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09 - Mitocôndrias

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
MITOCÔNDRIAS 
 
As mitocôndrias são organelas existentes em todas as 
células eucarióticas e pode apresentar formatos e dimensões 
diversas, tem grande mobilidade, e estão presentes em sítios 
intracelulares onde existe uma maior precisão de energia, uma 
vez que seu papel fundamental é produzir ATP. 
Esta é ainda formada por duas camadas de membrana: a 
externa, que é muito permeável e têm proteínas formadoras de 
poros, as porinas, que consentem a passagem livre de moléculas; 
e a interna, muito particularizada e mais fina que se inclina para 
formar pregas denominadas cristas. Além disso, na membrana 
interna há um conteúdo amórfico onde se encontram os 
ribossomos, o DNA mitocondrial e as enzimas, responsáveis 
pelos diversos papeis da mitocôndria. E em meio às membranas 
há o sítio intermembrana, que apresenta diferentes enzimas e 
onde aglomera prótons levados da matriz. 
 
 
ORIGEM 
As mitocôndrias se reproduzem por fissão, parecido ao mecanismo de reprodução bacteriana. A presença de 
DNA, e os ribossomos são similares ao da bactéria, e indicam que as mitocôndrias vieram de bactérias endocitadas há 
mais de um bilhão de anos, aonde células eucariontes anaeróbicas constituíram afinidade simbiótica com bactérias 
aeróbicas, usando seu princípio de fosforilação oxidativa. Essas bactérias teriam adentrado por fagocitose, esquivando-
se dos mecanismos intracelulares de aniquilamento para organismos estranhos. Então, a membrana do fagossomo teria 
se transformado na membrana externa da mitocôndria e a membrana da bactéria transformou-se na membrana interna. 
Com a maior quantidade do concentrado de oxigênio no ambiente causados pelas células fotossintéticas, a 
célula hospedeira e sua forma de produzir energia ficou mais hábil, apresentando ainda mecanismos de liberar este 
oxigênio. Aconteceu ainda a passagem de parte do DNA da organela para o DNA nuclear durante o desenvolvimento 
eucariótico, passando a ser condicionado às proteínas codificadas pelo núcleo celular. 
 
 
ESTRUTURA 
As mitocôndrias exibem formas alongadas, como ocorrem em Malpighi, glândulas salivares de insetos e 
pâncreas mamífero, e forma esféricas encontradas no intestino e no fígado. 
 A distribuição de mitocôndrias no interior da maioria das células ocorre ao acaso, mas existem casos em que se 
concentram em regiões a demanda energética é maior, como por exemplo, em células musculares na qual as 
mitocôndrias estão associadas aos filamentos contráteis que requerem ATP. Muitas vezes as mitocôndrias por estarem 
em contato com os lipídios aproveitam melhor os ácidos graxos resultantes da ação das lipases. 
 A análise de imagens obtidas ao microscópio eletrônico é de grande valor para se conhecer a estrutura 
mitocondrial. Uma das técnicas da microscopia eletrônica é a contrastação positiva, que consiste em embeber o 
material já fixado em uma solução de metal pesado que se acumula em algumas partes da organela, tornando-as 
eletrodensas, e a contrastação negativa consiste em deixar o material embebido em uma solução aquosa de um sal 
eletrodenso. 
 
 
ULTRAESTRUTURA 
Estas organelas são constituídas de duas membranas, que definem dois compartimentos da mitocôndria, o 
espaço intermembranoso, o qual separa a membrana interna e externa, e a matriz mitocondrial. Na matriz, podem ser 
observados ribossomos e alguns glóbulos elétron-densos de fosfato de cálcio. 
 A membrana interna se invagina para o interior da mitocôndria constituindo as cristas mitocondriais, estas 
projeções para o interior da organela é o local onde estão os componentes da cadeia respiratória. Nesta membrana 
interna encontramos 20% de lipídeos e 80% de proteínas. Entre essas proteínas estão os citocromos, que fazem 
parte da cadeia respiratória, a ATP sintetase que participa da síntese do ATP, NADH desidrogenase que libera um 
par de elétrons para a cadeia respiratória, a succinato desidrogenase que catalisa uma das reações do ciclo de Krebs 
entre outras proteínas (complexos I, II, III e IV). 
 A membrana externa apresenta uma maior fluidez e também apresenta uma proteína conhecida como porina, 
que permite a passagem livre de íons e moléculas. Apresenta 50% em lipídeos e 50% em proteínas. 
Arlindo Ugulino Netto. 
CITOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 
2 
 
