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Penal IV - Assuntos 2ª Unidade

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FURTO
Bem jurídico: Patrimônio (propriedade, posse, detenção da coisa)
Sujeito 
Ativo: qualquer pessoa
Passivo: qualquer pessoa
Obs: exceto a possuidora ou proprietária da coisa.
Conduta típica: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. (Diminuir o patrimônio de alguém)
Consumação: Momento – quando o agente tem a posse “tranqüila” da coisa furtada.
Formas típicas:
 Forma principal ou fundamental: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Formas qualificadas:
 Qualificadora lato sensu (causa especial de aumento de pena): 
§ 1º - A pena aumenta de 1/3 se o furto for cometido durante o repouso noturno. (o repouso noturno depende do local e dos seus hábitos).
 Qualificadora stricto sensu (§ 4º, I, II, III, IV):
Pena de reclusão de 2 a 8 anos, ou multa, se é cometido:
Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. Ex: quebrar vidro do carro. 
Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza. Fraude: levar a vítima ao engano. Escalar: subir em algum lugar. Destreza: agilidade, rapidez.
Com emprego de chave falsa. (Fazer cópia de chave)
 Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Figura privilegiada:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
FURTO DE COISA COMUM (Art. 156)
Objeto jurídico: O patrimônio
Sujeito
Ativo: condômino, sócio e co-herdeiro. 
Passivo: Condômino, sócio e co-herdeiro. (crime bipróprio) 
Figura típica:
Figura principal: Caput – Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Somente se procede mediante representação (ação penal pública condicionada à representação).
Causa de exclusão do crime: 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
ROUBO (Art. 157)
Objeto Jurídico: O patrimônio, a integridade física e a vida.
Sujeito: Crime comum em relação aos sujeitos ativo e passivo.
Tipos de roubo:
Roubo próprio: É aquele em que o agente usa a violência anteriormente à subtração da coisa roubada (157, caput). 
Roubo impróprio: Aquele em que o agente pratica a violência posteriormente à subtração da coisa. (§ 1º, art. 157)
Pena: reclusão de 4 a 10 anos e multa.
Consumação: Posse tranqüila da coisa.
Conduta típica: Subtrair para si ou para outrem, coisa móvel alheia, com uso da violência ou grave ameaça.
Tipos de violência: Física ou moral.
Formas qualificadas:
Lato sensu: § 2º (aumento da pena de 1/3 a ½)
Roubo cometido mediante uso de arma (de fogo).
Quando a vítima estava transportando valores, e o agente conhecia essa circunstância. (Carro-forte)
Quando a coisa roubada for veículo automotor, e o agente transportá-lo para outro estado ou para o exterior.
Roubo qualificado pela privação da liberdade (seqüestro relâmpago – Inciso V).
Stricto sensu: § 3º 
Quando da violência resultar lesão corporal de natureza grave na vítima. (Roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave). Pena: 7 a 15 anos. Comporta tentativa.
Quando da violência resultar morte da vítima. (Roubo qualificado pelo resultado morte) – “Latrocínio”. Pena: 20 a 30 anos.
Obs: Se a pessoa não consuma o roubo, e mata em seguida – tentativa de roubo qualificada pelo resultado morte.
EXTORSÃO (Art. 158)
Objeto jurídico: O patrimônio, a integridade física e a vida.
Sujeito: Crime comum quanto aos sujeitos ativo e passivo.
Conduta típica: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, com o intuito de obter indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.
Elementos:
 Constranger: obrigar, forçar ou compelir. Reduz qualquer capacidade de resistência da vítima.
 Violência ou grave ameaça.
 Intuito: dolo específico.
 Vantagem indevida “econômica”.
Obs: O que diferencia o roubo da extorsão é o estado anímico.
Figura qualificada stricto sensu
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º, Art. 157 - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 a 15 anos e multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos. 
§ 3o - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
    	§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave. Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte. Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (Art. 159)
Objetos Jurídicos: Patrimônio, integridade física, vida e a liberdade.
Sujeitos: Qualquer pessoa
Conduta típica ou tipo objetivo: Seqüestrar alguém, mediante violência ou grave ameaça, para obter qualquer vantagem, como condição de preço ou resgate. (Deveria ser vantagem financeira).
Seqüestrar: privar alguém da sua liberdade.
Condição: condição para a liberação do seqüestrado. 
Consumação: É pacífico na doutrina que é um crime formal, não necessitando do pagamento.
Dá-se o crime com a consumação do seqüestro. Crime formal – não precisa ter o pagamento para se consumar.
Tentativa: É admissível, apesar de ser crime formal.
Formas típicas:
Figura típica: caput do art. 159
Figura qualificada: § 1º, § 2º, § 3º.
§ 1º - “Se o seqüestro dura mais de 24 horas, se o seqüestrado é menor de 18 anos ou maior de 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.”
Pena: reclusão de 12 a 20 anos.
§ 2º - “Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave. Pena: reclusão de 16 a 24 anos.”
§ 3º - Se resulta a morte. Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Delação premiada: § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
Classificação: Permanente, formal, comum.
	
