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1 CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA CURSO DE ENGENHARIA PRODUÇÃO / AMBIENTAL / ELÉTRICA DISCIPLINA: Resistência dos Materiais III PROFESSOR: Humberto Farneze MÓDULO 1 2 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL I.1 – FORÇA Força é toda a grandeza capaz de provocar movimento, alterar o estado de movimento ou provocar deformação em um corpo. É uma grandeza vetorial cuja intensidade pode ser obtida pela expressão da física: Onde: F – força m – massa do corpo a – aceleração da gravidade Movimento Deformação Sendo força um elemento vetorial somente se caracteriza se forem conhecidos: · direção · sentido · módulo ou intensidade · ponto de aplicação 3 O peso dos corpos é uma força de origem gravitacional que apresenta características especiais: I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL I.1 – FORÇA Peso dos Corpos Módulo: Direção: Vertical Sentido: de cima para baixo Ponto de aplicação: centro de gravidade do corpo Unidades 4 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Princípio da Ação e Reação Quando dois corpos se encontram, toda a ação exercida por um dos corpos cobre o outro corresponde uma reação do segundo sobre o primeiro de mesmo módulo e direção, mas porem com sentidos contrários, que é a 3ª lei de Newton. F1 = F2 Princípio da Transmissibilidade de uma Força Quando aplicamos uma força em um corpo sólido a mesma se transmite com seu módulo, direção e sentido em toda a sua reta suporte ao longo deste corpo. F F P P = F P = F 5 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Decomposição das Forças Qualquer força no espaço pode ser decomposta segundo três direções que desejarmos. Normalmente, usamos como referência três direções ortogonais entre si, escolhidas de acordo com a conveniência do problema. 6 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Decomposição das Forças Podemos nestes casos usar a resultante F ou suas componentes Fx, Fy e Fz para obter o efeito desejado. Qualquer força contida em um plano também pode ser decomposta segundo duas direções. Normalmente nos interessam duas direções perpendiculares entre si, também escolhidas de acordo com a conveniência do problema. 7 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Classificação das Forças As forças podem ser classificadas de acordo com a sua origem, modo de se comportar, etc...como por exemplo as forças de contato (ex: locomotivas, musculares, etc..) e as de ação à distância (ex: elétricas, gravitacionais, magnéticas, etc...) Em análise estrutural as forças são divididas conforme esquema abaixo: F1 R1 R2 F2 F1, F2, R1 e R2 – Forças externas F1 e F2 – Ativas R1 e R2 - Reativas 8 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Classificação das Forças FORÇAS INTERNAS : são aquelas que mantém unidos os pontos materiais que formam o corpo sólido de nossa estrutura (solicitações internas). Se o corpo é estruturalmente composto de diversas partes, as forças que mantém estas partes unidas também são chamadas de forças internas (forças desenvolvidas em rótulas). fi R F fi 1 2 (1) Momento de uma Força O momento de uma força é a medida da tendência que tem a força de produzir giro em um corpo rígido. Este giro pode se dar em torno de um ponto (momento polar ) ou em torno de um eixo (momento axial). Na nossa disciplina vamos nos ater à momento de força em relação à ponto, já que trabalharemos com carregamentos planos (cargas contidas em um único plano). (2) F 9 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL MOMENTO POLAR (momento de uma força em relação à um ponto) Chama-se de momento de uma força F em relação à um ponto "0", o produto vetorial do vetor OA pela força F , sendo "A" um ponto qualquer situado sobre a reta suporte da força F. Logo também é um vetor, e para a sua caracterização precisamos determinar o seu módulo, direção e sentido. Representa fisicamente a grandeza da tendência de giro em torno deste ponto que esta força impõe ao corpo. O efeito do vetor momento é o de provocar um giro com determinado sentido em relação ao ponto “o” considerado. O vetor momento apresenta as seguintes características: · direção : perpendicular ao plano formado pela força e pelo vetor OA · sentido : regra da mão direita · módulo: produto do módulo da força F pela menor distância do ponto "0" a reta suporte da força. · ponto de aplicação : ponto "O" em relação ao qual se calculou o momento. 