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IMPORTAÇÃO DE PROTEÍNAS PARA AS MITOCÔNDRIAS 
Embora as mitocôndrias possuam DNA, RNAm, RNAt e 
ribossomos próprios, a síntese de proteínas é muito limitada 
nessa organela. Assim, a maioria das proteínas que promovem 
seu crescimento é de origem citosólica produzidas a partir dos 
ribossomos livres tais como: (1) Complexo enzimático piruvato 
desidrogenase, (2) enzima responsável pelo ciclo de Krebs, (3) 
proteína da fosforilação oxidativa, (4) DNA polimerase e RNA 
polimerase, (5) proteínas transmembrana. Devido a estrutura da 
membrana dupla, a importação ocorre de uma maneira mais 
complexa. 
 A proteína que será importada para a mitocôndria possui 
uma pré-sequência formada por 25 a 30 aminoácidos de caráter 
anfipático carregados positivamente ligados ao grupo amino-
terminal, que será reconhecida pela membrana mitocondrial 
externa. Além disso, ela liga-se a uma chaperona Hsp 70 
citosólica, que desdobra parcialmente a proteína para seu 
transporte. As cadeias polipeptídicas desdobradas são 
translocadas através do complexo Tom na membrana externa, 
sendo então transferidas em direção para o complexo Tim na 
membrana interna. 
 Nesse estágio, para que o transporte continue, é 
necessário um potencial eletroquímico. Esse potencial é 
proporcionado pelo fluxo de íons H+ para o espaço 
intermembranoso, fluxo este gerado pelo transporte de elétrons 
pelas bombas de prótons da cadeia respiratória (Complexo I, III e 
IV). Como os prótons H+ são positivos, a membrana interna 
torna-se positiva, e a matriz, negativa, surgindo assim, um 
potencial elétrico. O que determina a direção que a proteína 
importada deve tomar. 
 Na medida em que atravessam a membrana interna, a 
proteína desdobrada associa-se com outra chaperona da família 
Hsp 70 (mitocondrial), atuando como uma proteína motora. 
Depois disso, a proteína é importada para uma chaperonina Hsp 60 mitocondrial, que vai dobrar essa proteína 
liberando-a na matriz mitocondrial. 
OBS: Após a ligação com a Hsp 70 motora, a sequencia sinal de aminoácidos é clivada por uma protease da matriz. 
 
 Além disso, as proteínas provenientes do citosol podem ser enviadas para compor a membrana externa, interna 
ou o próprio espaço intermembranoso. Nessas proteínas, há sequências hidrofóbicas de parada de transferência, que 
param a transferência através dos complexo Tom ou Tim, levando a sua inserção respectivamente na membrana 
externa e interna. As proteínas também podem ser orientadas para o espaço intermembranoso e pode ser feito de tais 
formas: 
(1) Transpõe o complexo Tom sendo transferido para o espaço intermembranoso. 
(2) Transpõe o complexo Tom, fazem uso do complexo Tim, contudo possuem sequencias hidróbicas que 
interrompem a ação do Complexo Tim. Com isso, essas proteínas são encaminhadas para o espaço 
intermembranoso. 
(3) Ocorre todo o transporte até a matriz. A remoção da pré-sequencia expõe uma outra sequencia sinal 
hidrofóbica, fazendo com que haja o retorno da proteína para o espaço intermembranoso. 
 
 
 
 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 
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CICLO DE KREBS 
Devido o seu caráter metabólico, catabólico e anabólico, é considerado como rota anfibólica, de degradação e 
construção de substâncias com finalidade de produzir energia suficiente para as atividades desenvolvidas pela célula. 
Esse ciclo composto por oito reações controladas enzimaticamente, tem seu início a partir da degradação por 
oxidação, uma reação do ácido oxalacético com a acetil-coenzima-A, substância originada na glicólise em consequência 
daação catabólica da enzima desidrogenase sobre o piruvato (molécula altamente energética), produzindo 2 moléculas 
de CO2. 
O produto dessa oxidação origina uma molécula de citrato, mediador de um composto com cinco carbonos 
(cetoglutarato), que durante o percurso desse ciclo é quebrado liberando prótons receptados pelo NAD (aceptor 
intermediário de hidrogênios). 
A degradação contínua e o cetoglutarato formam o alfa-cetoglutarato, molécula menos energética contendo 
quatro carbonos. No entanto, ainda quebrada, libera mais H+, recolhidos nesse momento pela molécula de FAD, 
finalizando o processo com a restituição do ácido oxalacético, enzima iniciadora do ciclo. Além do dióxido de carbono 
são produzidos íons H+, conforme mencionado são absorvidos pelo NAD e FAD (NADH e FADH2), destinados às cristas 
mitocôndriais, onde ocorre a cadeia respiratória e produção de ATP. 
 
