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COMPENSAÇÃO – ARTIGOS 368 A 380 DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
2.1 CONCEITO
Segundo Moraes e Hironaka (2008), Compensação se conceitua como é um modo indireto de extinção das obrigações recíprocas, onde os credores são, ao mesmo tempo, devedores um do outro. . As prestações devidas se compensam até onde se equivalerem, desde que atenda aos requesitos de que as partes envolvidas sejam recíproca e concomitantemente credoras e devedores um do outro. Trata-se de extinção indireta de obrigações, sem haver pagamento, mas que produz o mesmo efeito deste.
A compensação existe para evitar a circulação inútil da moeda, evitando duplo pagamento.
Há o princípio geral de que o credor não pode ser obrigado a receber a dívida por partes, porém o Código Civil Brasileiro (CC) estabeleceu uma exceção em relação à compensação, que é o artigo 368: "Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem", onde ao mencionar o trecho "até onde se compensarem" permitiu o fracionamento da dívida.
2.2 CLASSIFICAÇÃO DA COMPENSAÇÃO
A compensação pode ser TOTAL, se houver a correspondência exata dos valores reciprocamente devidos, ou seja, a importância devida entre os agentes é a mesma e se extingue totalmente a obrigação por esse fato; Ou PARCIAL, abrangendo apenas uma parte das obrigações, pela não correspondência de valores, melhor dizendo, uma das importâncias devidas é maior do que a outra, extinguindo parte da obrigação (a parte até onde o valor se iguala), mas ficando ainda o restante a ser pago pelo devedor ao credor.
Além disso, a compensação pode ser LEGAL, decorrendo de lei. Não necessita de qualquer manifestação de vontade das partes para sua efetivação. Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves: “no mesmo instante em que o segundo crédito é constituído, extinguem-se as duas dívidas”, ou seja, a extinção das duas dívidas se dará na ocasião em que se constituírem os créditos recíprocos entre duas pessoas. Esta foi a espécie acolhida pelo nosso diploma civil. O juiz irá reconhecer, declarando sua configuração, desde que provocado, não podendo expressar tal feito de ofício, podendo ser alegado em contestação, reconvenção, e, inclusive, nos embargos à execução, observando o artigo 741, inciso VI, do Código de Processo Civil Brasileiro(CPC): Art. 741, CPC: “Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre:
VI- qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.”
Não existindo ação ou execução em andamento, o devedor pode ajuizar ação declaratória para reconhecer a compensação legal.
O fato de um incapaz figurar como parte no negócio não impede a realização, por ser irrelevante a manifestação das partes, havendo a necessidade de que se trate de duas partes titulares de dívidas recíprocas e que sejam, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra.
A compensação legal produz efeito retroativo em relação às duas dívidas
A compensação legal exige alguns requisitos, são eles:
a) Reciprocidade das obrigações - é o principal requisito da compensação, pois para sua configuração é necessário que duas pessoas sejam, simultaneamente, credores e devedores uma da outra.
b) Liquidez das dívidas - a lei estabelece que para que haja a compensação legal, as dívidas envolvidas devem ser, necessariamente, líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
c) Exigibilidade atual das prestações - conforme Artigo 369 do CCB: “A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis”. Melhor dizendo, somente se compensam as dívidas cujo valor seja certo e determinado, expresso por uma cifra, não podendo ser compensado valor a ser futuramente apurado, sendo objeto de compensação às dívidas já vencidas, onde, nas obrigações condicionais, só é permitida compensação após o implemento da condição, e nas obrigações a termo, somente após o vencimento deste.
d) Fungibilidade dos débitos – prestações que tenham objetos fungíveis e sejam fungíveis entre si, ou seja, dívida em dinheiro só se compensa com outra dívida em dinheiro, não se admitindo, por exemplo, compensação de dívida em dinheiro com dívida em petróleo, observando o disposto no Artigo 370 do CCB: “Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato”.
e) Identidade de qualidade das dívidas - O art. 370 do CC faz uma ressalva em relação à qualidade da dívida exigida no contrato, não basta, neste caso, que as dividas sejam fungíveis entre si e envolvam coisas do mesmo gênero, se não forem da mesma qualidade, não se opera a compensação.
Também pode haver compensação CONVENCIONAL, de acordo com o princípio da liberdade de contratar, resulta de acordo entre as partes, nos casos em que não estiverem presentes todos ou alguns dos pressupostos da compensação legal. As partes em comum acordo, visando o que melhor lhes convier, estabelecem regras que fogem dos requisitos exigidos para que ocorra a espécie legal, não perdendo de vista o requisito da reciprocidade das dívidas. Possibilita a compensação nos casos de dívida líquida ou vencida com dívida ilíquida ou não vencida, por exemplo.
