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QUESTÕES ORIENTADORAS – MÓDULO DIGESTÓRIO Questões orientadoras: Sistema Nervoso e Motilidade 1. Quais os componentes do TGI? Boca (contendo a glândula parótida e salivares) Esôfago, estômago, pâncreas, fígado, vesícula biliar, duodeno Intestino delgado: jejuno e íleo Intestino grosso: cólon ascendente, transverso e descendente Ânus 1.1. Quais os processos funcionais do TGI. Explique. Os processos são: - Movimentação do alimento pelo trato alimentar - Secreção de soluções digestivas e digestão de alimentos - Absorção de agua, eletrólitos, vitaminas, etc. - Circulação de sangue pelos órgãos GI para transporte de substancias absorvidas - Controle das funções pelo SN e sistema hormonal local. 2. Quais os componentes da parede do TGI. Explique sua função. Os componentes são: - Camada serosa: - Camada muscular lisa longitudinal: - Camada muscular lisa circular: - Submucosa: - Mucosa: 3. Quais os componentes do SN que atuam no TGI e onde se localizam. Os componentes do SN são: - SN Entérico; localizado na parede interna do intestino - Plexo mioentérico; localizado entre a camada muscular circular e longitudinal - Plexo Submucoso; localizado entre o plexo mioentérico e o epitélio 3.1. Qual a função do SNA e SNE em relação ao TGI? O SNE tem como função o controle dos movimentos e da secreção GI. O SNA se divide em estimulação parassimpática e simpática. A primeira fibra executa os reflexos da defecação, enquanto a segunda tem papel de secretar norepinefrina. 4. Como o SNA atua no TGI em relação a motilidade e a secreção? O SNA tem nervos sensoriais aferentes que se originam no intestino. Esses nervos podem inibir ou excitar movimentos ou secreções intestinais. 5. Explique os reflexos longos (vagovagais) e curtos no SNE. Há 3 tipos de reflexos: 1. Reflexos completamente integrados na parede intestinal do SNE: controlam a secreção GI, peristaltismo, contrações de mistura e efeitos inibidores locais. 2. Reflexos do intestino para os gânglios simpáticos pré-vertebrais e que voltam para o TGI: esses estimulam outros reflexos como reflexo gastrocólico, enterogástrico e colonoileal. 3. Reflexos do intestino para a medula ou para o tronco cerebral e que voltam para o TGI: esses incluem outros reflexos como do estômago e duodeno, inibição do TGI e reflexos da defecação. 6. Quais os órgãos do TGI que possuem musculatura estriada? Os órgãos são: faringe e esôfago (terço superior). 6.1. Qual a característica das fibras lisas do TGI. As fibras lisas contem células especializadas, células intersticiais de Cajal, que atuam como marca-passos elétricos das células do musculo liso fazendo contato do tipo sináptico com essas. Assim, com a presença de canais iônicos, permite-se o influxo (marca-passo), gerando atividade de onda lenta. Essas estimulam o potencial em espícula, que gerará a contração muscular. Essas também possuem potenciais em espícula, que são potenciais de ação, quando a célula muscular lisa fica mais positiva do que deve ser. 7. O que são fibras intersticiais de Cajal e qual sua função? As células intersticiais de Cajal atuam como marca-passos elétricos das células do musculo liso fazendo contato do tipo sináptico com a musculatura. Essas células passam por mudanças cíclicas devido a presença de canais iônicos, permitindo o influxo (marca-passo), gerando atividade de onda lenta. Além disso, as células de Cajal estimulam o potencial em espícula, que gerará a contração muscular. 8. Quais os tipos de contração da musculatura lisa do TGI? Contração tônica e contração por potenciais em espícula. 9. Quantas são e quais os tipos de ondas fisiológicas que formam a motilidade do esôfago e como são originadas. São 2 ondas: ondas lentas e potenciais em espícula. A primeira é originada pela interação complexa da musculatura lisa com as células especializadas, células intersticiais de Cajal. A segunda tem origem automática, quando o potencial de repouso da membrana do músculo liso GI fica mais positivo do que a normalidade (-40mV). 9.1. Qual o tipo de contração do esfíncter inferior do esôfago e como é regulado. Contração tônica. Em condições normais esse esfíncter permanece contraído. Quando a onda peristáltica da deglutição desce pelo esôfago, ocorre o “relaxamento receptivo” do esfíncter esofágico inferior frente a onda peristáltica, permitindo a fácil propulsão do alimento deglutido par ao estômago. Uma patologia conhecida é a acalasia, ocorre quando o esfíncter não se relaxa de forma satisfatória. 