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07/10/2016 1 Diferenças Conceituais Os antimicrobianos são substâncias naturais (antibióticos) ou sintéticas (quimioterápicos) que agem sobre MICRORGANISMOS, inibindo o seu crescimento ou causando a sua destruição. Antimicrobianos X Antibacterianos Os antimicrobianos envolvem a classe dos: 1) Antibacterianos 2) Antifúngicos 3) Antivirais 4) Antiparasitários Assim, todo antibacteriano será um antimicrobiano (seja antibiótico ou quimioterápico), mas nem todo antimicrobiano obrigatoriamente é um antibacteriano. 07/10/2016 2 Ação Biológica • Bactericidas = quando são capazes de, nas concentrações habitualmente atingidas no sangue, determinar a morte dos microrganismos sensíveis • Bacteriostáticos = inibem o crescimento e a multiplicação dos microrganismos sensíveis, sem, todavia, destruí-los. CI para pacientes imunocomprometidos O antibacteriano ideal deve reunir as seguintes condições: A) Ação antimicrobiana seletiva e potente, preferencialmente de amplo espectro, porém sem agir contra a microbiota residente; B) Ser bactericida; C) Deve exercer sua ação mesmo em presença de líquidos orgânicos, e não ser destruído por enzimas tissulares; D) Não deve interferir nas defesas do organismo, nem atacar os leucócitos, nem lesionar os tecidos do hospedeiro; E) Não deve produzir fenômenos alérgicos. O antibacteriano ideal deve reunir as seguintes condições: F) Não deve provocar o desenvolvimento de resistência. G) Deve ser efetivo por todas as vias de administração. H) Deve possuir conveniente índice terapêutico nas doses necessárias e durantes períodos prolongados. I) Não deve produzir efeitos adversos relevantes. J) Ter baixo custo. 07/10/2016 3 Razões para usar ATB bactericida • Não há dependência exclusiva do sistema imunológico para erradicação da infecção • Menor tempo para tratamento da infecção • Podem produzir efeitos mais prolongados que o tempo de exposição à droga (efeito pós-ATB) OBS: Em condições graves não há outra opção. Ex: tto de endocardite bacteriana, septicemia ou infecções em imunocomprometidos Razões para usar ATB de pequeno espectro • São geralmente mais eficazes contra grupos específicos • Menos alteração na flora normal, com menor incidência de superinfecção (bactérias e fungos que não eram patogênicos, agora o são por supressão da competição com a flora residente) Mecanismo de Ação dos ATB 1) Inibição da formação da parede celular: penicilinas e cefalosporinas 2) Inibição da síntese de proteínas (subunidades 30S ou 50S): tetraciclinas, lincosaminas, macrolídeos e aminoglicosídeos 3) Inibição da síntese dos ácidos nucleicos: quinolonas, metronidazol 4) Antimetabólitos: sulfonamidas QUANDO USAR ATB? • Com exceção dos casos onde a profilaxia esteja prevista, o melhor critério para essa decisão é a presença ou não de sinais de disseminação e manifestações sistêmicas da infecção, a saber: edema pronunciado (celulite), trismo mandibular, linfadenite, febre, taquicardia, falta de apetite, disfagia, ou mal-estar geral. 07/10/2016 4 QUANDO USAR ATB? • O uso de ATB tem por objetivo auxiliar o hospedeiro a controlar ou eliminar os microrganismos que suplantaram, temporariamente, seus mecanismos de proteção • Na prática, isso quer dizer que na presença de um processo infeccioso bacteriano localizado, delimitado, sem sinais locais de disseminação ou manifestações sistêmicas NÃO é necessário ATB. Resistência Bacteriana • Quando a bactéria sobrevive a concentrações de ATB superiores (ou muito superiores) àquelas atingidas nos tecidos ou no sangue. • Uma bactéria resistente não é afetada por um aumento da dose ou por um maior tempo de tratamento • O uso indiscriminado e errôneo de