E, por fim, a compensação pode ser JUDICIAL, É declarada no próprio ato decisório do juiz quando estiverem presentes os pressupostos legais, ocorrendo principalmente em casos de procedência da ação ou reconvenção. Melhor dizendo, se A cobra de B a quantia de R$ 100 (cem reais) e B, na reconvenção, cobra de A a quantia de R$110 (cento e dez reais), e ambas são julgadas procedentes, o juiz condenará A a pagar apenas R$ 10 (dez reais), fazendo a compensação do restante. Além disso, o artigo 21 do CPC determina que, se cada litigante for em parte vencedor e vencido, sejam compensados entre eles os honorários advocatícios e as despesas.
As compensações legais e judiciais exigem reciprocidade das obrigações, ou seja, que os créditos sejam recíprocos entre as mesmas partes, vale ressaltar que terceiros interessados podem pagar em nome e por conta do devedor, mas não podem compensar a dívida com eventual crédito que tenha em face do credor, com exceção em favor do fiador, permitindo que este alegue em seu favor a compensação que o devedor poderia reclamar perante o credor, observando o disposto no Artigo 371 do CC: “O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado”.
Jorge Cesa Ferreira da Silva descreve mais uma classificação da compensação, que é a compensação eventual, não sendo esta uma modalidade de compensação, e sim um modo de exercê-la. É a compensação realizada pelo réu, na contestação, como pedido subsidiário. Ao ser cobrado de uma dívida, o devedor pode sustentar inexistência, invalidade ou ineficácia do crédito originário da ação, mas se tiver ele um crédito em condições de ser compensado contra o autor, pode opor subsidiariamente a compensação no caso de suas alegações referentes ao crédito em relação ao autor não forem aceitas, ou seja, o juiz pode declarar compensadas as dívidas se as alegações do devedor forem consideradas improcedentes.
2.3. ONDE NÃO SE APLICA COMPENSAÇÃO
Em alguns casos especiais não se admite a compensação, sendo a exclusão convencional, quando as partes acordam ou uma das partes renuncia o direito de alegar a compensação das dívidas, conforme o Artigo 375 do CCB: “Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas”, necessitando ainda que os requisitos da compensação não estejam presentes, pois, neste caso, já está concretizada; ou a exclusão legal, presente no Artigo 373 do CCB: “A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma forde coisa não suscetível de penhora.
No primeiro caso não ocorre compensação por tratar-se de ato ilícito. No segundo, porque o contrato de comodato e depósito baseiam-se na confiança mútua, admitindo o pagamento apenas mediante a restituição da própria coisa emprestada ou depositada, ou seja, é impossível a alegação de compensação ao apropriar-se de coisa alheia, pois a obrigação de restituir não desaparece, sendo dívidas de natureza diversa. Além disso, mas obrigações alimentares a permissão da compensação estaria privando o alimentado do mínimo necessário para seu sustento, sendo a satisfação das obrigações alimentares indispensável para a subsistência do alimentado. E no último caso, não pode haver compensação, pois esta pressupõe dívida judicialmente exigível, pois são coisas que não podem ser cobradas via judicial, por dívidas de seu dono, tem-se como exemplo os retratos de família, anel nupcial, seguro de vida, etc (art. 649 do CPC).
Por fim, não é admitida compensação nos casos de prejuízo do direito de terceiros, conforme Artigo 380 do CCB: “Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não pode opor ao exequente a compensação, de que contra o próprio credor disporia”. Dessa forma, a compensação não pode prejudicar terceiros estranhos à operação.
Se a escolha do objeto pertencer aos dois credores ou a um deles na posição de devedor de umas obrigações e credor de outra, a compensação não se efetivará se as prestações devidas recaírem sobre coisa incerta, pois faltará o requisito da certeza das obrigações.
2.4. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES REFERENTES A COMPENSAÇÃO
Quanto à qualidade de um dos devedores recíprocos, o Artigo 170 do Código Tributário Nacional dispõe o seguinte: “A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública”.
Quanto à compensação na cessão de crédito, o Artigo 377 do CC dispõe que “O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente.”, ou seja, como não há reciprocidade de débitos entre o devedor e o cessionário, se não se opuser a cessão que lhe é notificada, estará o primeiro tacitamente renunciando ao direito de compensar, passando a ser devedor do cessionário, embora continue credor do cedente.
Já o Artigo 378 do CC “Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.” e o Artigo 379 do CC dispõe que “Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento”.
2.5. RENUNCIA 
A renúncia à compensação pode ocorrer por manifestação de vontade de um dos interessados (art. 375 do CC), renúncia manifestada por um dos devedores, renúncia unilateral, porém, para que produza efeitos, tem que ser anterior ao surgimento dos requisitos para que a compensação se efetive. A renúncia pode ser tácita ou expressa, tácita quando o devedor quitar espontaneamente a sua dúvida, e expressa quando houver declaração no sentido de não ser possível que se opere a compensação.
Também pode ocorrer renúncia à compensação por convenção entre as partes (art. 375 do CC), onde os próprios interessados, de comum acordo, afastam a possibilidade de se efetivar o instituto da compensação nos negócios do qual fazem parte
3 REFERENCIAS
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das obrigações: parte geral. 6. Ed. São Paulo: Saraiva, 2004
MORAES, Renato Duarte Franco de. HIRONAKA, Giselda M. F. Novaes. Direito das obrigações. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.