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A Criatividade e o Mercado de Trabalho Renata Mateus Introdução A criatividade faz parte do dia a dia das pessoas, seja nas pequenas atitudes ou na criação de novos projetos. Engana-se quem acredita que a criatividade é inerente apenas a quem trabalha na área de marketing ou correlatas, ela está presente em todos os lugares, independente se o profissio- nal atua ou não na área. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender a importância do papel criativo dentro das organizações; • identificar os atributos do profissional criativo e inovador; • entender como o clima favorece o comportamento criativo e quais barreiras no ambiente de trabalho podem prejudicá-lo. 1 O papel do criativo dentro das organizações: criatividade pessoal e organizacional No mundo globalizado e tecnológico de hoje, as empresas já sabem que, para se manter com- petitivas, necessitam criar e adaptar seus modelos de negócios continuamente. A inovação, para Casadesus-Masanell e Zhu (2013 apud GREGORY, ROSA e CASAROTTO FILHO, 2013), é a busca das empresas por novas formas de deter e criar valor para todos os seus contatos internos ou externos (clientes, fornecedores, colaboradores), que estejam envolvidos no processo e com a organização. FIQUE ATENTO! Johnsos, Chistensen e Kagermann (2008 apud GREGORY, ROSA e CASAROTTO FI- LHO, 2013) afirmam que 50% dos executivos acreditam que, para o sucesso das organizações, a inovação nos modelos de negócios será mais importante do que a inovação de produtos. A criatividade das pessoas e equipes, no início desse proces- so de inovação, assume um papel fundamental, já que a inovação será a implanta- ção das ideias criativas. Para Gregory, Rosa e Casarotto Filho (2013), os modelos de negócios podem abranger a criatividade da seguinte forma: • práticas de gestão (Líder/Gestor): o líder ou gestor é o agente de mudança e facilitador da criatividade e inovação nas organizações. São eles que motivarão suas equipes a perceber que a mudança é uma oportunidade para aperfeiçoar o modelo de negócio e incentivarão a aprender através do compartilhamento de informações; • motivação organizacional (Cultura Criativa): é o suporte para que os colaboradores inovem nas empresas; tem como base o valor depositado na criatividade e o entu- siasmo da empresa a respeito das capacidades e possibilidades da realização; • recursos: é a estrutura que a empresa deve disponibilizar para dar suporte e tornar possível a inovação; • expertise, habilidades criativas e motivação para a tarefa (criatividade do indivíduo/ equipe): é a competência ou qualidade de especialista. As habilidades criativas e a moti- vação para tarefas individuais ou em grupo são peças fundamentais para a criatividade. Figura 1 – Impacto do ambiente organizacional na criatividade Cultura criativa Inovação Líder/ gestor Ambiente de trabalho Imp acta Criatividade do indivíduo Criatividade Criatividade da equipe Fonte: GREGORY, ROSA e CASAROTTO FILHO, 2013, p.223. Sempre pensamos que a criação de novos produtos é uma, ou mesmo a única, forma de explorar a criatividade no ambiente de trabalho, mas, segundo Goleman, Ray e Kaufman (2013), há outras maneiras de utilizá-la, como veremos a seguir. 1. Informação: as Tecnologias da Informação e Comunicação exigem elevados índices de criatividade, já que a avalanche de informações que recebemos todos os dais não terão nenhum valor se não forem tratadas de forma criativa. 2. Conhecimento: o conhecimento, sendo essencial em um mundo competitivo que necessita da criatividade nas empresas, é mais valorizado do que o próprio patrimônio físico nos dias de hoje. 3. Mudança: para crescer, as organizações precisam se reinventar constantemente atra- vés da criatividade. A chave para o futuro não depende apenas das novas ideias, mas também de colocá-las em prática, inovando. 4. Carreira: os trabalhadores modernos têm novas expectativas, buscando organizações onde possam desenvolver a imaginação, a inspiração e as ideias, além de praticar a criatividade. 