APROPRIAÇÃO INDÉBIDA (Art. 168)
Difere do crime de furto pelo momento do contato do agente com a coisa a ser apropriada.
Furto – subtração da coisa.
Apropriação indébita – inversão da posse. O agente não subtrai a coisa, pois esta já se encontra em poder do mesmo.
Ex: motorista da família que fica com o carro para si.
Objeto jurídico: O patrimônio, puramente.
Sujeito: Crime bicomum (qualquer pessoa). 
Ativo: Pessoa que tem a posse ou detenção da coisa alheia. Quando for funcionário público o crime é de peculato.
Passivo: É o senhor da coisa dada ao sujeito ativo
Conduta típica: Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tenha a posse ou detenção.
Apropriar-se: tomar para si.
Posse: Exteriorização da propriedade – exercício de fato (não de direito) da propriedade. Usufruto da coisa.
Detenção: Guarda provisória, momentânea, da coisa.
Consumação: Inversão da posse e recusa em devolver a coisa apropriada.
Comporta tentativa. É crime formal
Formas típicas
Forma principal ou fundamental: Caput do art. 168. Pena: reclusão de 1 a 4 anos e multa. (mesma pena do furto)
Formas qualificadas (lato sensu): § 1º, art. 168. Pena aumentada de 1/3.
Quando a posse resultar de depósito necessário (guardar e preservar. Detém a coisa sob inteira responsabilidade, por lei ou contrato.)
Quando o agente for tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro (quem elabora o testamento) ou depositário judicial.
O agente recebeu a coisa em razão de ofício, emprego ou profissão.
ESTELIONATO(Art. 171)
Objeto jurídico: Patrimônio.
Sujeito: Qualquer pessoa (crime comum).
Tipo objetivo: “Obter, para si ou para outrem, vantagem indevida, em prejuízo alheio, induzindo alguém em erro, mediante artifício ardil ou qualquer outro meio enganoso ou fraudulento.
Elementos fundamentais configuradores:
Fraude: enganar, lubridiar. Praticada induzindo a vítima a erro (fazer esse alguém acreditar que está diante de uma situação verdadeira).
Obtenção de vantagem indevida: pode ser de qualquer natureza, com expressividade econômica.
Prejuízo alheio: deve haver a efetiva COMPROVAÇÃO do prejuízo.
Comporta tentativa. Crime material.
Formas típicas:
Fundamental: caput. Pena: reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Esse crime comporta sursis (suspensão condicional)
Privilegiada: § 1º, condições:
 Quando o agente for primário (não existe contra ele nenhuma sentença transitada em julgado).
 A vantagem obtida é de pequeno valor. Pena: art. 155, § 2º (Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa). O juiz observará a condição econômica da vítima, condições judiciais: art. 59.
 Qualificada: § 3º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Diferença entre os crimes de: Estelionato, extorsão, furto com fraude.
Estelionato ≠ Furto
 Elemento central: fraude
 Não há subtração da coisa, há entrega pela pessoa enganada ao agente devido à fraude cometida por este.
Extorsão ≠ Estelionato
 Constrangimento mediante violência ou grave ameaça.
 Entrega da coisa contra a vontade (diferença pelo estado de animo da vitima).
RECEPTAÇÃO (Art. 180)
Crime assessório ou parasitário: tem como pressuposto a existência de um crime (como regra, contra o patrimônio) anterior praticado.
Objeto jurídico: o patrimônio
Sujeito
Ativo: Crime comum, via de regra.
§ 1º - comerciante e industrial (próprio)
Passivo: Aquele que foi o sujeito passivo do crime antecedente.
Classificação: crime de ação múltipla.
Consumação: crime material – adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar... Quando não acontecer nenhum desses fatos, não é consumação.
Quando o 3º de boa-fé adquire, recebe ou oculta sobre influência – crime formal.
Figuras típicas
 Caput: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Receptação dolosa própria (primeira parte): “Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime”.
Receptação dolosa imprópria: “influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”. O terceiro de boa-fé não comete o crime, por desconhecer a origem ilícita da coisa. Ele é influenciado a praticar o crime.
§ 3º - Receptação culposa: Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso. Pena: detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
Cabe perdão judicial: o agente deve ser primário e ter bons antecedentes.
Figura privilegiada: Quando a receptação for dolosa, a coisa for de pequeno valor (analisar as condições econômicas da vítima) e o agente for primário. Substitui a pena de reclusão pra detenção e diminui 1/3 a 2/3 ou multa.
Figura qualificada: Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.

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