10 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL A distância d que representa o módulo do vetor OA é também chamada de braço de alavanca. Ela é a menor distância entre a reta suporte da força e o ponto em relação ao qual se calcula o momento , isto é, pode ser obtida pela perpendicular à reta que passa pelo ponto. Isto simplifica em muito o calculo do momento polar de uma força. M = F . d Unidades: N. m kN . m 11 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL A regra da mão direita consiste em posicionar os dedos da mão direita no sentido da rotação provocada pela força em torno do ponto O. Neste caso o polegar indica o sentido do momento. Podemos também convencionar sinais + ou - para cada um dos sentidos, de acordo com a nossa escolha. 12 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Equilíbrio Estático Para um corpo permanecer em equilíbrio é preciso que sejam simultaneamente obedecidas duas condições, conhecidas como condições gerais de equilíbrio. 1ª condição de equilíbrio: - A resultante do sistema de forças que age sobre o corpo deve ser nula. 2ª condição de equilíbrio: - O momento resultante do sistema de forças que age sobre o corpo, em relação a um ponto qualquer, deve ser nulo. Escrevendo as duas condições de equilíbrio sob a forma de equações, teremos: F = 0 Mo = 0 As equações acima são conhecidas como equações fundamentais da Estática, ou equações universais da Estática. 13 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Exemplo 1: Determine o peso que devemos colocar na extremidade direita da gangorra a fim de que ela permaneça em equilíbrio estático. Mo = 0 (+) P = 15 kN 14 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Exemplo 2: Determine a força desenvolvida no tirante da estrutura, a fim de que ela permaneça em equilíbrio, sabendo-se que a barra pesa 5 kN. A barra é presa a uma parede por meio de um pino O. y x Ty Tx α G o R2 R1 T Mo = 0 (+) - T sen α . L + G . L / 2 = 0 T = G / 2 . Sen 15° = 5 kN / 2. 0,26 = 5 kN / 0,52 T = 9,6 kN 15 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Sistema de Forças É o conjunto de forças que atuam simultaneamente em um corpo rígido ou em um ponto material. Resultante de Várias Forças Concorrentes F1X = F1 . cos α F1Y = F1 . sen α F2X = F2 . cosα F2Y = F2 . sen α FX = F1X + F2X FY = F1Y + F2Y 16 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Princípio da Superposição de Efeitos O efeito produzido por um conjunto de forças atuando simultaneamente em um corpo é igual a soma do efeito produzido por cada uma das forças atuando isolada. = + + + Binário ou Par de Forças Denomina-se binário a um sistema constituído por um par de forças paralelas de módulos iguais e sentidos opostos. A resultante em termo de forças é nula, entretanto há um momento polar resultante de móduloigual ao produto da força pela distância entre as duas direções paralelas. 17 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL O F = 0 MO = F . d/2 + F . d/2 MO = F . d Dois binários são equivalentes quando tem o mesmo momento polar resultante em módulo, direção e sentido. Exemplo 3: 18 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Exemplo 4: Qual a força horizontal que atua nos parafusos 1 e 2 da ligação abaixo, considerando o momento provocado pelo peso na ponta da haste. 50 N B A 0,4 m 0,2 m Placa MB = 50 N . 0,4 m = 20 N.m Reduzindo o sistema ao ponto B: RB 50 N 20 N.m R1 R2 O momento resultante em B do sistema R1 e R2 será: R1 R2 B 20 N.m MR = 20 N . M = R1 . 