ATB ao longo dos anos é apontado como um dos maiores agentes de pressão seletiva sobre os microrganismos. Causas de resistência bacteriana • Mutação nos genes de resistência bacteriana; • Transferência de informações através da partilha de material genético entre bactérias; • Os ATB fazem pressão seletiva nos microrganismos. Fatores potencias que influenciam a manutenção e disseminação de clones resistentes Uso de Antibacterianos: - Tratamento com antibacterianos recentes (<2 meses) - Dose subótima - Longa ou curta duração da dosagem 07/10/2016 5 Terapia “Empírica”XAntibiograma Tempo de uso??? Indicações de Cultura e Teste de Sensibilidade Antibiótica • Infecções de rápida progressão • Infecção pós-operatória • Infecções refratárias à terapia empírica • Infecção recidivante • Osteomielite • Actinomicose ANTIBACTERIANOS EMPREGADOS EM ODONTOLOGIA 07/10/2016 6 Características Gerais das Penicilinas • Fazem parte do grupo dos ATB betalactâmicos (penicilinas, cefalosporinas) • TODAS as penicilinas são BACTERICIDAS • Mecanismo de ação: inibição da síntese da parece celular bacteriana Características Gerais das Penicilinas • Espectro de ação: pequeno ou ampliado, adequado • Concentram-se nos líquidos orgânicos, inclusive no líquor (meningite) • Metabolização no fígado e excreção renal 07/10/2016 7 Características Gerais das Penicilinas • Baixo Custo • Ativas contra microrganismos da infecção odontogênica (cocos aeróbios e anaeróbios G+ e bacilos anaeróbios G-) • Praticamente desprovidas de reações adversas: 5 a 10% tem reações alérgicas; náuseas, vômitos e diarreias • Algumas pesquisas relatam diminuição da eficácia do anticoncepcional • As penicilinas são primeira opção como coadjuvantes no tratamento das infecções odontogênicas leves ou moderadamente severas, em alguns casos associadas ao metronidazol ou aos inibidores das beta-lactamases!!! A) Penicilinas Naturais / G / Benzilpenicilinas • São compostos naturais, sintetizados a partir de cultura do fungo do gênero Penicillium 1) Penicilina G potássica (benzilpenicilina potássica) 2) Penicilina G procaína (benzilpenicilina procaína) 3) Penicilina G benzatina (benzilpenicilina benzatina) • Não agem contra espécies bacterianas produtoras de beta-lactamases (penicilinases) 1) Penicilina G Potássica Cristalina • Inativada no suco gástrico • Uso parenteral IV / IM por gotejamento contínuo (meia-vida de 20 min) • Uso inviável 07/10/2016 8 2) Penicilina G Procaína • Adição de procaína (sal éster insolúvel) • O sal torna a absorção mais lenta • Níveis plasmáticos são mantidos por 12 a 24 h • Uso IM a cada 24 h 3) Penicilina G Benzatina • Adição de benzatina (sal altamente insolúvel) • Ação prolongada • Manutenção de níveis sanguíneos durante algumas semanas • Contra-indicada na infecção odontogênica • Indicações: profilaxia da febre reumática tratamento da sífilis faringite estreptocócica POSOLOGIA: PGB IM 1,2 a 2,4 MU em dose única B) Penicilina V / Fenoximetilpenicilina • “Penicilina G que pode ser usada por via oral” • Biossintética: ácido fenoxiacético é acrescentado ao meio de cultura • Estável em meio ácido (uso oral) • Não agem contra espécies bacterianas produtoras de beta-lactamases (penicilinases) Posologia: 500.000 UI - 6/6h 07/10/2016 9 C) Penicilinas de 2ª Geração (Semissintéticas) C.1) Semissintéticas de Pequeno Espectro • São as penicilinas penicilinases resistentes • Usadas contra estafilococos produtores de beta-lactamase e inativas contraestreptococos (comuns na boca) • Por isso, NÃO são usadas na infecção odontogênica • Oxacilina, meticilina, nafcilina C) Penicilinas de 2ª Geração (Semissintéticas) C.1) Semissintéticas de Espectro Ampliado • Grupo 1 (2ª geração): ampicilina e