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Cesar marcelo

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1.Introdução
Por muito tempo as práticas de manuseio consistiam apenas em lançar os resíduos o mais longe possível da fonte geradora sem preocupar-se com os efeitos decorrentes dessa ação. As atividades industriais geram resíduos sólidos, de diferentes características e quantidades, que precisam ser gerenciados adequadamente para não causar poluição ambiental e danos à saúde do homem.
A preocupação com os problemas ambientais que se originaram nos
processos de crescimento e desenvolvimento ocorreu de forma lenta e diferenciada, como numa evolução de eventos, entre os vários indivíduos, governos, organizações internacionais, entidades da sociedade civil (BARBIERE, 2005).
A partir do despertar da necessidade de um desenvolvimento sustentável, que conduziu a regulamentações cada vez mais exigentes, as empresas foram levadas a tomar medidas para controlar a poluição ambiental.
Uma importante regulamentação na área dos resíduos, recentemente instituída, foi a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei n° 12.305/2010. A PNRS define gerenciamento de resíduos sólidos como um “conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos” (Inciso X, art. 3o). Além disso, entre seus principais objetivos tem-se a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos sólidos.
A Lei ainda especifica que essas ações devem estar de acordo com o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, que deve ser elaborado para determinadas atividades, dentre estas as industriais. Através de um plano estruturado com metas e prazos definidos as empresas podem se organizar para alcançar melhorias contínuas no gerenciamento dos resíduos. 
O trabalho proposto visa minimizar problemas ambientais propondo diretrizes gerenciais como contribuição para o uso e o descarte adequado dos fluidos de corte da indústria metal mecânico, possibilitando adotar estratégias preventivas visando à redução ou eliminação da geração dos resíduos. A produção mais limpa pode ser uma importante aliada no gerenciamento dos resíduos sólidos, pois se trata da aplicação de uma estratégia técnica, econômica e ambiental integrada aos processos e produtos. Tem como objetivo aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem dos resíduos e emissões geradas, com benefícios ambientais, de saúde ocupacional e econômica (CNTL, 2003a).
Segundo Lavorato (2004), o maior desafio das empresas, que é o de manter e aumentar a competitividade e ao mesmo tempo atender as pressões dos públicos de interesse, ficou bem mais complexo com a inclusão da variável ambiental.
Assim, em um cenário de preocupação mundial com o meio ambiente, a
indústria mecânica necessita adequar seus processos visando à minimização de seus rejeitos, dentre eles os resíduos gerados ao final da vida útil dos fluidos de corte.
De acordo com Gunter e Sutherland (1999), os fluidos de corte são
amplamente utilizados pela indústria metal mecânica em operações de usinagem tais como: fresamento, retificação, furação e torneamento, sendo, usualmente, aplicados na zona de corte em jatos direcionados por um bocal ou por inundação da ferramenta de corte e da peça com o fluido sendo aplicado por vários bocais.
Os fluidos de corte são composições complexas, contendo agentes químicos que variam de acordo com o tipo de operação a ser executada e os metais a serem trabalhados. São partes integrantes dos processos de fabricação de peças cujas funções são: refrigerar, lubrificar, remover os cavacos da área de corte, proteger contra a corrosão o sistema constituído pela máquina / ferramenta / peça em produção e os cavacos. Atualmente, há uma grande variedade de tipos e fabricantes de fluidos de corte disponíveis e também de alternativas de métodos de aplicação, o que requer uma seleção adequada e racional, que nem sempre é uma tarefa fácil. A seleção e o correto uso do fluido de corte influem diretamente sobre a qualidade de acabamento das peças, a produtividade, o custo operacional, a saúde do trabalhador e meio ambiente (RUNGE e DUARTE, 1990).
Para Alves (2006), diversos problemas são identificados no uso dos fluidos de corte, tais como, os perigos à saúde e ao meio ambiente e cita que, os mais recentes esforços da indústria metal mecânica têm se focado no desenvolvimento de bons processos de reciclagem e na substituição de produtos químicos utilizados nos processos de fabricação, tornando-os processos limpos.