0,1 + R2 . 0,1 R . 0,1 m + R . 0,1 m = 20 N.m R = 20 N.m / 0,2 m = 100 N FX = 0 R1 + R2 = 0 R1 = - R2 R1 = R R2 = - R 19 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Translação de Forças Transladar uma força (como artifício de cálculo) é transportá-la de sua direção para outra direção paralela. Isto implica no acréscimo de um momento devido à translação, cujo módulo é igual ao produto da força pela distância de translação. 20 I – REVISÃO DE MECÂNICA GERAL Redução de um Sistema de Forças à um Ponto Qualquer sistema de forças pode ser reduzido à um sistema vetor-par , onde o vetor é a resultante das forças , localizada à partir de um ponto arbitrariamente escolhido e o par é o momento polar resultante do sistema em relação ao mesmo ponto. Exemplo 5: Reduzir o sistema de forças da figura ao ponto B indicado. F = 300 + 100 – 350 + 80 = 130 kN MB = 300 . 1,1 + 100 . 0,7 – 350 . 0,5 + 80 . 0,3 = 249 kN . m (+) 21 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS A resistência dos materiais é um ramo da mecânica que estuda as relações entre as cargas externas aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das forças internas que agem no interior do corpo. Esse assunto também envolve o cálculo das deformações do corpo e proporciona o estudo de sua estabilidade quando sujeito a forças externas. No projeto de qualquer estrutura ou máquina, em primeiro lugar, é necessário usar os princípios da estática para determinar as forças que agem sobre os vários elementos, bem como no seu interior. O tamanho dos elementos, sua deflexão e estabilidade dependem não só das cargas internas, mas também do tipo de material de que são feitos. II.1 - Introdução 22 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS II.2 – Equilíbrio de um Corpo Deformável Forças Externas de superfície de corpo - Forças de superfície: causadas pelo contato direto de um corpo na superfície do outro. Se a área de contato entre esses corpos for pequena em comparação com a superfície total do corpo, então a força de superfície pode ser idealizada como uma força concentrada, aplicada em um ponto do corpo. Se essa carga for aplicada ao longo de uma área estreita, temos uma carga linear distribuída, w(s), de unidade [F] / [L]. A força resultante FR de w(s) é equivalente à área sob a curva da carga distribuída, e essa resultante age no centróide C ou centro geométrico dessa área. - Força de corpo: quando um corpo exerce uma força sobre o outro, sem contato físico entre eles, como força gravitacional ou eletromagnética. Apesar de afetarem todos os pontos do corpo, ela normalmente é representada por uma única força concentrada. No caso da gravidade, essa força é denominada peso do corpo e age no centro de gravidade deste. 23 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS - Reações de Apoio: força de superfície que se desenvolvem nos apoios ou contatos entre corpos e são denominadas reações, determinadas pelo equilíbrio do corpo livre. Em um sistema 2-D de forças coplanares, os apoios mais comuns são: Se um apoio impede uma translação ou uma rotação em uma dada direção, desenvolve-se uma força ou momento nessa direção Modelando adequadamente o tipo de apoio, determinaremos as cargas externas desconhecidas que agem num corpo. 24 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Equações de equilíbrio: - De forças: evitar que o corpo translade ou tenha movimento acelerado. Fi = 0 - Momento: evitar rotação de um corpo. Mi F/o = 0 i = x, y, z A aplicação das equações de equilíbrio requer a especificação correta de todas as forças conhecidas e desconhecidas que atuam sobre o corpo. A melhor forma de obter as equações de equilíbrio é por meio do diagrama de corpo livre. 