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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL– MG Campus Poços de Caldas Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia Unidade Curricular: Engenharia das Reações Químicas Professora: Giselle P. Sancinetti CINÉTICA DE UMA REAÇÃO DE 2° ORDEM Saponificação do acetato de etila a 35°C Alice Caroline Teixeira – 2011.1.25.001 Isadora Luvison Miguel – 2012.1.25.029 Larissa Lemos Faria – 2012.1.25.036 Mariana Zanetti – 2012.1.25.046 Raquel de Souza Dias – 2012.1.25.062 Poços de Caldas/MG Abril/2014 RESUMO O presente relatório teve por objetivo encontrar o valor da velocidade específica da reação de saponificação do acetato de etila (𝑘) e a energia de ativação da mesma (𝐸𝑎) através da regressão linear. Para isso foram feitas titulações e medições de tempo, totalizando 60 minutos. Por fim, o valor de 𝑘 obtido para a temperatura de 35º C foi de 0,0067 𝐿 𝑚𝑜𝑙. 𝑠⁄ e o valor de 𝐸𝑎 foi de 17,882 𝐾𝐽. 1. INTRODUÇÃO Cinética química é o estudo da velocidade das reações químicas e dos mecanismos de desenvolvimento da reação [1]. A velocidade de uma reação química é o aumento da concentração molar do produto ou o decréscimo da concentração dos reagentes no tempo. Ela depende das condições nas quais a reação está ocorrendo, como a concentração dos reagentes, a temperatura - normalmente com o aumento da temperatura, aumenta-se a velocidade - , a energia de ativação, o estado físico dos reagentes, a presença de um catalisador ou inibidor, a luz e a pressão [1]. A velocidade de uma reação é obtida através de uma expressão matemática conhecida como Lei da ação das massas ou Lei cinética. Para uma reação genérica: (1), em que a, b, c, d são coeficientes estequiométricos, A e B os reagentes e C e D os produtos, tem-se então a seguinte lei da velocidade: - rA = k CA α CB β (2), em quem - rA é a velocidade de reação ou taxa de reação, CA é a concentração de A, CB é a concentração de B, α e β são os expoentes dos reagentes e k é a velocidade específica da reação ou constante de velocidade, determinada experimentalmente. As potências, α e β são chamadas de ordem da reação, assim, a reação é de ordem α em relação a A, de ordem β em relação a B e de ordem n em relação a global, em que n é a soma dos expoentes α e β. Reações em que a equação da velocidade corresponde à equação estequiométrica são denominadas reações elementares e, quando não há correspondência direta são chamadas reações não elementares [2]. Para melhor se estudar a cinética química, faz-se experimentos utilizando reatores em batelada. O reator em batelada é um tanque com agitação mecânica no qual todos os reagentes são inseridos uma única vez, são misturados e reagem entre si, e os produtos também são retirados de uma única vez. Estes reatores não possuem entrada nem saída de reagentes durante a reação, são de mistura completa - mesma concentração em todos os pontos do reator -, apresentam altas conversões, não produzem em alta escala e possuem fluxo intermitente [3]. Para melhor compreensão em escala laboratorial deste reator utiliza-se a reação de saponificação na qual um éster reage com uma base forte em meio aquoso formando sal orgânico e álcool. Essa reação é muito utilizada na produção de sabão e na indústria alimentícia [3]. Um exemplo da reação de saponificação é a reação entre o acetato de etila e o hidróxido de sódio que é representada pela equação