5. Design: ligado a todos os setores da organização, ajuda a diferenciar o produto, a marca ou até mesmo a empresa de seus concorrentes. 6. Consumidor: é quem conduz o mercado, exigindo alto nível de criatividade da empresa, pois demanda novos produtos que se adéquem às suas necessidades, com qualidade, novidades, inteligência e durabilidade. 7. Gestão: as pessoas criativas com novas motivações exigem novas metodologias de gestão, que permitam associar as necessidades dos trabalhadores com talento às necessidades da empresa. SAIBA MAIS! Leia sobre o papel da criatividade no ambiente empresarial atualmente no Manual de criatividade empresarial, capítulos 2, 3 e 4. Acesse: <http://www.cria.pt/media/1366/ manual-creatividade-portugues_pt_web.pdf>. Assim, é importante que as empresas também adotem uma orientação voltada ao surgi- mento de novas ideias, pois não adianta a empresa ter colaboradores motivados, que pensem criativamente, se o ambiente organizacional não for propício para o surgimento de novas ideias. EXEMPLO Para se ter um ambiente propício à criatividade, é necessário criar espaços para seus funcionários interagirem durante o expediente. Empresas já proporcionam para seus colaboradores lugares calmos, para relaxar, com atividades de lazer e descanso, como salas de jogos, ambientes de massagem e cafés, que quebram a rotina diária e melho- ram o clima organizacional. 2 O comportamento criativo: atributos do profissional criativo e inovador As pessoas criativas têm a habilidade de descobrir novas formas de abordar ou apresentar soluções a um problema com uma maneira diferente de pensar, muitas vezes pouco convencional. Possuem a capacidade de adaptar-se a diversas situações e de cumprir os objetivos estabelecidos. FIQUE ATENTO! A mente criativa procura diferentes formas de pensamento e é capaz de reinterpre- tar a realidade segundo novos parâmetros lógicos, ajudando, por exemplo, a solu- cionar problemas em ambientes empresariais, vendo-os sob uma nova perspectiva. Quando falamos do perfil de um líder criativo, isso engloba também a capacidade de ser origi- nal, ser aberto a novas experiências, ter facilidade de comunicação, espírito inovador e assertividade. Figura 2 – Elementos para a atitude criativa Fonte: adaptado de MANUAL DE CRIATIVIDADE EMPRESARIAL, 2010 Com isso, percebemos que quando possuímos uma predisposição para encontrar soluções e para a mudança, como resultado, temos uma atitude criativa, relacionada ao uso de novas formas e metodologias, que não correspondem às lógicas tradicionais. 3 O clima que favorece o comportamento criativo As empresas estão cada vez maiores e mais complexas, exigindo novas ferramentas para a sua gestão. É fundamental que a organização tenha em sua equipe pessoas com o perfil criativo, porém não é apenas isso que a torna inovadora. É necessário que proporcionem a seus colaborado- res um ambiente de estímulo, captura e disseminação de novas ideias, alimentando a criatividade. Para uma organização desenvolver a cultura da criatividade, é necessário que reconheça o potencial ilimitado de cada colaborador, cultive o trabalho em grupo, promova a tolerância ao erro e às diferenças e valorize as habilidades e os esforços de cada um. FIQUE ATENTO! Treinamentos focados no desenvolver criativo do colaborador ajudam a aumentar a conexão entre os funcionários e a trabalhar molduras mentais para se adequarem à cultura da criatividade, introduzindo técnicas criativas que podem ser adotadas no trabalho diário de um grupo. A empresa deve incentivar e desenvolver a cultura criativa, pois é dessa forma que surgirá o desenvolvimento de soluções inovadoras, que realinham as atividades, aceitam as mudanças organizacionaise melhoram a flexibilidade estratégica. Portanto, para uma empresa ser criativa, ela deve apresentar diversos comportamentos e características que favoreçam o fluxo da criatividade. Quadro 1 – Diferenças entre as empresas criativas e não criativas Empresa criativa Empresa não criativa Volta ao mercado Pouco monitoramento do mercado Flexibilidade Rigidez Liderança participativa e transformadora Tomada de decisão hierarquizada Ambientes