OBS: A Acetil-coA se liga ao acetato para atravessar a membrana da mitocôndria. É ela que vai para dentro da 
mitocôndria, ou seja, em sua matriz é o combustível do ciclo de Krebs. 
 
ETAPAS DO CICLO DE KREBS 
É o conjunto de reações que ocorre na matriz mitocondrial com a finalidade de fornecer substratos que serão 
desidrogenados e descaboxilados. 
 Quando ocorre desidrogenação, tem-se a ativação da cadeia respiratória (onde temos a síntese de H2O e ATP 
que armazena a energia liberada pela reação ate um momento adequado para sua utilização). 
 Quando ocorre descarboxilação, tem-se a liberação de CO2, principal metabólito do Ciclo de Krebs. 
 
O início do Ciclo de Krebs começa com a entrada de acetil-coA para dentro da mitocôndria, o acetil-coA se 
combina com um acido chamado de oxaloacetato através de uma enzima chamada de citrato sintetase, após este 
evento tem-se a saída da coenzima (Hs-coA) e a entrada de H2O, dando origem ao citrato que através da enzima 
aconitase transformará o mesmo em isocitrato. Por sua vez o isocitrato sofrera ação da enzima isocitrato desidrogenase 
que fará a retirada de CO2 e H2 do isocitrato formando o α-cetoglutarato, o H2 que saiu aciona a cadeia respiratória a 
nível de NADH2 que por sua vez produz 3 ATPs. 
O α-cetoglutarato será desidrogenado pela enzima α-cetoglutarato desidrogenase, formando mais 3 ATPs a nível 
de NADH2, e através da enzima succinato sintetase (tiolase) o Hs-coA volta a se ligar ao α-cetoglutarato formando 
o succinil-coA após este evento tem-se novamente a saída do Hs-coA e a entrada de H2O formando o succinato o 
que propicia a formação e um GTP (muito semelhante ao ATP).Após estes eventos ocorre então a desidrogenação do 
succinato através da enzima succinato desidrogenase tendo-se então a formação do fumarato, com isto tem-se a 
formação de mais dois ATPs ao nível de FADH2, então ocorrera à entrada de H2O pela enzima hidratase e a 
transformação do fumarato em malato, e este através da enzima malato desidrogenase libera H2 o que ira ativar a cadeia 
respiratória ao nível de NADH2 propiciando a formação de mais três ATPs e a transformação de malato em oxaloacetato 
o que fecha o Ciclo de Krebs. 
o A velocidade do Ciclo de Krebs e controlado 
pela quantidade de ATPs formados, ou seja, 
quanto mais ATPs formados menor a 
velocidade do ciclo e quanto menor a 
quantidade de ATPs formados maior a 
velocidade do ciclo. 
o Para cada volta no Ciclo de Krebs utiliza-se 
uma molécula de acetil-coA. 
o Em uma volta são acionadas quatro cadeias 
respiratórias, tendo-se a formação de 12 
ATPs sendo que destes um é ao nível de 
GTP. 
o Dois CO2 produzidos 
o Dois O2 consumidos. 
 
OBS: Enzimas “marca-passo” do ciclo de Krebs: 
 α-cetoglutarato desidrogenase 
 isocitrato desidrogenase (principal). 
 citrato sintetase. 
 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 
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FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA 
A fosforilação oxidativa é a maior fonte de ATP em organismos aeróbicos, e nada mais é do que a formação de 
ATP através da transferência de elétrons do NADH ou do FADH2 para o oxigênio por uma série de transportadores de 
elétrons. A síntese de ATP ocorre nas mitocôndrias com a entrada de prótons em sua membrana mitocondrial interna. 
 As mitocôndrias são estruturas responsáveis pela: 
 Oxidação dos metabólicos energéticos: produção de nucleotídeos reduzidos 
 Transporte de elétrons: 
 Os elétrons de nucleotídeos reduzidos são transferidos através de uma sequência de reações para o 
oxigênio formando a água. 
 A energia disponível da oxidação das coenzimas reduzidas é utilizada para bombear os átomos para o 
exterior da mitocôndria. 
 O gradiente de prótons é descarregado através de uma enzima que utiliza a energia livre do gradiente de 
prótons para sintetizar ATP a partir de ADP+Pi. 
 