2.Objetivo
	O objetivo deste trabalho é identificar um gerenciamento voltado para as boas práticas ambientais capaz de diminuir os impactos negativos que podem ser provocados pelo descaso e/ou pela utilização pouco eficiente dos fluidos de corte e resíduos, contribuindo na busca de soluções viáveis para minimizar os impactos ambientais causados pela utilização e descarte dos fluidos de corte em processos de usinagem. 
3. Problematização
Segundo Ignácio (1998), grandes quantidades de cavacos de usinagem são gerados anualmente pelas indústrias metal mecânicos no mundo inteiro tanto de materiais ferrosos como de ligas não ferrosos, principalmente ligas de alumínio, bronze e latões.
E por falta de informações adequadas, apresentam os seguintes problemas relacionados à utilização do fluido de corte e resíduos, manejo incorreto dos fluidos e dos resíduos, ausência de plano de tratamento, disposição final dos resíduos em local não apropriado.
4. Gestão Ambiental Empresarial
	
	A gestão ambiental empresarial pode ser compreendida como o conjunto de ações voltadas à gestão de todos os aspectos inerentes à temática ambiental de uma organização, visando à melhoria contínua da qualidade ambiental de seus processos, produtos e serviços.
Um bom gerenciamento ambiental, além de diminuir riscos, traz ainda oportunidades, como a redução de custos, devido ao melhor gerenciamento de recursos, eliminando desperdícios e fortalecendo sua competitividade.
A gestão ambiental empresarial tem sido a ordenação das atividades humanas para que estas originem o menor impacto possível sobre o meio, sendo que esta organização vai desde a escolha das melhores técnicas até o cumprimento da legislação e a alocação correta de recursos humanos e financeiros. A gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada para as organizações, ou seja, companhias, corporações, firmas, empresas ou instituições e pode ser definida como sendo um conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente através da eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de um produto (WEBER, 2004).
5. Responsabilidade Socioambiental e Sustentabilidade do Negócio
A responsabilidade social é muito mais do que um conceito, é um valor pessoal e institucional que se reflete nas atitudes das organizações, dos empresários e de todos os colaboradores e parceiros. Assim, a responsabilidade social trata diretamente dos negócios das organizações e como ela os conduz. A base da responsabilidade social deve ser focada nos colaboradores da organização e principalmente nos clientes. Os clientes tendem a adquirir maior respeito por uma marca ou produto à medida que, a organização souber tratar com responsabilidade seus colaboradores, afirma (SOVINSKI ,2006).
Os colaboradores estarão mais bem motivados ao trabalho, com efetivas práticas de gestão e critérios motivacionais apropriados, quando perceberem que a organização realmente importa-se com o ser humano a serviço da empresa e não os veem apenas como uma peça na engrenagem, que pode ser substituída a qualquer momento. Os clientes estão cada vez mais exigentes, sabendo distinguir as organizaçõesque tem responsabilidade social com colaboradores, clientes e sociedade, daquelas que tem interesse apenas pelo bolso, pelo lucro rápido, sem levar em conta as necessidades humanas das pessoas que fazem parte da organização. Segundo Moreira; Pasquale; Dubner (1999, p. 319) “responsabilidade social é a obrigação de uma empresa melhorar seus efeitos positivos sobre a sociedade, reduzindo seus efeitos negativos”.
6. ISO 14000
ISO série 14000 pode ser visualizada em dois grandes blocos: um seria o direcionamento para a organização e outro para o processo. A série cobre suas áreas, tanto no nível do SGA, realizando a avaliação do desempenho ambiental e da Auditoria Ambiental, quanto na Rotulagem Ambiental, isto é, por meio da análise do ciclo de vida e aspectos ambientais dos produtos. Neste trabalho deu-se ênfase apenas as normas ISO 14001, 14004 e 19011 (Quality- Mark, 1996).
7. ISO 14001
A finalidade básica da ISO 14001 é a de fornecer às organizações os requisitos básicos de um sistema de gestão ambiental eficaz. A norma ISO 14001 é relativamente curta, direta e simples. Algumas empresas já têm adotado esses sistemas gerenciais bem desenvolvidos e estão a caminho da conformidade com os requisitos da ISO 14001 (TIBOR apud BOGO, 1998).