10. Relacione as funções motoras do estômago com suas respectivas regiões. As funções motoras do estômago são: - Armazenar grande quantidade de alimento, até que esse seja processado no estômago, duodeno e demais partes do intestino delgado. Corpo (2/3) - Misturar esse alimento com secreções gástricas até formar mistura semilíquida, quimo. Corpo (1/3) e Antro - Esvaziar lentamente o quimo do estômago para o intestino delgado, para que ocorra digestão e absorção pelo intestino delgado. Antro 10.1. O que é relaxamento receptivo? Qual sua função e sua fisiopatologia? A onda de relaxamento, transmitida por neurônios inibidores mioentéricos, precede as ondas peristálticas esofágicas que vão no sentido do estômago. A função delas é retardar as ondas peristálticas para que o estômago e o duodeno se preparem para receber o alimento que está sendo trazido pelo esôfago. Uma patologia conhecida é a acalasia, ocorre quando o esfíncter não se relaxa de forma satisfatória. 11. Como ocorre a mistura do alimento no estômago. Os sucos digestivos do estômago que são secretados pelas glândulas gástricas, são misturados com o alimento. Enquanto o alimento estiver no estômago, ondas de mistura (ondas constritivas peristálticas fracas) se deslocará em direção ao antro. A medida que as ondas constritivas progridem do corpo para o antro, formam anéis constritivos que forçam o conteúdo antral na direção do piloro. Esses anéis constritivos têm importância na mistura dos conteúdos gástricos, pois se o alimento não estiver bem triturado, com consistência liquida, não consegue passar pelo diâmetro da abertura do piloro, assim esse empurra o bolo de volta ao antro, até que esse esteja bem mistura e com consistência pastosa para liquida. Depois que o alimento estiver bem misturado com as secreções gástricas passa para o intestino, denominando-se quimo. 12. O que é complexo migratório mioentérico? Qual sua função? O plexo mioentérico surge do SN entérico, que é o SN próprio do TGI. O plexo mioentérico ajuda nos movimentos peristálticos, assim o peristaltismo efetivo requer o plexo mioentérico ativo. 13. Qual a sequência do esvaziamento do estômago por natureza química. O esvaziamento gástrico inicia-se com o esvaziamento do esôfago que elimina o alimento para o corpo do estômago, que passará pelo antro e pelo esfíncter pilórico. Depois que o bolo passar pelo esfíncter, irá para o duodeno e seguirá pelas porções do intestino delgado. 13.1. Como ocorre o controle do esvaziamento gástrico. Esse controle ocorre pelo estômago e pelo duodeno. Os sinais emitidos pelo duodeno são bem mais potentes; ele controla o esvaziamento do quimo para o duodeno com uma intensidade que o quimo possa ser digerido e absorvido pelo intestino. 14. Qual o principal padrão de motilidade do intestino delgado. Explique. O comprometimento da motilidade causa maior absorção, e as fezes duras no cólon transversal ocasionam constipação. O excesso de motilidade causa menor absorção e diarreia ou fezes moles. Assim, o padrão de motilidade é a passagem do bolo fecal pelo intestino até a vontade de defecar, absorvendo nutrientes e água, mas sem causar desidratação total das fezes. 14.1. O que é movimento de peristalse no intestino delgado? O movimento de peristalse é originadopelas ondas peristálticas; essas ondas servem para impulsionar o quimo pelo intestino delgado. 15. O que são as contrações de haustrações? São movimentos de constrições circulares que ocorrem no intestino grosso. Essas constrições acarretam na contração do musculo circular, que muitas vezes constringem o lúmen do cólon até sua oclusão. O músculo longitudinal do cólon, tênias cólicas, se contrai; essas contrações ocorrem tanto nas faixas circulares, quanto longitudinais dos músculos, fazendo com que a porção não estimulada do intestino grosso se infle em sacos denominados haustrações. 15.1. Qual a característica das haustrações do cólon ascendente? As contrações haustrais são lentas e persistentes. 16. O que é movimento de massa? Qual sua função? Os movimentos de massa podem assumir papel propulsivo. Esses movimentos é um tipo modificado de peristaltismo caracterizado por: - Anel constritivo: em resposta a distensão ou irritação do cólon transverso - Haustrações desaparecem na região do cólon distal ao anel constritivo - Segmento se contrai impulsionando o material fecal para o cólon mais adiante Essa sequência de movimentos acarreta na vontade de defecação. 