Primeiramente, há um bombeamento de prótons para fora da matriz mitocondrial gerando uma força próton-
motriz constituída de um potencial elétrico transmembrana. O ATP, como já foi citado anteriormente, é produzido com a 
volta desses prótons à membrana, através de um complexo enzimático chamado Complexo ATP Sintase. 
 Todo o processo de fosforilação oxidativa depende de dois fatores; a energia obtida do transporte de elétrons e 
armazenada na forma de íons de hidrogênio e uma enzima transportadora denominada ATP sintase. Durante o fluxo de 
eletros há liberação de energia livre suficiente para síntese de ATP em 3 locais da cadeia respiratória: Complexos I, III e 
IV. Estes locais são denominados “Sítios de Fosforilação Oxidativa”. Nesses locais a liberação de energia é em 
quantidade equivalente à necessária para síntese de ATP. 
 A enzima ATPsintase ou ATPase, ou ainda, F1FoATPase, é uma enzima de estrutura muito complexa, formada 
por 16 sub-unidades polipeptídicas distribuídas em 2 frações funcionais: as frações Fo e F1. 
 A fração F1 é semelhante a uma maçaneta cujo cabo seria a fração Fo. Está ligada na membrana mitocondrial 
interna (nas cristas), sempre voltada para o lado da matriz mitocondrial. Possui 9 unidades polipeptídicas de 5 tipos 
diferentes- 3α, 3β, 1γ, 1d e 1e – e vários sítios de ligação com ATP, ADP e fosfato. Tem atividade de síntese do ATP, 
mas para isso precisa estar associada a fração Fo; quando dissociada de Fo, só é capaz de hidrolisar o ATP. 
 A Fração Fo atua como um canal de prótons através da membrana mitocondrial interna. É formada por um 
conjunto de 9 a 12 polipeptídios localizados através dessa membrana, e está ligada a F1 sempre do lado da matriz 
mitocondrial. O “o” subscrito significa oligomicina, um potente inibidor dessa enzima e, por consequência, da 
fosforilação oxidativa. 
 
OBS: Hipótese Quimiosmótica para transferência de elétrons. Segundo Mitchell, a condição para que ocorra a 
fosforilação oxidativa é um bombeamento de prótons pela cadeia respiratória, criando um fluxo da matriz para o espaço 
intermembrana e uma membrana mitocondrial interna impermeável a prótons e íntegra. A partir desta situação, Mitchell 
prevê os seguintes eventos na membrana mitocondrial interna: a Cadeia Respiratória, ao transportar os elétrons, 
bombeia prótons da matriz para o espaço intermembrana; a membrana mitocondrial interna, por ser impermeável a 
prótons, impede o retorno destes à matriz; cria-se um gradiente duplo - de pH e eletrostático - através da membrana 
mitocondrial interna, que gera uma situação de alta instabilidade e, por consequência, uma força que atrai os prótons 
de volta. Esta força, chamada força próton-motriz, dirige o refluxo de prótons à matriz mitocondrial através dos canais 
de prótons da enzima ATP sintetase; a passagem dos prótons pela ATP sintetase determina a síntese do ATP. 
 