8. Características do setor de usinagem
Os processos de transformação de metais e ligas metálicas em peças para a utilização em conjuntos mecânicos são inúmeros e variados, pode-se fundir soldar, utilizar a metalurgia em pó ou usinar o metal a fim de obter a peça desejada. Evidentemente, vários fatores devem ser considerados quando se escolhe um processo de fabricação. 
A fundição é um processo de fabricação sempre inicial, pois precede importantes processos de fabricação como usinagem, soldagem e conformação mecânica. Esses utilizam produtos semiacabados (barras, chapas, perfis, tubos, etc.) como matéria prima que advém do processo de fundição. Podemos dividir os processos de fabricação de metais e ligas metálicas em: os com remoção de cavaco, e os sem remoção de cavaco. Como sendo processo de fabricação com remoção de cavaco. Consultando, porém, uma bibliografia especializada pode-se definir usinagem de forma mais abrangente, como sendo: “Operação que ao conferir à peça a forma, as dimensões, o acabamento, ou ainda a combinação qualquer destes itens, produzem cavacos”. E por cavaco entende-se: “Porção de material da peça, retirada pela ferramenta, caracterizando-se por apresentar uma forma geométrica irregular”. A usinagem é reconhecidamente o processo de fabricação mais popular do mundo, transformando em cavacos algo em torno de 10% de toda a produção de metais, e empregando dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo (MAKRON BOOKS, 1986).
9.Movimentos no Processo de Usinagem que Geram Cavacos 
Segundo (Chiaverini, 2009), Movimentos que causam diretamente a saída do cavaco: 
I. Movimento de corte: movimento entre a peça e a ferramenta, no qual sem o movimento de avanço, origina uma única retirada do cavaco; 
II. Movimento de avanço: movimento entre a peça e a ferramenta que juntamente com movimento de corte origina a retirada contínua de cavaco; 
III. Movimento efetivo: movimento resultante dos movimentos de corte e avanço realizado ao mesmo tempo 
IV. Movimento de aproximação; 
V. Movimento de ajuste; 
VI. Movimento de correção; 
VII. Movimento de recuo. 
10. Principais Aditivos Utilizados no Processo de Usinagem
	Algumas propriedades especiais são conferidas aos fluidos de corte por meio de aditivos, que são produtos químicos ou orgânicos. 
Os aditivos mais usados são: 
a) Antiespumantes: evitam a formação de espuma. 
b) Anticorrosivos: protegem a peça, a ferramenta e a máquina. 
c) Antioxidantes: tem a função de impedir que o óleo se deteriore quando em contato com o oxigênio no ar. 
d) Detergentes: reduzem a deposição de iodo, lamas e borras. 
e) Emulgadores: são responsáveis pela formação de emulsões de óleo 
f) Biocidas: substâncias ou misturas químicas que inibem o crescimento de microorganismos. 
Agentes EP (extrema pressão): para operações mais severas de corte, eles conferem aos fluidos de corte uma lubricidade melhorada para suportarem elevadas temperaturas e pressões de corte, reduzindo o contato da ferramenta com o material (Prentice Hall, 1996).
11. Problemática dos Resíduos Sólidos
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), resíduo é algo que seu proprietário não mais deseja, em um dado momento e em determinado local, e que não tem um valor de mercado (SANTANA, 2007). Existem varias definições de resíduos sólidos, dentre as quais se podem mencionar a da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na Norma Brasileira NBR 10.004, que classifica os resíduos sólidos como:
‟Resíduos Sólidos são resíduos nos estados sólidos e semi- sólidos, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam à melhor tecnologia disponível‟ (ABNT, 2004).
12. Destaques da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos
A Lei sancionada incorpora conceitos modernos de gestão de resíduos sólidos e se dispõe a trazer novas ferramentas à legislação ambiental brasileira. Ressaltam-se alguns desses aspectos quais sejam:
I. Gestão Integrada dos resíduos sólidos: É a maneira de conceber, implementar e administrar sistemas de Limpeza Pública considerando uma ampla participação dos setores da sociedade com a perspectiva do desenvolvimento sustentável. 
