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Cascas e Caules Em Farmacognosia, denomina-se casca o conjunto de tecido localizado externamente ao câmbio, nos caules e nas raízes. Fig. 1: A: Fragmento de caule aberto longitudinalmente. 1 - casca; 2 - lenho; 3 - raio medular; 4 - anéis de crescimento; 5 - região do câmbio. B: Casca separada do lenho. Fonte: Oliveira, 1991. CASCA A Figura 2 mostra as partes constituintes de uma casca adulta e, dependendo do grau de desenvolvimento, a casca também contém parênquima cortical primário e periciclo. Fonte: Oliveira, 1991. CASCA Fig. 2: Desenho esquemático de uma casca adulta: 1 - súber; 2 - região do felógeno; 3 - feloderma; 4 - floema primário; 5 - periciclo; 6 - floema secundário. Forma – depende da maneira pela qual a casca é separada do caule ou da raiz. Classificamos de acordo com o grau de curvatura em cascas planas (A), cascas encurvadas (B), cascas canaletadas (C) e cascas em forma de canudo (D). Fonte: Oliveira, 1991. CASCA – Macromorfologia Fig. 3: Tipos de curvaturas. Dimensão – significado relativo. Dependendo da maneira como as drogas são coletadas, os fragmentos podem ser maiores ou menores. Aspecto da superfície externa – bem variável. Pode apresentar aspecto quase liso, aspecto bastante irregular e aspecto estriado ou ainda apresentar acúleos. Também é comum encontrarmos líquens, musgos e hepáticas aderidos as cascas. CASCA – Macromorfologia Aspecto da superfície interna – pode ser fina ou grosseiramente estriada e também bastante fibrosa, as vezes podemos ver pontos refringentes (cristais), outras vezes podemos ver esquirolas (grupos de fibras). Aspecto da secção transversal – pode ser homogênea ou não. Há duas regiões de coloração distinta e pode ainda se observar pontos brilhantes. A adição de floroglucina clorídrica adquire aos elementos lignificados coloração vermelho-cereja. CASCA – Macromorfologia Fratura – principais tipos: fratura fibrosa; fratura granulosa; fratura nítida; fratura folheada/laminada e fratura esquirolosa. CASCA – Macromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Fig. 4: A: Granulosa. B: Com máculas. C: Nítida (lisa). D: Externa lisa e interna fibrosa. E: Externa granulosa e interna fibrosa. F: Fratura interna lisa. Odor e sabor – características organolépticas são muito importantes para identificação. Exemplo: Canela-do-Ceilão e Canela-da-China = cheiro de aldeído cinâmico; Simaruba, Condurango e Quinas = sabor amargo. Peculiaridades – há casos especiais, Exemplo: casca de Quina verdadeira em ácido sulfúrico e sob lâmpada de Wood expressa fluorescência azul característica. Até mesmo a densidade relativa pode auxiliar na identificação. CASCA – Macromorfologia Os cortes para análise microscópica de drogas constituídas de casca são feitos em três sentidos: transversal (1), longitudinal radial (2) e longitudinal tangencial (3). Porém antes disso há a preparação do corpo de prova, onde é retira uma parte a casca e em seguida um paralelogramo é cortado. CASCA – Micromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Fig. 5: Tipos de cortes. Corte transversal – o que fornece mais informações. Uma casca completa, em secção transversal, apresenta: Periderma (constituintes: Fig. 6), Parênquima cortical primário, Periciclo, Floema primário e floema secundário. CASCA – Micromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Fig. 6: 1 - súber; 2 - região do felógeno; 3 - feloderma; 4 - parênquima cortical primário; 5 - periciclo; 6 - floema primário; 7 - floema secundário; 8 - raio medular secundário; 9 - região cambial. Corte transversal – uma casca pode apresentar penas um periderma ou vários, neste caso a região mais externa da casca será representada por um ritidoma. CASCA – Micromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Fig. 7: Casca contendo ritidoma. 