CADEIA RESPIRATÓRIA 
Cadeia Respiratória é uma etapa da respiração celular que ocorre nas cristas mitocondriais, onde se encontram 
transportadores proteicos com diferentes graus de afinidade para os elétrons. 
 A cadeia respiratória é composta de quatro complexos enzimáticos multipolipeptídicos: Complexo I (NADH-
ubiquinona oxidorredutase),Complexo II (succinato-ubiquinona oxidorredutase), Complexo III (ubiquinol-citocromo c 
redutase) e Complexo IV (citocromo c oxidase), e dois carreadores de elétrons (ubiquinona e citocromo c). 
Ela oxida elétrons do NADH ou FADH2 e utiliza a energia para bombear prótons para fora da matriz mitocondrial. 
A cadeia respiratória mitocondrial normalmente libera pequenas quantidades de superóxidos e peróxido de 
hidrogênio (H2O2) através da auto-oxidação de uma ou mais espécies de flavina reduzidas, complexo ferro-enxofre e 
ubiquinona gerados por succinato, NADH e outras ubiquinonas que reduzem desidrogenases. 
Estes compostos são os citocromos que estão dispostos na bicamada lipídica da membrana interna da 
mitocôndria. Os componentes dessa cadeia se diferem pela tendência de perder elétrons que é estabelecido pelo 
potencial padrão de óxido-redução, que é medido no meio extracelular. Quanto maior o potencial padrão de óxido-
redução maior será a tendência de um determinado composo de perder elétrons. As moléculas de NADH e de FADH2, 
anteriormente formadas no Ciclo de Krebs, transferem os elétrons que transportam para as proteinas da cadeia 
tranportadora de elétrons. Essa transferência promove a ejeção de prótons H+ para o exterior da mitocôndria formando 
um gradiente protoiônico, e este promove a formação de um potencial de membrana entre as faces externa e interna da 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 
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membrana mitocondrial. Com isso, ocorre a fosforilação oxidativa do ADP em ATP, na qual o transporte de prótons 
através da membrana interna da mitocôndria é feita pelos complexos I, III, IV. 
A variação de energia livre associada a transferência de elétrons através dos complexos, corresponde a uma 
força próton-matriz capaz de fazer a síntese de ATP. Cada molécula de NADH permite a sintese de três moléculas de 
ATP, enquanto que cada molécula de FADH2 permite a síntese de duas moléculas de ATP. 
Para cada piruvato forma-se 30 moléculas de ATP. Fora da mitocôndria também ocorre síntese de ATP e a célula tem 
um rendimento final de 36 moléculas de ATP com a degradação completa de uma molécula de glicose. 
 
 
DOENÇAS MITOCONDRIAIS 
 Doença de Lhon 
A neuropatia óptica hereditária de Leber (LHON) é uma disfunção do nervo óptico por mutações no DNA 
mitocondrial (mtDNA), com um modo de transmissão não mendeliano ou materno. As formas esporádicas e casos 
isolados de LHON são numerosos. 
A prevalência está estimada em 1:50.000. A LHON afeta geralmente adultos jovens, com uma idade de início 
média situada entre os 18 e 35 anos. A perda de visão ocorre geralmente num dos olhos, de forma súbita levando a 
uma acuidade inferior a 20/400 em menos de uma semana ou de forma progressiva ao longo de 2-3 meses. O outro 
olho pode ser afetado quase em simultâneo em cerca de 50% dos doentes, ou posteriormente, por vezes com um 
intervalo que pode atingir os 9 meses. 
O exame do fundo ocular revela pseudo-edema do disco óptico e hiperemia, dilatação arteriolar, tortuosidade 
vascular e telangiectasias peripapilares. Embora a perda de visão seja em geral a única manifestação, está descrita a 
associação de LHON com anomalias cardíacas, neurológicas e esqueléticas. A atrofia óptica está aparentemente ligada 
à disfunção da cadeia respiratória mitocondrial provocada por mutações no mtDNA. Estão descritas mais de 18 
mutações do mtDNA em doentes com LHON, sendo que quatro delas correspondem a “mutações primárias”, 
suficientes para causar a doença. 
As principais mutações primárias envolvem genes que codificam para as diferentes subunidades dos 
complexos I e III da cadeia respiratória mitocondrial. Outras mutações, designadas como “secundárias”, surgem 
geralmente associadas às primárias. Podem também existir outros fatores epigenéticos ou tóxicos envolvidos na 
patogênese. Não existe atualmente um tratamento eficaz para a LHON. 
 