amoxicilina (Grupo 2 (3ª e 4ª geração): carbenicilina, ticarcilina, piperacilina e mezlocilina – específicos para Pseudomonas spp) • Não são resistentes a penicilinases • Associadas ao clavulanato de potássio para inibir as penicilinases • Pode ser usado na gravidez C) Penicilinas de 2ª Geração (Semissintéticas) C.1) Semissintéticas de Espectro Ampliado • Amoxicilina tem absorção de 95% no TGI (uso oral) • Ampicilina tem menor absorção no TGI – 40% (uso EV preferencialmente) • Indicações: infecção odontogênica leve e moderada profilaxia ATB C) Penicilinas de 2ª Geração (Semissintéticas) C.1) Semissintéticas de Espectro Ampliado Posologias: • Amoxicilina 500 mg 8/8h via oral dose para criança 40 mg/Kg/dia/3doses (suspensão 125 mg/ 5 ml) • Amoxicilina 500 mg + clavulanato de K 125 mg 8/8h via oral • Ampicilina 500 mg 6/6h via EV 07/10/2016 10 Cefalosporinas • Cefalexina • Fazem parte do grupo dos ATB beta- lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas) • Menos sensíveis à ação das enzimas betalactamases • Utilização limitada • TODAS as cefalosporinas são BACTERICIDAS • Mecanismo de ação: inibição da síntese da parede celular bacteriana Cefalosporinas • Reações adversas: nefrotóxicas (se uso prolongado e por altas doses); hipersensibilidade; reação alérgica cruzada com as penicilinas em 10 a 15% dos pacientes alérgicos a penicilina; náusea; vômito; diarreia • Indicações: feridas cutâneas infectadas no trauma profilaxia em portadores de prótese ortopédica quando indicado no antibiograma 07/10/2016 11 Cefalosporinas • Espectro de ação maior do que as penicilinas, mas não coincide com as bactérias odontogênicas • Não constituem primeira escolha em odontologia • São utilizadas as de primeira geração, mais ativas contra germes da cavidade bucal. • Pode ser usado na gravidez. Posologia: cefalexina 500 mg 6/6h Macrolídeos • Eritromicina, espiramicina, claritromicina, roxitromicina, “azitromicina (azalídeo)” • Mecanismo de ação: inibição da síntese proteica bacteriana (subunidade 50S) • Ação bacteriostática (bacterida dose-dependente) • Espectro de ação: similar ao da penicilina; eficaz contra bactérias G+, ineficaz contra G-, pouco eficaz contra anaeróbios 07/10/2016 12 Macrolídeos • Grande parte da excreção através da bile (bom uso para pacientes com insuficiência renal) • Baixa toxicidade • Efeitos adversos: hepatotoxicidade (especialmente sob a forma de estolato de eritromicina) , distúrbios GI (náuseas, vômitos e diarreia) Macrolídeos • Indicação: infecções odontogênicas leves (mo G+) em pacientes alérgicos a penicilina Posologia: estearato de eritromicina 500 mg 6/6h azitromicina 500 mg 24/24h por 3 d 07/10/2016 13 Lincosaminas • Lincomicina (não muito usada) e clindamicina (derivado da lincomicina) • Mecanismo de ação: inibição da síntese proteica bacteriana (subunidade 50S) • Ação bacteriostática (bactericida dose-dependente) • Espectro de ação: semelhante ao das penicilinas, com a diferença que atingem o Staphylococcus aureus e outras bactérias produtoras de penicilinases, e também atuam sobre bacilos anaeróbios G- Lincosaminas • Excelente absorção no TGI (uso oral) • Atinge boas concentrações ósseas • Porém causam significativas alterações na flora intestinal • Reações adversas: diarreia (2 a 20%), colite pseudomembranosa • Opção à penicilina (amoxicilina) em pacientes alérgicos!!! Lincosaminas • Indicações: infecções moderadas e severas profilaxia em alérgicos a penicilina osteomielite Posologia: Clindamicina 300 mg 8/8h 07/10/2016 14 Metronidazol • Derivado do nitroimidazol • Mecanismo de ação: inibição da síntese dos ácidos nucleicos (DNA) • Ação bactericida • Espectro de ação: ativo contra praticamente todos os bacilos