colaborativos à criatividade Ambientes tradicionais Adaptação constante Receio de inovação Compartilhar conhecimento Escassez de colaboração Sistema de incentivos e desafiador Pouca motivação ao novo Paciência e compreensão ao fracasso Punição as falhas Comunicação aberta para todos Centralização da informação Estrutura leve Estrutura hierarquizada e centralizada Fonte: adaptado do MANUAL DE CRIATIVIDADE EMPRESARIAL, 2010. Com tanta inovação é essencial avaliar todos os novos processos. As empresas utilizam o método PDCA (“Plan” – planejar / “Do” - fazer ou executar / “Check” - checar, analisar ou verificar / “Action” - agir de forma a corrigir eventuais erros ou falhas), para fazer essa análise. EXEMPLO Na criação de um novo produto, é importante avaliar desde a criação até o momento da compra, avaliando se o produto atendeu às necessidades do cliente e ao objetivo da empresa, bem como se os processos de inovação tiveram o retorno desejado. SAIBA MAIS! No artigo Gestão da Criatividade, José Cláudio Cyrineu Terra aborda temas como treinamento para a criatividade nas organizações e o clima, motivação e recompen- sas para a criatividade nas organizações. Acesse: <200.232.30.99/download.asp?fi- le=3503038.pdf>. Por fim, implementar um processo criativo na organização exige a adoção de um enfoque criativo em toda a gestão, o que resultará em diversos benefícios, como protagonismo das mudan- ças, repostas mais eficazes às exigências do mercado, melhora na produtividade, confiança e motivação e um melhoramento no ambiente de trabalho da empresa. 4 Barreiras no ambiente de trabalho Além dos bloqueios internos e externos que o indivíduo sofre no processo criativo, dentro das organizações existem elementos que estimulam a criatividade e aqueles que bloqueiam, como: • existência de uma estrutura vertical; • procura de uma única resposta a um problema; • procura de respostas com lógicas e normas; • pensamento de que a criatividade é apenas para atividades artísticas; • medo do fracasso e erro; • falta de abertura a novas ideias; • pensamento de que a criatividade é pouco eficaz em termos de resultados econômicos; • geração de ideias e inovação são tarefas apenas para o setor de Pesquisa e Desenvol- vimento (P&D). Figura 3 – O equilíbrio criativo na empresa Fonte: Corepics VOF/Shutterstock.com e Roman Samborskyi/Shutterstock.com Para que uma empresa seja criativa, é preciso que ela proporcione as condições para que isso aflore, indo contra o condicionamento imposto pela própria sociedade, o qual desperdiça e inibe a criatividade de seus colaboradores. Fechamento Chegamos ao final do conteúdo, que abordou sobre a relação de criatividade com o mundo corporativo. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender como as organizações podem explorar a criatividade; • conhecer o comportamento do criativo; • entender como proporcionar um clima favorável à criatividade no ambiente corporativo. Referências GOLEMAN, Daniel; RAY, Micheal L.; KAUFMAN, Paul. O Espírito Criativo. 4 ed. Tradução Gilson Cesar Cardoso de Souza. Editora Cultrix: São Paulo, 2013. GREGORY, Rodrigo Pereira; ROSA, Letícia Kern da; CASAROTTO FILHO, Nelson. O papel da criativi- dade na inovação em modelos de negócios. In Contribuições da criatividade em diferentes áreas do conhecimento. (Vania Ribas Ulbright, Tarcísio Vanzin, Andreza Regina Lopes da Silva e Claudia Regina Batista, Orgs.). São Paulo: Pimenta Cultural, 2013. Disponível em: < http://www.academia. edu/9139784/_eBook_-_PDF_Contribui%C3%A7%C3%B5es_da_criatividade_em_diferentes_%- C3%A1reas_do_conhecimento>. Acesso em: 07 maio 2017. MANUAL DE CRIATIVIDADE EMPRESARIAL. Universidade do Algarve/CRIA, 2010. Disponível em: <http:// www.cria.pt/media/1366/manual-creatividade-portugues_pt_web.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2017. TERRA, José Cláudio Cyrineu. Gestão da Criatividade. Revista de Administração, São Paulo v.35, n.3, p.38-47, julho/setembro 2000. Disponível em: <200.232.30.99/download.asp?file=3503038. pdf>. Acesso em: 18 abr. 2017.
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