II. Responsabilidade compartilhada: Conforme a lei 12.305/2010 Art. 3° Inciso XVII – Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos. 
13. Classificação dos Resíduos Sólidos
Segundo a Norma ABNT NBR 10 004 de 09/1987, os resíduos sólidos industriais são classificados nas seguintes classes: 
a) Resíduos de Classe I - Perigosos - Resíduos que, em função de suas propriedades físico-químicas e infectocontagiosas, podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente. Devem apresentar ao menos uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. 
b) Resíduos de Classe II - Não Inertes - Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I ou classe III. Apresentam propriedades tais como: combustibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em água. 
c) Resíduos de Classe III - Inertes - Quaisquer resíduos que submetidos a um contato estático ou dinâmico com água, não tenham nenhum de seus componentes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água definidos pelo Anexo H da Norma NBR 10.004. 
As instituições responsáveis pelos resíduos sólidos municipais e perigosos, no âmbito nacional, estadual e municipal, são determinadas através dos seguintes artigos da Constituição Federal, quais sejam:
I. Incisos VI e IX do art. 23, que estabelecem ser competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios proteger o meio ambiente e combater as moradias e a melhoria do saneamento básico; 
II. Já os incisos I e V do art. 30 estabelecem como atribuição municipal legislar sobre assuntos de interesse local, especialmente quanto à organização dos seus serviços públicos, como é o caso da limpeza urbana. 
14. RESÍDUO DE USINAGEM
A usinagem é um processo mecânicopelo qual se dá forma à peça ou matéria-prima. Como operações de usinagem entendemos que ao conferir à peça e a forma, ou as dimensões ou o acabamento, ou uma combinação qualquer destes três bens, produzem o cavaco. Definimos o cavaco com a porção de material de peça, retirada pela ferramenta, caracterizando-se por apresentar forma geométrica irregular. 
Em torno CNC, o cavaco está presente ao longo de todo processo na fabricação da peça, a formação do cavaco, quando inadequado, pode afetar o sistema produtivo em uma linha de produção. Quando não houver a preocupação em aplicar o processo corretamente, do ponto de vista econômico e também quanto à segurança do operador da máquina-ferramenta.
O cavaco é formado através do contato entre a peça e a ferramenta por meio de um cisalhamento e este se dá na região que chamamos de plano de cisalhamento (zona primária de cisalhamento). Nesta região há um ângulo entre o plano de cisalhamento e a direção de corte que é denominado como ângulo de cisalhamento. O ângulo de cisalhamento está inversamente proporcional à deformação do cavaco e diretamente proporcional aos esforços de corte, principalmente em materiais dúcteis (DIOVANI LENCINA, 2005, p.2).
14.1 Aspectos e Impactos Ambientais dos Resíduos de Usinagem
Os fluidos de corte apresentam-se como um dos principais agentes nocivos ao homem e ao meio ambiente. E por esta razão, esforços estão sendo concentrados no sentido de reduzir ou eliminar esta fonte de agressão. (ROSSMORE, 1995; KLOCKEET al., 1996; ARONSO, 1995). 
As utilizações dos fluidos de corte proporcionam os aspectos ambientais, e atualmente sua utilização (inclui manuseio e descarte), e é apontada como uma das principais fontes causadoras de problemas nos processos de manufatura das indústrias do setor metal mecânico. Os fluidos de corte e outros agentes auxiliares (óleos lubrificantes, óleos hidráulicos, graxas, etc.), são utilizados nos processos de usinagem, possuem potencial altamente perigoso de poluição ao solo, ar, água, além de sério risco a saúde do operador.
O contato prolongado com os fluídos de corte e seus subprodutos podem causar, além do impacto ambiental, doenças ao ser humano como diversas doenças de pele, alguns tipos de câncer, além de doenças pulmonares. E por outro lado, no momento em que devem ser descartados após serem deteriorados pela sua utilização, tais produtos provocam de uma forma ou de outra, algum tipo de agressão ao meio ambiente. A pressão econômica sobre as indústrias devido ao despejo desses produtos vem, aumentando progressivamente. (KLOCKEET al., 1996, KONING et al., 1998).