 Síndrome de Leigh 
A síndrome de Leigh ou doença de Leigh é uma enfermidade que ataca o sistema nervoso central. É uma 
desordem hereditária que afeta crianças e em casos raros pode afetar adolescentes e adultos. Mutações no DNA das 
mitocôndrias ou no DNA nuclear (gene SURF1) causam degradação das habilidades motoras e eventualmente morte. 
A síndrome de Leigh também é conhecida como encefalomielopatia necrosante subaguda, encefalopatia 
necrosante de Leigh e encefalomielopatia necrosante de Leigh. É uma doença rara, que foi descrita por Denis Leigh em 
1951 (departamento de neuropatologia do Instituto de Psiquiatria, Maudsley Hospital em Londres). É uma enfermidade 
neurometabólica congênita, que faz parte do grupo das encefalopatias mitocondriais. Sabe-se que a alteração ocorre no 
metabolismo energético, sendo a principal causa de defeito na fosforilação oxidativa e geração de ATP celular. Existem 
três tipos de transmissão genética associada a esta síndrome: herança recessiva ligada ao X, mitocondrial e 
autossômica recessiva. 
A idade de início desta doença é variada e ocorre em geral nos primeiros dois anos de vida, podendo ocorrer 
manifestações no adulto jovem. A evolução em geral é insidiosa e progressiva. O início dos sinais e sintomas ocorre de 
forma subaguda ou abrupta, podendo em alguns casos ser precipitado por episódios febris e por procedimentos 
cirúrgicos. 
O quadro clínico caracteriza-se em crianças menores de um ano de idade com perda do controle da cabeça, 
hipotonia, deficiência de sugar, anorexia, vômitos, irritabilidade e convulsões. Após o primeiro ano de vida, ocorre 
dificuldade na marcha, ataxia, disartria, regressão intelectual, distúrbios da respiração (risco de hiperventilação ou 
apneia), alterações oftalmológicas como: oftalmoplegia, nistagmo, atrofia óptica e estrabismo. 
A duração da doença nos casos infantis é, em média, de um ano e nos casos tardios ou juvenis pode prolongar-
se por anos. 
As alterações histopatológicas consistem em focos bilaterais simétricos de necrose espongiforme com 
degeneração de mielina, proliferação vascular e gliose. A localização se dá nos núcleos da base, tálamo, tronco cerebral 
e medula espinhal. A tomografia computadorizada (TC) de crânio permite confirmar o diagnóstico quando se evidenciam 
imagens hipodensas nos núcleo da base e a ressonância nuclear magnética (RNM) quando mostra lesões menores, 
inclusive no tronco cerebral. 
Exames laboratoriais que contenham os seguintes parâmetros: hiperproteinorraquia, níveis elevados de lactato e 
piruvato no sangue, razão lactato/piruvato no sangue e líquor elevada e a hiperlactacidemia provocada por sobrecarga 
glicídica, são sugestivos desta síndrome. 
Ainda não há tratamento específico para esta patologia. 
 
 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 
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 Doença de Alzheimer 
A Doença de Alzheimer, também conhecida como demência senil tipo Alzheimer, é a mais comum patologia que 
cursa com demência. E o que vem a ser demência? Popularmente, conhecida como esclerose ou caduquice, a 
demência apresenta como características principais: problemas de memória, perdas de habilidades motoras (vestir-se, 
cozinhar, dirigir carro, lidar com dinheiro, etc.), problemas de comportamento e confusão mental. 
Quando falamos que as demências estão constituindo um sério problema de saúde pública em todo o mundo, 
temos que mostrar em números o que isto representa. Hoje temos, no mundo, 18 milhões de idosos com demência, 
sendo 61% deles em países do terceiro mundo. Daqui a 25 anos terão 34 milhões de idosos nesta situação e a grande 
maioria (71%), nos países mais pobres! No Brasil, temos atualmente 1,2 milhões de idosos, aproximadamente, com 
algum grau de demência. 
Existem várias teorias que procuram explicar a causa da doença de Alzheimer, mas nenhuma delas está 
provada. Destacamos: 
 Idade: quanto mais avançada a idade, maior a porcentagem de idosos com demência. Aos 65 anos, a cifra é de2-3% dos idosos, chegando à 40%, quando se chega acima de 85-90 anos. 
 Idade materna: filhos que nasceram de mães com mais de 40 anos, podem ter mais tendência à problemas 
demenciais na terceira idade. 
 Herança genética: já se aceita, mais concretamente, que seja uma doença geneticamente determinada, não 
necessariamente hereditária (transmissão entre familiares). 
 Traumatismo craniano: nota-se que idosos que sofreram traumatismos cranianos mais sérios, podem 
futuramente desenvolver demência. Não está provado. 
 Escolaridade: talvez, uma das razões do grande crescimento das demências, nos países mais pobres. O nível 
de escolaridade pode influir na tendência a ter Alzheimer. 
 Teoria tóxica: principalmente pela contaminação pelo alumínio. Nada provado.

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