamentais e as inclusões sociais relacionadas com todos 
os povos não podem e não devem ser somente responsabilidade da família e das instituições de 
classes, mas também de responsabilidade das escolas inclusivas e dos seus agentes sociais. 
Neste sentido, reafirmamos que a inclusão escolar 
Só será viável se o professor e toda a comunidade escolar mudarem seu jeito 
de lidar com a diferença, via aceitação de formas relacionais de afetividade, 
de escuta e de compreensão, suspendendo juízos de valores como pena, 
repulsa e descrença. Uma mudança como desejo interior, porque algo interior 
nos diz que vale a pena mudar (STRIEDER; ZIMMERMANN, 2014, p. 148).
E quando falamos em mudanças, estamos nos referindo a uma mudança estrutural, onde 
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todas as partes se relacionam, interagem e se complementam para a harmonização do todo, 
que por sua vez é parte de uma estrutura maior, que podemos chamar de estrutura social, que 
é composta, dentre outras, pela escola, família, igreja, governo com suas políticas públicas, 
instituições financeiras, jurídicas e organizações sociais propriamente ditas, as ONGs. Como 
podemos perceber, tudo isso constitui um grande desafio rumo a uma mudança significativa. 
E, por estas e outras razões, nos parece que a sociedade está caminhando no rumo certo. 
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Então, acadêmico, você acredita que ainda existe perspectiva e 
esperança de dias melhores? 
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Vejamos o que nos propõem os autores Assmann e Sung (2000, p. 103): 
A esperança humana, da qual estamos falando, é um horizonte de futuro tecido 
com desejo. Não o desejo de um único indivíduo, nem o desejo de subir na 
‘escada do sucesso’ segundo os parâmetros da eficiência do mercado regendo 
todos os aspectos da nossa vida, mas o desejo do reconhecimento mútuo e 
respeitoso entre pessoas e grupos sociais, o desejo de uma vida mais digna 
e prazerosa para todos\as. O desejo de um mundo onde caibam muitos e 
muitos mundos. 
E concluindo o seu pensamento:
É esse horizonte de esperança que nos mostra, nos revela, a mesquinhez e 
a irracionalidade de uma sociedade centrada na exclusão e insensibilidade, 
e a desumanidade de uma vida humana voltada para negar a sua condição 
humana.
Horizonte de esperança não é algo que se toma dentre as ofertas do merca-
do, nem pode ser produzido individualmente. Como todo horizonte de com-
preensão, ele deve ser tecido no diálogo, na construção de uma linguagem 
e esperanças comuns. Por isso, um horizonte de esperança que nos abra e 
nos interpele para a sensibilidade solidária só pode ser fruto de um desejo de 
dialogar com os\as que estão dentro e fora da sociedade, do nosso mundo (o 
mundo de cada um, o mundo de cada grupo social). Diálogo que pressupõe 
o reconhecimento mútuo. (ASSMANN E SUNG, 2000, p. 103)
O que Assmann e Sung (2000) nos esclarecem é que o ser humano precisa, em primeiro 
lugar, se conscientizar do seu papel na sociedade, e que isso não pode ser uma ação única e, 
sim, uma ação conjunta, como um grande suporte em prol da democratização solidária. Essa 
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solidariedade deve trazer benefícios tanto para o indivíduo quando analisado separadamente, 
quanto na sua convivência em sociedade, ou seja, a relação do indivíduo com ele mesmo ou 
no convívio social. E na sequência os autores analisam com muita propriedade o resultado 
ocasionado por esse processo de interação: 
Quando imergimos nesse horizonte, descobrimos algumas verdades humanas 
básicas. A descoberta da minha condição humana não se dá fora do reconhe-
cimento da condição humana (da dignidade humana) dos que estão ‘dentro e 
fora’ da sociedade. Eu não posso me descobrir como pessoa humana se não 
‘descobrir’ o\a outro\a, o\a diferente, como participante da mesma condição 
humana. É o reconhecimento do\a diferente como ‘igual’, isto é, coparticipante 
da mesma condição humana, que me possibilita encontrar comigo mesmo. 
Na década de 70 havia uma propaganda que mostrava um menino e uma 
menina, cada um olhando dentro do short de banho do\a outro\a. Acima do 
desenho, a frase: ‘Ah! Descobri a diferença!’ É a descoberta de que existe um 
sexo diferente na mesma espécie humana, que me faz descobrir que eu sou 
um ser sexuado, masculino ou feminino. (ASSMANN E SUNG, 2000, p. 104)
E para finalizar, os autores fazem um breve resumo a respeito das relações de convivência 
e de reciprocidade humana, principalmente para aqueles que possam ter algumas dificuldades 
para entender a complexidade a respeito da inclusão social e escolar da diversidade humana. 
Em resumo, tentar encontrar-se consigo mesmo e realizar-se como ser humano 
negando o\a outro\a que lhe revela e lhe lembra as suas angústias e medos 
inerentes à sua condição humana é um caminho trágico, no sentido grego 
desse conceito, isto é, não como destino, mas como tomada de consciência 
de um desafio radical que parte da nossa condição humana. A única forma de 
nos realizarmos como seres humanos é reconhecendo e assumindo a nossa 
condição humana. É isto que nos possibilita vivermos as alegrias da vida, mas 
também os momentos tristes e angustiantes. Esse assumir a nossa condição 
humana pressupõe o reconhecimento do(a) outro(a) que nos lembra das nos-
sas inseguranças. Este reconhecimento mútuo só é possível se cultivarmos 
e vivermos a sensibilidade solidária e o horizonte de esperança. Educar para 
a esperança é uma das chaves para educar para a sensibilidade solidária. 
(ASSMANN E SUNG, 2000, p. 104)
 
Mas, estamos nos referindo ao processo de educação e aprendizagem, e já ficou 
evidente que esse é o caminho. No entanto, é preciso levantar algumas bandeiras e eliminar 
algumas barreiras, principalmente as do descaso, da arrogância e da intolerância, que são 
ações que principiam e dão origem ao preconceito e à desigualdade social, que, pelo visto, 
parece povoar e circular por quase todas as fases da questão educacional. A começar pelas 
dificuldades de acesso à educação de base, ou pela falta de espaço adequado, não só em 
termos de locomoção e acesso, mas, principalmente, para aquelas pessoas com certo grau 
de dificuldades. 
Com relação às dificuldades de acesso, estas parecem não ser privilégio somente 
daqueles com alguma deficiência física, mas de todos aqueles motivados por razões 
circunstanciais, sejam elas pela distância, pelas condições de transporte ou, ainda, pelo 
descaso das autoridades, que deveriam ser os mentores, incentivando e facilitando o acesso às 
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