1 - Peridermes; 2 - Parênquima cortical secundário; 3 - Grupo de células pétreas; 4 - Grupo de fibras; 5 - Floema; 6 - Floema secundário; 7 - Raio medular. Cortes longitudinais radiais – permitem observar grupos de fibras ou células pétreas, além de verificar a presença de bainhas cristalíferas e estabelecer a diferença entre canal secretor/bolsas secretoras ou glândulas. Cortes longitudinais tangenciais – permitem a melhor visualização dos raios medulares secundários (raios vasculares quase sempre fusiformes) e observar as células suberosas de face. CASCA – Micromorfologia CASCA – Micromorfologia Fig. 8: Cortes e elementos constituintes da casca. 1 - súber; 2 - canal secretor; 3 - raio medular; 4 - fibras. Fonte: Oliveira, 1991. (Edição: autoras) B - Longitudinal radial. C - Longitudinal tangencial. A - Transversal. CASCA – Micromorfologia Fig. 8: Cortes e elementos constituintes da casca. 1 - súber; 2 - canal secretor; 3 - raio medular; 4 - fibras. Fonte: Oliveira, 1991. (Edição: autoras) B - Longitudinal radial. C - Longitudinal tangencial. A - Transversal. CASCA – Micromorfologia Fig. 8: Cortes e elementos constituintes da casca. 1 - súber; 2 - canal secretor; 3 - raio medular; 4 - fibras. Fonte: Oliveira, 1991. (Edição: autoras) B - Longitudinal radial. C - Longitudinal tangencial. A - Transversal. Órgão de suporte, o qual sustenta e dispõe as partes aéreas da planta (folhas, flores e frutos), efetua circulação de seiva nutritiva e pode armazenar reservas alimentares. Na região externa podemos observar: nó, entrenó, gema apical e gema lateral. Fonte: Autoras. CAULE Fig. 9: Partes constituintes. O caule pode ser classificado de diferentes maneiras dependendo da característica analisada, como quanto à: Consistência CAULE – Macromorfologia Fig. 10: Exemplo caule herbáceo. Herbáceos: caules tenros, geralmente clorofilados, flexíveis, não lignificados. Característico de ervas, exemplo: Moréia (Dietes bicolor) – fig. 10 CAULE – Macromorfologia Sublenhosos: lignificados apenas na região basal e tenros no ápice. Ocorre em muitos subarbustos, exemplo: Coroa-de-Cristo (Euphorbia milii) – fig. 11 Fig. 11: Exemplo caule sublenhoso. CAULE – Macromorfologia Fig. 12: Exemplo caule lenhoso. Lenhosos: intensamente lignificados, rígidos, geralmente de grande porte e com um considerável aumento em diâmetro. São os troncos das árvores, exemplo: Mogno (Swietenia macrophylla) – fig. 12 CAULE – Macromorfologia Fig. 13: Exemplo erva. Desenvolvimento Ervas: Plantas geralmente pouco desenvolvidas, de consistência herbácea e tenra. Exemplo: Amor-perfeito (Viola wittrockiana) – fig. 13 CAULE – Macromorfologia Fig. 14: Exemplo subarbusto. Subarbustos: alcançam aproximadamente 1,5 m e possuem ramos sublenhosos. Exemplo: Arnica (Arnica chamissonis) – fig. 14 CAULE – Macromorfologia Fig. 15: Exemplo arbusto. Arbustos: plantas com altura média inferior a 5 m, são resistentes e possuem ramos lenhosos, porém sem um tronco predominante. Exemplo: Ixora (Ixora undulata) – fig. 15 CAULE – Macromorfologia Fig. 16: Exemplo árvore. Árvore: plantas de altura superior a 5 m, geralmente com tronco nítido com haste (parte ereta) e copa (parte ramificada). Exemplo: Pinheiro-dourado (Chamaecyparis obtusa) – fig. 16 CAULE – Macromorfologia Fig. 17: Exemplo trepadeira. Trepadeira: caule tipo cipó, trepador, sarmentoso*, lenhoso e que costuma atingir vários metros de comprimento. Exemplo: Cipó-de-São-João (Pyrostegia venusta) – fig. 17 * Delgado e flexível. CAULE – Macromorfologia Fig. 18: Exemplo haste. Habitat – Aéreos Haste: caule de diâmetro relativamente pequeno, ereto, herbáceo, clorofilado e não lignificado. Exemplo: Copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica).– fig. 18 CAULE – Macromorfologia Fig. 19: Exemplo tronco. Tronco: caule robusto, desenvolvimento maior na base e ramificações no ápice, característico das árvores. Exemplo: Paineira (Chorisia speciosa) – fig. 19 CAULE – Macromorfologia Fig. 20: Exemplo estipe. Estipe: caule geralmente cilíndrico, não ramificado, com uma coroa de folhas apenas no ápice. Exemplo: Pandano (Pandanus veitchii) – fig. 20 CAULE – Macromorfologia Fig. 21: Exemplo colmo cheio. Colmo: geralmente ramificado, nítida divisão entre nós e folhas desde a base. Podem ser cheios (entrenós com medula), exemplo: cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) – fig. 21, ou fistulosos (sem medula), exemplo: Bambu (Bambusa vulgaris) – fig. 22 Fig. 22: Exemplo colmo fistuloso. CAULE – Macromorfologia Fig. 24: Exemplo sarmentoso. Sarmentoso ou prostrado: se prende ao solo por um único ponto de fixação e cresce rastejando, sem formar outros pontos de enraizamento. Exemplo: Abóbora (Cucurbita pepo) – fig. 24 Obs: Um caule rastejante ao encontrar suporte pode se tornar trepador (por elementos de fixação). CAULE – Macromorfologia Fig. 25: Exemplo volúvel. Volúveis: dotados de irritabilidade e se enrolam ao tocar no suporte para direita (dextrorso) ou para esquerda (sinistrorso). Exemplo: Campainha (Ipomoea carnea) – fig. 25 CAULE – Macromorfologia Fig. 26: Exemplo rizoma. Habitat – Subterrâneos Rizoma: pouco cilíndrico, com catafilos*, pode ser delgado ou suculento e forma raízes a partir dos nós. Exemplo: Espada-de-São-Jorge (Sanseviera trifasciata) – fig. 26 * Folhas modificadas com função de proteger as gemas dormentes. CAULE – Macromorfologia Fig. 27: Exemplo tubérculo. Tubérculo: subterrâneo que apresenta ramos longos e delgados com porção terminal cheia de reservas. Também é envolvido por catafilos. Exemplo: Batata Inglesa (Solanum tuberosum) – fig. 27 Obs: se difere do rizoma pelo seu espessamento ser nas porções terminais e por não formar raízes a partir dos nós. CAULE – Macromorfologia Fig. 28: Exemplo cormo. Cormo: sistema caulinar espessado e comprimido verticalmente, geralmente envolvido por catafilos secos. Exemplo: Palma-de-Santa-Rita (Gladiolus hortulanus) – fig. 28 CAULE – Macromorfologia Fig. 29: Exemplo bulbo tunicado. Bulbo: sistema caulinar comprimido verticalmente (disco basal) do qual partem muitos catafilos. Podem ainda ser tunicado, exemplo: Cebola (Allium cepa) – fig. 29. Ou escamoso, exemplo: Lírio-japonês (Lilium longiflorum) – fig. 30 Fig. 30: Exemplo bulbo escamoso. CAULE – Macromorfologia Fig. 31: Exemplo xilopódio. Xilopódio: muito espessado, geralmente lignificado e duro. Sua estrutura anatômica não é bem conhecida ainda. Exemplo: Camará (Camarea hirsuta) – fig. 31 CAULE – Macromorfologia Fig. 32: Exemplo aquático. Habitat – Aquáticos São aqueles que se desenvolvem em meios aquáticos com grande quantidade de parênquima*. Exemplo: Aguapé (Eichornia crassipes) – fig. 32 * Tecido com grandes e numerosos espaços intercelulares que proporcionam mais oxigenação e melhor flutuação. ramos modificados para fixação do caule trepador. Exemplo hélice: maracujá (Passiflora alata), ex. garras: Cipó-unha-de-gato (Macfadyena unguis) e ex. ventosas: Vinha-falsa (Parthenocissus tricuspidata). Adaptações Gavinhas: CAULE – Macromorfologia Adaptações Gavinhas: CAULE – Macromorfologia