17. O que desencadeia o reflexo de defecação? Quem coordena? Como ocorre? Esse reflexo é desencadeado pelo plexo mioentérico e coordenado pelo SN entérico. Dentro do reflexo de defecação há outros 2 reflexos: intrínseco e defecação parassimpático. O primeiro é mediado pelo SNE, assim que as fezes entram no reto, a distensão da parede retal emite sinais aferentes que se propagam pelo plexo mioentérico e estimulam as ondas peristálticas que se aproxima do ânus, há o relaxamento do esfíncter anal e ocorre a vontade de defecar. Como o reflexo intrínseco mioentérico de defecação é relativamente fraco, o segundo reflexo atua em intensificar as ondas peristálticas, intensificando o reflexo de defecação. Questões Orientadoras: Mastigação, Salivação e Deglutição 1. A mastigação é importante para a digestão de todos os alimentos sólidos; no entanto, é especialmente importante para a maioria das frutas e dos vegetais. Por quê? Ambos alimentos possuem celulose, ou seja, suas membranas celulares são de celulose não sendo indigeríveis. Como nenhuma enzima é capaz de hidrolisar a celulose no trato digestivo humano, essa não é considerada um alimento para os humanos (segundo o Guyton). 2. A mastigação é um processo voluntário ou automático? Justifique sua resposta. Grande parte do processo de mastigação é causada por um reflexo de mastigação, ou seja, a presença do bolo alimentar na boca desencadeia primeiro a inibição reflexa dos músculos da mastigação, permitindo que a mandíbula inferior se abaixe. Isso inicia um reflexo de estiramento dos músculos mandibulares que leva a contração reflexa, automaticamente levanta a mandíbula comprimindo o bolo alimentar contra as paredes da cavidade bucal, inibindo de novo os músculos mandibulares, permitindo que a mandíbula desça e suba mais uma vez. Isso se repete. 3. Os movimentos da mandíbula durante a mastigação são realizados por quais músculos? Quais são os movimentos mandibulares associados a esses músculos? Músculo masseter: ergue a mandíbula (fecha a boca) Músculo temporal: levanta e rotacional a mandíbula Músculo pterigoideo lateral: protrusão, laterização e depressão da mandíbula Músculo pterigoideo medial: levanta a mandíbula e fechando a mandíbula 4. A deglutição é um processo voluntário ou automático? Justifique sua resposta. Contem ambos os processos. Pode ser dividida em: - estágio voluntario: inicia processo de deglutição - estágio faríngeo: involuntário e consiste na passagem do alimento pela faringe até o esôfago - estágio esofágico: fase involuntária que transporta o alimento da faringe ao estomago. 5. Quais são as fases da deglutição? Estágio voluntário da deglutição Estágio faríngeo da deglutição Estágio esofágico da deglutição 6. Descreva os eventos da fase orofaringeana da deglutição. Fase oral - Inicia-se a ingestão do bolo alimentar - Ponta da língua pressiona o bolo alimentar contra o palato duro e esse pressiona o palato mole - O bolo alimentar é propelido para a orofaringe; nessa região o bolo estimula receptores sensoriais Fase faríngea - Elevação do palato mole em direção a nasofaringe - Arco palatofaríngeo impede entrada de alimento na nasofaringe - Membranas palatofaríngeas se unem e elevam a epiglote, ocluindo a entrada da traqueia, essa ação inibe a respiração - Bolo alimentar propelido para a faringe, iniciando a 1° onda peristáltica. 7. Qual a composição da saliva e qual sua função na fisiologia digestória? Há dois tipos de secreção proteica salivar: - secreção serosa: contem ptialina (enzima que realiza digestão de amido) - secreção mucosa: contem mucina para lubrificar e proteger as superfícies. A saliva contem altas quantidades de íons potássio e bicarbonato, além de ser composta de 90% de água. Por outro lado, as concentrações de íons sódio e cloreto são menores na saliva do que no plasma. 