14.2 Contaminação Solo e Água
Os fluidos de corte contêm óleos e agentes químicos que podem causar danos ao solo, água. Portanto, os fluidos de corte devem ser descartados adequadamente segundo legislação ambiental existente. Nº 9, DE 31 DE AGOSTO DE 1993. 
E algumas peças usinadas necessitam de tratamento superficial ou fazem parte de montagem de componentes “limpos”, é comum utilizar a “lavação”. Normalmente esse tipo de remoção de óleos e graxas é realizado com solventes orgânicos ou soluções de limpeza inorgânicas alcalinas. (EYSENBACH, et al., 1994).
14.3 Contaminação Atmosférica
Os problemas com os cavacos contaminados com fluidos de corte são críticos, pois os aditivos utilizados muitas vezes não permitem a refusão dos cavacos, uma vez que no aquecimento formam-se vapores. 
Parte dos vapores e névoa gerados no ambiente de trabalho frequentemente extrapolam os limites da fábrica contaminando a atmosfera de regiões vizinhas, e em caso de chuvas são carregados pela água até o solo. (MARANO, et al., 1997).
Diversas medidas devem ser adotadas para minimizar impactos negativos decorrentes da utilização e descarte de fluidos de corte na usinagem, portanto é importante que as operações de descartes de fluidos de corte sejam realizadas de acordo com as Leis Ambientais vigentes dentro de cada cidade, estado ou país.
A adaptação do processo ou produto para padronizar a utilização de fluidos de corte, facilita sua reutilização, descarte, tratamento e reciclagem. Outro ponto importante é a instalação de centrífugas na fábrica para recuperação de óleos, assim como a execução de manutenção preventiva de equipamentos para evitar perdas e vazamentos na linha produtiva. Sabendo que deve priorizar a reciclagem interna, pois o transporte de resíduos para fora da empresa gera risco ambiental. 
Conforme Iowa Waste Reduction Center (2003), o controle ambiental de pequenas e médias empresas metal mecânica pode ser feito através de práticas simples como melhora das instalações, do correto preparo das emulsões, do controle dos fluidos, das alternativas de reciclagem de resíduos e de medidas para a redução dos custos da empresa, como decorrência direta da diminuição dos consumos de energia, água, matéria-prima, lixo e poluição, buscando a utilização sustentada dos recursos naturais.
15. Estratégicas de Gestão Ambiental
A preocupação com a preservação ambiental assume hoje uma importância cada vez maior para as empresas. Empresários e administradores buscam crescentemente novas soluções ambientalmente adequadas para os problemas da produção, distribuição e consumo de bens e serviços. 
Uma breve análise feita por Souza (2004) nas publicações recentes destinadas ao público empresarial e financeiro foi o suficiente para comprovar que os vínculos das empresas e dos mercados com as questões ambientais são cada vez maiores, mais explícitos e mais positivos.
Segundo a conceituação de Hoffman (2000), na busca por uma boa performance ambiental associada à boa gestão operacional, baixo risco financeiro e boas perspectivas de sucesso econômico futuro, muitas empresas estão influenciando o padrão de práticas corporativas e estão transformando o ambientalismo, de algo externo para algo que faz parte do sistema gerencial da empresa e do mercado, estando no centro dos objetivos das empresas. 
Conforme Andrade at. al. (2000), para a implementação da Gestão Ambiental é necessário seguir alguns princípios, tais como: 
a) Prioridade na organização: a gestão do ambiente como fator determinante do desenvolvimento sustentável; 
b) Gestões Integradas, que visa estabelecer políticas e procedimentos de gestão ambiental em todos os domínios da empresa, desde: Processo de Aperfeiçoamento ao Cumprimento de Regulamentos e Informações, passando por formação de pessoal, produtos e serviços, Medidas Preventivas, Conselhos de Consumidores, etc.
Com objetivo comum de proteger e melhorar a qualidade do ambiente sem afetar o bom desenvolvimento econômico. 
