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As Bases da Teoria Quântica 1 AS BASES DA TEORIA QUÂNTICA 1. Espectros Atômicos Na primeira metade do século XIX Josef Fraunhofer fez a primeiras observações do espectro da luz do Sol. No ano de 1861, Kirchoff e Bunsen iniciam os estudos dos espectros dos átomos de metais alcalinos. Em 1885, Balmer descobre uma série de linhas no espectro atômico do átomo de hidrogênio, que passou se chamar de série de Balmer. Destes experimentos, Balmer encontrou uma relação matemática empírica que descrevia a posição de todas as linhas espectrais do hidrogênio 1 =R y 122− 1n22 , ni=3,4 ,5 ,⋯, R y=109.677,581 cm−1 (1) em que λ é o comprimento de onda e Ry é a constante de Rydberg. Aspectos dos Espectros dos Átomos – Linhas muito finas; – Absorção e emissão de energia não ocorre em bandas ou de modo contínuo, mas em valores discretos (bem definidos) de comprimento de onda (λ) ou frequência (f): os valores são quantizados. A junção destes dois fatos experimentais permitiu a determinação do valor de RY com precisão; – O espectro de cada tipo de elemento é altamente característico, como se fosse uma identidade do elemento. A detecção do espectro característico de um elemento é a comprovação que este está presente em uma determinada amostra: princípio da espectrometria (de absorção atômica, por exemplo); A partir destas obervações experimentais qualquer teoria atômica ficou com o ônus de explicar este comportamento espectral. Por exemplo, para o átomo de hidrogênio, o resultado desta teoria tem que se enquadra à equação empírica de Balmer. Exercício 3.1, Hanna (pag.34) Calcule a posição das linhas no átomo de hidrogênio em unidades de Ry para n2=3, 4, 5, 10, 100, ∞. Construa o gráfico destes resultados ao longo da escala horizontal 1/λ. Observe como as linhas convergem para um valor limite (limite da série). Prof. Ricardo Celeste – UNICENTRO, Guarapuava PR - 03/08/14 As Bases da Teoria Quântica 2 2. Radiação do Corpo Negro O primeiro experimento que levou a questionamentos a respeito da validade dos conceitos da Mecânica Clássica foi aquele projetado para medir a dependência da radiação do corpo negro em relação à frequência ou comprimento de onda. O fenômeno “Radiação do Corpo Negro” é o seguinte: – aquecendose uma resistência, forno, etc, o dispositivo emite radiação na forma de calor, esta pode ser sentida, por exemplo, aproximandose a mão do aparato, mas não pode ser vista (IV); – aumentandose a temperatura o dispositivo vai, gradativamente, à medida que a temperatura aumenta, mudando de cor. vermelho infravermelho branco azul ultravioleta A mudança de cor é uma evidência de que a distribuição das frequências da radiação emitida varia com a temperatura. Prof. Ricardo Celeste – UNICENTRO, Guarapuava PR - 03/08/14 As Bases da Teoria Quântica 3 Esquema do Corpo Negro Modelo Esquemático do corpo negro Assumese que o dispositivo está isolado, portanto o aumento de temperatura só ocorre pela adição de calor no interior do corpo negro. A cavidade é evacuada e a radiação de dentro dela só pode escapar por um pequeno orifício. Assumese que a radiação que escapa do forno é uma amostra fiel da radiação de dentro da cavidade. A intensidade da radiação é estudada em função do comprimento de onda ou da frequência em diferentes valor de temperatura, que resulta em um gráfico como segue À medida que a temperatura aumenta, o ponto de máximo da distribuição xTλ se desloca para a região do azul, fenômeno conhecido blue shift. Aplicandose a mecânica estatística clássica e as propriedades do movimento ondulatório, pode se calcular o número de ondas de luz entre as frequências ν e ν+dν em uma caixa de volume V. O número de onda é dado por g(ν)d ν=8πV ν 2 c3 d ν (2) Prof. Ricardo Celeste – UNICENTRO, Guarapuava PR - 03/08/14 As Bases da Teoria Quântica 4 Para calcular a frequência de distribuição como uma função da temperatura, Lord Rayleigh e J. H. Jeans assumiram que cada onda eletromagnética possuem seu valor clássico de energia kT. Este resultado vem do teorema da equipartição de energia da mecânica estatística clássica. Para um volume unitário e com o que foi assumido na Eq. 2, temos a equação de RayleighJeans ρ(ν ,T )d ν=8 πν 2 kT c3 d ν k=constante de Boltzmann (3) Em que (ρ ν,T)dν é a densidade de energia da radiação entre ν e ν+dν na temperatura absoluta T e é proporcional à intensidade de energia que vem de dentro do corpo negro. – a equação de RayleighJeans faz boas precisões em comprimentos de onda grandes. À medida que a frequência aumenta a equação não é capaz de predizer o ponto máximo da distribuição de energia, isto é, a densidade de energia aumenta sem limite, conforme linha pontilhada no gráfico A equação de RayleighJeans falha na previsão dos resultados experimentais porque se baseia na mecânica clássica. Esta falha é conhecida como catástrofe do UV. Rayleigh não conseguiu a solução do problema. Coube, em 1900, a Max Planck s solução, assumindo: – a radiação dentro do corpo negro surge devido à emissão de radiação por vibração