8. Há diferenças entre as secreções das glândulas salivares maiores (parótida, submandibular e sublingual)? Quais são as diferenças? Parótida: contém ácinos serosos; - Secretam: enzimas (amilase, peroxidase, lisozima) e cistatinas e histatinas. Submandibular: contém ácinos serosos e mucosos - Secretam: enzimas e mucina Sublingual: contém ácinos serosos e mucosos - Secretam: enzimas e mucina 9. As glândulas salivares possuem inervação simpática e parassimpática? Qual o efeito do sistema nervoso autônomo na secreção salivar? Os sinais nervosos parassimpáticos se originam nos núcleos salivatórios superior e inferior no tronco cerebral. Os sinais nervosos simpáticos se originam nos gânglios cervicais superiores e penetram nas glândulas salivares através das superfícies das paredes dos vasos sanguíneos. 10. A xerostomia é uma condição clínica de sensação subjetiva de boca seca e que se associa à hipossalivação. Pesquise sobre a etiopatogenia da xerostomia e liste seus principais fatores causais. O termo xerostomia é usado quando há a sensação de boca seca, porém sem uma real diminuição na produção de saliva, e os termos hipossalivação ou hipossialia, quando há uma diminuição real na produção salivar. As causas mais frequentes que levam à xerostomia são fatores que desidratam a boca e ressecam a mucosa bucal. Entre estes fatores tem-se a respiração bucal e o ronco, utilizar excessivamente a fala devido à profissão e a desidratação corporal excessiva. As causas da hipossalivação, que ocorre no caso de uma real diminuição na produção salivar, decorre de inúmeros fatores como o estresse excessivo e prolongado, doenças como a Síndrome de Sjogren, Diabetes Mellitus, doenças das glândulas salivares, como consequência da radioterapia de cabeça e pescoço. A ingestão prolongada de medicações específicas frequentemente causa a hipossalivação como consequência, pois estas diminuem a produção de saliva como efeito colateral. Os mais comuns são os antidepressivos, antialérgicos, calmantes, diuréticos e anti-hipertensivos. Questões orientadoras: Secreções Gástricas 1. Quais os tipos celulares das células secretoras do estômago? Qual sua localização? O que essas células produzem? Células mucosas Cárdia Secretam muco Células parietais (oxíntica) Corpo secreção de HCl Células enteroendócrinas Antro e corpo secreção de Gastrina (Antro) e somatostatina Célula principal (peptídica) Antro secreção de pepsinogênio 2. O que é a pepsina? Qual seu papel? Qual sua função com o pepsinogênio e com o pH estomacal? A pepsina é uma enzima presente no estômago. Ela possui um papel de digerir proteínas para transforma-las em quimo. O pepsinogênio é a forma inativa da pepsina, que quando em contato com opH baixo, causado pelo HCl, ativa-se formando a pepsina. 3. Quais são as principais células produtoras de muco no estômago? Qual a função do muco? Existem 2 tipos de muco no estômago, um secretado pelas células superficiais das glândulas gástricas, conhecido como “muco insolúvel”, que tem como principal função formar uma camada sobre a superfície do estômago, que protege mecânica e quimicamente a superfície interna do estômago contra o HCl e a pepsina. E o outro, chamado de “muco solúvel” que é secretado pelas células do pescoço das glândulas gástricas, que se mistura aos alimentos lubrificando-os e protegendo mecanicamente a mucosa gástrica. 4. Por que é importante um pH ácido no estômago? O ácido clorídrico secretado no estômago, torna o conteúdo estomacal extremamente ácido, isso é importante, pois as enzimas digestivas só são ativadas em pH baixo. Por exemplo: o pepsinogênio é transformado em pepsina, enzima que iniciará a digestão das proteínas. Quando o pH está elevado, a ação dessa enzima pode ser reduzida ou até inibida. 5. Cite o papel da gastrina na secreção de HCl. A gastrina é um hormônio secretado pelas células G, que estão localizadas nas glândulas pilóricas no estômago distal. Quando a carne e outros alimentos proteicos atingem a região antral do estômago, algumas proteínas desses alimentos tem efeito estimulador das células da gastrina, nas células pilóricas, causando a liberação de gastrina no sangue para ser transportada para as células ECL do estômago. A mistura vigorosa dos sucos gástricos transporta a gastrina rapidamente para as células ECL no corpo do estomago, causando a liberação de histaminas que age diretamente nas glândulas oxínticas profundas. A ação da histamina é rápida, estimulando a secreção de HCl. 6. Cite o papel da somatostatina na secreção de HCl. A somatostatina tem função de regular a secreção de HCl no sentido inibitório. 7. Cite o papel da histamina na secreção de HCl. A histamina é um parácrino secretado pelas células enterocromafins (ECL) da lâmina própria do corpo gástrico. Ela estimula diretamente as células parietais. 