a seguir: 𝑎 𝑎 (3), Sua velocidade de reação é determinada pela equação 2. No entanto, esta é uma reação de segunda ordem, ou seja, a velocidade da reação química é proporcional ao produto das concentrações dos reagentes e é uma reação elementar, aquela que ocorre em uma única etapa. Como a concentração dos reagentes são iguais, 0,02M, considera- se = ·. Assim, a lei da velocidade para esta reação é escrita pela seguinte equação: ( ) 𝑘 (4), Rearranjando tem-se: ( ) 𝑘 (5), Integram-se ambos os lados da igualdade e considerando que 0 e , tem-se seguinte equação linearizada: 𝑘 (6), Comparando a equação 6 com a equação da reta, 𝑎 (7), pode-se constuir um gráfico de em função do tempo, em que, a inclinação da reta representa a velocidade específica 𝑘 e é [2]. De acordo com a lei da velocidade, equação 1, o que pode afetar a velocidade são as concentrações dos reagentes e a própria constante de velocidade. O primeiro cientista a estudar a dependência da constante de velocidade k com a temperatura foi o sueco Svante August Arrhenius que encontrou a seguinte equação denominada Equação de Arrhenius: 𝑘 𝑘 [ ] (8), em que 𝑘 é velocidade específica da reação na temperatura T; 𝑘 é o fator pré- exponencial ou constante de Arrhenius; é a temperatura absoluta (K); 𝐸 é a energia de ativação (energia mínima para a reação acontecer e formar produtos) e R é a constante universal dos gases 8, 1 10 [3]. Utilizando os valores de 𝑘 em diferentes temperaturas, é possível obter a energia de ativação da reação linearizando a equação 8 que resulta na seguinte equação [3]: 𝑙 𝑘 𝑙 𝑘 (9), Ao comparar a equação 9 com a equação da reta, equação 7, encontra-se que y = 𝑙 𝑘, a = 𝐸 , x = e b = 𝑙 𝑘 . Assim, ao plotar um gráfico de 𝑙 𝑘 em função do inverso da temperatura obtém-se a Energia de Ativação da reação (𝐸 ) através da inclinação da reta a. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Materiais utilizados - 1 bureta de 50 ml; - 2 erlenmeyer de 500 ml; - 8 erlenmeyer de 125 ml; - 2 pipetas graduadas de 25 ml; - 1 pipeta graduada de 5 ml; - 1 béquer de 1000 ml; - 2 provetas de 250 ml; - 1 agitador magnético com aquecimento; - 1 balança semi-analítica; - 1 banho-maria; - 1 termômetro de mercúrio; - 1 cronômetro; - Solução de 𝑎 0,02 ; - Solução de acetato de etila 0,02 ; - Solução de 𝑙 0,02 ; - Indicador fenolftaleína. 2.2 Metodologia Primeiramente, 8 erlenmeyers de 125 ml vazios foram identificados e pesados em uma balança analítica, anotando-se seus respectivos pesos. Utilizando uma pipeta graduada de 25 ml, pipetou-se 30 ml de uma solução de 𝑙 0,02 nos 8 erlenmeyers de 125 ml identificados, adicionou-se 3 gotas de fenoftaleína e as vidrarias foram novamente pesadas e seus respectivos pesos anotados. Durante esse procedimento, com o auxílio de uma proveta de 250 ml, foi transferido para um erlenmeyer de 500 ml, 250 ml de solução 𝑎 0,02 . Do mesmomodo, 250 ml de solução de acetato de etila foram colocados em outro erlenmeyer de 500 ml utilizando uma nova proveta de 250 ml. Os dois erlenmeyers contendo as soluções de 𝑎 e acetato de etila foram colocados em banho maria previamente ligado e ajustado a temperatura de 35ºC. Com o auxílio de dois termômetros acompanhou-se a temperatura dos erlenmeyers até que o equilíbrio térmico fosse atingido, ou seja, até que a temperatura alcançasse os 35ºC e se mantivesse estável. Depois de o equilíbrio térmico ter sido atingido, misturaram-se as soluções dos