anaeróbios G- • Reações adversas: intolerância ao álcool (efeito antabuze/dissulfiram), pode potencializar efeito de anticoagulantes, gosto metálico, língua saburrosa negra, náuseas, neuropatia periférica (se uso prolongado) Metronidazol • Indicações: infecção por anaeróbios associado a amoxicilina em infecções odontogênicas graves Posologia: metronidazol 250 mg 8/8h 07/10/2016 15 Tetraciclinas • Tetraciclina, oxitetraciclina, doxiciclina, minociclina • Mecanismo de ação: inibição da síntese proteica bacteriana (subunidade 30S) • Ação bacteriostática • Espectro de ação: amplo espectro – ativa contra muitas bactérias G+ e G- aeróbias e anaeróbias Tetraciclinas • Absorção prejudicada por alimentos, leite e antiácidos • Reações adversas: irritação GI hepato e nefrotoxicidade ATB + causam superinfecção Prolongam o TC Diminui a eficácia do anticoncepcional • Deposita-se nos ossos e dentes Tetraciclinas • Indicações: periodontite infanto-juvenil / agressiva Posologia: tetraciclina 500 mg 6/6 horas 07/10/2016 16 Aminoglicosídeos • Gentamicina e amicacina • Mecanismo de ação: inibição da síntese proteica bacteriana (subunidade 30S) • Ação bactericida • Espectro de ação: bactérias G+ e G-, incluindo Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e bactérias produtoras de penicilinases Aminoglicosídeos • Uso limitado em Odontologia • Tratamento de infecções graves, por via parenteral, em hospitais (associado a penicilina) • Efeito pós-ATB prolongado • Reações adversas: Todos os compostos do grupo são ototóxicos e nefrotóxicos, em maior ou menor grau 07/10/2016 17 Aminoglicosídeos • Indicações: infecções severas com risco de vida (penicilina + aminoglicosídeos) Posologia: Gentamicina (primeira escolha dos aminoglicosídeos) O emprego de ATB na clínica odontológica está indicado em duas situações totalmente distintas: na prevenção (profilaxia) ou no tratamento (terapêutica) das infecções! 07/10/2016 18 Profilaxia das Infecções • Consiste na administração de antibacterianos a pacientes que não apresentam evidências de infecção, com o intuito de se prevenir a colonização de bactérias e suas complicações. • A profilaxia ATB em procedimentos odontológicos somente é justificada para pacientes com doenças cardíacas associadas a maiores riscos de consequências adversas de endocardite bacteriana (ou infecciosa), incluindo: 1) Endocardite bacteriana prévia; 2) Valva cardíaca protética ou material protético usado no reparo da válvula; Condições em que a profilaxia é justificada 3) Doença cardíaca congênita nas seguintes categorias: 3.1) doença cardíaca congênita cianótica não reparada, incluindo shunts e condutos paliativos; 3.2) doença cardíaca congênita completamente reparada com material ou dispositivo protético, durante os primeiros 6 meses após o procedimento; 3.3) Doença cardíaca congênita reparada com defeitos residuais no sítio ou adjacente ao sítio de um dispositivo protético. 4) Valvopatia cardíaca em paciente transplantado cardíaco.• Marcapasso? Pontes venosas? • Diabetes? • Pacientes renais crônicos/Diálise renal? • Pacientes imunocomprometidos? (HIV+?) Condições em que a profilaxia é justificada? 07/10/2016 19 Em quais procedimentos a profilaxia é justificada? • Todos procedimentos odontológicos que envolvem manipulação de tecido gengival, região periapical dos dentes ou perfuração da mucosa oral. • NÃO sendo justificada em injeções de AL em tecidos não infectados, radiografias, colocação e ajuste de prótese removível ou aparelhagem ortodôntica (incluindo brackets), esfoliação de dentes decíduos e sangramento por trauma dos lábios e mucosa oral Fonte: American Heart Association(2008)
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