do material constituinte do corpo negro; – estas vibrações não podem emitir qualquer valor de energia: propôs que a radiação possui valores discretos, aos quais chamou de quanta (plural de quantum). Prof. Ricardo Celeste – UNICENTRO, Guarapuava PR - 03/08/14 As Bases da Teoria Quântica 5 Planck propôs, por hipótese, que estes quanta fundamentais possuem valores de energia E=hν, em que h é a constante de Planck (h=6,626176.1034 J s) valor assumido por hipótese e depois aceito pois confirmava os valores experimentais. Usando a hipótese de Planck, o número de ondas de luz entre as frequências ν e ν+dν, não é mais dado pela Eq. 2 mas pela Eq. 4 abaixo g' (ν)d ν=8 πν 2 c3 (ehν/kT−1 )−1d ν (4) Que combinada com a energia de uma onda de luz (hν), resulta na lei de radiação de Planck ρ'(ν ,T )d ν=8πh ν 3 c3 (ehν/kT−1 )−1d ν (5) A Eq. 5 está em concordância exata com os valore experimentais. Exercício 3.2, Hanna, pg. 37. Demonstre que no limite de comprimentos de onda longos, a Eq. 5 tende para a Eq. 3. Sugestão: expanda a exponencial em uma série de Maclaurin e argumente a respeito do que ocorre quando hν se torna menor que kT. Exercício 3.2, Hanna, pg. 37. A função que concorda com o experimento, lei de radiação de Planck, não é a função ρ'(ν ,T )d ν mas sim a função ' ,T d . Usando o fato de que λ ν=c e que, portanto, d ν=−(c /λ2)d λ , mostre que ρ'(λ , T )d λ=8 πhc λ5 (ehc /λ kT−1)−1d λ 3. Efeito Fotoelétrico Em 1905, Einstein aplicou o conceito de quantização da energia na explicação do efeito fotoelétrico. Einstein postulou que a energia da luz também é quantizada, em contraste ao pensamento de Planck de que apenas os osciladores na radiação do corpo negro eram quantizados. O experimento tem de cumprir: para haver emissão de elétrons a frequência da luz incidente tem de atingir um valor mínimo limiar ν0. Este valor limiar ν0 é diferente para cada tipo de metal. O esquema do experimento é mostrado na figura a seguir. Prof. Ricardo Celeste – UNICENTRO, Guarapuava PR - 03/08/14 As Bases da Teoria Quântica 6 – aumentandose a intensidade da luz, aumenta o número de elétrons emitidos nas não afeta a energia cinética, Ec, do elétrons ejetados da superfície do metal. Aumentar a intensidade da luz incidentesignifica aumentar o número de fótons que atinge a superfície do metal. Aumentar a energia é o mesmo que aumentar a frequência da luz incidente, pois E=hν. – Aumentandose a frequência da luz incidente aumenta a energia cinética dos elétrons ejetados da superfície do metal, Ec dos elétrons está relacionada diretamente com a frequência da luz incidente. Os resultados podem se interpretados pela hipótese de que quando a luz é absorvida pela superfície de um metal, ela age como se fosse uma corrente de partículas (o fenômeno gera uma corrente elétrica que pode ser medida) em que cada uma possui uma energia proporcional à sua frequência. Experimentalmente, se impusermos uma corrente de igual intensidade de sentido contrário, podemos interromper o fluxo de elétrons. A estas partículas de luz ou quanta dáse o nome de fótons e a energia de um quantum de luz é: Eν=hν é a energia de um fóton. Quando um fóton é absorvido por um metal, sua energia total é transferida para um dos elétrons na banda de condução do metal: se o quantum de luz tem energia suficiente o elétron vence a barreira de potencial (que o mantém ligado) e é ejetado do metal. Esta barreira de potencial é chamada de função trabalho (w0). A energia cinética do elétron é dada por Ec (e −)=h ν−h ν0=hν−w0 : w0 é caracteríctico do metal ν0=frequência limiar ; hν0=w0 é a função trabalho (6) Quando um potencial é aplicado de forma a impedir o fluxo de elétrons, a energia cinética do elétron ejetado (mv2/2) é balanceada por este potencial e podemos, por meio deste aparato, determinar o valor de Ec=mv2/2. Ec (e −)= 12mv 2=h ν−hν0=hν−w0=−εe (7) Em que e é a carga do elétron e ε é a diferença de potencial aplicado para parar a corrente de elétrons ejetados. Podemos pela construção do gráfico de εxν obtemos uma reta de inclinação h/e e intercepto hν0/e de onde podemos calcular a frequência limiar e o valor da constante de Planck. Prof. Ricardo Celeste – UNICENTRO, Guarapuava PR - 03/08/14 As Bases da Teoria Quântica 7 Exercício 3.4, Hanna, pg. 39. Um experimento de emissão de fotoelétrons em sódio foi realizado, incidindose luz de diversos comprimentos de onda. Os seguintes valores de potencial de retardamento, no qual a corrente fotoelétrica é reduzida a zero, foram obtidos. λ (Å) ε (V) 3125 2,128 3650 1,595 4047 1,215 4339 1,025 5461 0,467 Determine: a) a frequência limiar ν0 e b) a constante de Planck. (1 J=1 V C = 107 erg). Os fundamentos da mecânica clássica não são adequados para explicar os três fenômenos apresentados, bem como não pode descrever a estrutura atômica e molecular. Prof. Ricardo Celeste – UNICENTRO, Guarapuava PR - 03/08/14 1. Espectros Atômicos Aspectos dos Espectros dos Átomos 2. Radiação do Corpo Negro Esquema do Corpo Negro 3. Efeito Fotoelétrico
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