Gestores que investiguem as reais interações destes produtos com os variados ambientes (solo, água, ar e ambiente de trabalho), pois podem tornar- se instrumentos capazes de sensibilizar mais significativamente órgãos competentes e a sociedade civil organizada, no sentido de estabelecer leis mais rigorosas e políticas de controle ambiental mais eficazes, partindo-se eficientemente em direção à prática de manufatura mais ecológica. E atualmente as empresas que estão focadas na questão ambiental como estratégia de marketing, conseguem se destacar, pois esse assunto ganhou um grande espaço uma grande importância devido a valorização diante dos consumidores e da sociedade de modo geral. 
Para a valorização das empresas foram criados selos para identificar os produtos amigáveis ao meio ambiente (selos verdes). Fazendo com que as empresas se empenhem cada vez mais na conquista desse meio, oferecendo produtos verdes que são identificados por um selo ambiental.
16. PRODUÇÃO LIMPA
O conceito de produção Limpa (cleanerproduction) refere-se à produção integrada à proteção ambiental de forma mais ampla, considerando todas as fases do processo produtivo e o ciclo de vida do produto final. 
Para a aplicação desse conceito são necessárias ações contínuas e integradas para conservar energia e matéria-prima, substituir recursos não- renováveis por renováveis, eliminar substâncias tóxicas e reduzir os desperdícios ea poluição resultante dos produtos e dos processos produtivos.
Além de uma concepção tecnológica particular e concretamente definida para uma unidade ou sistema produtivo, a cleanerproduction é uma estratégia tecnológica de caráter permanente que se contrapõe às soluções que objetivam apenas controlar a poluição atuando no final do processo produtivo (end-of-pipetechnology).
Quando uma solução tecnológica do tipo end-of-pipe é introduzida em um processo industrial, os impactos ambientais se reduzem imediatamente, porém, os aspectos continuam existindo, pois não houve prevenção e sim uma ação paleativa de caráter corretivo, elevando normalmente os custos sociais e privados. Além disso, trata-se de uma solução reativa e seletiva, geralmente introduzida para atender aos padrões de emissão ou de qualidade ambiental estabelecido pela regulamentação governamental.
A solução tecnológica do tipo end-of-pipe corre atrás dos prejuízos ambientais causados por um sistema produtivo, remediando os seus efeitos, mas sem combater as causas que os produziram. 
Seu alcance é limitado, reduz, mas não elimina a degradação ambiental, pois sempre resulta na transferência de poluição de um ambiente para outro. Exemplo, o tratamento de águas residuárias para controlar a poluição hídrica produzida por um processo industrial gera resíduos sólidos que ocupam espaços do solo que poderiam ser utilizados para outras finalidades; se esses resíduos contêm substâncias tóxicas, eles devem ser depositados em aterros especiais para não contaminar o meio ambiente. Por essas razões, esse tipo de solução tecnológica contribui pouco para aumentar a sustentabilidade dos recursos naturais, sejam eles renováveis ou não.
Ao contrário, as tecnologias de produção mais limpa contemplam mudanças nos produtos e seus processos de produção para reduzir ou eliminar todo tipo de rejeitos antes que eles sejam criados. Dessa forma, elas contribuem para ampliar a sustentabilidade dos sistemas naturais, tanto pela redução da necessidade de insumos para um mesmo nível de produção, quanto pela redução da poluição resultante do processo de produção, distribuição e consumo. 
Os produtos devem ser projetados para facilitar a sua fabricação, utilização e disposição final após a sua vida útil. Isso faz com que os fabricantes continuem responsáveis, melhor dizendo, co-responsáveis pelos seus produtos mesmo após a sua venda e consumo, juntamente com os seus usuários ou consumidores.
Essa é uma exigência decorrente da necessidade de ampliar a sustentabilidade dos ecossistemas através de novas práticas produtivas e mercadológicas que contemplem: redução da quantidade de insumos e, consequentemente, dá geração de resíduos pela adoção de tecnologias de produto e processo mais eficientes, reutilização e reciclagem de materiais, ou seja, através do que convencionou-se denominar de Política dos 3 erres.