erlenmeyers em um béquer de 1000 ml e um cronômetro foi utilizado para marcar o instante do início da reação. O béquer foi colocado em um agitador magnético e então a chapa aquecedora e a agitação foram ligadas. A chapa aquecedora foi ligada a temperatura mínima apenas para a manutenção da temperatura da reação, e para a agitação foi necessário colocar uma barra magnética de agitação dentro do béquer. A temperatura da mistura foi verificada continuamente. Utilizando uma pipeta graduada de 25 ml, foram retiradas amostras da mistura contida no béquer aos 2,5,10,20,30,40,50 e 60 minutos passando-as para cada um dos 8 erlenmeyers identificados que continham 30 ml de 𝑙. Este procedimento foi feito mais rápido possível, assim os 8 erlenmeyers foram pesados e seus pesos anotados novamente. O ácido excedente contido nos erlenmeyers foi titulado com a solução de 𝑎 0,02 . O indicador fenolftaleína possibilitou analisar o volume de 𝑎 que foi gasto na titulação e esse volume foi anotado. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o experimento, foram coletados dados referentes às massas dos erlenmeyers vazios e as massas dos mesmos com 𝑙 e indicador fenolftaleína, os quais estão explicitados na Tabela1. Tabela 1 - Massas dos erlenmeyers Com esses dados foi possível encontrar a massa de 𝑙, a partir da diferença entre as massas dos erlenmeyers com 𝑙 e indicador e dos erlenmeyers vazios. Por meio da densidade da água (994,1 g/L) a 35ºC, foi possível determinar o volume real de 𝑙, considerando essa uma solução diluída. Erlenmeyers vazios (g) Erlenmeyers (HCl + indicador) (g) 1 52,3176 82,0157 2 61,6053 91,3517 3 47,9630 77,7079 4 84,8371 114,5050 5 61,5457 91,3299 6 53,1552 83,1216 7 66,1543 96,0580 8 38,5759 68,2166 Para o primeiro erlenmeyer, a massa de 𝑙 obtida foi de 29,6981 g. Utilizando- se da equação (10) encontrou-se o volume real do mesmo: (10), sendo esse 0,02 87 𝐿. Esse procedimento foi repetido para as demais vidrarias, e os valores encontrados estão descritos na Tabela 2. Tabela 2 – Volumes reais de 𝑙 massa de (g) volume de (L) 1 29,6981 0,0298 2 29,7464 0,0299 3 29,7449 0,0299 4 29,6679 0,0298 5 29,7842 0,0299 6 29,9664 0,0301 7 29,9037 0,0300 8 29,6407 0,0298 Para determinar a quantidade de 𝑎 que reagiu com acetato de etila no tempo de 2 minutos, foi necessário retirar uma alíquota da reação de saponificação. Essa foi colocada no primeiro erlenmeyer que continha 𝑙, e a reação de saponificação foi interrompida. Em seguida, fez-se a titulação nessa vidraria, utilizando o volume de 0,0112 𝐿 de 𝑎 como titulante, que permitiu a obtenção do excesso de 𝑙. Diante disso tem-se que a diferença entre o volume real de 𝑙 e o volume do titulante, 0,0186 𝐿, reagiram com a alíquota originada da reação de saponificação, ou seja, o 𝑙 reagiu com todo o 𝑎 restante. Visto que a concentração, , de 𝑙 era 0,02M, e o volume 0,0186 , pode-se encontrar o número de mols, , de 𝑙 através da equação (11): . (11) O valor encontrado foi de 0,000 7 𝑚𝑜𝑙𝑠 de 𝑙. Pela estequiometria da reação, ou seja, 1 𝑙 1 𝑎 , determinou-se o volume de 𝑎 que não havia reagido com o acetato de etila. E assim, foi possível determinar a concentração de 𝑎 nesse tempo, utilizando-se como volume base 2 𝑚𝑙 retirado da reação inicial. Através da equação (11) pôde-se obter a concentração de 0,01 𝑚𝑜𝑙 𝐿. Essa etapa foi repetida para todos os tempos descritos na metodologia, seguindo a ordem dos erlenmeyers e os