8. Quais os principais estímulos da fase cefálica na secreção gástrica? Fase cefálica: os estímulos gustativos, visuais e olfativos desencadeiam o reflexo, que utiliza o vago para a estimulação das várias vias que a nível da mucosa levam a produção da secreção. Há diversas áreas no SNC operando no controle da secreção. Certamente, no hipotálamo há destas áreas. 9. Quais os principais estímulos da fase gástrica na secreção gástrica? Fase gástrica: os estímulos para o reflexo são mecânicos (distensão) químicos (pH, aa, peptídeos e Ca2+). Os receptores são neurônios que integram arcos reflexos locais ou longos, abrangendo o SNC, ou as próprias células endócrinas, no caso as células G, produtoras de gastrina. O estimulo a secreção dá-se por neurônios colinérgicos, gastrina e histamina. 10. Quais os principais estímulos da fase intestinal na secreção gástrica? Fase intestinal: presença de alimentos na porção superior do intestino delgado estimula a secreção de pequena quantidade de suco gástrico devido a gastrina liberada pela mucosa duodenal. Questões Orientadoras: Secreção Pancreática Exócrina 1. Diferencie as propriedades do pâncreas exócrino e endócrino. O pâncreas exócrino corresponde à maior parte da massa pancreática, constituída basicamente por células acinares, organizadas na forma de ácinos. As células acinares sintetizam enzimas digestivas, em sua forma inativa, tais como amilases, proteases, lipases e nucleases. A função endócrina do pâncreas é desempenhada por aglomerados de células, dispersas no tecido acinar pancreático, denominados Ilhotas de Langerhans, sendo aproximadamente 1 milhão de ilhotas no pâncreas. Existem pelo menos 6 tipos de células pancreáticas descritas: α, δ, β, células PP (ou células Ƴ), G e ε. 2. Explique quais são os componentes histofuncionais dos ácinos pancreáticos e quais produtos são secretados pela unidade funcional. Cada ácino tem um canal excretar; os canais excretares dos diferentes ácinos, reunindo-se entre si, formam tubos cada vez mais calibrosos, que terminam desembocando em dois condutos: o canal de Wirsung, que percorre o pâncreas em todo o comprimento, e desemboca na empola de Vater no duodeno, juntamente com o colédoco, do fígado; e o canal acessório, muito menor, indo do próprio canal de Wirsung ao duodeno, no ponto correspondente à carúncula maior. Os produtos secretados são enzimas digestivas na sua forma inativa. 3. Descreva os eventos celulares envolvidos na secreção aquosa (hidreláctica) do pâncreas. a. O dióxido de carbono difunde-se para o interior da célula a partir do sangue e combina-se com água sob influência da anidrase carbônica, com a consequente formação de ácido carbônico (H2CO3). Por sua vez, o ácido carbônico dissocia-se em íon bicarbonato e íon hidrogênio (HCO3- e H+). A seguir, os íons bicarbonato são ativamente transportados, em associação com íon sódio (Na+), através da borda luminal da célula para o lúmen do ducto, b. Os íons hidrogênios formados pela dissociação do ácido carbônico no interior das células são trocados por íon sódio através da borda vascular da célula por processo de transporte ativo secundário. Os íons sódio (Na+) são transportados, através da borda luminal, para o lúmen do ducto pancreático, fornecendo a neutralidade elétrica para os íons sódio e bicarbonato secretados, c. O movimento dos íons sódio e bicarbonato do sangue para o lúmen do ducto cria um gradiente osmótico, que também provoca osmose da água, para o ducto pancreático, com consequente formação de solução de bicarbonato quase totalmente isosmótica. 4. Qual a importância da secreção pancreática aquosa para o processo de digestão? A secreção do pâncreas consiste em um componente aquoso, e um outro enzimático. O aquoso é importante pois contem HCO3, que tem o poder de neutralizar o H+ entregue ao duodeno vindo do estômago. 5. Quais elementos da regulação neuroendócrina interferem com a secreção aquosa do pâncreas? A Secretina é responsável por estimular a secreção de solução aquosa de bicarbonato pelo epitélio do ducto pancreático. 