Segundo Borges (1999), o objetivo dessa política é eliminar as causas da degradação ambiental ou, através de ações preventivas, minimizar a geração dos poluentes na fonte, o que significa reduzir o uso de materiais e energias para uma quantidade suficiente à produção. 
Isso exige a adoção de providências como as seguintes:
a) Aperfeiçoamento dos processos produtivos para torná-los mais eficientes; 
b) Revisão dos projetos dos produtos para facilitar a sua produção e ampliar o seu desempenho; 
c) Utilização de matérias-primas com maior grau de pureza; 
d) Eliminação ou minimização de materiais perigosos; 
e) Recuperação das águas utilizadas nos processos; 
f) Manutenção preventiva; 
g) Procedimentos para conservação de energia; 
h) Gestão de estoques que minimize as perdas por quebra em manuseio, obsolescência e perecibilidade; 
i) Realização de monitorias e auditorias em bases sistemáticas; 
j) Treinamento e conscientização dos operadores, transportadores, fornecedores, empreiteiros e usuários. 
Mesmo com esses cuidados, sempre restarão alguns tipos de resíduos que deverão ser segregados em função do seu grau de periculosidade e do seu potencial de uso futuro. Os resíduos que não são passíveis de reaproveitamento deverão ser tratados e dispostos de modo seguro. 
Por reutilização ou reuso entende-se o reaproveitamento de materiais, que conservam as suas propriedades ou características originais mesmo após terem sido usados, para uso idêntico ou semelhante como é o caso das embalagens retomáveis.
A reciclagem é a transformação dos resíduos em novas matérias-primas, envolvendo a coleta de resíduos, processamento e comercialização. A reciclagem reduz a necessidade de espaços destinados aos lixos domésticos e industriais, e o seu processamento geralmente exige menos insumos, comparativamente ao processamento para obtenção de materiais originais. Segundo Aqualung (1998), as reciclagens de vidro, por exemplo, consomem em média 35% menos energia e 20% menos de água do que a fabricação de vidro original; a reciclagem do aço, 50% de energia e 60% de água a menos.
As práticas de produção e consumo que contemplem de modo sistemático a minimização da geração de poluição na fonte, reutilização e reciclagem de materiais reduzem as taxas de esgotamento dos recursos não- renováveis e as necessidades de produção e extração de recursos renováveis, contribuindo dessa forma para ampliar a sustentabilidade dos sistemas naturais.
17. CONCLUSÃO
A implantação de um Gerenciamento de Resíduos Sólidos, provoca muitas mudanças na empresa, sendo necessário um redesenho dos processos, alto investimento em equipamentos, e treinamentos a fim de reduzir ou mesmo eliminar o desperdício de resíduos, Além disso, quanto ao aspecto legal foi publicado recentemente a Lei n.º 12.305/2010 que se refere à política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que determina a necessidade da elaboração do PGRS e deixa claro que o gerador dos resíduos é responsável pelos danos que por ventura sejam causados pelo gerenciamento inadequado dos mesmos. 
Entretanto mesmo considerando todas as pesquisas, desenvolvimentos e esforços empregados para redução do consumo de fluidos de corte e resíduos, ainda assim, é necessário mais investimento e pesquisas, assim como, conscientizar e incentivar medidas pro ativas no sentido de implementação efetiva de boas práticas ambientais, desde as grandes empresas até as pequenas oficinas, para assegurar que a produção dos bens que necessitam de processos de usinagem seja realizada com qualidade, respeito ao meio ambiente, à segurança e à saúde do trabalhador.
18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, J. F. G.; ALVES, S. M. Adequação ambiental dos processos usinagem utilizando Produção mais Limpa como estratégia de gestão ambiental. Produção, v. 17, n. 1, p. 129-138, abr 2018.
CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL-MECÂNICA - CIMM. Meio ambiente. 
Disponível na internet, < http://www.cimm.com.br > acessado em: 30/03/2018
BOGO, R. L. Introdução aos processos de usinagem. Disponível em: 
<http://www.lmp.ufsc.br/disciplinas/emc5240/Aula-01-U-2007-1-Introducao.pdf> Acesso em: 30/03/2018

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