respectivos valores estão explicitados na Tabela 3. Tabela 3 – Dados relevantes para a construção do gráfico Tempo (s) Volume para titulação(L) mols de Concentração (mol/L) 1 140 0,0112 0,00037 0,0149 2 304 0,0117 0,00036 0,0145 3 606 0,0130 0,00034 0,0132 4 1202 0,0134 0,00033 0,0134 5 1806 0,0140 0,00032 0,0127 6 2427 0,0142 0,00032 0,0130 7 2990 0,0146 0,00031 0,0130 8 3604 0,0149 0,00030 0,0126 De acordo com as equações (6) e (7), plotou-se um Gráfico 1 com todos os pontos. Gráfico 1 – Gráfico 1/Ca (L/mol) versus Tempo (s) Os pontos distantes da linha de tendência foram desconsiderados do gráfico, pois a quantidade de erros é significativa. É possível que algum dos erros esteja no momento do ponto de equivalência da titulação, em que o titulante excedia o volume e o titulado y = 0,0028x + 69,96 R² = 0,6582 66 68 70 72 74 76 78 80 82 0 1000 2000 3000 4000 1 /C a (L /m o l) Tempo (s) Velocidade específica da reação (k) adquiria cor mais intensa. Tem-se, então, o Gráfico 2, indicando os pontos utilizados para obter o valor de 𝑘. Gráfico 2 - Gráfico 1/Ca (L/mol) versus Tempo (s) Assim, assumiu-se o valor de 𝑘 0,0067 𝐿 𝑚𝑜𝑙. 𝑠⁄ e o coeficiente de correlação 0, 8. Pelo fato de que a velocidade específica da reação varia em função da temperatura, obtiveram-se os três valores de k determinados por outros grupos da sala, que podem ser observados na Tabela 4. Tabela 4 - Valores de k para cada temperatura Temperatura (K) k (L/mol.s) 298 0,0053 303 0,006 308 0,0067 A partir das equações (8) e (9), plotou-se o gráfico e pôde-se obter o valor da energia de ativação para essa reação, explicitado no Gráfico 3. y = 0,0067x + 66,258 R² = 0,998 66 68 70 72 74 76 78 80 0 500 1000 1500 2000 1 /C a (L /m o l) Tempo (s) Velocidade específica da reação (k) Gráfico 3 – Energia de ativação para a reação de saponificação Sendo essa energia 𝐸𝑎 17,882 𝐾𝐽 e coeficiente de correlação 0, e 𝑘𝑜 7,26 𝐿 𝑚𝑜𝑙. 𝑠⁄ 4. CONCLUSÃO De acordo com a análise dos dados comprovou-se o modelo da equação de Arrhenius, em que a velocidade específica da reação aumenta com o aumento da temperatura. Isso pôde ser comprovado através dos valores de 𝑘 obtidos para diferentes temperaturas. No caso da utilização da temperatura de 35º C, o valor de 𝑘 encontrado foi de 0,0067 𝐿 𝑚𝑜𝑙. 𝑠⁄ . Com os valores de 𝑘 obtidos para três temperaturas distintas, foi possível a construção de um gráfico que, por meio de regressão linear, pôde-se encontrar o valor do fator de frequência 𝑘𝑜 que foi de 7,26 𝐿 𝑚𝑜𝑙. 𝑠⁄ e o valor da energia de ativação 𝐸𝑎 que foi de 17,882 𝐾𝐽. Substituindo os valores obtidos no experimento na equação de Arrhenius encontra-se o valor de energia de ativação como sendo 17,86 𝐾𝐽, muito próximo do valor encontrado pela regressão linear. Os valores de coeficiente de correlação obtidos nos Gráficos 2 e 3 foram próximos de 1, ou seja, a regressão linear foi satisfatória. y = -17,882x + 1,9828 R² = 0,9994 -5,3 -5,25 -5,2 -5,15 -5,1 -5,05 -5 -4,95 0,39 0,3950,4 0,405 Ln ( k) 1/RT (mol/KJ) Energia de ativação (Ea) 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] FOGLER, H. Scott. Elementos de Engenharia das Reações Químicas. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. [2] LEVENSPIEL, Octave. Engenharia das Reações Químicas. 3. ed: Blücher, 2011. [3] SANCINETTI, G. P; ANDRADE, G. S. S. Cinética de uma reação de 2ª ordem: Saponificação do acetato de etila.
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