25 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Cargas Resultantes Internas: Uma das aplicações da Estática é a determinação das forças e momentos que atuam no interior do corpo, necessários para manter o corpo unido quando submetido à cargas externas. Utilizamos, normalmente, o método das seções: - Fazemos o corte na região onde as cargas internas devem ser determinadas. - As duas partes são separadas e o diagrama de uma das partes é desenhado. Há uma distribuição de forças atuando na parte exposta do corpo, representando os efeitos da parte superior sobre o material da parte inferior. 26 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS A distribuição exata da carga interna pode ser desconhecida, mas podemos representá-la por uma força resultante FR e um momento resultante MRO . Veremos que esse ponto O é mais comumente escolhido como centróide da área. 27 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS São definidos quatro tipos de cargas atuantes: - Força norma N: atua perpendicularmente à área, criada sempre que forças externas tendem a tracionar ou comprimir o corpo. - Força cisalhante V: localiza-se no plano da área, criada quando cargas externas tendem a provocar o deslizamento de duas partes do corpo. - Momento de torção ou torque T: efeito criado quando as cargas externas tendem a torcer o corpo. - Momento fletor M: provocados pelas cargas externas que tendem a fletir o corpo. A representação gráfica do M e T segue a regra da mão direita,, com o polegar indicando o sentido do vetor e os outros dedos o sentido da rotação. 28 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 29 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Cargas Coplanares Se o corpo for submetido a um sistema de forças coplanares, então haverá na seção apenas componentes da força normal, força de cisalhamento e momento fletor. 30 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Exemplo 1: Determine as cargas internas resultantes que agem na seção transversal em C, da viga mostrada na figura abaixo. ///////// ///////// 2 m 2 m 3 m 5 m 20 kN C Fazendo um corte no ponto C: V V N N M M RA RB C C A B 2 m FX = 0 N = 0 FY = 0 RA + RB – 20 = 0 (1) MA = 0 RB . 5 – 20 . 3 = 0 RB = 60 / 5 = 12 kN (2) Substituindo (2) em (1): RA + 12 – 20 = 0 RA = 8 kN - Momento causa flexão. - Cisalhamento causa deslizamento entre planos. A B (+) 20 kN 31 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Calculadas as reações em A e B, conhecemos agora todas as forças externas do nosso sistema. Queremos agora as forças internas no ponto C, que são obtidas equilibrando-se uma das partes. V V N N M M RA RB C C A B 2 m - Considerando AC: FY = 0 V + RA = 0 V = - 8 kN (cisalhamento) MC = 0 M – RA . 2 = 0 M = 8 . 2 = 16 kN . m (momento fletor)- Considerando BC: FY = 0 - V + RB - 20 = 0 - V = -12 + 20 V = 12 – 20 = - 8 kN MC = 0 - M – 20 . 1 + RB . 3 = 0 - M = 20 – 12 . 3 - M = - 16 M = 16 kN . m 20 kN 32 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Exemplo 2: Determine as cargas resultantes internas que agem na seção transversal em C do eixo de máquina mostrado na figura abaixo. O eixo está apoiado em mancais em A e B, que exercem somente forças verticais no eixo. Como devemos considerar só o segmento AC, apenas a reação em A precisa ser calculada. (+) MB = 0 - AY . (0,400 m) + 120 N . (0,125 m) - 225 . (0,100 m) = 0 AY = - 18,75 N 33 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS (+) Traçando-se uma seção imaginária perpendicular à linha de centro do eixo que passa por C, obtém- se o diagrama de corpo livre do segmento AC. FX = 0 NC = 0 FY = 0 - 18,75 N – (800 . 0,05) – VC = 0 VC = - 18,75 N – 40 N VC = - 58,75 N MC = 0 MC + 40 N . (0,025 m) + 18,75 N . (0,250 m) = 0 MC = - 1 N. m – 4,69 N. m MC = - 5, 69 Nm 34 II – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Exemplo 3: Na barra apresentada abaixo, determine o torque nas seções 1, 2 e 3. Método das Seções: Seção 1: 250 N. m t1 M =0 250 – t1 = 0 t1 = 250 N. m Seção 2: 400 N.m 250 N. m t2 M = 0 250 – 400 – t2 = 0 t2 = - 150 N.m Seção 3: 300 N.m 400 N.m 250 N. m t3 M = 0 250 – 400 – 300 – t3 = 0 T3 = - 450 N.m
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