6. Descreva os eventos celulares envolvidos na secreção enzimática (ecbólica) do pâncreas. A síntese proteica inicia-se com a tomada de aminoácidos pelas células e a sua incorporação em proteínas nascentes no retículo endoplasmático rugoso. O transporte dessas proteínas para o sistema de Golgi é feito por vesículas, de onde as proteínas penetram nos vacúolos de condensação localiza- dos próximos ao núcleo celular. O ambiente intravacuolar é mantido altamente acídico, pela H+ - ATPase vacuolar. Após a maturação dos vacúolos, por condensação das proteínas, estes se desligam formando os grânulos de zimogênio eletrondensos, com diâmetros cerca de 2/3 do dos vacúolos. A secreção das proteínas para o lúmen acinar ocorre por processo de exocitose dos grânulos de zimogênio com a membrana apical das células acinares. As membranas dos grânulos fundem-se à membrana luminal, liberando as proteínas no lúmen acinar; esse processo amplifica a área superficial da membrana luminal cerca de 20 vezes, durante o processo secretório. Também acontece endocitose das membranas dos grânulos exocitados e reciclagem das membranas. Portanto, durante o processo de secreção, ocorrem, simultaneamente, exocitose e endocitose, e a área da membrana luminal permanece constante quando a célula retorna à condição de repouso. O citoesqueleto celular, principalmente a rede de actina próxima à superfície interna da membrana luminal, participa do processo de exocitose e de endocitose de membrana. 7. Quais elementos da regulação neuroendócrina interferem com a secreçãoenzimática do pâncreas? A Acetilcolina e a Colecistocinina estimulam as células acinares do pâncreas, levando à secreção de enzimas digestivas. 8. Por que as enzimas pancreáticas são secretadas na forma inativa no duodeno? Porque elas são inativadas pelo fator inibidor de tripsina para que possam ser armazenadas pelas células pancreáticas sem que estas sejam digeridas e então são ativadas depois de secretadas. 9. Explique como ocorre a ativação das enzimas pancreáticas após sua secreção no duodeno. O pâncreas realiza síntese de enzimas que digerem proteína, carboidrato e gordura. As enzimas proteolíticas (digerem proteína) são sintetizadas na sua forma inativa, são elas: tripsinogênio, quimiotripsinogênio e procarboxipolipeptidase. A ativação dessas enzimas ocorre apenas quando são secretadas no trato intestinal; elas podem ser ativas pela enzima enteroquinase secretada na mucosa intestinal ou podem ser ativadas por autocatalise das próprias enzimas que já foram ativadas, que são: tripsina, quimiotripsina e carboxipolipeptidase. 10. Quais as fases cefálica, gástrica e intestinal atuam no controle da secreção pancreática. Fase Cefálica: Estímulos como visão, olfato e lembranças provocam liberação de acetilcolina pelo Nervo Vago, que estimula ácinos pancreáticos à secreção de enzimas pancreáticas. Fase Gástrica: Quando bolo alimentar chega ao estômago, há o aumento da estimulação nervosa por acetilcolina, aumentando ainda mais a produção de enzimas pancreáticas Fase Intestinal: Com a entrada do quimo no intestino, há a liberação de Secretina, levando à produção de solução aquosa com bicarbonato pelo epitélio dos ductos pancreáticos. Com esta solução, todas as enzimas pancreáticas produzidas poderão fluir até o intestino 11. Liste as principais enzimas presentes na secreção pancreática exócrina. Principais enzimas produzidas pelo pâncreas exócrino: Tripsina, quimotripsina, carboxipolipeptidase, amilase pancreática, lipase pancreática, colesterol esterase e fosfolipase. 12. Sabe-se que mutações no CFTR (regulador de condutância transmembrana da fibrose cística) resultam em diminuição da secreção pancreática de HCO3-. Por que isto ocorre? Justifique. O gene CFTR é um gene codificador da proteína de membrana que é utilizada para a passagem de cloro (canal de cloro). Quando esta proteína encontra-se ausente ou deficiente, a produção de bicarbonato fica prejudicada, uma vez que as células epiteliais dos ductos pancreáticos, para a obtenção de bicarbonato, utilizam o cotransporte, trocando íons cloreto por bicarbonato. Portanto, sem os canais de cloro, a obtenção de bicarbonato é prejudicada. 13. Qual agravo será esperado sobre o processo de digestão pela disfunção da enteroquinase? A falta de enteroquinase resulta em menor digestão e absorção de proteínas. Algumas mutações ou defeitos deste gene resulta em uma doença recessiva rara caracterizada por desnutrição grave e muito perigosa para crianças afetadas pois causa diarreia desde o nascimento, podendo induzir a mortalidade ou atrasos no desenvolvimento.
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