Fig. 33: Exemplo hélice. Adaptações Gavinhas: CAULE – Macromorfologia Fig. 34: Exemplo garra. Adaptações Gavinhas: CAULE – Macromorfologia Fig. 35: Exemplo ventosa. CAULE – Macromorfologia Fig. 36: Exemplo espinho. Espinhos: são gemas desenvolvidas com função de proteção contra predação. Exemplo: Limoeiro (Citrus limon) – fig. 36 Obs: Não confundir com acúleos, como da Rosa (Rosa sinensis). CAULE – Macromorfologia Fig. 37: Exemplo cladódio. Cladódio: caule modificado com aparência e função fotossintetizante, porém de crescimento contínuo. Geralmente ocorre em plantas afilas. Exemplo: Carqueja (Baccharis trimera) – fig. 37 Os caules com estrutura primária de maneira geral podem ser distribuídos em quatro estruturas básicas: sifonostelos, eustelos, atactostelos e polistelos. A figura 38 demonstra 3 delas: CAULE – Micromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Fig. 38: A: Estrutura eustélica. B: Estrutura atactostélica. C: Estrutura poliestélica. 1 - feixe vascular. Esteio é o cilindro central do eixo dos vegetais, ou seja, o conjunto de xilema, floema e parênquima. As estruturas sifonostélicas e eustélicas podem ser de dois tipos, de acordo com a distribuição do floema (fig. 39 e 40): CAULE – Micromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Fig. 39: A - caule sifonostélico ectoflóico. B - caule sifonostélico anfifloico. 1 - floema; 2 - xilema. Esteio é o cilindro central do eixo dos vegetais, ou seja, o conjunto de xilema, floema e parênquima. As estruturas sifonostélicas e eustélicas podem ser de dois tipos, de acordo com a distribuição do floema (fig. 39 e 40): CAULE – Micromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Fig. 40: A - caule eustélico ectoflóico. B - caule eustélico anfifloico. 1 - região cortical; 2 - floema; 3 - raio medular; 4 - xilema; 5A - medula; 5B - floema; 6 - medula. Mulungu (Erythrina verna) – fig. 41 Nomes populares: Sapatinho-de-judeu ou Bico-de-papagaio; Sinonímias científicas: Erythrina corallodendron e Erythrina mulungu; Parte usada: casca; Sabor: amargo; Odor: semelhante à maresia. Exemplo de Droga Vegetal Fig. 41: DV – Mulungu. Mulungu (Erythrina verna) Fragmentos pouco recurvados de cor pardo-esverdeada externamente e pardo-clara amarelada internamente. DV – Macromorfologia Superfície externa muito enrugada longitudinalmente, com fendas transversais e pequenos espinhos cônicos e lisos. Face interna é finamente estriada longitudinalmente. Fig. 42: cascas de Mulungu. Fig. 43: Secção transversal. 1 - súber e células tabulares; 2 - parênquima cortical; 3 - células pétreas; 4 - periciclo fibroso; 5 - ceratênquima; 6 - grupo de fibras envoltas em bainha cristalífera; 7 - raio medular secundário. DV – Micromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Fig. 44: Secção longitudinal radial. 1 - súber; 2 - células pétreas; 3 - parênquima cortical; 4 - fibras pericíclicas; 5 - ceratênquima; 6 - fibras do floema; 7 - bainha cristalífera; 8 - raio medular. DV – Micromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Fig. 45: Secção longitudinal tangencial. A e B: 1 - raio medular; 2 - fibras. C: 1 - célula com cristais prismáticos. D: 1 - células pétreas na região cortical. DV – Micromorfologia Fonte: Oliveira, 1991. Obrigada! Perguntas? Referências MORFOLOGIA Vegetal: Caule. Passei Direto. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/1205741/morfologia-vegetal---caule>. Acesso em: 3 abr 2018. Autor desconhecido. OLIVEIRA, Fernando de; AKISUE, Gokithi; AKISUE, Maria Kubota. Farmacognosia. São Paulo: Atheneu, 1991. 412p, il.
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